Revista lubes em foco edicao33

Page 1

Out/Nov 12 Ano VI • nº 33 Publicação Bimestral

EM FOCO

9 771984 144004

00033

A revista do negócio de lubrificantes

A dinâmica da Indústria Mundial de Lubrificantes Uma visão global de números e tendências.

Ensaio em motores

Exigências para a qualificação de um óleo lubrificante.


VOCÊ JÁ PENSOU EM UTILIZAR POLIALQUILENO GLICÓIS PARA OTIMIZAR A PERFORMANCE DO SEU LUBRIFICANTE MINERAL? Fluidos UCON™ OSP. Chegou a hora de unir os óleos a base de PAG e óleos minerais. Você aproveita o que há de melhor em cada uma das químicas e desenvolve formulações de alto desempenho capazes de ampliar sua vantagem competitiva.

2

www.dowbrasil.com.br


Editorial A indústria brasileira de lubrificantes vem passando por um processo de amadurecimento, que, ao longo dos anos, tem estabelecido limites de qualidade e competência entre produtores, distribuidores, órgãos reguladores e praticamente a grande maioria dos agentes econômicos envolvidos no setor. Esse caminho de evolução tem colaborado muito para a seriedade e credibilidade dos produtos comercializados no país, mas também tem feito suas vítimas, em um processo natural de seleção. Empresários e governo estão cada vez mais conscientes e atentos para o desenvolvimento da moralização e o combate constante aos que ainda se aproveitam de pequenos espaços na legislação e na fiscalização para obter vantagens ilegais, como a redução de seus custos através da supressão de aditivos ou mesmo da não emissão de notas fiscais. A ANP tem executado um papel de grande importância em todo o processo evolutivo do mercado brasileiro, colocando regras e limites para a produção, importação, comercialização e até a reciclagem do óleo usado. Entretanto, é igualmente importante que esse olhar regulatório sobre o mercado seja projetado de forma racional e adequada à realidade brasileira, para evitar um enrijecimento desnecessário e até mesmo passível de se tornar um fator de imobilização para o crescimento do mercado. A Agência tem tido essa preocupação durante todos esses anos de atuação do Programa de Monitoramento dos Lubrificantes, sempre ouvindo o mercado antes de tomar qualquer iniciativa restringente, tornando-se digna de reconhecimento e elogios de todos. Por isso, existe a certeza de que, diante de situações que podem levar a dificuldades de interpretações ou mesmo diferentes interpretações para o mesmo problema, o bom senso prevalecerá e o mercado não será punido pela inflexibilidade ou mesmo por uma falta de visão ampla sobre o caso específico analisado. Essa certeza ganhou mais força, quando a Agência recebeu, através da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP, a reivindicação dos produtores, para que sejam considerados os novos pontos da revisão da Norma Brasileira NBR 17505, que adequam os óleos lubrificantes ao referido regulamento. A norma foi revista e, uma vez que as resoluções da ANP para o mercado de lubrificantes se remetem a ela, é natural que uma atenção especial seja dada aos agentes que estão com processos em andamento ou até mesmo aqueles que se encontram em dificuldades diante dos requisitos anteriores. É com diálogo e flexibilidade que se constrói um mercado maduro e consciente, e é nesse caminho que acreditamos e colocamos nossas esperanças. Os Editores

Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45

Editor Chefe Pedro Nelson A. Belmiro Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni

Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda.

Capa Antônio Luiz Souza Machado da Cunha

Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br

Redação Tatiana Fontenelle

Tiragem 4.000 exemplares

Layout e Editoração Antônio Luiz Souza Machado da Cunha

E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.

Revisão Angela Belmiro

3


SAV E THE DATE

OTC BRASIL 2013 A N E V E N T ORG A NI Z E D B Y IBP A ND O T C

29 – 31 O ctob er 2013

RIO DE JANEIRO

WE LOOK FORWARD TO WELCOMING YOU TO THE 2ND EDITION OF ONE OF THE WORLD’S PREMIER DEEPWATER EVENTS.

OTC BRASIL provides a unique Brazilian flair that allows attendees and exhibitors to experience memorable social and business networking events and learn from peer-selected technical presentations, making OTC Brasil a compelling event to participate in.


Sumário 6

assine

já! www.lubes.com.br

A Dinâmica da Indústria Mundial de Lubrificantes Os impactos da globalização e dos choque econômicos nas tendências do mercado mundial de lubrificantes.

10

Locomotivas Eficientes rumo a um futuro previsível

14

Ensaios Em Motores

18

SMS

21

Mecânicos Lubrificadores: Uma Mudança de Paradigma

24

Embalagem: Custo ou Investimento?

28

Mercado em Foco

31

Programação de Eventos

A importância de se usar óleos para motores ferroviários corretamente formulados e aprovados.

Especialista do Cenpes desvenda alguns procedimentos para aprovação de um óleo lubrificante em teste de motor.

Comentários sobre a política nacional de Segurança e Saúde no Trabalho.

A importância de um profissional pouco reconhecido do setor: o mecânico lubrificador.

Uma visão além do conceito de armazenamento, mostra que a embalagem deve ser também motivadora.

Informações sobre o mercado brasileiro de óleos e graxas.

r b . m o c . s e b u l . w w w so site!!! Visite nos

5


A Dinâmica da Indústria Mundial de Lubrificantes Por: Geeta Agashe

A

pesar dos desafios de um ambiente econômico precário em 2011, o mercado mundial de lubrificantes acabados expandiu-se cerca de 3%, em comparação com o ano de 2010, alcançando uma estimativa de 38.6 milhões de toneladas. Esse crescimento foi liderado principalmente pela ressurgente atividade industrial dos BRICs e pelas robustas vendas de veículos comerciais e de passageiros. A partir de dados do relatório Kline&Company, que analisa a indústria global de lubrificantes, cerca de 42% da demanda por lubrificantes residem

na região da Ásia-Pacífico, com previsão ainda de crescimento, enquanto a América do Norte não apresentou crescimento significativo, mantendo o percentual de 26%. Os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado de lubrificantes do mundo, mas estão prestes a serem, muito em breve, ultrapassados pela China. Em relação ao volume, o mercado norte-americano não realizará os grandes ganhos de Brasil e China, mas, no que se refere à receita, há oportunidades significativas na categoria dos sintéticos, tanto em aplicações industriais como automotivas. Vale notar a recente mudança

Demanda Global de Lubrificantes por Região, 2011

8%

7% 42%

17%

26%

Ásia América do Norte Europa 6

África e Oriente Médio América do Sul


Crescimento Anual Real do PIB 10

(%)

08 06 04 02

China

Índia

do óleo convencional de motores para os óleos sintéticos de graus SAE 0W-XX feita pelos fabricantes líderes de mercado de massa, Toyota e Honda, tanto para o primeiro enchimento como para uso em serviço. Ao mesmo tempo em que oferece benefícios para os donos de veículos, como maiores intervalos entre as trocas, o aumento do uso de óleos sintéticos irá restringir a demanda total de óleo para motores, mesmo em um mercado em crescimento. Por outro lado, oferecerá maiores oportunidades de receita a fornecedores, distribuidores, varejistas e fabricantes. China e Índia seguem perto dos Estados Unidos com um total combinado de cerca de 27%. Além disso, prevê-se que o consumo na Rússia exceda o do Japão e se torne, consequentemente, o quarto maior mercado em 2016. O Brasil, por sua vez, se mantiver sua fatia de mercado, terá um papel importante no mercado internacional como um futuro ator global. Um crescimento significativo também é esperado na Indonésia, Malásia e África do Sul, puxado por um aumento na produção e no registro de propriedade de veículos novos, na construção e na atividade industrial, especialmente nos setores de geração de energia e produção de óleo e gás.

ASEAN

2017

2016

2015

2014

2013

2012

2011

2010

2009

2008

00

Mercosul

Estaria o mercado asiático apresentando sinais de desaquecimento? Ao olharmos para uma série de fatores, tais como interrupção na cadeia de abastecimento, devido ao terremoto no Japão, empréstimos dispendiosos para a compra de carros, em virtude da elevação dos juros, e um aumento no preço do combustível intimidando os consumidores, a Ásia parece estar desacelerando. Contudo, esse platô é apenas temporário, já que os fundamentos do crescimento ainda persistem. Por exemplo, na China, apesar dos tropeços atuais, o rápido crescimento na produção e venda de carros de passageiros e motocicletas irá levar a um aumento no consumo de lubrificantes. Cortes na taxa de juros e outras medidas de estímulo introduzidas em 2012 irão fortalecer a taxa de crescimento da China em 2013, antes que ela se fixe em 8%. É de se notar que a China terá também completado sua transição política, assegurando, assim, estabilidade. Com a mudança chinesa de um crescimento baseado em investimento e exportação para um crescimento baseado no consumo interno, aliada a uma moeda forte, a China está se encaminhando para ganhar força e um expressivo crescimento na região. 7


Evolução do Desempenho dos Lubrificantes Mandatos dos Governantes Influência dos Fabricantes de Equipamentos Reivindicações do Mercado Vendas de Veículos

Evolução do Desempenho dos Óleos de Motor PCMO

- Necessidade de aumentar a economia de combustível - Necessidade de aumentar a durabilidade do óleo do motor - Compatibilidade com dispositivos de controle de emissões - Compatibilidade com os biocombustíveis (etanol e biodiesel)

HDMO

- Necessidade de compatibilidade com diversas tecnologias de controle de emissões - Compatibilidade com biodiesel - Economia de combustível

A essência da concorrência se desenvolveu com base em uma cadeia de valores e é mais intensa entre as multinacionais e grandes empresas locais na maioria dos países em desenvolvimento. As empresas internacionais de petróleo respondem por 31% do volume global. A Shell manteve sua posição de liderança global em 2011 com 13% do mercado, seguida pela ExxonMobil e a British Petroleum com 10% e 7% de mercado, respectivamente. No entanto, ao se considerar o futuro, que fatores estão moldando esse cenário? O relatório Kline aponta que elementos chave, como disparidade geográfica, condições econômicas incertas na União Europeia, a comoditização e as oportunidades de crescimento geográfico estão contribuindo para essa dinâmica no mercado de lubrificantes. Os elementos adicionais em jogo, que influenciam o mercado global de lubrificantes, são os vários programas nacionais de empréstimo para usados (cash for clunkers), em que veículos mais antigos e maiores consumidores de lubrificantes são substituídos por modelos novos, geralmente menores, com menor capacidade de cárter, requerendo intervalos maiores na troca do óleo e crescentes recomendações dos fabricantes para óleos sintéticos, o que resulta em uma moderada demanda de lubrificantes, compensada por um crescimento na qualidade do lubrificante e no aumento das receitas. Existem disparidades significativas na qualidade dos lubrificantes consumidos globalmente. Os lubrificantes de alto desempenho, embora 8

Implicações nos Óleos Básicos

Implicações nos Pacotes de Aditivos

com menores volumes, são consumidos em países desenvolvidos da Europa Ocidental e também na Coreia do Sul, devido a leis ambientais e regulatórias restritivas, padrões mais altos de desempenho e abundância de óleos básicos API Grupo III. Consumidores de lubrificantes de menor qualidade de desempenho com os maiores volumes estão nos países dos BRICs, com menores padrões de desempenho e ordenação limitada de lubrificantes baseada no desempenho e nos óleos básicos. Quando se observa a perspectiva de crescimento do PIB, o crescimento volumétrico vem primeiramente dos países que não pertencem à OECD, ao lado de países como Cazaquistão, Ucrânia, Tailândia e Mianmar. Os óleos básicos do Grupo I continuam seu longo declínio, devido principalmente à obsolescência técnica para aplicações automotivas. A escassez iminente dos básicos do Grupo I oferece oportunidade para os naftênicos em produtos como fluidos para usinagem, tinta para impressão, adesivos, óleo para transformadores elétricos e extensores para borracha, e está estimulada por um aumento na oferta de básicos do Grupo II. “Enquanto a penetração do Grupo II nas formulações automotivas está acontecendo de forma relativamente rápida, em virtude das poucas variações nos produtos do setor, a penetração nas aplicações industriais está sendo mais lenta, já que existem muito mais


categorias de produtos com pequenos volumes individuais; portanto, o peródo de recuperação de investimento para converter uma aplicação para o Grupo II é maior”, adverte George Morvey, Gerente de Prática de Projeto de Energia da Kline. Uma forte pré-recessão nos preços dos básicos forneceu ao rerrefino de óleo usado um argumento econômico mais convincente, que, combinado às novas regulações na Europa e, cada vez mais, nos Estados Unidos, está encorajando o uso de básicos rerrefinados. No entanto, questões de logística e falta de convicção dos consumidores permanecem como obstáculos para sua maior aceitação. Globalmente, projeta-se que o fornecimento de básicos rerrefinados irá crescer mais de 6% ao ano, excedendo 3 milhões de toneladas em 2021. Como um fornecedor de lubrificante pode continuar a aprimorar seu desempenho e criar diferenciação na cabeça do consumidor? Isso pode ser alcançado por meio de inovação, pesquisa e desenvolvimento, aumento no suporte técnico e uma publicidade e marketing

criativos. Forças externas vêm mudando a maneira com que os fornecedores de lubrificantes precisam operar. A globalização está afetando a oferta e a demanda, e as empresas têm de se expandir internacionalmente, quando os mercados internos se tornam estagnados e supersaturados. Conforme aumentam a escolha do consumidor e a concorrência, a demanda se torna menos previsível, e choques externos afetam tanto a oferta como a demanda. Além disso, as pressões no custo, a crescente expectativa dos consumidores e as atividades de fusão se enquadram entre os fatores fundamentais que impactam o competitivo mercado global de lubrificantes.

Geeta Agashe é Vice-Presidente Senior de Petróleo e Energia da empresa de consultoria Kline & Co.

9


Locomotivas Eficientes Rumo a um futuro previsível

Por: Equipe Infineum Brasil

F

errovias são uma parte importante do segmento de transporte de um país, transportando pessoas e mercadorias de forma eficiente e segura. Apesar de o transporte ferroviário ser mais visível ao público, o tráfego de carga é geralmente o segmento mais dominante. No Brasil, existem mais de 3.000 locomotivas que operam em quase 30.000 km de ferrovia, número que deverá dobrar até 2025. Ferrovias utilizam apenas cerca de um quarto do combustível de um caminhão em estrada, para um mesmo frete, considerando quantidade e distância. É claro, as ferrovias demandam estruturas de via e outros requisitos, os quais representam um investimento inicial alto para recuperar o custo de combustível a longo prazo, além de custos ambientais. O governo brasileiro espera investir em vários projetos ferroviários ao longo dos próximos anos, incluindo serviço de alta velocidade de passageiros entre São Paulo e Rio de Janeiro, com perspectiva de conclusão em 2015.

10

Locomotivas operam com uma configuração diesel-elétrica. Essa configuração é formada por um motor diesel grande – entre 1500 - 3300 KW (2000 - 4400 Hp) e um gerador de potências (DC) ou um alternador (AC) para gerar electricidade, a qual é utilizada em motores de tração associadas a cada um dos eixos para as rodas. Esse sistema é mais eficiente do que o motor de engrenagens através de uma transmissão para os eixos. Em vez de marchas e embreagens, componentes elétricos como resistores e diodos regulam a velocidade do veículo, permitindo que o motor sempre opere perto de suas rotações mais eficientes. Os dois principais fabricantes de locomotivas Diesel são Eletromotriz - EMD, que agora é propriedade da Caterpillar e General Electric - GE. A EMD fabrica principalmente motores de dois tempos e a GE fabrica motores a quatro tempos. O combustível usado em serviço de estrada de ferro varia muito por país. Geralmente, os motores de locomotiva operam com


Número 2-D para Diesel, que vem em graus diferentes, quer com 5.000 ppm de enxofre, 500 ppm de enxofre, ou 15 ppm de enxofre. Leis ambientais locais ditam o que pode ser utilizado. Os tradicionalmente elevados níveis de enxofre no combustível resultam na produção de ácidos fortes, como ácidos sulfúrico e sulfuroso, que devem ser neutralizados por uma base (alcalinidade) no óleo lubrificante. O base number (formalmente chamado Total Base Number - TBN) de óleos para ferrovia depende do nível de enxofre do combustível. TBN 13 é o mais comum. O TBN 17 é usado para combustíveis de mais elevados níveis de enxofre e o TBN 9 para os mais baixos níveis de enxofre no Diesel. A maior parte do TBN deriva dos aditivos detergentes inseridos no óleo lubrificante. Detergentes a base de salicilato em particular, têm mostrado vantagens na eficiência em termos de TBN, neutrali-

zando mais ácido e não sendo consumido tão rápido. Devido à sua estrutura molecular, salicilatos também contribuem mais para limpeza e resistência à oxidação na formulação completa. Como todos os motores Diesel, motores ferroviários geram fuligem. Dispersantes adequados, projetados especificamente para essa finalidade, são utilizados. Ambos os detergentes e dispersantes trabalham em conjunto numa formulação equilibrada para controlar os depósitos sobre os pistões, os forros, a zona de combustão e os espaços do cárter. Onde quer que haja peças móveis e que sofram cisalhamento, aditivos antidesgaste serão encontrados no lubrificante. Para aplicações on - highway, os aditivos antidesgaste universais são à base de zinco dialquil ditio fosfato (ZDDP), mas os motores

11


de ferrovia não podem usar essa classe de aditivo. Os motores EMD costumam usar prata como material de rolamentos, e esta é corroída pelo zinco. Devido à longa vida desses ativos caros, muitas dessas locomotivas ainda estão em serviço. A fim de ter um “óleo

de frota”, que possa trabalhar com todos os modelos, os dois fabricantes de motores exigem óleos de motor “sem zinco” ou seja , com menos de 10 ppm de Zn no óleo acabado. Fabricantes de aditivos tiveram que viabilizar componentes antidesgaste sem a

Performance you can rely on 12


presença do zinco, especialmente para o serviço em ferrovias. Antioxidantes, antiespuma, redutores do ponto de fluidez e outros aditivos completam a composição do lubrificante do motor totalmente formulado. Óleos básicos são geralmente API Grupo 1 ou Grupo 2, sem uma preferência indicada pelos fabricantes de motores, necessitando apenas que o óleo acabado passe em todos os testes requeridos. O óleo acabado deve ser aprovado por ambos os fabricantes de motor antes de seu uso. Os graus de viscosidade SAE aprovados são apenas SAE 40 (monograu) e SAE 20W-40 (multigrau). Modificadores de viscosidade (VM) devem ser aprovados especificamente para o serviço em ferrovias. O processo de aprovação é gerenciado pelas empresas de aditivos. Há limites químicos e físicos, uma série de testes de bancada e testes screenner em motores, além de ensaios de campo em grande escala, com duração de mais de um ano, usando tipicamente 10 locomotivas de cada fabricante. Uma vez aprovado,

um pacote de aditivos pode ter a aprovação em outros óleos básicos com quantidade de testes reduzida. A prova real de desempenho é uma carta de aprovação de cada fabricante do motor. Como abreviação, a Associação Oficial de Manutenção Locomotiva (LMOA - Associação comercial de ferrovias e seus fornecedores) resume necessidades de que os lubrificantes para esta aplicação precisam, organizando os níveis de qualidade em Gerações. Por exemplo, “Geração 5” é a exigência mais comum para locomotivas em nível mundial, mas nem o fabricante usa “Geração 5” em sua literatura ou cartas de aprovação) Ferrovias são um modo altamente eficiente e ambientalmente amigável para o transporte de pessoas e mercadorias. Infraestrutura ferroviária e trafego devem aumentar nos próximos anos e décadas. Óleos de motor corretamente formulados e aprovados são uma parte importante da cadeia de valor, permitindo às locomotivas alcançar esses benefícios e garantindo a essas máquinas um futuro previsível. Equipe Infineum Brasil

13


Ensaios em Motores para Qualificação de Óleos Lubrificantes Por: Luiz Fernando Martins Lastres

A

s especificações de óleos lubrificantes automotivos se baseiam, principalmente, em ensaios de desempenho realizados em motores instalados em bancos de provas. Essas células de teste contêm um equipamento principal, denominado dinamômetro, com o qual se consegue colocar os motores em situações de operação bastante semelhantes às encontradas no campo, uma vez que os ensaios são desenvolvidos para simular problemas reais de operação. Apesar de os procedimentos de teste serem bastante complexos, pois todos os parâmetros que influenciam nos resultados devem ser controlados, o desempenho dos óleos lubrificantes é aferido de modo simples, quanto ao impacto em relação ao desgaste e na formação de depósitos. Desgaste No que tange ao desgaste, os motores são dimensionados antes e após os ensaios para quanti-

Foto 1 – Formação leve de borra (esquerda). Foto 2 – Formação intensa de borra (direita).

14

ficação da perda de material. Para tal, empregam-se instrumentos de metrologia como micrômetros, relógios comparadores, balanças etc. A inspeção visual também pode ser utilizada na avaliação de desgaste, como a perda do brunimento dos cilindros (espelhamento) ou a identificação de marcas de desgaste em superfícies. Depósitos Em relação à formação de depósitos, a aferição do desempenho dos óleos lubrificantes é feita por uma avaliação qualitativa. Os depósitos são conceituados como borras ou vernizes, de acordo com suas características. As borras são depósitos macios em forma de gel, que ficam aderidos nos componentes dos motores após a drenagem do óleo. São facilmente removidos com um pano e causam o entupimento do sistema de lubrificação como se fossem um colesterol. Observam-se nas fotos 1 e 2 formações leves e pesadas de borras. As borras são avaliadas em função de sua espessura, segundo critérios estabelecidos pelo Coordinating Research Council - CRC. Nas figuras 1 e 2 são mostrados padrões para as avaliações de borras. Os depósitos de vernizes são duros, ficam aderidos nos componentes dos motores e só são removidos com uma forte abrasão, ou através de solventes específicos, como a acetona. Os verni-


Na figura 3, é apresentada uma escala de intensidade de cor que vai do branco (intensidade 10) ao preto (intensidade 1). Esse critério, de méritos, resulta em valores mais altos para as peças com menor formação de depósitos. Para exemplificar a formação de vernizes, apresentam-se, nas fotos 3 e 4, pistões de motores Caterpillar utilizados no ensaio 1G2, o qual tem por objetivo avaliar o poder de detergência de lubrificantes para motores Diesel. O pistão da foto 3 se refere a um ensaio no qual o óleo foi aprovado, enquanto o da foto 4 se refere a um óleo que foi reprovado. Fig. 1 – Calibrador de espessuras para borras (esquerda). Fig.2 – Fotos para avaliação de borras mais leves (direita).

zes causam o isolamento térmico dos componentes e podem levar ao aprisionamento das peças como anéis e válvulas. Os vernizes são também avaliados segundo critérios estabelecidos pelo CRC, que têm por base quantificar a intensidade da cor do depósito através de comparação com padrões estabelecidos.

Desenvolvimento de Ensaios em Motores Como mencionado, os ensaios são desenvolvidos a partir de problemas reais de operação e, para os motores do ciclo OTTO, esses geralmente estão associados com: h h Operação em baixa temperatura ou “para e anda”, tendo por resultado a contaminação excessiva do lubrificante por compostos parcialmente

15


h h Sequência VIII (ASTM D6709) – Corrosão nos casquilhos em altas temperaturas.

Fig. 3 – Escala de Intensidade de cores para determinação de vernizes.

Foto 3 – Pistão após ensaio com óleo aprovado (esquerda). Foto 4 – Pistão após ensaio com óleo reprovado (direita).

Foto 5 – Pistões com óleo “passa” e não passa” (esquerda). Foto 6 – Defletores com óleo “passa” e não passa” (direita).

queimados do combustível e por outros produtos do blow-by; h h Operação em alta temperatura, tendo por resultado a oxidação acelerada do óleo; h h Desgaste do trem de válvulas, resultante das cargas elevadas do eixo de comando e das velocidades elevadas. A partir desses problemas, a indústria automobilística americana desenvolveu procedimentos de teste do dinamômetro em motor que resultaram nas sequências publicadas pelo ASTM, como, por exemplo: hh Sequência IIIG (ASTM D7320) - Espessamento do óleo e desgaste em altas temperaturas; hh Sequência VG (ASTM D6593) - Formação de borras, vernizes e desgaste de comando de válvulas em regime “para e anda”; 16

Com relação aos lubrificantes para os motores Diesel, os desenvolvimentos estão sendo dirigidos pelos novos limites de emissão. Projetos de novos motores estão sendo introduzidos para atingir os requisitos mais rigorosos de emissões, e tais mudanças impõem ao lubrificante condições mais severas. Como exemplo, o surgimento dos motores que utilizam EGR acarretou o aumento dos níveis da fuligem do lubrificante, o que contribui para a elevação da viscosidade do óleo e para um maior desgaste dos motores. Para atender a esses novos requisitos de emissões, foram desenvolvidos alguns ensaios como: h h Caterpillar 1N (ASTM D67506) e C-13 Controle do depósito nos pistões e consumo de óleo lubrificante; h h Mack T-11 (ASTM D7156) e T-12 – Ensaios para avaliar a habilidade dos lubrificantes em administrar o teor de fuligem nos lubrificantes em motores com EGR e o impacto no aumento da viscosidade, no desgaste de cilindros e no entupimento de filtro. Para finalizar, cabe lembrar que os ensaios em motores abrangem um sistema complexo de parâmetros, os quais podem influenciar nos resultados dos ensaios. Assim, de modo geral, os testes em motores utilizam combustíveis de bateladas específicas e empregam óleos de referência, com os quais são realizados ensaios preliminares para que seja verificada a eficácia do ensaio na obtenção de resultados repetitivos e seletivos. Nas fotos 5 e 6 são mostrados componentes de motores que realizaram testes da sequência VG, empregando-se os óleos de referência “passa e não passa”. Somente após essa “calibração” dos bancos de provas, os mesmos são liberados para a avaliação dos óleos candidatos.

Luiz Fernando Lastres é Consultor em Lubrificantes do Centro de Pesquisas da Petrobras – Cenpes


17


S.M.S.

S.M.S.

SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA

Uma Integração Estratégica

Comentários sobre a política nacional de Segurança e Saúde no Trabalho

Por: Newton Richa

Em seu artigo “Complexidade e Transdisciplinaridade: uma Abordagem Multidimensional do Setor Saúde”, o professor Mario de Magalhães Chaves assinala que a complexidade do mundo em que vivemos transparece em expressões como Mundo das Artes, Mundo da Política, Mundo da Ciência, Mundo da Indústria, Mundo do Comércio, entre outras. No entanto, em um mesmo espaço-tempo, só existe um mundo resultante do entrelaçamento de todos os mundos criados pelo Homem. Na perspectiva do autor, esse entrelaçamento é realizado pelo Mundo do Trabalho, uma vez que os trabalhadores são os sustentáculos da produção dos bens e serviços necessários a toda a sociedade planetária. Nesse contexto, Segurança e Saúde no Trabalho devem ser compreendidas como responsabilidade compartilhada por toda a sociedade. A Convenção Nº 155 da Organização Internacional do Trabalho – Segurança e Saúde dos Trabalhadores, de 1981, constitui um marco no Mundo do Trabalho. Aprovada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 2, de 17 de março de 1992, e promulgada pelo Decreto 1254, de 19 de setembro de 1994, ela estabelece, em seu artigo 4, a exigência da formulação, aplicação e revisão periódica de uma política nacional de Segurança e Saúde dos trabalhadores e o MeioAmbiente de trabalho, com o objetivo de prevenir os acidentes e os danos à saúde relacionados ao trabalho. A Presidente da República, por intermédio do Decreto Nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, aprovou a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho – PNSST, que, segundo uma abordagem sistêmica da produção de bens e serviços no país, deverá ser implementada por meio da articulação continuada das ações de governo no campo 18

das relações de trabalho, produção, consumo, ambiente e saúde, com a participação voluntária das organizações representativas de trabalhadores e empregadores. A PNSST tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos do trabalho, relacionados a ele, ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho. São princípios da PNSST: a universalidade; a prevenção; a precedência das ações de promoção, proteção e prevenção sobre as de assistência, reabilitação e reparação; o diálogo social; e a integralidade. As ações no âmbito da PNSST devem constar do Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho e desenvolver-se de acordo com as seguintes diretrizes: a) inclusão de todos trabalhadores brasileiros no sistema nacional de promoção e proteção da saúde; b) harmonização da legislação e articulação das ações de promoção, proteção, prevenção, assistência, reabilitação e reparação da saúde do trabalhador; c) adoção de medidas especiais para atividades laborais de alto risco; d) estruturação de rede integrada de informações em saúde do trabalhador; e) promoção da implantação de sistemas e programas de gestão da Segurança e Saúde nos locais de trabalho; f) reestruturação da formação em saúde do trabalhador e em segurança no trabalho e o estímulo à capacitação e à educação continuada de trabalhadores; e g) promoção de agenda integrada de estudos e pesquisas em Segurança e Saúde no trabalho. São responsáveis pela implementação e execução da PNSST os ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Previdência Social, com a participação de outros órgãos e instituições que atuem na área. Entre as respon-


S.M.S.

sabilidades do ministério do Trabalho e Emprego, podem ser destacadas: formular e propor as diretrizes da inspeção do trabalho, bem como supervisionar e coordenar a execução das atividades relacionadas com a inspeção dos ambientes e condições de trabalho; acompanhar o cumprimento dos acordos e convenções ratificados pelo governo brasileiro junto a organismos internacionais, em especial a Organização Internacional do Trabalho - OIT, nos assuntos de sua área de competência; e, por intermédio da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, elaborar estudos e pesquisas pertinentes aos problemas que afetam a segurança e a saúde do trabalhador. Entre as responsabilidades atribuídas ao ministério da Saúde estão incluídas: fomentar a estruturação da atenção integral à saúde dos trabalhadores, envolvendo a promoção de ambientes e processos de trabalho saudáveis, o fortalecimento da vigilância de ambientes, processos e agravos relacionados ao trabalho, a assistência integral à saúde dos trabalhadores, reabilitação física e psicossocial e a adequação e ampliação da capacidade institucional e definir, em conjunto com as secretarias de Saúde de estados e municípios, normas, parâmetros e indicadores para o acompanhamento das ações de saúde do trabalhador a serem desenvolvidas no Sistema Único de Saúde, segundo os respectivos níveis de complexidade dessas ações. As responsabilidades do ministério da Previdência Social abrangem, entre outras: a) subsidiar a formulação e a proposição de diretrizes e normas relativas à interseção entre as ações de Segurança e Saúde no trabalho e as ações de fiscalização e reconhecimento dos benefícios previdenciários decorrentes dos riscos ambientais do trabalho; b) por intermédio do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, realizar ações de reabilitação profissional e avaliar a incapacidade laborativa para fins de concessão de benefícios previdenciários.

A gestão participativa da PNSST cabe à Comissão Tripartite de Saúde e Segurança no Trabalho – CTSST, constituída paritariamente por representantes do governo, trabalhadores e empregadores, conforme ato conjunto dos ministros de Estado do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Previdência Social. As competências da CTSST abrangem: a) acompanhar a implementação e propor a revisão periódica da PNSST, em processo de melhoria contínua; b) estabelecer os mecanismos de validação e de controle social da PNSST; c) elaborar, acompanhar e rever periodicamente o Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho; d) definir e implantar formas de divulgação da PNSST e do Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, dando publicidade aos avanços e resultados obtidos; e e) articular a rede de informações sobre SST. A gestão executiva da política será conduzida pelo Comitê Executivo constituído pelos ministérios do Trabalho e Emprego, da Saúde e da Previdência Social, que têm as seguintes competências: a) coordenar e supervisionar a execução da PNSST e do Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho; b) atuar junto ao ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para que as propostas orçamentárias de Saúde e Segurança no Trabalho sejam concebidas de forma integrada e articulada a partir de cada programa e respectivas ações, de modo a garantir a implementação da política; c) elaborar relatório anual das atividades desenvolvidas no âmbito da PNSST, encaminhando-o à CTSST e à Presidência da República; d) disponibilizar periodicamente informações sobre as ações de Saúde e Segurança no Trabalho para conhecimento da sociedade; e e) propor campanhas sobre Saúde e Segurança no Trabalho. Agora que o Brasil dispõe de uma PNSST, é fundamental que ela seja implementada com eficiência, eficácia e efetividade, por uma relação cooperativa entre empresas, órgãos do governo e entidades representativas dos trabalhadores, como base para a construção de um Mundo do Trabalho Seguro e Saudável no país. O texto integral da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho está disponível no endereço eletrônico: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/ Decreto/D7602.htm

15

Newton Richa é Médico do Trabalho e Consultor de SMS do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - IBP

19


20


Mecânicos Lubrificadores uma mudança de paradigma Por: Marcos Thadeu G. Lobo

É

fato aceito e consumado que a lubrificação eficiente de equipamentos móveis é determinante na extensão da sua vida útil. Apesar disso, ainda não se dá a devida atenção à peça chave no processo da lubrificação, ou seja, o elemento humano. Popularmente designado pelo termo pejorativo “meloso”, mas que bem descreve o baixo nível de importância dado a este profissional, os mecânicos lubrificadores, ainda, são profissionais bastante negligenciados na grande maioria das empresas rurais e industriais. O artigo irá mostrar a realidade vivida por esses profissionais, suas deficiências e, principalmente, o que se pode fazer para aprimorar a qualidade técnica dos mecânicos lubrificadores. Redefinir a função do mecânico lubrificador É regra geral no Plano de Cargos e Salários das empresas que os mecânicos lubrificadores não tenham o mesmo nível salarial e de promoções funcionais que os demais mecânicos de manutenção. Geralmente, os níveis salariais desses profissionais são menores, e as oportunidades de promoção bastante restritas. Isso faz com que os mecânicos lubrificadores procurem oportunidades em outros setores da manutenção, ou outras empresas, com vistas a obterem melhores salários e valorização. Não se consegue, dessa forma, a formação de mecânicos lubrificadores qualificados, em vista da alta rotatividade de profissionais nessa função. A designação da função como sendo “mecânico lu-

brificador” ao invés de lubrificador pode parecer de menos importância, mas, para o profissional que atua na área, é a diferença entre ser um “meloso” e ser um componente necessário e valorizado do corpo de manutenção, como são os demais mecânicos de manutenção. É muito comum, quando há visitas técnicas em empresas, a abordagem de mecânicos lubrificadores pedindo informações sobre vagas de mecânico de manutenção em outras empresas, ou fazendo gestão junto a seus superiores para serem “reclassificados” como mecânicos de manutenção, por não terem valorização e perspectiva profissional na função em que atuam. Algumas empresas sequer têm mecânicos lubrificadores em seu quadro de profissionais. Sob pretexto de otimização da mão de obra, incumbem os mecânicos de manutenção das tarefas de lubrificação. Os resultados dessa prática anacrônica logo são sentidos, visto que os serviços de lubrificação acabam por serem negligenciados pelos mecânicos de manutenção, porque não dão a devida importância a eles, ou têm outras atribuições mais prementes e acabam por postergá-los. Os resultados são máquinas paradas por deficiência de lubrificação. Treinamento e formação dos mecânicos lubrificadores É prática regular que os mecânicos lubrificadores exerçam sua profissão por anos a fio sem terem qualquer tipo de treinamento. Como consequência disso, muitas de suas práticas de trabalho são defa21


Medidor de vibrações (esquerda) e Termômetro infravermelho

sadas tecnicamente, quando não involuntariamente prejudiciais ao bom desempenho do equipamento. As empresas investem constantemente em treinamento de seus mecânicos de manutenção, mas nada investem na formação dos mecânicos lubrificadores, e isso se deve, como já dissemos, ao fato de não se considerarem os mecânicos lubrificadores como mecânicos de manutenção. Apesar de bastante desconhecida há uma norma técnica da ABNT que normatiza a função de mecânico lubrificador. Trata-se da ABNT NBR 15520 “Qualificação e Certificação de Mecânico Lubrificador – Requisitos”. Nessa norma, para que o mecânico lubrificador seja certificado, exige-se, além dos conhecimentos básicos de português, matemática e física, também conhecimentos de lubrificação, hidráulica, pneumática, elementos de máquinas, desenho técnico, metrologia e outros temas relacionados à mecânica industrial e automotiva. É definido nessa norma o tempo mínimo de escolaridade e experiência que o profissional deve ter para se qualificar como mecânico lubrificador e como obter e manter a certificação. Seleção de profissionais adequados para a função O mesmo rigor técnico utilizado na contratação de mecânicos de manutenção deveria ser utilizado na contratação dos mecânicos lubrificadores. É bastante comum selecionar com bastante critério os mecânicos de manutenção e contratar mecânicos lubrificadores com baixo nível de escolaridade e sem qualquer experiência, sob o pretexto de que, para essa função, não são necessárias melhores qualificações. Em certa visita que efetuei em destilaria de álcool, após preleção de cerca de 20 minutos a um mecânico lubrificador da área industrial sobre a 22

importância da função e sobre cuidados a serem tomados com respeito às tarefas da lubrificação, o jovem de cerca de 25 anos de idade disse: “Não perca tempo comigo. Ao terminar a safra vou pedir demissão e irei para um assentamento rural aqui próximo. Esse serviço de lubrificação é muito pesado, a cobrança é grande e a remuneração é muito baixa. No assentamento rural ganho uma cesta básica todo mês e fico muito mais tranquilo.” O rapaz foi sincero em sua colocação, e o que me deixou mais pensativo não foi o dito por ele, mas como podia ele estar em função tão importante como a de mecânico lubrificador. Fato é que as poucas exigências na contratação de mecânicos lubrificadores revelam a importância diminuta que é dada a essa função por muitas empresas e a total falta de critérios para a contratação desses profissionais. Utilização dos mecânicos lubrificadores como agentes de manutenção preditiva e pró-ativa A capacidade técnica dos mecânicos lubrificadores é, muitas vezes, subestimada, e eles são erroneamente classificado como profissionais que prestam apenas para efetuar trocas de carga de óleo e relubrificar pinos graxeiros. Por que não utilizar os mecânicos lubrificadores como profissionais de manutenção preditiva ou pró-ativa? Obviamente, isso seria sem esperar que exerçam atividades extremamente qualificadas que exijam treinamento e qualificação muito acima de suas formações. Porém, é fato que muitos mecânicos lubrificadores não dispõem, sequer, de um termômetro à distância (infravermelho) para monitorar a temperatura do óleo lubrificante em mancais planos e de rolamento, em caixas de engrenagens ou sistemas hidráulicos. Termômetros à distância (infravermelho) são equipamentos muito baratos, que deveriam fazer parte da caixa de ferramentas de todo mecânico lubrificador. Outra maneira de otimizar a atuação dos mecânicos lubrificadores, por exemplo, seria disponibilizar-lhes um medidor de vibrações para monitorar o nível global de vibrações (velocidade RMS e aceleração do envelope). Esses aparelhos são de custo relativamente baixo, e os resultados das medições são lidos diretamente em um visor, sendo extremamente simples de se interpretar e


útil em detectar falhas precoces de equipamentos. Além disso, um medidor de vibrações pode ser utilizado por vários mecânicos lubrificadores. Pode-se dizer, sem medo de errar, que há uma série de formas de melhor se aproveitar a capacidade técnica dos mecânicos lubrificadores. Essa otimização da função, além de servir para o aprimoramento da qualidade da mão de obra e da elevação da auto estima desses profissionais, agrega valor à função e, consequentemente, provoca uma melhora salarial como forma de evitar o êxodo para atividades que lhes deem mais reconhecimento profissional e melhores ganhos salariais. A questão de haver mecânicos lubrificadores ou “melosos” é, antes de mais nada, cultural. Necessita-se romper com a tradição errônea de que mecânicos lubrificadores são profissionais que não necessitam de muita qualificação, tendo em vista que o serviço também não exige muito especialização. Estatísticas mostram que 80% das falhas em mancais de rolamento são, de alguma

forma, relacionados à deficiência em lubrificação, e que 38% de todos os mancais de rolamento falham prematuramente. Com base nesses dados, profissionais habilitados para exercer a atividade de mecânico lubrificador são uma necessidade. O custo mais elevado, no entanto, não é o de peças, mas do maquinário parado fora do período estimado para as manutenções programadas. E, pensando seriamente nisso, não é chegada a hora de se romperem paradigmas há longo tempo enraizados em nossa cultura de manutenção e passar a ter um olhar mais atento para os profissionais tão valiosos nas empresas, os mecânicos lubrificadores?

Marcos Thadeu Giacomini Lobo, Eng. Mecânico pela USP. Trabalha no grupo de Tecnologia de Produto da MAHLE

23


Embalagem:

Custo ou Investimento?

Por: Thiago Barnabé

E

m conceitos básicos, a embalagem nada mais é de que um recipiente utilizado para armazenamento temporário de produtos, observando todas as características relacionadas com o produto e a destinação. Já a nova conceituação para a embalagem indica que ela deve ter uma filosofia, ser agressiva, envolvente, prática, sofisticada e sustentável. Também deve ter contato com aspirações, com gente, mãos, sentimentos, com a mensidão de desejos e satisfações que ocorrem quando a pegamos e utilizamos o que ela envasa. A embalagem carrega uma marca, o maior patrimônio da empresa, presente com nome, com forma e com cores. É ser um enorme conjunto de fatores especiais que buscam marcar sua presença na mente do consumidor, obedecendo ao objetivo principal e visando ao manuseio, armazenagem e transporte. Para o mercado de lubrificantes, a embalagem tem um peso significativo em seu custo e processo, quando tratamos de embalagem industrial, incluindo-se o marketing, quando a embalagem é destinada ao consumidor final. Assim, o estudo relaciona-

24


do a material, design, armazenamento, transporte, dentre outras características, deve ser minucioso, exato, pois tratamos do mesmo produto distribuído para diferentes tipos de mercados e consumidores, identificados pela embalagem. Mercado de lubrificantes x Embalagens Em 2012, foram produzidos aproximadamente 1.400.000 m³ de lubrificantes no Brasil. De acordo com o estudo realizado pelo Departamento de Meio Ambiente - DMA da FIESP, sobre reciclagem de embalagens plásticas contendo óleo lubrificante, a cada ano são produzidas cerca de 305 milhões de embalagens de óleo lubrificante, assim distribuídos: • 10 milhões para baldes e bombonas (80% dos quais são plásticos); • 15 milhões para latas de 3 a 5 litros; • 200 milhões para frascos plásticos de1 litro; • 80 milhões para frascos plásticos de meio litro. Do total 60% são de óleos automotivos e 40% são industriais. A modernização da embalagem para óleo lubrificante é hoje uma preocupação constante dos produtores e distribuidores. A responsabilidade ambiental, segurança, mobilidade e transporte, atrelados à redução de custo, são os grandes desafios que os players vêm enfrentando para satisfação do mercado como um todo. Para a otimização de espaço, as embalagens cada vez mais compactas e com o mesmo volume. Para a otimização logística, as embalagens devem empilhar mais, assim há economia no frete, e para a otimização produtiva, as embalagens cada vez mais estáveis no processo. Para a otimização do design vai convencer o consumidor de que dentro daquela embalagem há o melhor produto. Os fabricantes de embalagens já desenvolvem o sistema de logística reversa, recuperando e destinando a embalagem usada sem comprometer o meio ambiente, fechando assim o seu ciclo de vida.

alta densidade, em alguns casos 100% virgem, em outros com parte desse material reciclado. O PEAD é extrusado pela sopradora, a uma temperatura de 180 a 200º C, e soprado por uma pressão de 6 a 8 bar formando então o “parizon”. É nesse momento que a distribuição da massa deve ser linear, para que não haja variação da parede da embalagem fora do tolerado pelo mercado. As duas partes do molde se

O Processo Produtivo Toda embalagem plástica para o mercado de lubrificantes é produzida com PEAD, polietileno de

Esquema demonstrando o processo produtivo de embalagens plásticas

25


unem e o sopro faz a pressão para a formação da embalagem. A refrigeração é feita pela própria máquina no molde, em alguns casos por ar, e em outros por água. Na abertura do molde, já temos a embalagem pronta; agora ela segue para o teste dimensional e microfuro em 100% das embalagens na saída da máquina, e, quando é o caso, segue para a rotulagem. Aproximadamente 20% do peso da embalagem são de rebarba, que volta para o processo de extrusão. As embalagens são ensacadas e armazenadas prontas para expedir, assim evitando qualquer tipo de sujidade ou contaminação. Os testes de qualidade são realizados por amostragem, em que são medidos

as espessuras das paredes, bocal, teste de queda e empilhamento quando for o caso. Toda embalagem tem sua data de produção ou lote gravado de alguma forma, assim facilitando o rastreamento em caso de algum problema ou defeito. Todo o processo deve ser revisado constantemente, pois qualquer variação de temperatura, composição do PEAD ou masterbatch, influenciam diretamente na qualidade da embalagem produzida. Por esse motivo, cada vez mais os clientes estão homologando todos os insumos utilizados no processo produtivo. Chega o momento em que a embalagem deixa de ser apenas um custo na formação do produto. daí em diante passa a ser um investimento. É necessário compreender e responder às objeções e percepções de um marketing cada vez mais segmentado, mais humanizado, mais verde. A embalagem deve ser vista, desejada e provocar as pessoas à ação. Uma embalagem demonstra a história da empresa e de seus produtos. Se bem utilizada, pode ser eternizada.

Thiago Barnabé, Gerente de Vendas da Globalpack Ind. e Com. Ltda, Divisão Embalagens Industriais

26


27


O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao primeiro semestre do ano de 2012, fruto de pesquisa junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos produtores.

Uma estimativa do mercado relativa ao primeiro semestre do ano de 2012 O mercado aparente 758.600 m3

Mercado Total Óleos Lubrificantes

730.000 m3 438.000 m3 266.000 m3 26.000 m3

Mercado Local: Automotivos: Industriais: Óleos Básicos

68.600 m3 40.000 m3

Importação Produto Acabado: * Exportação Produto Acabado: * Mercado Total Graxas

658.222 m3

Óleos Básicos: Mercado Total Produção Local: Refinarias Rerrefino

411.222 m3 283.222 m3 128.000 m3

Importação Exportação

247.000 m3 39.000 m3

Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Banco de Dados Lubes em Foco

30.000 t

* Não considerados óleos brancos e a classificação “outros”.

Mercado SINDICOM1 •Comparativo 2012/2011 por região (período jan - jun) Análise comparativa por produtos

Mil m3

Total de lubrificantes por região

Mil m3

320

2011 2012

390

280

367.773 333.972

279.461

2011 2012

291.400

240 200

260

160

206.194

196.709

120 110.193

GRAXAS

22.877

0

75.770

26.133

81.005 57.865

40

Lubrificantes automotivos por região

Mil m3

114.477

80

INDUSTRIAIS

AUTOMOTIVOS

130

39.754

0

SUL

SUDESTE

59.686

44.047

NORTE

NORDESTE

CENTRO OESTE

Lubrificantes industriais por região

Mil m3

120

210

108

2011 2012

180

114.480

2011 2012

107.146

96 170.927

150

84

154.342

72

120

60

90 60

48 36

72.552

67.449

37.116

24 35.211

30 0

38.058

58.024 51.220

25.750

SUL

SUDESTE

NORTE

21.590

36.587

29.683

12 NORDESTE

CENTRO OESTE

0

12.930

SUL

SUDESTE

NORTE

1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Shell, Total e YPF.

28

19.621

19.136

19.792

13.035

NORDESTE

CENTRO OESTE


Mercado de Lubrificantes em 2012 - 1º Semestre (m3)

16,8

19,9%

1,9% 1,8% 2,9%

13,7%

7,0% 11,7% 11,5%

12,8%

Mercado de Graxas 2011 (t)

BR Ipiranga Mobil Chevron Shell Petronas Castrol YPF - Repsol Total Lubrif. outros

17,7% 13,6%

19,3%

9,3%

13,3%

7,8% 8,9%

BR Chevron (Texaco) Ingrax Ipiranga Petronas Shell Cosan (Esso) Outros

9,7%

NOTA: Os dados de mercado correspondentes ao ano de 2010/2011, que foram retirados desta seção, podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereço www.lubes.com.br, no item do menu SERVIÇOS / MERCADO.

29


Programação de Eventos Internacionais Data

Evento

2013 Fevereiro , 21 a 22

ICIS Base Oil Conference - Hotel Hilton London - Londres - Inglaterra - www.icisconference.com/worldbaseoils

Março, 24 a 26

International Petrochemical Conference - San Antonio - Texas - EUA - www2.afpm.org/forms/meeting/Microsite/IPC13

Maio, 5 a 9

STLE 68th Annual Meeting & Exhibition - Detroit - Michigan - EUA - http://www.stle.org/events/annual/details.aspx

Junho, 15 a 18

NLGI 80th Annual Meeting - Tucson - Arizona - EUA - https://www.nlgi.org/annual_meeting/

Outubro, 21 a 23

SAE/KSAE 2013 International Powertrains, Fuels & Lubricants Meeting - Seul - Coreia do Sul - http://www.sae.org/events

Nacionais Data

Evento

2013 Abril, 2 a 4

Petrotech - II Feira Brasileira de Tecnologia Para a Ind. de Petróleo Gas e Biocombustíveis - www.petrotech.com.br

Abril, 15 a 18

5ª Feira de Fornecedores Industriais - FORIND - Recife - Pernambuco - www. forindne.com.br

Junho, 11 a 14

Brazil Offshore - Macaé Centro - Macaé - RJ - www.braziloffshore.com.br

Junho, 25 a 28

4ª Feira de Manutenção e Equipamentos Industriais - Blumenau - SC - www.feiramanutencao.com.br

Setembro, 23 a 27

28º Congresso Brasileiro de Manutenção - Salvador - Bahia - www.abraman.org.br

Cursos Data

Evento

2013 Abril 15 a 17

Lubrificantes e Lubrificação - Rio de Janeiro, RJ - www.ibp.org.br/cursos

Maio 20 a 22

Biocombustíveis: Mercado, Regulação, Tecnologias e Invesimentos - Rio de Janeiro, RJ - www.ibp.org.br/cursos

Setembro 2 a 5

Manutenção em Compressores Alternativos - São Paulo, SP - www.ibp.org.br/cursos

Outubro 21 a 23

Segurança e Saúde em Laboratórios - Rio de janeiro - RJ - www.ibp.org.br/cursos

Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.

30


31



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.