Revista lubes em foco edicao 35

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Fev/Mar 13 Ano VI • nº 35 Publicação Bimestral

EM FOCO

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A revista do negócio de lubrificantes

Transmissões Automotivas

O papel fundamental da lubrificação e da tribologia no desempenho e na redução de custos operacionais.

Naftênicos em Foco

Uma análise sobre o futuro dos óleos básicos de origem naftênica e suas aplicações principais.


VOCÊ JÁ PENSOU EM UTILIZAR POLIALQUILENO GLICÓIS PARA OTIMIZAR A PERFORMANCE DO SEU LUBRIFICANTE MINERAL? Fluidos UCON™ OSP. Chegou a hora de unir os óleos a base de PAG e óleos minerais. Você aproveita o que há de melhor em cada uma das químicas e desenvolve formulações de alto desempenho capazes de ampliar sua vantagem competitiva.

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Editorial A iniciativa dos organizadores do 3º Encontro com o Mercado, que estabeleceu um acordo com a ICIS, empresa do grupo Reed, maior promotor de eventos do mundo, dará ao evento do Rio de Janeiro, em julho próximo, um caráter internacional, trazendo ao Brasil valiosas informações do mercado mundial e também proporcionando um melhor entendimento dos caminhos trilhados na América do Sul, com a ampliação da visão do mercado de lubrificantes internacional. É a consolidação de um trabalho que vem coroar de êxito uma parceria de 6 anos, unindo um conteúdo de sólidos conhecimentos técnicos proporcionado pela Comissão de Lubrificantes do IBP com o profissionalismo e a seriedade da Agência Virtual, sob a bandeira da revista LUBES EM FOCO. A missão se torna maior e a responsabilidade aumenta. Além da já tradicional tarefa de ouvir o mercado e a ele retornar com informações relevantes, a revista passou a gerar um conteúdo técnico de alta qualidade e ir em busca de fontes de conhecimento específico para seus leitores e participar ativamente do desenvolvimento do mercado brasileiro de lubrificantes. Dentro da América do Sul, o Brasil comercializa praticamente a metade do volume total de lubrificantes e tem um papel muito importante no desenvolvimento do continente, atuando não somente nas parcerias comerciais, mas, principalmente, na disseminação do conhecimento, com uma postura integradora que possa facilitar o intercâmbio tão necessário à região. A área ambiental é um exemplo bastante emblemático dessa postura, quando leis regulatórias e programas voluntários das empresas focalizam os desafios e atuam com eficiência em situações como a coleta de embalagens plásticas e o direcionamento correto dos óleos usados ou contaminados. Um evento internacional, organizado no Brasil, com parceria europeia e tendo uma participação importante de países da América do Sul, é o ambiente ideal para a demonstração prática de que reunimos todas as condições para formarmos um fórum especial em que teconologia e mercado convergem a um objetivo comum, que é o desenvolvimento, e no qual todas as vozes são ouvidas com isenção e igualdade. As atenções do mundo se voltam para os mercados em ascenção, e é nossa obrigação contribuir para uma resposta madura, à altura das expectativas.

Os Editores

Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Marcia Lauriodo Zamboni - reg. 17118-78-45

Editor Chefe Pedro Nelson A. Belmiro Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni

Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda.

Capa Antônio Luiz Souza Machado da Cunha

Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br

Redação Tatiana Fontenelle

Tiragem 4.000 exemplares

Layout e Editoração Antônio Luiz Souza Machado da Cunha

E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.

Revisão Angela Belmiro

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Sumário 6

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Entrevista com o secretário executivo do IBP Milton Costa Filho assume a secretaria executiva do IBP, trazendo novos projetos e planos de ampliação.

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Transmissões, Tribologia e Desempenho

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O óleo sintéco

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Compressores: A escolha do óleo certo

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Educação Ambiental

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Naftênicos em Foco

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O condicionamento dos lubrificantes no campo

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Mercado em Foco

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Programação de Eventos

A busca da eficiência das transmissões manuais de veículos comerciais em aplicação no mercado brasileiro.

Uma divertida crônica sobre as diferenças entre os óleos para motor e os cuidados que o motorista deve ter.

Pequenos cuidados na manutenção têm grande influência no funcionamento contínuo do compressor.

Proposta de um trabalho sério e contínuo, que possibilite processar mudanças de valores, de hábitos e de atitude.

Uma abordagem sobre o papel dos óleos básicos naftênicos nas décadas vindouras.

O bom planejamento gerencial inclui um ajuste fino e contínuo dos estoques ao longo do tempo.

Informações sobre o mercado brasileiro de óleos e graxas.

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IBP tem novo Secretário Executivo Capacitação e comunicação: Objetivos de uma nova fase Por: Tatiana Fontenelle

Formado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, com mestrado em Engenharia de Produção na PUC e MBA em Marketing, Milton Costa Filho é o novo secretário executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis – IBP. O engenheiro, que substituiu Álvaro Teixeira na função, tomou posse no dia 15 de janeiro de 2013, após apresentação oficial aos funcionários na sede do Instituto, no Rio de Janeiro. Ressaltando a força do nome da entidade, com planos de ampliação e uma visão de grande integração com a sociedade e órgãos legisladores, Milton traz na bagagem uma longa experiência, com muitos anos de trabalhos executados no Brasil e no exterior. Em entrevista exclusiva à LUBES EM FOCO, o executivo, que trabalhou por 36 anos em diversas empresas no sistema Petrobras e participou ativamente do desenvolvimento da indústria do petróleo no Brasil, conta um pouco sobre a sua trajetória profissional e os planos para exercer o novo cargo.

Lubes em Foco - Como foi sua trajetória profissional até chegar ao IBP? Milton Costa Filho - Logo depois de formado, fiz o concurso para a Petrobras, onde completei o curso de Engenharia de Processamento de Petróleo, voltado para o trabalho em refinarias. O meu primeiro trabalho, em 1977, foi na área de Engenharia, com a construção da unidade de lubrificantes da REDUC, porém o primeiro grande projeto foi na construção da REVAP, a refinaria do Vale do Paraíba. Depois trabalhei na Interbras, de onde saí como chefe do escritóriona Índia. Trabalhei também em diversas

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áreas da Comunicação da Petrobras, de onde saí como chefe de Relações Externas. Em 2000, fui convidado para ser diretor do Congresso Mundial de Petróleo, onde tive a oportunidade de conviver e trabalhar com a equipe do IBP na época.Também atuei na BR como Gerente de Promoções de Postos, um trabalho superdinâmico e interessante para sentir o pulso do mercado. Retornei à área internacional, onde fui convidado para ser o presidente da Petrobras México, posição que ocupei por quase sete anos. Nesse período, entre as diversas atividades, desenvolvemos um detalhado estudo


do mercado de lubrificantes no México, parte da estratégia de atuação da Petrobras na época. Após essa jornada, decidi me aposentar da Petrobras e aceitar o convite para dirigir o IBP. Lubes em Foco - Como voce vê a contribuição do IBP para a indústria do petróleo de uma forma geral? Milton Costa Filho - O IBP tem uma imagem extremamente forte, construída nesses 56 anos de vida, fazendo um trabalho muito consistente. Contribuímos decisivamente para a indústria brasileira, na parte de educação, por exemplo, com inúmeros curso oferecidos. Essa é uma das marcas do Instituto, além da área de eventos, onde os temas mais relevantes da indústria são apresentados e debatidos. Um bom exemplo é a Rio Oil & Gas, um evento que começou em 1982, em um momento bastante oportuno, quando estávamos começando a decolar com a indústria do petróleo e o desenvolvimento da Bacia de Campos. Hoje a Rio Oil & Gas é considerada o maior evento do mundo que abrange toda a cadeia produtiva na área do petróleo e ano passado serviu de palco para a indústria clamar por novas licitações de áreas de exploração e produção. O IBP também tem um papel muito importante na discussão dos temas de alta relevância e contribui com os principais atores da indústria, como a ANP, Petrobras, Ministériose outros setores que, de alguma forma, interagem com a indústria de petróleo, gás e biocombustíveis. Lubes em Foco - Qual é a perspectiva do IBP em relação à capacitação técnica de profissionais para a indústria do petróleo no Brasil? Milton Costa Filho - Na parte de treinamento, o IBP é muito forte, com cursos de extensão e MBA em diversas áreas da indústria petroleira. No momento nós vamos nos concentrar mais nos cursos de extensão. Utilizando um trocadilho interessante, vemos que existe uma demanda grande de mão de obra capacitada e também de capacitação de mão de obra. Não são todos os lugares que você irá encontrar os cursos de qualidade que o Instituto oferece, com professores especialistas nos temas e cursos tradicionais, com mais de 20 anos de existência. Essa tradição e qualidade técnica

Milton Costa Filho

é extremamente importante. Nesse momento, fica clara a diferenciação técnica entre o IBP e outros cursos oferecidos no mercadoO Instituto também está desenvolvendo programas na indústria petroleira junto à juventude para que possamos depois capacitá-la. Assim, criamos um grupo de trabalho onde foi desenvolvido um plano com o objetivo de atrair esses jovens. Inclusive o IBP é candidato a sediar a próxima edição do Youth Forum do World Petroleum Council, que este ano será realizado no Canadá. Na última Rio Oil & Gas, tivemos o programa “Profissional do Futuro”, e estamos implantando esse programa em outros eventos do IBP, como a Rio Pipeline e OTC Brasil. Lubes em Foco - De que forma o trabalho das Comissões Técnicas é importante para o Instituto? Milton Costa Filho - O Álvaro Teixeira costumava dizer que as Comissões representam a inteligência do IBP. No ano passado trabalhamos com 1740 colaboradores, em 67 comissões técnicas, setoriais e de organização. Essa é a grande prova de como o IBP interage com as empresas associadas, e como as empresas respondem às nossas iniciativas.

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A indústria brasileira está chegando a um ponto extremamente importante e complexo, com a criação de novas refinarias, sistemas de dutos, indústrias petroquímicas, gás para eletricidade, fertilizantes etc. O consumo de derivados aumentou muito e o IBP tem que se posicionar de forma diferente. Precisamos nos comunicar mais. As comissões fazem um trabalho excelente e o que precisamos agora é uma comunicação maior, influenciar mais os dirigentes, os políticos de uma maneira positiva mostrando trabalhos técnicos, análises e provando a importância da contribuição da indústria para a economia brasileira. Hoje, o setor de petróleo caminha a passos largos para atingir 20% do PIB nos próximos dez anos, gerando um número bastante expressivo de projetos, empregos, aquisições e tributos. Assim sendo, acredito que as autoridades brasileiras podem contar com o apoio do IBP para as questões mais técnicas da indústria, de forma a contribuir com a tomada de decisões do governo.

guém imaginava. Na verdade, uma mudança cultural de comportamento. Cada ano que passa essas mudanças são mais rápidas, e temos que nos preparar para isso.Pensando nisso, iniciaremos esse processo que irá definir mais claramente qual será o posicionamento do IBP nessa nova década. A ideia é criar uma nova cultura organizacional com reestruturação das atividades e o fortalecimento dessas estruturas. Lubes em Foco - Em sua opinião quais as perspectivas do petróleo no Brasil? Milton Costa Filho - O Shale Gas e o Shale Oil estão causando uma grande revolução no mundo. Na medida em que os Estados Unidos tornarem-se o maior produtor de gás e óleo do mundo e deixarem de ser importadores, isso muda a geopolítica do petróleo. O Oriente Médio, por exemplo, num futuro próximo, deverá destinar mais as suas exportações para Ásia, focando Índia, China e outros países. A revolução também vai acontecer na área de petroquímica e na área de refino. A América Latina , em que pese o fator de ter a segunda maior reserva de petróleo do mundo, ainda é uma região importadora. A falta de integração energética entre os países limita muito o desenvolvimento de petróleo e gás na região. Uma das consequências é que a região tem um custo energético muito alto, causando, entre outros, uma pobreza energética. Na região, 40 milhões de pessoas não tem acesso à energia. Temos uma dívida social imensa com a população. O Brasil, com as grandes descobertas do pré-sal, é um dos países com maior potencial de produção de petróleo e gás. Espero que essa riqueza seja rapidamente desenvolvida e bem investida em benefício da nossa sociedade.

O setor de petróleo caminha a passos largos para atingir 20% do PIB nos próximos dez anos, gerando um número bastante expressivo de projetos e empregos.

Lubes em Foco - Quais os planos quanto à modernização do IBP nessa nova fase? Milton Costa Filho - Iniciamos um novo processo de planejamento estratégico, onde discutiremos os cenários onde o Instituto vai atuar nos próximos anosHouve mudanças imensas no Brasil e no mundo nos últimos anos. Tivemos mudanças na politica, uma crise econômica mundial, o surgimento dos chamados BRICs, a Primavera Árabe - muito influenciada pelos jovens - uma geração bem preparada e informada com muita vontade de ocupar rapidamente o espaço na sociedade através das mídias sociais e digitais de uma forma que nin-

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Lubrificantes e Transmissões de Alto Desempenho O planejamento da manutenção reduzindo custos operacionais Por: Carlos Mussato

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om a presente condição severa de utilização dos veículos comerciais médios e pesados no Brasil, a questão da lubrificação se tornou evidente e fundamental para o aproveitamento da vida útil dos equipamentos. Nesse contexto, a análise Tribológica e de Lubrificantes estabelece um cenário claro da interação das variáveis de influência nos modos de falha, permitindo ao OEM planejar sua manutenção e acompanhamento de frota, reduzindo os custos operacionais. Este trabalho visa apresentar todos esses fatores, de forma ordenada a estabelecer uma visão sobre o compromisso do estudo Tribológico na busca da eficiência das transmissões manuais de veículos comerciais em aplicação no mercado brasileiro. Visão Geral do Panorama de Aplicação O avanço tecnológico dos veículos comerciais, utilizando projetos de motores eletrônicos, com a possibilidade de torques diferenciados para as marchas, aliado a uma maior potência para atender a uma condição de carga e terrenos, tipicamente severos, como o brasileiro, implicou uma evolução providencial das transmissões, de forma a atender a cada um dos requisitos de exigência mecânica e de dirigibilidade. Da mesma forma, os lubrificantes tiveram uma evolução significativa para com os compromissos físico-

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-químicos inerentes ao avanço tecnológico das transmissões, balanceando proteção e desempenho. As exigências ambientais dirigidas pelos programas de redução de emissões influenciaram sobremaneira as transmissões no tocante a torque e temperatura de operação. O papel do lubrificante passou a ser fundamental na combinação da redução de consumo de combustível e proteção de película lubrificante, com baixo coeficiente de atrito. As classes de desempenho API podem ser diferentes do exposto de acordo com o projeto mecânico dos equipamentos. Daí a importân-


cia de seguir sempre a recomendação do fabricante no uso dos lubrificantes homologados. As empresas do segmento de autopeças de classe mundial preparam-se para atender a exigências de mercado de forma científica, através de estudo das variáveis importantes de projeto por meios de cálculos, simuladores e bancos de teste, permitindo assim maximizar os resultados do equipamento, bem como otimizá-los pela observação dos resultados dos testes. Essa técnica de Engenharia Mecânica se denomina back to back. A topografia do terreno é um fator implicante nos modos de falha dos componentes do veículo como um todo. Variações de piso quanto à aderência, aclives e declives acentuados, altitude e temperatura ambiente são fatores extremamente importantes de projeto das transmissões e devem ser mapeados para um dimensionamento correto. O compromisso de uma frota é transportar com eficiência, segurança e conforto. Esses requisitos são pensados no projeto da transmissão, de forma a oferecer ao motorista opções de escalonamento de marchas que atenda às nuances de terreno encontradas, mantendo a capacidade de tração do veículo. Para que isso seja possível, as transmissões dividem-se em Leves, Médias e Pesadas. Mecânica de funcionamento do sistema com ação do lubrificante: importância das interfaces dos componentes Para se entenderem os limites de projeto mecânico de uma transmissão, devem-se conhecer as interfaces existentes e as exigências dinâmicas e físicas de cada componente. Esse mapeamento inclui todos os movimentos e deslizamentos cruzados entre as partes metálicas. O integrante de maior responsabilidade no tocante a desgaste e atrito é o conjunto sincronizador. Esse componente necessita de suporte de lubrificação especial voltado à redução de atrito e proteção metálica por película lubrificante. O compromisso entre esses dois fenômenos resulta em um funcionamento correto do sistema de troca de marchas. Entre a parte posterior da transmissão, carcaça 1, para com o motor, localiza-se o componente Embreagem. Grandezas físicas como Inércia e Torque, combinadas com alinhamentos geométricos de montagem do conjunto transmissão embreagem-motor, geram grande responsabilidade do lubrificante na atenuação da elevação de temperatura

e da manutenção do valor de coeficiente de atrito dinâmico (μ). Essas variáveis devem ser levadas em conta no estudo de causa raiz de um problema com a qualidade do engate de marchas. Na carcaça 2, localiza-se um componente fundamental para o conforto de engate, denominado Torre de mudança. Esse componente, por si só, não garante o bom engate de marchas, ele deve ser calibrado com a exata regulagem do curso de embreagem. O modo de dirigibilidade também afeta a incidência de falhas do conjunto sincronizador. O motorista deve proceder engate sem movimentos bruscos, uma vez que a torre de mudança já garante o conforto necessário. Na parte inferior da transmissão, localiza-se a PTO (Power-Take-Off), ou tomada de força, e a Flangit de saída, ou Yokit. Esses dois componentes são interfaces críticas na transmissão do movimento da transmissão ao cardan e ao eixo traseiro do veículo, portanto os alinhamentos de montagem são importantes para a redução de falhas da transmissão. A atenção a vaza11


mentos de lubrificante nessa região é fundamental para a manutenção do veículo. O componente PTO deve ser acionado somente com a transmissão desengatada, para evitar falhas na mesma. Condição de homologação dos lubrificantes para transmissões Os lubrificantes devem responder positivamente às exigências de lubricidade, atrito, temperatura e sujidade. Para dimensionar um lubrificante, deve-se fazer uma matriz de ponderação de performance, contemplando os componentes mecânicos e suas respectivas funções na transmissão, conforme ilustrado acima. Os ensaios tribológicos utilizados na aprovação da transmissão têm importância fundamental no ciclo de projeto da mesma, perfazendo a análise do comportamento em desgaste em simuladores das condições reais de uso, findando nos testes de campo conforme as condições previstas no projeto. Também os lubrificantes são submetidos a cada uma dessas fases, tendo suas propriedades físico-químicas avaliadas e classificadas. Na fase laboratorial, verificam-se a reologia e composição química; nos testes tribológicos, as propriedades de atrito e proteção lubrificante e nos testes de campo os períodos de troca de acordo com as especificações dos fabricantes ou OEMs. Uma das principais variáveis influentes na obtenção da vida útil projetada das transmissões para (com) as condições severas de uso é a Viscosidade cinemática (cSt). O projeto dos lubrificantes prevê limites de variação da viscosidade em função das condições de uso, predominantemente tempera12

tura, tempo de operação, contaminação e regime de carga do veículo. Todos esses fatores combinados ao extremo implicam grande responsabilidade do lubrificante para a durabilidade da transmissão. O tempo de uso é extrapolado do teste KRL para as condições reais de campo. Conhecendo-se a viscosidade de cisalhamento, pode-se monitorar a vida útil do equipamento, evitando modos de falha como Pitting nos dentes das engrenagens. Finalmente, as condições de contorno da homologação dos lubrificantes são conhecidas e a ponderação de cada item de desempenho é comparada, para destinar o lubrificante corretamente à aplicação. Uma vez escolhida a lubrificação ideal para a transmissão, pode-se registrar a qualidade do lubrificante de primeiro enchimento através de uma checagem, via infravermelho, da condição sem uso ou 0Km. Dessa forma, evitam-se problemas de desgaste prematuro da transmissão em decorrência do uso de lubrificantes não homologados pelo fabricante. Conclusões e observações Os testes tribológicos e análises dos lubrificantes contribuem significativamente para a redução e detecção de falhas nos equipamentos mecânicos complexos, como transmissões automotivas, possibilitando aos fabricantes a confiabilidade desejada e fornecendo ao cliente um suporte eficaz e eficiente. Os modos de falhas decorrem, em grande parte, do uso inadequado dos equipamentos ou de condições não previstas nos projetos e manuais de operação. A manutenção da lubrificação assume papel fundamental nos custos de frotas, uma vez que os equipamentos se tornam cada vez mais sofisticados e caros. Os apelos ecológicos, exigências de conforto e reduções de custos com combustíveis, aliados a condições severas crescentes no uso dos veículos comerciais, implicou uma tecnologia embarcada do powertrain com alto valor agregado, justificando o uso de lubrificantes sintéticos de alto desempenho em escala crescente.

Carlos Mussato é engenheiro responsável pela Assistência Técnica da América Latina da ZF


o c e t n i S o e l OÓ

fato real em a d ea as b a d ra o m u h Uma crônica bem

V

iajava à noite por uma estrada pouco movimentada, quando uma luz acendeu no painel do carro: o combustível entrou na reserva. Faltavam uns 50 km para meu destino, e a gasolina não ia ser suficiente para chegar. Precisava abastecer com urgência. Dirigi alguns quilômetros com um olho no ponteiro do combustível e outro na estrada, até que avistei ao longe o posto salvador, um oásis no meio do deserto. Era um posto sinistro, sem bandeira, deserto e mal iluminado. Da estrada eu não podia saber se estava aberto ou não, e eu entrei. Ao avistar meu carro, surgiu um rosto de homem na janela da cabine de um caminhão estacionado no pátio. — O posto está aberto? — perguntei a ele. — Claro, já vou aí. O “frentista” era um velho que desceu com dificuldade do caminhão e caminhou capengando até as bombas. Pelo aspecto do posto e do frentista resolvi não arriscar e abastecer o mínimo necessário para chegar ao meu destino. — Fez bem, essa tal de gasolina aditivada é a maior enganação, dizem que até estraga o motor. No meu tempo de caminhoneiro não tinha nada disso. — Não é bem assim, a gasolina aditivada tem um poder detergente que limpa e mantém o motor limpo, poluindo menos o ar. Ele deu uma boa gargalhada — Gasolina com detergente! Essa é boa, era só o que faltava. Vou levar um pouco da gasolina aditivada pra minha patroa lavar os pratos e as panelas lá em casa. Pensei em continuar o assunto, mas desisti. Não valia a pena. — Tá precisando trocar o óleo — ele mostrou a vareta. — É mesmo? Eu troquei há pouco tempo. O nível do óleo está baixo? — Tá na marca, mas não tá bom não. Tá meio oleoso — ele respondeu passando o dedo no óleo. — Mas óleo não é para ser oleoso? — retruquei com ironia. — É, mas esse tá pegajoso, grudento. Mas o doutor é que sabe; se não quer trocar, deixa pra lá. — Se eu fosse trocar, que óleo você recomendaria? — perguntei curioso. — Aí vai depender de quanto o doutor pretende

Por: Fábio Bastos gastar, porque os preços são bem diferentes. Tem o sinteco, que é brilhoso e custa caro, e tem o comum, que é bem mais barato e quebra o galho. Dessa vez resolvi dar uma aula para ele, mesmo sabendo que ia jogar conversa fora: — Deixa eu te contar um pouco sobre óleos lubrificantes. Pra começar, o óleo não é sinteco, é sintético. Sinteco é aquele verniz para assoalho de madeira, e sintético é um produto fabricado artificialmente, sintetizado, daí o nome. Ele possui características superiores ao óleo mineral derivado do petróleo, por isso proporciona um período de troca mais extenso. O óleo comum, como você chama, não quebra o galho, ele lubrifica tão bem quanto o sintético e é mais barato, mas tem que ser trocado num período menor. Resumindo, o sintético é mais caro e dura mais no motor, e o mineral custa menos, mas tem que ser trocado com mais frequência. Para saber qual usar, o motorista deve consultar o manual do veículo. Terminei minha curta preleção sobre lubrificantes automotivos e fui ao banheiro. Quando voltei, ele me esperava ao lado do carro. — Agora o doutor pode seguir a viagem tranquilo. Eu lavei os vidros e coloquei água no radiador que estava sequinho. Entrou foi água, não sei como o motor não ferveu. — Você colocou água no radiador? Como? É um sistema selado? Onde você colocou a água? — perguntei preocupado. Ele abriu o capô, tirou a tampa do cárter e me mostrou orgulhoso que estava cheio até em cima de água. Minha primeira reação foi de esganar o sujeito, mas logo me controlei, ele não passava de um pobre coitado e de um ignorante. — Isso aí é o cárter do óleo! O radiador é aqui na frente e é selado. A água é colocada nesse recipiente de plástico aqui — eu expliquei desanimado. — O doutor me desculpe, é que eu não estou acostumado com essas modernidades. — Tudo bem, eu mereço por ter deixado a gasolina quase acabar, mas agora vamos ter que esvaziar esse óleo contaminado e colocar um novo. O que você tem aí? — Depende. O doutor vai querer o sinteco ou o comum? — ele perguntou com um sorriso no rosto. Até hoje não sei se ele fez aquilo por ignorância ou por esperteza para me vender o óleo sinteco. 13


De olho no óleo certo para o seu compressor

Como lubrificar adequadamente compressores de ar recíprocos e rotativos tipo parafusos

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ompressores de ar são equipamentos obrigatórios em plantas industriais. São equipamentos bastante robustos demandando, porém, alguns cuidados básicos de manutenção. Por desconhecimento ou negligência, a sua lubrificação muitas vezes é desconsiderada e, em face disso, a vida útil desses equipamentos é desnecessariamente abreviada. Os compressores de ar mais amplamente utilizados em plantas industriais são os recíprocos, também chamados alternativos ou de pistões, e os rotativos tipo parafusos. Não é propósito do presente artigo técnico aprofundar-se nos aspectos construtivos e de operação

Figura 1 - Compressor de ar recíproco (esq.); figura 2 - Compressor de ar rotativo tipo parafusos (dir.)

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Por: Marcos Thadeu Giacomini Lobo

dos citados tipos compressores de ar, e buscamos nos ater aos aspectos relacionados à sua lubrificação. É bastante comum utilizar-se na lubrificação de compressores de ar recíprocos óleos lubrificantes utilizados em motores de combustão interna. Porém, mesmo que em curto prazo não haja danos imediatos ao equipamento, tendo em vista que os óleos lubrificantes para motores de combustão interna possuem elevada concentração de aditivos, há risco de, ao longo do tempo, formarem-se depósitos nas válvulas de sucção e descarga impedindo a adequada abertura e o fechamento. Há relatos, até mesmo, de explosões causadas por ignição de resíduos carbonosos depositados nas válvulas de sucção e descarga. A correta escolha do óleo lubrificante é determinante na longevidade da operação dos compressores de ar recíprocos e rotativos tipo parafusos. Para definir a viscosidade dos óleos lubrificantes adequados aos seus equipamentos, os OEMs, geralmente, se utilizam da norma ISO 3448:1992. Nessa norma, os graus de viscosidade são definidos por números que significam o ponto médio da viscosidade em mm²/s (cSt) do óleo lubrificante à temperatura de 40º C.


Figura 3 – Óleos lubrificantes inadequados podem provocar travamento das válvulas de sucção e descarga

Exemplo 1: o compressor de ar recíproco tem especificado em seu manual de manutenção e operação que o óleo lubrificante indicado deve ter grau de viscosidade ISO VG 100. Isso significa que a viscosidade do óleo lubrificante deve estar compreendida entre 90 e 110 mm²/s (cSt) à temperatura de 40 C. Exemplo 2: no manual de operação e manutenção do compressor de ar rotativo tipo parafusos, consta que o óleo lubrificante indicado deve ter grau de viscosidade ISO VG 46. Isto indica que a viscosidade mínima do óleo lubrificante recomendado deve ser 41,4 mm²/s (cSt) e a viscosidade máxima de 50,6 mm²/s (cSt) à temperatura de 40º C. Via de regra, os OEMs recomendam para óleo lubrificante: • Compressores de ar recíprocos: ISO VG 100 ou ISO VG 150; • Compressores de ar rotativos tipo parafusos: ISO VG 46 ou ISO VG 68.

letas dos êmbolos, mancais de rolamento etc., se a resistência à oxidação for baixa); • Propriedades antidesgaste (para proteger os casquilhos, anéis, cilindros, buchas, mancais de rolamento etc., quando da partida e parada do equipamento em que há condições limítrofes de lubrificação); • Detergência/dispersância (apesar de, na operação dos compressores de ar, não haver a contaminação do óleo lubrificante pelos gases do blow-by como nos motores de combustão interna, a presença de aditivação detergente/dispersante é interessante com vistas a se manterem vernizes e lacas em suspensão no óleo lubrificante, não havendo, dessa forma, deposição de resíduos carbonosos nos mancais de rolamento dos rotores macho e fêmea, saias de êmbolos, canaletas dos êmbolos); • Boa demulsibilidade (para decantação e posterior drenagem da umidade eventualmente condensada no cárter do compressor); • Apassivador de metais (para reduzir o efeito catalítico das partículas metálicas na oxidação do óleo lubrificante). Outro ponto de fundamental importância a ser verificado é a periodicidade de troca do óleo lubrificante. Muitas vezes a troca do óleo lubrificante deixa de ser realizada na periodicidade recomendada pelo OEM, ocorrendo a oxidação do óleo lubrificante, formação de borras, lacas e vernizes, desgaste precoce de casquilhos e anéis de segmento, mancais de rolamento de apoio dos rotores macho e fêmea, vindo a ocorrer a falha catastrófica do equipamento. Em caráter geral, podemos mencionar as periodicidades de troca recomendadas pelos OEMs: • Compressores de ar recíprocos: 200 a 300 horas de operação para óleos lubrificantes de base mineral;

Após a escolha correta do grau de viscosidade do óleo lubrificante é importante averiguar algumas características na composição do produto, tais como: • Resistência à oxidação (como óleo lubrificante para compressores de ar operam a elevadas temperaturas; esta propriedade é muito importante sob pena de haver formação de resíduos carbonosos ou vernizes nas válvulas de sucção e descarga, cana-

Figura 4 – Compressor de ar recíproco (esq.) e Figura 5 – Compressor de ar rotativo de cilindros horizontais tipo parafusos (dir.)

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Figura 4 - Classificação de viscosidade ISO

• Compressores de ar recíprocos: 800 a 1.000 horas de operação para óleos lubrificantes sintéticos (PAO ou PAG); • Compressores de ar rotativos tipo parafusos: 1.000 a 2.000 horas de operação para óleos lubrificantes de base mineral; • Compressores de ar rotativo tipo parafusos: até 8.000 horas de operação para óleos lubrificantes sintéticos. Obviamente, o manual de operação e manutenção, ou o próprio OEM, deve ser consultado para estabelecer-se a correta periodicidade de troca do óleo lubrificante, visto a temperatura do ar de descarga influir decisivamente nessa seleção e dever ser considerada. Fato é que, na lubrificação dos compressores de ar rotativos tipo parafusos, estão sendo utiliza16

dos, cada vez mais, óleos lubrificantes sintéticos em sua lubrificação face à muito maior resistência à oxidação (maior periodicidade de troca) e maior Índice

Figura 6 – Compressor de ar rotativo de cilindros horizontais tipo parafusos


de Viscosidade – IV (películas de óleo lubrificante mais espessas, melhor lubrificação e maior vida útil do equipamento). O custo inicial do óleo lubrificante sintético é bastante maior que o do óleo mineral, mas a relação custo/benefício compensa principalmente se levarmos em conta que poderemos ter até oito vezes menos paradas do equipamento para troca do óleo lubrificante. Os compressores de ar, sejam eles recíprocos ou rotativos tipo parafusos, devem ser instalados em locais arejados, e a temperatura do ar de descarga deve ser permanentemente monitorada visto que, quanto mais elevada a temperatura do óleo lubrificante, mais rápida serão a sua oxidação e os efeitos danosos que advêm desse processo químico. Elevações drásticas na temperatura do ar de descarga ou na temperatura do óleo lubrificante não devem ser desconsideradas, visto que são sinais de que algo anormal está ocorrendo com o equipamento. De forma alguma se pretendeu com este artigo técnico esgotar todas as variáveis que estão pre-

sentes nas práticas de manutenção, operação e lubrificação dos compressores de ar recíprocos e rotativos tipo parafusos. O estudo pormenorizado dos manuais de operação e manutenção, o permanente acompanhamento das condições de operação do equipamento e da condição do óleo lubrificante serão decisivos na longevidade desses importantíssimos equipamentos nas plantas industriais. É redundante mencionar este fato, mas, a título de fixação, nunca é demais frisar que maior que o custo da manutenção é o custo da indisponibilidade do equipamento quando mais dele se necessita. Pequenos cuidados na sua manutenção podem significar muito com respeito ao funcionamento contínuo desses equipamentos sem paradas imprevistas.

Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.

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S.M.S.

S.M.S.

SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA

Uma Integração Estratégica

EDUCAÇÃO AMBIENTAL Por: Luiz Augusto R. da Luz

A Educação Ambiental (EA), na verdade, tinha que ser discutida na formação da criança no ciclo básico, como também no médio, para que cidadãos conscientes, ao ingressarem em uma universidade, ou quando entrassem no mercado de trabalho, já praticassem as doutrinas apreendidas durante todos esses anos de escola. Infelizmente, o que vemos é uma educação de qualidade duvidosa, em que as colocações sobre o Meio Ambiente são extremamente ineficazes, por não conterem as informações relevantes e a importância que este assunto merece. A Educação Ambiental é urgente, pois assim, com um trabalho sério e contínuo, é possível processar as mudanças de valores, de hábitos e atitudes, no que se refere ao desprezo pela natureza, ao descarte indevido e ao antropocentrismo, que coloca o homem como o centro de tudo no sentido de importância. O primeiro tapa no antropocentrismo foi dado por Nicolau Copérnico que, em 1543, publicou o seu livro Commentariolus, com o qual demonstrou que a Terra gira em torno do Sol, mas recoloca o homem no centro de tudo devido ao seu poder de abstração. Ora, segundo a “Genesis”, Deus criou o Sol apenas no terceiro dia, ao redor de que a Terra teria girado antes disso? Pela primeira vez, uma descoberta científica contrariava um importante dogma bíblico, rebaixando o planeta Terra a uma posição subalterna ao Sol; por esse motivo, o livro Commentariolus foi banido pela Igreja até 1835. Nesse processo de conscientização, evocamos novos valores, como o respeito à natureza, com hábitos conservacionistas e atitudes solidárias, criando o comportamento ambiental sustentável, que seria o novo pensar/fazer e a nova teoria/prática (praxis). “EA em todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente”. Sem dúvida, a educação desempenha papel fundamental na preparação de um cidadão dotado de senso crítico e alinhado com a ideia de que a participação efetiva de todos nós é que poderá nos conduzir a uma vida digna a que 18

todos nós temos direito. Quando falamos em Educação Ambiental, na realidade estamos fazendo considerações de vários assuntos que compõem esse termo em comum e que todos nós devemos saber. Não é somente a Lei 6938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente que permeia as ações da Educação Ambiental. Sem possuir profusão sobre o tema, é auxiliado relevantemente através de leis específicas. A questão ambiental ainda é pouco conhecida pela população no Brasil e atinge basicamente as classes mais privilegiadas da sociedade. Poucos sabem, mas a Educação Ambiental já é lei no país. A Lei 9.795, de 27/04/1999, institui a Política Nacional de Educação Ambiental, a qual reza que todos os níveis de ensino e da comunidade em geral têm direito à Educação Ambiental, e que os meios de comunicação devem colaborar para a disseminação dessas informações. Até o momento, pouco foi implantado nessa área e, se essas informações forem de encontro a poderes instituídos, como, por exemplo, o econômico, dificilmente serão obedecidas – vide recentemente a implantação do protocolo de Kyoto, que visa reduzir as emissões de gás carbônico, que foi desconsiderada como importante pelos Estados Unidos, o país mais energívoro do planeta, consumindo Gigatons de derivados de petróleo. A ideia da EA, é criar condições de evitar, por estudos ambientais e experiências passadas, impactos ambientais que maculam os compartimentos, sejam eles bióticos ou abióticos. A máxima “Pensar Global, Fazer Local” deve ser incentivada, a fim de se criarem mecanismos avaliadores com o intuito de evitar catástrofes como no SAHEL (África), onde agentes poluidores oriundos dos EUA e Europa modificaram a posição do Rain Belt, imputando àquela região opróbrio, em que as vicissitudes são recalcitrantes até hoje. Houve inúmeras situações em que foi ventilado o colapso dos sistemas criados pelo homem. Em 1967, o Clube de Roma, fez um levantamento e chegou a uma conclusão bombástica: o relatório, que ficaria conhecido como Relatório


S.M.S. do Clube de Roma ou Relatório Meadows, tratava de problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade tais como energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional. Foi publicado e vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história. Utilizando modelos matemáticos, o MIT - Massachusetts Institute of Technology, chegou à conclusão de que o Planeta Terra não suportaria o crescimento populacional devido à pressão gerada sobre os recursos naturais e energéticos e ao aumento da poluição, mesmo tendo em conta o avanço tecnológico. “Alguns críticos dizem que a análise e as projeções do cenário futuro apresentados no livro mostraram-se equivocadas, uma vez que nenhuma das previsões, tanto nos aspectos de esgotamento dos recurso naturais, como da evolução dos processos produtivos se confirmaram. Outros cientistas, como o Prof. Jorge Paes Rios, da UFRJ e da Université de Grenoble - França, concordam com a maioria das conclusões do Relatório, sendo apenas questão de tempo, aliás como mostra o próprio relatório baseado em modelos matemáticos. Afirma Rios, na sua tese, que, como em todo modelo matemático global, podem existir algumas imprecisões ou mesmo simplificações, o que não invalida as conclusões principais”. Nos dias hodiernos, ainda há substâncias utilizadas por nós Homo sapiens sapiens (ou demens ?), que são imprescindíveis para nossa sociedade paradoxal, que quer as benesses dos produtos oriundos do petróleo, mas reage veementemente contra alguns impactos que ocorrem inexoravelmente. Como mudar, ou treinar as pessoas para que façam as coisas de forma correta, respeitando procedimentos e ações que visam mitigar esses impactos ? As etapas para capacitação atravessam temas como: 1) Aproximação com ambientes equilibrados 2) Sensibilização pelo belo 3) Rompimento com a desnaturalização 4) Conhecimento das relações ecossistêmicas (cognitivo) - aprender para mudar 5) Recuperação das práticas sociais em equilíbrio com o ambiente 6) Problematização (afetivo/cognitivo) 7) Plano de ação 8) Práxis – pensar/fazer E quais seriam os procedimentos que fariam face às etapas de capacitação ? Visitas, vivências, manifestações artísticas, eventos

festivos, resgate histórico e registro fotográfico e videográfico. Você pode mudar desde que tenha internalizado conceitos: verificar impactos a partir de ambientes degradados, estranhamento da artificialização da humanidade, diagnóstico de problemas no âmbito da prática social,problematização - ter os meios necessários, planejamento participativo e prática do exercício da cidadania. De fato, tudo perpassa pelo conhecimento e o afetivo. O cognitivo em destaque é o conhecimento mínimo de um determinado assunto ou matéria, a fim de que possamos desenvolver uma opinião sobre algo a ser analisado. Pode ser divido em três partes: percepção, raciocínio e memória. O Afetivo é o sentimento da amizade e do amor e/ou da afeição. Essa aprendizagem sempre, nas diferentes atividades, compreende atitudes e valores sociais, pode ser positiva e negativa e possibilita a formação do caráter do aprendiz. Tendo esses dois aspectos desenvolvidos, a prática da EA se tornará muito mais fácil, e, assim, as nossas impressões puramente pessoais passam a ter uma maior abrangência, sobre, por exemplo, um problema a ser interpretado. Como um exemplo, a importância da preservação vegetal, impacta os níveis tróficos e está ligada também à captação de CO2, que pode levar a acidificação oceânica e ataque químico desse gás ao clínquer (CaO) do cimento, que pode causar acidentes e perdas de vida. Em um pensamento mais abrangente, todo o processo biogênico poderá estar comprometido. Daí a necessidade de se desenvolver a percepção holística, a visão total, sem estarmos encharcados de espírito cartesiano de Newton, pois o meio ambiente não é preciso como a matemática e como os dentes de coroas de relógio. Não é diferente com as reações que observamos com produtos não naturais ou separados de um todo que assumem uma característica em especial. Os produtos não naturais industriais tendem a gerar uma maior entropia, o que invariavelmente produz nefastos produtos no meio natural. O legado da educação é modificar hábitos e atitudes, para manter íntegra a declaração embutida no artigo 225 da Constituição: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (...)”.

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Luiz Augusto R da Luz. –Especialista em gestão e Educação Ambiental

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Naftênicos É

difícil imaginar o mundo de hoje sem o petróleo e seus derivados, já que são inúmeros os produtos do nosso dia a dia fabricados a partir do óleo cru, no mínimo, contendo um componente dele derivado. Os exemplos são incontáveis, e as indústrias farmacêutica, gráfica, de plásticos e de tintas não existiriam da forma como hoje as conhecemos. E não se trata apenas de produto, mas também de energia. O petróleo pode ser comparado, de um certo modo, com a energia do sol, atravessando os tempos e assegurando, principalmente, nossa mobilidade e nossa demanda diária de energia. A demanda de energia solar aumenta a cada ano, com taxas anuais de crescimento de 2-3%, mas isso é uma outra história. A indústria do petróleo na atualidade Oriente Médio, Venezuela e Mar do Norte são as mais conhecidas localidades de extração de petróleo. No entanto, essas áreas respondem apenas por uma parte dos mais de 65.000 campos de petróleo e gás, de todos os tamanhos, no mundo. Aproximadamente 94% das reservas de petróleo conhecidas estão concentradas em menos de 1.500 gigantescos campos principais, a maioria dos quais está localizada no Oriente Médio, mas há também campos petrolíferos super gigantes (>10 bilhões barris) no Brasil, México, Venezuela, Cazaquistão e Rússia. Uma vez extraídos, os óleos crus são enviados para todo o mundo, tornando-se matéria-prima para enormes refinarias produtoras de combustíveis e também para as bem menores plantas de óleos lubrificantes básicos. Produção de Óleo Básico A denominação de “óleos básicos” está ligada à funcionalidade. Esses produtos constituem apenas cerca de 1% de todos os produtos obtidos dos óleos crus, incluídos aí os óleos para transformador. Para a maioria das refinarias, o setor de óleos básicos é a menor parte de suas

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Por: Herbert Fruhmann e Luis Bastardo-Zambrano

operações. Quanto às refinarias de óleo naftênico, elas são consideradas especiais, já que muitas são dedicadas à produção de óleos básicos e são capazes de produzir básicos de muitos tipos e qualidades. As refinarias de óleo parafínico são mais limitadas nesse aspecto, pois geralmente são dedicadas integralmente aos combustíveis, e o óleo básico é apenas um subproduto. Quando se observa o refino de básicos, vemos que seus processos podem ser divididos em dois subgrupos: o físico e o químico. Quando se trata de refino completo, geralmente os dois métodos aparecem combinados. O primeiro passo no caminho do refino é sempre a destilação, um processo físico em que o óleo cru é fracionado em diferentes faixas de ponto de ebulição. Os produtos finais desse processo são chamados destilados. Após a destilação, o próximo passo no processo de refino pode ser realizado por dois métodos principais: extração por solvente e hidrogenização. A extração é um dos métodos mais antigos para remover moléculas instáveis de um destilado. Nesse processo, o óleo é misturado com um solvente (SO2 ou furfural) que forma uma fase separada. As moléculas aromáticas e hetero-aromáticas vão se dissolver, até certo ponto, na fase solvente e podem ser removidas. Após a fase de extração, normalmente se faz uma hidrogenização leve. Os óleos crus parafínicos geralmente precisam ser desparafinados, enquanto os crus naftênicos não precisam. Isto ocorre porque os crus naftênicos são virtualmente isentos de cera. As ceras ou moléculas parafínicas lineares são removidas dos óleos porque afetam seu comportamento a baixa temperatura. Essas ceras cristalizam a temperaturas em torno de 0˚ C, impedindo o fluxo livre do óleo. Há duas maneiras de desparafinar os destilados: uma é misturar o óleo com um solvente e resfriar a mistura para promover a cristalização da cera; o outro método é conhecido como desparafinação catalítica, no qual a cera pode ser craqueada para a produção de gasolina ou isomerizada em isoparafinas de baixo ponto de fusão e


alto rendimento, o que tem um efeito positivo no Índice de Viscosidade (IV) do óleo básico. A hidrogenação, por outro lado, é uma conversão química de moléculas indesejadas e ambientalmente nocivas em compostos desejáveis. Na hidrogenação, os compostos polares, aromáticos e hetero-aromáticos são adsorvidos em uma superfície catalítica. Com uma baixa severidade, o enxofre, o oxigênio e o nitrogênio são removidos, formando H2S, H2O e NH3. Quando se aumenta o rigor da hidrogenação, os anéis aromáticos ficam cada vez mais saturados e, até certo ponto, se rompem. Como os poliaromáticos são os compostos mais reativos, a maior parte dos compostos aromáticos que permanecem no óleo serão constituídos de monoaromáticos estáveis. O processo de hidrotratamento, utilizado pela maioria das refinarias de naftênicos, é um processo amigável ao ambiente, que converte moléculas poliaromáticas indesejáveis em compostos úteis. O resultado é uma produção alta de produtos e baixa de subprodutos. O H2S do processo, por exemplo, é convertido em enxofre puro em uma unidade Claus de dessulfurização e depois vendido comercialmente. Óleos básicos O Instituto Americano de Petróleo (American Petroleum Institute - API) define os seguintes grupos: Grupo API Enxofre(%)

Saturados(%)

Grupo I

>0,3

e/ou <90

Índice de Viscosidade 80-119

Grupo II

<0,3

e

>90

80-119

Grupo III

<0,3

e

>90

>120

Grupo IV

Polialfaolefinas (PAO’s)

Grupo V

Outros produtos, incluindo os naftênicos

Como foi dito anteriormente, esses óleos básicos representam, aproximadamente, 1% dos produtos refinados a partir do óleo cru, o que significa um volume total em torno de 40 milhões de toneladas/ano (40 MMt/a). Variação da composição de hidrocarbonetos O conteúdo dos diferentes tipos de hidrocarbonetos varia de um tipo de petróleo para o outro, e a quantidade resultante após o refino varia de um processo para o outro. Os óleos básicos, assim como os óleos crus, são classificados como naftênicos ou parafínicos. Não há uma distinção marcante entre os dois tipos de óleo; ao contrário, existe uma

escala móvel que vai do muito parafínico ao muito naftênico. A classificação é baseada na medição infravermelha do teor parafínico (Cp) e é geralmente agrupada da seguinte forma: 8%

9%

29%

54%

Grupo I (522.360 bpd) Grupo III (82.160 bpd)

Grupo II (276.260 bpd) Naftênicos (88.140 bpd)

Cp 42-50% naftênico Cp 50-56% intermediário Cp 56-67% parafínico Um panorama do mercado mundial de óleos básicos em 2012 mostra que os naftênicos representam em torno de 9% da produção mundial de básicos. Dentro dessa quantidade aproximada de 40 milhões de toneladas (40 MMt) , o Grupo I é ainda a maior parte, porém, com o estímulo de regulamentações mais restritivas que visam à economia de combustível para carros nos países desenvolvidos, os óleos básicos dos Grupos II e III estão se tornando cada dia mais importantes, e suas demandas cresceram com a redução dos óleos do Grupo I. A indústria está reagindo a essas mudanças, e, durante a conferência mundial da ICIS em Londres, no início de 2013, foi feito o anúncio de uma nova capacidade de cerca de 10 MMt até 2017, sendo que a maior parte vem das plantas do Grupo II (8 MMt). Essa nova capacidade está entrando em operação tanto nos Estados Unidos como na Ásia. Ao mesmo tempo, a capacidade do Grupo I diminuiu mais de 102 mil barris por dia entre 2007 e 2012 (de 68% do mercado em 2007 para 54% no ano passado). Naftênicos Os óleos naftênicos representam uma especialidade dentro da indústria de óleos básicos, e sua história é sobre agregação de valor. Esses óleos são refinados dos crus naftênicos, dos quais a Venezuela e o Mar do Norte são hoje a maior fonte. No entanto, com base em recentes desenvolvimentos em exploração, novos campos foram descobertos na Austrália e em outras partes do mundo. Alguns dos crus naftênicos são misturados com sua contrapartida parafínica, terminando em refinarias de combustíveis e, eventualmente, em cilindros de motores. 21


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e, com certeza, seu uso mais conhecido e de maior sucesso é nos óleos para transformadores. Densidade a 15 °C 0.903 0.872 0.862 0.840 kg/dm3 D 4052 Tanto os fabricantes de transforViscosidade a 40 °C 32.2 29.3 32.0 30 mm2/s D 445 madores como os operadores Viscosidade a 100 °C mm2/s D 445 5.9 4.3 5.4 5.3 Índice de Viscosidade 110 131 D 2270 5.3 102 apreciam a qualidade oferecida Ponto de Fulgor 209 221 °C D 93A 176 214 pelo óleo naftênico para transPonto de Fluidez -15 -15 °C D 97 -46 -15 formador. Quando comparados Ponto de Anilina 111 121.4 °C D 611 77.6 101 a seus concorrentes parafínicos, Conteúdo de enxofre % <0.01 <0.01 D 2622 0.06 0.5 eles oferecem um resfriamento Análise do tipo de IR Carbono superior. Seu baixo IV, uma desCA (aromático) 0 0.9 16 6 % vantagem evidente para os óleos 35 20.9 38.3 34 CN (naftênico) % de motores, se transforma em 65 78.2 45.7 60 CP (parafínico) % uma clara vantagem, provendo Tabela 2 - Propriedades Típicas de diferentes óleos básicos um melhor fluxo a temperaturas Os básicos naftênicos oferecem diversas proprie- elevadas, garantindo maior volume e, portanto, transfedades que não são encontradas nos tipos parafínicos. rência de calor, resultando em uma vida mais longa do Como vimos acima, eles são conhecidos por suas pro- equipamento, o que significa economia de milhões de priedades extremamente positivas a baixa temperatura, dólares. Além disso, os naftênicos vêm com uma outra porque são virtualmente isentos de ceras. Isso significa propriedade intrínseca: maior solvência. Os produtos que os óleos naftênicos têm pontos de fluidez mais bai- oxidantes, também conhecidos como lama, se houver, xos do que os parafínicos, tendo a mesma viscosidade a são dissolvidos em maior escala, prevenindo o entupi40˚C (Tabela 2). Os óleos naftênicos também são conhe- mento dos canais. A indústria química oferece uma outra vasta gama de cidos por sua solvência superior, como mostra o exemplo da Tabela 2, pois apresentam mais baixos pontos de utilizações: os naftênicos são encontrados em tintas de imanilina do que os parafínicos com a mesma viscosidade, pressoras, em antiaglutinantes para fertilizantes, como plastiindependentemente do grupo. Aqui é importante lembrar ficante para borrachas, pneus e plásticos, em aplicações anque o ponto de anilina é um dos parâmetros que podem tipoeira, além de serem usados para agentes desmoldantes ser usados para medir a solvência do óleo: quanto me- e explosivos, para mencionar apenas alguns usos. Nos últimos anos, os óleos naftênicos plastificantes esnor o ponto de anilina, maior o poder de solvência do óleo. O poder maior de solvência dos naftênicos permite tão adquirindo importância na substituição do EAD (Extrato que eles dissolvam quantidades maiores de aditivos e os Aromático Destilado), uma corrente paralela na produção tornem mais eficientes para dissolver depósitos e conta- do Grupo I. O EAD tem sido usado na fabricação de pneus minantes. Essa solvência maior dá aos óleos naftênicos durante anos, mas hoje se encontra banido nos Estados vantagens no processo de fabricação e na performance Unidos, e o Brasil também deverá ban-lo até 2016. No endos lubrificantes industriais, como graxas lubrificantes, tanto, o impacto da legislação europeia é visível também no Brasil, já que essa legislação afeta o mercado norte-americamas isso será discutido em um artigo separado. Finalmente, como pode ser observado na Tabela 1, os no de pneus, e as empresas brasileiras, sendo importadoras óleos naftênicos apresentam menor Índice de Viscosidade de pneus dos Estados Unidos, têm de cumpri-la. A indústria de lubrificantes também oferece diversas (IV) do que os parafínicos. Esse índice baixo impede o uso dos óleos naftênicos em aplicações como óleo de motores, aplicações para os básicos naftênicos. As mais comuns são mas, por outro lado, dá a eles vantagem em aplicações nas fluidos para usinagem (metalworking), fluidos hidráulicos, óleos para refrigeração, óleos para engrenagens industriais quais é exigido resfriamento. e graxas lubrificantes. Para os fluidos para usinagem, os naftênicos ofeAplicações recem diversas vantagens técnicas. Nos fluidos de Os naftênicos, por conta de suas propriedades, base água, oferecem melhor estabilidade de emulsão, podem ser usados em uma vasta gama de aplicações, quando comparados à contraparte parafínica, o que Características

Unidade Método de Naftênico Grupo I Grupo II Grupo III teste, ASTM

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abre uma vasta janela para as emulsões estáveis, e são, ao mesmo tempo, relativamente tolerantes a mudanças na composição de concentrados e emulsões. Em fluidos integrais, seu baixo IV combinado com sua alta densidade os ajudam a prover um resfriamento melhor do que os fluidos de base parafínica, visto que sua alta solvência permite dissolver resíduos e contaminantes, o que resulta em um melhor acabamento das superficies metálicas. Nos fluidos hidráulicos, os naftênicos são usados como um componente de mistura (até 20%) fornecendo propriedades específicas à formulação, tais como melhoria na compatibilidade com selos e um melhor comportamento a baixa temperatura. Nas graxas, como foi dito, eles oferecem vantagens na produção e também na qualidade do produto. As maiores vantagens são: menor consumo de sabão, maior solvência de aditivos, menor tendência à mistura, estrutura homogênea do sabão, boa compatibilidade com elastômeros, além de economia de energia durante o cozimento. O futuro dos naftênicos A redução da capacidade de produção de Grupo I abre uma janela de oportunidades para os refinadores de naftênicos. A solvência fornecida pelo Grupo II é menor, se comparada ao menos refinado do Grupo I, e, ao mesmo tempo, as viscosidades mais altas desaparecerão (normalmente as refinarias do Grupo II não produzem Brightstock). Em algumas regiões do mundo, Brightstocks já estão se tornando uma especialidade altamente valiosa. Os naftênicos podem, e vão, oferecer um remédio tanto para a falta de solvência como para a falta de altas viscosidades. As aplicações mais tradicionais permanecerão como o centro da indústria de naftênicos, e os atores desse processo, com uma equipe capacitada, serão capazes de conquistar novos territórios, desenvolvendo e descobrindo novas aplicações baseadas nas vantagens que os naftênicos trazem à formulação. Além disso, uma nova categoria de produtos pode juntar o melhor dos dois mundos: misturas de naftênicos e básicos do Grupo II. Aqui nos referimos a uma linha de produtos completamente nova, já que essas misturas podem ser customizadas para as necessidades dos usuários, pois misturas para uma certa viscosidade podem resultar em óleos básicos completamente diferentes, oferecendo propriedades totalmente diversas. Vejam um exemplo para um básico 500 SSU: 24

Características, unidade Viscosidade 40°C, cSt Viscosidade 100°C, cSt Ponto de Fulgor PM, °C Ponto de Fluidez, °C Ponto de Anilina, °C IV

Teste ASTM D 445 D 445 D 93 D 97 D 611 D 2270-04

Mistura 1 Mistura 2 109,1 10,8 232 -21 114 81

109,1 9,9 222 -36 99 65

Esses tipos podem ser misturados para oferecer índices de solvência e viscosidades similares aos dos básicos do Grupo I, ao mesmo tempo em que podem Enxofre(%) Saturados(%) oferecer melhor estabilidade à oxidação e melhores propriedades a baixa temperatura. Além dessas vantagens técnicas, essas classes também apresentam excelente confiabilidade de fornecimento a longo prazo (capacidades aumentadas do Grupo II). Como esse panorama se reflete no horizonte do refino e da oferta de naftênicos? Tanto na Europa como na América do Norte, as refinarias estão investindo em suas unidades, principalmente no desgargalamento das instalações atuais, no aumento da capacidade e da confiabilidade da refinaria. Para o mercado brasileiro, sem dúvidas o mais importante da América do Sul, os produtores estrangeiros estabeleceram uma cadeia de suprimento a partir de seus mercados domésticos, incluindo transporte seguro, armazenamento local do produto em tanques apropriados para óleos básicos e um sistema de qualidade confiável de entrada e saída. Com certeza, os naftênicos irão desempenhar um papel cada vez mais importantes nas décadas vindouras, pois fornecem muitas vantagens técnicas necessárias ao mercado e poderão tornar sua produção sustentável no longo prazo, ao invés do uso do mesmo óleo cru para combustível.

Herbert Fruhmann é gerente de marketing da Nynas para a indústria de lubrificantes

Luis Bastardo-Zambrano é gerente técnico da Nynas para a indústria de lubrificantes

Índ Vis


O Condicionamento de Lubrificantes no Campo Por: Antonio Traverso

O

corte de custos de estoques nas empresas é uma realidade que vem sido buscada como disciplina de gestão por uma grande parcela de empresas em diversos segmentos. Já não é admissível o custo imobilizado em estoques de insumos e materiais significar um ônus impactante para o capital operacional produtivo de uma empresa. O bom planejamento gerencial inclui um ajuste fino e contínuo dos estoques ao longo do tempo. Assim sendo, não há mais espaço para as empresas terem estoques para longos períodos de produção e, em decorrência, não faz igualmente sentido manterem almoxarifados abarrotados. Essa racionalização leva os fornecedores de insumos e materiais, para se manterem nos respectivos mercados, a desenvolver táticas de suprimento que incluem disponibilizar ao cliente o seguinte: • Lojas nas instalações dos clientes; • Estoques consignados; • Entregas Just-in-time; • Tecnologia de maximização na prateleira. Entretanto, há situações em que, devido a distâncias entre a fábrica e o consumidor, limitações logísticas diversas, desvios operacionais, ou mesmo falhas no planejamento e controle da produção (PCP), os fornecedores devem proporcionar adicionalmente e emergencialmente aos clientes:

Tipo de contentor utilizado em condicionamento (esq.) e contagem de partículas e água online (dir.)

A turbina

• Recertificação de estoques vencidos; • Condicionamento ou recuperação contingencial de insumos e materiais em uso. Nesse contexto, as empresas que produzem e comercializam lubrificantes, como milhares de empresas que produzem uma infinidade de outros segmentos de negócios, se vêem inseridas continuamente. Tomemos, como exemplo, o caso de uma termelétrica acionada a turbinas a gás que, por algum desvio operacional, teve o seu consumo de lubrificantes das turbinas subitamente aumentado. Uma contaminação atípica do lubrificante por água e metais de desgaste foi detectada em estágio inicial com tendência de crescimento acelerado. A produção de energia não podia ser diminuída ou interrompida, e as turbinas que apresentavam o desvio teriam que continuar operando mesmo naquela situação. A solução encontrada pelo pessoal da operação e da manutenção foi monitorar o teor de água e metais de desgaste de perto, mantendo-os sobre controle através de drenagens no tanque, sempre que os limites críticos desses contaminantes fossem atingidos. A tática atendia enquanto a operação não podia desligar as turbinas para uma inspeção, uma manutenção corretiva. Nessas drenagens, um volume ra25


zoável de lubrificante era drenado e segregado, sendo, em seguida, o reservatório principal abastecido com volume equivalente ao drenado e ao consumido pela turbina. O estoque foi sendo continuamente utilizado e, por um descuido do setor de compras, o pedido de compra para a reposição do lubrificante não foi modificado frente à contingência operacional que a termelétrica estava atravessando. Quando a manutenção informou ao setor de compras que o estoque estava prestes a acabar, imediatamente um pedido de compras finalmente foi enviado ao fornecedor. O pedido, dessa vez, solicitava uma quantidade muito superior ao que era comprado habitualmente. Em resposta, o fornecedor informou que, para aquele volume solicitado, o lead time seria de 60 dias, já que todo o estoque disponível, naquele momento, já estava reservado para as muitas outras termelétricas que igualmente tinham turbinas a gás em plena operação. Naquele momento, acendeu-se um sinal de alarme na equipe de operação desta termelétrica. A pergunta que passou a ressoar na cabeça do pessoal da operação era: Como operar por 60 dias, em plena potência, com um inventário de lubrificantes que mal suportará o consumo de 10 dias? As respostas encontradas não foram positivas, inclusive porque não havia lubrificante substituto, não havia chance de importação emergencial, nem ao menos empréstimo do lubrificante de outra termelétrica do grupo. A termelétrica precisava de uma solução rápida e eficaz, e o fornecedor foi acionado para viabilizá-la. A assistência técnica do fornecedor coletou e analisou diversas amostras dos lubrificantes que haviam sido drenados e segregados em contentores e constatou que as características físico-químicas do lubrificante estavam em situação mediana, isto e, em situação de uso. As análises revelaram ainda que a contaminação se resumia à água e contaminação com particulado de ferro e cobre em teores superiores ao informado como crítico pelo fabricante do equipamento. A partir dessas informações, constatou-se que os volumes segregados poderiam ser recuperados e reutilizados pelo cliente nas próprias turbinas com uma margem de segurança consistente. A solução de condicionamento no campo do lubrificante contaminado foi apresentada ao cliente que a aceitou prontamente. O trabalho de descontaminação foi delineado e desenvolvido juntamente com o pessoal de operação, uma vez que seria realizado nas instalações da termelétrica, próximo à área classificada. O trabalho com a remoção dos contaminantes, foi realizado com sucesso, sendo que os volumes de lubrificante recuperado foram suficientes até a chegada do novo estoque de reposição. O processo de condicionamento e recuperação do lubrificante consistiu de: 26


O sistema de filtragem em ação

• Drenagem controlada de água livre; • Instalação de filtros de respiro absolutos nos contentores; • Recirculação nos contentores com a utilização de equipamento de termovácuo; • Recirculação do lubrificante nos contentores com a utilização de filtros absolutos micrônicos de alta eficiência; • Análise contínua online de particulados e água durante a recirculação;

• Análise físico-química completa de cada contentor de lubrificante recuperado. Em decorrência desse condicionamento, nenhum kilowatt-hora foi perdido por falta de lubrificação, ainda que a termelétrica tivesse que conviver, por mais algum tempo, com um provável permutador furado, algum mancal de rolamento desajustado e algum filtro de lubrificante fora de especificação. Estoques de insumos como os lubrificantes serão continuamente ajustados e minimizados devido à dinâmica de ajustes no “Opex” das empresas. Somando-se esta realidade empresarial aos “imprevistos” operacionais, novas técnicas de recuperação e condicionamento de lubrificantes serão continuamente demandadas e desenvolvidas, como a técnica apresentada acima.

Antonio Traverso Júnior é engenheiro e Consultor Sênior de Lubrificantes da Gerência de Grandes Consumidores da Petrobras Distribuidora.

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O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao ano de 2012, fruto de pesquisa junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos produtores.

O mercado brasileiro de lubrificantes no ano de 2012 Mercado Total Óleos Lubrificantes

1.404.000 m3

Óleos Básicos: Mercado Total 1.342.000 m3

1.350.500 m3 847.000 m3 503.500 m3

Produção Local: Automotivos: Industriais: Venda de Óleos Básicos:

34.500 m3

Importação Produto Acabado: * Exportação Produto Acabado: *

56.460 m3 37.460 m3

Mercado Total Graxas

Produção Local: Refinarias: Rerrefino:

856.000 m3 608.000 m3 248.000 m3

Importação: Exportação:

558.000 m3 72.000 m3

Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Pesquisa Lubes em Foco

54.078 t

Obs: Os óleos de transmissão e de engrenagens estão incluídos no grupo dos industriais

* Não considerados óleos brancos, isolantes e a classificação “outros”.

Mercado SINDICOM1 •Comparativo 2013/2012 por região (período jan - mar) Mil m3

Análise comparativa por produtos

180 160

Total de lubrificantes por região

Mil m3

160

2012 2013

181.954

148.880

140

177.085

2012 2013

149.920

120

140

100

120 100

80

105.215

99.751

80

60

60

20

11.256

0

GRAXAS (t)

40

INDUSTRIAIS

AUTOMOTIVOS

56.119

40 20 0

22.343

84

44.587 30.076

22.285 19.132

SUL

SUDESTE

NORTE

NORDESTE

60

2012 2013

57.653

54

80.090

72

CENTRO OESTE

Lubrificantes industriais por região

Mil m3

2012 2013 81.166

42.416

11.504

Lubrificantes automotivos por região

Mil m3

59.412

53.132

48 42

60

36

48

30

36

24

37.389 34.770 28.565

24 12 0

14.576

SUL

SUDESTE

30.686

18.008

14.757

NORTE

18 19.033

18.918

19.317

12 10.875 7.153

6 NORDESTE

CENTRO OESTE

0

SUL

SUDESTE

NORTE

1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Shell, Total e YPF.

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11.715 9.672

6.889

NORDESTE

9.642

CENTRO OESTE


Mercado de Lubrificantes em 2012 (m3)

16,0

20,3%

2,0% 1,8% 3,0%

14,0%

7,1% 10,8% 11,9%

13,1%

BR Ipiranga Cosan Shell Chevron Petronas Castrol YPF - Repsol Total Lubrif. outros

Mercado de Graxas 2012 (t)

7,0%

18,9%

9,6% 10,0% 17,0% 10,4% 10,5%

BR Chevron (Texaco) Ipiranga Petronas Ingrax Shell Cosan Outros

16,5%

NOTA: Os dados de mercado correspondentes ao ano de 2010/2011 podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereรงo www.lubes.com.br, no item do menu SERVIร OS / MERCADO.

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Programação de Eventos Internacionais Data

Evento

2013 Maio, 5 a 9

STLE 68th Annual Meeting & Exhibition - Detroit - Michigan - EUA - http://www.stle.org/events/annual/details.aspx

Junho, 15 a 18

NLGI 80th Annual Meeting - Tucson - Arizona - EUA - https://www.nlgi.org/annual_meeting/

Outubro, 21 a 23

SAE/KSAE 2013 International Powertrains, Fuels & Lubricants Meeting - Seul - Coreia do Sul - http://www.sae.org/events

Nacionais Data

Evento

2013 Junho, 11 a 14

Brazil Offshore - Macaé Centro - Macaé - RJ - www.braziloffshore.com.br

Junho, 25 a 28

4ª Feira de Manutenção e Equipamentos Industriais - Blumenau - SC - www.feiramanutencao.com.br

Julho, 1 e 2

3º Encontro com o Mercado - Lubes em Foco - Rio de Janeiro - RJ - www.lubes.com.br

Setembro, 23 a 27

28º Congresso Brasileiro de Manutenção - Salvador - Bahia - www.abraman.org.br

Cursos Data

Evento

2013 Maio 20 a 22

Biocombustíveis: Mercado, Regulação, Tecnologias e Invesimentos - Rio de Janeiro, RJ - www.ibp.org.br/cursos

Setembro 2 a 5

Manutenção em Compressores Alternativos - São Paulo, SP - www.ibp.org.br/cursos

Outubro 21 a 23

Segurança e Saúde em Laboratórios - Rio de janeiro - RJ - www.ibp.org.br/cursos

Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.

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Encontro com o mercado – América do Sul 1 e 2 de julho de 2013

Local: Centro de Convenções da FIRJAN Av. Graça Aranha, 112 – Centro - 2º andar – Rio de Janeiro - RJ

Panorama atual do Mercado Brasileiro e Sulamericano de lubrificantes, tendências globais, desafios e oportunidades. Reserve já e garanta sua participação! e-mail: encontro@lubes.com.br Tel.: +55 21 2224 0625 / 3970 1036 Para mais informações: www.lubes.com.br


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