MACAÉ OFFSHORE 1
2 MACAÉ OFFSHORE
ÍNDICE / CONTENTS
Matéria de capa | Report of Cover
O Mundo do Petróleo e o Petróleo do mundo The World’s Petroleum and the Petroleum’s World Brazil and its competitiveness
18 21
Maré Alta | High Tide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Política | Politics
Checkmate
14 17
Brasil e sua competitividade
Xeque-mate
Paulo Mosa Filho
31 33
Entrevista | Interview
22 28
Paulo Cesar Martins. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Paulo Cesar Martins.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Articulando | Articulating
12 A scenario far from positive for the sector and the time to reinvent. . . . 13 Um cenário nada positivo para o setor e a hora de se reinventar . . . . . . . .
5 minutos | 5 minutes Francis Borba Frnacis Borba
40 42
Conjuntura | Conjuncture
Barril meio cheio ou meio vazio? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34 Is the Barrel Half-Empty or Half-Full?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Tecnologia | Technology Tecnologia de ponta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Colunas | Columns
Por dentro do mercado Inside the market Celso Vianna Cardoso
Destaque Jurídico Judicial Highight Maria d´Assunção Costa
Inteligência Competitiva Competitive Intelligence Glauco Nader
Desenvolvimento Local Local Development Alberto Machado
Cutting-edge technology.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8 9
Comportamento das companhias de Óleo e Gás em 2015 Behavior of the Oil and Gas companies in 2015
10 11
Os projetos de lei para alteração da Lei da Partilha Bills to change the Sharing Act Plano de Negócios, oferta, demanda, dólar, produção... e o setor, como fica? Business Plan, offer, demand, dollar, production… but what about the sector? O Brasil precisa se reindustrializar! Brazil needs to reindustrialize itself!
46 48
44 45 49 50
Mais informações: www.macaeoffshore.com.br
MACAÉ OFFSHORE 3
CARTA AO LEITOR / LETTER TO THE READER
Não à procrastinação O clima de consternação vivido no segmento de petróleo e gás no Brasil parece longe do fim. Não obstante ter que lidar com a queda nos preços, as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras e as principais empresas de construção pesada, o setor convive agora com acefalia e falta de rumo governamental em relação à formulação de políticas que possam diminuir os efeitos da crise que assola a indústria de maneira acachapante. A crise internacional no setor de óleo e gás exerce, de fato, muita influência. E, conforme relatamos em nossa matéria de capa, cada região do globo vem reagindo de forma diferente aos desafios a serem enfrentados nos próximos anos. Ainda sob o efeito da ressaca causada pelo fraquíssimo resultado da última rodada de leilões da ANP, na qual apenas dois blocos offshore foram arrematados, toda a indústria resolveu se unir
para que pressione o governo a adotar políticas de salvamento de um setor que até dois anos atrás respondia por 12% do PIB nacional. E uma das instituições que formam essa linha de frente é Abespetro, entidade que representa as empresas prestadoras de serviço para a indústria e que também acompanha com apreensão o desenrolar deste quadro de incertezas. Em entrevista exclusiva à Macaé Offshore, o presidente da associação, Paulo Cesar Martins, comentou sobre pontos que podem ajudar a indústria a enfrentar com mais força os atuais momentos de turbulência doméstica. Superar a letargia, criando alicerce com políticas que se adequem a uma nova realidade no setor é tarefa premente. As consequências já estão aí. Não há mais tempo para procrastinar. A hora é agora.
Say no to procrastination The consternated mood affecting the oil and gas segment in Brazil seems to be far from ending. More than just having to deal with the drop of the prices and corruption scandals involving Petrobras and the main heavy construction companies, the sector now has to live with the lack of brain and course of the government concerning the formulation of policies that can at least minimize the effects of the crisis relentlessly haunting the industry. The international crisis in the oil and gas sector is truly capable of exerting a crushing influence. And as we reported in our cover story, each region of the globe is reacting differently to the challenges to be faced in the next years. Still under the effects of the hangover caused by the feeble results from the last bidding round promoted by ANP – where only two offshore blocks were successfully 4 MACAÉ OFFSHORE
negotiated – the whole industry decided to join forces and pressure the government and make it adopt policies to save a sector that two years ago was responsible for 12% of the GDP. And one of the institutions leading this front is Abespetro, entity that represents service providers for the industry and is also apprehensively monitoring the development of this scenario of uncertainties. In an exclusive interview to Macaé Offshore, the president of Abespetro, Paulo Cesar Martins, talked about the points that can help the industry to gain strength and then overcome the current local turbulent moments. To overcome the lethargy, by building foundations with policies that are in line with the new reality of the sector is an urgent task. Consequences have already been seen and felt. There is no more time to procrastinate. The time is now.
Capa / Cover: Paulo Mosa Filho Fotos / Photos: Divulgação A Macaé Offshore é uma publicação bimestral, bilíngue (português / inglês), editada pela Macaé Offshore Editora Ltda. Macaé Offshore is a bimonthly, bilingual publication (Portuguese / English), edited by Macaé Offshore Editora Ltda. Rua Oito de Março, 402 - Costa do Sol Macaé/RJ - CEP 27.923-340 Tel/fax: (22) 2770-6605 Avenida 13 de Maio, 13 - Sl. 1.713 - Centro Rio de Janeiro/RJ - CEP 20.031-901 Tel: (21) 3174-1684 Site: www.macaeoffshore.com.br Direção Executiva: / Executive Director: Bruno Bancovsky Jornalistas colaboradores: / Collaborators reporters : Brunno Braga (MTb. 050598/00) Rodrigo Leitão Flávia Domingues (MTb. 27478/RJ) redacao@macaeoffshore.com.br reportagem@macaeoffshore.com.br Publicidade: / Advertising: Fernando Albuquerque publicidade@macaeoffshore.com.br Diagramação: / Diagramming: Paulo Mosa Filho arte@macaeoffshore.com.br Revisão: / Review: Silvia Bancovsky Tradução em inglês: / English version: Prowords Professional Translations Distribuição: / Distribution: Dirigida às empresas de petróleo e gás To the oil and gas companies 84ª Edição - Outubro/Novembro 84th Edition - October/November Tiragem: / Copies: 10.000 exemplares/copies Assinatura: / Subscriptions: (22) 2770-6605 assinatura@macaeoffshore.com.br A editora não se responsabiliza por textos assinados por terceiros Macaé Offshore is not responsible for articles signed by third parties
MARÉ ALTA
Novo mercado Divulgação
Localizado de forma estratégica no Rio de Janeiro para atender o mercado offshore, a Helibras inaugurou o seu Centro de Treinamento e Simuladores (CTS), em agosto. Segundo a companhia, a nova base na capital fluminense marca o cumprimento, pelo Consórcio Helibras – Airbus Helicopters, de mais uma etapa do contrato H-XBR de fornecimento de 50 aeronaves H225M (EC725), transferência de conhecimentos e produção de diversos itens pela indústria nacional e disponibilização de meios de manutenção e treinamento em território nacional. O CTS irá oferecer treinamento para os operadores dos helicópteros H225 e H225M no moderno Full Flight Simulator (FFS), único simulador para esses modelos de helicópteros instalado nas Américas. “Esse será mais um apoio da rede mundial de treinamento da Airbus Helicopters
O CTS irá oferecer treinamento para os operadores dos helicópteros H225 e H225M no moderno Full Flight Simulator (FFS) CTS will offer training for operators of H225 and H225M helicopter models in the modern Full Flight Simulator (FFS)está atracado no Estaleiro Brasa, em Niterói (RJ)
para atender às demandas de operadores militares e civis, brasileiros e estrangeiros, sobretudo das Forças
Armadas e do mercado de petróleo“, diz Eduardo Marson, presidente da Helibras.
Oportunidade Prêmio OTC A FMC Technologies receberá durante a OTC Brasil, que acontece de 27 a 29 de outubro, no Rio de Janeiro, o prêmio por produzir Ligas com Memória de Formato para Equipamentos Submarinos. O Prêmio Destaque de Novas TecnologiasSM reconhece a extraordinária capacidade inventiva da indústria de E&P o qual contribuirá para o desenvolvimento de recursos offshore de formas mais cuidadosas e eficientes. “Estamos satisfeitos em apresentar este prêmio na OTC Brasil 2015 e ressaltar algumas das transformações das tecnologias presentes nesta conferência”, disse o presidente do Comitê de Destaques da OTC Brasil, Steve Balint. Este primeiro prêmio será concedido à FMC Technologies no dia 28 de outubro no pavilhão 3 do Riocentro às 16h.
A Shell Americas acaba de abrir inscrições para alunos do Ensino Médio e universitários que queiram participar da edição de 2016 da corrida promovida pela companhia angloholandesa. Completando 10 anos de existência, a competição será realizada em Detroit (EUA), considerado o berço da indústria automobilística, entre os dias 22 e 24 de abril do próximo ano, quando reunirá competidores vindos de diferentes países das Américas. O desafio para os estudantes continua: projetar e construir um veículo que consiga ir o mais longe possível utilizando a menor quantidade de energia. As equipes estudantis visam bater o atual recorde da etapa Américas da competição: percorrer aproximadamente 1.250 quilômetros por litro de gasolina, equivalente à distância entre Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). s inscrições podem ser feitas até 16 de novembro pelo site da companhia.Também estão disponíveis informações sobre as exigências da classe de veículos, regras oficiais e premiações. MACAÉ OFFSHORE 5
MARÉ ALTA
Recorde No mês de agosto, a produção de petróleo e gás natural da Petrobras, no Brasil e no exterior, atingiu a marca de 2,88 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), um recorde histórico, 0,8% superior ao recorde anterior de de 2,86 milhões boed alcançado em dezembro de 2014. Esse volume é também 4,5% maior que o registrado em agosto de 2014 (2,76 milhões boed).
Em relação ao mês anterior (julho), houve um crescimento na produção de petróleo e gás natural de 3,1%, quando foram produzidos 2,80 milhões. A produção total de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil foi de 2,69 milhões boed, 3,1% superior ao mês anterior (2,61 milhões boed), representando também novo recorde de
Custo Logístico
Dutos Submarinos O superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Bicombustíveis (ANP), Marcelo Mafra, apresentou no último dia da Rio Pipeline, no Rio de Janeiro, a nova proposta de regulamento técnico da agência para sistemas submarinos. As novas regras estabelecem o Sistema de Gerenciamento de Sistemas Submarinos (SGSS), cuja publicação ocorre na próxima semana; e o Sistema de Gerenciamento de Integridade de Poços (SGIP), que está em fase de consulta pública.
Focados em gestão de segurança aliada à performance, os novos tópicos do regulamento têm a vantagem de serem adaptáveis à sensibilidade do mercado, podendo, por exemplo, absorver mudanças geradas por inovações tecnológicas. Foram adotados requisitos-padrão a serem seguidos por todas as empresas, tais como integridade mínima, critérios para a seleção de contratados, auditoria interna e investigação de acidentes e extensão de vida útil. Estefânia Uchôa / CMADS
Diretor da ANP, Marcelo Mafra fala sobre as novas regras no setor de dutos submarinos ANP Director, Marcelo Mafra, talks about the new rules in the submarine pipeline sector
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produção nacional (0,6% superior ao recorde anterior de 2,67 milhões boed atingido em dezembro de 2014). Na área do pré-sal, foram atingidos dois novos recordes: o de produção diária operada pela Petrobras, com volume de 896 mil bpd registrado em 19 de agosto; e o de produção mensal operada pela Companhia, que alcançou 859 mil bpd no mês.
A Transpetro, subsidiária da Petrobras, está trabalhando em um projeto piloto para integração de seus dois centros de logística operacional que monitoram as atividades de transporte de derivados no país. O objetivo é reduzir custo e o tempo das operações realizadas por navios na costa brasileira. A iniciativa está em fase de desenvolvimento em oito de 20 terminais e os resultados devem ser aferidos até o ano que vem. Segundo o consultor da companhia, Luciano Maldonado, não existe previsão de aumento da capacidade de operação por parte da empresa. Nos próximos quatro anos, diz ele, haverá uma atuação forte na melhoria de processos. O foco principal é implementar a integração em toda a operação, mas ainda não há um prazo definido. “O navio é projetado para fazer o trabalho de coleta e entrega do produto em 24 horas. A ideia é que ele cumpra essa meta”, afirmou o consultor.
HIGH TIDE
New market Strategically located in Rio de Janeiro to meet the demands from the offshore market, Helibras inaugurated its Training and Simulation Center (CTS) in August. According to the company, the new base in the capital city marks the fulfillment, by the Consortium Helibras / Airbus Helicopters, of another stage in the contract H-XBR to provide 50 aircrafts H225M (EC725), transfer knowledge, produce several items by the local industry, as well as make available maintenance and training means.
Record CTS will offer training for operators of helicopters H225 and H225M inside the state-of-the-art Full Flight Simulator (FFS), the only simulator available for those models installed in the Americas. “This is another support from the global training network of Airbus Helicopters to meet the demands from military and civil operators, either Brazilian or foreigners, especially from the Armed Forces and the petroleum market”, says Eduardo Marson, president of Helibras.
OTC Award FMC Technologies will receive during the OTC Brazil – to be held between October 27th and 29th, in Rio de Janeiro – an award for producing Shape-Memory Alloys for Subsea Equipment. The Award “Spotlight in New Subsea Technologies” acknowledges the extraordinary and inventive capacity of the E&P industry that will contribute to the development of offshore resources in a more careful and efficiency manner. “We are pleased to present this award at the OTC Brazil 2015 and emphasize some of the changes in the technologies to be presented in this conference”, said the president of the Spotlights Committee for OTC Brazil, Steve Balint. This first award will be granted to FMC Technologies on October 28th, inside pavilion 3 of Riocentro at 4pm.
Opportunity
Submarine Pipelines
Shell Americas just opened subscriptions for students in High School and undergraduates willing to take part in the 2016 edition of the marathon promoted by the Anglo-Dutch company. About to complete 10 years of existence, the competition will take place in Detroit (USA) – which is considered the birthplace of the automobile industry – between April 22nd and 24th next year and will be attended by competitors from several countries in the Americas.
The superintendent of Operational Safety and Environment of the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP), Marcelo Mafra, presented on the last day of Rio Pipeline, in Rio de Janeiro, the agency’s new proposal of technical regulation for submarine systems. The new rules establish the Management System of Submarine Systems (SGSS), whose disclose is to occur next week; and the Management of System of Well Integrity (SGIP), which is still under public inquiry stage.
The challenge to be faced by students is the same: design and build a vehicle capable of going as far as possible using the minimum amount of energy. The teams seek to break the current record of the Americas’ edition: travel approximately 1250 kilometers per gasoline liter, which is equal to the distance between Rio de Janeiro (RJ) and Salvador (BA).Subscriptions can be made until November 16th at the website of the company. Information on the requirements concerning vehicle classes, official rules and awards are also available at the website.
In August, the oil and natural gas production of Petrobras, in Brazil and abroad, reached the milestone of 2.88 million barrels of oil equivalent per day (boed) a historical record, 0.8% above the previous record of 2.86 million boed achieved in December 2014. This volume is also 4.5% higher than the one recorded in August 2014 (2.76 million boed). Concerning the previous month (July) there was a growth in the oil and natural gas production of 3.1% following the production of 2.80 million boed. Total production of oil and natural gas of Petrobras in Brazil was of 2.69 million boed, 3.1% above the previous month (2.61 million boed), also representing a new record of the local production (0.6% above the previous record of 2.67 million boed reached in December 2014). In the pre-salt area, two new records were achieved: daily production operated by Petrobras with a volume of 896,000 bpd recorded on August 19th and its monthly production, which reached 859,000 bpd.
With focus on safety management allied to performance, the new regulation topics have the advantage of being adaptable to the market sensibility, being capable, for example, of absorbing changes brought by technological innovations. Standard requirements were adopted to be followed by all companies, such as minimum integrity, criteria to select contractors, internal audit, investigation of accidents, and extension of lifecycle.
Logistic Cost Transpetro, subsidiary of Petrobras, is working in a pilot project to integrate its both operational logistic centers responsible for monitoring derivative transportation activities in the country. The goal is to reduce cost and time of operations performed by ships in the Brazilian coast. The initiative is under development in eight of 20 terminals and results are to be assessed up to the next year. According to the company’s consultant, Luciano Maldonado, there is no forecast to increase operation capacity by the company. In the next four years, he said, there will be a strong effort to improve processes. The main focus is to implement the integration in the entire operation, but there is no set term. “The ship is designed to perform the pickup and delivery of the product in 24 hours. The idea is to provide means so the ship can meet that goal”, said the consultant. MACAÉ OFFSHORE 7
Por dentro do mercado
Comportamento das companhias de Óleo e Gás em 2015
O
Por Celso Vianna Cardoso*
ano de 2015 será marcado como um ano duro para as empresas do setor de Óleo e Gás. O preço barril de petróleo tipo WTI despencou 36% (Figura 3) somente no primeiro semestre chegando aos 44% de queda em outubro de 2015 e quase 50% no acumulado dos últimos 12 meses (Figura 2).
RDS
Chevron
Conoco
Exxon
Petrobras
BP
WTI 5% 0% -5% -10% -15% -20% -25% -30% -35%
No rastro da commoditie veio o preço das ações das empresas produtoras. Claro, afinal fazem parte do mesmo setor e o petróleo nunca ficou tão barato desde o ano de 2009. Todas as ações amargaram perdas no primeiro semestre exceto a BP Amoco, mas como não há distorção que o tempo e o mercado não corrijam, o 3º trimestre tratou de por as coisas no lugar e a petroleira britânica apareceu com sua contribuição de quase 16% de queda para o setor. Tratando-se de empresas do mesmo setor e, portanto, subordinadas a cotação do petróleo, já era esperada uma correlação positiva entre o preço do barril e o das ações das empresas. No entanto podemos observar grandes variações entre os percentuais de queda entre elas, com a Petrobras puxando a fila no acumulado dos últimos 12 meses (figura 2). Numa primeira análise, talvez os 26 bilhões de reais de prejuízo nos últimos 12 meses ajudem a explicar a queda mais acentuada das ações da Petrobras se comparada a seus pares. Porém existem outros indicadores que podem ajudar a esclarecer com mais profundidade essa questão. Analisando o balanço das empresas para os últimos 12 meses um dado obteve forte correlação negativa com o comportamento de preço das ações: a receita por empregado.
Figura 3: Comportamento do preço das ações entre janeiro e julho de 2015 Figure 3: Behavior of the share price between January and July 2015
matrizes de custo, o que poderia gerar distorções nesse indicador. Porém quando analisamos as receitas líquidas por empregado, a situação se mantém inalterada, com a Exxon Mobil sendo a mais rentável com US$ 431.000 por funcionário seguida por Conoco (Us$360k) Chevron (US$297k), Shell (US$ 158k) e Britsh Petroleum (US$45k) enquanto que a Petrobras apresentou prejuízo.
Este indicador é calculado dividindo-se o lucro gerado pela empresa pela quantidade de funcionários. Os resultados para as maiores empresas do setor são mostrados na figura 1. A figura 2 mostra o comportamento do preço das ações no mesmo período. Esse indicador pode ser receita por empregado na ordem de US$ 1,8 milhões enquanto suas ações caíram 78%. Na outra ponta a Exxon Mobil apresentou o maior índice de receita por empregado, na ordem de US$5,4 milhões e suas ações apresentaram queda de 20%. A quantidade de funcionários de ambas as empresas é semelhante, na faixa de 80.000. Chevron, Shell e British Petroleum aparecem na faixa entre US$3 e 4,5 milhões e apresentaram queda entre 28 e 35%. A Conoco Philips obteve receitas pouco abaixo de US$ 3 milhões e apresentou queda de 36%. É sabido que as empresas possuem diferentes Petrobras
Conoco
Chevron
No mercado esses indicadores são conhecidos por Relação de Eficiência e talvez essa seja a melhor explicação para os diferentes níveis de impacto que a queda do preço do barril de petróleo causou nas companhias analisadas. Podemos concluir que as empresas mais eficientes foram aquelas que menos sofreram enquanto que as menos eficientes amargaram severas perdas no seu valor de mercado. BP
RDS
Exxon 5.000.000 4.000.000 3.000.000 2.000.000 1.000.000 -
Figura 1: Receita por empregado Figure 1: Revenue per employee
*Celso Vianna Cardoso é analista de sistemas formado pela PUC-RJ e MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC. É co-autor do livro “Análise Técnica Clássica”, lançado pela Editora Saraiva em 2010, e diretor de Novos Negócios da Inove Investimentos.
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inside the market
Behavior of the Oil and Gas companies in 2015 * By Celso Vianna Cardoso
T
he year of 205 will be remembered as a tough year for the companies of the Oil and Gas sector. The WTI oil barrel price plummet 36% (Figure 3) only in the first semester reaching the bottom of 44% in October 2015 and going even deeper to an almost 50% in the accrued of the last 12 months (Figure 2).
Following the trail of the commodities we saw the share price of the producing companies. Obviously, as they are part of the same sector and petroleum has never been so cheap since 2009. All shares suffered losses in the first semester except for BP Amoco, however, as there is nothing time and market cannot “fix”, the 3rd quarter quickly acted to put things back into place and the British petroleum company showed up with its contribution of almost 16% of drop for the sector. Concerning companies from the same sector, and therefore, subordinated to the oil quotation, it was already expected a positive correlation between the barrel price and the company shares. However, we can observe major variations in their drop percentages, with Petrobras far ahead in the accrued of the last 12 months (figure 2). At first, maybe the 26 billion reais of losses in the last 12 months may help to explain the considerable drop in Petrobras shares when compared to its peers. However, there are other indicators that can shed more light on its issue. Analyzing the balance of the companies for the last 12 months, a
datum obtained a strong negative correlation with the share price behavior: revenue per employee. This indicator is calculated by dividing the profit generated by the company by the amount of employees. Results for the major players of the sector are shown in figure 1. Figure 2 shows the behavior of the share price in the same period. This indicator may be revenue per employee in the order of USD 1.8 million while shares dropped 78% (sic). At the far end Exxon Mobil presented the highest indicator of revenue per employee, in the order of USD 5.4 million and its shares dropped a modest 20%. The amount of employees from both companies is similar, around 80,000. Chevron, Shell and British Petroleum appear around USD 3-4.5 million and presented a drop between 28% and 35%. Conoco Philips obtained revenues slightly below USD Petrobras
Conoco
RDS
Chevron
3 million and presented a drop of 36%. It is know that companies have different cost matrixes, which could cause distortions in this indicator. However, when we analyze the net revenues per employee, the situation remains unchanged, with Exxon Mobil being the most profitable with USD 431,000 per employee followed by Conoco (USD 360,000), Chevron (USD 297,000), Shell (158,000) and British Petroleum (USD 45,000) while Petrobras presented losses. In the market, those indicators are known as “Efficiency Ratio” and maybe this is the best explanation to the different impact levels the oil barrel price drop caused in the analyzed companies. We can conclude that the most efficiency companies are those that suffered less while the less efficient ones tasted severe losses in their market value. BP
Exxon
WTI 0%
-10%
-20%
-30%
-40% -50%
-60%
-70%
-80%
Figura 2: Comportamento do preço das ações nos últimos 12 meses Figure 2: Behavior of the share price in the last 12 months
* Celso Vianna Cardoso is a system analyst graduated by PUC-RJ and MBA in Business Administration Management by IBMEC. Co-author of the book “Análise Técnica Clássica”(Classic Technical Analysis), released by Editora Saraiva in 2010 and New Business Director of Inove Investimentos.
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desTAQUE jurídico
Os projetos de lei para alteração da Lei da Partilha Por Maria d´Assunção Costa *
E
mbora tenhamos obtido êxito com a aplicação da Lei do Petróleo (9.478/97), o Poder Executivo enviou para o
como operadora. Comentamos, espe-
É fato imprescindível que as áreas
cialmente, o PL nº 131/2015, de auto-
ofertadas do pré-sal devem ter dimen-
ria do Senador José Serra - PSDB (SP),
sões adequadas às condições de aten-
Congresso e este aprovou a Lei Federal
que tem na relatoria o Senador Ricardo
dimento das empresas licitantes, seja no
Ferraço - PMDB (ES) e cujo andamento
aspecto técnico, financeiro ou jurídico.
pode levar a uma aprovação mais rápi-
Assim, certamente as rodadas poderão
da, considerando que já foi divulgada a
demandar maior número de ofertantes,
manifestação de constitucionalidade pelo
te, acreditava-se resolveriam todas as
o que favorece melhores propostas para
relator. Com isso, esse PL estaria sendo
questões brasileiras.
o Brasil. Com o PL nº 131/2015, pre-
gestado para votação, respeitando a pau-
tende-se possibilitar a atuação de múlti-
ta do Senado Federal e da Câmara dos
plos operadores, exemplo que já ocorre
Deputados.
no modelo de concessão da Lei Federal
nº 12.351/2010, Lei da Partilha, cujo objetivo era possibilitar o ingresso de incontáveis recursos que, certamen-
O tempo, Senhor da Razão, mostrou que os planos governamentais baseados
nº 9.478/1997, já provada e comprova-
num operador único estatal “responsável
O cenário atual e próximo do merca-
pela condução e execução, direta ou in-
do de petróleo indica que os preços difi-
direta, das atividades de exploração, ava-
cilmente chegarão aos valores da década
liação, desenvolvimento, produção e de-
passada, quando foi descoberto o pré-sal,
sativação das instalações de exploração e
o que exige uma vigilância permanente
produção” não é a melhor solução para
do Governo para a melhor adequação às
as finanças estatais nem para o desenvol-
dificuldades surgidas, incluindo aqui os li-
vas oportunidades para empresas inves-
vimento dessa indústria.
mites de caixa reais que a Petrobras ex-
tirem no país. E, ainda completa o autor
põe. Consequentemente, adequar a le-
do PL nº 131/2015, “o cenário econô-
gislação brasileira aos cenários nacional e
mico e político desfavorável à Petrobras
internacional é demonstração de sabedo-
dificulta a obtenção de financiamentos
ria na gestão dos recursos da União.
no mercado externo, o que compromete
Lembra-se que a área do pré-sal tem a dimensão de 150.000 Km², exigindo complexa tecnologia e logística para executar os compromissos atinentes às fases de exploração, desenvolvimento e produção do contrato.
Uma manifestação importante para a aprovação desse PL seria a do Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE),
da em 12 rodadas. O encargo de operador único, imposto à Petrobras compromete suas finanças públicas. A competição com outros operadores no modelo de partilha pode contribuir para criar no-
o cumprimento do cronograma de seus projetos”. Resta, portanto, aos parlamentares serem receptivos às condições que foram propostas.
Com essa constatação tardia já anun-
que tem na sua composição vários
ciada pelos críticos dessa modalidade de
Ministros de Estado, e dentre eles des-
Vale ainda mencionar que os de-
contratação, eu inclusive, foram propos-
taca-se o Ministro da Fazenda, sabedor
mais PLs sobre este assunto objetivam
tos projetos de lei no Congresso Nacional
da situação delicada que atravessam a
a mesma finalidade, que é desobrigar a
que retiram da Petrobras o “ônus abusi-
Petrobras e o cenário internacional do
Petrobras do encargo desmedido de ser
vo” de ingressar em todas as licitações
petróleo.
a operadora única da área do pré-sal.
*Maria D´Assunção Costa é advogada, doutora em Energia, sócia de Assunção Consultoria e coordenadora do livro Gás Natural no Cenário Brasileiro, da Editora Synergia.
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Judicial Highlights
Bills to change the Sharing Act * By Maria d´Assunção Costa
E
ven though we have succeed with the application of the Petroleum Act (9478/97), the Executive Branch sent to be approved by the Congress the Federal Act 12351/2010, the Sharing Act, whose purpose was to allow the inflow of untold resources that were believed as the solution to all Brazilian issues. Time, Lord of Reason, demonstrated that governmental plans based on a single stateowned operator “in charge of carrying out and executing, both directly and indirectly, activities such as exploration, assessment, development, production and deactivation of exploration and production facilities” are far from being the best solution for the country’s finances and for the development of this industry. It is worth reminding that the pre-salt area has a dimension of 150,000 Km², which requires complex technology and logistics to fulfill commitments related to contractual exploration, development and production stages. Following this late realization already predicted by the critics of such contract modal, myself included, bills are being proposed in the National Congress to take away from Petrobras its “abusive burden” of joining all biddings
as operator. One of such bills, PL 131/2015, by the Senator José Serra - PSDB (SP), having as rapporteur Senator Ricardo Ferraço - PMDB (ES) and whose quick progress may lead to an even faster approval, mainly if we consider that the same rapporteur already disclosed his constitutionality manifest. It all means that this Bill would soon undergo voting, but still respecting the agenda of the Federal Senate and of the Chamber of Deputies. The current scenario of the oil market points out that prices will hardly reach the values from last decade, when the presalt was first discovered, thus requiring a permanent watch by the Government to provide the best adequacy to the arisen difficulties, including the actual ash limits exposed by Petrobras. Consequently, to align the Brazilian laws with the national and international scenarios is a sign of wisdom in the management of resources by the Government. An important manifest to approve this bill would be the CNPE, which is composed by several State Ministers and among them, there is the Ministry of Treasury, knower of the delicate situation both Petrobras and the International Oil Market are facing.
It is undeniable that the offered areas of the pre-salt must be appropriately sized to the conditions of the bidding companies, be it in the technical, financial or legal scope. Thus, the rounds could certainly demand a higher number of bidders, which would favor the best proposals for the country. Bill 131/2015 intends to allow the participation of multiple operators, which is already expected in the concession model from Federal Act 9478/1997, proven more than once in 12 rounds. The burden of single operator imposed to Petrobras compromises its public finances. Competition with other operators in the sharing model may contribute to the creation of new opportunities for companies to invest here. Moreover, the author of Bill 131/2015 states “the unfavorable economic and political moment faced by Petrobras prevents the attraction of financing operations in the foreign market, compromising even further the fulfillment of its schedule of projects”. Therefore, it lies on the congressmen to welcome the proposed changes. It is also worth emphasizing that other Bills on this matter also seek the same goal, i.e., relief Petrobras from the heavy burden of being the single operator of the pre-salt.
*Maria D´Assunção Costa is lawyer, doctorate in Energy, partner of Assunção Consultoria and coordinator of the book Natural Gas in the Brazilian Scenario, Synergia Publishing House.
MACAÉ OFFSHORE 11
ARTICULANDO
Um cenário nada positivo para o setor e a hora de se
reinventar
Por Helena Magalhães e Sergio Zubelli*
O
ano de 2015 vem se convertendo como um dos momentos mais instáveis no cenário mundial do setor de Óleo e Gás, potencializado no Brasil principalmente pela crise econômica e política, gerando um aumento de mais de 50% da cotação do dólar e desdobramentos da Operação Lava Jato. O preço do petróleo vem caindo globalmente desde junho de 2014, de forma rápida e inesperada. Tal queda foi suscitada pelo aumento da produção mundial acima das expectativas e seguida de um consumo que diminui em uma velocidade acima das projeções.
É por isso que o mercado de Óleo e Gás, assim como outros setores de infraestrutura e construção que também estavam na cadeira de fornecedores da Petrobras, precisam se reinventar. Há uma forte preocupação com controle de custos e o foco em aumentar a eficiência é a principal orientação dessas empresas. A maior parte da nossa demanda atual de busca e seleção de executivos tem sido para substituir as lideranças atuais das empresas. Nossos clientes buscam trazer um olhar novo ou fora da caixa para desenhar e desdobrar as estratégias dessas companhias diante do momento que passamos.
Diante de indicadores desfavoráveis, este cenário global influi de maneira direta o setor no Brasil, com similar impacto nos investimentos a serem feitos e reflexo na revisão do plano de negócios da Petrobras, que diminuiu de $ 207 bi para $ 130 bi, focando no desenvolvimento da produção para geração de caixa, o que significa uma redução de investimentos em novos projetos.
Ao contrário do boom sofrido nos últimos anos, as empresas têm apostado em profissionais mais juniors com salários menores e em estrangeiros repatriados, além de aumentar o volume de projetos e responsabilidades dos profissionais atuais para ganhar eficiência.
Houve redução do número de sondas a serem contratadas e a não renovação de parte dos contratos existentes, além de cancelamento ou revisão de outros investimentos em abastecimento e refino. O valor de mercado das empresas do setor caiu a um nível tão baixo que as ações estão sendo cotadas abaixo dos R$ 7, e a redução de preços praticada pelas empresas de serviços nas novas licitações para manutenção de suas operações no Brasil impactam de forma aguda no mercado de trabalho. 12 MACAÉ OFFSHORE
Desde maio, estima-se que cerca de 50 mil trabalhadores diretos e indiretos já perderam seus empregos somente no estado do Rio de Janeiro. E o horizonte ainda mostra-se bastante incerto com projeções de novas demissões. A alta especialização dos profissionais desse mercado torna ainda mais dramático o cenário para que encontrem novas colocações e, quando conseguem realocar-se, os salários e benefícios oferecidos estão aquém se comparados com suas qualificações. Algumas empresas prestadoras de serviços encolheram seus quadros em mais de 10% neste ano. O volume de terceirizados da estrutura da Petrobras também
reduziu significativamente desde o início do ano. Logo, é natural que exista um movimento de profissionais que foram capacitados tecnicamente durante anos pelas empresas, que hoje estão demitindo, buscando realocações no exterior, principalmente no Oriente Médio, onde a oferta de oportunidades ainda permanece atrativa, ainda mais com a cotação do dólar atual. Por aqui, é necessário ter paciência. Atualmente, tramita no Senado Nacional um projeto de lei de autoria do Senador José Serra, que sugere a mudança de regime atual de partilha de produção no PréSal, desonerando a Petrobras de participação como operadora única e de investimentos de no mínimo 30% na exploração e produção do gigante reservatório de petróleo e gás natural, localizado nas Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (região litorânea entre os estados de Santa Catarina e o Espírito Santo). Caso o projeto seja aprovado, o setor potencialmente se movimentaria com a entrada de novas companhias e parcerias, trazendo novos investimentos e, dessa forma, criando um novo ciclo mercantil de novos postos de trabalho. Até lá, é necessário que todos os envolvidos se reinventem e busquem oportunidades. Mesmo que antes não tenham sido colocadas na balança.
Helena Magalhães é sócia da People Oriented Consultoria, empresa especializada em Executive Search, e Sergio Zubelli é advisor da People Oriented Consultoria e CEO da Zupport
ARTICULATING
A scenario far from positive for the sector and the time to
reinvent
By Helena Magalhães and Sergio Zubelli*
T
he year of 2015 will be remembered as one of the most unstable moments of the global O&G scenario, which is even worse in Brazil following the economic and political crisis, generating an increase of more than 50% in the dollar exchange rate and developments in the Car Wash Operation. The oil price has been falling on a global scale since June 2014, in a quick and sudden pace. This drop was caused by the increase in global production above expectations and followed by a consumption that is decreasing at a speed above projections. Against such unfavorable indicators, this global scenario directly impacts the sector in Brazil, with echoes being felt in the investments to be done and in the revision of Petrobras business plan, which dropped from $ 207 bi to $ 130 bi, now focusing on the development of the production to generate cash, which means a further reduction of investments in new projects. There was a reduction in the number of rigs to be hired and the non-renewal of the existing contracts, in addition to the cancellation or revision of other investments in supply and refinement. The market value of companies from the sector dropped to a such low level that shares are being traded below R$ 7, and
the reduction of prices practiced by service providers in the new bids to maintain their operations in Brazil are causing even more impacts in the labor market. This is the reason why the Oil and Gas market, as well as other infrastructure and construction sectors providing services for Petrobras, had to reinvent themselves. There is a strong concern with cost control and the focus on increasing efficiency is the main north of such companies. Most of our current demand in the search and selection of executives has been intended to replace the current leaderships of the companies. Our clients seek to bring a brand new or out-of-the-box look in order to draw and deploy strategies of such companies to overcome the moment we are living. Going the opposite way of the boom seen in the last years, companies are betting on junior professionals with lower salaries and in repatriated foreigners, as well as increasing the volume of projects and responsibilities of the current professionals with the purpose of increasing efficiency. Since May, it is estimated that around 50,000 direct and indirect workers have already lost their jobs only in the state of Rio de Janeiro. And the horizon is seen is highly uncertain with forecasts of new dismissals. The high specialization of
professionals from this market makes the scenario even more dramatic to those looking for new opportunities, and when they do manage to find one, salaries and benefits offered are an insult when compared to their qualifications. Some service providers shrank their headcounts by more than 10% only this year. Volume of outsource in Petrobras structure has also suffered a significant reduction since the beginning of the year. Therefore, it is inevitable that there will be a movement of professionals that were technically qualified over the years by companies, which are now firing them, causing such professionals to reallocate abroad, mainly in the Middle East, where the offer of opportunities is still attractive, mostly because of the current dollar exchange rate. Around here, it is required to be patient. It is currently being voted in the National Senate a bill proposed by Senator José Serra, which suggests the change of the current production share regime in the Pre-Salt, disobliging Petrobras from participating as single operator and with a minimum investment of 30% in the exploration and production of the giant reservoir of oil and natural gas located in the Santos, Campos and Espirito Santo Basins (coastal region between the states of Santa Catarina and Espírito Santo). If the bill receives green light, the sector will have the potential to start moving again with the entry of new companies and partnerships, bringing new investments and therefore, creating a whole new cycle of jobs. Until then, it is necessary that all parties involved reinvent themselves and seek opportunities, even if such options have never been considered before.
Helena Magalhães iis a partner of People Oriented Consultoria, company specialized in Executive Search, and Sergio Zubelli is an advisor of People Oriented Consultoria and CEO of Zupport. MACAÉ OFFSHORE 13
Paulo Mosa Filho
CAPA
Petróleo
O Mundo do e o Petróleo do mundo
Como a queda no preço do barril está mudando o tabuleiro internacional geopolítico e geoeconômico Por Brunno Braga
A
ideia de que a bonança vivida dentro do segmento de petróleo e gás acabou já é consenso dentro da indústria. Após experimentar uma década e meia de bons negócios e lucros, por conta da alta valorização do barril de petróleo no mercado mundial, o combustível fóssil protagonizou uma espécie de corrida do ouro do século XXI, onde todos buscavam o eldorado, chegou ao fim, de acordo com analistas do setor de todo o mundo. Com a queda vertiginosa dos preços, o que forçou empresas a reavaliarem os seus investimentos, os impactos nos negócios já são visíveis. No entanto, o cenário atual não apresenta somente reflexos para as empresas. Esse quadro apresenta, também, um componente 14 MACAÉ OFFSHORE
geopolítico relevante e que poderá influenciar as relações internacionais para os próximos anos. Desde o início do século XX, o petróleo sempre teve destaque nas relações entre os países. O seu auge foi na década de 1970, quando foi formado o cartel de países produtores, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que elevou os preços para patamares nunca antes colocados e que causa uma crise econômica internacional de grandes proporções sentidas inclusive no Brasil. Hoje, o que vemos é exatamente o oposto. “A Arábia Saudita, o principal produtor de petróleo do mundo e o país mais forte dentro da OPEP, promoveu uma baixa, desagradando muitos outros
países, que têm no petróleo a sua única fonte de receita, como é o caso da Venezuela” avalia Leandro Pereira, professor de Economia Internacional da Universidade Federal Fluminense. Para Pereira, o mundo vive hoje um processo de reordenamento global. China, Rússia, Irã, Estados Unidos são as principais peças deste tabuleiro, onde a movimentação de cada uma delas vem trazendo incertezas quanto ao futuro da indústria como um todo. Dentro desse cenário intrincado e recheado de incertezas, fica a pergunta: quais serão os impactos nas mudanças que a nova geopolítica do petróleo e como o Brasil está se preparando para um quadro cada vez mais imprevisível?
capa
China País responsável pelo aumento da demanda global do petróleo, a China se tornou em 2015 o maior importador mundial do combustível, segundo dados divulgados pela Agência Internacional de Energia. Esse resultado vai de encontro à estratégia do país de cortar pela metade para os próximos dez anos, a sua dependência de óleo importado. No entanto, com preços em queda, e a necessidade de incrementar as exportações de derivados, essa meta deverá ser postergada. Essa situação pode fazer com que os preços se mantenham NO atual patamar. Contudo, com as incertezas econômicas do gigante asiático, a demanda poderá cair e, com eles, os preços.
Arábia Saudita Principal produtor exportador de óleo cru do mundo, Arábia Saudita, que busca manter o seu poder de barganha, começou a ver o avanço do shale gas como uma ameaça à sua posição de maior produtor de petróleo do mundo e que tem nos EUA um cliente voraz. Contudo, a sua política de manter a produção em alta objetivando baixar os preços do combustível já começa a apresentar efeitos colaterais. Em agosto, o ministro das Finanças saudita, Ibrahim Abdul Zaziz al-Assaf anunciou que o país deverá cortar despesas para zerar o déficit na balança comercial, decorrente da queda na receita. Caso a China enfrente problemas em suas finanças e diminua ainda mais o ritmo de crescimento, as consequências para a economia saudita poderão ter contornos mais complicados, sobretudo em função do uso do óleo na disputa para supremacia no conturbado tabuleiro geopolítico do Oriente Médio.
EUA A queda no preço do petróleo causou um forte baque na indústria do shale gas e fez com que o objetivo de se tornar um país autossuficiente em energia ficasse mais longe. A produção do Golfo do México registrará declínio em 2015 e o mesmo acontecerá com as atividades no Alasca. No entanto, muitas empresas estão buscando diminuir os custos de produção do gás não convencional, investindo em tecnologia e inovação. Segundo consultoria americana especialista em óleo e gás, essa tecnologia, que deverá ser
implementada em até três anos, será responsável pela redução de quase
60% dos custos que a atividade possui nos dias de hoje. Mas apesar das apostas nas atividades de exploração e produção de gás não convencional, os americanos não abandonam o offshore. Em julho deste ano, o presidente Barack Obama assinou decreto autorizando a realização de atividades no Ártico (mais precisamente no Mar de Chukchi, no Alasca, considerada a nova fronteira offshore do mundo. A autorização, que deixou ativistas ambientais enfurecidos, foi dada à Shell. MACAÉ OFFSHORE 15
CAPA
Rússia País que detém a liderança na produção de gás e segundo maior produtor de petróleo do mundo, a Rússia é uma das maiores vítimas da derrubada de preços. O país, que conseguiu se reerguer, após anos de crise por conta da derrocada da União Soviética, graças aos altos preços do barril de petróleo, o gigante euroasiático enfrenta um explosivo enfrentamento com países ocidentais, por conta da guerra civil na Ucrânia. Não bastasse ter que ver as suas receitas com exportações de petróleo e gás terem caído pela metade, os russos enfrentam também sanções econômicas impostas pelos EUA e EU, prejudicando ainda mais as atividades de extração de gás nas regiões. Adicionando ao inevitável retorno do Irã e da Líbia ao mercado e uma perspectiva de um excedente de aproximadamente 2 milhões de barris por dia na
produção mundial, a redução nos preços internacionais do petróleo deve ser vista como improvável. Aproveitando as oportunidades que surgiam com este aperto monetário irá reduzir o crescimento mundial e remover a inflação dos preços de ativos. Um menor crescimento econômico combinado com uma menor demanda de petróleo significa que a procura por petróleo não vai exceder a oferta por um longo tempo. Neste cenário, o Brasil vem enfrentando dilemas sobre como responder às inquietudes das empresas no setor. A Petrobras, que é responsável por mais de 90% das atividades no país, enfrenta uma crise política grave, mas a crise econômica da empresa também é preocupante.
América Latina A força dos preços do barril no mercado internacional também deu a vários países localizados no hemisfério sul posições de destaque como receptores de investimentos para as atividades de exploração e produção. México, Colômbia e Peru ganharam grande interesse por parte de operadoras e prestadoras de serviço, que viam neste conjunto de países uma boa alternativa em relação à conturbada Venezuela. Entre esses países, o México tornou-se uma
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ótima promessa para os investidores internacionais. Após quase um século sustentado pelo monopólio da estatal Pemex, o governo mexicano resolveu abrir o mercado para empresas estrangeiras atuarem em blocos ofertados por intermédio de leilões. Contudo, mesmo com forte apelo para a modernização e oportunidades existentes no país que é vizinho
do principal consumidor de energia do mundo, o primeiro leilão não atraiu as grandes empresas do setor. Já a Venezuela, o quinto maior país produtor de óleo do mundo, se encontra num quadro de preocupação ainda maior. Se antes, mesmo com o barril a US$ 100, o país já enfrentava problemas por conta das políticas de confronto com os Estados Unidos, hoje, com o preço pela metade, o governo venezuelano observa a sua principal fonte de receita minguar nos cofres públicos. Alguns analistas de comércio exterior já apontam o risco de o país entrar em default aos moldes do que ocorreu com a Grécia.
capa
Brasil e sua competitividade E como o Brasil se insere neste atual contexto global?
O
segmento de óleo e gás do país experimentou, nos últimos anos, crescimento vertiginoso. Só as descobertas do pré-sal representaram, de 2006 a 2014, 1/3 de todo óleo descoberto no período em âmbito global. Assim, a atenção de players internacionais aumentou exponencialmente, fazendo com que o Brasil se tornasse um porto para investimentos de toda a cadeia produtiva. No entanto, as incertezas causadas com a crise fazem com que esses pontos fracos apresentados pela consultoria se tornem ainda mais relevantes. Mesmo com o aumento da produção de óleo e gás (com grande destaque para as atividades no pré-sal), verifica-se letargia em processos decisórios que possam favorecer a indústria como um todo.
Para Roseanne Franco, responsável pelo setor de Óleo e Gás da consultoria, o Brasil possui média competitividade no segmento de petróleo, o que significa que mesmo tendo um bom ambiente para investimentos, o país ainda precisa avançar em outras áreas. “O Brasil possui vantagens competitivas em áreas como marco legal, estabilidade política, ausência de conflitos geopolíticos e respeito aos contratos. Por outro lado, o nosso estudo detectou problemas que prejudicam a competitividade brasileira no campo do petróleo que fazem com que freie o seu desenvolvimento como corrupção, regras sobre o conteúdo local e alto intervencionismo estatal”, analisa a consultora.
Dessa forma, muitos especialistas acreditam que o país precisa estimular cada vez mais a entrada de outros players, para que haja, de fato, mais alternativas de negócios, beneficiando a cadeia produtiva de petróleo como um todo. Segundo a consultoria americana Wood Mackenzie, o Brasil apresenta pontos nos quais tornam o país competitivo em âmbito internacional. Em estudo divulgado recentemente, a consultoria falou sobre o grau de competitividade global do setor de óleo e gás brasileiro em comparação com outros países. Na pesquisa, foram elencados temas como nível de abertura do mercado, marco legal, sistema tributário, corrupção, intervenção estatal, respeito aos contratos, conteúdo local e disponibilidade de empresas fornecedoras de serviços da cadeia produtiva. No ranking elaborado pela consultoria, o Brasil ficou, em 2015, na posição de oitavo país no índice de exposição ao risco de investimento, ficando atrás de México, Colômbia e Angola. Até 2020, a Wood Mackenzie projeta melhorias, mas não a ponto de fazer o país despontar como um global player capaz de mudar o seu grau de competitividade atual. MACAÉ OFFSHORE 17
COVER
Petroleum
The World’s and the Petroleum’s World How the drop in the barrel price is changing the international geopolitical and geoeconomic board
By Brunno Braga
T
he idea that the tranquility seen in the oil and gas segment has finally come to an end is already a reality within the industry. After a short-lived decade or so of good business and profits thanks to the high appreciation of the oil barrel in the global market, the fossil fuel starred a XXI-century version of the gold rush, where everyone was in search for El Dorado. However, the rush is gone according to sectorial analysts from all over the globe. Following the sudden free-fall of prices, causing companies to reassess their investments, impacts in their business are already visible. However, the current scenario is affecting more than just companies. Due to its geopolitical relevance, echoes of such impact will certainly affect future international relationships. Since the beginning of the XX century, petroleum has always been under the spotlight in the relationship between nations. It reached its peak during the 1970’s, when it was created the cartel of producing countries, also known as OPEP, which raised the prices to thresholds never seen
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before, causing a international economic crisis of huge proportions also felt in Brazil. Today, what we see is exactly the opposite “Saudi Arabia, the main petroleum producer of the world and the strongest country within OPEP, promoted a reduction, displeasing many other countries that adopted the petroleum as their single source of income, such as Venezuela” assess Leandro Pereira, professor of International Economy in UFF (Universidade Federal Fluminense). According to Pereira, the world is currently undergoing a global reordering process. China, Russia, Iran and the United States are the main pieces of this board, where the movement of each one of them comes with uncertainties concerning the future of the industry as a whole. In this intricate scenario full of uncertainties, there is a question in search of answers: What will be the impacts from the changes in the new petroleum geopolitics and how is Brazil getting prepared to deal with such an unpredictable scenario?
China Country responsible for increasing the global demand for oil, China became in 2015 the world’s largest fuel importer according to data disclosed by the International Energy Agency. This result meets the strategy of the country in cutting by half its dependence on imported oil for the next ten years. However, with prices dropping and the need to increase export of derivatives, this goals will have to be postponed. This situation can cause prices to remain in the current level. However, following the economic uncertainties of the Asian giant, the demand is likely to fall, dragging down the prices with it.
cOVER
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COVER
Saudi Arabia Main producer and exporter of crude oil in the world, Saudi Arabia, who seeks to keep its bargain power intact, now sees the growth of the shale gas as a threat to its position as the world’s largest oil producer, considering that the USA is one its most hungry customers. However, its policy of keeping a high production with the purpose of lowering the fuel prices is already showing some side effects. On August, the local Finance Minister, Ibrahim Abdul Zaziz al-Assaf, announced that the country is expected to cut expenses in order to offset the deficit in the commercial balance resulted from a drop in the revenues. If China faces problems in their balances and slow down even further its growing speed, the consequences to the Saudi economy may be even direr, mainly due to the importance of oil in the dispute for supremacy in the troubled geopolitical board of Middle East.
USA The news of the drop in the oil price arrived as a cold shower to the shale gas industry, freezing the goal of becoming self-sufficient in terms of energy. Production in the Gulf of Mexico will record a fall in 2015 and the same will happen with activities in Alaska. However, many companies are seeking to reduce costs with production of nonconventional gas, by investing in technology and innovation. According to an American consultancy firm and also expert in oil and gas, this technology is expected to be implemented in up to three years and will be
responsible for reducing nearly 60% of the costs the activity demands today. But despite the bets in the exploration and production activities of nonconventional gas, the Americans do not abandon the offshore. In July this year, the president Barack Obama signed a decree authorizing the execution of activities in the Artic (more precisely in the Chukchi Sea, Alaska, which is considered the new offshore boundary of the world). The authorization enraged environmental activists and was granted to Shell.
Russia This country is the leader in gas production and the world’s second-largest producer of petroleum. Russia is one of the most affected victims of the falling prices. The country managed to recover after years of crisis following the end of the Soviet Union thanks to the high prices of the oil barrel and now the Eurasian giant faces an explosive struggle with western countries due to the civil war in Ukraine. As if it was not enough to see its revenues with oil and gas exports dropping by half, the Russians also face economic sanctions
imposed by both USA and EU, impairing even further gas extraction activities in the region. Add to that the inevitable return of Iran and Libya to the market and a perspective of an excess of approximately 2 million barrels/day in the global production, and the reduction in the international oil prices is seen as unlikely (sic).
the inflation of the assets price. A smaller economic growth combined with a smaller demand for oil means that the search for petroleum will not exceed the offer for quite some time.
Taking advantage of the opportunities arising from this monetary squeeze will reduce the world growth and remove
In this scenario, Brazil is having trouble with dilemmas on how to respond to the concerns from companies of the sector. Petrobras, which answers for more than 90% of the activities in the country, is now facing a severe political crisis, not to mention its equally disturbing economic crisis.
for international investors. After almost a century being fed by the monopoly of the state-owned Pemex, the Mexican government decided to open the market to foreign companies to work on blocks offered by means of auctions. However, even with the strong appeal for modernization and opportunities in the country that is the neighbor of the main consumer of energy in the world, the first auction did not attract the major players.
As for Venezuela, the world’s fifth largest oil producer is currently on a very delicate and worrisome situation. If in the past, with the barrel at US$ 100, the country was already in trouble due to its policies against the United States, today, with half the price, the Venezuelan government sees its main source of income painfully pouring inside the treasury. Some of the foreign trade analysts are already showing the risk of the country about to become a new Greece.
Latin America The strength of the barrel prices in the international market also granted to several countries in the south hemisphere important roles as the main receivers of investments for exploration and production activities. Mexico, Colombia and Peru became the focus of a considerable amount of interest by operators and service providers, as they saw in those countries a good replacement for the turbulent Venezuela. Among the aforementioned countries, Mexico became the best promise 20 MACAÉ OFFSHORE
COVER
Brazil and its competitiveness And how is Brazil inserted in the current global scenario?
I
n the past years the oil and gas segment in the country experienced a sudden growth. The discoveries of the pre-salt alone represented from 2006 to 2015, 1/3 of the whole oil discovered in the period in a global scale. Thus, the attention of international players exponentially increased, turning Brazil into a port of welcoming investments from the entire production chain. However, uncertainties brought by the crisis made those weak points shown by the consultancy even more relevant. Even with the increase in the oil and gas production (with highlight to the pre-salt activities), it is still evident a lethargy in decision making processes that will favor the industry as a whole. Therefore, many experts believe the country needs to stimulate the insertion
of new players, in order to welcome more business alternatives benefitting the oil production chain as a whole. According the North American consultancy firm Wood Mackenzie, Brazil has points that still make the country internationally competitive. In a recently disclosed study the firm talked about the global competitiveness of the Brazilian oil and gas sector compared to other countries. The study listed themes such as market opening level, legal framework, tax system, corruption, state intervention, respect to contracts, local content and the availability of service providers from the production chain. In the 2015 ranking prepared by WM, Brazil placed 8th in the category “exposure to investment risk” falling behind Mexico, Colombia and Angola. Until 2020, WM forecasts improvements, but
such improvements will not be enough to turn the country into a global player capable of changing its current level of competitiveness. According to Roseanne Franco, who is responsible for the Oil and Gas sector in the firm, Brazil has average competitiveness in the petroleum segment, which means that even with a good environment for investments, the country still requires improvement in other areas. “Brazil has competitive advantages in areas such as legal framework, political stability, lack of geopolitical conflicts and respect to contracts. On the other hand, our study detected issues that impair the Brazilian competitiveness in the petroleum field causing development to slow down due to corruption, local content rules and high degree of state interventionism”, analyzed the consultant.
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ENTREVISTA
Paulo Cesar
Martins
Presidente da ABESPetro (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo)
Por Brunno Braga
Representando cerca de 50 empresas prestadoras de serviços para o segmento de óleo e gás no País, a ABESPetro (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo) tem como missão representar essas companhias colaborar com o desenvolvimento sustentável da indústria local. No início do mês de outubro, a instituição assinou, juntamente com outras entidades representantes do setor, como o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), Onip (Organização Nacional da Indústria
MACAÉ OFFSHORE – O ano de 2015 está sendo emblemático para a indústria de petróleo como um todo e, no Brasil, além da crise ocasionada pela queda nos preços, há também o fator político envolvendo escândalos de corrupção. O senhor acha que vivemos atualmente no pior dos mundos? PAULO CESAR MARTINS - A indústria de O&G é uma indústria 22 MACAÉ OFFSHORE
do Petróleo), documento para estabelecer uma agenda de compromissos para serem levados ao governo para aprimorar regras, normas e políticas de apoio, objetivando superar a crise que atravessa o setor. Paulo Cesar Martins é presidente da ABESPetro. Ele, que atualmente atua como diretor de marketing da Fugro no Brasil, falou sobre os principais desafios a serem enfrentados e como deu detalhes de como o governo pode atuar nesse sentido. Acompanhe, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Macaé Offshore:
bastante dinâmica, já tendo passado por outros momentos de altos e baixos. O problema se torna maior no curto prazo, para nós aqui no Brasil, porque a crise mundial acontece, ao mesmo momento em que nosso principal e maior contratante, atravessa graves problemas de “compliance” e de caixa. Além disso, para piorar ainda mais o nosso cenário, existe uma situação difícil de governança política
no país, atrelada ainda a uma situação de economia absolutamente frágil. O mercado brasileiro é extremamente dependente da Petrobras, que detém algo como 90% de “market share”. A falta de regularidade nos leilões da ANP, e as dificuldades encontradas, como por exemplo, com demora no licenciamento ambiental de blocos adquiridos, ainda dificultam mais o
ENTREVISTA
aumento de atividades por parte de outras operadoras. M.O. – Como o senhor avalia o corte no volume de investimentos para este e para o próximo ano anunciado pela Petrobras? P.C.M. - A recente revisão do Plano de Negócios 2015-2019 da Petrobras vai afetar diretamente toda a cadeia de suprimentos, que havia se preparado para uma demanda bastante maior, e em linha com planos anteriores. Esta situação se agrava ainda mais com a queda do preço do barril de óleo, obrigando várias operadoras a adiarem ou até suspenderem seus projetos. M.O. – E é possível dimensionar os efeitos da mudança nos valores de investimentos da Petrobras para 2015 e 2016? P.C.M. - Ainda é cedo para falarmos, visto que a Petrobras somente informou a redução dos volumes de investimentos para 2015 e 2016, sem maiores detalhamentos. Não sabemos, por exemplo, a distribuição destes cortes entre downstream e upstream; nem se os projetos serão adiados para depois de 2016, quando esperasse que a Petrobras já esteja em uma situação de caixa melhor, ou simplesmente cancelados. Naturalmente, toda e qualquer redução nos planos de investimento do nosso cliente maior, impacta diretamente a rede de fornecedores.
P.C.M. - Estamos tentando ainda nos adaptar a este novo cenário. Infelizmente, não há como atravessar este momento atual, sem frear os investimentos. Várias empresas ainda estão sendo obrigadas a demitir um número substancial de funcionários, para se adequar à nova situação de demanda. Sem falar em muitos centros de pesquisa, que foram significativamente esvaziados.
Hoje temos um parque industrial, principalmente na área subsea, não encontrado em nenhum outro país. Temos duas plantas de fabricação de tubos rígidos, além de uma spoolbase, quatro fábricas de tubos flexíveis, três fábricas de umbilicais e quatro fábricas de equipamentos submarinos. Isto sem falar em estaleiros de construção, bases logísticas e fornecedores diversos de peças e máquinas, de um modo geral.
Ajustar nossa capacidade à nova realidade de mercado já tem demandado uma série de desinvestimentos e desmobilização de recursos. É importante ressaltar todo o esforço feito nos últimos anos, no sentido de garantir uma capacitação local da indústria de O&G. A Petrobras teve um papel fundamental neste processo, através de vários programas, como, por exemplo, os PROCAP (Programa de Capacitação em Águas Profundas) 1000, 2000 e 3000, que acabaram desenvolvendo várias tecnologias e garantindo não só uma série de prêmios, mas supremacia mundial em exploração de águas profundas e ultraprofundas.
M.O. – Mas as empresas foram pegas de surpresa ou muitas se prepararam para enfrentar o quadro atual? MACAÉ OFFSHORE 23
ENTREVISTA
Isto sem falar no Parque Tecnológico do Fundão, além de outros centros isolados de pesquisa e desenvolvimento implantados. Por isso, é preciso que as empresas busquem inovar, simplificar processos e reduzir custos, para ajudar a viabilizar novos projetos, naturalmente sem perder nossos níveis de qualidade e de segurança.
tratados em alto nível pelo Governo e seus agentes reguladores, objetivando criarmos uma política industrial robusta. Em um mercado internacional e de grande competitividade, aonde os investimentos são direcionados para
Uma alternativa
M.O. – E é possível vislumbrar oportunidades neste quadro de crise?
para sair da crise
P.C.M. - Uma alternativa para sair da crise seria a busca por outros mercados, antes não considerados ou assumidos como de menor atratividade. Exportar produtos e serviços pode ajudar em muito. No passado recente, reclamávamos de termos ainda estrangeiros vindos para suportar nossas atividades. Hoje a situação é inversa, são brasileiros sendo transferidos para os mais diversos territórios do globo.
seria a busca por outros mercados, antes não considerados ou
Novamente, o desafio está em conseguirmos ajustar a capacidade mantendo nossa capacitação. Como em toda grande crise, junto temos as oportunidades. Isto virá através de inovações. Precisamos aprender a fazer mais com menos. M.O. – Na sua opinião, independente do cenário atual de crise, quais são as dificuldades estruturais encontradas no setor de O&G no Brasil e como ABESPetro pode auxiliar para facilitar a vida das empresas que buscam investir no segmento? P.C.M. - Acreditamos ser importante neste momento, uma profunda reflexão sobre o que deve e pode ser melhorado, citando alguns pontos abordados pela ABESPetro em sua Agenda Prioritária, e que devem ser 24 MACAÉ OFFSHORE
O resultado do leilão da 13ª Rodada mostra claramente que não conseguimos garantir mínima atratividade, e que significativos ajustes precisam ser implementados com urgência.
assumidos como de menor atratividade
os projetos de menor risco e maior retorno, precisamos criar condições de
maior
segurança
regulatória.
Todos os agentes do mercado devem
M.O. – As regras referentes à política de conteúdo local são alvo de pesadas reclamações por parte das operadoras. Como a ABESPetro se posiciona quanto a essa questão? P.C.M. - Não há dúvidas, de que uma forte política de conteúdo local é fundamental para o desenvolvimento da indústria local. Não é diferente na maioria dos países. Precisamos sim implementar alguns ajustes para melhoria da regra, seja no sentido de termos exigências gradativas e compatíveis com a realidade de mercado, seja na criação de mecanismos de incentivo e não de repressão. Uma das nossas propostas é que seja criado o crédito de Conteúdo Local, para empresas que comprem bens e serviços no Brasil, mesmo que para aplicação em projetos no exterior. Entendemos que esta iniciativa ajude a fomentar a exportação de produtos e serviços, ajudando a dar escala, viabilizando inclusive aumento da nossa competitividade. Outra ideia seria a de obrigatoriedade das empresas que não atingissem o conteúdo local contratual, em investir no desenvolvimento da cadeia de suprimentos, ao invés de pagar uma simples multa, propiciando com isso que o conteúdo local ofertado pudesse ser cada vez maior. A multa passaria a ser o último recurso.
estar imbuídos de um objetivo comum de oferecer todos os meios possíveis para fomentar o maior desenvolvimento desta importante e estratégica indústria, trabalhando de forma alinhada e célere.
M.O. – A falta de um calendário específico de leilões da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) também é entendida como um ponto crítico para
ENTREVISTA
o segmento de O&G no Brasil. Na sua visão, o que pode ser feito para melhorar esse quadro? P.C.M. Infelizmente, todos vivenciamos os impactos causados à indústria pelo hiato de rodadas licitatórias, entre 2008 e 2013. Para que a indústria possa programar seus investimentos, há necessidade de termos uma visibilidade mínima do que virá pela frente. Por isso, defendemos que a ANP divulgue, e mantenha atualizada, anualmente, uma agenda plurianual (mínimo de 3 anos) de rodadas. Também é interesse que a ANP continue seu trabalho de avaliação prévia e aumento de conhecimento das áreas a serem licitadas, pois isto pode garantir maior atratividade, representando um maior ágio na oferta, e consequentemente mais recursos para a União. M.O. – O senhor acha da lei 2.351/10, que determina que somente a Petrobras pode operar em campos do pré-sal leiloados sob o modelo de partilha? P.C.M. - Não tem sentido falarmos de leilões, quando uma determinada empresa já foi “escolhida” como operadora única, com grande participação. Como pode uma única empresa liderar vários grupos diferentes, para que possamos contar com a participação de mais de um consórcio nos leilões do présal, garantindo assim que haja real concorrência e maior arrecadação para a União? E se a Petrobras não tiver fôlego para fazer novos investimentos, como no momento? Os leilões terão que ser represados até que ela volte a ter possibilidade de participar? Infelizmente muitos são contaminados por um espirito nacionalista, que é ótimo, mas sem o devido conhecimento de causa. A abertura do setor
de O&G no Brasil em 1998 contribuiu fortemente para que nossa produção chegasse ao patamar de 13% do nosso PIB. Houve um processo muito grande através de transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto, desde então. O petróleo “ser
O petróleo “ser nosso”, de nada adianta. Ele precisa ser explorado, produzido e comercializado, para gerar riqueza e bem social nosso”, de nada adianta. Ele precisa ser explorado, produzido e comercializado, para gerar riqueza e bem social. Limitar o passo de sua exploração é impor uma redução na velocidade de nosso desenvolvimento, além de correr o risco do surgimento de novas alternativas energéticas mais competitivas, o que deverá ocorrer muito antes do petróleo terminar. O próprio óleo e gás de xisto é um exemplo. Desta forma, cada dia
perdido pode representar uma riqueza perdida. Nossa proposta é que o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) tenha a possibilidade de recomendar áreas consideradas como estratégicas para a nação, independentes se no pré-sal ou não, e que estas sejam oferecidas à Petrobras prioritariamente, mas sem qualquer obrigatoriedade. Adicionalmente, o CNPE teria autonomia para definir áreas de concessão, mesmo dentro do polígono do pré-sal. M.O. – O câmbio atual pode ajudar ou prejudicar as empresas prestadoras de serviços para o segmento de óleo e gás? P.C.M. - O cambio pode nos ajudar muito na exportação de equipamentos e até serviços. Entretanto, precisamos ter mecanismos que incentivem estas exportações, como por exemplo, o de crédito para o conteúdo local. O custo em dólar equivalente de nossa mão de obra, também volta a ser mais competitivo internacionalmente, ajudando nos estudos de viabilidade econômica, durante comparação e disputando prioridade com outros projetos no exterior. M.O. – Diante de todos esses problemas, é possível vislumbrar um futuro melhor para a indústria de petróleo e gás? P.C.M. - Sim. Somos otimistas com relação ao nosso futuro de médio e longo prazo, pois fomos agraciados como uma geologia maravilhosa, com volume surpreendente de reservas provadas (em torno de 18,5 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) podendo aumentar substancialmente nos próximos anos), que nos garante trabalho para as próximas décadas. MACAÉ OFFSHORE 25
26 MACAÉ OFFSHORE
MACAÉ OFFSHORE 27
INTERVIEW
Paulo Cesar Martins President of ABESPetro (Brazilian Association of the Petroleum Service Companies)
By Brunno Braga
Representing an impressive number of around 50 service providers for the local oil and gas segment, ABESPetro (Brazilian Association of the Petroleum Service Companies) has the mission of representing such companies and collaborate with the sustainable development of the local industry. Early in October the institution signed with other entities representing the sector – such as IBP (Brazilian Institute of Petroleum, Gas and Biofuels), Abimaq (Brazilian Association of Machinery and Equipment) and Onip (National Organization of the Petroleum
MACAÉ OFFSHORE – The year of 2015 is being an emblematic year for the oil industry. In Brazil, in addition to the crises triggered by the drop in prices, there is also the political factor involving corruption scandals. Do you think our situation is the worst? PAULO CESAR MARTINS - The O&G industry is a very dynamic one and has already experienced ups and downs. The issue becomes worse at the short term for us here in Brazil, because the global crisis is on the loose and at the same time our main and largest client is facing serious compliance and cash issues. Also, to make things even worse in our 28 MACAÉ OFFSHORE
Industry) – a document to set an agenda of commitments to be taken to the attention of the government in order to improve rules, standards and policies involving support as a way to overcome the crisis affecting the sector. Paulo Cesar Martins is the president of ABESPetro. He, who currently works as marketing director for Fugro in Brasil, talked about the main challenges to be faced and how the government can work in this regard. Check below the main highlights of his interview with Macaé Offshore:
scenario, there is a delicate situation with political governance, holding hands to an absolutely fragile economy. The Brazilian market is extremely dependent on Petrobras, which holds around 90% of “market share”. The lack of regularity in ANP’s auctions and the difficulties faced, such as the delay to obtain environmental licensing for the acquired blocks, are preventing other operators to increase their activities here.
M.O. – How do you assess the cut in the volume of investments for this and for the next years announced by Petrobras?
P.C.M. - The recent revision of Petrobras Business Plan 2015-2019 will directly affect the whole supply chain as it was prepared to meet a considerably higher demand and in line with previous versions of the plan. This situation is worsened with the drop of the oil barrel price, obliging several operators to postpone or even suspend their projects.
M.O. – Is it possible to calculate the effects caused by the changes in the investment values of Petrobras for 2015 and 2016? P.C.M. - It is too early to talk, as Petrobras only informed a reduction of investment volumes for 2015
INTERVIEW
and 2016 without further details. We do not know, for example, the distribution of such cuts between downstream and upstream; nor if projects will be postponed to beyond 2016, when Petrobras is expected to be in a better cash situation, or simply cancelled. Naturally, any and all reduction in investment plans from our main client directly impacts the suppliers’ network.
M.O. – Were companies caught flat-footed or many of them were prepared to endure the current scenario? P.C.M. - We are still trying to adapt ourselves to this new scenario. Unfortunately, there is no other way to emerge from this moment without slowing down investments. Several companies are still being forced to fire a considerable number of employees in order to adjust themselves to the new demand status. Not to mention many research centers that were practically left to rot. Adjusting our capacity to the new market reality has already demanded a series of disinvestments and demobilization of resources. It is important to emphasize all the effort spent in the last years, in the sense of ensuring a local qualification of the O&G industry. Petrobras played a critical role in this process by means of several programs, such as PROCAP (Deep Waters Qualification Program) 1000, 2000 and 3000, which ended up resulting in several technologies and ensuring not only a series of awards, but also a global supremacy in the exploration of deep and ultradeep waters. Today we have an industrial park – mainly in the subsea area – that is not to be found in any other country. We have two rigid line manufacturing plants, as well as a spoolbase, four flex line factories, three umbilical factories and four subsea equipment factories. Not to mention shipbuilding yards, logistic bases and suppliers of several parts and machinery. Moreover, there is Fundão’s Technological Park, as well
as others isolated research and development centers.
Again, the challenge lies in our skills to adjust capacity while still keeping ours.
Due to all this, it is imperative that companies seek to innovate, simplify processes and reduce costs in order to promote the feasibility of new projects, without losing our levels of quality and safety.
As in all major crises, together we will have opportunities. This will come through innovations. We need to learn and do more with less.
M.O. – It is still possible to find opportunities amidst the crisis?
An alternative way to survive this crisis would be the search for other markets that were not even considered or assumed as less attractive P.C.M. - An alternative way to survive this crisis would be the search for other markets that were not even considered or assumed as less attractive. Export products and services can help a lot. In the past, we complained about foreigners coming here to support our activities. Today, it is a completely different situation, Brazilians are sent overseas to the most diversified places of the world.
M.O. – In your opinion, regardless of the current crisis scenario, what are the structural difficulties found in the Brazilian O&G sector and how ABESPetro can facilitate the life of companies seeking to invest in the segment? P.C.M. - We believe that right now what really matters is a profound reflection on what must and can be improved. Some of the issues are addressed by ABESPetro in its Priority Agenda and are expected to be considered as high priority by the Government and its regulating agents in order to create a solid industrial policy. In an international and highly competitive market, where investments are directed to lower risk / high return projects, we need to foster higher regulatory safety conditions. All market agents must have in mind a common goal that is to offer all possible means to promote a higher development of this important and strategic industry, working in an aligned and quick manner. The results of auctions from the 13th Round clearly show that we failed to ensure a minimum of attractiveness, and that significant adjustments need to be implemented with urgency.
M.O. – Rules related to local content policies are under heavy fire by the operators. How is ABESPetro dealing with that issue? P.C.M. - There are no doubts on the fact that a strong local content policy is fundamental to develop the local industry. It is not so different in most countries. We does need to implement adjustments to improve those rules, either by implementing gradual requirements compatible with the market reality, or by creating mechanisms of incentive rather than MACAÉ OFFSHORE 29
INTERVIEW
repression. One of our proposals is the creation of the Local Content credit for companies acquiring goods and services in Brazil, to be applied even in projects overseas. We understand that this initiative helps to foment export of products and services, also allowing us to increase our competitiveness. Another idea would be the obligatoriness of companies that failed to reach the contractual local content to invest in the development of the supply chain instead of paying a fine, therefore allowing the offered local content to grow. Fines would be the last option we would resort to.
count on the participation of more than one consortium in pre-salt auctions, thus ensuring a real competition and higher revenues for the Government? What if Petrobras has no more breath to make new investments, such as of now? Will auctions be suspended until Petrobras get back on its feet and be capable of participating again?
The motto
M.O. – The lack of a specific calendar for ANP’s auctions is also seen as a critical point for the Brazilian O&G segment. In your point-ofview what can be done to improve this situation?
“petroleum is ours”
P.C.M. - Unfortunately, we all suffer with impacts from the industry due to the long hiatus between bidding rounds (2008 and 2013). In order to allow the industry enough time to schedule investments, there is the need of having a minimum visibility of what is coming. For this reason, we defend that ANP must disclose, and keep it updated on an annual basis, a pluriannual agenda (minimum of 3 years) of rounds. It is also interesting that ANP continue its work of previous assessment and knowledge increase of the areas to be offered, as this can ensure a higher attractiveness, represent a higher goodwill on the offer and consequently more resources to the Government.
must be explored,
M.O. – What do you think of Act 2351/10, which states that only Petrobras can operate pre-salt fields auctioned under the sharing model? P.C.M. - It is pointless to talk about actions when a company has already been “chosen” as single operator with a big participation slice. How come a single company is able to lead several different groups and 30 MACAÉ OFFSHORE
means nothing. It
produced and traded in order to generate wealth and welfare Unfortunately, many are still contaminated by a nationalist spirit, which is great, but without the due knowledge of cause. The opening of the Brazilian O&G sector in 1998 strongly contributed to make our production reach 13% of our GDP. There was a huge process involving transfer of technology and joint development at the time. The motto “petroleum is ours” means nothing. It must be explored, produced and
traded in order to generate wealth and welfare. If we limit this exploration we are imposing a slowdown of our development, as well as assuming risks of dealing with new and more competitive energetic alternatives, which is expected to occur before the oil finally ends. Shale oil and gas is a perfect example. Therefore, each lost day represents a lost wealth. Our proposal is that the CNPE (National Council of Energy Policy) has the means to recommend areas considered as strategic for the nation, regardless if pre-salt or not, and that they are offered to Petrobras first, but without any imposed obligations. Additionally, the CNPE will have the autonomy to set concession areas, even those within the presalt’s polygon.
M.O. – Can the current exchange rate help or impair service providers in the oil and gas segment? P.C.M. - The exchange rate can helps us considerably in the export of equipment and services. However, we must have mechanisms to encourage such exports, such as the credit for local content. The equivalent cost in dollar of our manpower also becomes more internationally competitive, thus facilitating economic feasibility studies during comparisons and fighting for priority with other projects abroad.
M.O. – Against all such problems, is it possible to see a brighter future for the oil and gas industry? P.C.M. - Yes. We are optimist concerning our future at the mid and long term mostly because we were gifted with a marvelous geology and an amazing volume of proven reserves (around 18.5 billion barrels of oil equivalent) with potential to substantially increase in the next years), which will keep us certainly busy for the next decades.
POLÍTICA
Antônio Batalha
Principais entidades de petróleo e gás se unem em torno de uma agenda mínima para o crescimento dos setor Main oil and gas entities gather around a minimum agenda to further develop the growth of the sector
Xeque-mate Em iniciativa inédita, 23 entidades da cadeia do petróleo se unem em torno de uma agenda mínima para o crescimento do setor Por Rodrigo Leitão
C
om a forte crise no setor de petróleo e gás no país, as principais entidades do setor como a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), e as federações das indústrias dos estados que recebem a maior parte dos investimentos de Exploração e Produção, se reuniram no início do mês, no Rio de Janeiro para apresentar uma proposta que visa contribuir com um cenário mais favorável junto aos fornecedores. Realização de leilões periódicos, o fim da obrigatoriedade da Petrobras
como operadora única do pré-sal, aperfeiçoamento das regras de conteúdo local, questões sobre licenciamento ambiental e incentivo à tecnologia e inovação estão na “Agenda Mínima”, documento elaborado pela Onip com a participação de 23 entidades ligadas ao setor. Para o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Eduardo Eugênio Gouvea, o setor de petróleo e gás é o mais importante da economia brasileira. Segundo Eugênio, o setor carrega uma cadeia
de fornecedores nacionais e internacionais que investiram em tecnologia para fortalecer suas projeções no Brasil. “O Brasil não é uma ilha. Somos um mercado global. O conteúdo nacional por competência empresaria”, disse Gouveia sobre a resolução imposta pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) nas regras de conteúdo local. Segundo Gouvea, apesar do petróleo baixo, o pré-sal continua muito competitivo. MACAÉ OFFSHORE 31
POLÍTICA
Divulgação / Rafael Henrique Serra
“Temos uma oportunidade de sair dessa “pasmeira” e retomar os investimentos”, ressaltou o executivo. Na visão do presidente da Organização das Indústrias do Petróleo (Onip), Eloy Fernández y Fernández, o objetivo da “Agenda Mínima” apresentada é perseguir as oportunidades da cadeia de negócios. Questionados sobre qual a expectativa das entidades sobre a recepção do governo em relação ao documento que será apresentado, as entidades evitaram comentar e frisaram que o diálogo com a imprensa e com a sociedade se faz necessário para que o governo entenda a urgência das posições da indústria de petróleo. O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Jorge Camargo, destacou ainda a relevância das descobertas de petróleo e gás no Brasil e o potencial para sair da atual crise, caso decisões que as entidades avaliam serem corretas sejam tomadas. Segundo Camargo, devem ser investidos do Brasil entre 20 bilhões e 25 bilhões de dólares no setor de petróleo em 2016, enquanto no mundo serão investidos 700 bilhões de dólares. Para ele, o Brasil tem potencial para triplicar esses investimentos. “Costuma-se dizer que não se pode desperdiçar uma crise. Nós acreditamos que a indústria está fazendo sua parte”, disse Camargo. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Veloso acredita que essa Agenda Mínima é o ponto de partida para que haja mediação do governo junto à cadeia. “A indústria de navipeças e de máquinas e equipamentos não se desen32 MACAÉ OFFSHORE
Sede da Petrobras localizado no Centro, do Rio de Janeiro Headquarters of Petrobras located downtown, do Rio de Janeiro
rolou. Nós somos o elo mais fraco dessa corrente”, disse Veloso sobre a crise que afeta diretamente a associação e seus filiados. Ainda que não tenha feito um cálculo sobre o impacto da redução de gastos operacionais e investimentos de US$ 18 bilhões projetada pela Petrobras, nos próximos dois anos, o diretor-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (Abespetro), Paulo Martins indicou que o setor não sairá ileso do movimento do principal cliente do setor no Brasil.
A previsão de investimentos da Petrobras para este ano foi reduzida de US$ 28 bilhões para US$ 25 bilhões de dólares, e para 2016 de US$ 27 bilhões para US$ 19 bilhões. Já os gastos operacionais foram reduzidos de US$ 30 bilhões para US$ 29 bilhões este ano, e de US$ 27 bilhões para US$ 21 bilhões em 2016, informou a estatal em fato relevante. “A gente tem no Brasil um player dominante (Petrobras). Toda e qualquer variação ou redução dos investimentos dela (Petrobras) afeta a indústria”, concluiu Martins.
POLITICS
Checkmate In a bold initiative, 23 entities from the petroleum chain meet to discuss a minimum agenda to make the sector grow
By Rodrigo Leitão
W
ith the strong crisis in the Brazilian oil and gas sector, the main entities of the sector such as the National Organization of the Petroleum Industry (Onip) and industry federations from the States receiving most of the Exploration & Production investments, gathered early in the month, in Rio de Janeiro, to submit a proposal that seeks to contribute to a more favorable scenario with suppliers. Execution of periodical auctions, end of the obligatoriness of Petrobras being the single operator of the pre-salt, improvement of the local content rules, issues related to environmental licensing and stimulus to technology and innovation are all in the “Minimum Agenda”, a document prepared by Onip with the attendance of 23 entities from the sector. For the president of the Rio de Janeiro’s Industry Federation, Eduardo Eugênio Gouvea, the oil and gas sector is the most important one of the Brazilian economy. According to Eugênio, the sector bears a chain of local and international suppliers that invested in technology to strengthen their presence in Brazil. “Brazil is not an island. We are a global market. The national content by business competence”, said Gouveia about the resolution imposed by the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels Agency (ANP) on the local content rules. According to Gouvea, despite the low oil, pre-salt remains highly competitive.
“We have an opportunity to leave this ‘astonishness’ and ‘resume investments’”, emphasized the executive. In the vision of the president of the National Organization of the Petroleum Industry (Onip), Eloy Fernández y Fernández, the purpose of the presented “Minimum Agenda” is to pursue opportunities in the business chain. Once asked about the expectation of the entities on how the government will react to the document that will be submitted, entities avoid to provide comments and highlighted that dialogue with media and society is imperative to make the government understands the urgency of the oil industry position. The president of the Brazilian Petroleum Institute (IBP), Jorge Camargo, also pointed out the importance from discoveries of oil and gas in Brazil and the potential to overcome the current crisis should decisions deemed by entities as the right ones are effectively made. According to Camargo, Brazil is expected to receive investments between 20 and 25 billion dollars in the oil sector in 2016, while in the rest of the world 700 billion dollars will be invested. Still according to him, Brazil has potential to triplicate such investments. “It is often said that a crisis cannot be wasted. We believe that the industry is doing its part”, said Camargo.
According to the present of the Brazilian Association of the Machinery and Equipment Industry (Abimaq), José Veloso, he believes that his Minimum Agenda is the starting point to foster the interaction between government and chain. “The industry of naval parts, machinery and equipment is not making any progress. We are the weakest link of this chain”, said Veloso about the crisis directly impacting the association and its affiliates. Even with no calculation of the impact from the reduction of operating expenses and investments of USD 18 billion forecasted by Petrobras, in the next couple of years, the managing director of the Brazilian Association of Petroleum Service Companies (Abespetro), Paulo Martins, predicted that the sector will not leave unscathed from the tormented situation of the main client of the sector in Brazil. Forecast of investment from Petrobras for this year dropped from USD 28 billion to US$ 25 billion, and from USD 27 billion to USD 19 billion for 2016. Operating expenses dropped from US$ 30 billion to US$ 29 billion this year, and from USD 27 billion to USD 21 billion in 2016, informed the stateowned company on this relevant fact. “We have in Brazil a dominant player (Petrobras). Any and all variation or reduction in her investments (Petrobras) affects the industry” concluded Martins. MACAÉ OFFSHORE 33
CONJUNTURA
Barril meio cheio ou meio vazio?
Após reclamações da indústria, Petrobras busca meios que possam minimizar os efeitos da crise junto à cadeia de fornecedores
Por Rodrigo Leitão
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esde o ano passado, o setor de petróleo e gás vive uma nova realidade. Acompanhamos o surgi-
Agência Petrobras
De acordo com Pinho, o setor precisa trabalhar de forma conjunta para superar o momento de crise que afeta o país. Em junho deste ano, a Petrobras anunciou que planeja investir US$ 130,3 bilhões entre 2015 e 2019, queda de 37% em relação ao seu Plano de Negócios e Gestão 2014-2018.
mento de novos mercados, o rápido desenvolvimento de recursos não convencionais e a queda do preço do petróleo no mundo. É um cenário que ainda requer compreensão e que nos coloca diante de desafios, tanto regulatórios, de logística, de capacitação e no desenvolvimento de tecnologias de baixo custo e que permitam maior eficiência. Mas no caso do Brasil, o momento atual surge como uma grande oportunidade para a cadeia produtiva. A indústria de petróleo e gás pensa em longo prazo e a crise enfrentada atualmente não significa que as empresas vão deixar de investir, segundo analistas ouvidos pela Macaé Offshore. 34 MACAÉ OFFSHORE
no Brasil, foram pegas de surpresa com uma queda brusca dos preços do barril de petróleo no último ano.
Gerente-executiva de serviços da área de Exploração e Produção da Petrobras, Cristina Pinho Executive manager of services for Petrobras’ Exploration and Production area, Cristina Pinho
Durante palestra no Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), no Rio de Janeiro, a gerente-executiva de serviços da área de Exploração e Produção da Petrobras, Cristina Pinho afirmou que a companhia e a indústria do petróleo
A estratégia atual da petroleira estatal, segundo a executiva, é trabalhar mais próxima da indústria de equipamentos, desde o início da fase conceitual, tanto com quem fabrica, como com quem instala e com quem projeta. “Não estávamos preparados e não estamos preparados para uma queda tão brusca do barril, em um tempo tão curto que a indústria não percebeu o que ia acontecer”, ressaltou a executiva.
CONJUNTURA
Hora da virada Divulgação
Em evento na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), voltado para prestadores de serviço no setor petrolífero, o presidente e CEO da GE do Brasil, Gilberto Peralta, destacou a importância de estreitar o relacionamento com fornecedores e parceiros em potencial para ampliar a nacionalização dos equipamentos utilizados na cadeia petrolífera brasileira. “Mais do que a oportunidade de explorar uma riqueza, a produção do pré-sal estimula o desenvolvimento de novas tecnologias locais que ajudam a tornar a produção petrolífera ainda mais eficiente e avançada”, afirmou o executivo. O gerente de Desenvolvimento do Mercado de Fornecedores da Shell do Brasil, Marcelo Mofati, abordou sobre o fomento ao mercado de fornecedores upstream. “Estamos desenvolvendo fornecedores não apenas para a Shell, mas para toda a indústria, e isso é importante para o Brasil”, afirmou o executivo.
negativamente o desempenho da cadeia e afeta a economia como um todo. “As pequenas e médias empresas, com menos fôlego financeiro, sentem mais os impactos da retração econômica. Para continuarem ativas, as empresas que atuam nesse mercado buscam diversificar suas linhas de negócio e precisam buscar novos mercados”, diz Fragoso.
Peralta: “Pré-sal estimula o desenvolvimento de novas tecnologias” Peralta: “Pre-salt encourage the develop of new technologies”
Segundo a gerente de Petróleo, Gás, Naval do Sistema Firjan, Karine Fragoso a desaceleração no ritmo dos investimentos das operadoras tem consequências para toda a cadeia produtiva. Na visão da gerente, a Petrobras é quem dita o ritmo de produção e a desaceleração do investimento impacta
A comitiva liderada pela CNI foi a maior do Brasil na feira e uma das três maiores a representar países na Offshore Europe deste ano. O analista internacional da CNI e da Rede CIN, Felipe Costa, afirma que os empresários brasileiros conseguiram avançar nas negociações com companhias de fora, e alguns já agendam visitas a estaleiros com possíveis investidores. “A Petrobras precisa resolver essa questão da inadimplência que atingiu os fornecedores e o governo tem que adotar medidas que sinalizem para sociedade. É preciso tentar preservar a instituição para que ela volte a caminhar”, disse um empresário do setor que pediu para não se identificar.
Sebrae: “É hora de deixar a empresa mais leve” Em entrevista à Macaé Offshore, o coordenador de Petróleo e Gás do Sebrae/ RJ, Antonio Batista afirmou que, os números apresentados principalmente no Plano de Negócios da Petrobras (PNG), consideram as atividades de exploração e produção, o focos dos investimentos concentrados em “produzir” petróleo. Segundo Batista, para quem atua como fornecedora de bens e serviços recomenda-se, primeiramente, um mapeamento de quais empresas hoje são responsáveis pelos 2,3 milhões de barris de petróleo produzidos por dia no país, isso inclui: operadoras, EPCistas, Grandes
Fornecedores, entre outras. Em segundo, as empresas fornecedoras precisam definir bem qual seu nicho de mercado. Terão mais vantagens no mercado de petróleo e gás, as empresas que atuarem com foco (com uma especialidade). “A empresa que faz manutenção em equipamentos subsea, será preterida em relação às empresas que fazem manutenção em geral. Inclusive o momento é adequado para empresa cortar atividades/produtos/serviços que não estejam alinhados ao foco principal. É hora de deixar a empresa mais ‘leve’ para competir”, destaca o executivo.
Os elevados investimentos para o setor brasileiro de petróleo e gás e a necessidade de fomentar o aumento do conteúdo nacional na rede de fornecedores da Petrobras levaram a companhia e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) a estabelecer um convênio de cooperação que completa este ano seu segundo ciclo. A parceria, em vigor desde 2004 no âmbito do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), conta hoje com 19 projetos em andamento em 13 estados brasileiros. MACAÉ OFFSHORE 35
CONJUNTURA
Concentração mundial Outro ponto bastante discutido pelos analistas do setor de petróleo e gás é a obrigação da Petrobras como operadora única do pré-sal. Atualmente, a estatal é obrigada a manter uma participação mínima de 30% nos blocos licitados pelo governo via Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo o advogado Rodrigo Jansen, do escritório Leal Cotrim Jansen Advogados, a regra que obriga a Petrobras a arcar com 30% de todos os campos do pré-sal não nos parece viável, ainda mais diante da situação financeira atual da Companhia.
“A própria Petrobras acaba sendo prejudicada pela regra, uma vez que deve assumir a exploração de todos os blocos da área do pré-sal que forem licitados sob o regime de partilha de produção, independentemente de parecerem vantajosos à Companhia e de se adequarem à sua estratégia de negócios’, disse Jansen em entrevista à Macaé Offshore sobre a situação da Petrobras cumprir suas obrigações com a cadeia de fornecedores. Na opinião do diretor da área de petróleo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado para destravar esses investimentos e injetar ânimo na cadeia de fornecedores, a Petrobras deve deixar de ser operadora única dos blocos licitados no pré-sal. “Quando temos um cliente só, a indústria fica de alguma forma, amarrada a esse cliente. E vemos, por exemplo, o que está acontecendo agora: se o cliente [Petrobras] tiver um pequeno problema, também temos um pequeno problema conduzido ou sendo conduzido para todo o setor”, disse Machado.
Soluções internas No tempo de vacas magras da cadeia de fornecedores, o principal remédio para sanar as dívidas e passar pela recessão da manutenção e novos contratos com a Petrobras, pode vir de soluções internas, segundo o diretor da Sustentech – empresa especializada na implementação e gestão da produtividade –, João Marcelo. De acordo com o diretor, no primeiro momento de crise, o foco principal dos diretores de uma pequena e média empresa é reduzir drasticamente a folha de pagamento com sucessivas demissões temporárias. Segundo Marcelo, passado o susto diante da crise, os diretores podem reduzir esses custos internos e manter a empresa viável com duas palavras importantíssimas no ambiente corporativo atualmente: comprometimento e assiduidade.
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Divulgação
Diretor da Sustentech – empresa especializada na implementação e gestão da produtividade -, João Marcelo Director of Sustentech – company specialized in the implementation and management of productivity - João Marcelo
Outro problema destacado como grande parte para redução de custos tange a eficiência energética e uso racional da água pelos funcionários. De acordo com o diretor, com a crise
hídrica que afeta o Brasil, esse problema se tornou um pilar importante para o diretor-financeiro dentro das empresas, vide que sua função de conscientização pelos funcionários pode ser de grande valia para otimizar as contas. Com o argumento de que o momento é de “esforços”, a Petrobras divulgou comunicado interno, em 26 de agosto, informando que alguns “gastos operacionais gerenciáveis” serão reduzidos ou suspensos. Pelas contas da empresa, serão cortados, até 2019, US$ 12 bilhões (o equivalente a R$ 45 bilhões) com despesas com funcionários, como cursos e viagens. No documento enviado aos funcionários, a Petrobras aponta uma série de medidas a serem tomadas para “otimizar os custos”. A partir de agora, a empresa não vai mais custear confraternizações de funcionários, nem cursos de idioma “na modalidade autodesenvolvimento”.
MACAÉ OFFSHORE 37
CONJUnCTURE
Is the
Barrel Half-Empty or Half-Full?
After complaints from the industry, Petrobras seeks for alternatives to minimize the effects of the crisis affecting the supply chain
By Rodrigo Leitão
S
ince last year, the oil and gas sector has been living a new reality. We saw the appearance of new markets, the quick development of nonconventional resources and the drop of the global oil price. It is a scenario that still requires understanding and that pits us against regulatory, logistic and qualification challenges, not to mention the challenges to develop low cost technologies that would also provide a higher efficiency.
the current crisis does not mean companies will stop investing, according to analysts interviewed by Macaé Offshore. During a lecture in the Brazilian Petroleum Institute (IBP), in Rio de Janeiro, the executive manager of services for Petrobras’ Exploration and Production area, Cristina Pinho, said the company and the Brazilian oil industry were caught flat-footed with a sudden drop of the oil barrel prices in the last year.
year, Petrobras announced a plan to invest US$ 130.3 billion between 2015 and 2019, a drop of 37% against its Business and Management Plan 2014-2018. The current strategy of the state company, according to the executive, is to work closer to the equipment industry, from the very beginning of the conceptual stage, which includes manufacturers, fitters and designers.
According to Pinho, the sector needs to work as a team to overcome the crisis affecting the country. In June this
“We were not and still are not prepared for such a sudden drop of the barrel, within such a short-time. The industry was not aware at all of what was going to happen”, emphasized the executive.
In an event held at the head office of the State Industry Federation of Rio de Janeiro (Firjan), targeting service providers in the oil sector, the president and CEO of GE do Brasil, Gilberto Peralta, highlighted the importance of narrowing relationship with suppliers and potential partners to expand the nationalization of equipment used in the Brazilian oil chain.
The manager of Development for Shell do Brasil’s Suppliers Market, Marcelo Mofati, talked on how to foment of the upstream supplier market.
the referred slowdown in investments is negatively affecting the performance of the chain and of the economy as a whole.
“We are developing suppliers not only for Shell, but for the whole industry, and that is important for Brazil”, said the executive.
“More than just an opportunity to explore a natural and abundant resource, the production of the pre-salt will stimulate the development of new local technologies that will help in making the oil production even more efficient and advanced”, said the executive.
According to the manager of Oil, Gas and Shipbuilding of the Firjan System, Karine Fragoso, the slowdown in the pace of investments from operators are impacting the entire production chain. In her point of view, Petrobras is the one setting the production pace and
“Small and mid-sized companies, with less financial relief are the ones most affected by the economic retraction. In order to keep on being active, companies working in this market are seeking ways to diversify their business lines and to do so they must look for new markets” said Fragoso.
But in the case of Brazil, the current moment is seen as a great opportunity for the production chain. The oil and gas industry has a long term approach and
Time to turn the table
38 MACAÉ OFFSHORE
The commission led by CNI was Brazil’s biggest at the fair and one of the three biggest commissions to represent
CONJUNCTURE
countries in the Offshore Europe held this year. The international analyst of CNI and of the CIN Network, Felipe Costa, says that Brazilian businessmen managed to further develop negotiations with foreign companies, and some have already scheduled visits to shipyards with potential investors.
“Petrobras needs to solve the default issue that impacted suppliers while the government has to adopt measures that show credibility to the society. It is critical to spare no efforts to preserve the institution in order to make it sail by itself again”, said a businessman of the sector that decided to remain anonymous.
Sebrae: “It is time to make the company lighter” In an interview to Macaé Offshore, the coordinator of Oil and Gas for Sebrae/RJ, Antonio Batista, said that figures shown in Petrobras’ Business Plan (PNG) consider exploration and production activities as the main focus of the investments intended to “produce” oil. According to Batista, to those working as supplier of goods and services it is recommended to first map which companies today are responsible for the 2.3 million oil barrels produced daily in the country, which includes: operators, EPC players, Major Suppliers, among others. Second, the supplier must clearly set their niche market. The ones most benefitted from the oil and gas market opportunities will be the companies operating with a clear focus (i.e. with a specialty). “The company servicing and repairing subsea equipment will be more
attractive than those providing general maintenance services. Additionally, the moment is appropriate for companies to cut activities / products/ services not in line with the main focus. It is time to make the company ‘lighter’ so it can become more competitive”, says the executive. The high investments for the Brazilian oil and gas sector and the need to foment an increase of the local content in Petrobras’ supplier network forced the company and the Brazilian Service to Support Micro and Small Enterprises (Sebrae) to sign a cooperation agreement that is already in its second cycle. The partnership, effective since 2004 within the scope of the Mobilization Program of the National Oil and Natural Gas Industry (Prominp) has today 19 ongoing projects in 13 Brazilian states.
“When we have only one client, the industry stops”, says Abimaq Another issue being exhaustively discussed by analysis from the O&G sector is the about the obligation of Petrobras as the only pre-salt operator. Currently, the state-owned company is obliged to keep a minimum interest of 30% in the blocked tendered by the government through the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP). According to the lawyer Rodrigo Jansen from the law firm Leal Cotrim Jansen Advogados, the rule that forces Petrobras to bear 30% from all pre-salt fields does not seem very feasible, mainly due to the company’ current financial situation. “Petrobras itself ends up being harmed by that rule, as it must be liable for the exploration of all blocks of the pre-salt area that were auctioned under the production share regime, regardless of being
profitable or not and if they are in line with Petrobras’ business strategy’, said Jansen in an interview with Macaé Offshore about the situation of Petrobras in fulfilling its obligations with the supply chain. In the opinion of the director of the petroleum area for the Brazilian Association of the Machinery and Equipment Industry (Abimaq), Alberto Machado, in order to set investments free and boost the mood of the supply chain, Petrobras must abandon its role as single operator of the tendered pre-salt blocks. “When we have only one client, the industry somehow remains stuck to that client. And we are seeing the example of what is happening now: if the client [Petrobras] comes to face a small obstacle, we will all have to deal with the same obstacle”, said Machado.
Internal Solutions In such a hard time for the supply chain, the best medicine – to settle debts and survive the depression to maintain and sign new contracts with Petrobras – may come from inside, according to the director Sustentech – company specialized in implementing and managing productivity – João Marcelo. According to him, in the first moment of a crisis, Directors from small and mid-sized companies are focused on the drastic reduction of the headcount following successive temporary dismissals. Still according to Marcelo, once the storm has gone, directors may reduce those internal costs and keep the company running with only two but very important works inside a corporate environment: commitment and assiduity. Another issue deemed critical to reduce costs lies on energy efficiency and moderate use of water by the employees. According to the director, with the water crisis affecting Brazil, this issue has become an important pillar for financial offers inside companies, as they must raise the awareness of the employees if they want to optimize accounts and savings. With the argument that this is the moment to “spare no efforts”, Petrobras disclosed an internal newsletter on August 26th, informing that some “manageable operating expenses” will be reduced or suspended. According to the calculations of the company, until 2019, a sum of US$ 12 billion (R$ 45 billion) is expected be cut with employees, such as courses and travels. In the document set to the employees, Petrobras lists a series of measures to be adopted in order to “optimize costs”. From now on, the company will no longer bear any expenses with commemorative events involving employees or language courses “in the selfdevelopment modality”.
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5 minutos
5 MINUTOS com Francis Borba Diretor da DistributionNOW (DNOW) Por Rodrigo Leitão
C
Divulgação
om 35 anos, sendo oito de experiência na indústria de óleo e gás, atuando na Cadeia de Suprimentos, Gerenciamento Operacional e Desenvolvimento de Negócios, o diretor da DistribuitionNOW (DNOW), Francis Borba falou sobre as perspectivas da companhia no setor de petróleo e gás, e como a empresa espera se adequar à economia brasileira. Fornecedora líder da cadeia de suprimentos de produtos básicos para a indústria de óleo e gás, a DistribuitonNOW, oferece serviços elétricos, conhecimento técnico e serviço ao cliente superior como iluminação, fibra ótica, caixas, controles, motores até a montagem e serviços de design. Francis Borba é Bacharel em Sistemas de Informação (FEMASS-Macaé), MBA em Gestão Empresarial (FGV) e MBA em Logística Empresarial (Unigrario).
MACAÉ OFFSHORE – Como a DNOW avalia o mercado brasileiro de petróleo e gás? Quais são as perspectivas da companhia no país? FRANCIS BORBA - A DNOW atua no Brasil há mais uma década e acredita muito no potencial da economia brasileira, principalmente
40 MACAÉ OFFSHORE
na indústria do petróleo. O mercado de petróleo nacional assim como toda a indústria mundial passa por uma crise devido ao baixo preço do barril de petróleo e no Brasil essa crise se agrava ainda mais devido à crise política. A empresa passa por um momento de reestruturação e redimensionamento, assim
como as demais que atuam na indústria e Oil&Gas, mas acredita que esse cenário de dificuldades será superado. A nossa atividade (Distribuição) é muito dinâmica e nos permite mudar o foco para novos clientes ou portfólio e essa resiliência nos ajuda a superar as adversidades. Estamos projetando
5 minutos
um 2016 com uma pequena redução em nossos negócios, mas confiantes que podemos superar as expectativas.
M.O. – O mercado brasileiro discute muito a resolução de conteúdo local imposta pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). São recorrentes as críticas dos fornecedores sobre o assunto. Como revendedora e sua expertise no mercado, qual a sua avaliação a respeito e como se adequar a esse setor? F.B. - Entendo que a política de proteção do mercado seja um dos meios para alavancar a tecnologia e por consequência o desenvolvimento da indústria local. Porém temos que analisar até que ponto e política é benéfica e realmente desenvolve a indústria local. Ou se na verdade somente inviabiliza alguns projetos e intimida investimentos de empresas internacionais. A nossa função como empresa de distribuição com foco na indústria de petróleo é clara, vamos buscas as melhores alternativas no que tange à qualidade e valor na aquisição de equipamento e produtos para os nossos clientes, seja no mercado local ou internacional. Mas sou a favor de uma reavaliação cautelosa sobre o assunto. Não podemos inviabilizar alguns negócios em detrimento dessa imposição. M.O. – Além do Brasil, quais outros mercados o senhor acredita que há
espaço para o crescimento de peças e equipamentos da DNOW? F.B. - A DNOW possui uma forte presença global com atuação em mais de 20 países e aproximadamente 300 bases operacionais. O mercado
Certamente ainda há muitas oportunidades de crescimento para a DNOW na America Latina da America Latina é promissor, mas a instabilidade econômica tem atrapalhado o crescimento da empresa nesse mercado. Certamente ainda há muitas oportunidades de crescimento para a DNOW na America Latina e principalmente no Brasil.
M.O. – Sobre o mundo subsea, especialmente no Brasil, como o senhor avalia o cluster no Brasil? O senhor acredita que o Brasil perdeu muito tempo sem a criação desses clusters com o advento do pré-sal? Como retomar essa indústria? F.B. - O cluster inevitavelmente eleva as empresas a um patamar mais alto no sentido de ajudá-las mutuamente através da colaboração empresarial. Acredito que o Brasil ainda tenha muito a avançar nesse sentido, principalmente na indústria de Oil&Gas. M.O. – Quais os principais clientes da DNOW no Brasil? Qual a importância da base de Macaé para a companhia? A companhia pretende inaugurar outras nas principais frentes petrolíferas do país, como Santos, Espírito Santo e na capital do Rio de Janeiro? F.B. - A DNOW Brasil é muito importante para a DNOW na América Latina, sendo responsável por aproximadamente 40% de todo o faturamento da DNOW nessa área. Nossos principais clientes são as empresas que prestam serviço à Petrobras nos segmentos de perfuração, exploração e produção, e demais serviços de apoio a atividade de extração de petróleo. Com a retração das atividades de perfuração e outras mais que sofreram impacto por conseqüência da redução significativa do Plano de Negócios da Petrobras 2015/2016, temos procurado expandir a nossa atuação em mercados anteriormente não explorados pela empresa no Brasil, como a Mineração e Indústria Naval.
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5 minutes
Five minutes with Francis Borba Director of DistributionNOW (DNOW)
By Rodrigo Leitão
W
ith 35 years, from which eight are made of experience in the oil and gas industry, working in the Supply Chain, Operational Management and Business Development, the director of DistribuitionNOW (DNOW), Francis Borba, talked about the perspectives of the company in the oil and gas sector, and how the company hopes to adapt itself to the Brazilian economy. Leading supplier from the supply chain of basic products for the oil and gas industry, DistribuitionNOW offers electric services, technical knowledge and superior customer services such as illumination, optic fiber, boxes, controls, engines and even assembly and design services. Francis Borba has a Bachelor Degree in Information Systems (FEMASS-Macaé), MBA in Business Management (FGV) and MBA in Business Logistics (Unigrario).
MACAÉ OFFSHORE – How does DNOW assess the Brazilian oil and gas market? What are the perspectives of the company in the country? FRANCISCO BORBA - DNOW has been working in Brazil for more than a decade and truly believes in the potential of the Brazilian economy, mainly in the petroleum industry. The national oil market as well as the entire global industry is facing a crisis due to the low price of the oil barrel and here in Brazil that crisis is even worse due to the political crisis. The company is currently undergoing steps such as reorganization and resizing, just as many others working in the oil and gas industry, but DNOW believes that this scenario of difficulties will be 42 MACAÉ OFFSHORE
overcome. Our main business activity (Distribution) is very dynamic and allows us to change focus on new clients or portfolio and this resilience helps us to overcome adversities. We are forecasting a 2016 with a small reduction in our business, but we are confident that we can exceed expectations.
M.O. – The Brazilian market is intensively discussing the resolution of local content imposed by the National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels (ANP). Criticisms to this issue is a recurrent theme among suppliers. As a reseller with plenty of expertise in the market, what is your opinion about all this and how to adjust to this sector?
F.B. - I understand that the market protection policy is one of the means to leverage technology and as a consequence to develop to the local industry. However, we must analyze to which extent the policy is beneficial and really capable of developing the local industry or if, in truth, it serves only to impair projects and intimidates investments from foreign companies. Our role as a distribution company with focus on the oil industry is very clear, we seek only the best alternatives concerning quality and value in the acquisition of equipment and products for our clients, be it in the local or international market. Still, I agree with a careful reassessment on the subject. We cannot turn our backs to some business due to this imposition.
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M.O. – Besides Brazil, what are the other markets you believe there is enough room to expand DNOW’s parts and equipment business?
Certainly
F.B. - DNOW has a strong global presence with operations in more than 20 countries and approximately 300 operational bases. The market in Latin America shows promise, but the economic instability has clouded the growth of the company in this particular market. Certainly there are many growth opportunities for DNOW in Latin America and mainly in Brazil.
there are
M.O. – About the subsea world, particularly in Brazil, how do you assess the cluster in Brazil? Do you believe the country lost a considerable amount of time without creating such clusters following the discovery of the pre-salt? How to retake that industry? F.B. - Clusters inevitably catapults companies to a higher ground in the context of helping each other by means of business collaboration. I believe Brazil
many growth opportunities for DNOW in Latin America
has a lot to develop in that context, mainly in the O&G industry.
M.O. – What are your main clients in Brazil? What is the importance of the Macaé base to the company? Does the company intend to inaugurate more bases in the main petroleum fronts of the country, such as Santos, Espirito Santo and in the capital city of Rio de Janeiro? F.B. - DNOW Brasil is very important to DNOW in Latin America, being responsible for nearly 40% of the whole invoicing of DNOW in that area. Our main clients are the companies providing services to Petrobras in segments such as drilling, exploration and production, as well as other services related to support to the petroleum extraction activity. Due to the withdraw of drilling activities and others impacted by the significant reduction of Petrobras Business Plan 2015/2016, we are looking to expand our operation to markets never explored before by the company in Brazil, such as Mining and Naval Industry.
MACAÉ OFFSHORE 43
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
Plano de Negócios, oferta, demanda, dólar, produção... e o setor, como fica? Por Glauco Nader*
O
ano está terminando e as perspectivas para o desenvolvimento de negócios no setor de petróleo e gás continuam nebulosas. Todos aguardavam ansiosamente o anúncio do Plano de Negócios da Petrobras (PNG 2015-2019), pois acreditava-se que haveria um alento ao mercado fornecedor. Contudo, com a deterioração das condições macroeconômicas da economia nacional e com uma nova queda do preço internacional do barril de petróleo, há a expectativa de uma revisão deste plano diante das premissas anunciadas. As premissas do PNG 2015-2019 da Petrobras para o preço do barril foram de US$ 60 em 2015 e US$ 70 no período 2016-2019. Já em relação ao dólar foram estimadas as seguintes cotações para os respectivos anos: 2015 – R$3,10; 2016 – R$ 3,26; 2017-2019 – R$ 3,29 e 2020 – R$ 3,56. Como, no momento atual, o preço do barril do Brent está em torno de US$ 45 e o dólar comercial já alcançou o patamar de R$ 4,00, ambas premissas estão fortemente impactadas e provavelmente serão revistas, provocando mais incerteza ao mercado. Nº
Plataforma
Acredita-se que não haja perspectiva de uma alta elevação do preço do barril, pois há um excesso de oferta de óleo no mercado internacional diante de uma demanda estagnada pelo moderado crescimento da economia mundial. Estagnação esta que vem sendo aprofundada com a diminuição do crescimento chinês. Por outro lado, o aumento da oferta pode ser entendido, em partes, como resultado da chegada no mercado de grande quantidade de óleo novo proveniente dos projetos de exploração e produção implantados no período de picos históricos do preço do barril. A produção do pré-sal brasileiro é um grande exemplo dessa estratégia das empresas petrolíferas acelerarem os projetos de produção para se beneficiarem de uma expectativa por preços elevados. Neste caso, as empresas petrolíferas ainda se beneficiam da grande produtividade de alguns poços produtores. A figura abaixo ilustra as 10 plataformas que mais produzem petróleo no Brasil, com destaque para a última coluna, que mostra a quantidade de poços perfurados por cada uma. Observa-se Petróleo (bbl/d)
Gás natural (mm³/d)
que a relação entre produção e quantidade de poços perfurados nas plataformas da Bacia de Santos é menor do que na Bacia de Campos. A conclusão é que a elevada produtividade dos poços na Bacia de Santos exige uma estrutura menor de produção para uma maior quantidade de óleo, ou seja, do ponto de vista da Petrobras e das outras empresas produtoras, essa condição é excelente devido ao aumento da rentabilidade dos projetos de produção. Porém, para o mercado fornecedor, isso implica em uma quantidade menor de contratação de bens e serviços para o desenvolvimento da produção. Ainda que o clima do setor seja de tensão, com o engessamento de vários contratos e empreendimentos, a notícia positiva é o recorde histórico de produção da Petrobras em agosto, quando alcançou 2,8 milhões de barris no Brasil e no exterior, perfazendo um aumento de 4,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Só no Brasil, a produção alcançou os 2,69 milhões de barris, o que, por si só, mostra um esforço em busca de resultados, apesar do cenário de turbulências. Produção total (boe/d)
Nº poços produtores
1
PETROBRAS 52
142.212
3.018
161.192
17
2
FPSO CIDADE DE MANGARATIBA
121.442
6.021
159.313
4
3
PETROBRAS 58
129.572
3.809
153.533
10
4
FPSO CIDADE DE SÃO PAULO
119.209
4.090
144.933
5
5
FPSO CIDADE DE PARATY
106.339
4.107
132.171
5
6
FPSO CIDADE DE ANGRA DOS REIS
85.124
4.111
110.983
5
7
FPSO CIDADE DE ILHA BELA
85.781
3.039
104.899
3
8
FPSO CIDADE DE ANCHIETA
78.746
2.745
96.014
5
9
PETROBRAS 57
89.851
702
94.268
17
10
PETROBRAS 55
82.791
1.663
93.250
9
Fonte: ANP/SDP/Sigep Jul/2015
*Glauco Nader é economista formado pela UFF e doutor em Planejamento Urbano e Regional formado pela UFRJ. Também é Diretor da Dinamus Consultoria.
44 MACAÉ OFFSHORE
Competitive intelligence
Business Plan, offer, demand, dollar, production… but what about the sector? * By Glauco Nader
2
015 is coming to an end and perspectives to develop business in the oil and gas sector are still hazy. Everyone was eagerly waiting for the announcement of Petrobras Business Plan (PNG 2015-2019) as it was believed that it could provide some comfort to the supplier market. However, following the degradation of the macroeconomic conditions of the local economy and a new drop of the international barrel price, there is a new expectation that a revision of rush plan is underway as a response to the announced premises. Premises of the PNG 2015-2019 for the barrel price were of US$ 60 in 2015 and US$ 70 in 2016-2019. Concerning the dollar the following quotations were estimated for the respective years: 2015 – R$3.10; 2016 – R$ 3.26; 2017-2019 – R$ 3.29 e 2020 – R$ 3.56. In the current scenario the Brent’s barrel price is around US$ 45, not to mention the fact the commercial dollar already reached R$ 4,00, both premises are strongly impacted and will probably be reviewed, flooding the market with more uncertainties.
It is believed that there is no perspective of a high jump in the barrel price, as there is an excessive oil offer in the international market against a stagnant demand by the moderate growth of the world economy. The roots of the same stagnation are getting deeper due to the slowdown of the Chinese growth. On the other hand, the increase of the offers can be expanded, gradually, as a result in the market of a considerable amount of new oil from exploration and production projects implemented within the period of historical peaks in the barrel price. The production of the Brazilian presalt is a perfect example of this strategy: petroleum companies speeding up production projects to benefit from an expectation for high prices. In this case, said companies will benefit further from a huge productivity in some production wells. The chart below shows the TOP 10 oil production platforms in Brazil, with spotlights aimed at the last column, which shows the amount of wells drilled by each one of them. It can be seen that the ratio between
production and amount of drilled wells in platforms from the Santos Basin is smaller than the ones from the Campo Basin. The conclusion is that the high productivity from wells in the Santos Basin requires a smaller production structure in order to allow a larger amount of oil, i.e., from the point of view of Petrobras and of other production companies, this condition is excellent due to the increase in the profitability of production projects. However, for the supplier market, the above means less contracts for goods and services to further develop production. Even if the mood of the sector is still stressful thanks to the “plastering” of several contracts and enterprises, the good news is the historical production record of Petrobras in August, when the company reached 2.8 million barrels in Brazil and abroad, which represented an increase of 4.5% against the same month of the previous year. Only in Brazil, production reached 2.69 million barrels, which by itself, shows an effort in the search for results, considering the turbulent scenario.
* Glauco Nader is an economist graduated by UFF and Doctor in Urban and Regional Planning by UFRJ. He is also a Director of Dinamus Consultoria.
Consultoria de solução em desenvolvimento de negócios no setor de petróleo e gás Rua Treze de Maio, 13 Sala 601 - Cinelândia - Rio de Janeiro/RJ Tel: 55 21 3553 5457 - www.dinamusconsultoria.com.br
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tecnologia
Tecnologia de
ponta
Com o objetivo de amenizar o caixa da companhia, a Petrobras faz valer sua expertise em tecnologia para superar os desafios do pré-sal Por Rodrigo Leitão
R
econhecida mundialmente por seu know-how tecnológico na exploração em águas profundas, a Petrobras em 2014 investiu US$ 1,1 bilhão em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), valor que posiciona as companhias entre as maiores empresas investidoras em pesquisa na área de energia do mundo. Segundo a Petrobras, o novo Plano de Negócios e Gestão 20152019 prevê investimentos de US$ 130,3 bilhões. A carteira de investimentos prioriza projetos de exploração e produção (E&P) de petróleo no Brasil, com ênfase no présal. Do total, 83% (US$ 108,6 bilhões) serão investidos na área de E&P. Com os olhos voltados para o pré-sal, enquanto o Conselho de Administração da estatal reforça o caixa com desinvestimentos Brasil afora, a Petrobras apresentou o Relatório de Tecnologia 2014, em setembro, as 10 inovações tecnológicas premiadas pelo Comitê da Offshore Technology Conference (OTC) - evento mais importante da indústria do petróleo. De acordo com a estatal, elas contribuíram para a conquista de sucessivos recordes de produção do pré-sal, o mais recente sendo 865 mil barris por dia (bpd), alcançado em julho desse ano. Uma dessas inovações é a boia de sustentação de riser, chamado de boião, que passou a ser usado em 2014 no campo de Sapinhoá, no pólo do pré-sal na Bacia de Santos. Segundo a Petrobras, o equipamento, que interliga dutos entre navios-plataformas e os poços, permitiu que a produção 46 MACAÉ OFFSHORE
Agência Petrobras
Boia de Sustentação de Riser, chamado de “boião” Riser Support Buoy, called “big buoy”
do pré-sal alcançasse 865 mil barris por dia no ano passado, um recorde. A iniciativa rendeu à companhia o prêmio da Offshore Technology Conference 2015. Outra tecnologia usada pela Petrobras foi o primeiro uso intensivo de completação em águas profundas e ultraprofundas em poços satélites com potencial de incrustação (depósitos que se formam no interior das tubulações) de carbonato de cálcio. Segundo a companhia, com esta tecnologia os engenheiros verificam o desempenho de poços por meio de sensores e válvulas alojados na coluna de produção e é possível controlar a pressões e vazões de duas ou mais zonas de poço, atuando para aumentar o fator de recuperação final de óleo e gás, através do gerenciamento dos reservatórios. De acordo com a Petrobras, considerando-se a possibilidade de ocorrência de
incrustações nas válvulas inteligentes, também foram elaborados procedimentos específicos de manutenção. A completação em águas ultraprofundas já havia sido utilizada no Golfo do México e no continente africano. Em nota, a Petrobras informou que, em 2014, foram desenvolvidos 918 projetos de P&D e mais de 4 mil assistências técnicas e científicas (consultorias prestadas por técnicos do Cenpes para as áreas de negócio da companhia). No Brasil, foram solicitadas 61 patentes e concedidas 28, no mundo foram 34 patentes pedidas e 38 concedidas. O documento elenca projetos desenvolvidos pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), em articulação com as áreas de negócio da empresa. Na prática, essas soluções tecnológicas garantiram inovação e ganhos de produtividade.
MERCADO
MACAÉ OFFSHORE 47
TECHNOLOGY
Cutting-edge technology With the purpose of relieving the company’s cash, Petrobras will make use of its expertise in technology to overcome challenges from the pre-salt
By Rodrigo Leitão
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nternationally recognized for its technological know-how in exploration of deep waters, Petrobras invested US$ 1.1 billion on Research and Development (R&D) in 2014, an amount that places it among the largest companies investing on energy research. According to Petrobras the new Business and Management Plan 2015-2019 forecasts investments of US$ 130.3 billion. The investment portfolio prioritizes oil exploration and production (E&P) projects in Brazil, with focus on the pre-salt. From that total, 83% (US$ 108.6 billion) will be invested on the E&P area. With both eyes turned to the pre-salt, while the Company’s Board of Directors strengths the cash with disinvestments in Brazil and abroad, Petrobras submitted the Technology Report 2014 on September, with 10 technologic innovations awarded by the Committee of the Offshore Technology Conference (OTC) – the most important event of the petroleum industry. According to the stateowned company, such innovations were critical to achieve and break successive
48 MACAÉ OFFSHORE
records in the pre-salt production, being the most recent the milestone of 865,000 barrels per day (bpd) achieve in July 2015.
flow rates of two or more well zones, with the purpose of increasing the final recovery factor of oil and gas by managing reservoirs.
One of such innovations is the riser sustaining buoy, called boião (big buoy), which became operational in 2014 in the Sapinhoá field, pre-salt pole of Santos Basin. According to Petrobras, the equipment interconnects pipelines between drillships and wells and allowed the pre-salt production to reach 865,000 barrels/day last year, a new record. The initiative granted the company the Offshore Technology Conference 2015 award.
According to Petrobras, considering the possibility of occurring scaling inside intelligent valves, specific maintenance procedures were also prepared. Completion in ultradeep waters had already been used in the Gulf of Mexico and in Africa.
Another technology used by Petrobras was the first intensive use of completion in deep and ultradeep waters of satellite wells with calcium carbonate scaling potential (deposits built up inside pipelines). According to the company, with this technology engineers are able to check the performance of wells by means of sensors and valves fitted on the production string, being now possible to control pressures and
In a note, Petrobras informed that in 2014, 918 R&D projects were developed, as well as 4,000 technical and scientific assistances (advisory provided by Cenpes’ technicians for the company’ business areas). In Brazil, 61 patents were filed and 28 were granted; overseas 34 patents were filed and 38 granted. The document lists projects developed by the Center of Research and Development Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), in collaboration with the company’s business areas. In practical terms, all those technological solutions ensured innovation and production gains.
DESENVOLVIMENTO LOCAL
O Brasil precisa se reindustrializar! Por Alberto Machado*
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necessidade de “industrializar” o Brasil tem sido, desde o fim da segunda guerra mundial, considerada como a principal sustentação da economia, pois até então éramos um país agrícola. O desenvolvimento da indústria de transformação ocorreu em fases distintas: Até 1964, a ênfase foi no desenvolvimento de itens da indústria de base e de bens de consumo duráveis e, no ano seguinte, começou a haver a preocupação com o desenvolvimento da indústria de bens de capital. A partir de 1965, a indústria de bens de capital, considerada como o setor da indústria que fabrica fábricas, passou por diversas fases, sempre mostrando, apesar de vales e picos, uma tendência de crescimento e, ao longo de todo esse tempo, o setor de petróleo e gás sempre funcionou como uma das principais alavancas do desenvolvimento nacional. Na mesma época, o Brasil intercalou períodos de estabilidade com períodos de incertezas e períodos de crescimento com períodos de retração. Passou por inflação elevada, regimes totalitários, diversos planos econômicos e processos de democratização, acompanhados de momentos de turbulência internacional, como os choques do petróleo, crises financeiras e crescimento acelerado de alguns países emergentes, só para citar alguns exemplos. A década de 90 foi marcada pela inserção do Brasil no mercado internacional.
Depois de um longo período de mercado fechado, a indústria de transformação brasileira foi repentinamente exposta à concorrência internacional para a qual nem o país nem as empresas estavam preparados. Naquela década ocorreu também a abertura do mercado de petróleo, fato que fez com que o poder de compra do Estado, até então amplamente empregado para o desenvolvimento do país, por meio da Petrobras, deixasse de ser utilizado sem ter sido substituído por alguma outra política industrial consistente. Na primeira década do novo século, a economia do Brasil, seguindo a tendência da economia mundial, passou por um período de euforia. Em razão de fatores como a estabilização da moeda, do aumento da demanda internacional por commodities e de uma considerável carteira de investimentos, entre outros, houve forte atração de capitais estrangeiros. No setor de petróleo, devido à quebra do monopólio, ocorreram diversos leilões para concessão de áreas para exploração com a participação de empresas estrangeiras e brasileiras. Foi o grande “boom” do setor de petróleo, que teve como destaque a descoberta do pré-sal. Naquele período, os planos de investimento e operações das empresas de petróleo poderiam ter sido mais bem aproveitados para estimular a industrialização nacional. Entretanto, a indústria local de bens de capital acabou não obtendo a maior parte das encomendas porque, por motivos
alheios à sua capacidade de decisão, não conseguiu, como ainda não consegue, ser competitiva internacionalmente. A experiência tem demonstrado que os fornecedores nacionais nunca tiveram problemas com as exigências técnicas do setor de petróleo e gás. O maior entrave atual é decorrente de fatores como câmbio, juros, tributos, infraestrutura precária, legislação trabalhista, entre outros, os quais estão fora de seu poder de decisão. A partir da crise internacional de 2008 começou o enfraquecimento do setor produtivo. O cenário atual requer reflexão. Toda crise passa, mas o cenário pós-crise irá depender primordialmente da manutenção da capacidade produtiva do país. Fator válido para toda a indústria de transformação, a preservação da indústria de bens de capital que, por suas especificidades requer mão de obra qualificada com um longo período para formação, torna-se uma condição “sine qua non” para o êxito da retomada do crescimento no período pós-crise, que, queira Deus, esteja próximo. Assim sendo, é de fundamental importância que, no âmbito das medidas que por ventura venham a ser adotadas para reverter a situação atual, não seja deixada de lado a implantação de uma política industrial para que rapidamente o Brasil consiga retornar aos patamares de produção já verificados no passado e até mesmo ultrapassá-los, voltando a se destacar no cenário internacional como um país desenvolvido. O caminho crítico para o êxito passa pela reindustrialização.
*Alberto Machado é engenheiro Químico, Mestre em Engenharia da Produção COPPE/UFRJ e Pós-Graduado em Business Administration INSEAD/França.Diretor Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos - ABIMAQ. Professor e Coordenador Acadêmico do MBA Gestão em Petróleo e Gás – FGV
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lOCAL development
Brazil needs to reindustrialize itself! * By Alberto Machado
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he need to “industrialize” Brazil has been, since the end of the Second World War, considered the main pillar of the economy, as before that we were an agricultural-based country. The development of the transformation industry occurred at different stages: Until 1964, the emphasis was the development of base industry items and of durable consumption goods and only from 1965, there was a growing concern with the development of the capital goods industry. From 1965, the capital goods industry, considered the sector in charge of manufacturing factories, underwent several stages, but always showing, in spite of all ups and downs, a growing curve, and throughout this whole time, the oil and gas sector has always worked as one of the main leverages of the national development. In the same period, Brazil mixed periods of stability with periods of uncertainty, periods of growth with periods of retraction. Add to that periods of high inflation, totalitarian regimes, several economic plans and democratization processes, followed by international turbulences, such as the petroleum shocks, financial crises and accelerated growth of some emerging countries, only to name a few examples. The 1990’s was marked by the insertion of Brazil in the international market. After a long period of closed market, the Brazilian transformation
industry was suddenly exposed to an international competition to which neither the country nor the local companies were prepared to deal with. In that particular decade there was also the opening of the petroleum market, a fact that caused the purchasing power of the State – until then fully focused to develop the country through Petrobras – cased to be used without being later replaced by another consistent industrial policy. In the first decade of the new century the Brazilian economy following the trend of the global economy, lived a short, but euphoric period. Due to factors such as currency stabilization, increase of the international demand for commodities and a considerable portfolio of investments, among others, there was a strong attraction of foreign capital. In the oil sector, due to the breaking of the monopoly, several auctions were held to organize the concession of areas to be explored with the participation of Brazilian and foreign companies. That was the greatest boom of the oil sector, which also featured the discovery of the pre-salt. In that time, investment and operation plans prepared by oil companies could have been better used to stimulate the national industrialization. However, the local industry of capital goods ended up not obtaining most of the orders because, due to reasons not related to their decision making capacity, it did not managed
to, and still is unable to, be internationally competitive. The experience has proven that local suppliers never had any issues with the technical requirements of the oil and gas sector. The main current obstacle results from factors such as exchange, interests, taxes, poor infrastructure, labor laws, among others, that are out of their decision power. Following the international crisis of 2008, the production sector started to weaken considerably. The current scenario requires meditation. Every crisis does not last forever, but the post-crisis scenario will depend mainly on the maintenance of the country’s production capacity. A valid factor for the whole transformation industry is the preservation of the capital goods industry, which thanks to its specifications, demands qualified workforce with a long qualification period, therefore becoming a “sine qua non” condition to be successful in resuming growth once the crisis ends, which hopefully, will end soon. That being said, it is important – within the scope of measures to be adopted in order to revert the current situation – not to put aside the implementation of an industrial policy that will allow Brazil to quickly return to the production levels seen in the past and even surpass them, once again taking the spotlight in the international scenario as a (near) developed country. The critical path towards success goes through reindustrialization.
Alberto Machado is Chemical Engineer, Master in Production Engineering by COPPE/UFRJ and Postgraduate in Business Administration by INSEAD/France. CEO of the Brazilian Association of the Machinery and Equipment Industry – ABIMAQ. Professor and Academic Coordinator of MBA Management in Oil and Gas – FGV
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