Revista lubes em foco edicao41

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Fev/Mar 14 Ano VII • nº 41 Publicação Bimestral

EM FOCO

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A revista do negócio de lubrificantes

O Mercado Brasileiro de Lubrificantes O surpreendente desempenho do mercado no ano de 2013, suas características e perspectivas para o futuro.

Rerrefino: desafios e perspectivas

A visão de uma indústria essencial para a sustentabilidade do mercado, e sua batalha pelo autodesenvolvimento.


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Editorial O crescimento do mercado brasileiro de lubrificantes, no ano de 2013, foi realmente surpreendente. Tem sido motivo de análises mais profundas para se conhecerem as causas de um descolamento da sequência histórica de acompanhamento do PIB Nacional, de um desempenho bastante diferente da média mundial e de comportamentos diferenciados entre seus diversos segmentos. As dificuldades de se obterem dados precisos ainda são muito grandes, apesar de estes estarem, em grande parte, disponíveis e computados. O grande desafio continua sendo a consolidação de todas as informações existentes e, mais ainda, sua melhor interpretação. Só a interpretação e a crítica das informações podem gerar o conhecimento tão necessário para a orientação de órgãos legisladores, e de executivos de empresas, em suas tomadas de decisões. O Brasil ainda carece de um estudo profundo sobre o mercado de lubrificantes, para o entendimento adequado das peculiaridades de seus segmentos e a geração de números consistentes, confiáveis e consolidados com toda a cadeia produtiva, desde o refino e importação de óleos básicos até a coleta do óleo usado e seu direcionamento ao destino legal, passando pelas aplicações dos aditivos. Quanto produzem e comercializam os pequenos produtores? Quais são os dados reais de coleta do óleo usado? Que classificações de óleos são as mais vendidas? O que acontece em cada região do país? Essas são perguntas ainda carentes de respostas precisas e que merecem um olhar mais atento e minucioso. É necessário um estudo que possa realmente reproduzir com fidelidade a realidade do mercado, indo diretamente a todas as fontes e obtendo os números corretos. Assim não precisaríamos tentar entender o caminho percorrido pelo mercado e suas perspectivas, com base em inferências ou analogias com padrões externos oferecidos por pesquisas internacionais sem o conhecimento de nossas particularidades regionais. É um desafio que deve ser enfrentado com muita disposição para um trabalho árduo e meticuloso, e que com certeza poderá trazer muitos benefícios a um mercado que disputa um lugar entre os seis maiores do mundo. Em “A Arte da Guerra”, aprendemos que é fundamental para qualquer disputa o conhecimento de si próprio, e principalmente de seus concorrentes. Conhecer o ambiente e suas características aumenta a competitividade e consequentemente a saúde de um mercado livre. A revista LUBES EM FOCO, que tem compromisso com a divulgação das informações relevantes e específicas sobre lubrificantes, está engajada na busca e disseminação do conhecimento apoiando e incentivando as iniciativas voltadas para o desenvolvimento do mercado brasileiro de lubrificantes, e espera que um dia o Brasil possa atingir a maturidade do conhecimento, com dados confiáveis e ao alcance de todos. Os Editores

Publicado por: AGÊNCIA VIRTUAL LTDA. Rua da Glória 366 - sala 1101 CEP 20241-180 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Tel.: (5521) 2224-0625 e-mail: comercial@lubes.com.br Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Ernani Filgueiras de Carvalho Gustavo Eduardo Zamboni Pedro Nelson Abicalil Belmiro Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Angela Maria A. Belmiro - reg. 19544-90-69

Editor Chefe Pedro Nelson A. Belmiro Diretor de Arte Gustavo Eduardo Zamboni

Impressão Grafitto Gráfica e Editora Ltda.

Capa Gustavo Eduardo Zamboni

Publicidade e Assinaturas Antonio Carlos Moésia de Carvalho (5521) 2224-0625 R 22 assinaturas@lubes.com.br

Redação Tatiana Fontenelle

Tiragem 4.000 exemplares

Layout e Editoração Antônio Luiz Souza Machado da Cunha

E-mail dos leitores e site leitores@lubes.com.br www.lubes.com.

Revisão Angela Belmiro

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Sumário 6

O Mercado Brasileiro de Lubrificantes

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Relubrificando mancais de motores elétricos

Base oil (US) low sulphur vacuum gasoil spot

Os números de 2013 surpreenderam, e a complexidade do mercado aparece no descolamento de parâmetros tradicionais.

Recomendações para a relubrificação à graxa de mancais de rolamento de motores elétricos abertos.

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ARLA 32 no Brasil

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Mudanças extrapolam regras da normalidade

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Gestão da Saúde e Competitividade

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Mercado em Foco

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Programação de Eventos

Fev

Jan 14

Dez

Nov

Set

Out

Jul

Ago

Jun

Abril

Maio

USD/GAL

Mar 13

Base Oils (US) spot SN 150 vs upstream

Base oil SN 150 spot

O presidente da entidade abre o jogo com relação aos desafios do setor e dificuldades da gestão governamental.

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Fonte: ICIS pricing

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Entrevista com o Sindirrefino

A utilização de ureia para atender aos requisitos de emissões cria um mercado dependente de importações.

Os EUA inundam o mercado com básicos de Grupo II, enquanto os básicos de Grupo I e III procuram seus espaços.

Dr. Newton Richa propõe um desenvolvimento criterioso de Programas de Gestão de Saúde no Trabalho.

Os números dos mercado brasileiro de lubrificantes e o acompanhamento de seu desenvolvimento por região.

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Rerrefino

Mercado x Meio Ambiente Desafios de uma atividade essencial para a sustentabilidade do mercado de lubrificantes Por: Tatiana Fontenelle

O segmento de rerrefino é o elo que une dois universos por vezes antagônicos: a produção e o Meio Ambiente. A atividade no Brasil enfrenta diversos desafios, que vão desde a batalha para atingir as metas de coleta do óleo usado ou contaminado (OLUC), até a busca por tecnologias eficientes e produtos de boa qualidade. O setor de lubrificantes foi um dos primeiros a implementar, de forma voluntária, um sistema de logística reversa para a reciclagem de óleos, e contribui com cerca de 28% da produção local de óleos básicos do país, que ainda importa mais de 40% de suas necessidades. Para falar com exclusividade para a LUBES EM FOCO sobre as realizações, desafios e dificuldades dessa indústria, fomos entrevistar o Sr. Nilton Bastos, presidente do Sindirrefino, entidade que possui grande representatividade no setor e congrega os principais agentes econômicos do segmento de rerrefino.

Lubes em Foco - A indústria do rerrefino tem contribuído muito para a produção de óleos básicos de que o país necessita. Além dessa finalidade, o Sindirrefino tem se pronunciado muito sobre o aspecto ambiental. Como é essa visão? Nilton Bastos - O Sindirrefino atua na defesa dos interesses de seus associados, mas, sobretudo, cumprindo com suas funções como órgão técnico e consultivo no estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria econômica, que se acha regulamentada pela Agência Nacional do Petróleo, através das Resoluções ANP 19 e 20/2009, que consideram a coleta do óleos lubrificante usado de “interesse da coletividade” e o rerrefino como “utilidade pública”. Além da sua importância nos aspectos energéticos, suprindo em parte, a demanda interna de óleo básico, o Sindirrefino é considerado modelo exitório de Logística Reversa, destacando-se no atendimento ao princípio de conservação de energia e responsabilidade pós-consumo dos óleos lubrificantes Lubes em Foco - Como está hoje no Brasil a qualidade dos óleos básicos produzidos pela indústria do 6

rerrefino? Ainda há alguma discriminação desse tipo de produto no mercado? Nilton Bastos - As empresas associadas ao Sindirrefino vêm atendendo às especificações técnicas da atual Portaria 130/1999 da ANP, que fixa as características físico-químicas mínimas para os óleos básicos rerrefinados produzidos no país. Todavia, por questões mercadológicas, o setor produz óleos básicos que superam essas especificações, atendendo aos interesses e necessidades das empresas produtoras de lubrificante acabado. Com isso, acentuam ou realçam algumas características que são decisivas na formulação de determinados lubrificantes, facilitando a interface da comercialização. Desde há muito tempo, quedou-se a antiga discriminação em relação a esse tipo de produto que, todavia, como os demais, fica à mercê das flutuações do mercado internacional de óleos básicos e da influência negativa e oportunista dos importados, especialmente quando o Real se acha valorizado. Lubes em Foco - Quais os principais desafios que o país enfrenta para que a coleta do óleo usado ou contaminado seja feita de forma adequada e dentro da lei?


Nilton Bastos - O gerenciamento ambiental do resíduo de óleos lubrificantes usados tem sido considerado uma questão de grande relevância em muitos países devido ao elevado potencial de degradação ambiental quando descartado indevidamente ou utilizado como combustível em estabelecimentos industriais. Em contrapartida, quando coletado e reciclado, o óleo lubrificante usado recupera suas características originais e pode retornar à cadeia produtiva por ilimitadas vezes, sofrendo apenas as perdas inerentes ao novo processamento do produto. Entretanto, a coleta do óleo usado no país, além das adversidades inerentes ao tamanho do território e a falta de infraestrutura de rodovias adequadas, ainda padece da coleta clandestina realizada por empresas não credenciadas ou autorizadas, que encaminham o óleo coletado para finalidade diversa da fixada na Resolução Conama 362/2005. A queima de lubrificante usado, embora proibida no país, ainda continua sendo o maior destino. Acreditamos que somente com orientação e divulgação maciça junto à população acerca dos malefícios causados pela queima de lubrificantes é que essa prática será abandonada. Lubes em Foco - Que segmentos podem dificultar mais esse processo? Automotivos, industriais, aplicações marítimas ou outros? Nilton Bastos - Na visão do Sindirrefino, o segmento que mais compromete a sistemática de coleta é, sem dúvida, o setor industrial, notadamente as fundições, olarias e recauchutagem de pneus que, inadvertida e ilegalmente, compram óleo usado para servir como combustível em suas unidades industriais. Ignoram ou fingem desconhecer que dessa queima provêm inúmeros particulados, gases residuais e emissão de metais pesados para a atmosfera, como cádmio, chumbo, zinco, manganês etc, todos potencialmente carcinogênicos. Essa irregularidade conta ainda com a omissão de alguns órgãos de controle ao meio ambiente que, estranhamente, toleram essa prática nociva ao conjunto da sociedade. Lubes em Foco - Há quem ainda defenda a queima como recurso para a retirada do óleo usado do meio ambiente. Qual sua posição em relação a isso? Nilton Bastos - Na nossa ótica, os que defendem essa solução estão absolutamente equivocados. É necessário que se tenha uma visão crítica, se-

Nilton Bastos

gundo a realidade de cada país, e defendemos nossa posição alicerçados nos seguintes fatos: (i) todo lubrificante utilizado no país é importado: ou provém do refino de um petróleo específico (árabe leve) para produção de óleo básico, ou é importado como lubrificante acabado; (ii) o petróleo brasileiro é do tipo pesado e não é recomendado para produzir lubrificantes; (iii) enquanto de um litro de petróleo se extrai 7% em média de lubrificante, do óleo usado pode ser obtido cerca de 70% de óleo lubrificante com as mesmas características do produto novo. Concorrem ainda para a defesa de nossa tese que a “coleta” - principal obstáculo do sistema - é imperiosa, seja qual for a finalidade que venha a ser dada ao óleo usado coletado. A sua eventual queima somente pode ser feita depois que o óleo usado tiver sido desmetalizado, ou seja, removidos todos os contaminantes e metais pesados. A desmetalização é a principal, a mais severa e onerosa etapa do processo de rerrefino. Uma vez realizada, não se tem mais nenhuma justificativa para converter aquele produto em combustível. Ademais, a proposta de queima ofende os princípios de conservação de energia, pois a queima, ou a destruição térmica é a ultima opção 7


dentre as sucessivas alternativas, sendo que, em menor geração, o reuso, a reciclagem lhes antecedem obrigatoriamente. Lubes em Foco - O Brasil quase não conseguiu bater as metas de coleta do ano passado, gerando certa apreensão da indústria. O que precisa ser feito para que isso não ocorra este ano? Nilton Bastos - As metas de coleta no Brasil são fixadas por região e nacionalmente. A meta nacional foi alcançada, bem como as metas regionais das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, ficando devedora apenas a Região Centro-Oeste. É bem verdade que, dentro de uma mesma região, há estados superavitários e estados com déficit de coleta, o que mostra uma maior atuação dos órgãos de meio ambiente em determinados estados da Federação. O Brasil é o quinto maior consumo mundial de óleos lubrificantes e, portanto, o quinto maior gerador de óleo usado no mundo. As metas oficiais de coleta no Brasil, embora progressivas, ainda estão abaixo das praticadas na Europa, Japão, Estados Unidos e Canadá. Os dados de coleta apresentados pelo órgão regulador da indústria do petróleo apenas contabilizam o volume de OLUC destinado ao rerrefino, mas a coleta clandestina não aparece em nenhuma estatística. E esta, segundo levantamentos realizados pelo setor, deve corresponder a 20% de todo o óleo usado gerado no território nacional. Lubes em Foco - O Sr. acredita que possa haver fraudes no processo atual com relação aos certificados de coleta?

O que compromete é a omissão do estado ante os desvios sistemáticos de óleo usado para destinações proibidas. 8

Nilton Bastos - Não só acreditamos como temos certeza dessa triste realidade. Recentemente, o Sindirrefino foi procurado por uma empresa de consultoria e auditoria que estava realizando a certificação em favor de uma fazenda de laranjas, situada no interior do estado de São Paulo. Pedia que fosse confirmado o efetivo encaminhamento do óleo lubrificante contaminado gerado naquela produtora agrícola, em cumprimento à Resolução Conama 362/2005. Como não havia registro desse encaminhamento, procedeu-se a uma auditoria junto à nossa associada, quando se apurou a existência de inúmeros Certificados de Coleta (CCO) falsificados que levavam a logomarca da empresa de rerrefino, o dístico falso da Agência Nacional do Petróleo e número falso da Autorização de Impressão de Documento Fiscal AIDF. Por se constituir em crime de falsidade ideológica, esse assunto está sendo investigado pela Ministério Público do estado de São Paulo. Lubes em Foco - Como uma empresa idônea pode se proteger de uma possível multa ou mesmo processo administrativo com relação à Portaria que determina os níveis mínimos de coleta? Nilton Bastos - A Lei Federal 12305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos sólidos no país, recepcionou a Resolução Conama 362/2005, determinando que, na logística reversa dos óleos lubrificantes, fossem observadas as disposições dos SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Com isso, trouxe uma excelente novidade, qual seja, a responsabilidade compartilhada de todos os agentes da cadeia, da qual não está excluído o Poder Público. Dentro desse conceito, se a empresa adota todas as medidas ao seu alcance para o cumprimento de suas obrigações atinentes à Logística Reversa, mas não logra êxito por ação ou omissão do Estado, poderá buscar proteção junto ao Poder Judiciário, visando exonerar-se de qualquer responsabilidade, posto que esta somente pode ser cumprida se todos os agentes cumprirem com a sua parte, não ficando ileso o Poder Público dessa obrigação. Lubes em Foco - O Brasil importa hoje mais de 40% de suas necessidades de óleos básicos. O Sr. acredita que isso possa diminuir no futuro, com uma maior produção de rerrefinados? Nilton Bastos - Acredito que estamos caminhando para essa realidade, porém não na velocidade que


queríamos ou na velocidade que o Brasil necessita. Em 1993, quando da edição da Resolução Conama 9/93, primeiro ato de cunho ambiental a regular a coleta e destinação dos óleos usados, praticávamos uma coleta equivalente a 12% do consumo. Hoje estamos em 38% em relação ao volume comercializado. Historicamente, países como o Japão, o Canadá e alguns da Europa coletam cerca de 58% em relação ao volume comercializado. Em 2013, foram coletados 473 milhões de litros de óleo usado correspondendo a 38% do consumo. Com base nos dados internacionais, estimamos que o Brasil poderia coletar cerca de 720 milhões de litros, devolvendo ao mercado mais de 500 milhões de litros de óleo básico rerrefinado, garantindo o abastecimento nacional desse derivado do petróleo, maximizando seu uso e anulando em parte a dependência dos importados. É viável, pois existe capacidade instalada do rerrefino para atingir essa meta. Tudo depende da política do governo. Lubes em Foco - A questão dos preços de mercado parece impactar diretamente o rerrefino. Os rerrefinadores precisam se adaptar aos preços internacionais para competir internamente com a importação? Como isso tem afetado a indústria do rerrefino no Brasil? Como estão os níveis atuais de preços para os rerrefinadores? Nilton Bastos - Na atual conjuntura, cerca de 70% de todo o custo do sistema de Logística Reversa dos lubrificantes são suportados pela indústria do rerrefino, o que se reflete diretamente no custo final do produto obtido.

Por outro lado, a sobra de óleo básico no mercado internacional, que torna os preços internacionais defasados e a valorização do Real frente ao dólar, que contribui para o maior interesse nas importações, põem a descoberto a balança comercial atingindo diretamente o setor. Mais do que isso. Além de prejudicar a formação de preços, impulsionando a indústria nacional do rerrefino para o vermelho, inviabiliza todo o sistema de Logística Reversa, na medida em que os óleos rerrefinados deixam de ser comercializados. Sem condições de venda, avolumam-se os estoques de óleo rerrefinado impedindo a coleta dos óleos usados, ou seja, tornando impossível a manutenção do sistema de Logística Reversa. Lubes em Foco - Com investimentos em tecnologia e melhoria do rendimento das plantas, poderemos ter um aumento na produção de básicos rerrefinados no Brasil? Nilton Bastos - O setor se preparou para os avanços do sistema de Logística Reversa e hoje opera com capacidade ociosa de 40% em relação à sua capacidade nominal. A tecnologia empregada no Brasil pelos maiores rerrefinadores (evaporação pelicular, extração a solvente de propano e hidrogenação) é a mesma que se utiliza na Alemanha e nos Estados Unidos, o que coloca o Brasil em pé de igualdade quanto ao domínio da tecnologia. O que difere é a falta de conscientização quanto ao cumprimento da Resolução Conama 362/2005, que determina que todo óleo usado deve ser encaminhado ao processo de rerrefino, como garantia do

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suprimento interno desse derivado do petróleo. O que compromete é a omissão do estado ante os desvios sistemáticos de óleo usado para destinações proibidas, comprometendo a qualidade do ar, do solo e das águas superficiais. O que inibe é o Custo Brasil: a incidência de alta carga tributária sobre toda a cadeia de logística reversa, cujos produtos já pagaram seus impostos no primeiro ciclo de vida e ainda sofrem novas e pesadas tributações, na contramão dos princípios que norteiam a reciclagem de produtos em todo mundo. Lubes em Foco - Como o Sr. analisa a situação atual, em termos de legislação e atitudes, com relação à gestão de resíduos de óleos lubrificantes? Nilton Bastos - É inegável e o mundo já se atentou para esta solução, que o processo de rerrefino é a mais interessante opção na gestão de resíduos de óleos lubrificantes usados, tanto pelo aspecto técnico como pelos aspectos econômico e ambiental. O Brasil tem feito esforços para aprimorar e ampliar o rerrefino, com modernização de sua frota

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de coleta e do parque de rerrefino. Todavia, a coleta do óleo usado, que a rigor nada tem a ver com a atividade de reciclagem, posto que se constitui em problema que deve ser solucionado pela sociedade, ainda passa por uma questão cultural e sofre pela falta de conscientização e divulgação dos malefícios decorrentes da má gestão do óleo usado no continente. As legislações são facilmente contornadas pelos clandestinos ante o olhar complacente do Poder Público, e os instrumentos econômicos de política ambiental não saíram do papel. A ação governamental se dá, na atualidade, exclusivamente por meio de instrumentos de comando e controle, quando o correto seria a concessão e utilização de incentivos econômicos para tornar atrativa a coleta do óleo residual como, de resto, de todos os resíduos sujeitos à Logística Reversa, como se acha previsto na lei que instituiu a Política Nacional De Resíduos Sólidos. É para tornar esse slogan uma realidade que o Sindirrefino vem atuando. Oxalá um dia possamos comemorar juntos essa conquista. Oxalá...


Mercado Brasileiro de Lubrificantes

Crescimento de 8,3% surpreende em tempos difíceis

Por: Pedro Nelson Belmiro

O

ano de 2013 trouxe alguns ensinamentos e também mostrou uma clara necessidade de se reavaliarem alguns conceitos tradicionais com relação à análise do mercado brasileiro de lubrificantes. A crise econômica mundial, o baixo desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) Nacional, que fechou o ano com um crescimento de 2,3%, e a desconfiança de investidores internacionais poderiam levar qualquer analista tradicional, ou sem um conhecimento mais profundo da complexidade e especificidade do mercado brasileiro de lubrificantes, a projetar um desempenho bem modesto ou até mesmo um pequena queda ao final do ano. No entanto, o que os números friamente mostraram foi um surpreendente crescimento de 8,3% sobre o volume comercializado em 2012. Segundo pesquisa realizada pela consultoria da Agência Virtual e já publicada na revista LUBES EM FOCO, a demanda total de lubrificantes acabados atingiu, em 2013, o volume de 1,52 milhão de metros cúbicos, mantendo o Brasil na disputa pelo sexto maior mercado de lubrificantes do mundo e apresentando ainda considerável melhoria na qualidade de seus produtos. Como então explicar esse descolamento de parâmetros tradicionais como o PIB? Um

estudo mais detalhado mostra que, na composição do PIB, o item “Serviços” entra com uma contribuição de 68,5%, enquanto a conta “Indústria” responde por 26,3% e a “Agricultura” contribui com apenas 5,2%. Analisando os números de 2013, observamos uma produção recorde de veículos automotores, superando em 10% o total de 2012, e a produção de máquinas agrícolas crescendo acima dos 20%, em relação ao ano anterior. Ora, como vimos na composição do PIB, esses crescimentos não tiveram grande relevância no crescimento nacional, mas, com relação ao mercado de lubrificantes, certamente produzem um impacto considerável. Além disso, podemos ainda somar o retorno de investimentos em obras de infraestrutura na preparação para os eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que, de alguma forma, também contribui com o crescimento da demanda de lubrificantes. As importações de óleos básicos Para um mercado de óleos acabados crescendo de forma surpreendente e apresentando um perfil de mais alta qualidade, a fim de atender à demanda 11


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de uma frota em franco processo de rejuvenescimento, a necessidade de óleos básicos de alta qualidade é fator de destaque. A produção total das refinarias brasileiras em 2013 chegou a 689 mil metros cúbicos, o que representa apenas 46% da demanda de básicos do ano, tornando imperativa a importação de mais 601 mil metros cúbicos, representando um aumento de 7,8% em relação às importações de 2012. Os Estados Unidos figuram como os grandes fornecedores de óleos básicos para o Brasil, representando aproximadamente 58% do total das importações brasileiras. Na lista dos países principais exportadores para o nosso mercado, a Itália aparece em segundo lugar com 15%, seguida de Coreia do Sul com 11%, França com 4%, Finlândia com 2,7% e outros países como Malásia, Suécia, Holanda, Bahrein, Catar e Israel, que também colaboraram no fornecimento de óleos básicos para o Brasil. Uma interessante observação dos números de mercado se dá no volume de exportação de óleos básicos, que atingiu o volume de 69 mil metros cúbicos e que surpreende pela sua natureza, uma vez que o país é eminentemente importador desse produto. Como grande parte dessas exportações foi feita para os Estados Unidos, uma pesquisa mais detalhada é necessária para uma interpretação mais completa da situação. Com uma complementação pela produção da indústria do rerrefino, que produziu, no ano passado, cerca de 269 mil metros cúbicos de óleos básicos a partir do processamento de óleos lubrificantes usados ou contaminados, e ainda descontando-se o volume exportado, o total do mercado de básicos atingiu o volume de 1,49 milhão de metros cúbicos. Torna-se, no entanto, para uma correta compreensão do mercado, imprescindível lembrar que o estoque de óleos básicos no final do ano indicou que nem toda a produção mais a importação foram convertidas em óleos lubrificantes acabados, por isso, não é acertado, neste caso, considerar que o volume de básicos seria cerca de 90% do volume de óleo acabado, como geralmente se pode fazer. Desafios para o rerrefino A contribuição da indústria do rerrefino no Brasil tem sido bastante relevante, na medida em que somos importadores de básicos, e esse segmento produz mais


de 18% da demanda requerida. Além disso, existe um grande movimento no sentido de melhoria da qualidade do básico rerrefinado, com especificações próprias e atualizadas, e com uma regulação específica para essa atividade. Entretanto, o grande desafio para a indústria e, por que não dizer, para o país está no controle da coleta do óleo usado e contaminado, o chamado OLUC. Por uma questão meramente financeira, usuários finais acabam desviando o OLUC para outras atividades que pagam mais pelo produto, como a queima junto ou em substituição ao óleo combustível. Apesar da clareza da Resolução CONAMA n° 362, que direciona todo o óleo usado e contaminado para a atividade de rerrefino, o que ainda se vê, na prática, é uma grande dificuldade de se alcançarem as metas estabelecidas para a coleta. A questão não pode ser tratada exclusivamente no campo financeiro ou comercial, já que o OLUC é matéria-prima para essa indústria. O problema ambiental está acima dessa perspectiva econômica, e a situação requer uma ação de fiscalização bastante eficaz para que a lei seja cumprida. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP tem um quebra-cabeças para montar quando analisa os diversos segmentos do mercado de lubrificantes, que precisa alinhar números provenientes da produção de óleo acabado, comercialização, coleta e produção de básicos rerrefinados, e fica extremamente complexo quando ainda se precisam adicionar fatores intangíveis e inesperados como o desvio ilegal. O mercado em números O mercado brasileiro de lubrificantes apresentou, em 2013, uma distribuição semelhante a de anos anteriores, com algumas alterações próprias do dinamismo de um mercado em crescimento. Assim, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes – SINDICOM, com suas 9 associadas, respondeu por cerca de 81,9% do mercado total de óleos lubrificantes, tendo a BR Distribuidora como líder com uma fatia de 20,5%, seguida pela Ipiranga com 13,7%, a Mobil (Cosan) com 13,4%, a Shell com 11%, a Chevron Lubrificantes com 9,7%, a Petronas com 7,3%, a Castrol com 2,9%, a YPF – Repsol com 1,8%, a Total Lubrificantes com 1,6%, sendo os restantes 18,1% divididos entre os outros produtores do mercado.

18,1%

20,5%

1,6% 1,8% 2,9%

13,7%

7,3% 9,7% 11%

13,4%

BR Ipiranga Cosan Shell Chevron Petronas Castrol YPF - Repsol Total Lubrif. outros

Perspectivas para 2014 Não se pode dizer que as perspectivas para este ano são boas, e grandes desafios se apresentam para o mercado brasileiro de lubrificantes. As projeções econômicas acenam para um crescimento do PIB menor ou igual ao do ano passado, com uma inflação superior à do período anterior. O cenário global não tem ajudado muito, pelo contrário. O país viverá um ano com muitos feriados e uma Copa do Mundo de Futebol com impacto na produtividade da indústria de um modo geral, e um ano eleitoral com muitas dúvidas e apreensões quanto a medidas anti-inflacionárias que podem impactar negativamente o setor produtivo. Por outro lado, a indústria do petróleo bate recordes de produção, e espera-se também uma safra agrícola até maior para este ano. A dúvida ainda persiste para a indústria automotiva, que sempre foi o carro-chefe impulsionador do desenvolvimento do mercado de lubrificantes, e que pode não receber os mesmos incentivos anteriores, mas que é muito bem estruturada e tem um alto poder de sustentação. De qualquer forma, o mercado que surpreendeu em 2013 não deverá ter a mesma performance em 2014, mas, com tantas variáveis a serem consideradas, quem poderia arriscar qual seria o resultado ao final do ano? O potencial brasileiro ainda é grande e surpresas podem sempre fazer parte das avaliações finais do período.

Pedro Nelson Belmiro é Engenheiro Químico, Consultor Técnico em lubrificantes, Co-autor do livro Lubrificantes e Lubrificação Industrial e coordenador da Comissão de Lubrificantes e Lubrificação do IBP.

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Relubrificação à Graxa de Mancais de Rolamento Abertos de Motores Elétricos Por: Marcos Thadeu G. Lobo

manho de carcaça, tensão de trabalho, tipo de mancal de rolamento, temperatura ambiente etc. (essas informações podem ser obtidas na plaqueta de identificação do equipamento). É recomendável que o intervalo de relubrificação seja estabelecido em horas de operação, mas a periodicidade pode, também, ser realizada com base em tempo (meses ou anos). Intervalo ideal - Lubrificação de rolamentos em motores elétricos 0,25-7,5 HP Serviço Rápido (frequência de 1h/dia)

O

s motores elétricos até determinadas faixas de potência vêm equipados com mancais de rolamento, vedados ou blindados, de lubrificação permanente, ou seja, suficiente para a vida útil estimada do mancal de rolamento e não necessitando de qualquer relubrificação. Porém, motores elétricos a partir de determinada faixa de potência vêm equipados com mancais de rolamento sem vedação ou blindagem, também chamados abertos. Os mancais de rolamento abertos necessitam de relubrificação a períodos determinados e farão parte da abordagem deste artigo técnico. Na relubrificação à graxa de mancais de rolamento de motores elétricos abertos (sem vedações ou blindagens, recomenda-se: 1. Através de consulta ao manual de manutenção e operação do equipamento, determinar a periodicidade de relubrificação à graxa dos mancais de rolamento segundo a potência do motor, rotação, ta-

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Serviço Padrão (máquinas de lavanderia, têxteis e de carpintaria, bombas de água) Serviço Severo (motores que operam 24 horas em todo os dias do ano) Serviço Muito Severo (condições extremas de sujeira, vibração e altas temperaturas)

Potência dos motores 10 - 40 HP 50 - 150 HP Mais de 150 HP

10 anos

7 anos

4 anos

1 ano

7 anos

4 anos

1,5 anos

6 meses

4 anos

1,5 anos

9 meses

3 meses

1 ano

6 meses

6 meses

2 meses

Nota: 1- Reduza o intervalo pela metade para valores de vibração total maiores que 5mm/seg (0,2 pol/seg) 2- Para motores com eixos verticais, reduza o intervalo em até 1/3, de acordo com o especificado acima 3- Motores acima de 250 HP devem ser relubrificados em períodos menores que dois meses

2. Não havendo riscos para a segurança, é recomendável a relubrificação à graxa dos mancais de rolamento com o motor elétrico em funcionamento e à temperatura de operação.


3. Limpe os pinos graxeiros para evitar que sujidades sejam introduzidas nos mancais de rolamento juntamente com a graxa.

4. Retire o bujão de alívio na parte inferior do motor elétrico.

5. Com pistola graxeira manual bombeie graxa nova e, se possível, ausculte o rolamento com um adaptador ultrasônico adaptado à pistola manual de graxa.

6. Não é recomendável a relubrificação de mancais de rolamento de motores elétricos com pistolas de graxa pneumáticas, visto que a elevada pressão desses dispositivos pode danificar retentores de vedação e permitir a entrada de sujidades.

7. Observar se a graxa velha está sendo expulsa pelo bujão de alívio. Se, durante o bombeio da graxa nova, não estiver sendo observada a saída de graxa velha pelo bujão de alívio, pare o bombeio da graxa e verifique se não há graxa endurecida obstruindo a tubulação de purga de graxa. Caso haja graxa endurecida, faça a remoção da graxa velha com punção até que haja purga de graxa velha enquanto se bombeia graxa nova com a pistola graxeira manual. 8. Permita que o motor elétrico opere por cerca de 60 minutos com o plug ou bujão de alívio aberto, de modo que o excesso de graxa seja purgado. Após esse período, deve-se recolocar o plug ou bujão de alívio.

9. Limpe qualquer excesso de graxa existente no exterior do motor elétrico. 10. Caso seja a primeira relubrificação a ser realizada, verifique a compatibilidade da graxa original com a graxa a ser utilizada. 11. Motores elétricos com relubrificação remota devem ter as tubulações de condução de graxa 15


limpas anualmente, visto que a graxa pode endurecer no interior da tubulação impedindo a passagem de graxa nova.

12. Proteja os pinos graxeiros do acúmulo de sujidades e umidade com capa plástica protetora.

13. Após a relubrificação, realize, se possível, medição do nível global de vibração do motor elétrico, com vistas a se detectar eventuais indícios de falhas nos mancais de rolamento. 14. O recomendável para relubrificação de mancais de rolamento de motores elétricos é utilizar-se graxa à base de poliureia, tendo em vista esse tipo de espessante não conduzir energia elétrica, ter elevada resistência à oxidação e fator de rotação (f= n.dm) bastante elevado. 16

Fato é que, em face de contaminação da graxa por sujidades, por intervalos de relubrificação inadequados, por práticas de relubrificação inapropriadas, por uso de graxas impróprias, entre outros fatores, a grande maioria dos mancais de rolamento abertos tem a sua vida útil abreviada, ficando bastante aquém da vida de fadiga (vida L10) e causando desnecessárias horas de máquinas paralisadas. Práticas adequadas em relubrificação de mancais de rolamento abertos permitirão que a sua vida útil se aproxime, o quanto possível, da chamada vida de fadiga (vida L10), maximizando a produtividade dos equipamentos mecânicos.

Marcos Thadeu Giacomini Lobo é Engenheiro Mecânico e Consultor Técnico em Lubrificação da Petrobras Distribuidora S.A.


ARLA 32 no Brasil

Dependências de Importações de Ureia para um mercado em expansão Por: Claudio Pereira da Silva

E

m 2012, entrou em vigor a fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) para veículos pesados. Para cumprir com os novos limites de emissões de poluentes estabelecidos nessa fase, a indústria automobilística adotou duas soluções tecnológicas distintas: EGR (Exhaust Gas Recirculation) e SCR (Selective Catalyst Reduction). A segunda opção tem sido a predominante como a melhor alternativa tecnólogica e implica na necessidade de utilização de um novo insumo à base de ureia que passou a ser utilizado pelo setor automotivo de ARLA 32. No Brasil, essa nova indústria tem potencial para se tornar o terceiro maior mercado mundial no médio prazo, porém muitos temas importantes fazem parte da agenda dos princi-

pais players desse novo mercado, entre eles a garantia de fornecimento da ureia para a produção do ARLA 32, que será o ponto central deste artigo. A preocupação com a deterioração da qualidade do ar nos centros urbanos do país levou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) a criar, em 1986, o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que, instituído pela Resolução nº 18/86, tem por objetivo reduzir as emissões de poluentes (CO, HC, NOx, MP, S) de veículos novos, por meio da implantação progressiva de fases que, gradativamente, obrigam a indústria automobilística a reduzir as emissões nos veículos que serão colocados no mercado. Atualmente, em relação aos veículos pesados, o Brasil está na fase P7, sendo que a fase P6 não entrou em vigor, e na P7 as emissões dos veículos brasileiros são equivalentes às emissões dos veículos de países europeus (Euro 5). Por que a Ureia?

Figura 1 – Sistema SCR (Fonte: Peak Automotiva)

O ARLA 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), também conhecido na Europa como AdBlue e nos Estados Unidos como DEF (Diesel Exhaust Fluid), é produzido a partir de ureia técnica de altíssima pureza diluída a 32,5% (em peso) em água desmineralizada com um rígido controle de qualidade. Trata-se de um produto químico não tóxico e extremamente seguro para manuseio e transporte. A ureia é um composto de nitrogênio que se transforma em amônia quando aquecido e, em conjunto 17


2012

2018e

1782

3755

- Petrobras (Camaçari - BA)

495

495

- Petrobras (Araucária - PR)

630

630

- Petrobras (Laranjeiras - SE)

657

657

- Petrobras (Três Lagoas - MS, 2014e)

-

1210

- Petrobras (Linhares - ES, 2016e)

-

763

4214

5241

4199

4887

14

354

1384

3192

76%

85%

12

0

0

0

2878

2049

Capacidade instalada

Demanda no mercado Brasileiro - Fertilizantes + Aplicações industriais Figura 2 – Opções de Embalagens para o ARLA 32 (Fonte: Peak Automotiva)

- ARLA 32 (-) Produção nacional

com o catalisador SCR (Selective Catalyst Reduction), converte o NOx (óxidos de nitrogênio) em nitrogênio e água, conforme a Figura 1, sendo que essa tecnologia diminui em até 98% a emissão de partículas de NOx (óxidos de nitrogênio) veicular lançadas ao ar. Vale citar que a tecnologia EGR vem enfrentando problemas nos EUA, como, por exemplo, na Navistar, que vem perdendo vendas desde 2012, pois não conseguiu atingir a redução imposta pela legislação ambiental e está comprando motores Cummins até que o seu novo motor seja aprovado utilizando o sistema SCR. O Mercado do ARLA 32 e o Déficit de Ureia O mercado de ARLA 32, em 2013, foi estimado em cerca de 160 milhões de litros, que além de vendas a granel, também são comercializados nas mais diversas embalagens, desde bombonas (4L, 10L, 20L e 200L) e IBCs, até opção de leasing para tanques estacionarios de 3 a 8 mil litros (Figura 2).

1000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

Figura 3 – Demanda Brasileira de ARLA 32 estimada no período 2012-2018, valores em milhões de litros (Fonte: LubeKem baseado em dados da Integer)

18

Taxa de utilização da capacidade1 (-) Exportação

1

(+) Variações de estoque2 (=) Iimportação

Notas 1 - 20183: valores assumidos pelo autor 2 - 2012, 2018e: valores assumidos pelo autor Figura 4 – Balanço Oferta/Demanda de Uréia no Brasil 2012 x 2018, valores em ‘000 MT (Fonte: Estimativa LubeKem baseado em dados do APLA, Integer, Petrobras e MDIC)

Ainda em 2013, os dois principais players do mercado brasileiro foram Petrobras e Peak Automotiva que juntos tiveram um market-share de aproximadamente 80% do mercado. Entre os demais players, temos empresas produtoras e/ou importadoras, nacionais e multinacionais, como Yara, Tirreno, Usiquímica, MAN, Cummins, Raízen, Lubraquim etc. Até 2018, estima-se que os caminhões e ônibus brasileiros deverão responder por um consumo de cerca de 1 bilhão de litros (Figura 3) de ARLA 32, e é exatamente a disponibilidade de fornecimento da ureia no mercado local um dos pontos chave e uma das maiores preocupações para o crescimento desse mercado. Além dos temas da disponibilidade e fornecimento, também o tema da qualidade necessária da ureia para a produção do ARLA 32 versus a qualidade do ureia produzida no Brasil (basicamente para a produção de fertilizantes e aplicações industriais) é de suma importância e voltaremos a ele mais à frente. O Brasil possui um grande déficit de produção de ureia, cuja principal aplicação é no mercado de fertilizantes, sendo que as culturas de milho, café e


25 20 15 10 5 0 2012 ROW

2013 América Latina

2014 Oriente Médio & África

2015 China

Figura 5 – Novas Capacidades de Produção de Ureia em 20122015, valores em milhões de toneladas (Fonte: LubeKem baseado em dados do CRU)

cana-de-açúcar representam mais de 70% do consumo de ureia, e, como ano após ano, o Brasil tem batido o recordes de produção na agricultura, o problema tende a se agravar com o aumento previsto da produção do ARLA 32. A Petrobras, com a aquisição no final de 2012 da unidade de produção que pertencia a Vale Fertilizantes em Araucária-PR, tornou-se à única produtora de ureia no mercado brasileiro e, além dessa aquisição, tem investimentos para o aumento da capacidade de produção da ureia em duas novas plantas: 9 9 UFN III (2014e): 1,2 milhão de toneladas/ano (Três Lagoas - MS) 9 9 UFN-IV (2016e): 763 mil toneladas/ano (Linhares - ES)

Mesmo com esses novos investimentos da Petrobras as importações de ureia continuaram bastante elevadas conforme vemos no balanço oferta/demanda de Ureia para o mercado brasileiro 2012 x 2018 (Figura 4). As importações de ureia de 2018 em diante continuarão a superar a marca de 2 milhões de toneladas/ano, e o rápido crescimento do mercado do ARLA 32 no Brasil vai agregar uma demanda adicional de mais de 350 mil toneladas/ano de Ureia necessárias a partir de 2018. Diante desse cenário, duas perguntas são mais do que pertinentes: (1) por que os investimentos no Brasil têm sido no mínimo tímidos frente à demanda da ureia, e (2) de onde virá essa matéria-prima vital para a produção do ARLA 32 ? A resposta da primeira pergunta está principalmente relacionada aos seguintes fatores: disponibilidade de gás natural, política de preços desse insumo que inviabiliza novos investimentos e falta de regras de médio e longo prazo, o que afasta os potenciais investidores internacionais. Havendo disponibilidade de gás natural com o Présal, se poderia pensar em novos investimentos na produção de ureia no Brasil, porém esses investimentos só seriam levados adiante após a negociação de contratos de fornecimento de gás natural a preços competitivos e considerando que esses novos investimentos levam pelo menos cinco anos para serem contruídos a partir do fechamento destes contratos. É absolutamente fundamental uma visão de longo prazo da Petrobras para que, na melhor das hipóteses, não haja um atraso de cinco a dez anos nesses investimentos, e, na pior das hipóteses, que não se perca mais essa oportunidade. 425 400

US$/MT 555

US$/MT

375

515

350

475 435

325

395

300

355

275

315

250

275

225 Jan 12

Jul

Jan 13

Jul

Ureia FG CRF Brasil Ureia FG FOB Mar Negro

Figura 6 – Ureia GF CFR Brasil x FOB Mar Negro (Fonte: LubeKem baseado em dados da Fertecon)

2009

2010

2011

2012

2013

2014e

2015e

Ureia GF FOB Mar Negro 3.443 x Brent (US$ BBL) + 28.345

Figura 7 – Preço da Ureia FG x Petróleo Brent (Fonte: LubeKem baseado em dados do US DOE/EIA, Yara e World Bank)

19


Composição do ARLA 32

Especificação

Ureia Densidade a 20ºC Índice de refração a 20ºC

31,8-33,2% por peso 1087,0-1093,0 kg/m3 1,3814-1,3843

Alcalinidade como NH3

Máximo 0,2% por peso

Determina a vida útil

Insolúveis Cálcio Magnésio

Máximo 20 mg/kg Máximo 0,5 mg/kg Máximo 0,5 mg/kg

Entope os injetores

Aldeídos

Máximo 5 mg/kg

Forma depósitos de sólidos

Biureto Fosfato (PO4-3) Alumínio Ferro Cobre Zinco Crômio Níquel Sódio Potássio

Máximo 0,3% por peso Máximo 0,5 mg/kg Máximo 0,5 mg/kg Máximo 0,5 mg/kg Máximo 0,2 mg/kg Máximo 0,2 mg/kg Máximo 0,2 mg/kg Máximo 0,2 mg/kg Máximo 0,5 mg/kg Máximo 0,5 mg/kg

ternacional, e, em especial com as novas capacidades na China, se abriu a oportunidade para uma nova origem de importações spot, em especial no segundo semestre do ano, dada a sazonalidade da demanda chinesa, e ao menos no curto prazo, segundo alguns analistas deste mercado. Preço da Ureia no Mercado Internacional

Como o Brasil é um importador líquido de ureia, é importante a análise dos Catalisadores tóxicos preços pagos na importação versus os benchmarks no mercado internacional para esse produto. Entre os benchmarks de preço para a ureia GF Figura 8 – Impactos negativos de itens fora da especificação do ARLA 32 (Fonte: Peak Automotiva) (grau fertilizante) no mercado mundial, que basicaJá a segunda pergunta tem uma resposta óbvia: mente são alinhados entre si, destacam-se três deles: importações no mercado internacional, sobre a qual fa- preço FOB Mar Negro (primariamente FOB Yuzhny, Ucrânia), preço FOB New Orleans (EUA) e preço FOB laremos em maiores detalhes a seguir. Em 2013, cerca de 80% da quantidade total de Oriente Médio. Comparando os preços da ureia importada no Brasil ureia importada pelo Brasil foram trazidos do Leste Europeu ou do Oriente Médio, que devem continuar a com o benchmark FOB Mar Negro, vemos, na Figura 6, ser as principais regiões exportadoras para o mercado que ambos os preços estão basicamente alinhados. O mesmo vale para os preços de venda da ureia nacional no médio e longo prazos. Para o período 2012-2015, os novos investimen- produzida localmente, uma vez que, em decorrência de tos na produção de ureia estão concentrados na China algumas características do mercado nacional, como, e Oriente Médio, conforme vemos na Figura 5, e neste por exemplo, barreiras tarifárias baixas e sazonalidade período está previsto um total de aproximadamente 48 da demanda oposta ao hemisfério norte, o Brasil pode milhões de toneladas/ano de novas capacidades, sendo ser considerado como um price taker para a ureia no mercado internacional, isto é, pratica preços locais que 28 milhões de toneladas/ano entre 2012-2013. Além desses aumentos previstos, com o boom compatíveis aos valores das importações. Um outro ponto interessante de se comentar neste do shale gas nos EUA, há novos investimentos sendo analisados para aumentar a produção de ureia, tema são as previsões de preço da ureia no mercado que incluem desde pequenos desgargalamentos e internacional para o período 2014-15 versus os preços re-starts de plantas que foram fechadas, até investi- do petróleo Brent (Figura 7). Comparando as previsões de preço da ureia mentos em novas plantas greenfield. Esses fortes aumentos de capacidade em 2012- para o benchmark FOB Mar Negro para 2014-15 com 2013 causaram um oversupply de ureia no mercado in- uma fórmula de correlação com o preço do petróleo 20


Brent (fator de correlação de ~99% no período 200912), vemos que dado o oversupply no mercado de ureia, o preço da ureia em 2013 e os preços previstos para 2014-15 estão cerca de US$ 55 a US$ 65/ton abaixo da sua correlação histórica com o preço do petróleo, o que sem dúvida é uma boa notícia para os importadores de ureia no Brasil, ao menos no curto prazo, já que no médio prazo, com o balanceamento da oferta/demanda de ureia, é esperada uma recuperação desta forte correlação do preço da ureia com o preço do petróleo. Também é relevante comentar que, para as importações de ureia para a produção de ARLA 32, se deve considerar que haverá custos adicionais quando comparados com o benchmark internacional para a ureia grau fertilizante, entre eles: 9 9 Prêmio de preço x Quantidade 9 9 Prêmio de preço x Qualidade 9 9 Diferencial de custos na logística granel versus containers 9 9 Custo de embalagem (big bags) versus a logística a granel

Importância do Controle da Qualidade das Matérias-Primas do ARLA 32 Conforme já comentado, a qualidade da ureia a ser utilizada para a produção do ARLA 32, que é bastante diferente da qualidade da ureia para a produção de fertilizantes e aplicações industriais, bem como a qualidade da água desmineralizada, são fundamentais para que não tenhamos alguns efeitos indesejáveis como os apontados na Figura 8, e esse é um outro ponto também fundamental na consideração da alternativa de importação da ureia. Colaboraram com este artigo os Srs. Bruno Azevedo, Maurício Yamaguchi e Hideraldo Batista da Peak Automotiva Brasil.

Claudio Pereira da Silva é Diretor da LubeKem Consultoria para áreas de planejamento estratégico, procurement, importação e exportação.

21


Mudanças extrapolam as regras em 2014 Por: Judith Taylor

A

s mudanças observadas no mercado de óleos básicos têm extrapolado todas as regras de normalidade em 2014. Os Estados Unidos inundam o mercado com básicos de Grupo II, enquanto os básicos de Grupo I e III procuram as melhores maneiras de se encaixarem nas novas e diferentes oportunidades. Oportunidades para o Grupo I Na conferência ICIS Panamerican de dezembro de 2013, em Jersey City - NJ, Amy Claxton da My Energy, em sua apresentação entitulada “Pesquisando o mercado de Grupo I – Boas novas para variar”, ressaltou que ainda existem oportunidades para os óleos básicos de Grupo I, apesar do insistente aumento do volume do Grupo II, que representa a maior demanda nos Estados Unidos. Alguns dos principais tópicos apresentados na ocasião foram:

• O excesso de oferta para alguns óleos básicos; • A falta de oferta latente e crescente para outros óleos básicos; • A manutenção das atividades das plantas de Grupo I.

De fato, tem-se visto claramente o aumento global da produção de básicos de Grupo II e III, fato que atraiu toda a atenção do mercado por mais de um ano. Também o aumento da super oferta de Neutros Leves tornou-se um problema menor do que a falta iminente de Neutros Pesados, Brightstocks e Cêras. Três razões são ainda apon22

tadas por Amy Claxton para manter as plantas de Grupo I em funcionamento: margens sustentáveis; uma esperada contração da oferta global, já que a demanda específica por óleos lubrificantes de mais alta qualidade tende a consumir o excesso de oferta dos óleos básicos superiores; e uma demanda global abrangida por uma só palavra: China. Assim sendo, certamente não haveria espaço para se seguirem as regras da normalidade em 2014. O ano será mais provavelmente definido pelas mudanças constantes, à medida que a dinâmica das variações afetar os mercados de óleos básicos norte-americano e global. O mercado de Grupo II A planta de óleos básicos da Chevron em Pascagoula (PBOP) leva grande vantagem na marcha pela liderança do mercado de Grupo II. A quantidade de falatório – e nervosismo – provocado por essa nova planta e sua capacidade de produzir de 25.000 barris/dia é significativa. Discursando na 18ª Conferencia Mundial de Óleos Básicos em Londres, em fevereiro de 2014, o Sr. Brent Lok da CHEVRON apresentou a visão do futuro na perspectiva da CHEVRON, oferecendo algumas das razões pelas quais essa companhia se engajou no gigantesco empreendimento, tanto financeiro quanto de planejamento, e que levaram ao nascimento da PBOP. Entre as razões pelas quais a Chevron decidiu assumir o custo enorme de construir uma nova unidade de produção de óleos básicos, e de capacidade significativa, a principal é que a companhia vê necessidade e valor em garan-


Base oil SN 150 spot

tir a confiabilidade do suprimento, tendo básicos tecnicamente substituíveis e também um quadro global de óleos e seu correspondente portfólio de qualificações. A apresentação do Sr. Lok também apontou para o fato de que possuir um quadro de óleos básicos global e tecnicamente substituíveis reduz os custos do produtor, porque uma marca global de óleos lubrificantes necessitaria de vários fornecedores regionais de óleos básicos, cada um com sua própria marca. Por outro lado, na perspectiva da Chevron, um fornecedor com um quadro global de óleos básicos tecnicamente substituíveis pode reduzir os custos de formulação e aumentar a garantia de suprimento, simplificando toda a cadeia de suprimento. Perspectivas para o Grupo III Voltando à apresentação de Amy Claxton, ela afirma que os requisitos da especificação ILSAC GF-6/SP aumentarão a demanda de básicos de Grupo III, em algum momento, facilitando o consumo do excesso de oferta que hoje predomina para básicos de qualidade premium. Com a definição de níveis de qualidade mais rigorosos da GF-6, a produção de Grupo III irá diminuir por volta de 2017, já que os requisitos exigidos para o índice de viscosidade do óleo básico empurram para baixo os percentuais de rendimento dos processos produtivos.

Fev

Jan 14

Dez

Nov

Out

Set

Ago

Jul

Jun

Maio

Abril

3

Mar 13

USD/GAL

Base Oils (US) spot SN 150 vs upstream

Fonte: ICIS pricing

Base oil (US) low sulphur vacuum gasoil spot

Com as mudanças críticas e numerosas acontecendo nas regulamentações de desempenho e de emissões entre 2016 e 2020, o ano de 2014 e provavelmente também 2015 apresentam menor probabilidade de um desenvolvimento dito “normal” do que as mudanças potencialmente sistêmicas nos mercados de óleos básicos global e das Américas. O comportamento do mercado norte-americano Um olhar mais cuidadoso sobre o que está acontecendo no mercado norte-americano até agora, em 2014, nos mostra os preços dos óleos básicos pulando para cima e para baixo no primeiro trimestre. Após uma queda de 10 a 30 centavos por galão – dependendo do produtor e do grau de viscosidade – em janeiro, os preços dos óleos básicos parafínicos saltaram novamente em março. A Chevron anunciou que aumentaria os preços publicados do Grupo II a partir de 5 de março, dirigindo a atenção do mercado para a tensão das estreitas margens de óleos básicos provocadas pelos altos custos do gasóleo de vácuo (VGO). Houve então um aumento do preço do óleo básico de baixa viscosidade (grau 100) em 30 centavos por galão, e repetiu-se esse mesmo aumento para os graus de média viscosidade. O aumento do preço do óleo mais pesado (grau 600) foi de 25 centavos por galão. Em meados de março, outros produtores de parafínicos ainda tinham que confirmar aumentos em seus preços de óleos básicos. “Nós espera23


A Refinaria de San Joaquin (SJR) aumentou os preços de enNenhuma planejada para 2014 trega de seus materiais da costa Ergon oeste entre 10 e 25 centavos por Aprox.40-45 dias Início de fev. Cross galão, no início de março, remoUma semana Meados de março Calumet vendo os TVAs onde aplicáveis. Reinicia 8 de março Início 22 fev. Ref.San Joaquin A empresa Calumet também aumentou seus preços de óleos Parada para manutenção nas plantas de básicos naftênicos básicos naftênicos em 15 centavos de galão, a mos que outros também anunciem aumentos, mas partir de 14 de março, enquanto a Nynas indicou achamos que podem ser um pouco lentos em fazê- ter movido seus preços para cima nessa mesma -lo”, comentou um produtor de básicos. Ainda em proporção, mas avaliando caso a caso, a partir da março, os fundamentos de oferta e demanda con- semana de 15 de março. Já a Cross Oil elevou os tinuaram a ser descritos como grandes do lado da preços de seu quadro de óleos naftênicos entre 15 oferta, particularmente para os graus leves e mais e 25 centavos de galão a partir de 14 de março. O ainda para os do Grupo II. último aumento de preços dos óleos naftênicos tiA situação que permeia no mercado norte-ame- nha ocorrido em julho de 2013, tendo os preços se ricano continua entre a necessidade dos provedores mantido estáveis desde então. de melhorar suas margens e uma oferta prontamenUm fraco equilíbrio dos fundamentos da lei de te disponível dos diversos graus de óleos básicos. oferta & demanda deu suporte aos aumentos do O gráfico que segue mostra a variação de pre- primeiro trimestre de 2014, com a oferta sendo afeços dos óleos básicos SN150 comparados com a tada por uma série de paradas para manutenção volatilidade do gasóleo de vácuo da refinaria. periódica. O quadro acima mostra os períodos de manutenção das plantas, confirmados pelos produA situação dos naftênicos tores americanos de óleos naftênicos. Produtor de Naftênico

Período

Duração provável

Com relação aos óleos naftênicos, a empresa Ergon confirmou aumentos de preços, a partir de 14 de março, de 15 centavos por galão em seus produtos, com variações, dependendo do grau de viscosidade e/ou da retirada temporária de descontos (TVA).

24

Judith Taylor é Editora Sênior da ICIS responsável

pelo

mercado

petroquímico

incluindo óleos básicos. Especialista em dinâmica de preços e logística.


S.M.S.

S.M.S.

SAÚDE - MEIO AMBIENTE - SEGURANÇA

Uma Integração Estratégica

GESTÃO DE SAÚDE E COMPETITIVIDADE Por: Newton Richa

Em recente reportagem publicada em O Globo, o Brasil aparece na 25ª colocação no ranking de competitividade, não obstante ocupar a 7ª posição entre as maiores economias do mundo. Isso significa que há muito a ser melhorado no sistema produtivo brasileiro e faz emergir a seguinte questão: o que pode fazer cada segmento da sociedade para melhorar a competitividade brasileira e promover o desenvolvimento social e econômico? Na perspectiva de gestão da saúde da população,há muito a contribuir, uma vez que o que se pratica no país é, essencialmente, gestão da doença. Para superar as deficiências, são sugeridos três passos fundamentais: 1 - Compreender a saúde da população como recurso essencial para a competitividade

econômica e, ao mesmo tempo, objetivo primordial do desenvolvimento social e econômico: Nesse contexto, a União Europeia adotou a abordagem estratégica “Juntos pela Saúde” (Together for Health), como base da gestão de saúde no período 2008-2013, em virtude da convicção de que saúde é um atributo central na vida das pessoas e deve ser assegurada por políticas e ações intersetoriais nos Estados-Membros. O artigo 152 do Tratado da Comunidade Europeia estabelece que “alto nível de proteção à saúde humana deve ser assegurado na definição e implementação de todas as políticas e atividades da Comunidade, tendo como referência as relações entre saúde e prosperidade econômica”. No desenvolvimento da estratégia Juntos pela Saúde, os problemas de saúde foram 25


S.M.S.

22

integrados a todas as políticas da UE, com o propósito de melhorar a saúde global e colocar o foco na promoção da saúde e na melhoria da informação em saúde, segundo uma perspectiva de longo prazo. A Política de Saúde da UE contemplou a aquisição das competências pessoais necessárias à proteção da própria saúde, definindo a alfabetização em saúde como o desenvolvimento de habilidades para ler, selecionar e compreender as informações de saúde, para estar apto a fazer julgamentos fundamentados.Tal política estabelece que “Saúde é a Maior Riqueza” e enfatiza sua importância para o bem-estar das pessoas. Assinala também que uma população saudável é um pré-requisito para a produtividade econômica e a prosperidade.

medidas capazes de proteger coletividades contra um agente específico, visando evitar que este cause doença ou lesão. Ex: enclausuramento de uma fonte de ruído, blindagem de fonte radioativa e vacinação antitetânica.

2 - Aprender a fazer gestão da saúde: O modelo clássico de gestão de saúde proposto por Leavell & Clark hierarquiza as ações no campo da Saúde em cinco níveis:

3º Diagnóstico precoce e pronta intervenção: compreende medidas utilizadas para diagnosticar a doença na fase mais precoce possível para evitar seu agravamento; evitar a contaminação de terceiros, se a doença for transmissível; e restabelecer, no prazo mais curto possível, as condições de saúde. Um exemplo de atuação neste nível é o exame médico periódico.

1º Medidas preventivas gerais: Compreendem medidas capazes de proteger a população contra vários agentes de doenças e lesões, contribuindo para aumentar o bem-estar e melhorar os níveis de saúde. Ex: condições adequadas de saneamento básico, nutrição, moradia, trabalho, transporte, recreação, educação e aconselhamento em saúde. 2º Medidas preventivas específicas: Complementam as primeiras e correspondem a

A conformidade com os requisitos de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) nos projetos de novas instalações e novos processos deve estar incorporada às Medidas Preventivas Gerais e Específicas, que são estabelecidas antes da ocorrência das doenças e lesões. A ênfase nessas ações é essencial para a melhoria dos níveis de saúde da população, porque eliminam ou reduzem o risco de doenças e lesões, por atuarem nas suas causas.

4º Limitação do dano: Consiste no tratamento clínico ou cirúrgico para evitar o agravamento de lesões e de doenças para estágios avançados, bem como na aplicação de primeiros socorros para manutenção da vida e prevenção de complicações nas emergências médicas.

1 - Medidas preventivas gerais 2 - Medidas preventivas específicas Desafio

3 - Diagnóstico precoce e pronta intervenção 4 - Limitação do dano 5 - Reabilitação

Figura 01- Da gestão da doença para a gestão da saúde

26

Empregados e dependentes

Médicos, clínicas, hospitais, serviços de diagnóstico e serviços de tratamento


S.M.S. 5º Reabilitação: Visa à reintegração do trabalhador ao efetivo produtivo da população. É executada após a estabilização das alterações anatômicas e fisiológicas decorrentes da doença ou lesão que provocou incapacidade permanente. A percepção distorcida da saúde prevalente no país tem levado as autoridades a aplicarem os recursos principalmente nos níveis de limitação do dano e reabilitação, na tentativa de atenuar os efeitos adversos, sem tocar em suas causas. O desafio a ser superado por todas as instituições brasileiras consiste no desenvolvimento de medidas preventivas gerais e específicas, bem como na ampliação das atividades de diagnóstico precoce e pronta intervenção, para assegurar efetividade na eliminação ou redução do risco de adoecimento. A figura 01 retrata a lacuna que deve ser superada para viabilizar a boa prática de gestão de saúde no país. Nessa perspectiva, desenvolver as medidas de prevenção gerais, as medidas de prevenção específicas e ampliar o diagnóstico precoce e a pronta intervenção devem constituir prioridade para todas as instituições brasileiras. 3 - Implementar Programas de Gestão de Saúde: O modelo de Programa de Gestão de Saúde no Trabalho exposto a seguir está fundamentado em três diretrizes: (1) Criterioso cumprimento da legislação e adoção das melhores práticas; (2) Efetiva parceria com autoridades sanitárias locais e com os profissionais (médicos, enfermeiros, dentistas e assistentes sociais) e com os serviços de diagnóstico e de tratamento credenciados; e (3) Forte relação de confiança com gerentes, líderes de equipes e trabalhadores em geral. As atividades de saúde abrangem: exames médicos ocupacionais baseados no exame clínico criterioso(anamnese e exame físico); exames complementares de qualidade; monitoramento de grupos migratórios para evitar a disseminação de endemias; prevenção e controle da dengue, em articulação com as autoridades sanitárias; execução das vacinações prescritas pelo Ministério da Saúde; exigência de frequência integral no curso

de Qualificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde - SMS; o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) e o certificado de frequência integral no treinamento de SMS constituem pré-requisitos para a contratação pelo Órgão de Pessoal; os candidatos contraindicados pelo exame médico de admissão são aproveitados em outros cargos, sempre que possível. Outras atividades de saúde compreendem: treinamento dos trabalhadores em primeiros socorros;distribuição e manutenção de caixas de primeiros socorros nas frentes de trabalho, alojamentos e viaturas da obra; inspeções de saúde nas frentes de trabalho, cozinhas, refeitórios e alojamentos;registro de todos os eventos relacionados com a saúde e integridade física dos trabalhadores da empresa; acompanhamento das atividades de saúde nas empresas contratadas;identificação e controle dos trabalhadores hipertensos, diabéticos e portadores de doenças que podem predispor a acidentes ou serem agravadas pelas condições de trabalho; e elaboração de Relatório Mensal de Atividades de Saúde, contendo indicadores de saúde pró-ativos e reativos. O desenvolvimento criterioso de Programas de Gestão de Saúde no Trabalho contribuem na melhoria do clima organizacional, na prevenção de perdas em geral e no aumento da produtividade coletiva, fortalecendo a convicção de que cada brasileiro mais saudável faz o Brasil mais competitivo. É preciso ter em mente que os níveis de saúde das populações só se elevam na medida em que se reduz, em massa, o risco de doenças e lesões, por meio das medidas preventivas gerais e específicas acima descritas.

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Newton Richa é Médico do Trabalho Professor dos Cursos de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Engenharia de Manutenção da UFRJ

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O mercado em foco LUBES EM FOCO apresenta os números do mercado brasileiro de lubrificantes referentes ao ano de 2013, fruto de pesquisa realizada pela Agência Virtual junto aos principais agentes do mercado e órgãos legisladores. As dificuldades para uma precisão continuam a existir, uma vez que ainda não há uma consolidação dos números dos pequenos produtores.

O mercado brasileiro de lubrificantes no ano de 2013 Mercado Total Óleos Lubrificantes 1.520.000 m3 1.486.035 m3 912.339 m3 573.696 m3

Produção Local: Automotivos: Industriais:

33.965 m3

Venda de Óleos Básicos:

Mercado Total Graxas

1.490.495 m3

Óleos Básicos: Mercado Total Produção Local: Refinarias: Rerrefino:

957.985 m3 689.215 m3 268.770 m3

Importação: Exportação:

601.555 m3 69.045 m3

Fonte: ANP, Aliceweb, Sindicom, Petrobras, Pesquisa Lubes em Foco

56.037 t

Obs: Os óleos de transmissão e de engrenagens estão incluídos no grupo dos industriais

* Não considerados óleos brancos, isolantes e a classificação “outros”.

Mercado SINDICOM1 •Comparativo 2014/2013 por região (período jan-mar) Mil m3

Total de lubrificantes por região

Mil m3

150 Análise comparativa por produtos

2013 2014

270

147.197

135

2013 2014

120

240 210

150.066

216.705

105

210.088

180

90

150

75

120

60

30

11.504

0

GRAXAS (t)

60

78.265

59.441

57.308

45

80.357

INDUSTRIAIS

AUTOMOTIVOS

90

44.584

30.097 22.285

15 10.651

0

SUL

SUDESTE

Mil m3

2013 2014

96.158

CENTRO OESTE

2013 2014

48 100

48.621

50.208

40

92.069

80

32

60

24

45.150

43.166

40

34.060

20

17.776

SUL

SUDESTE

16

33.531 23.560

23.740

17.582

NORTE

NORDESTE

CENTRO OESTE

8 0

11.692

11.846 8.933 3.873 SUL

SUDESTE

9.394 5.147

4.191

NORTE

1. O SINDICOM é composto pelas seguintes empresas: Ale, BR, Castrol , Chevron, Cosan, Ipiranga, Petronas, Shell, Total e YPF.

28

NORDESTE

56

120

0

NORTE

64

140

29.838

22.416

Lubrificantes industriais por região

Lubrificantes automotivos por região

Mil m3

44.337

30

NORDESTE

4.718

CENTRO OESTE


Mercado de Lubrificantes em 2013 (m3)

18,1%

20,5%

1,6% 1,8% 2,9%

13,7%

7,3%

9,7%

13,4% 11%

BR Ipiranga Mobil Shell Chevron Petronas Castrol YPF Total Lubrif. outros

Mercado de Graxas 2013 (t)

7,4%

18,4%

8,7% 10,0% 17,4% 10,7% 12,5%

BR Chevron Ipiranga Petronas Ingrax Cosan/Mobil Shell Outros

15,0%

NOTA: Os dados de mercado correspondentes a anos anteriores podem ainda ser encontrados no site da revista, no endereรงo www.lubes.com.br, no item do menu SERVIร OS / MERCADO.

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Programação de Eventos Internacionais Data

Evento

2014 Maio, 18 a 22

69th STLE Annual Meeting & Exhibition – Florida – EUA: www.stle.org/events/annual/details.aspx

Junho, 14 a 17

NLGI Annual Meeting – Florida – EUA: www.nlgi.org

Outubro, 20 a 23

SAE 2014 International Powertrain, Fuels & Lubricants Meeting – Birmingham – Inglaterra: www.sae.org/events

Nacionais Data

Evento

2014 Maio, 6 a 7

5º Seminário de Laboratório – Rio de Janeiro – RJ – www.seminariolaboratorio.com.br

Setembro, 15 a 18

Rio Oil & Gas – Rio de Janeiro – RJ – www.ibp.org.br

Setembro, 29 a 3 de outubro

29º Congresso Brasileiro de Manutenção – Santos – SP – www.abraman.org.br

Cursos Data

Evento

2014 Setembro

Lubrificantes e Lubrificação – São Paulo – SP : www.ibp.org.br/cursos

Se você tem algum evento relevante na área de lubrificantes para registrar neste espaço, favor enviar detalhes para comercial@lubes.com.br, e, dentro do possível, ele será veiculado na próxima edição.

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RESERVE A DATA!

15 a 18 de setembro de 2014 • Rio de Janeiro - Brasil

Clube de Ideias

10/12

2014 mais informações:

www.riooilgas.com.br organização e realização:


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