Chamuças de Bacalhau 25

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Chamuças de Bacalhau Os nada pequenos almoços da Premila. Visitar as capelinhas comendo e bebendo. O elogio ao Carro Europeu. Volta pimp de barco. Vivacarnaval. O melhor Pão com Manteiga do Universo. Cara dentro da bifana e “Love of My Life”.

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XXV Viva Carnaval Melhor que as divinas caminhas da casa Fernandes só havia uma coisa. Os pequenos-almoços. Aqui, esta que vos escreve, de tão tarde que acorda, costuma começar logo pelo almoço, não há pequeno que lho valha. Mas em terras goesas, sempre que acordávamos, víamos uma Premila atarefadíssima pronta para nos engordar. Eram ovos mexidos com sei lá que especiarias maravilhosas, o mais saboroso leite do dia com que empurrávamos as torradas com manteigadeliciosa e mel, cereais, frutas, eu sei lá. Comíamos que nem uns abades e jurávamos que nunca tínhamos sido tão bem tratadas na vida. Parecia que estávamos a ficar bem gorduxas para ir para o caldeirão. Hoje, depois desta refeição encantada (sempre finalizada com uns imodiuns só por causa das coisas) fizemos uma coisa bastante curiosa. Basicamente fomos atrás do Atish (vamos sempre atrás do Atish, só ele sabe para onde vai) visitar amigos e familiares. Ele parava o carro em frente a umas casaronas e entrava, apresentava-nos às pessoas, sentavamo-nos à mesa, bebíamos e comíamos. Por isso passamos grande parte do dia em visitas diplomáticas aos membros da comunidade goesa entre a garfada e o vómito. Quanto às conversas, estas passavam quase sempre pelo elogio ao carro europeu (porque eles lá é só têm carros japoneses). Depois destas deambulações fomos até uma baiazinha (D.Paula) para andar de barco. O dia estava de verão e entrámos num pequeno barco à vela de madeira. Estávamos todas contentes quando de repente se partiu a retranca, o que não foi fatal mas arruinou o passeio à vela. Quando achávamos que já não ia haver Descobrimentos para ninguém, eis que o Atish passa por nós numa lancha! O resto da hora foi tirado de um videoclip da MTV, connosco a dançar ao som de hiphop enquanto nos maravilhávamos com o cenário paradisíaco. Tudo corria muito bem e a Rita decidiu tomar banho toda vestida. A Rita é mesmo assim! A tarde ia a meio e havia cheiro a fiesta no ar. Quando começamos a entrar em Panjin começamos a reparar que tudo gritava “Viva Carnaval”. As pessoas estavam felizes e cumprimentavam se umas às outras com essa frase que eles diziam como se fosse toda uma palavra “Vivacarnaval”. Nós dizíamos “viva, viva” e olhávamos uma para a outra do género “que maluquisse é esta agora?”

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Foi só depois de vermos toda a gente sob influência de Baco a dançar e a fazer guerras com Tika Powder (pó com cor que é usado no festival Holi) é que nós percebemos que aquilo era uma ramboia pegada! Havia fitinhas e serpentinas por toda a parte, e na avenida junto ao rio passavam carros alegóricos com gente dançante. Em poucos minutos parecíamos o catálogo da Caran d’Ache. O pó misturava-se com a água que nos despejavam em cima e tudo aquilo era tinta. Eu e a Rita decidimos fugir e ir desbravar sozinhas aquele Carnaval. Como saímos da zona de folia e fomos para partes mais calmas, as pessoas olhavam para nós como se fossemos palhaças, o que neste dia também não fazia muito mal. Foi durante este tempo que, à procura de uma casa de banho, comemos o melhor pão com manteiga do Universo, tinha acabado de sair do forno e foi devorado entre sopradelas e dedos queimados mas deu-nos razão de viver! Como de repente demos por nós sozinhas, fomos ter ao único sitio que conhecíamos, o Club Vasco da Gama, onde encontramos toda a gente a curtir os restos da bebedeira, com aquele espírito luso que nos é particular. Como ainda tinha alguma tosse acabei com o xarope, claro que com o álcool a reacção ainda foi mais incisiva, o que fez com que eu acabasse com a cara dentro da bifana. Assim que chegamos a casa despedimo-nos da Premila que estava de saída com uma garrafa de vodka para ir ouvir música com os amigos para uma ponte abandonada! Que vida. A Rita decidiu ir jantar com o Atish e eu cai na cama, o ar estava cheio de música dos Queen. Acho que adormeci algures no meio do “Love of my life”.

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