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Outra noite, outra madrugada
Eu estava tão exausto, que apesar daquele assunto ser interessante, procurei terminar nosso diálogo, porque preferia descansar àquela hora. Recostei-me no assento e num instante adormeci. Ele compreendendo minha situação, procurou não me acordar também. Acordei quando a nave já tinha pousado em frente ao seu apartamento. Ele me tocou no ombro despertando-me. Apesar de eu ter quase só variado, durante aqueles instantes do sono, senti-me mais aliviado. Antes de entrar olhei o sol; este ia quase entrando. Assim que entramos, só esperei que ele me mandasse sentar. Ele falou com a esposa e o menino que nos aguardavam e eles entraram para os fundos. Fiquei sozinho. Pensei: Graças a Deus, daqui a instantes poderei dormir. Dali a instantes, ele voltou. Eu pedi: - Se não faz diferença, eu gostaria de ir dormir. - Mas espere, vamos fazer a refeição primeiro. - Obrigado, eu não tenho apetite. - Então, espere que vou lhe dar algo para tomar antes de ir dormir. - Este algo, eu descobri mais tarde, era o que me vinha sustentando desde que lá cheguei. Acorc trouxe-me um copo com um líquido escuro que tomei sem procurar saber, se era ruim de gosto. Ele me acompanhou até o quarto e me desejou bom repouso e retirou-se. Arrumei-me e num instante sem poder pensar em nada, adormeci. Acordei, não sei que horas da noite, com muita sede, tomei água e me deitei novamente. Dormi mais não sei quanto tempo. Quando acordei de novo, senti-me meio dolorido, calculei já deve estar próximo o dia. Levantei, preparei-me e fui saindo devagar do quarto. Olhei pela janela da frente, vi que ainda estava escuro. Pensei um pouco e
achei que voltar para a cama não tinha graça, pois não tinha mais sono. Não voltei para o quarto; vesti o capote de mangas e saí para a marquise (terraço). Apesar do capote, ainda sentia bastante frio. Fiquei ali até o sol largar os primeiros raios sobre o horizonte. Não creio que haja coisa mais bela feita pelas mãos do homem do que aquela cidade num amanhecer. Eu pensei: Se esta gente me deixasse levar uma fotografia desta cidade colorida, só com ela eu evitaria uma guerra atômica na Terra. - Plantado ali como estava, nem notei Acorc que se aproximou atrás de mim dizendo: - Bom-dia. Eu retribuí a saudação. Ele continuou: - Parece que dormiu bem. - Sim, dormi toda a noite. - Não a achou muito comprida? - Sim, mas é que meu cansaço era também muito grande. - Faz tempo que levantou? - Bem, levantei quando ainda estava escuro e vim para cá olhar a cidade. - Então faz mais ou menos 2 décimos que está aqui? (uma hora e meia). - Pode ser, respondi. Eu nem vi passar as horas, tão absorto que estava com a cidade.
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