Entrevista Marco Butcher

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MARI DEALER/DIVULGAÇÃO

LUÍS GUSTAVO MELO COLABORAÇÃO PARA A GAZETA

Integridade. Essa palavrinha tão deslocada no cenário musical independente de hoje sempre foi a mola-mestra na trajetória do músico paulista Marco Rocha, o Marco Butcher, e isso desde a segunda metade dos anos 1990, quando sua Thee Butchers’ Orchestra sacudiu a cena alternativa nacional. Com ele, os princípios de integridade e independência vão muito além do que a maioria está disposta a abraçar. “A noção de independência é equivocada aqui. Ser independente no Brasil, para muitos, é um estágio onde você se encontra enquanto não pode mamar nas tetas do mainstream”, dispara. “Para mim, ser independente não é um estágio, é uma opção, uma postura”. Espécie de enciclopédia ambulante da música underground, numa conversa com Butcher o interlocutor toma conhecimento de histórias sobre as bandas mais obscuras – dessas que o público médio de rock nunca ouviu e provavelmente jamais ouvirá na vida. Franco e com uma simplicidade que humilharia a maioria dos bacanas da cena ‘independente’ atual, é sem afetação que ele fala de situações e personagens legendários do cenário alternativo mundial com os quais travou contato desde os tempos em que integrou o grupo indie Pin Ups. A saga do nosso herói teve início há cerca de 30 anos, em meio à ebulição do emergente movimento punk da capital paulista – Butcher começou a tocar aos dez anos, na garagem de casa, e aos 12 já saía em turnê com suas primeiras formações. “Comecei a tocar em bandas em 1981. Na época acho que estava ouvindo punk music, tipo Dead Boys, Buzzcocks, começo da new wave...”, diz ele ao repórter. Do final dos anos 1980 até meados da década de 90, Butcher tocou bateria nos Pin Ups e teve uma breve passagem pelo grupo Garage Fuzz, além de acumular experiência como freelancer em bandas como Pavilhão 9 e Inocentes e com outra dezena de nomes do circuito paulistano. Em 1996, formou a Thee Butchers’ Orchestra, banda apontada pela imprensa do início do século 21 como uma das mais virulentas expressões do rock no país. “Na real, quando começamos não tínhamos muito a intenção de ter uma banda num esquema que lança discos, faz turnês e coisas do tipo. Apenas nos juntávamos na minha garagem, eu, o Adriano e o Iano, e tocávamos. No primeiro dia de ensaio gravamos oito músicas. No dia seguinte mais umas seis, e fizemos uma fita para dar aos amigos, muito na ideia

Butcher em ação com o Jesus and the Groupies: “Sempre que possível me junto com alguém para tentar novas formas de fazer música”

VERISSIMO Olho vivo nas pedras de Paraty. y. B2 DIVULGAÇÃO

ENTREVISTA. Enfant terrible que em 1996 concebeu a formação de rock mais virulenta do país, a Thee Butchers’ Orchestra, o músico paulista Marco Butcher não tem papas na língua. “Sua música é o que sair de você”, dispara ele ao falar daquela turma que monta uma banda – mas antes escolhe o gênero musical em que vai militar. Artista que leva a sério o conceito de integridade, Butcher personifica a antítese do rock corporativo feito nos dias de hoje. Haveria melhor personagem para entrevistar na véspera do Dia Mundial do Rock?

Quinta-feira 12/07/2012

de fazer um som só, e deu. O lance todo começou com a Debbie [Cassano, da Ordinary Recordings], que na época estava sempre com a gente. Ela achou aquilo legal e começou a tentar nos ajudar com shows, lançando fitinhas... Foi assim que a coisa tomou mais uma cara de banda”, explica.

MIL E UM Inquieto, Marco Butcher está sempre envolvido em diversas bandas e projetos. Red Meat, The Rawcat, The Wedding Swingers, Black Mambas, Crowking & The Hardfingers e Thee Kaipirinas são apenas alguns dos inúmeros grupos que o músico criou ao longo dos últimos 15 anos. Atualmente, ele divide seu tempo entre apresentações com seus antigos parceiros da Thee Butchers’ Orchestra e com o duo Jesus and The Groupies, ao lado do também prolífico Luis Tissot (Backseat Drivers, Human Trash, The Fabulous GoGo Boy from Alabama), cujo novo álbum, Hot Chicks & Bad DJs, está prestes a sair do forno. Mais experimental que o registro anterior, o disco investe em influências jazzísticas mas continua firme no propósito de utilizar o blues como base para articular ‘podreiras’ descomunais. Outro projeto no qual Marco trabalha no momento é o novo disco do The Jam Messengers, sua parceria com o cantor norte americano Robert Kennedy. Rob K era o vocalista do duo nova-iorquino Workdogs, além de uma lenda do underground norteamericano. Isso lá pelo final dos anos 1980 e início dos 90. Apesar de relativamente desconhecidos por aqui, os Workdogs são bastante cultuados no subm u n d o d e N o v a Yo r k . Com Kennedy e o baterista Scott Jarvis como únicos membros fixos, a banda contava com a colaboração de admiradores ilustres como Jon Spencer (Pussy Galore, Blues Explosion), Moe Tucker (Velvet Underground), Jerry Teel (The Honeymoon Killers), Kid Kongo Powers (The Cramps, Gun Club, Nick Cave & The Bad Seeds), Don Fleming (Velvet Monkeys, Gunball) e Lydia Lunch, entre outros. No pingue-pongue que você confere a seguir, Marco Butcher traça um sucinto perfil de sua trajetória, fala de seus novos trabalhos e confirma a possibilidade de lançar um álbum inédito da Thee Butchers’ Orchestra. Na véspera de mais um Dia Mundial do Rock, nada como um pouco de integridade para equalizar o coreto. Com vocês, Mr. Butcher. Gazeta. Você está na estrada há cerca de três décadas. É capaz de recordar como pintou seu interesse

INDEPENDÊNCIA

OU MORTE por tocar rock ‘n’ roll ou mesmo por fazer música? Marco Butcher. Comecei aos dez anos, tocando com meu irmão mais velho, em casa. Ele tinha uma guitarra e eu pedaços de percussão que acabaram virando minha ‘batera’ por uns tempos. Meu irmão é um grande colecionador de discos, então acho que isso acabou despertando em mim o gosto pela música rock. E a garagem da sua casa já funcionava como uma espécie de quartel-general para algumas bandas do underground paulista da época, não é verdade? Sim. Montei com alguns amigos uma espécie de estúdio aqui que, anos depois, ficou conhecido por Ordinary Recordings, e isso durou uns dez ou 12 anos. De lá foram lançados diversos álbuns na cena da época. Isso ainda nos anos 1980 ou já nos 90? Nos noventa. Nos anos 80 eu usava a mesma garagem, mas era com outras bandas e num esquema bem mais simples, só para ensaios mesmo. O Pin Ups foi uma banda que se tornou uma espécie de referência no meio alternativo. Dá inclusive para dizer que ela foi uma das primeiras a fazer um som ‘noisy’ inspirado no que rolava fora do Brasil, na época. Como o Pin Ups entrou na jogada? O lance com os Pin Ups é que eu não me envolvia muito não. Eu era o batera e, contanto que desse para tocar, estava tudo

bem. Mas como você deve ter percebido, a música que eu faço pouquíssimo tem a ver com aquilo que eles faziam.

Você também tocou no Garage Fuzz e chegou a trabalhar com o Pavilhão 9, isso sem falar de mais um monte de gente... Eu sempre curti o lance de misturar tudo. Acho que isso mantém a música viva. Nunca tive paciência para ficar por muito tempo mergulhado na mesma coisa. Acho que isso meio que transforma a arte em ‘day job’, saca? Passar a vida toda fazendo a mesma coisa e tal. Então, sempre que possível me junto com alguém para tentar novas formas de fazer música. Numa outra vez que conversamos você comentou algo sobre a época em que o Nick Cave morou no Brasil. Disse que, numa noite, chegou a rolar uma jam, num show dos Pin Ups, com alguns integrantes dos Bad Seeds. Deve ter sido um momento e tanto dividir o palco com um pessoal que veio de bandas lendárias como Birthday Party, Gun Club e Einstüzende Neaubauten... Foi legal, man. Isso aconteceu há muito tempo atrás, então na real não tenho uma memória muito nítida disso agora. Acho que é sempre legal poder tocar com quem a gente gosta e respeita. Tenho sido exposto a isso há muitos anos, então acho que depois de um tempo isso parou de ter tanto peso assim para mim. Eles são amigos ou gente com quem gosto de tocar.

Em meados de 1996 o cenário alternativo estava uma ‘chorumela’ só. Daí você montou a Thee Butchers’ Orchestra, uma banda bastante respeitada no cenário independente. Como foi começar a banda naquela época? Foi completamente acidental. Estávamos de saco cheio da cena, de tudo o que rolava, e queríamos ouvir barulho e fazer algo que lembrasse música rock. Começamos a ensaiar na minha garagem, e só depois de gravar várias fitas e também por insistência de amigos é que começamos a fazer shows. O lance é que eu simplesmente encontrei dois loucos que amavam [as bandas] Pussy Galore e Birthday Party. Daí, pensei: “Sim, é isso! É hora de voltar a tocar!”. Nunca tivemos muito interesse no que estava rolando na época – para não dizer nenhum interesse... Então foi algo que começou sem muito compromisso e que acabou crescendo? Sim. Não era nem para ser uma banda, eram amigos tocando no wave e música estranha, misturando blues, punk rock, jazz, eletrônica, rap e tudo que viesse à cabeça. Só depois de um bom tempo a banda tomou uma forma no sentido de ter um show e tal. Antes dos Butchers, você tinha a Red Meat. Essa banda já apresentava uma sonoridade próxima à que vocês desenvolveriam com a Thee Butchers’ Orchestra, com aquele acento ‘garageiro’? O grupo deixou algum registro?

O Red Meat era bem mais mergulhado no delta blues do que os Butchers. Era um projeto meu com o Mr. Salerno, um dos melhores bluesman que conheço. Tivemos essa banda por quase dez anos, lançamos várias fitas e também dois CDs. Quase tudo era feito pelos dois. Depois de anos começamos a tocar com o Rodrigo Butcher e o Rafael Carvalho, daí a coisa ficou mais com cara de banda. Com eles lançamos dois CDs: Made by Paw e Buster 4 Tracks.

Nesse meio-tempo em que você esteve mais envolvido com os Butchers havia também uma série de outros projetos e bandas, a exemplo de Black Mambas, Drag Streapers, Rawcats, Crowking & The Hardfingers... Eram grupos bem distintos, com formatos bastante diferentes. Até mesmo pelo fato de você lidar com músicos diferentes em cada um desses projetos, eu gostaria de saber se o seu processo de composição varia de acordo com cada banda com a qual você se envolve... Não existe um processo. O que rola mesmo é um mix do que todos pensam e isso naturalmente acaba trazendo algo de diferente para a música. Nunca penso em música, eu faço música. Nada do que fiz na minha vida ligado à música exigiu um pensamento ou a criação de um conceito, acho isso estranho... Não me parece natural montar uma banda e escolher seu gênero – soa fake total! Sua música é o que sair de você. Continua na pág. B2


B 2 Caderno B

GAZETA DE ALAGOAS, 12 de julho de 2012, Quinta-feira DIVULGAÇÃO

ROMEU DE LOUREIRO emsociedade@gazetaweb.com

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NASCE UMA ATRIZ Omar Coelho de Mello, presidente da OAB-AL, comunicando, feliz, que sua filha Amanda de Farias Mello formou-se em Teatro, no renomado Centro de Teatro Célia Helena, em São Paulo. A formatura aconteceu no domingo, quando a novel atriz participou de duas encenações: Os Saltimbancos e E Se... Amanda é irmã da fotoartista Dressa de Farias Mello – que já se notabilizou como portraitiste da nossa juventude dourada. São as duas primeiras artistas de uma linhagem (das poucas brasonadas) de antigos senhores de engenho, radicada nas Alagoas desde 1700, que se ilustrou com o jurista Marcos Bernardes de Mello e o desembargador José Xisto Gomes de Mello.

Omar Coelho de Mello, presidente da OAB-AL e feliz genitor da novel atriz Amanda de Farias Mello

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ORIGENS Em verdade, os Gomes de Mello são quatrocentões, pois o tronco da família na Nova Lusitânia (Pernambuco/Alagoas), João Gomes de Mello, veio para o Brasil na comitiva do 1º donatário, Duarte Coelho – que lhe concedeu vasta sesmaria no Cabo de Santo Agostinho, onde o fidalgo ergueu um imponente engenho vinculado (morgadio), dotado até de trapiche (cais) para facilitar o embarque das caixas de pães de açúcar.

Amanda de Farias Mello, que se formou em Teatro em São Paulo

BODAS DE DIAMANTE Completando bodas de diamante (sessenta anos de casamento), d. Marly e o senador da República José Sarney. Decerto com as comemorações em alto estilo, dada a projeção do casal na vida social e política de Brasília e do Maranhão.

NOSSA SENHORA DO CARMO O padre José Petrúcio Barbosa Prado, capelão do Exército e pároco da Igreja de N. Sra. do Carmo (às margens do Salgadinho), convida para as comemorações da festa daquela padroeira (ou madroeira?) – que começa hoje, pela manhã, com catequese de crianças, e irá até a segunda-feira, quando serão celebradas uma missa solemnis e duas missas festivas em homenagem à Senhora do Carmelo, cuja devoção resiste aos novos tempos. DESENCANTO Quem tiver a oportunidade de ler o recémlançado livro Come Together, do jornalista Peter Deggett, sobre os Beatles, ficará desencantado com o clima de baixarias, brigas, sessões de entorpecentes e outras coisinhas mais reinantes entre os mesmos.

Marco Aurélio de Farias Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, que faz aniversário hoje

Fazendo aniversário, hoje, o ministro do Su∫premo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Farias Mello. Cercado de homenagens. Outra festejada aniversariante deste dia: Denise Lima Cunha Gomes de Barros. Festejando seu primeiro aniversário, Romero Schatz Lyra Arruda, filho de Mônica e Sílvio Márcio Arruda.

∫ ∫

JOSÉ FEITOSA

HOMENAGENS A VARÕES DE DESTAQUE A Setorial de Alagoas da Academia de Letras e Artes do Nordeste (Alane-AL) promoverá, dia 18 do corrente, no Auditório Ana Sofia do Pajuçara Praia Hotel, uma solenidade para entregar cinco troféus e comendas nominadas Padre Teófanes Augusto de Barros (cujo centenário de nascimento comemora-se este ano) a cinco varões de destaque: Bernardino Nogueira de Lima, José Medeiros, José Carlos Correia Maranhão, José Carlos Lyra de Andrade e Sílvio Dias Camelo, por relevantes serviços prestados à entidade.

Padre Petrúcio Barbosa Prado, pároco da Igreja de N. Sra. do Carmo

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Marco Butcher fala do ‘intercâmbio’ com parceiros gringos e da possibilidade de lançar um novo disco da Thee Butchers’ Orchestra, além de dar sua opinião sobre o ‘rock corporativo’

“NÃO PRESTO ATENÇÃO EM CENA”, AFIRMA ELE LUÍS GUSTAVO MELO COLABORAÇÃO PARA A GAZETA

Gazeta. Outro aspecto marcante em sua carreira é o intercâmbio com o pessoal de fora – bandas, selos, produtores... Os Butchers, inclusive, tiveram discos produzidos por gente como Dan Kroha e Tim Kerr, que tocou em bandas importantes como os Big Boys. Além disso, você gravou alguns discos e tocou bastante com o Rob K no duo The Jam Messengers. Como se deu o contato com esse pessoal? E no caso do Rob K, como o conheceu? Marco Butcher. Todas essas pessoas são amigas minhas e, apesar de eu saber do peso que elas têm na cena e tal, não as vejo assim. Para mim, são amigos com os quais trabalho às vezes. A coisa com o Rob começou há quase 18 anos. Fizemos uma entrevista com os Workdogs, quando ainda tínhamos

um zine aqui e tal, e acabamos ficando muito amigos por dividir gostos parecidos e respeitar muito o trabalho um do outro.

E a parceria de vocês ainda continua? Os Jam Messengers são minha ‘main band’. Então, sim, é claro que ainda estamos juntos! Mês que vem sai nosso álbum novo; saiu agora um single novo também. Na Europa nosso novo álbum sai por um selo de NYC: Thick Syrup Records, o mesmo selo dos Chrome Cranks, Chicken Snake, Don Fleming e Bob Bert, entre outros. Em Detroit, você mantém um projeto com a baterista Sandra Kramer, o duo garageiro Thee Kaipirinas. A quantas anda o cenário musical naquela cidade e como é o ritmo de apresentações de vocês por lá? A cena em Detroit, por incrível que pareça, é bem

MARCO BUTCHER MÚSICO

“Na real, é complicado dizer que moro – passo tempos e faço coisas. Gosto assim”

pequena. São 50 ou 60 pessoas que vão aos shows e se ajudam bastante. Bandas legais rolando, mas não sei se dá para dizer que é uma cena. Acho que isso ficou para trás há muitos anos já. As coisas com os Thee Kaipirinas estão indo bem. Temos alguns singles lançados, um álbum para sair, montes de shows, fizemos um videoclipe. Tá bem bom para uma banda tão nova.

Você está em São Paulo no momento, não? Está só de passagem ou continua morando em Detroit? Estou como sempre fui,

man: sem lugar fixo. Vivi e vivo minha vida assim. Na real, é complicado dizer que moro – passo tempos e faço coisas. Gosto assim.

Ainda carrega muito de blues, mas também traz muito do jazz e muito da no wave e coisas mais 80s e violentas.

Recentemente você reuniu a Thee Butchers’ Orchestra. Além disso, também tem tocado ao lado do Luis Tissot, no Jesus and the Groupies. Como está a agenda de shows? Vocês pensam em lançar algum material novo com essa reunião dos Butchers? Sim, pensamos em lançar um disco novo. Mas não é uma volta nem nada... Temos vontade e gostamos de tocar juntos, só isso. As coisas com o Jesus estão indo muito bem! Estamos terminando nosso novo play, que se chama Hot Chicks & Bad DJs – é bem mais experimental e traz alguns convidados; um povo do jazz e alguns amigos cantando em algumas faixas. O disco é bem mais sombrio que o primeiro.

Quem participa? A princípio, a Anna Gelinskas e o Danny, um pianista de jazz incrível, o Peter [Aron], vocal dos Chrome Cranks, e o Ned [Hayden], ex-vocalista e guitarrista dos Action Swingers. A Anna é uma cantora de jazz incrível, ela canta numa das músicas e faz back up em várias do disco. No caso das gravações com o pessoal lá do exterior, como elas aconteceram? Eles enviam a parte deles pela internet? Sim, isso. Mandamos as músicas e eles completam ali com as partes deles, depois mandam de volta e mixamos tudo aqui no Caffeine, que é onde faço basicamente todos os meus discos, por ser o úni-

co estúdio que, de fato, entende o significado da palavra ‘rock music’, na minha opinião.

Você já disse que no Brasil a noção de independência é equivocada. Como você vê as coisas hoje em dia, sabendo que agora existe um negócio que alguns jornalistas definem como ‘indie estatal’? Qual a sua opinião sobre a cena independente nesta última década? Eu não vejo. Não presto atenção em cena. Para mim a coisa toda é assim: tem gente fazendo coisa boa, gente fazendo coisa ruim e a maior parte não fazendo p**** nenhuma. Não tenho informação sobre o rock corporativo dos últimos tempos talvez porque as bandas ali não me digam nada. Então acabo não prestando a mínima atenção nisso. Sei que existe, pois todo santo dia chega algo. Mas, na real, passa batido.


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