3 minute read

Laerte Temple .......................................................................................................65 e

- No quarto mal cabem cama e TV. Preciso de mesa, computador, impressora, cadeira confortável, livros e silêncio. Silêncio total. - Se você vendesse a coleção de miniaturas de carros e aquele piano que nunca toca, podia trabalhar na sala. - Nem morto! Já disse que vou voltar às aulas de piano. Por que você não se livra dos 130 bichos de pelúcia? Por causa deles, nem temos mesa de jantar. E a sua esteira ergométrica enferrujando na varanda? Vende logo! - Tá louco? Coleciono aqueles bichinhos desde os 4 anos de idade. São parte da minha vida. A esteira é legado de meu pai e eu vou voltar a malhar. A discussão é frequente, sempre tensa, com acordo cada vez mais improvável. Após algum tempo, concluíram que não dava mais para continuar naquele clima e talvez mudar para o prédio do patrão dela fosse a melhor alternativa. Para ajudar o casal, Rosiris, enviou a planta do apê com sugestões de decoração. Varanda com fechamento em vidro e cortinas para o conforto que Amálio necessita. No segundo dormitório, um estúdio semelhante ao do JotaBeS, com divã e estrutura para lives e gravação de vídeos e podcasts. Rosiris desconhece a coleção de carros, os bichos pelúcia, piano e esteira. Além disso, o custo da reforma é considerável. Para melhor compreender a situação e refinar as ideias, Sabrina foi conhecer o estúdio do patrão enquanto Rosiris avaliava as necessidades do consultor. Passaram o dia todo tirando medidas e trocando ideias, Sabrina com JotaBeS e Rosiris com Amálio. É assim que tem de ser. As pessoas devem conversar para compreender e enfrentar as dificuldades da vida a dois. Cada qual precisa esclarecer seu ponto de vista e ouvir o outro para identificar a raiz do problema e chegar à solução. Muitas vezes o que está pegando não é aquilo que aparenta ser e só o diálogo franco e sincero pode identificar as causas. Numa relação, cada um tem de ceder um pouco, flexibilizar. O segredo é dialogar sempre, com calma e sinceridade. Afinal, o que importa mesmo é ser feliz. No fim da tarde, um temporal causou apagão, paralisou o Metrô, o trânsito ficou caótico e o jeito foi uma dormir no apartamento da outra. Na noite seguinte, após longa e civilizada conversa, tudo foi milagrosamente resolvido, como num passe de mágica. Roupas e objetos foram encaixotados e a mudança aconteceu numa boa, sem despesas com reforma, aluguel ou transporte de mobiliário. A conversa cordial e sincera trouxe de volta a paz e a harmonia. Sabrina foi morar com JotaBeS e Rosiris com Amálio. Agito num apartamento, sossego no outro. Simples assim. Tudo muito prático e barato. Discussões nunca mais. É conversando que a gente se entende

‘Causos’ do Nordeste Um Lobishomem em Natal dos anos vinte

Advertisement

Tony de Sousa Cineasta

Antigamente, no lugar onde hoje é o Baldo, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, havia uma lagoa chamada de Lagoa Manoel Felipe. Essa lagoa fornecia água potável às primeiras residências construídas na capital potiguar. O local também era usado pelas lavadeiras do Barro Vermelho e Cidade Alta, que lavavam as roupas das residências em suas águas até os idos de 1970. Também era possível, até aquela época, encontrar peixes e cágados em suas águas, além de animais de pequeno porte, como guaxinins e cotias nas suas matas ciliares. Esse local atualmente está bastante desfigurado, tendo sido construído ali um viaduto que fornece o acesso para Ribeira, Cidade Alta, Passo da Pátria e Alecrim. A antiga lagoa virou um lugar onde se despejam esgotos e está totalmente poluída. Foi nesse lugar que em meados dos anos 20, os moradores da Rua Boa Vista hoje, Campo Santo, relatam a história de um fantasma que começou a aparecer por lá, altas horas da noite, causando grande reboliço. Ele passava correndo por aquela rua e sumia na direção das cercas que davam para o Baldo. Não muito longe dali, na direção em que o fantasma sumia, morava uma viúva de nome Aurora da Assunção, cujo marido morrera num desastre de trem. Havia quem dissesse que o fantasma era a alma penada do marido da viúva. Mas como não tinha ninguém com coragem de sair no encalço dele, o mistério continuava. Outros asseguravam

This article is from: