Heróis da Resistência

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ÍNDICE / CONTENTS

Divulgação

Matéria de capa | Report of Cover

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Esqueceram de mim Home alone

Maré Alta | High Tide .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Articulando | Articulating Querem flexibilizar a exigência de Conteúdo Local!

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They want to slacken the requirement of Local Content!

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Entrevista | Interview Dr. Aluízio.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Dr. Aluízio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Política | Polítics

Conteúdo local para quem?.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35 Local Content for Whom?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Conjuntura | Conjuncture

De cara nova, mas com reivindicações antigas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 New face, old claims. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Mercado | Market

Da euforia à realidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .50 From excitement back to reality. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Recursos Humanos | Human Resources Apertem os cintos os expatriados sumiram . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fasten your seat belts, the expatriates are gone . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Colunas | Columns

Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso

Destaque Jurídico Juridic Highlight Maria d´Assunção Costa

Inteligência competitiva Competitive intelligence Glauco Torres

Rede Petro-BC Rede Petro-BC Ive Talyuli

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O Dever de casa Homework As empresas de petróleo e gás e os contratos com fornecedores Oil and gas companies and the contracts with suppliers Um horizonte mais positivo A brighter horizon

Rede Petro-BC presente na Brasil Offshore Rede Petro-BC present at Brasil Offshore

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Mais informações: www.macaeoffshore.com.br

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CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER

Intensificando o diálogo Influenciados pela crise que sacode o mercado de óleo e gás, os principais atores ainda buscam encontrar meios de minimizar os efeitos que afligem a indústria como um todo. De fato, crise no segmento de óleo e gás não é novidade. Ele está acostumado a viver ciclos de expansão e retração e as empresas sabem se aproveitar as oportunidades em momentos de bonança como também conseguem se adaptar a momentos não tão positivos sentidos no quadro atual. Por isso, para muitos analistas, executivos e profissionais que atuam no setor os principais pontos de preocupação não recaem com peso na conjuntura internacional que determina o valor da commodity negociada, mas sim pelas incertezas geradas pelo governo. As cobranças são antigas. Revisão na lei de conteúdo local, um

cronograma para rodada de licitação e mudanças no marco regulatório do pré-sal são reivindicações que cada vez ganham mais força. Não obstante tudo isso, presenciamos um filme sem fim nos escândalos de corrupção

Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Divulgação / Flávio Sartou

na Petrobras, que sofre também com

A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda.

um endividamento que já atinge níveis estratosféricos. O cenário corrente é de apreensão, mas melhores dias virão. Cabe, então, ao governo ouvir, debater e aceitar as sugestões apresentadas pelos representantes do setor. E o momento é mais do que propício para que se estabeleça um diálogo que consiga criar alicerces para o desenvolvimento da indústria de óleo e gás no Brasil, com ótimos reflexos para a sociedade brasileira como um todo. Boa Leitura

For this reason and to most analysts, executives and professionals working in the sector, the main points of concern do not lie on the international conjuncture, which sets the value of the commodity traded, but instead on the uncertainties generated by the government.

Rua Teixeira de Gouveia, 1807 - Centro Macaé/RJ - CEP 27.916-000 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga (MTb. 050598/00) Rodrigo Leitão Flávia Domingues (MTb. 27478/RJ) redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br

Intensifying the dialogue Influenced by the crisis shaking the oil and gas market, the main players are still in the search for alternatives to minimize the effects affecting the industry. In fact, the crisis in the oil and gas segment is not the first. It is used to deal with expansion and retraction cycles and the companies know how to take advantage of opportunities in times of bonanza and also how to adapt during not so positive times as the ones they are facing now.

Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda.

Demands are the same. Revision of the local content laws, schedule for bidding rounds and changes in the regulatory framework of the pre-salt are the claims getting louder. Despite all this, we are watching a never ending movie about the scandals of corruption with Petrobras, who also endures a debt now reaching stratospheric heights. The current scenario is of apprehension, but better days will come. It will fall upon the government to hear, discuss and accept suggestions submitted by representatives of the sector. And this is the perfect time to establish a channel capable of erecting foundations to further develop the Brazilian oil and gas industry, which hopefully will also benefit the whole society.

Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Tradução em inglês: / English version: Prowords Professional Translations Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 82ª Edição - Junho/Julho 82nd Edition - June/July Tiragem: / Copies: 10.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties

Good Reading MACAÉ OFFSHORE 5


MARÉ ALTA

Legislação sobre o Gás Natural é tema de livro da colunista da Macaé Offshore

Troca de conhecimento Divulgação

A advogada especialista em legislação energética e colunista de Direito do Petróleo da Revista Macaé Offshore, Maria D’Assunção, está lançando o livro Gás Natural no Cenário Brasileiro. O trabalho, que reúne especialistas do segmento do gás natural no país, tem como objetivo traçar os caminhos que precisam ser percorridos pela regulação e pelos agentes econômicos, especialmente quando cresce a participação do gás natural na matriz energética nacional. O livro busca traçar as origens das discussões que muitos estudiosos e legisladores promoviam no sentido de aprofundar as questões legais e regulatórias do setor de gás natural, que muito se diferenciam do petróleo e da energia elétrica. A obra busca, assim, evidenciar as questões mais relevantes para o desenvolvimento eficiente desse mercado, com segurança regulatória e contratual. “As opiniões apresentadas significam valiosas colaborações para os formuladores de políticas públicas a esfera da União e dos Estados, em virtude da legislação entre estes agentes. Certamente, é uma obra inovadora que acrescentará conhecimento para a academia, para os agentes da indústria e para os reguladores”, explica a autora.

Recorde no Pré-sal A produção total de petróleo e gás natural no Brasil no mês de abril alcançou aproximadamente 2,988 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia, sendo 2,394 milhões de barris diários de petróleo e 94,3 milhões de metros cúbicos de gás natural. Houve aumento de 11,6% na produção de petróleo se comparada com o mesmo mês em 2014 e redução de 0,8% na comparação com o mês anterior. A produção de gás natural aumentou 13,9% frente ao mesmo mês em 2014 e diminuiu 1,3% se comparada ao mês anterior. A produção do pré-sal, oriunda de 49 poços, foi de 715,1 mil barris por dia (bbl/d) de petróleo e 27,1 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 885,3 mil barris de óleo equivalente por dia, um aumento de 6,3% em relação ao mês anterior. 6 MACAÉ OFFSHORE

No primeiro trimestre de 2015, alguns funcionários da Statoil estiveram em algumas das principais universidades brasileiras para falar um pouco sobre a indústria do petróleo e seu dia a dia na empresa. Através de oficinas, palestras e seminários, profissionais de Perfuração, Produção e Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação compartilharam suas experiências com os alunos. Num momento em que as empresas estão sob crescente pressão para reduzir custos, a Statoil acredita que o conhecimento técnico ainda pode ser compartilhado. Apesar de alguns investimentos estarem sendo cancelados na área de atração este ano, representantes da Statoil de diversas áreas técnicas devem continuar participando destas iniciativas educacionais nas universidades sem nenhum investimento da empresa com patrocínios. O conhecimento é o principal trunfo da Statoil e nossos funcionários representam isso. Em 2015 a Statoil esteve presente em quatro encontros em universidades e, até o final do ano, mais palestras estão programadas, em eventos universitários técnicos, em todo o país (a maioria deles no Rio).


MARÉ ALTA

Nova acumulação de petróleo na Bacia de Sergipe

Capacitação

A Petrobras informou no início do mês que o poço 3-SES-189 (nomenclatura Petrobras), situado na concessão BM-SEAL-4, constatou uma nova acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia de Sergipe. O poço, informalmente conhecido como Poço Verde 4, está localizado a 23,5 km do poço descobridor, em lâmina d’água de 2.479 metros, e encontra-se atualmente a 5.350 metros de profundidade. A companhia dará continuidade à operação de perfuração até 5.500 metros, conforme programado.

A Chemtech enviou seis de seus colaboradores para um treinamento em Cingapura (Sudeste Asiático) com o objetivo de atuar no centro de excelência para montagem de módulos e-house, voltados para o setor de petróleo e gás, de sua controladora Siemens. A iniciativa é parte do esforço da empresa em adquirir expertise para ampliar sua atuação em projetos de construção e montagem no Brasil. A necessidade de treinamento e de capacitação como fator de competitividade tem ficado cada vez mais clara diante dos novos desafios da Chemtech em diferentes segmentos.

Este poço é o terceiro perfurado na área de Poço Verde, descoberta ocorrida em julho de 2012. Essa área integra o projeto exploratório da Bacia de Sergipe-Alagoas, em águas ultraprofundas, composto por mais cinco planos de avaliação. A Petrobras, operadora do consórcio (75%) em parceria com a ONGC (25%), fará um teste de formação (TFR) para avaliar os resultados e confirmar as condições dos reservatórios e o potencial de produção. Agência Petrobras

Mapa indica a localização do poço na bacia de Sergipe - Alagoas Map provides the location of the well in the Sergipe Basin – State of Alagoas

“Estamos inicialmente com foco na área de construção de pequenos módulos, mas iremos para onde houver demanda”, afirma o diretor de engenharia, Marco Tulio Rodriguez. Foram selecionados colaboradores de diferentes disciplinas da engenharia, como mecânica, civil, segurança de processo, elétrica e tubulação. Ao todo, eles permanecerão por aproximadamente seis meses em Cingapura.

Pesquisa Uma pesquisa realizada pela People Oriented Consultoria sobre “O que atrai e engaja os executivos brasileiros”, mostrou que, na visão dos entrevistados, a “maior perspectiva de crescimento” e o “maior equilíbrio trabalho x vida”, são os fatores que mais motivam uma movimentação de empresa. De acordo com a consultoria, os executivos brasileiros buscam empresas onde tenham “au-

tonomia para tomar decisões” e possibilidade de “desenvolvimento profissional”. Pacote de remuneração” está na terceira colocação na escala de prioridades. Segundo a People Oriented, a flexibilidade de horário é o modelo mais desejados pelos profissionais e 84% dos respondentes acreditam que um modelo de trabalho flexível

aumenta a produtividade de seu time. Ainda segundo a pesquisa, 62% dos entrevistados acreditam que o modelo de liderança mais efetivo é aquele que tem por base ser “Mais participativo”. Apenas 7% dos entrevistados avaliaram o “pacote de remuneração e benefícios menores ou similares” como fator principal para não aceitar uma proposta de mudança de emprego.

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HIGH TIDE

Pre-salt Record Total oil and natural gas production in Brazil on the month of April reached approximately 2.988 million barrels of oil equivalent (boe) per day, being 2.394 million daily oil barrels and 94.3 million cubic meters of natural gas. There was an increase of 11.6% in the production of oil compared to the same month in 2014 and reduction of 0.8% compared to the previous month. The production of natural gas increased 13.9% compared to the same month in 2014 and decreased 1.3% compared to the previous month. Pre-salt production from 49 wells was of 715.1 thousand barrels per day (bbl/d) of oil and 27.1 million cubic meters per day (m³/d) of natural gas, totalizing 885.3 thousand barrels of oil equivalent per day, an increase of 6.3% compared to the previous month.

Laws on Natural Gas is the main theme of book written by columnist of Macaé Offshore The lawyer specialized in energy laws and columnist of Petroleum Law of the Macaé Offshore Magazine, Maria D’Assunção, is launching the book Natural Gas in the Brazilian Scenario. The work gathers specialists from the national natural gas segment and intends to trace the paths that need to be trodden by the regulation and economic agents, mainly after the growth of the natural gas participation in the national energy matrix. The book seeks to trace back the sources of the discussions that many experts and lawmakers promoted in the

sense of deepening the legal and regulatory issues related to the natural gas sector, which are considerably different from petroleum and electric energy. Its goal is to evidence the most relevant issues for the efficient development of this market with regulatory and contractual safety. “The opinions presented are valuable collaborations for the formulator of public policies to the Federal Government and States, in virtue of the legislation between such agents. Certainly, it is an innovative work that will add knowledge to the academy, to the industry agents and to the regulators”, explained the author.

Research A research made by People Oriented Consultoria on “What exactly attracts and engages the Brazilian executives” demonstrated that in the vision of the interviewees, the “higher growth perspective” and the “higher balance in work x life” are the factors that motivate the gears of a company. According to the consultancy, Brazilian executives look for companies where they have “autonomy to make decisions” and “possibility of professional development”. “Remuneration Package” takes the 3rd place in the list of priorities.

According to People Oriented, the flexibility with hours is the most desired model by professionals and 84% of the interviewees believe that a flexible working model increase the productivity of the team. Also according to the research, 62% of the interviewees believe that the most effective leadership model is the one that seeks to be the “most participative”. Only 7% of the interviewees selected the “package of remuneration and minor or similar benefits” as the main factor to refuse an employment change proposal.

Qualification Chemtech sent six of its collaborators to a training course in Singapore (Southeast Asia) with the purpose of working in the center of excellence to assemble e-house modules dedicated to the oil and gas sector, owned by its controller Siemens. The initiative is part of the company effort to obtain expertise and expand its operations in construction and assembly projects in Brazil. The need for training and qualification as a factor of competitiveness is growing in importance in face of the new challenges 8 MACAÉ OFFSHORE

Chemtech will have to overcome in different segments. “At first we are focusing on the construction area of small modules, but we will go to wherever demand is”, says the engineering officer, Marco Tulio Rodriguez. Collaborators from different engineering disciplines were selected such as mechanics, civil, process safety, electrics and pipeline. They are expected to stay in Singapore for six months.

New buildup of petroleum in the Sergipe Basin Petrobras informed at the beginning of the month that well 3-SES-189 (Petrobras nomenclature), located in concession BMSEAL-4, found a new buildup of petroleum in ultradeep waters of the Sergipe Basin. The well, informally known as Green Well 4, is located at 23.5 km from the discovery well, in a water depth of 2,479 meters and is currently located at a total depth of 5,350 meters. The company will continue with the drilling operations up to 5,500 meters as scheduled. This well is the third one drilled in the Green Well area, discovered on July 2012. This area integrates the exploration project of the Sergipe-Alagoas Basin in ultradeep waters, composed by another five assessment plans. Petrobras, operator of the consortium (75%) in partnership with ONGC (25%), will perform a formation test (TFR) in order to assess results and confirm the condition of reservoirs and production potential.

Knowledge exchange In the first quarter of 2015, some employees from Statoil attended some of the main Brazilian universities to talk a little about the oil industry and their daily routine in the company. Through workshops, lectures and seminars, professionals of areas such as Drilling, Production and Research, Development and Innovation shared their experiences with the students. In a moment when companies are under constant pressure to reduce costs, Statoil believes that technical knowledge can still be shared. Despite the cancelation of some investments in the attraction area this year, Statoil representatives from several technical areas will keep on taking part in these educational initiatives inside universities without any investment or sponsorship from the company. Knowledge is Statoil’s wild card and our employees are the players. In 2015 Statoil attended four events in universities and up to the end of this year, more lectures are scheduled in technical university events spread in the whole country (most of them are in Rio).


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Por dentro do mercado

O Dever de casa Por Celso Vianna Cardoso*

S

eria a Petrobras o retrato do Brasil ou o Brasil o retrato da Petrobras? Difícil responder, mas tanto Brasil quanto Petrobras passam nesse momento por medidas duras de ajuste para, quem sabe, voltar a crescer algum dia num futuro próximo. O primeiro grande esforço da nova gestão da Petrobras foi, sem dúvida, a publicação do balanço auditado referente ao 3º trimestre além do consolidado de 2014. O atraso na publicação do balanço colocou as finanças da Petrobras em situação delicada. Por contrato, bancos e detentores de títulos da dívida da empresa poderiam solicitar o pagamento antecipado das suas dívidas em caso de atraso na publicação do balanço o que representaria uma sangria no caixa da empresa. Como de hábito, o mercado se antecipou aos rumores e posteriormente ao atraso na publicação do balanço e iniciou um rali de venda fazendo com que o preço da ação caísse dos R$25,00 em agosto de 2014 para a mínima de R$8,18 em janeiro de 2015 (figura 1) estabilizando-se posteriormente aos R$12,50. O temor e as incertezas relativas ao prejuízo a ser lançado no balanço devido aos desdobramentos da operação lava-jato já estavam sendo precificados provocando uma perda de US$27 bilhões em valor de mercado. O balanço auditado foi publicado em 22 de abril de 2015 e apresentou uma perda na ordem de R$50 bilhões devido a corrupção, má gestão e a desvalorização de bens e equipamentos. O mercado que

Figura 1: evolução do preço de PETR4 nos últimos 9 meses Figure 1: evolution of PETR4 price in the last 9 months

já estava negociando a PETR4 aos R$13,50 (figura 1), manteve o preço sem grandes oscilações indicando que ainda restariam novas ações a serem executadas pelo novo corpo gestor da Petrobras antes que se pudesse iniciar um rali de alta. E o que o mercado está achando das mudanças? As últimas medidas adotadas pela nova gestão da Petrobras parecem alinhadas com a realidade da companhia. Segundo relatório do BTG Pactual a diretoria da Petrobras estaria empenhada em manter a paridade dos preços de combustível como forma de reduzir o prejuízo acumulado pela área de abastecimento. Destaque no relatório do Deutsche Bank foi a intenção de se reduzir os investimentos de longo prazo visando trazer a relação dívida/ebtida, atualmente nos 5.5x, para níveis mais saudáveis, em torno dos 2,9x. Os analistas esperam que, mesmo com a queda da produção, os níveis de alavancagem ainda devem permanecer altos durante o ano de 2015. A alavancagem também foi alvo da análise publicada pelo Itaú BBA. Segundo

os analistas a queda na alavancagem dependeria de três fatores fundamentais: estabelecer e manter uma política de paridade dos preços dos combustíveis, câmbio em linha com a expectativa da companhia e uma visão fora do consenso que se materialize sobre o atual cenário de preços do WTI. Em tempo - o mercado espera que os níveis de preço do WTI se mantenham na faixa dos US$60 durante algum tempo. Apesar das recomendações de compra ou venda variarem muito entre os principais formadores de mercado (“market makers”), a avaliação unânime é que nesse momento só existe uma solução para a Petrobras – a desalavancagem . Segundo os analistas, esse fator por si só, já justificaria desconto significativo em no preço das ações. Fazendo uma analogia com uma sala de aula, poder-se-ia afirmar que a aula já foi ministrada e que o dever de casa foi passado. Agora resta aos gestores da Petrobras cumprirem com suas obrigações e apresentarem os resultados. O professor mercado está de olho e pronto para dar a nota. 

*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ e MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É co-autor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.

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inside the market

Homework * By Celso Vianna Cardoso

I

s Petrobras the portrait of Brazil or is Brazil the portrait of Petrobras? Not that easy to answer, but both Brazil and Petrobras are having a really hard time adjusting themselves to, who knows, resume their growth in a near future. The first major effort of the Petrobras’ new management, without a doubt, was to disclose of the audited balance sheet related to the 3rd quarter, in addition to the consolidated one of 2014. The delay to disclose put Petrobras’ finances in an awkward situation. By force of contract, banks and holders of the company’s debt instruments would be entitled to demand anticipated payment of debts in the event of delay to disclose the balance, which could have caused an undesired bleeding out of the company’s cash. As usual, the market anticipated itself concerning the rumors, but not concerning the delay in the disclosure of the balance, which caused the market to start a sales rally that dropped the stock price from R$25.00 on August 2014 to a minimum of R$8.18 on January 2015 (figure 1), being later stabilized at R$12.50. Fear and uncertainties related to the loss to be released in the balance – due to

investigations of the “Car Wash” operation – were already being calculated, provoking a loss of US$27 billion in market value. The audited balance was disclosed on April 22nd, 2015 and presented a loss of R$50 billion due to corruption, poor management and depreciation of assets and equipment. The market – already negotiating PETR4 at R$13.50 (figure 1) – kept the price without significant oscillations, indicating that new stocks remained to be executed by the new management of Petrobras before starting another rally. And what does the market think of the changes? The last measures adopted by the new management seem to be in line with the company’s reality. According to a report from BTG Pactual the board of Petrobras would be committed to keep the parity of fuel prices as a way to reduce the loss accrued by the supply area. A highlight in a report from the Deutsche Bank was the intention to reduce long-term investments in order to bring back the ration debt/ebtida, currently around 5.5x, to more acceptable levels, around 2.9x. Analysts hope that, even with the drop in

production, leverage levels would remain high during 2015. Leverage was also the target of an analysis published by Itaú BBA. According to analysts the drop in leverage would depend on three fundamental factors: establish and maintain a policy of fuel price parity, exchange in line with the company’s expectation and a vision “out-of-the-consensus” that would materialize on the current scenario of WTI prices. In time, the market expects the WTI price levels to be kept around US$60 for some time. Despite the fact that recommendations related to purchase or sale may vary among the main market makers, they unanimously think that now there is only one solution to Petrobras: deleveraging. According to analysts, this factor alone would be enough to justify a significant discount in the stock prices. Comparing the situation to a classroom, one can say that the lesson has been given and the homework has been assigned. Now it lies on Petrobras’ managers to meet their obligations and present the results. The professor Market is paying attention and ready to apply a grade.

* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.

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desTAQUE jurídico

As empresas de petróleo e gás e os contratos com fornecedores Por Maria d´Assunção Costa *

A

s empresas que realizam as atividades de exploração e produção de petróleo e gás estão submetidas às obrigações estabelecidas nos contratos de concessão e partilha de produção assinados com a União e pela regulação atribuída à ANP. Portanto, o primeiro comando indisponível para os produtores e fornecedores está balizado na minuta do contrato que integra a licitação que leva a escolha do concessionário ou da empresa parceira na partilha. No que diz respeito à contratação de fornecedores de bens e serviços na indústria do petróleo e gás, tomemos como referência os contratos de concessão das 11ª e 12ª Rodadas, bem como o contrato de partilha da 1ª Rodada de Partilha de Licitação. Esses contratos vinculam às empresas contratadas a obrigação de fazer valer para todos os seus subcontratados e fornecedores as disposições dos contratos de concessão e de partilha de produção e da legislação aplicável, como as Leis n° 9.478/1997 e 12.351/2010, além da regulação da ANP. Com isso, firma-se um vínculo contratual indisponível para as partes tornando esses contratos com características de interconectividade. Um exemplo de obrigação “espelhada” é o de zelar pela preservação de um ambiente ecologicamente equilibrado, minimizar ocorrências de impactos/ danos ambientais, zelar pela segurança

das operações para proteger a vida humana e o meio ambiente impostas pelas Subcláusulas 21.2, a), b) e c), C-R11, 21.2, a), b) e c), C-R12 e 26.2, a), b) e c), P-R1. É um cuidado ambiental que as companhias exploradoras e produtoras de petróleo e gás devem ter, ainda mais porque esses mesmos contratos lhes estabelecem responsabilidade objetiva – ou seja, independente de dolo ou culpa da empresa de petróleo e gás pelas atividades de seus subcontratados que resultarem, direta ou indiretamente, em danos ou prejuízos à ANP ou à União (Subcláusulas 19.8, C-R11, 19.8, C-R12 e 24.7, P-R1). Mais: as empresas exploradoras e produtoras de petróleo e gás também respondem objetivamente por danos resultantes das operações ao meio ambiente e a terceiros (Subcláusulas 21.7 e 21.7.1, C-R11, 21.8 e 21.8.1, C-R12 e 2.4 e 2.5, P-R1). Tudo isso caracteriza (como sabido) a atividade de exploração e produção como um empreendimento de altíssimo risco, levando em consideração que a empresa de petróleo e gás contrata/pode contratar uma série de serviços: fornecimento de serviços sísmicos; equipamentos associados aos serviços de perfuração; serviços de revestimento e completação de poços; instalação de infraestrutura; equipamentos e serviços diretamente vinculados com a produção e a manutenção da infraestrutura; serviços de apoio logístico; desativação da infraestrutura de produção.

Portanto, a empresa produtora de petróleo e gás deve fazer valer as regras do contrato firmado com a União perante suas subcontratadas para diminuir o risco contratual ou dano que possa ser causado nas operações. Adite-se a isso o fato de que é recomendável que a empresa de E&P contrate fornecedores que adotem uma política de responsabilidade em suas operações. Além do exposto, chamamos também a atenção quando da contratação de fornecedores porque a empresa de petróleo e gás ainda está vinculada às regras de conteúdo local estabelecidas pelos contratos de concessão e partilha de produção (Cláusulas Vigésima, C-R11, Vigésima, C-R12 e Vigésima Quinta, P-R1). Essas regras impõem o dever de assegurar preferência à contratação de fornecedores brasileiros, sempre que suas ofertas apresentem condições de preço, prazo e qualidade mais favoráveis ou equivalentes às de fornecedores não brasileiros. Por todo isso , concluímos pela existência de vínculos indissociáveis entre os contratos firmados pelas empresas de petróleo que certamente exigem a elaboração de uma matriz de risco e um planejamento contratual a altura das demandas que existirão durante o prazo de execução dos contratos. E, por derradeiro, avaliar a adequação das obrigações pré e pós-contratuais.

*Maria d´Assunção Costa é advogada, formada pela Universidade São Paulo, Mestre em Direito do Estado pela PUC-SP, Doutora do IEE/USP e Pós-Doutora em Energia pelo IEE/USP em 2013. É autora do livro ‘ comentários à lei do petróleo’ e sócia de Assunção Consultoria.

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Judicial Highlights

Oil and gas companies and the contracts with suppliers * By Maria d´Assunção Costa

C

ompanies performing oil and gas exploration and production activities are subject to obligations set out in production sharing and concession agreements signed with the Government and by the regulation attributed to ANP. Therefore, the first unavailable command to producers and suppliers is based on the contract draft that integrates the bidding and leads to the choice of the concessionaire of the company taking part in the sharing. Concerning the contracting of suppliers of goods and services in the oil and gas industry, let’s assume as reference the concession agreements of the 11th and 12th Rounds, as well as the sharing agreement of the 1st Bidding Sharing Round. Those agreements bind the bidders to the obligation of enforcing to all their subcontractors and suppliers the provisions from production sharing and concession agreements, as well as from Act 9478/1997 and 12351/2010, in addition to ANP’ regulation. As a result, it is signed a contractual bond unavailable to the parties giving to such contracts interconnectivity characteristics. An example of “mirrored” obligation is to zeal for the preservation of a ecologically balanced environment, minimize the occurrence of

environmental impacts / damages, zeal for the safety of the operation in order to protect the human life and the environment, all imposed by Subclauses 21.2, a), b) and c), C-R11, 21.2, a), b) and c), C-R12 and 26.2, a), b) and c), P-R1. It is a environmental caution that oil and gas exploration companies must have, mainly because those contracts come with objective responsibility – i.e., regardless of willful misconduct or fault of the oil and gas company – for activities from their subcontracts resulting, directly or indirectly, in damages or losses to either ANP or the Government (Subclauses 19.8, C-R11, 19.8, C-R12 and 24.7, P-R1). Additionally, oil and gas exploration and production companies are also objectively liable for damages from operations to the environment and third parties (Subclauses 21.7 and 21.7.1, C-R11, 21.8 and 21.8.1, C-R12 and 2.4 and 2.5, P-R1). All that characterizes (as known) the production and exploration activity as high risk business, taking into account that the oil and gas company hires/may hire a series of services: provision of seismic services; equipment associated with drilling services; services of casing and completion of wells; installation of infrastructure; equipment and services directly related to the production and maintenance of infrastructure; logistic support services;

deactivation of the production infrastructure. Thus, the oil and production company must enforce the rules of the contract signed with the Government to its subcontractors in order to decrease the contractual risk or damage that might occur during operations. In addition to that, it is recommended that an E&P company hires suppliers known for adopting a responsibility policy in their operations. Moreover, we must highlight the fact of hiring suppliers as the oil and gas company is bound to the local content rules established by production sharing and concession agreements (Clauses Twenty, C-R11, Twenty, C-R12 and TwentyFive, P-R1). Those rules impose the duty of assuring the preference to hire Brazilian suppliers whenever their offers present price, term and quality conditions more favorable or equivalent to the ones from foreign suppliers. For all such reasons, we conclude and attest the existence of inseparable bonds between contracts signed by oil companies that will certainly require the preparation of a risk matrix and contractual planning at the same level of demands that will arise during the execution of the contracts and also the assessment of the adequacy regarding pre- and post-obligations..

*Maria D´Assunção Costa, lawyer graduated by USP, doctor in Energy by IEE/USP, partner of Assunção Consultoria and author of the book “Comentários à Lei do Petróleo” (Comments on the Petroleum Law) published by Editora Atlas.

MACAÉ OFFSHORE 13


INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

Um horizonte mais positivo Por Glauco Nader*

U

m dos desafios apresentados aos analistas este ano é apontar as perspectivas de desenvolvimento do setor de petróleo e gás natural no Brasil e no mundo. Há variáveis que permeiam todas as nações, como o baixo crescimento da economia internacional e a queda no preço do barril nos últimos 12 meses. Particularmente, no Brasil, ainda há outros elementos: crise econômica, o momento de reestruturação da Petrobras a partir da Operação Lava Jato, do alto endividamento, da obrigação legal de investimento no Pré-Sal e da permanente necessidade de fechamento da conta de combustível. Por outro lado, alguns fatores apontam para um horizonte mais positivo para o setor: o aumento do preço do barril

Empresa

em aproximadamente 50% em relação a janeiro/15, o aumento da produção e das reservas brasileiras, a publicação do Balanço auditado e os resultados operacionais positivos da Petrobras em 2014. Por fim, o mercado aguarda a publicação do Plano de Negócios da Petrobras para identificar as perspectivas e oportunidades no curto e médio prazos para o setor. Particularmente em relação à Operação Lava Jato, há a possibilidade da entrada de novos atores no mercado, devido ao elevado número de empresas com medida de bloqueio cautelar com prazo indeterminado junto à Petrobras. Acreditamos que para o desenvolvimento das atividades do setor, principalmente, as relacionadas ao aumento da produção, será necessário que outras empresas sejam atraídas para o mercado de Petróleo e Gás.

Nº de contratos

Para as empresas fornecedoras que estão estabelecidas no mercado, será necessário refazer sua rede de relacionamento com as novas empresas e suas áreas de suprimentos e, para aquelas, que desejam aumentar sua inserção, é uma oportunidade de estabelecer novos relacionamentos, pois essas empresas ao ganharem os contratos serão obrigadas a construir seu cadastro de fornecedores. De qualquer forma, todos terão que estabelecer uma nova estratégia e estruturar a área comercial para aproveitar as oportunidades desse novo momento. Para ilustrar esse desafio, mapeamentos os contratos vigentes de algumas das 33 empresas com medida de bloqueio cautelar que somam aproximadamente R$ 9,5 bilhões e certamente serão renovados devido ao escopo. 

Valor total (em R$ milhões)

Percentual do total

TOYO SETAL

1

R$ 1.119,80

11,84%

ODEBRECHT

2

R$ 1.719,13

18,18%

CONSTRUCAP

1

R$

CONSÓCIO QUEIROZ -IESA - TEC

2

R$ 1.281,00

13,54%

IESA

1

R$

620,45

6,56%

UTC

1

R$

594,54

6,29%

CONSÓRCIO AG-GDK-MPE

1

R$

511,28

5,41%

ODEBRECHT

4

R$ 1.369,93

14,48%

MPE

4

R$ 1.101,21

11,64%

CONSTRUTORA OAS

1

R$

184,81

1,95%

GDK

3

R$

197,41

2,09%

QUEIROZ GALVÃO

2

R$

17,53

0,19%

PROMON LOGICALIS

1

R$

0,81

0,01%

Total

24

R$ 9.457,80

100%

739,88

*Glauco Nader é economista formado pela UFF e doutor em Planejamento Urbano e Regional formado pela UFRJ. Também é Diretor da Dinamus Consultoria.

14 MACAÉ OFFSHORE

7,82%


Competitive intelligence

A brighter horizon * By Glauco Nader

O

ne of the challenges presented to analysts for this year is to point out the development perspectives for the oil and natural gas sector both in Brazil and worldwide. There are variables that pervade all nations, such as the low growth of the international economy and the drop of the barrel price in the last 12 months. In the specific case of the Brazilian scenario, there are also other elements: economic crisis; Petrobras undergoing restructuration (after scandals of corruption and investigations from the Car Wash Operation); high debts; legal obligation to invest in the Pre-salt and the permanent need to close the fuel account. On the other hand, some factors show a brighter horizon for the sector:

Company

the increase in the barrel price by nearly 50% against January/15, the increase of Brazilian reserves and production, disclose of the audited balance sheet and positive operating results from Petrobras in 2014. And finally, the market is waiting the disclosure of Petrobras Business Plan in order to identify perspectives and opportunities at the short- and midterms for the sector. Particularly in respect to the Car Wash Operation, there is the possibility of new players arriving at the market due to the high number of companies adopting precautionary blocking measures for an indefinite term with Petrobras. We believe that for the development of sectorial activities, mainly of those related to production increase, it will be required that other companies are attracted to the Oil and Gas market.

For suppliers already established in the market they will be required to reorganize their network of relationships with the new companies and their supply areas, and for those wishing to increase their insertion, it is a great opportunity to establish new relationships, as those companies by acquiring contracts are obliged to create their list of suppliers. Either way, all will have to set a new strategy and structure the commercial area in order to take advantage of the opportunities arising from this new moment. In order to illustrate this challenge, we mapped the contracts in force from some of the 33 companies with precautionary blocking measures totalizing approximately R$ 9.5 billion and that will be certainly renewed due to the scope.

No. of Contracts

Total Amount (in million)

Total Percentage

TOYO SETAL

1

R$ 1,119.80

11.84%

ODEBRECHT

2

R$ 1,719.13

18.18%

CONSTRUCAP

1

R$

CONSÓCIO QUEIROZ -IESA - TEC

2

R$ 1,281.00

13.54%

IESA

1

R$

620.45

6.56%

UTC

1

R$

594.54

6.29%

CONSÓRCIO AG-GDK-MPE

1

R$

511.28

5.41%

ODEBRECHT

4

R$ 1,369.93

14.48%

MPE

4

R$ 1,101.21

11.64%

CONSTRUTORA OAS

1

R$

184.81

1.95%

GDK

3

R$

197.41

2.09%

QUEIROZ GALVÃO

2

R$

17.53

0.19%

PROMON LOGICALIS

1

R$

0.81

0.01%

Total

24

R$ 9,457.80

100%

739.88

7.82%

* Glauco Nader is an economist graduated by UFF and Doctor in Urban and Regional Planning by UFRJ. He is also a Director of Dinamus Consultoria.

Consultoria de solução em desenvolvimento de negócios no setor de petróleo e gás Rua Treze de Maio, 13 Sala 601 - Cinelândia - Rio de Janeiro/RJ Tel: 55 21 3553 5457 - www.dinamusconsultoria.com.br

MACAÉ OFFSHORE 15


ARTICULANDO

flexibilizar

Querem a exigência de Conteúdo Local! Por Alberto Machado*

M

uito tem sido falado a favor e contra a “Política de Conteúdo Local” no setor de petróleo e gás, mas, o que realmente se quer? A quem interessa o Conteúdo Local? É uma necessidade? É um mal necessário? É um bem desnecessário? Para começar, não existe e nem nunca existiu uma “Política de Conteúdo Local” no Brasil. O que existe é apenas uma iniciativa de usar o índice de Conteúdo Local para avaliar os investimentos das companhias concessionárias de blocos exploratórios mediante contratos firmados com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, nos três regimes vigentes: concessão, partilha e cessão onerosa. Mais recentemente, está sendo colocada a exigência também em concessão de dutos. Para que a iniciativa de cobrar Conteúdo Local pudesse ser chamada de uma verdadeira “Política Industrial”, deveria ter vindo acompanhada de uma série de medidas para viabilizá-la. Há 12 anos, havia a esperança que essa seria a finalidade do PROMINP, mas, infelizmente, não se concretizou. O que ocorre, na verdade, é que se exige, através de medidas punitivas, que o comprador compre localmente ao invés de atuar para que o vendedor tenha condições de vender. Todos nós sabemos que o Custo Brasil tira a competitividade de nossa indústria e não é exigindo o improvável (competitividade nacional sem nenhuma medida para viabilizá-la) que os objetivos serão atingidos. 16 MACAÉ OFFSHORE

Assim sendo, a “Política de Conteúdo Local”, como está atualmente apresenta alguns problemas, seja no modo de exigí-la, no modo de atestá-la, no modo viabilizá-la e, até mesmo, no modo de cumpri-la. O resultado está aí: apesar dos investimentos vultosos realizados nos últimos anos no setor de petróleo e gás, a indústria de transformação, que poderia ter crescido, encolheu e, nesse ponto, há unanimidade em estudos feitos por várias entidades, incluindo associações de classe e federações de indústria de vários estados. Por seu turno, as concessionárias têm recebido multas contratuais pelo não atendimento do índice acordado, cuja cobrança agora é uma realidade e considerada prejudicial a ponto de inviabilizar, no futuro, o setor no Brasil (sic). Se, por um lado, uma empresa licitante aceita as condições para entrar na concorrência, incluindo a probabilidade de multas pelo não atendimento das cláusulas contratuais, não tem o direito de questioná-las depois, por outro, as multas oneram as empresas e não favorecem a ninguém, salvo o Caixa do Tesouro. Cabe então questionar: por que razão o uso das demandas do setor de petróleo funcionou no desenvolvimento nacional em outros países e não funciona no Brasil? As reservas são nossas, a principal empresa de petróleo é nossa e as empresas que geram Conteúdo Local em outros países são praticamente as mesmas que não conseguem fazê-lo aqui. Basta olhar para o sucesso de programas como o NORSOK na Noruega ou o CRINE no Reino Unido, programas existentes desde o início da década de 90.

Logo, simplesmente flexibilizar a exigência de Conteúdo Local não vai resolver o problema, podendo, até mesmo, reduzir ainda mais a sua pífia contribuição para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro. Vale lembrar que o desenvolvimento industrial inclui temas importantes para a soberania de um país, tais como: o desenvolvimento de tecnologia, da engenharia e de recursos humanos. Isso posto, é hora de discutirmos uma verdadeira política que seja voltada para o desenvolvimento do país através do desenvolvimento de sua indústria, sem xenofobia, sem exageros e sem tentar fazer tudo aqui, seja por falta de escala, seja por tecnologia proprietária ou pela falta de atratividade em termos de retorno. Devemos focar onde temos mais chances de sermos competitivos internacionalmente, considerando impostos, câmbio, juros, entre outros fatores que hoje tiram nossa competitividade, e todo e qualquer tipo de incentivo só deve ser concedido através de um “Plano de Negócios”, onde fique claro que não se trata de uma renúncia definitiva e sim de um investimento para o futuro. Afinal, não é utilizando o termômetro que se reduz a febre.

Alberto Machado é Engenheiro Químico, Mestre em Engenharia da Produção COPPE/UFRJ e Pós-Graduado em Business Administration INSEAD/França. Diretor Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ. Professor e Coordenador Acadêmico do MBA Gestão em Petróleo e Gás – FGV


ARTICULATING

They want to

slacken the

requirement of Local Content! By Alberto Machado*

M

uch has been discussed about the pros and cons of the “Local Content Policy” in the oil and gas segment, but what is exactly the point? Who is interested in Local Content? It is really required? It is a necessary evil? Or it is an unnecessary good? Much has been discussed about the pros and cons of the “Local Content Policy” in the oil and gas segment, but what is exactly the point? Who is interested in Local Content? It is really required? It is a necessary evil? Or it is an unnecessary good? To start off, there is no “Local Content Policy” whatsoever in Brazil. What actually exists is only an initiative of using the Local Content index to assess investments from concessionaires of exploration blocks, through agreements signed with ANP (National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels) according to the three regimes in force: concession, sharing and onerous assignment. Recently, the requirement is also applying to the concession of pipelines. If the initiative of demanding Local Content wants to become a true “Industrial Policy”, it should come with a series of measures to make it feasible. 12 years ago, there was the hope that it would be the priority of PROMINP, but unfortunately it never became a reality. In fact, what really happens is the requirement, through punitive measures, that the buyer makes local acquisitions instead of arranging for the seller to have conditions to sell. We all know that the “Brazil Cost” takes away the competitiveness of our industry and that demanding the improbable (national competitiveness without any measure to make it feasible) will not cause the desired goals to be reached. Therefore, the “Local Content Policy” as it is now, has some deficiencies, such as how it is demanded, attested, made feasible or even how to comply with it. The result could not be any different: in spite of the large investments made last year in the oil and gas sector, the transformation industry, which could have grown larger, actually shrunk and concerning this particular detail, studies made by several entities are unanimous, including trade associations and industry federations from several states.

On the other hand, concessionaires have been suffering with contractual fines due to noncompliance with the agreed index, whose charging is now a reality and is considered prejudicial to the point of making unfeasible the sector in Brazil and in the future (sic). If, on one hand, a bidding company that accepts the conditions to join a competition, including the probability of paying fines due to noncompliance with contractual clauses, has no right to challenge them later, on the other, the fines burden companies and favor no one, except for the National Treasury. Then we ask: why the adoption of demands in the oil sector worked out for the development of other countries, but the same did not happen in Brazil? Reserves belong to us, the main oil company is our and the companies generating Local Content in other countries are practically the same that are unable to do it here. Just take a look at successful programs such as NORSOK in Norway and CRINE in the United Kingdom, which exist since the 1990’s. Soon, the fact of simply slackening the requirement for Local Content will not solve the problem, and it may reduce even further its meager contribution to the development of the Brazilian industrial park. It is worth reminding that industrial development includes important themes for the sovereignty of a country, such as: development of technology, engineering and human resources. That being said, it is time to discuss a true policy that is focused on developing the country through the development of its industry, without xenophobia, exaggerations and attempts to make everything here, be it due to lack of scale, proprietary technology or lack of attractiveness in terms of return. We should pay attention to where we have more chances of being internationally competitive, taking into account taxes, exchange rates, interests, among other factors that today take away our competitiveness, and any and all kind of incentive must only be granted following a “Business Plan”, where it will be clear that it does not concern a definitive waiving, but rather an investment towards the future. After all, using a thermometer will not shorten your fever.

Alberto Machado is Chemical Engineer, Master in Production Engineering by COPPE/ UFRJ and Postgraduate in Business Administration by INSEAD/France. CEO of the Brazilian Association of the Machinery and Equipment Industry – ABIMAQ. Professor and Academic Coordinator of MBA Management in Oil and Gas – FGV MACAÉ OFFSHORE 17


ENTREVISTA

Dr Aluízio Prefeito de Macaé (RJ)

Por Rodrigo Leitão

Nascido em Macaé, RJ, em 1968, Aluízio dos Santos Júnior é médico neurologista e neurocirurgião. Macaense, de uma família de ferroviários, formouse em medicina, e desenvolveu uma carreira, que sempre dividiu com uma intensa preocupação social e humanista. Entrou para a política em um período em que Macaé passava por sérias dificuldades. Dr. Aluízio foi deputado federal pelo Partido Verde (PV-RJ) entre 2011-2012. Hoje é prefeito do

MACAÉ OFFSHORE – Em meio a crise no setor de petróleo, como o senhor tem avaliado a situação da Petrobras a curto prazo? Como o senhor avalia esta situação do mercado atualmente? DR. ALUÍZIO - Prever que essa crise aconteceria, era algo quase inimaginável. Essa crise é decorrente do preço internacional do barril de petróleo, mais a taxa de câmbio, mas principalmente, a ação sobre a Petrobras. Fomos a Houston, estamos com reuniões freqüentes com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para buscar as melhores informações sobre o futuro do mercado. Alguns pontos foram fundamentais neste processo, foi à aprovação do balanço da Petrobras sem ressalvas, que eu 18 MACAÉ OFFSHORE

município de Macaé, com mandato em exercício (2013-2016). O prefeito aparece como um dos melhores prefeitos do estado do Rio, em pesquisa realizada a pedido do Jornal Diário da Costa do Sol ao GPP, instituto de pesquisa. Em entrevista à Macaé Offshore, o prefeito do município de Macaé, Dr Aluizio apresentou os principais problemas e soluções que o setor enfrenta após os escândalos envolvendo a Petrobras

defino como um ato de coragem pela atual gestão, de forma muito pragmática, que pudesse pautar todo o mercado. Em toda crise nasce uma oportunidade. É preciso preservar esta indústria, e para preservá-la é fundamental que a gente preserve uma instituição chamada Petrobras. Não há negócio no Brasil hoje, distante da Petrobras. Quando a maior player do mercado brasileiro, reduz em 41% seus investimentos, é preciso repensar tudo de novo na indústria. E preciso que todos nós estejamos atentos. M.O. – O senhor tem conversado com a Petrobras? Qual o discurso, o

prazo para as atividades entrarem em pleno vapor novamente? D.A. - Eu tive a oportunidade de participar do evento Chevron, e convivi naquele momento com algum conhecimento da indústria do petróleo. Peço perdão pra falar, mas há uma desinformação intensa no Brasil sobre a indústria do petróleo. Só conhece a indústria quem vive e convive o dia a dia, e isso é muito ruim, porque é a economia que perfaz todo o PIB nacional. Nós elaboramos uma carta da Ompetro, com a ajuda da Onip e de outras instituições, e percebemos que as autoridades não conheciam a complexidade da indústria do petróleo.


ENTREVISTA

M.O. – Os escândalos envolvendo a Petrobras afetou o número de empregos e renda em Macaé? D.A. - Vivemos em Macaé com um cenário muito interessante. O número de empregos não diminuiu como as pessoas previam. O município de Macaé foi a campeã de empregos novamente. Batemos recorde de número de empregos novamente contra o Rio de Janeiro, mas claro, não dá para comparar o tamanho de Macaé com o a capital do Rio de Janeiro. Mas, podemos tirar uma lição dessa configuração, que é a mudança de cenário. Necessariamente não é o engenheiro, o geólogo, mas é outro nicho de emprego como manutenção, como outras atividades fins de exploração e produção que vai continuar prosperando até 2017 a 2019, se a gente de fato, conseguir fazer qualquer previsão. M.O. – O senhor foi eleito o novo presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro). Quais são as primeiras medidas que o senhor irá tomar diante do enfrentamento à crise do petróleo com as outras prefeituras associadas? D.A. - Falando como presidente da Ompetro, nós tínhamos uma grande perspectiva que o pré-sal seria o grande advento da indústria de petróleo no mundo e que seria arrebatador para o Brasil, consequentemente para o Estado do Rio de Janeiro. Nossa perspectiva é que dois terços do petróleo produzido no Brasil estão no pós-sal da Bacia de Campos. Isso pra o município de Macaé, para o setor de petróleo e gás é um aviso que temos tempo de arrumar a casa. A gente não soube organizar, falo isso sem nenhuma crítica ou observação à políticas passadas. Meu discurso é

que nós não soubemos apontar um bom cenário, um cenário competitivo que pudesse agradar toda a cadeia. Esse é meu grande desafio à frente da Ompetro, trazer essa indústria para a organização. Sem a indústria, a Ompetro não vai caminhar, temos conversado muito sobre isto. Antigamente, as prefeituras brigavam por royalties. Posso te dizer que na minha gestão não será assim. Conversamos muito, e com a ajuda do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Abespetro, IADC, precisam nos ajudar a reformular e fortalecer a organização, e não só ficarmos preocupados com Participações Especiais, royalties etc.

aeroportos aqui no Brasil cheguem à Macaé com preço mais caro do que o de Houston (internacional). Isso é algo inacreditável. Se contar parece piada. Imaginar que Macaé x Houston é mais barato que Macaé x Cabo Frio que são 100km é brincadeira. Só no Brasil. Veja bem, não estou discutindo o aeroporto de Cabo Frio, e sim a questão logística. A rede de petróleo, a Ompetro não sobrevive a esse tipo de logística. Esse desafio precisa ser revisto de forma imediata. Então, lidar com

M.O. – Municípios como Macaé, Campos, Quissamã e São João da Barra são nacionalmente conhecidos como polos de extrema importância para os investimentos no estado, na indústria naval, portuária e logística. Como o senhor vem trabalhando essas questões como presidente da Ompetro? D.A. - Temos o Porto do Açu, localizado no município de São João da Barra, com expectativa de um grande negócio, mas essa obra todo mundo sabe, precisou ser remodelada. Temos o Porto de Imbetiba, em Macaé, que é o maior porto offshore do Brasil, com três berços que trabalham de forma diuturnamente sem parar, um trabalho efervescente. A nossa rede hoteleira e o aeroporto de Campos e de Cabo Frio. Toda a atividade de petróleo que chega de Houston precisa chegar ao porto de Macae. Agora é impraticável que o frete que sai de Houston possa chegar ao aeroporto de Cabo Frio ou do Galeão seja mais barato, do que todo petróleo que sai desses MACAÉ OFFSHORE 19


ENTREVISTA

recurso público é também rever a eficiência, com plano estratégico a curto e médio prazo. O que foi feito há dez anos se mostra inviável, e só reflete a falta de competitividade. A indústria do petróleo representa 12% do PIB nacional e 30% do Estado do Rio de Janeiro. Temos que nos reorganizar o mais rápido possível. M.O. – Conteúdo local é um fator determinante para o crescimento da indústria naval brasileira retomar suas atividades e fortalecer as PMEs contra a concorrência estrangeiras. Como o senhor vem tratando essas questões com o governo estadual? D.A. - O Conteúdo Local precisa ser discutido sempre. Enquanto isso não acontecer seremos um país com grande reserva de petróleo e pouco competitivo. Vamos lembrar que a indústria ela migra, e o présal pode perder o boom de quando foi descoberto. Se não houver infraestrutura, logística, não há indústria em qualquer país que possa prosperar. M.O. – Em relação aos royalties do petróleo, quais os últimos estudos mapeados pela Prefeitura sobre a economia dos municípios nos próximos anos? Uma comitiva foi designada para conversas com o governo federal em busca de ajuda financeira. Quais foram as respostas do Palácio do Planalto? D.A. - No primeiro pagamento da parcela de 2015 da participação especial, que é trimestral, o município recebeu cerca de R$ 3 milhões. Uma queda de 73% em relação ao mesmo período de 2014, em que o repasse foi de, aproximadamente, 12,6 milhões. Vamos continuar trabalhando, pois esse é o principal fator para enfrentar 20 MACAÉ OFFSHORE

qualquer cenário de desaceleração da economia por conta da instabilidade no repasse dos royalties. Por outro lado, é necessário entender melhor esses cálculos e, com isso, elencarmos prioridades. Somente com controle fiel dos gastos e otimização dos serviços prestados será possível sobreviver a esses cortes. Além disso, estamos desenvolvendo mecanismos para atrair novos empreendimentos.

Não há negócio no Brasil hoje, distante da Petrobras M.O. – Quais as principais obras que o senhor vem investindo no município de Macaé? D.A. - Em Macaé, estamos investindo em infraestrutura de forma contundente. Infraestrutura e logística é um “mantra” para a indústria. Algumas coisas também precisamos desmistificar. Por exemplo, o Mato Grosso do Sul e o Centro Oeste não

tem porto, mas precisa de estrada, ferrovia, para poder escoar a produção. Então, essa máxima do Porto é um aviso para todos nós. Todo o Estado do Rio de Janeiro está construindo Porto. Eu acredito que há demandas para todos, mas enquanto todo mundo aposta neste setor, está na hora de apostar em alguma coisa diferente, porque em determinado momento, o porto não será fundamental para todos. Fizemos uma reforma administrativa no nosso Parque Tecnológico, aqui em Macaé. Transformamos definitivamente em um instituto de ciência e tecnologia, que apostamos de forma muito assertiva no conhecimento. Temos certeza que daqui a algum tempo, Macaé será centro de grandes conhecimentos e universidades. O nosso porto é claro, que está em fase final de licenciamento e o nosso aeroporto que temos conversado com Ministério de Aviação Civil, para também transformar o aeroporto de Macaé, além de passageiros para o recebimento de cargas. Essa é uma premissa, tanto do Porto quanto do aeroporto em Macaé. O Portal de Licenciamento Online, está trabalhando junto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Atualmente em Macaé, nós temos ido em buscas das empresas. Qualquer projeto hoje, de qualquer empresa que seja significativo para a região, a gente adota como um projeto do governo. Lógico, nós licenciamos dentro das premissas da lei. Somos um elemento facilitador, para que essa empresa não passe nenhum percalço. Fora isso, conseguimos manter as principais players do setor, como a FMC, Halliburton, NOV, Continental para que continuem seus investimentos e fortaleçam suas bases em Macaé. 


ENTREVISTA

MACAÉ OFFSHORE 21


INTERVIEW

Dr. Aluízio Mayor of Macaé(RJ)

By Rodrigo Leitão

Born on Macaé, RJ, in 1968, Aluízio dos Santos Júnior is a neurologist and neurosurgeon. Natural of Macaé, from a family of railroaders, he graduated in Medicine and made it his career, which he was always shared with an intense social and humanist concern. He joined the world of politics in a period where Macaé was under serious difficulties. Dr. Aluízio was a federal deputy by the Green Party (PV-RJ) between 2011 and 2012. Today he is the

MACAÉ OFFSHORE – Amidst the crisis in the oil sector, how do you evaluate the situation of Petrobras at the short-term? How do you evaluate the current market situation? DOCTOR ALUÍZIO - To predict that this crisis would happen was something almost impossible to imagine. This crisis results from the international oil barrel price plus the exchange rate, but mainly from its impact on Petrobras. We went to Houston and we are also holding frequent meetings with the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) to seek the best information on the future of the market. One of the points critical in this process was the unanimous approval of Petrobras balance sheet, which I see as an act of courage by the new management, in a very pragmatic way and capable of alleviating the whole market. From every crisis an opportunity is born. It is imperative to preserve this industry, and to do so it is fundamental that we preserve an institution called Petrobras. There is no business in Brazil whatsoever too far from Petrobras. When the largest player of the Brazilian market reduces by 41% its investments, then it is time to rethink what is going on with the industry. We all must be aware of what is happening. 22 MACAÉ OFFSHORE

mayor of the city of Macaé with office from 2013 to 2016. The mayor stands out as one of the best mayors of the State according to a research done at the request of the Jornal Diário da Costa do Sol to GPP, a research institute. In interview to Macaé Offshore, the mayor of the city of Macaé, Dr. Aluízio presented the main issues and solutions the sector is now facing following the scandals involving Petrobras.

M.O. – Have you talked to Petrobras? What are the discussions and deadlines for the activities to go full throttle again? D.A. - I had the opportunity to attend the Chevron Event, and on that particular occasion I acquired some knowledge on the petroleum industry. I am sorry for saying this, but there is a massive disinformation in Brazil on the oil industry. Only those living it on daily basis really know how the industry works, and that is bad, because it is the sort of economy that takes a huge chunk of the national GDP. We elaborated a letter of Ompetro, with the aid of Onip and other institutions and we noticed that authorities were unaware of the petroleum industry complexity.

M.O. – Did scandals involving Petrobras affect the number of employees and income in Macaé? D.A. - We live in Macaé with a very interesting scenario. The number of employees did not decrease as people predicted. The city of Macaé was once again the champion of employments. We broke another record in the number of employments against Rio de Janeiro, but obviously, you cannot compare the size of Macaé with Rio de Janeiro. Nevertheless, we can learn

a valuable lesson from this experience, which is the change of scenario. Not necessarily the engineer or the geologist, but another employment niche such as maintenance and other activities related to exploration and production that will keep on growing up from 2017 to 2019, if we do manage to make any forecast.

M.O. – You were elected the new president of the Organization of the Oil Producing Cities (Ompetro). What are the first measures you will adopt in order to counter the oil crisis along with the other city halls? D.A. - Speaking as the president of Ompetro, we had a strong perspective that the pre-salt would be the most important discovery of the global oil industry and that such fact would be incredibly beneficial to Brazil, especially to the State of Rio de Janeiro. Our perspective is that the two thirds of produced oil in Brazil are in the post-salt of the Campos Basin. All this to the city of Macaé and to the oil and gas sector is a warning that this is the time to reorganize. We failed to organize and I say without criticizing or mentioning past policies. My discourse is that we failed to envision a good scenario, competitive enough to


INTERVIEW please the whole chain. This is my biggest challenge in leading Ompetro, to bring this industry to the Organization. Without the industry, Ompetro will not walk by itself and we have discussed it a lot. In past times, city halls fought for royalties. I can tell you that in my office it will not be like that. Conversations are ongoing and with the aid of the Brazilian Petroleum Institute (IBP), National Organization of the Petroleum Industry (Onip), Abespetro, IADC, we will be able to reformulate and strengthen the organization instead of only being worried with Special Participations, royalties, etc.

M.O. – Cities such as Macaé, Campos, Quissamã and São João da Barra are nationwide acknowledged as poles of extreme importance for the investments in the state, including the shipbuilding, port and logistic sectors. How are you managing those issues as president of Ompetro? D.A. - We have the Port of Açu, located in the city of São João da Barra, with expectations of being a great business, but this work as everyone knows, needs to be remodeled. We have the Port of Imbetiba, in Macaé, which is the biggest Brazilian offshore port, with three cradles working day and night, a tireless effort. Not to mention our hotel network and airports of Campos and Cabo Frio. Every petroleum activity coming from Houston needs to stop by at the port of Macaé. Now, it is unbearable that the freight leaving Houston and reaching the airports of Cabo Frio or Galeão is cheaper than the whole oil that leaves such airports and arrives at Macaé with a price more expensive than the one from Houston (international). This is unbelievable. Sounds like a joke. To imagine that Macaé x Houston is cheaper than Macaé x Cabo Frio (100 km far from each other), it cannot be true, but it is, here in Brazil. Look, I am not talking about the airport of Cabo Frio, I am talking about the logistics behind this process. The oil network and Ompetro cannot sustain this type of logistics. This challenge needs to be tackled immediately. Therefore, dealing with public resources is also reviewing the efficiency, with a strategic plan at the short- and mid-term. What was done ten years ago is now undoable and serves only to reflect the lack of competitiveness. The oil industry represents 12% of the national GDP and 30% of the

State of Rio de Janeiro. We have to reorganize ourselves as fast as possible.

which the transfer was of approximately 12.6 million.

M.O. – Local Content is a determining factor for the Brazilian shipbuilding industry to grow and resume its activities, as well as to strengthen Small and Midsized Companies against the foreign competition. How are you addressing these issues with the state government?

We will keep on working, because that is the main factor to face any scenario of economy slowdown due to instability in the transfer of royalties. On the other hand, it is required to better understand those calculations and then list priorities. Only through faithful control of expenses and optimization of services provided it will be possible to survive such cuts. Additionally, we are developing mechanisms to attract new enterprises.

D.A. - Local Content needs to be discussed at all times. Otherwise, we will be a country with a huge oil reserve and far from being competitive. It is worth reminding that the industry tends to mi-

There is no business in Brazil whatsoever too far from Petrobras grate, and the pre-salt may lose the hype from its discovery. Without infrastructure or logistics no industry anywhere in the globe is able to prosper.

M.O. – Concerning petroleum royalties, what are the studies mapped by the City Hall on the economy of the cities within the next years? A committee was designated to speak with the federal government in search of financial support. What was the reaction of the Planalto Palace? D.A. - In the first payment of the installment related to the special participation of 2015, which occurs quarterly, the city received nearly R$ 3 million. A drop of 73% compared to the same period in 2014, in

M.O. – What are the main works you are currently investing on in the city of Macaé? D.A. - In Macaé we are consistently investing on infrastructure. Infrastructure and logistics are seen as a “mantra” by the industry. However, there are a few things we need to demystify. For example, the state of Mato Grosso do Sul and the CentralWest region have no ports, but requires highways and railways to be able to keep production flowing. Therefore, this dictum of “Port” is a warning to all of us. The whole state of Rio is building Ports. I believe there are demands for all, but while everyone is betting their chips on this sector, it is time to bet one something else, because sooner or later, ports will no longer be a critical advantage for whoever keeps investing on them. We did an administrative reform in our Technological Park here in Macaé. We made it into a definitive science and technological institute as we are doubtless that knowledge is our focus. We are certain that after some time, Macaé will be the hub of vast knowledge and universities. Additionally, our port is under final licensing step and our airport, after conversations with the Civil Aviation Ministry, will also be reformed and expanded. The Online Licensing Portal is working together with the Economic Development Department. In Macaé we have been searching for companies. Today any project from any company is meaningful to the region and adopted as a project of the government. Obviously, licensing occurs within the laws. We are a facilitator and we work to make sure that the company will not suffer any setbacks. Other than that, we managed to keep the main players of the sector, such as FMC, Halliburton, NOV, Continental so they can continue their investments and strengthen their bases in Macaé. MACAÉ OFFSHORE 23


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Esqueceram de mim Justamente em um momento em que luta para restabelecer a confiança do mercado, com a promessa de focar no pré-sal, a Petrobras terá planos aprovados para melhorar a eficiência de três áreas no combate ao declínio dos campos maduros da Bacia de Campos

Por Rodrigo Leitão

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om o passar do tempo, fica cada vez mais dispendioso obter petróleo de campos maduros, já que o mesmo é obtido via recuperação secundária ou terciária. Em paralelo, a sucessão de pequenas ineficiências operacionais acaba gerando deseconomias que, nos tempos atuais, não podem mais ser toleradas. Mesmo com a nova produção no campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, os campos maduros, localizados na Bacia de Campos tiveram um leve declínio na extração nos últimos três anos.

gradativamente, voltará aos antigos patamares de resultados e de atuação abrangente no mercado. A China, por exemplo, já se comprometeu a financiar projetos da Petrobras na ordem de US$ 7 bilhões. Há previsão de a estatal receber, até 2020, 28 sondas de perfuração, 32 plataformas de produção, 154 navios de apoio de grande porte e 81 navios-tanque. E tudo isso será construído no Brasil. Assim, não só a Unidade Operacional (UO-BC), mas também a (UO-Rio) deverão receber o quinhão originariamente previsto.

Bacia de Campos atingiu 80% em 2014, ante 75% em 2013, “contribuindo para compensar o declínio natural desses campos”.

Após o turbilhão de más noticias envolvendo o nome da maior player do mercado brasileiro, a Petrobras deverá receber significativos aportes de investimentos e,

Segundo a Petrobras, devido ao Programa de Aumento da Eficiência Operacional (Proef), gerenciado pela empresa, a eficiência operacional alcançada da

Em entrevista à Macaé Offshore, o coordenador da Rede Petro-BC, Evandro Cunha, afirma que, a Petrobras desenvolve o Programa de Aumento da Eficiência

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Em dezembro de 2014, a produção registrou 1,800 milhão de barris de petróleo/ dia (bpd), ante 1,847 milhão bpd em dezembro de 2011. Por outro lado, a Bacia de Santos, com o impulso do pré-sal, teve sua produção multiplicada quase quatro vezes, para 488,105 mil bpd em dezembro passado, ante 128,982 mil três anos antes.


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Operacional da Bacia de Campos com sucesso, aumentando constantemente a eficiência dos campos maduros e o grau de exploração de óleo. De acordo com o diretor, a área subsea terá uma forte demanda nos próximos anos com o objetivo de acelerear a operação dos poços com objetivo de aumentar a produção. “Com a chegada das UMS e de mais FPSO, a manutenção também deverá ter uma demanda latente, principalmente com o envelhecimento dos ativos de produção. Há pelo menos 6 UMS em atividade ou sendo contratadas para acelerarem esse processo de modernização”, diz Evandro. Para o professor da graduação de Engenharia e Petróleo e Gás da Universidade Veiga de Almeida, Manoel Farias, a produtividade dos campos maduros irá naturalmente declinar. Entretanto, parte do

declínio observado nos poços da malha de drenagem já instalada poderá ser revertido com a perfuração de poços de desenvolvimento complementar (“infill drilling”), uso técnicas de recompletação nos poços para produção de intervalos com alta saturação de óleo remanescente, aumento na capacidade de processamento de fluidos nas plataformas ou mesmo pelo emprego de métodos de recuperação avançada de petróleo (EOR). “Tecnicamente, a Petrobras sempre esteve no caminho certo. Em relação ao pré-sal, devido aos volumes de petróleo encontrados, é correto dar prioridade. Entretanto, a Bacia de Campos é uma região com produtividade reconhecida e o corpo técnico da empresa a conhece como a palma da mão. Ela deve receber investimentos também, até para que possa gerar caixa para financiar parte do esforço na

Bacia de Santos. Aqui vale máxima de não colocar todos os ovos em um único cesto”, observa Leopoldino. De acordo com a Petrobras, a companhia tem empreendido esforços para manter a produção nos campos do pós-sal, que apresentam declínio natural do potencial de produção, dentro de parâmetros que estão de acordo com as melhores práticas da indústria. Além da melhoria da eficiência de sistemas antigos, foram implementados diversos projetos de adensamento de malha de poços, de otimização da injeção de água e ações efetivas de gerenciamento de reservatórios que visam à manutenção da produção nestes campos. Ainda, segundo a estatal, “a Bacia de Campos continua sendo o mais importante polo de produção”, diz a Petrobras, em nota enviada à Macaé Offshore.

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Pré-sal não pode ser prioridade, afirmam especialistas Em entrevista à Macaé Offshore, o professor e Coordenador Acadêmico do MBA Gestão em Petróleo e Gás – FGV, Alberto Machado, observa que o pós-sal, ficou em segundo plano, devido às atividades do pré-sal. Machado relata que, os poços localizados na Bacia de Campos estão produzindo muita água e o custo operacional é caro, mas faz ressalvas quanto às prioridades da Petrobras. “Imagina se não tivéssemos descobertos o pré-sal? Com certeza, o foco seria o pós-sal, então temos que retomar a revitalização desses campos e dar uma sobrevida”, rebate Machado. Na visão do coordenador de graduação em Engenharia do Ibmec/RJ, Altair Ferreira Filho, “o pré-sal não é uma prioridade, mas um complemento estratégico muito significativo. A exploração do pré-sal na Bacia de Santos, por exemplo, vem apresentando números muito elevados: isso ajuda e garantir a viabilidade técnico-econômica diante do inevitável trade-off com o preço do barril no exterior. “O jogo do pré-sal é complexo, mas nós saímos na frente. Temos que explorar nessas jazidas e investir em tecnologias consistentes. Com o tempo, trataremos esse novo modelo como vimos tratando a exploração convencional de petróleo. Qual é o prêmio? Em torno de 30 bilhões de barris!”, indaga Altair.

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Divulgação

maior estabilização da economia e alguma desoneração tributária. Como foi descrito antes, é um negócio muito caro e ninguém quer trabalhar na incerteza. Ora, os campos maduros têm petróleo e isso, efetivamente, é uma boa certeza. Na outra ponta, inevitavelmente, o mercado demandará petróleo a preço justo. Basta juntar os dois lados.

Altair Filho, coordenador doe Engenharia do Ibmec fala sobre os desafios estratégicos do pré-sal Altair Filho, Engineering Coordinator of Ibmec talks about the pre-salt’s strategic challenges

Segundo o coordenador, para aprimorar a eficiência/eficácia dos campos maduros é necessário otimizar todos os processos – um a um – e investir em tecnologia adequada. Na visão do coordenador, dá para aprimorar desde a extração até a logística de escoamento. Em função das reservas ainda disponíveis, será uma operação de alto retorno financeiro de médio a longo prazo, mas que requererá investimentos iniciais elevados. A Petrobras e as outras empresas do setor têm isso bem dimensionado e, sim, têm capacidade e vontade de implementar essas soluções. “Estou otimista. Creio que os players do setor estão aguardando uma postura governamental mais consistente em termos de garantias de investimentos no setor,

A PetroRio (ex-HRT) tem interesse em avaliar ativos que podem ser colocados à venda pela Petrobras, afirmou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Guilherme Marques. A estatal anunciou recentemente um plano ambicioso de desinvestimentos para o biênio 2015 e 2016, de cerca de US$ 13 bilhões. Marques destacou que a empresa busca aquisições de campos maduros em produção. “A gente precisa ver qual o interesse da Petrobras, eu acredito que em algum momento a Petrobras vai se ver em uma situação de colocar ativos em produção à venda”, disse Marques em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre da PetroRio. O apetite permanece apesar de recentes compras anunciadas pela companhia. Marques aguarda ainda para este ano a aprovação de órgãos reguladores para a compra dos 40% restantes de Polvo, da Maersk, e de 80% dos campos de Bijupirá e Salema, da anglo-holandesa Shell, ambos na Bacia de Campos.


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Petrobras garante investimentos

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A Petrobras terá planos aprovados neste ano para melhorar a eficiência de três importantes áreas da Bacia de Campos, os quais poderão demandar elevados investimentos no combate ao declínio da produção de campos antigos, justamente em um momento em que luta para restabelecer a confiança do mercado, com a promessa de reduzir aportes e focar no pré-sal. Segundo boletim da Petrobras sobre o Proef, a produção do campo de Marlim — terceiro maior produtor de petróleo do país —, que segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é uma das principais áreas em declínio, caiu 11,21% em dezembro de 2014 ante dezembro de 2011, para 198 mil barris de óleo/ dia. Na mesma comparação, o campo de Albacora, outro campo com expressivo declínio, viu sua produção reduzir em 23,68%, para 58 mil barris de petróleo por dia. A ANP disse que prevê analisar e aprovar em 2015 novos Planos de Desenvolvimento apresentados pela estatal para os campos de Barracuda, Caratinga e Espadarte. No boletim mensal do cronograma da ANP, essas três áreas fazem parte de uma lista da agência de campos com alta produtividade na Bacia de Campos, mas que estão produzindo menos que o potencial porque não estariam

Mapa da Bacia de Campos: Petrobras espera retomar eficiência dos campos maduros (em vermelho) Map of the Campos Basin: Petrobras expects to resume the efficiency of mature fields (in red)

recebendo os investimentos adequados para o desenvolvimento da produção. Além dos três campos, outras seis áreas tiveram seus planos reformulados, desde 2013, devido às exigências da agência: Roncador, Marlim Sul, Marlim Leste, Marlim, Albacora e Pampo. A situação do mercado de produção independente de petróleo no país, está sendo vista pela Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), que encara a questão com extrema preocupação. Um estudo feito pela ABPIP, estabelecendo como linha de corte a produção de mil barris por dia em cada campo, e diz que o total de áreas encaixadas neste quesito representa apenas 1%

de todo o petróleo produzido diariamente no Brasil. Na avaliação da instituição, a venda desses campos para os pequenos produtores poderia impulsionar novos investimentos e gerar desenvolvimento em vários municípios onde a renda e a arrecadação de impostos têm caído nos últimos tempos. “Os campos maduros da Petrobras nessas áreas são declinantes, mas a das produtoras independentes é ascendente. Isso ocorre porque ela não investe, priorizando outras áreas que são de maior interesse. Quando ela não investe nessas áreas pequenas, afeta as regiões e a produção ali só cai, gerando perdas de emprego e de receita para municípios”, diz à ABPIP.

Injeção de água é a tecnologia mais utilizada Tendo isso em vista de que a Bacia de Campos será o sustentáculo da auto-suficiência brasileira em petróleo e diante dos desafios previstos para a indústria nacional, o principal método utilizado para o aumento da produção e da recuperação de petróleo nesses campos maduros é a injeção de água, técnica já consagrada na indústria. No campo de Albacora, na Bacia de Campos, por exemplo, entrou em operação em 28 MACAÉ OFFSHORE

2012 o sistema submarino de injeção de água, ou RWI (Raw Water Injection), que consiste na injeção de água através de bombas instaladas no solo marinho, sem que a água passe na plataforma. De acordo com a Petrobras, este sistema tem levado a resultados significativos de ganhos de produção no campo. Além disso, a Petrobras tem investido em

tecnologias de monitoramento de reservatórios através da sísmica 4D, que permite a compreensão dos “caminhos” da água dentro da jazida e a existência de volumes de óleo ainda não drenados, permitindo, desta forma, a otimização da produção. Um exemplo para essa tecnologia é o campo de Jubarte, onde foi instalado um sistema piloto de monitoramento sísmico permanente no solo


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marinho, que permite que o reservatório seja monitorado com maior frequência maior entre os eventos e possibilita a identificação de oportunidades para melhorias na produção. Para o professor de Engenharia de Petróleo e Gás da UVA, Manoel Farias, a Petrobras vai precisar de pessoal e tecnologias adequadas para campos maduros, ou seja, com custos competitivos e alta confiabilidade. “Será preciso instalar equipamentos que possam operar por muitos anos sem a necessidade de workover. Poços com vazões modestas podem ficar operando anos a fio, desde que não seja necessário o envio de uma sonda para repará-los toda hora. Além disso, o desenvolvimento de pequenas acumulações adjacentes aos campos já em operação podem demandar manifolds de pequena capacidade e, até, mesmo sistemas capazes de escoar toda a produção para terra (conceito subsea to shore)”, afirma Leopoldino à Macaé Offshore. De acordo com o diretor sênior do Centro de Tecnologias Globais

Halliburton, é preciso investir em tecnologias e planejamento para a exploração em campos maduros, que respondem por 70% da produção atual de petróleo. As empresas que exploram esses campos enfrentam desafios como produção excessiva de água e esgotamento da pressão, o as faz abandonar os poços antes do fim da extração. Sem investimento em tecnologia, a produção da Bacia de Campos fica economicamente inviável. No ano passado, segundo a ANP, os campos de Badejo, Linguado e Trilha produziram, em média, apenas 1.569 bpd. Não há business plan de recuperação para a Petrobras que resista a uma operação ineficiente. O coordenador de Engenharia do Ibmec-RJ, Altair Filho enfatiza também a técnica da injeção de água como a mais apropriada com menor custo operacional. A injeção de água é iniciada sempre que pressão natural do campo diminui, podendo acontecer a partir dos 10 anos de produção. É a técnica de menor custo operacional. A água deve ser tratada antes de ser injetada. Como a composição das águas é extremamente variável entre

as diferentes poços, é indispensável um bom planejamento para a produção. “É necessário um monitoramento em cada reservatório, visando prevenir a formação de incrustações nas colunas de produção, causadas por depósição de sais insolúveis que se formam pela incompatibilidade da água de formação e a água injetada. As obstruções formadas podem reduzir substancialmente a produção de petróleo e causar enormes prejuízos ao processo extrativo”, afirma Altair. Segundo ele, a adição de polímeros à água injetada aumenta a viscosidade da água e melhora a razão de mobilidade água/petróleo, melhorando a eficiência do processo. Alguns exemplos de polímeros são óleo de parafina comercial e Solução polimérica à base de poliacrilamida parcialmente hidrolizada. “A injeção de solução polimérica é um processo caro. Assim, pode-se adotar a injeção alternada de bancos de água e de solução polimérica. A reinjeção de gás natural com o uso de bombas também é uma forma de melhorar a obtenção de petróleo”, conclui o professor.

Petrobras x PME´s De acordo com o professor da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Manoel Farias, uma política salutar para as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) e para a própria Petrobras seria a participação delas na operação de campos maduros offshore. Para o coordenador, esse seria um primeiro passo para a aquisição de expertise e ganho de escala nas operações da PME. Depois dessa primeira etapa, naturalmente poderiam ser repassadas áreas em águas rasas para operação dessas companhias.

“Como o custo operacional das PME tende a ser menor, os campos acabariam estendendo sua vida produtiva. O ganho da Petrobras seria poder aplicar melhor seus recursos em áreas mais atrativas como o pré-sal”, explica Farias. Ainda, segundo o coordenador, em paralelo, esforços junto aos governos deveriam ser feitos no sentido de conseguir incentivos fiscais para empresas nacionais dispostas a investir na produção em áreas maduras. Em alguns países, o emprego de métodos de recuperação

avançada para aumento do fator de recuperação final em áreas maduras é incentivado com a isenção de impostos para o delta de óleo produzido. Para o coordenador da Rede PetroBC, Evandro Cunha, as principais oportunidades estarão na área de manutenção devido à aceleração das atividades de modernização e recuperação dos ativos de produção, no fornecimento de suprimentos e equipamentos, bem como em itens específicos para os equipamentos e serviços subsea. 

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alone

Now that it strives to regain the market trust, with the promise of focusing on the pre-salt, Petrobras expects to have some of its plans approved in order to improve the efficiency of three key areas and then to counter the decline affecting mature fields in the Campos Basin By Rodrigo Leitão

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s time passes, it gets more and more expense to obtain oil from mature fields, as said oil is obtained through secondary or tertiary recovery. At the same time, a succession of small operating inefficiencies ends up causing diseconomies which, in times such as this, can no longer be tolerated. Even with the new ongoing production in the Libra field, pre-salt of the Santos Basin, the mature fields located in the Campos Basin suffered a slight decline in extraction in the last three years. After the turmoil of bad news involving the leading player of the Brazilian market, Petrobras is expected to receive significant sums of investments so that it can, gradually, reach once again its previous dominant status in the market. China for example, is already committed to finance projects from Petrobras in the amount of US$ 7 billion. Petrobras is also expected to receive until 2020, 28 drilling rigs, 32 production platforms, 154 big-sized supply vessels and 81 tankers. And all that is to be built here. And then, not only the Operating Unit (UO-BC), but also (UO-Rio) should both receive the share originally established. According to Petrobras, due to the Program to Increase Operational Efficiency (Proef) managed by the company, the operating efficiency reached by the Campos Basin reached 80% in 2014 against 75% in 2013, “thus contributing to offset the natural decline of those fields”.

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On December 2014, production recorded 1,800 million barrels of oil/day (bpd), against 1,847 million bpd on December 2011. On the other hand, the Santos Basin, following the boost of the pre-salt, had its production multiplied four times to 488.105 thousand bpd in December last year against 128.982 thousand three years before. In an interview to Macaé Offshore, the coordinator of Rede Petro-BC, Evandro Cunha, said that Petrobras is on a constant successful development streak with Proef for the Campos Basin, constantly increasing both the efficiency of mature fields and the degree of oil exploration. According to the director, the subsea area will have a strong demand in the next years with the purpose of speeding up well operations and increase production. “Following the arrival of UMS’s and more FPSO’s, maintenance will also have a latent demand, mainly due to the aging of production assets. There are at least 6 UMS’s in activity or being hired to speed up this modernization process”, says Evandro. For the professor of the Engineering, Oil and Gas graduation course at Universidade Veiga de Almeida, Manoel Farias, productivity of mature fields will naturally decline. However, part of the decline observed in wells of the draining grid may be reverted by drilling complementary development wells (“infill drilling”), utilizing recompletion techniques in production wells with saturation of

remaining oil, increasing the processing capacity of fluids in platforms or even by deploying enhanced oil recovery methods (EOR). “Technically, Petrobras was always on right path. Concerning the pre-salt, due to the oil volumes found, it is correct and safe to give it some priority. However, the Campos Basin is a region with recognized productivity and the technical staff of the company knows it like the palms of their hands. That region must also receive investments to make it able to generate cash to finance part of the effort in the Santos Basin. The golden rule is to avoid putting all eggs in the same basket”, observes Leopoldino. According to Petrobras, the company has made efforts to keep the production in post-salt fields presenting natural decline and production potential, but still within the parameters that are in accordance to the best practices of the industry. In addition to the improvement in the efficiency of old systems, several projects were implemented to densify the wells grid and optimize water injection, not to mention the adoption of effective actions to manage reservoirs with aims at maintaining the production in those fields. Still according to the company, “the Campos Basin still is the most important production pole” says Petrobras in a notice sent to Macaé Offshore.


COVER Pre-salt cannot be a priority, says specialists In an interview to Macaé Offshore, the Professor and Academic Coordinator of MBA of Management in Oil and Gas from FGV, Alberto Machado, observed that the post-salt was relegated to the background due to pre-salt activities. Machado also affirmed that wells located in the Campos Basin are producing too much water and the operating cost is not cheap, but calls the attention to Petrobras’ priorities. “Imagine if we had never discovered the pre-salt?” Certainly, the focus would be the post-salt, so we must resume the revitalization of those fields and give them some new life”, argued Machado. In the view of the Engineering Graduation Coordinator from Ibmec/ RJ, Altair Ferreira Filho, “pre-salt is not a priority, but a very significant strategic complement. Exploration of the presalt in the Santos Basis, for instance, is showing high numbers: it helps to ensure the technical and economic feasibility in face of the inevitable trade-off with the foreign barrel price. “The pre-salt game is a complex one, but we are in the lead. We have

to explore those reservoirs and invest in consistent technologies. In time, we will treat this new model just as we have been treating the conventional oil exploration. The reward? Around 30 billion barrels!” inquired Altair. According to the coordinator, in order to improve efficiency/efficacy of mature fields it is required to optimize all processes, one at the time, and invest in the appropriate technologies. He says it is possible to make improvements from extraction to flowing logistics. Thanks to the reserves still available, it will be an operation of high financial returns at the mid- and long-terms, although it will demand initial high investments. Petrobras and the other sectorial companies are aware of that and have the capacity and will to implement the required solutions. “I am optimist. I believe players of the sector are waiting for a more consistent government behavior in terms of investment guarantees in the sector, better economy stabilization and some tax exemption. As said before, it is a very expensive business and no one wants to work with uncertainties. Well, mature fields have oil and that, effectively speaking, is

a good certainty. But, inevitably speaking, the market will demand oil at a fair price. All you have to do is put both together. PetroRio (former HRT) is interested in evaluating assets that can be put up for sale by Petrobras, said the Financial and Relationship with Stakeholders Director, Guilherme Marques. Petrobras recently announced an ambitious disinvestment plan for the years of 2015 and 2016, of approximately US$ 13 billion. Marques said that the company seeks to acquire mature fields in production. “We need to see in what Petrobras is interested in, I believe that at some point Petrobras will see itself in a situation of putting up for sale assets in production “, said Marques in a teleconference with analysts where he talked about the results of PetroRio’s first quarter. Appetite remains despite the recent acquisitions announced by the company. Marques still awaits approval from regulatory agencies in order to acquire the remaining 40% from Polvo (Maersk) and the 80% from the fields of Bijupirá and Salema (Shell), both located in the Campos Basin.

Petrobras guarantees investments Petrobras will have plans approved still this year to improve the efficiency of three key areas in the Campos Basin, which may demand high investments to counter the decline of production from old fields, especially in a time where it struggles to regain the market trust, with the promise of reducing contributions and focusing on the pre-salt. According to a bulleting from Petrobras about Proef, the production of the Marlim field – third largest oil producer in the country and according to the Brazilian National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) one of the main declining areas – dropped 11.21% on December 2014 compared to December 2011, to 198 thousand barrels of oil/day. In the same comparison, the Albacore field, another case under significant decline, reduced its production in 23.68%, to 58 thousand barrels of oil/ day. ANP said that it will analyze and

approve in 2015 new Development Plans submitted by Petrobras for the Barracuda, Caratinga and Espadarte fields. In the monthly bulleting of ANP’s schedule, those three areas are part of a list of fields with high productivity in the Campos Basin, but that are producing less than their potential as they are not receiving the appropriate investments to further develop production. In addition to three fields, another six areas have their plans reformulated since 2013 due to requirements from the agency, they are: Roncador, Marlim Sul, Marlim Leste, Marlim, Albacora and Pampo. The independent oil production market situation in the country is under the watchful eye of the Brazilian Association of Independent Oil and Gas Producers (ABPIP), who is extremely concerned with this issue. A study by ABPIP, establishing

as bottom line the production of one thousand barrels per day in each field, says that the total of areas meeting this requirement represents only 1% of the whole petroleum produced daily in Brazil. In the assessment of the institution, the sale of those fields to small producers would boost new investments and generate development in several cities where income and tax collection has dropped in the last years. “Mature fields owned by Petrobras in those areas are declining, but the ones owned by independent producers are soaring. It occurs because Petrobras is not investing, but rather is giving priority to other areas of higher concern. When it does not invest in such small areas, regions are affected and their production drops, generating loss of jobs and income for cities”, said ABPIP.

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Water injection is the most used technology Taking into account the Campos Basin will be the central pillar of the Brazilian oil self-sufficiency and due to the challenges faced by the national industry, the main method used to increase production and recovery of oil in mature fields is by injecting water, a technique widely adopted by the industry. In 2012 for example, the Albacora field (Campos Basin) started operating the water injection submarine system or RWI (Raw Water Injection), which consists in the injection of water through pumps installed on the sea floor, without water running in the platform. According to Petrobras, this system is leading to significant positive results in the field. Additionally, Petrobras has invested on reservoir monitoring technologies based on 4D seismic, which allows the understanding of water “ways” inside them and to check the existence of oil volumes yet to be drained, thus optimizing production. An example to such technology is the Jubarte field, where it was installed a permanent seismic monitoring pilot system on the sea floor, which allows the monitoring of the reservoir with better frequency between events and also allows the identification of opportunities to improve production. For the professor of Oil and Gas Engineering from UVA, Manoel Farias, Petrobras will need appropriate personnel and technologies in the mature fields, i.e., with competitive costs and high reliability.

“It will be necessary to install equipment that is capable of operating for many years without the need for workover. Wells with modest flow rates may operate year after year, provided that it is not necessary to send a probe to repair them all the time. Additionally, the development of small adjacent accruals in fields already under operation may require small capacity manifolds and even systems capable of flowing the whole production to shore (subsea-to-shore concept)” says Leopoldino to Macaé Offshore. According to the senior director of the Global Technology Center Halliburton, it is necessary to invest in technologies and planning to explore mature fields as they answer for 70% of the current oil production. Companies exploring these fields have to deal with excessive production of water and pressure depletion, which cause them to abandon the well before the end of the extraction. Without investing in technology, the production of the Campos Basin becomes economically unbearable. Las year, according to ANP, the fields of Badejo, Linguado and Trilha produced, in average, only 1,569 bpd. There is no business/recovery plan to Petrobras that is able to resist such inefficient operation scenario. The Engineering Coordinator of Ibmec-RJ, Altair Filho, also reinforces that the water injection technique is the most

appropriate one with lower operating cost. The injection of water starts whenever the field natural pressure decreases, which can happen after 10 years of production. It is the technique with lower operating cost. The water must be treated before being injected. As the composition of waters is extremely variable between different wells, it is imperative to have good production planning. “It is necessary a monitoring of each reservoir in order to prevent scaling on production strings caused by deposition of insoluble salts formed by the incompatibility between the formation and injection waters. Obstructions formed may substantially reduce oil production and cause huge losses to the extraction process”, says Altair. According to him, the addition of polymers to the injected water increase its viscosity and improves the mobility ratio “water/oil”, thus improving the efficiency of the process. Some examples of polymers are commercial paraffin oils and partially hydrolyzed polyacrylamidebased polymer solutions. “Injection of polymer solution is not a cheap process. Therefore, one can adopt the alternate injection of water and polymer solution. Reinjection of natural gas through pumps is also a way to improve the obtaining of oil”, concluded the professor.

Petrobras x SME´s According to the professor from Universidade Veiga de Almeida (UVA), Manoel Farias, a beneficial policy to both Small and Midsized Enterprises (SME’s) and Petrobras would be their participation in the operation of offshore mature fields. For the coordinator, this would be the first step to acquire expertise and increase the scale in the operations of SME’s. After that first step, it would be natural to transfer areas in shallow waters for those companies to operate.

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“As the operating costs of SME’s are usually lower, fields would eventually have their productive lives extended. Petrobras advantage in it would be the option to better apply its resources in more attractive areas such as the pre-salt”, explained Farias. And according to the coordinator, joint efforts with the government should be made with the purpose of obtaining tax incentives to local companies willing to invest in the production of mature areas. In some countries, the employment of enhanced

recovery methods as to increase the initial recovery fact in mature areas is encouraged with the exemption of taxes to the delta of produced oil. For the coordinator of the Rede Petro-BC, Evandro Cunha, the main opportunities will be gathered in the maintenance area thanks to the acceleration of modernization and recovery activities of the production assets, in the provision of supplies and equipment, as well as in specific items for subsea equipment and services.


POLÍTICA

Conteúdo local para

quem?

Indústria de petróleo e gás sugere mudanças à política de Conteúdo Local. Presidente Dilma Rousseff garante que modelo não será alterado

Por Rodrigo Leitão

A

política de conteúdo local é vista como um marco na retomada da indústria brasileira, e tem causado um alvoroço entre os fornecedores de materiais e equipamentos, após o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga anunciar que a obrigatoriedade imposta pelo governo brasileira via Agência Nacional do Petróleo (ANP), poderá ser revista nos próximos anos, mas descartou que é necessária uma discussão ainda maior sobre o assunto. O tema vem sendo discutido por diversos representantes da cadeia de óleo e gás, desde a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Governo Federal, a Petrobras, operadoras nacionais e internacionais até as entidades de classe, os sindicatos e as empresas fornecedoras. Apesar da pressão das operadoras, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não mexerá na política, durante cerimônia para inaugurar navios que serão usados pela Petrobras, em maio.

Geraldo Magela/ Agência Senado

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga anuncia que a obrigatoriedade imposta pelo governo brasileira via Agência Nacional do Petróleo (ANP), poderá ser revista nos próximos anos The ministry of Mines and Energy, Eduardo Braga, announced that the obligatoriness imposed by the government via the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) may be reviewed in the next years

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POLÍTICA

Em entrevista à Macaé Offshore, o presidente do Sindicato Nacional de Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha afirmou que, a presidente Dilma Rousseff, insinuou em maio, durante o evento de batismo e entrega de navios petroleiros no Estaleiro Atlântico Sul (EAS–PE), que a regra deve prosseguir como formulada: fazer no Brasil o tudo que pode ser fornecido de forma competitiva. “Existe uma reivindicação legítima do IBP para mudanças com foco nas cláusulas dos contratos quanto às parcelas de conteúdo local. O debate é necessário. Devemos reconhecer que os resultados obtidos na atração de investimentos internacionais são inegáveis. Hoje, temos parte da demanda atendida em empresas locais”, explica Ariovaldo. Segundo o Sinaval, dados da ANP mostram que 70% dos blocos atingiram índices de conteúdo local contratados. Até agora, a maior parte dos descumprimentos se deu em blocos terrestres, que acumulam 74% das multas, em contraste com 26% em áreas offshore. O mercado existe e tem um resultado positivo na geração de negócios. Recentemente, o Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), apresentou um estudo desenvolvido pela consultoria Bain&CO, apontando sete setores específicos como prioritários para serem desenvolvidos a partir da política de conteúdo local. No estudo, o órgão destaca a simplificação da contratação dos compromissos, por meio da priorização de segmentos estratégicos da cadeia de fornecimento com maior vocação para se desenvolverem sob a ótica da geração de empregos e a incorporação de tecnologia. Segundo o secretário-executivo de Exploração e Produção do IBP, Antonio 36 MACAÉ OFFSHORE

Guimarães, o estudo tem como objetivo aquecer uma retomada de investimentos no setor de óleo e gás. Para que a indústria se torne competitiva e sustentável, no entanto, quatro desafios foram postos pelo documento: criar um ambiente atrativo para expansão dos investimentos, promover o alinhamento entre obrigações de conteúdo local e modelo de operação, equacionar obstáculos à decisão de investimentos no curto prazo devido aos problemas existentes na capacidade de fornecimento local, expandir a capacidade e capacitação da indústria em bases competitivas. “O IBP, representando a indústria, está comprometido com o desenvolvimento do país, portanto, apoiamos a política de incentivo ao conteúdo local. Para se capturar o valor que essa política tem, esta deve continuar evoluindo junto com o cenário econômico, refletindo as mudanças e realidades do mercado. Refletindo também as transformações pelas quais as indústrias têm passado que mudam completamente nosso cenário de operação”, disse o secretário-executivo. Segundo dados do próprio IBP, em 2005, os investimentos anuais em petróleo eram de cerca US$ 6 bilhões. Hoje, os investimentos previstos são da ordem de mais de US$ 30 bilhões anuais, depois de já terem superado os US$ 40 bilhões em 2013. O presidente da Abemi, Antonio Muller(foto ao lado), faz coro ao estudo apresentado pelo IBP em relação a este ser o momento ideal para que mudanças sejam implementadas. Segundo Muller, é importante reavaliar a política de conteúdo local, favorecendo um modelo estratégico, que torne o país em um centro de excelência no fornecimento de equipamentos.

Para o professor do departamento de Economia da PUC-Rio, critica o atual modelo que foi implantado pelo governo. Segundo Renault, a discussão com todos os setores de óleo e gás deveria ser muito mais ampla. “A política de conteúdo local adequada tem de ser planejada, com programas tecnológicos, programas de Recursos Humanos (RH) e política de financiamento e tributação”, explicou o professor. Na visão do professor da PUC-Rio, a indústria de petróleo e gás possui enorme capilaridade como construção naval e subsea. Neste conceito, o professor afirma que para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), o importante é investir na tecnologia e eficiência, pois as operadoras cobram preço, prazo e qualidade. “A ideia da política de conteúdo local da ANP era para ser um incentivo, mas acabou sendo impositiva”, lamenta Renault.


MERCADO

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POLÍTICA

IBP sugere mudanças para a 13º Rodada Divulgação / FIEMG

Segundo o presidente do IBP, Jorge Camargo, a intenção é que alterações estejam presentes já na 13ª Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios, prevista para outubro deste ano. O instituto apresentou propostas de mudanças no processo licitatório, simplificação do compromisso e a criação de mecanismos de incentivos e compensações para as operadoras com relação aos níveis de conteúdo local alcançados. A intenção é retirar o conteúdo local como critério de oferta nos leilões de concessão. O modelo adotado no regime de partilha, com faixas pré-estabelecidas de conteúdo local no contrato, é uma saída apontada pelo IBP. De acordo com o executivo, o mecanismo de incentivos e compensações se apresenta como uma alternativa ao atual modelo que prevê aplicação direta de penalidades. Este novo sistema sugere que, antes das multas, ações compensatórias sejam realizadas, no desenvolvimento de fornecedores de segmentos estratégicos e de interesse do governo. Estes instrumentos compensatórios reconheceriam ações como investimentos em nova capacidade produtiva e a exportação de produtos locais como fatores de bonificação, que terão maior efetividade em promover o desenvolvimento da cadeia de fornecedores. “As empresas operadoras têm empreendido grande esforço no desenvolvimento da cadeia local de fornecedores. Devido a diversos fatores alheios à vontade e ao controle das empresas, há ocasiões em que não se consegue atingir os percentuais contratados. O foco no incentivo, assim como os mecanismos de compensação, criam um ambiente adequado para a atração e estímulo aos investimentos e para a ampliação da 38 MACAÉ OFFSHORE

Presidente do IBP, Jorge Camargo: “O foco no incentivo cria um ambiente adequado para a atração e estímulo aos investimentos e para a ampliação da capacidade da indústria fornecedora nacional” President of IBP, Jorge Camargo - “Focus on incentives create an appropriate environment to attract and stimulate investments, and to improve the capacity of the national supplying industry”

capacidade da indústria fornecedora nacional”, afirmou Jorge Camargo. O estímulo para novos investimentos passa por dois pontos-chave, a regulamentação da cláusula de waiver e o reequilíbrio do compromisso global. A cláusula em questão já existe nos contratos da cessão onerosa, extensão da cessão onerosa, partilha e concessão, mais ainda não foi regulamentada. O objetivo deste item é que situações de indisponibilidade ou impossibilidade de fornecimento não venham a ser limitadores de investimento. O reequilíbrio do compromisso global trata da distância temporal entre a licitação e a execução dos projetos. Os compromissos assumidos podem não ser mais possíveis de serem cumpridos por questões como a flutuação de valores de bens e serviços, ou variação cambial. Em um cenário de câmbio valorizado, os índices de conteúdo local tendem a ser maiores, enquanto quando o câmbio está desvalorizado os números caem.

Fazendo um contraponto, o presidente do Sinaval Ariovaldo Rocha(foto abaixo) destaca que o conteúdo local é erroneamente apresentado como motivo de atraso do programa de produção de petróleo. Para o executivo, os fatos não mostram isso, mas defende que o debate sobre o tema deve ser mais técnico.


POLÍTICA

Shell e Rolls Royce colaboram com a política Os empresários brasileiros vêm buscando uma nova leva de encomendas, mas o setor passa por um período de quase estagnação, muito impactado pela situação da Petrobras, após as denúncias envolvendo a estatal na Operação Lava Jato. Apesar de ainda ser – e provavelmente continuar sendo por muitos anos – a principal contratante do segmento, a Petrobras não é a única, já que a presença das operadoras privadas vem crescendo no Brasil. A anglo-holandesa Shell, que passou em abril ao posto de segunda maior produtora de petróleo no Brasil, após anunciar a aquisição da britânica BG atualmente desenvolve um plano de incentivo à cadeia de fornecedores locais. A postura da Shell se for confirmada chama atenção pela defesa do conteúdo local, em um momento em que a própria Petrobras vem mandando para a China alguns projetos que deveriam ser feitos no Brasil. O gerente de desenvolvimento do mercado de fornecedores da Shell, Marcelo Mofati, fez uma defesa enfática

do conteúdo local durante o encontro, afirmando que a empresa pretende atingir índices acima das obrigações contratuais com a ANP, mas ressaltou a necessidade de que haja competitividade na indústria. “A Shell quer ser reconhecida como a empresa internacional mais comprometida com o conteúdo local. Porque consideramos que é uma forma genuína de acessar os recursos. Não vale estar no Brasil há 102 anos e não se preocupar com isso”, afirmou, destacando o longo período de presença da companhia no Brasil. De acordo com Mofati, a companhia possui hoje uma estrutura independente no país, ligada diretamente à presidência, apenas para lidar com a questão do conteúdo local, criada como consequência do aumento das exigências contratuais neste sentido a partir da 7ª rodada de licitações da ANP, em 2005. Ainda assim, o executivo ressaltou que acreditam na evolução das regras e reiterou a importância de as pequenas e médias empresas buscarem ser competitivas.

“A estratégia é promover o conteúdo local em uma base competitiva. Ninguém aqui vai comprar se não forem competitivos. E não é ser competitivo em 30%, mas em termos internacionais. Mas, a Shell entende que sem os pequenos e médios fornecedores essa indústria não se sustenta. E as portas da empresa estão sempre abertas”, disse Mofati Em nota enviada à Macaé Offshore, a britânica Rolls-Royce afirmou que tem colaborado nas ambições do Brasil de aumentar o conteúdo local. De acordo com a companhia, “o Grupo sempre analisa com cuidado quais processos e materiais podem ser feitos e adquiridos localmente, sem comprometer a competitividade global e, caso seja viável, dá preferência aos fornecedores brasileiros”. Ainda segundo a Rolls-Royce, “a empresa tem trabalhado ativamente junto à cadeia de fornecedores do país com o objetivo de identificar potenciais parceiros para a produção de componentes para os equipamentos, sempre com objetivo de atender à demanda com excelência”, destaca a nota.

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POLÍTICA

5 MINUTOS com Fernando Potsch Sócio diretor da Maintrends Inteligência de Mercado e da Rio Capitals Fusões e Aquisições

E

Divulgação

m entrevista exclusiva à Macaé Offshore, o sócio diretor da Maintrends Inteligência de Mercado e da Rio Capitals Fusões e Aquisições, Fernando Potsch empresas com atuação no setor de petróleo, gás e energia analisou os principais entraves da política de conteúdo local.

Macaé Offshore - O governo federal vem buscando alternativas para adequar a política de conteúdo local no Brasil em meio à crise que o setor enfrenta da Petrobras e seus fornecedores. Como a MainTrends enxerga essa questões e como solucioná-las? Fernando Potsch - A lei que regulamentou a abertura do setor e instituiu as metas de conteúdo local que deveriam ser cumpridas pelos novos entrantes e pela Petrobras, é do final de década de noventa (Lei 9478/97). Já estava na hora de refletir e avaliar criticamente essas medidas. O debate atual sobre possíveis mudanças na Política 40 MACAÉ OFFSHORE

de Conteúdo Local é um tema que já vem sendo discutido a muito tempo. Tomou abrangência nacional devido a crise da Petrobras e da limitação/dificuldade que o Brasil vem enfrentando para desenvolver, em bases competitivas, a indústria local em tempo hábil e atender a enorme demanda do setor de petróleo. No contexto atual, a Política de Conteúdo Local Brasileira ainda não conseguiu superar durante todos esses anos a baixa competitividade dos fornecedores nacionais, tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de

vista de capacidade instalada em seguimentos importantes para a indústria de petróleo. Caso não ocorra mudanças, o resultado será uma cadeia de fornecedores de bens e serviços com baixa competitividade, não conseguindo atender as demandas da indústria de petróleo brasileira com preços, qualidade e prazos preços exigidos pelo mercado internacional,. A experiência da Noruega pode ser muito inspiradora para o atual debate. O aumento do conteúdo local nesse país foi atingido a partir de políticas focadas na cooperação entre


POLÍTICA

fornecedores e operadoras. Esta cooperação se deu através de programas para desenvolvimento de capacitações, de padronização de contratos e procedimentos comerciais e de um processo de qualificação de fornecedores. No Brasil, a ANP desenvolveu uma metodologia de medição do conteúdo local e do processo de certificação. Ela faz cumprir os compromissos assumidos pelas empresas (conteúdo local) nos seus respectivos contratos de concessão. Essa política está mais focada na punição. Deixa de lado uma questão relevante para o sucesso da competitividade do conteúdo local que seria incentivar as operadoras ampliarem sua atuação nesse processo de capacitação e desenvolvimento da cadeia de fornecedores brasileira. Além de colocar em lados opostos operadoras e o governo / operadoras e os fornecedores locais, dificulta integrar todos os agentes no mesmo lado do processo. M.O. - Como superar esse desafio? F.P. - A necessidade de uma política industrial voltada especificamente para o setor de petróleo com o objetivo de fortalecer a competitividade da cadeia produtiva. Que incentive o desenvolvimento tecnológico e supere as dificuldades tributárias, burocráticas e melhore as condições de financiamento para as nossas empresas. Que estimule a formação de centros de excelência tecnológica nos polos produtivos. Além disso, é importante destacar que não podemos ser bons em tudo. É necessidade um debate para definir a vocação brasileira para a política de conteúdo local. Selecionar quais setores efetivamente o Brasil pode ser competitivo a nível internacional. Estimular a formação de centros de excelência tecnológica nos polos produtivos. Atuar em clusters de industrias de alto conteúdo tecnológico. No caso da Noruega,

essa estratégia se mostrou exitosa. A política de conteúdo local inicial exigia das operadoras a compra de até 60% dos equipamentos produzidos no país. Com uma Política Industrial voltada para suportar o desenvolvimento das empresas locais, elas foram se tornando realmente competitivas. O porcentual foi caindo até se extinguir de vez. Hoje, apesar da ausência de uma política de Conteúdo local, os fornecedores locais continuam a ser parceiros preferenciais das operadoras. Isso o ocorre porque as empresas hoje são consideradas as melhores do mercado. O objetivo comum de todos os atores envolvidos nesse debate é aproveitar a chance da exploração de petróleo para consolidar uma indústria local, gerando emprego e renda em nosso país. Atualmente, uma grande quantidade de instituições públicas e privadas desenvolvem ações relacionadas ao desenvolvimento da cadeia produtiva nacional de petróleo, gás e energia (conteúdo local). A falta de uma maior integração e convergência dessas atividades direcionadas para um mesmo público, gera ruídos e prejudica os resultados esperados. O grande desafio hoje da Política de Conteúdo Local é atingir um conteúdo local sustentável economicamente, competitivo quando comparados aos produtores estrangeiros. É a busca pela eficiência Do contrário, o esforço terá sido em vão! Estaremos promovendo “reserva de mercado” aos fornecedores locais. M.O. - Tirar o conteúdo local da lista de itens de classificação nos leilões da ANP, é uma solução? F.P. - A política de Conteúdo Local deve ser vista como um instrumento fundamental de política industrial deve ser entendida como uma importante ferramenta para fortalecer a competitividade e a sustentabilidade

da indústria nacional fornecedora do setor de óleo e gás. Uma avaliação dos resultados alcançados até o momento, somado a crise da Petrobras, está mostrando limitações importantes dessa política. Ajustar o foco, analisar criticamente os resultados é o caminho para eleger quais os nichos de conteúdo local com mais potencial devem ser priorizados para acelerar o desenvolvimento tecnológico de nossa cadeia produtiva. Mudar o paradigma e focar em ações de cooperação com as operadoras para fortalecer o desenvolvimento do conteúdo local fará toda a diferença na atratividade de novos investimentos e na capacitação de nossas empresas. M.O. - Quais os setores em que o Brasil tem tido mais dificuldade para atingir estes índices? F.P. - A revisão do conteúdo local passa, conforme já mencionado, pela elaboração de uma política industrial que dê foco aos segmentos da cadeia de fornecedores mais competitivos. Atualmente podemos mencionar a questão de sondas que enfrentam dificuldade de conteúdo mínimo M.O. - O senhor acredita que o modelo de partilha, onde a Petrobras é tem a obrigação de explorar 30% do campo no pré-sal, ainda continua sendo a melhor solução para a indústria? F.P. - O debate atual no Congresso Nacional sobre esse tema aponta para uma revisão dessa obrigação. A meta brasileira é explorar petróleo em bases competitivas. Como manter essa obrigação para a Petrobras em momento que ela vive uma profunda crise econômica? Retirar essa obrigatoriedade dará a Petrobras a medida necessária para ela restabelecer os investimentos necessários para o pré-sal. MACAÉ OFFSHORE 41


POLITICS

Local Content for

Whom?

Oil and gas industry suggests changes to the Local Content Policy. President Dilma Rousseff assures the model will suffer no changes By Rodrigo Leitão

L

ocal Content policy is seen as a milestone in retaking the Brazilian industry and it is causing a commotion among suppliers of materials and equipment after the ministry of Mines and Energy, Eduardo Braga, announced that the obligatoriness imposed by the government via the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP) may be reviewed in the next years, but discarded the idea that it is necessary a deeper discussion on the subject. This very subject is under discussion by several representatives of the oil and gas chain, including ANP, Federal Government, Petrobras, local and foreign operators and even trade associations, trade unions and suppliers. Despite the pressure from operators, President Dilma Rousseff said she will not change the policy at a ceremony held in May to inaugurate ships to be used by Petrobras. In a interview to Macaé Offshore, the president of the National Trade Union of the Naval and Offshore Construction and Repair Industry (Sinaval), Ariovaldo Rocha, said that President Dilma Rousseff insinuated at the same event – baptism and delivery of oil tankers in the “Atlântico Sul” Shipyard (EAS –PE) – that the rule is to proceed as it was formulated: make in Brazil all that can be supplied in a competitive way. “There is a legitimate claim from IBP for changes with focus on contractual clauses related to local content quotas. Debate is a necessity. We must acknowledge that the results obtained in the attraction of international investments are undeniable. Today, we have a part of the demand met by local companies”, explains Ariovaldo. According to Sinaval, data from ANP show that 70% of the blocks reached the 42 MACAÉ OFFSHORE

contracted local content indexes. So far, the largest part of the noncompliances took place in onshore blocks, reaching 74% of the penalties, against 26% in offshore areas. The market does exist and is providing positive results in the generation of business. Recently, the Brazilian Institute of Petroleum Gas and Biofuels (IBP) submitted a study developed by the consultancy Bain&CO, pointing out seven specific sectors as priorities to be developed from the local content policy. The study highlighted the simplification when contracting commitments by prioritizing strategic segments of the supply chain with potential to be developed through job generation and incorporation of technology. According to IBP’s executive- secretary of Exploration and Production, Antonio Guimarães, the study aims at promoting a retake of investments in the oil and gas sector. However, to make the industry competitive and sustainable, four challenges presented by the document are to be overcome: creation of an attractive environment to expand investments, promotion of alignment between local content obligations and operation models, equating obstacles to decision making concerning investments at the short-term due to issues in the local supply capacity and expand the capacity and qualification of the industry at competitive levels. “IBP, by representing the industry, is committed to the development of the country and therefore, we support the local content incentive policy. In order to take advantage of its value, this policy must keep on evolving in parallel with the economic scenario, reflecting market changes and realities and also reflecting the

transformations through which the industry has been passing that are completely changing our operation scenario”, said the executive-secretary. According to data from IBP, in 2005 the annual investments in oil were of approximately US$ 6 billion. Today, the annual investments surpass US$ 30 billion, not to mention the fact that such investments already exceeded US$ 40 billion back in 2013. The president of Abemi, Antonio Muller, added his voice to the study submitted by IBP, and he agrees that it is the perfect moment to implement changes. According to Muller, it is important to reassess the local content policy to favor a strategic model that will turn the country into a center of excellence in the supply of equipment. Te professor of the Economy department from PUC-Rio criticizes the current model implemented by the government. According to Renault, the discussion with all oil and gas sectors must be wider. “The appropriate local content policy must be planned with technological programs, Human Resources (HR) programs and financing and taxing policies”, explained the professor. In his vision, the oil and gas industry has an enormous capillarity such as naval construction and subsea. Following this concept, the professor says that for Small and Midsized Companies (SMC’s) the priority is to invest in technology and efficiency because operators demand price, term and quality. “The idea of local content policy proposed by ANP was intended to be an incentive, but it ended up being an imposition”, regrets Renault.


POLITICS

IBP suggest changes to the 13th Round According to the president of IBP, Jorge Camargo, the intention is that changes will show up during the 13th Bidding Round of Exploration Blocks, which is expected to take place on October still in this year. The institute presented proposals for changes in the bidding process, such as simplification of commitment and creation of mechanisms to incentive and compensate operators concerning the local content levels reached. The goal is to remove local content as an offering criterion in concession auctions. The model adopted in the sharing regime, with preset ranges of local content in contract is a way out as indicated by the IBP. According to the executive, the mechanism of incentives and compensations is presented as an alternative to the current model that establishes the direct application of penalties. This new system suggests that, before penalties, compensatory actions must be done to develop suppliers of strategic segments and of

government interest. Those compensatory instruments would recognize actions, such as investments in new productive capacity and exporting of local products, as bonus factors that will have more effectiveness when promoting the development of the supply chain. “Operators have undertaken a major effort in developing the local supply chain. Due to different factors that cannot be predicted nor controlled by companies, there are occasions where the percentages agreed cannot be reached. Focus on incentives, as well as compensation mechanisms, create an appropriate environment to attract and stimulate investments, and to improve the capacity of the national supplying industry”, said Camargo. Stimulus for new investments depends on two key-points, regulation of the waiver clause and rebalance of the global commitment. That clause already exists

in onerous assignment contracts, extension of onerous assignment, sharing and concession, but it is not yet regulated. The purpose of this item says that situations of either unavailability or impossibility in the supply cannot become investment limiting factors. Rebalance of the global commitment deals with the temporal distance between bidding and execution of projects. Commitments taken may not be fulfilled due to issues such as fluctuation of values for goods and services, or even exchange rate variations. In a scenario of valued exchange rates, local content indexes tend to be higher, while devaluation will cause the numbers to drop. As an addendum, the president of Sinaval, Ariovaldo Rocha, highlights that the local content is wrongly presented as a reason for delay in the petroleum production program. For him, facts do not show this, but he defends that the debate on this theme should have a more technical approach.

Shell and Rolls Royce in collaboration with the policy Brazilian companies are looking for a new wave of orders, but the sector now experiences a near-stagnant period worsened by Petrobras’ situation after investigations of the “Car Wash” operation due to corruption scandals. Although it is – and is likely to remain that way for many years – the main client of the segment, Petrobras is not the only one, as the presence of private operators is growing around here. The Anglo-Dutch Shell, which on April reached the second place as the largest oil producer in Brazil and later announced the acquisition of the British BG, is currently developing a plan of incentive to the local supply chain. Shell’s position, if confirmed, calls the attention in the defense of the local content, in a moment where Petrobras itself is sending to China some of the projects that were supposed to be done in Brazil. The manager of Shell’s supplier market development, Marcelo Mofati, did a emphatic defense of the local

content during the event, saying that the company intends to reach indexes above the contractual obligations with ANP, but emphasized the need to foment competitiveness in the industry. “Shell wants to be recognized as the international company that is most committed to local content. Because we consider that it is a genuine way to access resources. There is no point in staying in Brazil for 102 years and not to worry about it”, said Mofati, highlighting the long period of Shell’s presence in Brazil. According to Mofati, the company has today an independent structure in the country, directly connected to the presidency, with the sole purpose of dealing with local content issues, which was created as the result of increase in contractual requirements from ANP’s 7th Bidding Round, in 2005. Still, the executive emphasized that he believes in the evolutions of the rules and reiterated how important small and midsized companies must strive to become more competitive.

“The strategy is to promote local content on a competitive basis. No one here is going to buy if they are not competitive. And it is not about being competitive in 30%, but rather in international terms. Shell understands that without the small and mid-sized suppliers, this industry cannot sustain itself. The doors of the company are always open”, said Mofati. In a note sent to Macaé Offshore, the British Rolls-Royce said to be collaborating with the Brazilian ambitions to increase local content. According to the company “the Group always carefully analyzes which processes and materials can be done and acquired locally without compromising global competitiveness and, if viable, the Group will give preference to the Brazilian suppliers”. Also according Rolls-Royce, “the company has actively worked with the local supply chain with the purpose of identifying potential parents in order to produce components for equipment, always with the purpose of meeting demands with excellence” said the note.

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POLITICS

5 MINUTES with Fernando Potsch managing partner of Maintrends Inteligência de Mercado and Rio Capitals Fusões e Aquisições

I

n an interview to Macaé Offshore, the managing partner of Maintrends, Fernando Potsch analyzed the main obstacles of the local content policy.

MACAÉ OFFSHORE - The federal government is now seeking alternatives to adequate the local content policy in Brazil amidst the crisis involving Petrobras and its suppliers. How does MainTrends see all such issues and how to solve them? FERNANDO POTSCH - The laws that governed the opening of the sector and that established local content goals to be complied with by newcomers and by Petrobras are dated from the end of the 1990’s (Act 9478/97). It was about time such measures were critically reviewed and evaluated. The current debate on possible changes to the Local Content Policy is a subject that is already under discussion for quite some time. It earned nationwide attention thanks to Petrobras crisis and the limitation / difficulty Brazil faces to develop, in competitive terms, the local industry in a timely manner and to meet the enormous demand of the O&G sector. In the present context, the Brazilian Local Content Policy is still unable to overcome after all these years the low competitiveness of the national suppliers from technical and installed capacity points of view in important segments of the oil industry. If no changes are made, the outcome will be a chain of suppliers of goods and services with low competitiveness and unable to meet the demands of the Brazilian oil industry with

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the prices, quality and terms required by the international market. Experience gathered from Norway can serve as inspiration to this current debate. The increase of local content in that country was reached thanks to policies focused on the cooperation between suppliers and operators. This cooperation occurred after the implementation of programs intended to develop qualifications, standardize contracts and commercial procedures and of a process to qualify suppliers. In Brazil, ANP developed a methodology to measure local content and certifying processes. This methodology is intended to enforce the compliance with commitments assumed by companies (local content) in their respective concession agreements. This policy is more punishment-driven and lets aside a relevant issue for the success of the local content competitiveness that is the stimulus to operators so they can expand their activities and thus qualify and develop the Brazilian chain of suppliers. In addition to place operators and government versus operators and local supplies, that methodology also impairs the integration between all agents in one single harmonic side.

M.O. - How to overcome this challenge? F.P. - By implementing an industrial policy specifically focused on the oil

sector with the purpose of strengthening the competitiveness of the production chain. This policy must also provide incentives to the technological development and overcome tributary and bureaucratic hindrances, as well as improve financing conditions for our companies. Additionally, it must encourage the creation of technological centers of excellence inside production poles. Also, it is important to highlight that we cannot excel in everything. There is the need for a debate to establish the Brazilian vocation for local content policy and then: select which sectors Brazil can be effectively competitive at an international level; encourage the creation of technological centers of excellence inside production poles and work with industrial clusters of high technological content. In the particular case of Norway, that strategy turned out to be very successful. The initial local content policy required from operators the acquisition of up to 60% of equipment produced locally. With an Industrial Policy solely intended to support the development of local companies, they gradually became increasingly competitive. The percentage also dropped in the same pace until it vanished for good. Today, even without a Local Content policy, local suppliers are still the preferred partners of the operators. And it was possible because those companies are considered the best of the market.


POLITICS

The common goal of all players involved in this debate is to take the chance of exploring petroleum in order to consolidate a local industry, generating job and income in our country. Currently, a huge number of public and private institutions develop actions aimed at developing the national production chain of oil, gas and energy (local content). The lack of a higher integration and convergence of such activities towards the same audience generates noise and impairs the reach of the expected results. The major challenge today for the Local Content Policy is to reach an economically sustainable local content, as well as competitive when compared to foreign producers. It is the continuous search for efficiency. Otherwise, all efforts will be in vain! We will be promoting “market reserve” to local suppliers.

F.P. - The Local Content policy must be viewed as a fundamental instrument of industrial policy and understood as an important tool to strengthen the competitiveness and sustainability of the national industry supplying to the oil and gas sector. An assessment of the results reached so far, added by the crisis in Petrobras, is showing worrying limitations in this policy. Focus adjustment and critical analysis of results are the way to select which local content niches with more potential are to be prioritized in order to speed up the technological development of our productive chain. Changing the paradigm and focusing on cooperative actions with aims at strengthening local content development will make all the difference in the attractiveness of new investments and in the qualification of our companies.

M.O. - What about removing local content from the ANP’s auction classification items, is it a viable solution?

M.O. - What are the sectors where Brazil has found more difficulty to reach those indexes?

F.P. - Revision of local content undergoes, as already said, the preparation of an industrial policy that focus on the most competitive supplier chain segments. Currently we can mention the issue of rigs with troubles related to minimum content.

M.O. - Do you believe the sharing model, where Petrobras is obliged to explore 30% of the pre-salt field, still is the best solution for the industry? F.P. - The current debate in the National Congress on this subject indicates a revision of such obligation. The Brazilian goal is to explore oil at competitive levels. How Petrobras can keep this obligation in a time when it lives a deep economic crisis? Once this obligatoriness is removed, then Petrobras will have the required measures to reestablish the required presalt investments. 

MACAÉ OFFSHORE 45


CONJUNTURA

De cara nova, mas com

reivindicações antigas De presidente novo, IBP promete ser mais incisivo na cobrança por mudanças nas políticas de O&G no país

Por Brunno Braga

A

falta de uma agenda específica para a realização de leilões, a manutenção da atual política de conteúdo local e o vigente

marco regulatório do petróleo podem fazer com que a atual crise pela qual passa o setor se agrave ainda mais. A nova diretoria do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que tomou posse em março último, busca fortalecer as cobranças por mudanças de rumo nas políticas para o segmento de óleo e gás. E o novo presidente do IBP, José Camargo (ex-presidente da Total no Brasil entre os anos 2005 e 2009), já prometeu que intensificará ainda mais reuniões com representantes do governo para apresentar propostas para a indústria.

46 MACAÉ OFFSHORE

“Estamos discutindo os princípios com o governo, simplicidade, maior foco e racionalidade maior às nossas políticas. Modelos que tinham lógica em um momento, quando os momentos mudam, é preciso que sejam revistos”. Entre as principais reivindicações, está a agenda anual de leilões, tanto para as áreas de concessão como para o pré-sal. “Sem critérios, as próximas rodadas trarão “incertezas” à indústria”, avaliou o executivo durante a cerimônia de posse na sede do IBP, no Rio de Janeiro. Como prova de que o IBP já se movimenta nessa direção, o instituto encomendou um estudo da consultoria Bain&CO, que mapeou sete setores para serem priorizados, a partir de uma análise do valor socioeconômico que estes têm para o País e da relevância

mundial da demanda brasileira. São eles: projeto, fabricação e instalação de módulos e topsides; equipamentos submarinos; serviços de instalação submarinos; perfuração e completação de poços de alta tecnologia; máquinas e equipamentos de alta tecnologia; máquinas e equipamentos de média tecnologia; e construção naval de embarcações de apoio marítimo (EAM). “Hoje, é fundamental o investimento em capacidade nova para atender à demanda em bases competitivas para garantir a sustentabilidade futura dos fornecedores. O pré-sal também trouxe novos desafios tecnológicos, o que altera ainda mais o cenário” avaliou Antonio Guimarães, secretário executivo de exploração e produção do instituto.


CONJUNTURA

Discurso afinado E, de fato, outros representantes do IBP estão afinando o discurso de que mudanças são mais do que necessárias ou corre-se o risco de a indústria sofrer pesadas quedas nos investimentos a médio e longo prazo, ainda que haja uma melhora no cenário. De acordo com o secretário-geral da entidade, Milton Costa Filho(foto), o governo não está dando a devida atenção à cadeia de óleo e gás como um todo. “O setor não tem sido visto com importância por parte do governo “Infelizmente, a indústria não está tendo a atenção que ela merece, pois ela representa 12% do PIB brasileiro”, afirmou durante evento no Rio de Janeiro. Costa Filho lembrou que a produção de petróleo no pré-sal já responde por 40% do petróleo achado no mundo nos últimos dez anos e essa porcentagem

sobe para 60% quando essas descobertas são relacionadas a reservas offshore. “O futuro do Brasil passa pelo pré-sal. Nós temos tecnologia, profissionais qualificados e atratividade para recursos financeiros. Mas o dinheiro só vem para portos seguros. Ninguém quer investir em riscos e nós temos que desenvolver e monetizar esses recursos o mais rápido possível. O governo brasileiro está deixando o petróleo no fundo do mar, e petróleo no fundo do mar tem valor zero. Nós podíamos produzir mais do que produzimos hoje. Estamos há dois anos sem rodadas e as empresas vencedoras dos últimos certames realizados em 2013 ainda não conseguiram licenciamento ambiental para fazer sísmica. Isso é preocupante”.

Marco Regulatório O secretário do IBP disse também que o órgão vai propor modificações no marco regulatório do petróleo, aprovado em 2010 no calor das descobertas de grandes jazidas na camada do prés-sal. De acordo com a da Lei 12.351/10, as atividades de exploração e produção em áreas do Pré-Sal que não se encontravam antes sob o modelo de concessão antes e em áreas estratégicas, determina que a Petrobras atue sempre como operadora única e que tenha uma participação mínima de 30%. O bloco de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, foi a primeira área a ser licitada sob o regime de partilha de produção. A Petrobras tem 40% de participação nesse bloco. “A Petrobras não tem dinheiro para investir no pré-sal. Ela está com uma dívida de R$ 300 bilhões e isso vai repercutir nas

atividades da empresa. Por isso, é preciso que o governo reveja essa lei, pois ela não é boa para a Petrobras e nem para o Brasil”, frisou. Em sua avaliação, caso haja flexibilidade na legislação, muitas empresas estariam brigando para participar nos próximos leilões do pré-sal. Segundo Costa Filho, a dívida da empresa pode inclusive comprometer a meta de dobrar a produção de petróleo até 2020. O volume atual de 2,1 milhões de barris de petróleos. “É uma equação complicada. Acho que alcançar essa meta vai exigir muitos recursos da empresa que, por conta da dívida, terá que reduzir os investimentos”, avaliou. Alguns dados recentes já demonstram isso. A Petrobras já mostra queda na sua capacidade de produção.

Em janeiro de 2014, a empresa produziu 89,3% do total de óleo extraído no país, enquanto outras 42 empresas responderam por 10,7%. Em marco deste ano, a Petrobras produziu 83,5% do total e as outras alcançaram a marca de 16,6%. “Há ainda muito por fazer no Brasil para que possamos dar mais segurança ao investidor. A nossa grande preocupação não é a atual queda no preço do barril, porque essa situação não é nova e a indústria sabe se adaptar. O que queremos é mais comprometimento com a indústria em todos os níveis. Veja o exemplo de México e Colômbia, que modernizaram as suas legislações e hoje são os queridos do setor. Se não agirmos rápido, perderemos cada vez mais atratividade”, conclui o secretário-geral do IBP. MACAÉ OFFSHORE 47


CONJUNcTURE

New face, old

claims

With a new president, IBP promises to be more incisive in the demand for changes in the national O&G policies

By Brunno Braga

T

he lack of a specific agenda to hold auctions, the maintenance of the current local content policy and the still-in-force petroleum regulatory framework may worsen even more the sector crisis. The new board of the Brazilian Petroleum, Gas and Biofuels Institute (IBP), which took office on March, seeks to enforce the need for changes in the policies of the oil and gas segment. The new president of IBP, José Camargo (ex-president of Total in Brazil from 2005 to 2009) already promised that he will promote even more meetings with representatives from the government in order to submit proposals for the industry. 48 MACAÉ OFFSHORE

“We are discussing principles with the government, such as simplicity, better focus and rationality to our policies. Models have logic in a given moment, but as soon as the moment changes that model needs to be reviewed”. Among the main claims is the annual agenda of auctions, for both concession areas and pre-salt. “Without a set of criteria, the next rounds will come with uncertainties”, said the executive during the tenure ceremony at the HQ of IBP in Rio de Janeiro. As evidence that IBP is already heading that way, the institute ordered a study from the consultancy Bain&CO, which mapped seven sectors to be prioritized from an analysis of the social and economic values they add to the country

and of the worldwide relevance of the Brazilian demand. Namely: 1) project, manufacturing and installation of modules and topsides; 2) submarine equipment; 3) submarine installation services; 4) high-tech well drilling and completion; 5) high-tech machinery and equipment; 6) mid-tech machinery and equipment and 7) naval construction of offshore supply vessels (OSV). “Nowadays, it is critical to invest in new capacity in order to meet the demand under competitive levels and to ensure the future sustainability of suppliers. The pre-salt also brought new technological challenges, which changes the scenario even further” said Antonio Guimarães, IBP’s executive secretary of exploration and production.


CONJUnCTURE

Finely tuned discourse And, in fact, other IBP representatives are tuning the discourse that changes are more than needed or else we face the risk of seeing the industry suffering heavy losses in mid- and long-term investments, regardless of improvements in the scenario. According to the secretary-general of the entity, Milton Costa Filho, the government is not given the due attention to the oil and gas chain as a whole. “The sector is not being considered as important for the government” and added “Unfortunately, the industry is not receiving the attention it deserves,

as it represents 12% of the Brazilian GDP”, he said during an event in Rio de Janeiro. Costa Filho reminded that the oil production in the pre-salt already answers for 40% of the petroleum found in the entire world in the last ten years and that percentage reaches 60% when such discoveries are connected to offshore reserves. “The future of Brazil depends on the pre-salt. We have technology, qualified

professionals and financial resource attractiveness. But the money goes only to safe ports. Nobody wants to invest in risks and we have to develop and monetize those resources as soon as possible. The Brazilian government is leaving the oil to settle on the ocean bottom, and the oil laying there has no value at all. We can produce more than we do today. It has been two years since the last rounds and the winning companies from the last bids back in 2013 are still waiting for environmental licenses to perform seismic works. This is disturbing”.

Regulatory Framework IBP’s secretary also remarked that the entity is going to propose changes in the oil regulatory framework approved in 2010 during the hype caused by the discoveries of large reservoirs in the pre-salt layers. According to Act 12351/10, in case of any exploration and production activities in the Pre-salt not previously under the concession model and inside strategic areas, then Petrobras is the one to act as single operator with a minimum participation of 30%. The Libra block(picture), in the pre-salt of the Santos Basin, was the first area to be auctioned under the production sharing regime. Petrobras has 40% of participation in this block. “Petrobras has no money to invest in the pre-salt. The company is in a delicate debt situation of R$ 300 billion and that will impact the company activities. Therefore, the government must review those laws, as they are far from being good for Petrobras or even Brazil”, he said. In his assessment, if there is flexibility in the laws, many companies will compete to join the next pre-salt auctions. According to Costa Filho, the company debt may also compromise the goal to double oil production by 2020. The current volume is of 2.1 million. “It is a complicated

equation. I think that reaching the goal will demand much more resources from the company, and with that debt issue, it will be forced to reduce investments” he assessed. The above is already being demonstrated thanks to recent data. Petrobras is already showing a setback in its production capacity. On January 2014, the company produced 89.3% of the total oil extracted in the country, while other 42 companies answered for 10.7%. On March this year however, Petrobras produced 83.5% of the total while

others reached the milestone of 16.6%. “There is a lot to do in Brazil to provide more safety to the investor. Our main concern is not the current drop in the barrel price, because it is not a new issue and the industry knows how to adapt itself. What we want is more commitment to the industry in all levels. See Mexico and Colombia for example, they modernized their laws and now are the sweethearts of the sector. If we do not act quickly, we will lose more and more attractiveness”, concluded IBP’s secretary-general”.

MACAÉ OFFSHORE 49


MERCADO

Da euforia à

realidade

Com preços do barril em baixa e entraves regulatórios exploração do gás não convencional enfrenta desafios à frente Por Brunno Braga

N

ão faz muito tempo, o mercado de petróleo e gás mundial viu-se sacudido com o anúncio do sucesso da exploração de gás de xisto, também conhecido no Brasil como shale gas, nos Estados Unidos. Dados divulgados sobre a enorme potencialidade de reservatórios fizeram com houvesse uma espécie de corrida do ouro para regiões, sobretudo as localizadas no meio-oeste americano. Investidores do setor começaram a aportar pesados investimentos nas atividades que prometiam ter um protagonismo no mercado de gás americano. Essa tendência ganhou reforço após a divulgação do relatório “As Perspectivas Energéticas Mundiais”, da Agência Internacional de 50 MACAÉ OFFSHORE

Energia (AIE), que dizia que, por volta de 2017, os Estados Unidos arrebatarão da Arábia Saudita o primeiro lugar na produção mundial de petróleo e conquistarão uma “quase autossuficiência”

teve redução de 45 mil barris por dia em maio em relação a abril, representando, segundo o instituto, alcançando a marca de 4,98 milhões de barris no mês.a primeira queda mensal em quatro anos.

Passados alguns anos de euforia, muito daquilo que se especulava vem agora tomando rumos diferentes. A queda no preço dos combustíveis fósseis no mercado internacional é considerada como um dos principais fatores e está forçando uma revisão nas projeções iniciais.

Além da baixa nos preços, questionamentos sobre os possíveis impactos no meio ambiente em decorrência das atividades de exploração são outros desafios que vêm freando a escalada de investimentos neste segmento.

E os efeitos negativos já começam a despontar. Segundo informações divulgadas pelo Departamento de Administração de Informação Energética dos Estados Unidos (EIA), a produção de shale gas

Contudo, mesmo com a esfriada nos ânimos, é possível dizer que muitas pesquisas sobre como dar maior eficiência aos processos de extração de óleo e gás de rochas localizadas nos subsolos, com custos baixos e que apresentem riscos


MERCADO

mínimos para o meio ambiente. “A indústria do shale gas nos Estados Unidos não está parada. O que está havendo é uma espécie de reavaliação dos ativos, já que com o preço do barril abaixo de US$ 70 fica economicamente inviável. Por isso, algumas empresas estão investindo em pesquisa para desenvolver tecnologias que permitam executar operações a custos que se adequem à realidade do mercado atual”, explica Beatriz Loureiro, consultora especialista em Óleo e Gás na KNP consultoria. Enquanto os EUA adotam medidas para compensar as perdas recentes nos investimentos e resultados das atividades exploratórias do shale gas, outros países do mundo começam a estudar os meios e possibilidades de também entrar neste mercado. A China é o país que vem mais se destacando. Estimulada com a possibilidade de se tornar autossuficiente, o governo chinês anunciou que pretende produzir cerca de 30 bilhões de metros cúbicos de gás até 2020. Caso se confirme, o gigante asiático, que é líder

mundial em consumo de combustível fóssil, sairá da posição de 1% para 15% da produção total de shale gas no planeta. “Se a China conseguir alcançar essa meta, o mercado de óleo e gás no mundo sofrerá grandes impactos para os próximos anos. Mas o país, a despeito de todos os esforços, ainda carece de tecnologia e estudos geológicos mais acurados das regiões que comprovem as suas reais potencialidades”, disse o especialista Gordon Kwan, da agência Asia Energy. Já na Europa, continente que também busca encontrar soluções para melhor atender a demanda doméstica por energia, vem debatendo a respeito dos possíveis danos ambientais que o processo de faturamento hidráulico pode causar ao meio ambiente. Em razão disso, muitos países da Europa Ocidental inclusive proibiram ou criaram legislação que tornam impeditivas as atividades de extração de gás não convencional. Esse é o caso do governo alemão que, em março deste ano, aprovou lei

que restringe a exploração de shale gas a determinadas áreas após a realização de estudos que comprovem que as operações não irão comprometer os lençóis freáticos, a principal preocupação dos ambientalistas quando o assunto é atividades exploratórias do gás não convencional. “Essa não é uma situação muito confortável para uma indústria que já começava a se estruturar no continente”, afirma Arthur Berman, editor do Boletim da Associação Americana de Geologistas de Petróleo. No entanto, ele comenta que o futuro do shale gas na região se encontra mais ao leste, com a Polônia sendo vista como um dos mais promissores países europeus para indústria de shale. Estudos apontam que há no país uma reserva de 768 bilhões de metros cúbicos num ambiente mais permissivo legalmente para as atividades de extração de gás não convencional. “Mas, o grande desafio do país será treinar e qualificar mão-de-obra especializada”, comentou Berman.

Situação brasileira Já no Brasil, o gás não convencional ainda está longe de ser uma realidade. Embora o país tenha potencial na área, dadas suas características geológicas, a exploração do insumo depende da superação de barreiras regulatórias e desafios tecnológicos. Um marco regulatório com a definição de regras claras em referência ao licenciamento ambiental para utilização de produtos químicos na perfuração de poços é de fundamental importância para o desenvolvimento da indústria. “É preciso viabilizar os estudos geológicos para saber quais serão as tecnologias necessárias no processo de exploração. Tudo depende

de pesquisa e desenvolvimento e só aproveitaremos o potencial brasileiro de gás não convencional por meio de tentativa e erro”, explica Edmar Luiz Fagundes de Almeida, professor da UFRJ. Outra barreira a ser superada pela indústria de shale gas é a econômica. Uma vez que a produção do insumo se estabeleça, será preciso buscar a redução de custos na produção. “Mas ainda temos um longo caminho a percorrer até lá. A previsão para o início da produção de gás não convencional é somente em 2023. No contexto atual, ainda é cedo para questões de distribuição, escoamento e redução de custos desse gás. Todos

os estudos ainda são muito conceituais, destaca Almeida, que aponta a Argentina como um país exemplo para o sucesso do gás não convencional na região da América do Sul. “O momento é de ainda é cedo para saber os impactos nos preços do petróleo quando a atual crise passar e os investimentos em shale gas retomarem com força. Por isso, é preciso estar preparado, com disponibilidade de tecnologias de fraturamento, sondas e mão-de-obra qualificada para quando os preços voltarem a patamares estáveis e fazer frente com as atividades de E&P tradicionais”, conclui Almeida.

MACAÉ OFFSHORE 51


MARKET

From excitement back to

reality

With the barrel prices dropping and regulatory obstacles, the nonconventional gas exploration expects challenges ahead

By Brunno Braga

N

ot long ago, the global oil and gas market was shaken with the news from the successful shale gas exploration in the USA. Data disclosed about the enormous potential of the reservoirs caused a gold rush towards those regions, especially those located in the American Midwest. Investors of the sector started an inflow of heavy investments in activities that promised to have a protagonism in the American gas market. This trend was later reinforced following the disclose of the report “Worldwide Energetic Perspectives” from the International Energy Agency (IEA), which said that around 2017, the United States will take from Saudi Arabia the first place in worldwide oil

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production and then achieve a “near self-sufficiency”.

4.98 million barrels on the month and the first monthly drop in four years.

After some years of euphoria, most of what was speculated is now taking different turns. The drop in the fossil fuel price in the international market is considered as one of the main factors and is forcing a review of the initial forecasts.

In addition to the drop in prices, questionings on the possible impact to the environment resulting from exploration activities are some of the other challenges slowing down the escalation of investments in this segment.

Negative effects are already making their noises. According to information disclosed by the United States Energy Information Administration Department (EIA), production of shale gas suffered a reduction of 45 thousand barrels/day on May compared to April, which represents a milestone of

However, even with the moods quenched, it is safe to assume that there are many ongoing researches on how to provide more efficiency to oil and gas extraction from underground rocks, with lower costs and minimum risks to the environment. “The shale gas industry in the United States is not dead. What is going on is some sort


MARKET

of re-evaluation of assets, as the barrel prince below US$ 70 makes it economically unfeasible. That is way dome companies are investing in research to develop technologies that allow them to perform operations at costs aligned with the current reality of the market”, explained Beatriz Loureiro, Oil and Gas specialist and consultant in KNP consultoria.

jump from 1% to 15% of the total shale gas production in the planet. “If China manages to reach this goal, the global oil and gas market will suffer from huge impacts in the next years. But the country, despite all its best efforts, still lacks technology and more accurate geological studies to confirm its real potentialities”, said the specialist Gordon Kwan from the agency Asia Energy.

While the USA is adopting measures to compensate for recent losses in investments and results from shale gas exploration activities, other countries are studying ways and possibilities to also join this market. China is the one standing out the most so far. Stimulated by the possibility of becoming self-sufficient the Chinese government announced that it intends to produce around 30 billion cubic meters of gas by 2020. If it does become a fact, the Asian giant, which is the world leader in fossil fuel consumption, will

The European continent is also looking for solutions to better meet the domestic energy demand and is discussing the possible environmental damages that the hydraulic fracturing process may cause to the environment. For this reason, many countries of the Western Europe are prohibiting or creating laws to prohibit nonconventional gas extraction activities. This is the case of the German government that on March approved an Act that restricts the exploration of shale

gas to certain areas after performing studies confirming that said operations will not threaten water tables, which are the main concern of environmentalists when it comes to nonconventional gas exploration activities. “This is not a very comfortable situation for an industry that just started settling down in the continent” says Arthur Berman, editor from the Bulletin American Association of Petroleum Geologists. However, he says that the future of shale gas in the region lies to the east, where Poland is seen as one of the most promising European countries for the shale industry. Studies indicated that the country has a reserve of 768 billion cubic meters, in a more legally permissible environment for nonconventional gas extraction activities. “But the biggest challenge of the country will be the training and qualification of specialized workforce” commented Berman.

Brazilian situation In Brazil, nonconventional gas is far from being a reality. Even with its potential, thanks to its geological characteristics, exploration depends on the overcoming of regulatory barriers and technological changes. A regulatory framework establishing clear rules related to environmental licenses and utilization of chemicals when drilling wells is essential to develop the industry. “It is necessary to prepare geological studies in order to know the required technologies used in those exploration processes. Everything depends on research and development, and we

will only enjoy the full Brazilian potential in nonconventional gas by means of trials and errors”, explains Edmar Luiz Fagundes de Almeida, professor from UFRJ. Another barrier to be dealt by the shale gas industry is the economic one. Once the production of shale gas becomes feasible, it will be required to reduce costs in production. “But we still have a long way ahead of us until then. Forecast to start nonconventional gas production is only by 2023. In the current scenario, it is too early to talk about issues such as distribution, flowing and reduction of costs with this gas.

All studies are only and merely conceptual”, said Almeida, who mentioned Argentina as a good example for the success of nonconventional gas in South America. “It is too early to know the future impacts on the oil prices once the crisis is over and investments in shale gas are finally resumed. That is why it is imperative to be prepared to welcome fracturing technologies, rigs and qualified workforce by the time prices are stabilizing and clashing again with the traditional E&P activities”, concluded Almeida.

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RECURSOS HUMANOS

Fotomontagem: Macaé Offshore

Apertem os cintos os

expatriados sumiram Apesar do boom do setor de petróleo e gás no Brasil desde 2005, recentes pesquisas mostram que a política de expatriação vem em um curva decrescente

Por Rodrigo Leitão

A

pós as denúncias de corrupção deflagrada pela Polícia Federal, envolvendo o caixa da maior companhia de petróleo do Brasil, a Petrobras teve que rever seus contratos de afretamentos de navios e a aquisição de navios-sondas para balancear suas contas, depois do prejuízo de US$ 7 bilhões nos cofres da estatal. Na outra ponta da linha, o crescimento de pedidos de vistos por estrangeiros que vem trabalhar no país por tempo indeterminado juntamente com a necessidade do mercado de

54 MACAÉ OFFSHORE

mão de obra qualificada no setor de petróleo e gás, tem se desenhado cada vez mais pessimistas. Segundo levantamento da Mundivisas, empresa especializada em prover serviços de imigração, o número de autorizações de trabalho emitidas para marítimos, que é o visto mais utilizado no setor de óleo e gás, vem decaindo desde 2012. O número de autorizações de trabalho no amparo da RN72 em 2014 foi 1% menor do que 2013, e se compararmos com 2011, a queda chega a 15%.

Segundo a presidente da Mundivisas, a advogada Mariângela Moreira, apesar das perspectivas negativas do mercado, tem sido dito que haverá um maior foco de investimentos da Petrobras na produção. “Esperamos que ocorram ajustes na demanda de bens e serviços contratados do exterior, com uma consequente mudança na demanda de mão de obra estrangeira. Nossa expectativa para os próximos dois anos é que o número de estrangeiros no setor de navegação de apoio e nos setores ligados à produção deve ser mantido ou


MACAÉ OFFSHORE 55


RECURSOS HUMANOS

Fotos: Divulgação

até ter um pequeno crescimento, no entanto, podendo haver reduções na demanda de mão de obra estrangeira ligadas às atividades de exploração”, disse Mariângela em entrevista à Macaé Offshore. De acordo com a sócio-fundadora da People Oriented Consultoria, Helena Magalhães, com a queda do preço da commodity, o setor vem enfrentando um momento difícil, onde as empresas estão tendo que se adaptar a margens mais apertadas e projetos mais escassos. “Esse novo cenário tem levado algumas empresas a rever fortemente seus custos com consequente redução dos quadros de funcionários e algumas até redução do volume de expatriados que possuem custos elevados para as empresas”, afirma Helena.

Mariangela Moreira, presidente da Mundivisas: O maior entrave está no atendimento das repartições

Giovana Dantas, gerente executiva da Michael Page: Ingleses e americanos ainda são maioria neste setor no Brasil

Para a executiva, com a recuperação da economia americana, existe a expectativa do preço do barril se recuperar até valores próximos de 100 dólares e, com isso viabilizar investimentos no setor.

Mariangela Moreira, president of Mundivisas: Biggest challenge is in the service provided by offices

Giovana Dantas, executive manager of Michael Page: British and Americans are still the majority of this sector in Brazil

“A Petrobras está tentando organizar a casa e recuperar a confiança do mercado, apesar de existirem muitas variáveis envolvidas para um cenário de recuperação, procuro ser otimista que o efeito das reestruturações será sentido nos próximos anos e trará uma melhora do cenário no setor”, diz a sócio-fundadora.

continuam obtendo os vistos das empresas contratantes para trabalhar no Brasil. Ela lembra que tirando o pré-sal de Libra, projetos na margem equatorial ainda estão em fase de licenciamento ambiental previstos para 2017.

novo queridinho das companhias de petróleo”, diz Giovana.

Em entrevista à Macaé Offshore, a gerente executiva da Michael Page Oil & Gas, Giovana Dantas concorda que há um decréscimo no número de 2011 até 2014, mas lembra que, cargos de liderança, ainda

“O maior número de estrangeiros trabalhando no setor ainda são os americanos e ingleses. Com relação ao continente africano, as empresas contratantes enviam seus funcionários para o Brasil, porque estamos melhor democraticamente. Mas, o México vem se transformando no

Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 70% das expatriações no mundo falham. De acordo com a organização, dentro dos processos que não tem êxito, 50% deles são porque o funcionário não se adaptou ao novo estilo de vida. Para evitar prejuízos com essas dificuldades culturais, é fundamental que as empresas ofereçam uma infraestrutura sólida de realocação e adaptação, não só do funcionário, como também de sua família.

demora na emissão do visto e no número limitado de vagas para o atendimento por parte da polícia federal para efetuar o registro do estrangeiro.

envolveria investimentos em infraestrutura e em pessoal por parte dos órgãos da administração pública envolvidos no processo.

Segundo a presidente da Mundivisas, Mariângela Moreira, a solução definitiva

“Empresas especializadas, como a Mundivisas, conseguem enfrentar tais

Emissão de vistos Nos últimos anos, o governo brasileiro tem envidado esforços para diminuir a burocracia de vistos para estrangeiros. Os maiores entraves estão na disponibilidade de atendimento por algumas repartições consulares brasileiras, que ocasiona 56 MACAÉ OFFSHORE


RECURSOS HUMANOS

entraves com um planejamento eficiente, com monitoramento constante dos prazos de emissão dos vistos pelos diversos consulados brasileiros no exterior e a disponibilidade de vagas para registro nas delegacias de imigração nas

localidades próximas onde o estrangeiro irá transitar”, afirma Mariângela. O Brasil evoluiu consideravelmente na última década formando profissionais no setor de Óleo e Gás.

Possuímos excelentes executivos no setor, alguns expatriados nas matrizes de suas organizações onde adquirem uma visão global do setor e uma visão mais ampla das estratégias da suas organizações.

ENTENDA O PROCESSO O processo de obtenção de visto de trabalho para tripulantes e técnicos virem trabalhar a bordo de plataformas estrangeiras segue o mesmo procedimento para o trabalho estrangeiro nas diversas atividades no Brasil. Primeiro a empresa brasileira interessada requer autorização de trabalho junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, uma vez aprovado o Ministério das Relações Exteriores recebe oficio e comunica autorização ao Consulado Geral do Brasil no país onde o estrangeiro se encontre. O estrangeiro terá um prazo de até 180 dias da autorização para aplicar o visto junto ao Consulado Brasileiro. Após a entrada no Brasil com o visto

de trabalho, é obrigatório o registro na Policia Federal para a obtenção da Carteira de Identidade para Estrangeiros (CIE).

passaporte, o protocolo do registro, um documento que comprove sua filiação, um comprovante de residência e CPF. 

A CTPS é necessária apenas nos casos do visto de trabalho com vínculo empregatício com a empresa brasileira, o que não é o caso da maioria dos tripulantes ou técnicos que trabalham a bordo de embarcação estrangeira no Brasil. Mas, quando necessária, o estrangeiro deve apresentar-se a Delegacia Regional do Trabalho portando o seu

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hUMAN RESOURCES

Fasten your seat belts, the

expatriates are gone Despite the boom in the Brazilian oil and gas sector started in 2005, recent studies show that the expatriation policy is on a falling curve

By Rodrigo Leitão

A

fter investigations of corruption started by the Federal Police involving the cash of the largest Brazilian petroleum company, Petrobras was forced to review its agreements related to chartering of ships and acquisition of drillships in order to stabilize its accounts, following a loss of US$ 7 billion in its vaults. As if it was not bad enough, the growth in requests for visa has become a pessimist scenario to foreigners willing to work in the country for an indefinite time, not to mention the need of the market for qualified workforce in the oil and gas sector.

number of work authorizations issued to seafarers – which is the most used visa in the oil and gas sector – has been decreasing since 2012. The number of work authorizations as per the Normative Resolution 72 of 2014 was 1% lower than 2013, and if compared to 2011, the drop reaches 15%.

According to a survey from Mundivisas, a company specialized in providing immigration services, the

“We are hoping for adjustments in the demand for goods and services hired abroad, followed by a change in

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According to the president of Mundivisas, the lawyer Mariângela Moreira, despite the negative perspectives of the market, rumors say that there will be a major focus of investments from Petrobras in production.

the demand for foreign workforce. Our expectation for the next two years is that the number of foreigners in support navigation and other sectors related to production will remain the same or have a mild increase, although it is very likely to see reductions in demand for foreign workforce concerning exploration activities”, said Mariângela in an interview to Macaé Offshore. According to the founding member of People Oriented Consultoria, Helena Magalhães, due to a drop in the commodity price, the sector has been facing a tough moment, where companies are being forced to adapt themselves to tighter margins and scarcer projects.


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“This new scenario is causing some companies to strongly review their costs with the inevitable reduction of staff and even reduction in the volume of expatriates as they represent high costs for such companies” said Helena. For the executive, following the recovery of the North-American economy, there is an expectation that the barrel price will also climb up to values near 100 dollars, which will make possible the promotion of investments in the sector. “Petrobras is undergoing reorganization and regaining market trust, and despite the many variables involved in a recovery scenario, I am optimist that

the effect of this restructuration will be felt in the next years and will bring some improvement to the scenario”, said the founding member. In an interview to Macaé Offshore, the executive manager of Michael Page Oil & Gas, Giovana Dantas agrees that there is a decrease in the number from 2011 to 2015 but she reminds that leading roles are still obtaining visas from contracting companies to work in Brazil. She also reminds that aside from Libra’s pre-salt, projects in the equatorial margin are still under environmental licensing stages and are expected to 2017.

the USA and UK. Concerning the African continent, contracting companies are sending their workers to Brazil, because we seem to be better in democratic terms. However, Mexico has become the new sweetheart of the petroleum companies” says Giovana.

“The highest number of foreigners working in the sector still comes from

According to data from Fundação Getúlio Vargas (FGV), around 70% of the global expatriations fail. Still according to FGV, among the failing processes, 50% result from workers that failed to adapt themselves to the new lifestyle. In order to avoid losses with cultural issues, it is fundamental that companies offer a solid infrastructure to reallocate and adapt not only the worker but also his /her family.

Brazil evolved considerably in the last decade by qualifying professionals in the Oil and Gas sector. We have excellent executives in the sector, some expatriates in

the matrixes of their organizations when they acquire a global perspective of the sector and a broader vision of the strategies adopted by their organizations.

Issuance of Visa In the last years, the Brazilian government has strived to reduce the bureaucracy to provide visa to foreigners. The highest obstacles are on the support provided by some Brazilian consular offices, which cause delays to issue visas and the limited number of vacancies provided by the federal police in order to perform the registry of the foreigner. According to the president of Mundivisas, Mariângela Moreira, the ultimate solution would require investments infrastructure and personnel by the public administration bodies involved in the process. “Specialized companies, such as Mundivisas, are able to overcome such issues with an effective planning, constant monitoring of visa issuance terms set by the several Brazilian consulates abroad and check for the availability of vacancies for registry in the immigration offices nearest to where the foreigner will reside”, says Mariângela.

Understand the process The process to obtain a work visa for crew members and technicians to work onboard foreign platforms follows the same procedure for foreign work in other national activities. Firstly, the interested Brazilian company must request a work authorization from the Ministry of Labor and Employment. Once approved the Ministry of Foreign Affairs receives the official notice and informs the authorization to the Brazilian General Consulate of the country where the foreigner resides. The foreigner will have a term of 180 days after the authorization to apply for the visa at the Brazilian Consulate. Once in Brazil and in possession of the work visa, the foreigner must be registered at the Federal Police in order to obtain a Foreigner Identity Card (CIE). CTPS (Brazilian Employment Record Book) is required only in cases of work visa with employment contract with a Brazilian company, which is not the case for most crew members and technicians onboard foreign vessels in Brazil. However, if required, the foreigner must go to the Regional Labor Office carrying its passport, registry protocol, a document that confirms its identity, a proof of address and CPF (Natural Persons Register). 

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Rede Petro-BC presente na Brasil Offshore Por Ive Talyuli

Com expectativa de mais de 800 expositores em um espaço de 45 mil metros, a oitava edição da Brasil Offshore – Feira e Conferência Internacional da Indústria de Petróleo e Gás, representa uma grande oportunidade para os que atuam no setor. Sendo divulgada como o primeiro grande evento offshore do ano, a terceira maior feira de petróleo do mundo reunirá os maiores representantes do setor num só lugar por quatro dias. Atuando diretamente com empresas da cadeia de Petróleo, Gás e Energia, a Rede Petro – Bacia de Campos não poderia deixar de participar, aproveitando a oportunidade para divulgar suas ações. Para isso, a organização contará

com um espaço próprio de 36 metros quadrados. “O estande estará aberto para que os nossos associados possam receber seus clientes e também deixar material para divulgação de suas empresas, como folders, cartão de visita entre outros. No entanto, para utilizar o espaço o associado precisará fazer um agendamento prévio”, destacou Vitor Silva, um dos coordenadores da Rede Petro-BC. Além disso, um coquetel de confraternização será realizado no dia 25 de junho, penúltimo dia de evento, reunindo associados e parceiros da instituição. “Vamos aproveitar também para distribuir nosso pen drive com Catálogo Digital das empresas associadas”, completou Vitor.

Durante a Brasil Offshore, a Rede Petro-BC encontra o ambiente ideal para fazer valer a sua principal missão, que é a articulação de fornecedores e clientes do setor unindo-os em uma rede de relacionamentos para gerar oportunidades de negócios aos seus associados. “Assim como em outros eventos que participamos, já estamos mapeando as grandes empresas para visitar os estandes e estreitar o relacionamento. Nosso objetivo é estar perto delas e convidá-las a apresentar suas demandas em nossas reuniões gerais, realizadas a cada dois meses”, explicou Evandro Cunha, também coordenador da Rede Petro-BC. 

A Rede Petro-BC é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover, articular e fomentar a geração de negócios entre os atores da cadeia produtiva de petróleo, gás e energia da Bacia de Campos. Seu desafio principal é atender as demandas da principal área de exploração e produção brasileira, investindo constantemente em estudos para a viabilização de projetos em que a promoção de negócios se dê através da competitividade, gerando oportunidades de negócios às empresas e instituições envolvidas. Maiores informações através do telefone (22) 2796-6122.

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Rede Petro-BC present at Brasil Offshore By Ive Talyuli

Expecting more than 800 exhibitors in a 45 thousand square meter area, the eighth edition of Brasil Offshore - Oil and Gas Industry International Trade Show and Conference - represents a great opportunity for the sector players. Publicized as the first major offshore event of the year, the third largest oil trade show in the world will gather the biggest industry representatives in a single location for four days. Working directly with companies in the Oil, Gas and Energy Chain, Rede Petro Campos Basin could not keep from participating and taking the opportunity to disseminate its actions. For this purpose the

organization will have its own 36 square meter space. ‘The booth will be open so that our members can meet with their customers and also leave their companies’ publicity material , such as fliers and business cards, among others. However, in order to use the premises the members must book it in advance’, stressed Vitor Silva, one of the Rede Petro-BC coordinators. In addition, a social cocktail party will be held on June 25, on the next to the last day of the event, gathering institution members and partners. ‘We will also take the opportunity to distribute our pen drives with a Digital Catalog of the member companies’, completed Vitor.

During the Brasil Offshore Rede Petro-BC finds the ideal environment to enforce its foremost mission, which is the articulation of sector suppliers and customers by unifying them in a relationship network to generate business opportunities for its members. ‘Such as in other events in which we participate, we are already mapping major companies to visit their boots and bridge our relationship. Our objective is to be close by and invite them to present their demands in our general meetings, which are held every two months’, explained Evandro Cunha, also a Rede Petro-BC coordinator. 

Rede Petro-BC is a non-profit organization whose purpose is to promote, articulate and foment business generation among the Campos Basin oil, gas and energy productive chain players. Its main challenge is to meet the demands of the primary Brazilian exploration and production area by constantly investing in feasibility studies for projects in which business promotion is achieved through competitiveness, thus generating business opportunities for the companies and institutions involved. For more information, please call (22) 2796-6122.

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