ANATOMIA VETERINÁRIA DE BOLSO

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ANATOMIA VETERINÁRIA DE BOLSO Leonardo Martins Leal

São Paulo – 2021


EDITOR E AUTOR

Leonardo Martins Leal

Médico Veterinário graduado pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV- UNESP de Jaboticabal-SP (2009) com aprimoramento em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Pequenos Animais também por essa instituição (2011). Mestre (2013) e Doutor em Cirurgia Veterinária pela FCAV - Unesp de Jaboticabal-SP (2015). Professor Adjunto do Centro Universitário Ingá - UNINGÁ – Maringá-PR, onde ministra aulas de Técnica Cirúrgica, Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais e Anatomia Cirúrgica de Pequenos Animais. Coordenador do Programa de Aprimoramento em Medicina Veterinária da UNINGÁ e responsável pelo setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais da Clínica Veterinária UNINGÁ.


AUTORES Tais Harumi de Castro Sasahara Médica Veterinária graduada pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Mestre e doutora em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). Atualmente é docente da FMVZ-USP.

Leandro Luís Martins Possui Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis-SP (2005). Mestre em Cirurgia Veterinária (Anatomia Animal) na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal-SP (2009). Doutor em Cirurgia Veterinária (Anatomia Animal) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal-SP. Atualmente docente das disciplinas: Anatomia dos Animais Domésticos para o curso de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Paraná-PR.

Sérgio Pinter Garcia Filho Médico Veterinário graduado pelo Centro Universitário Moura Lacerda (Ribeirão Preto/SP). Mestre e Doutor em Cirurgia Veterinária pela UNESP – Jaboticabal-SP com ênfase em Anatomia Animal. Atualmente docente do Centro Universitário Ingá- UNINGÁ.

Juliana Massitel Curti Médica Veterinária graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Residência em Clínica Médica, Cirúrgica e Reprodução de Grandes Animais (UEL). Mestre e doutoranda em Ciência Animal (UEL). Atualmente é docente do Centro Universitário Ingá- UNINGÁ.


XVI  Anatomia Veterinária de Bolso

Lizandra Amoroso Médica Veterinária Graduada pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – FCAV - UNESP de Jaboticabal-SP. Mestrado, Doutorado e Pós-doc em Zootecnia pela mesma instituição. Docente na área de Anatomia do Departamento de Morfologia e Fisiologia da FCAV - UNESP de Jaboticabal-SP. Experiência nas áreas de Morfologia, obesidade e biologia óssea.

Revisora Técnica e Autora

Márcia Rita Fernandes Machado Médica Veterinária graduada pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCAV - UNESP) em 1979. Mestrado em Anatomia dos Animais Domésticos pela Universidade de São Paulo (1992). Doutorado em Anatomia dos Animais Domésticos pela Universidade de São Paulo (1995); Livre Docente em Anatomia dos Animais Domésticos, mediante a realização de concurso entre os dias 28 e 30 de junho de 2002, na FCAV –UNESP em 2002. Professora Titular em Anatomia dos Animais Domésticos, mediante realização de concurso em 29 e 30 de outubro de 2015 na FCAV – UNESP. Docente responsável pelas disciplinas de Anatomia dos Cursos de Graduação em Medicina Veterinária, Zootecnia e Agronomia, além de ministrar disciplinas e orientar junto aos Programas de PósGraduação em Cirurgia, Medicina Veterinária e Zootecnia - Produção Animal da FCAV – UNESP. Atualmente é docente aposentada pela FCAV – UNESP.

Revisora Ortográfica

Marjory Garcia de Oliveira Licenciada em Língua Inglesa e Bacharel em tradução pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Médica Veterinária graduada pela Unicesumar, Maringá-PR. Aprimoramento em Clínica Médica de Pequenos Animais pelo Centro Universitário Ingá - Uningá. Atualmente médica veterinária, revisora de textos e tradutora autônoma.


CONTEÚDO CAPÍTULO 1

Planos e Direção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 2

Sistema Esquelético – Osteologia. . . . . . . . . . . . . . . . 5 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 3

Sistema Esquelético – Artrologia. . . . . . . . . . . . . . . .25 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 4

Sistema Muscular - Miologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 5

Sistema Cardiovascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Leonardo Martins Leal Márcia Rita Fernandes Machado CAPÍTULO 6

Sistema Linfático. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 7

Sistema Respiratório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 8

Sistema Digestório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Leonardo Martins Leal Juliana Massitel Curti


XX  Anatomia Veterinária de Bolso

CAPÍTULO 9

Sistema Urinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Leandro Luís Martins Sérgio Pinter Garcia Filho CAPÍTULO 10

Sistema Genital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Leonardo Martins Leal CAPÍTULO 11

Sistema Endócrino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Taís Harumi de Castro Sasahara CAPÍTULO 12

Sistema Nervoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Tais Harumi de Castro Sasahara CAPÍTULO 13

Órgãos dos Sentidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 Tais Harumi de Castro Sasahara CAPÍTULO 14

Tegumento Comum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Tais Harumi de Castro Sasahara CAPÍTULO 15

Anatomia das Aves. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 Lizandra Amoroso


CAPÍTULO 1

PLANOS E DIREÇÃO Leonardo Martins Leal Preliminarmente ao início dos estudos em Anatomia Veterinária, é fundamental se conhecer os planos anatômicos, que permitem a identificação do posicionamento e do direcionamento dos diversos órgãos e elementos que compõem o organismo animal. Essa nomenclatura baseia-se em uma posição anatômica ortostática padronizada, que em quadrúpedes é aquela na qual o animal permanece em estação, com os quatro membros apoiados no solo e olhar para o horizonte. A partir dessa posição, são determinados os planos de secção que dividem o corpo animal (horizontal, vertical e transversalmente) em duas metades. Os planos usualmente abordados na medicina veterinária são: plano mediano, plano dorsal e plano transversal (Figura 1.1 e Quadro 1.1).

diano

Plano me

Pla trans no versa l

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Plano do

Figura 1.1 Planos de secção: mediano, transversal e dorsal, no equino em posição ortostática.


CAPÍTULO 2

SISTEMA ESQUELÉTICO – OSTEOLOGIA Leonardo Martins Leal O sistema esquelético é formado pelos ossos e articulações. Neste capítulo serão estudados os ossos (osteologia). Os ossos são órgãos duros e resistentes que possuem importantes funções, dentre as quais, sustentam o corpo; fornecem o sistema de alavancas para a locomoção; protegem os tecidos moles; apresentam reservas de cálcio e outros íons e, ainda, devido à função da medula óssea, os ossos podem ser considerados órgãos hematopoiéticos. Os ossos podem ser classificados de diferentes maneiras e, mediante sua forma, os ossos são descritos como: longos, curtos, planos, sesamoides, pneumáticos, viscerais (esplâncnico) e irregulares (Quadro 2.1). Quadro 2.1 Classificação dos ossos mediante sua forma. Classificação

Descrição

Exemplos

Longo

Típico dos membros, possui aspecto cilíndrico e seu eixo longitudinal é maior que seu eixo transversal

Úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, metacarpos, metatarsos e falanges

Curto

Possui aspecto “cuboide”, as dimensões de seus eixos são similares

Ossos do carpo e do tarso

Plano

É um osso achatado

Escápula, ossos da pelve e grande parte dos ossos do crânio

Sesamoide

É formado junto a tendões musculares

Patela, fabela e sesamoides metacapofalangeanos

Pneumático

Possui aeração em seu interior

Maxila e frontal

Visceral

Desenvolve-se em órgãos moles

Osso peniano do cão e gato e osso cardíaco em ruminantes

Irregular

Não possui forma definida que se encaixe nas classificações anteriormente descritas

Vértebras, ossículos do ouvido e temporal


CAPÍTULO 3

SISTEMA ESQUELÉTICO – ARTROLOGIA Leonardo Martins Leal As articulações são dispositivos naturais que fazem a conexão de dois ou mais ossos, com ou sem movimento entre eles. As articulações são classificadas em: fibrosas, cartilaginosas e sinoviais, embora, há algum tempo, as articulações eram classificadas em sinartroses, quando não possuíam movimento; anfiartroses na presença de movimentos limitados e em diartroses, quanto possuíam muito movimento. Sinostose é o termo usado para classificar as articulações em que há calcificação entre os ossos, mesmo que eles tenham formações independentes na vida embrionária, como ocorre com os metatarsos do bovino. As articulações fibrosas são caracterizadas pela presença de tecido conjuntivo denso entre os ossos que as compõem, o que garante pouco ou nenhum movimento entre eles e são denominadas de: sutura, gonfose e sindesmose. As suturas são observadas entre os principais ossos do crânio e podem ser: planas (bordas articulares retilíneas, por exemplo, articulação (art.) internasal); escamosas (bordas articulares em bisel com certo desnível, por exemplo, art. temporoparietal), serreadas (bordas articulares denteadas, por exemplo, art. interparietal), folhosa (bordas articulares que se intercalam à semelhança de folhas de livros; específica entre osso nasal e osso rostral dos suínos), esquindilese (borda articular em forma de gota, específica entre o osso etmoide e o osso vômer). A gonfose é vista na junção entre raiz do dente e alvéolo. A sindesmose é realizada pela união dos ossos por ligamentos de tecido conjuntivo, como visto entre rádio e ulna do cão (Figura 3.1). As articulações cartilaginosas possuem movimento intermediário, permitido pela presença de cartilagem entre a junção dos ossos. Este tipo de articulação é observado na sínfise pélvica (Figura 3.2) e sínfise mandibular de algumas espécies domésticas; na articulação entre a base do crânio e o osso hioide e nas articulações entre os corpos vertebrais, representados pelos discos intervertebrais. Os discos intervertebrais são formados por uma região central denominada núcleo pulposo, envoltas por um anel fibroso com fibras cartilaginosas. As articulações cartilaginosas também são


CAPÍTULO 4

SISTEMA MUSCULAR - MIOLOGIA Leonardo Martins Leal Miologia é o ramo da anatomia que estuda os músculos. Os músculos são órgãos capazes de realizar contração quando estimulados. Embora a localização dos músculos junto ao esqueleto seja popularmente conhecida, eles também estão distribuídos por todo o corpo, incluindo o coração, vasos sanguíneos e vísceras. Além das funções claramente observadas de movimentação do esqueleto e estabilização das articulações, os músculos também são responsáveis por: (1) produção de calor, uma vez que sua contração libera calor que é usado na manutenção da temperatura corporal; (2) regulação do volume visceral, a contração muscular pode impedir a saída do conteúdo de órgãos ocos; (3) movimento de substâncias dentro do organismo, pela contração dos músculos presentes na parede dos vasos sanguíneos e de órgãos tubulares, como esôfago, intestinos e uretra; além da (4) proteção mecânica das vísceras.

TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES No organismo é possível identificar três variedades de tecido muscular: (1) o músculo estriado esquelético, presente próximo ao esqueleto e à pele, é o único que permite contrações voluntárias; (2) o músculo estriado cardíaco, localizado exclusivamente no coração, possui contrações involuntárias; e (3) os músculos lisos, encontrados nas vísceras e vasos sanguíneos e que também possuem movimentos involuntários. Microscopicamente, o músculo estriado esquelético é multinucleado e apresenta seus núcleos na periferia da célula. Ademais, possui arranjo simétrico de suas proteínas formadoras das fibras musculares, o qual propicia o aparecimento de estrias; o músculo estriado cardíaco também possui simetria na arrumação proteica, todavia, possui apenas um ou dois núcleos centralizados; e o músculo liso, que apresenta apenas um núcleo centralizado na célula, no entanto, não possui simetria das proteínas como nos músculos estriados. Neste capítulo, os músculos estriados esqueléticos terão melhor detalhamento, uma vez que os músculos lisos e estriado cardíaco serão descritos nos capítulos que competem aos órgãos que os possuem.


CAPÍTULO 5

SISTEMA CARDIOVASCULAR Leonardo Martins Leal Márcia Rita Fernandes Machado O coração e os vasos constituem o sistema cardiovascular. O coração funciona como uma bomba que empurra o sangue através dos vasos para os órgãos, tecidos e células do corpo. O sangue é fundamental à vida; constituído por plasma, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas; tem a capacidade de carrear para todo o organismo inúmeros produtos como: oxigênio, nutrientes, células responsáveis pela imunidade, hormônios, eletrólitos, além de remover os resíduos provenientes do metabolismo celular. Ademais, o sangue é precursor do leite e da urina. O sangue é transportado do coração para todo o corpo através de uma rede complexa de artérias, arteríolas e capilares, sendo drenado e devolvido ao coração através das vênulas e veias. O sistema cardiovascular auxilia ainda na termorregulação do animal, mediante sua capacidade de vasoconstrição ou vasodilatação periférica. Os vasos linfáticos também integram o sistema cardiovascular, todavia, nesta obra, serão abordados juntamente com os órgãos linfáticos, em capítulo específico (Capítulo 6 – Sistema Linfático).

ESTABELECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR NO ORGANISMO Após a fecundação (na tuba uterina), o ovo ou zigoto, em seu percurso até o útero, necessita de nutrientes para a sobrevivência e como ainda não tem seus sistemas orgânicos formados, se nutre por embebição (processo de absorção, como uma esponja colocada na água). Assim, durante seu trajeto em direção ao útero, o ovo absorve nutrientes secretados por glândulas da tuba uterina; ao chegar no útero ocorre a implantação ou nidação, isto é, a fixação do ovo na parede uterina. Neste local, a parede uterina é destruída e o ovo passa a se alimentar de restos celulares do sangue extravasado, mediante processo de difusão. Com o desenvolvimento do ovo e a formação do embrião, a nutrição passa a ser realizada temporariamente pelo saco vitelino por meio da circulação vitelínica. Com o desenvolvimento embrionário


CAPÍTULO 6

SISTEMA LINFÁTICO Leonardo Martins Leal Além do sistema cardiovascular, que faz a circulação do sangue, o corpo possui outro sistema de fluxo de líquidos por vasos: o sistema linfático, que é um sistema de retorno, coadjuvante as veias. O sistema linfático compreende um conjunto de órgãos linfoides, tecidos, vasos e ductos, que se distribuem por todo o corpo, cujas principais funções são: produzir e amadurecer as células de defesa do organismo; drenar e filtrar o líquido e micropartículas que os capilares venosos não conseguiram captar, encaminhando essa drenagem para a corrente sanguínea. O sistema linfático é formado por vasos linfáticos, linfa e órgãos linfoides. Os vasos linfáticos são responsáveis em transportar a linfa dos tecidos orgânicos para a corrente sanguínea. A linfa é produto do líquido intersticial que as veias não drenaram. Pelo fato dos vasos linfáticos não carregarem hemácias, a linfa, macroscopicamente, apresenta-se transparente, translúcida ou pálida. Os órgãos linfoides por sua vez estão relacionados à defesa imunológica, protegendo o organismo de macromoléculas endógenas anormais e exógenas, bem como vírus, bactérias e outros microrganismos invasores.

VASOS LINFÁTICOS Os vasos linfáticos se formam a partir de tecidos dos quais eles fazem a drenagem. Diferentemente dos vasos sanguíneos, que formam um ciclo fechado entre si e o coração, os vasos linfáticos se iniciam nos tecidos em fundo cego e recolhem a fração do líquido intersticial, além de proteínas e outras moléculas grandes, incapazes de adentrar nos capilares sanguíneos venosos menos permeáveis (Figura 6.1). A maior permeabilidade dos capilares linfáticos também lhes permite transportar material particulado, inclusive microrganismos ocasionais. Os pequenos vasos linfáticos se confluem em vasos linfáticos maiores que se assemelham morfologicamente às veias, especialmente por possuírem valvas em seu interior. Os vasos maiores seguem trajetos independentes, já os menores, geralmente


CAPÍTULO 7

SISTEMA RESPIRATÓRIO Leonardo Martins Leal O sistema respiratório é formado por um conjunto de órgãos que agem, direta ou indiretamente, no processo de troca gasosa (hematose), oferecendo oxigênio e eliminando gás carbônico. Além disso, o sistema respiratório participa da fonação, olfação, controle da temperatura corpórea e equilíbrio acidobásico do organismo. Didaticamente, o sistema respiratório pode ser apresentado da seguinte forma: (1) porção condutora, que dirige e prepara o ar do meio externo ao pulmão, passando pelo focinho, cavidade nasal, seios paranasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios principais; (2) porção respiratória, representada pelos pulmões, que realizam as trocas gasosas; tudo isso auxiliado por estruturas anexas que atuam especialmente nos movimentos respiratórios.

PORÇÃO CONDUTORA Nariz externo ou focinho O nariz externo é responsável pela entrada do ar externo no organismo, e embora comumente encontrado com essa denominação em diversas citações literárias, devido à analogia com a anatomia humana, o termo focinho pode ser melhor aplicado para determinar este órgão nos animais domésticos. O focinho dos animais domésticos é variável nas diferentes espécies. De forma geral, é composto internamente por cartilagens que lhe conferem um aspecto flexível e, com exceção dos equinos, externamente possui tegumento glabro (desprovido de pelos) especializado e diferenciado da pele. Nos equinos, a região externa possui pelos semelhantes à pele, internamente apresentam uma cartilagem alar em forma de vírgula que lhes confere a separação da narina em: ventral (narina verdadeira), que conduz o ar até a cavidade nasal, e dorsal (narina falsa) que leva a um divertículo de fundo cego. O nariz externo dos equinos e dos ruminantes, por possuírem uma extensão com o lábio superior, classifica-se como plano nasolabial. Nos cães e nos pequenos ruminantes, o focinho é bem delimitado e separado do lábio, com isso, é caracterizado como plano nasal. Por fim, os suínos, que apresentam focinho circular e projetado rostralmente, recebem a denominação de plano rostral (Figura 7.1).


CAPÍTULO 8

SISTEMA DIGESTÓRIO Leonardo Martins Leal Juliana Massitel Curti O sistema digestório é formado por um conjunto de órgãos responsáveis pela preensão, trituração, digestão e absorção de líquidos e de substâncias provenientes dos alimentos, bem como da eliminação de resíduos não absorvidos. Didaticamente, o sistema digestório pode ser agrupado em: tubo alimentar, representado pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos e ânus; além de glândulas anexas, que correspondem as glândulas salivares, fígado e pâncreas.

TUBO ALIMENTAR Boca A boca é formada pelos lábios, vestíbulo e cavidade oral. Os lábios, posicionados na região mais rostral da face, são responsáveis, junto com os dentes incisivos e a língua, pela preensão e manutenção do alimento dentro da cavidade oral. Há particularidades adaptativas entre os lábios dos mamíferos domésticos de acordo com o tipo de alimento que ingerem. Os equinos possuem lábios móveis e sensíveis. Nos suínos e nos ruminantes, o lábio superior é modificado para formar a extensa placa nasolabial que é úmida e glandular no boi e característica formando o disco rostral no porco. Os felinos apresentam lábios pequenos e pouco móveis. Os cães e os pequenos ruminantes possuem um sulco mediano no lábio superior, denominado filtro (vide Capítulo 7 – Sistema Respiratório). O vestíbulo corresponde ao espaço formado entre dentes e a parte interna dos lábios e das bochechas. Esta região também é adaptada para cada espécie, nos bovinos por exemplo, há papilas pontiagudas para proteger a mucosa oral desses animais devido à baixa seletividade alimentar que apresentam e a ocasional ingestão de alimentos duros. A cavidade oral é delimitada pelos dentes, língua, palato duro e palato mole. Os dentes atuam na preensão, laceração e trituração dos alimentos, além disso, também servem como “arma” de ataque


CAPÍTULO 9

SISTEMA URINÁRIO Leandro Luís Martins Sérgio Pinter Garcia Filho O sistema urinário tem como função manter o equilíbrio fisiológico do organismo, mediante a remoção de produtos residuais do sangue ao contribuir na regulação da composição do plasma, além de realizar algumas funções endócrinas. O sistema urinário é composto por um par de rins, os quais são responsáveis pela produção de urina a partir do sangue; os ureteres, que funcionam como canais condutores da urina; a vesícula urinária (bexiga), local onde a urina fica armazenada até a liberação para o meio exterior por meio de um tubo muscular, a uretra (Figura 9.1). Os

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Figura 9.1 Sistema urinário do cão. Vista ventral. Observa-se: 1-rim direito, 2-rim esquerdo, 3-ureter direito, 4-ureter esquerdo, 5-vesícula urinária (bexiga), 6-uretra.


CAPÍTULO 10

SISTEMA GENITAL Leonardo Martins Leal O sistema genital dos animais domésticos é composto por órgãos e elementos responsáveis pela reprodução e consequente perpetuação das espécies. Seus componentes localizam-se na cavidade abdominal, cavidade pélvica, região perineal e região inguinal.

SISTEMA GENITAL DO MACHO O sistema genital masculino é composto: (1) pelos testículos e seus envoltórios, que atuam na gametogênese e produção hormonal; (2) pelo pênis, órgão responsável pela cópula; e (3) glândulas genitais acessórias que se apresentam de forma variada entre as espécies domésticas e produzem o líquido seminal (Figura 10.1).

TESTÍCULOS Os testículos, em número de dois, são fisiologicamente localizados no escroto. Nos caninos, equinos e ruminantes, o escroto é mais pendular. Nos ruminantes, os testículos ficam verticais e localizam-se na região caudal do abdome. Nos equinos e caninos, os testículos ficam mais horizontalizados entre os membros pélvicos. Já nos suínos e felinos, o escroto é inclinado em direção ao ânus e os testículos encontram-se na região perineal. Alguns autores denominam a posição do testículo felino como subanal. Em todas as espécies domésticas, o testículo localiza-se externamente às cavidades corporais. � Anatomia clínico-cirúrgica: Clinicamente é comum identificar animais com testículos localizados no canal inguinal ou dentro da cavidade abdominal. Esta ocorrência é uma afecção congênita, denominada criptorquidismo, a qual possui características hereditárias.

Além do escroto (envoltório cutâneo externo), os testículos são envolvidos, da periferia à região mais central, pelos seguintes envoltórios: dartos, fáscia espermática externa, processo vaginal (fáscia espermática interna, lâmina parietal da túnica vaginal e lâmina visceral da túnica vaginal) e túnica albugínea. Junto ao processo vaginal (fáscia espermática interna), envolto pela fáscia espermática externa, encontra-se o músculo cremaster (Figura 10.2).


CAPÍTULO 11

SISTEMA ENDÓCRINO Taís Harumi de Castro Sasahara O sistema endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atua na coordenação e regulação das funções orgânicas. O sistema endócrino é formado por glândulas e tecidos característicos, ambos com função de elaborar substâncias especializadas para o organismo, os hormônios. Por não apresentam ductos, as glândulas e os tecidos endócrinos liberam os hormônios no sangue, na linfa ou nos fluidos teciduais para atingirem os órgãos alvos. Os hormônios são substâncias químicas que podem ser classificadas em: proteínas, glicoproteínas, polipeptídios, esteroides ou catecolaminas. Os órgãos alvos apresentam células com receptores. Cada receptor é específico para um determinado hormônio. As glândulas endócrinas são agrupadas em três categorias: (1) primárias, de natureza endócrina primária; (2) secundárias, que possuem combinação de função endócrina com outras funções e (3) terciárias, que apresentam funções primárias completamente distintas à produção hormonal. São glândulas endócrinas primárias: hipófise (pituitária), epífise (pineal), tireoide, paratireoides e glândulas adrenais; as secundárias são: pâncreas, testículos, ovários e placenta; e as terciárias: cérebro, rins, fígado, timo, coração e trato gastrintestinal. Por apresentarem funções primárias distintas, a anatomia das glândulas terciárias é apresentada nos capítulos correspondentes aos sistemas orgânicos as quais pertencem. Neste capítulo destacaremos as glândulas primárias e secundárias (Figura 11.1).

HIPÓFISE A hipófise é uma glândula que está ventral ao hipotálamo e localizada no interior da fossa hipofisária, ou sela túrcica (Figura 11.2). A dura-máter reveste a glândula, formando o diafragma da sela, que contém seios carvernosos. Esta glândula é dividida em: neuro-hipófise e adeno-hipófise, com funções distintas. A neuro-hipófise é uma projeção ventral do hipotálamo. A adeno-hipófise é formada pelo crescimento epitelial do teto da boca em desenvolvimento. Há uma parte intermediária que está em contato com a neuro-hipófise (Quadro 11.1).


CAPÍTULO 12

SISTEMA NERVOSO Tais Harumi de Castro Sasahara O sistema nervoso (SN) controla e coordena as funções de todos os sistemas orgânicos. Ele conecta os seres vivos com o meio ambiente ao receber, interpretar e desencadear uma resposta. Assim, a base funcional do sistema nervoso é formada pelo complexo estímulo -resposta e a base morfológica, pelo arco reflexo. São elementos sequenciais do arco reflexo: o receptor, o neurônio sensitivo, o SN central (neurônio de associação), o neurônio motor e o efetor (Figura 12.1).

RECEPTORES Os receptores captam um estímulo e o transformam em impulso nervoso. Os receptores são classificados em três tipos: exteroceptores, proprioceptores e visceroceptores. • Exteroceptores: São capazes de captar estímulos térmicos, mecânicos, sonoros, de luz, etc. Estão distribuídos por todo o corpo (gerais) e na cabeça (especiais), relacionados à audição e visão. • Proprioceptores: Os proprioceptores gerais estão localizados em músculos, tendões e articulações. Captam estímulos advindos destas estruturas, como o estiramento muscular, percebido pelos fusos neuromusculares e órgãos neurotendíneos. Os proprioceptores especiais fazem parte do sistema vestibular. Neurônio sensitivo

Receptor

Neurônio de associação

Efetor

Neurônio motor SNC

Figura 12.1 Esquema representativo do arco reflexo.


CAPÍTULO 13

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS Tais Harumi de Castro Sasahara

São órgãos dos sentidos aqueles especializados em captar estímulos e transmiti-los ao Sistema Nervoso Central (SNC) para gerar uma resposta fisiológica e comportamental. São eles: órgão da visão, órgão vestíbulo-coclear, órgão do olfato, órgão do paladar e pele. Estes órgãos possuem células especiais chamadas de receptores, cuja função é captar um estímulo e conduzi-lo ao SNC. Os receptores sensoriais podem ser classificados de acordo com a natureza ou local que captam os estímulos. De acordo com a natureza do estímulo captado, os receptores podem ser classificados em quatro tipos básicos: (1) químicos, (2) mecânicos, (3) térmicos e (4) de luz. Receptores químicos ou Quimiorreceptores: são receptores que captam estímulos químicos. Estão localizados na língua e no nariz e são responsáveis, respectivamente, pelos sentidos do paladar e do olfato. Receptores mecânicos ou Mecanorreceptores: são receptores que captam estímulos mecânicos, como a compressão ou o estiramento da pele e de órgãos internos. Existem dois tipos especiais desses receptores: os fonorreceptores, que captam variações na pressão do ar; e os estatorreceptores, que detectam a posição do corpo em relação à força de gravidade. Receptores térmicos ou Termorreceptores: são receptores que captam estímulos térmicos. Estão distribuídos por toda a pele, ligeiramente mais concentrados nas regiões da face, dos pés e das mãos. Receptores de luz ou Fotorreceptores: são receptores que captam estímulos luminosos. São encontrados nos olhos. Os receptores possuem a função de transdutores, porque convertem um tipo de energia em outro; por exemplo, um receptor térmico, localizado na pele, capta o estímulo quente ou frio e o converte em estímulo elétrico para ser conduzido ao SNC e gerar uma resposta.


CAPÍTULO 14

TEGUMENTO COMUM Tais Harumi de Castro Sasahara

Nos animais domésticos, o tegumento comum é formado pela pele e glândulas cutâneas, além de estruturas especializadas, tais como garras, cascos e cornos. A pele reveste externamente todo o corpo do animal e geralmente é recoberta por pelos. É o maior órgão dos mamíferos e desempenha as seguintes funções: proteção contra fatores mecânicos, químicos, físicos e biológicos que estão no ambiente; percepção, pois apresentam receptores para temperatura, pressão e dor; impermeabilização; termorregulação; defesa imunológica e comunicação.

Estrutura da pele A pele é formada por duas partes: a epiderme e a derme (Figura 14.1). A epiderme é superficial e renovada constantemente. É um epitélio escamoso estratificado queratinizado, formado por cinco camadas: camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida (presente em algumas regiões) e camada córnea. A epiderme é desprovida de vasos sanguíneos e linfáticos. Sua nutrição ocorre por difusão a partir da derme. A epiderme é mais espessa em locais sujeitos à abrasão, como nos coxins. A derme encontra-se logo abaixo da epiderme e é caracterizada por ser resistente e flexível. É rica em fibras colágenas e elásticas, sendo altamente vascularizada e inervada. Abriga os folículos pilosos, as glândulas sebáceas e sudoríparas. Na derme, é possível identificar também os receptores de sensação (vide Capítulo 13 – Órgãos do Sentido) Abaixo da derme, embora não faça parte da pele, encontra-se a tela subcutânea (hipoderme) (Figura 14.1). Ela é composta de tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. A sua presença varia nas diferentes regiões do corpo; sendo ausente onde a movimentação da pele é nula, como nas pálpebras e ampla na região dorsal de cães e gatos onde a pele é facilmente deslocada. Em suínos a tela subcutânea acumula grandes quantidades de gordura.


CAPÍTULO 15

ANATOMIA DAS AVES Lizandra Amoroso Neste capítulo serão abordados os aspectos gerais da anatomia das aves de importância comercial e veterinária.

SISTEMA TEGUMENTAR O sistema tegumentar das aves consiste em: pele, penas e anexos, estes tais como bico, garras, esporão, além de glândulas sebáceas. Em perus e faisões, o macho pode apresentar revestimento externo exuberante para chamar atenção da fêmea durante a corte.

Pele A pele é delgada, facilmente destacável, pouco vascularizada e de pigmentação variável de acordo com a espécie. Esse órgão costuma ser amarelado em poedeiras no início da produção, tornando-se pálido em poedeiras, devido ao sequestro de carotenoides para a formação da gema. Em algumas espécies há estruturas ornamentais, como as cristas, barbelas (Figura 15.1) e lobos auriculares, cujo revestimento dérmico é mais espesso e mais vascularizado que a pele de outras áreas para facilitar a perda de calor. A pele ao redor dos olhos é pigmentada e sem penas em algumas aves, como falcões e papagaios. �Observação: Após o desenvolvimento das penas as aves podem sofrer “muda” uma vez por ano, geralmente durante o período reprodutivo.

Anexos As garras são proeminências queratinizadas recurvadas localizadas na extremidade distal dos dedos. A porção dorsal cresce mais rapidamente que a ventral fazendo com que as garras tenham aspectos variáveis na sua curvatura. Aves aquáticas possuem garras pequenas, menos curvas e envolvidas com membranas interdigitais. Aves terrestres, como o pica-pau, têm garras acentuadamente curvas e pontiagudas o que possibilita o aumento da aderência ao substrato. Por outro lado, aves que usam os pés para capturar


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