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Luiz A. Moncau ......................................................................................................71 e

outro latido dos primeiros cães por elas despertos. Uma moto atravessa o rio, no caminho uma bicicleta passa, caminhante surge ao longe. Os latidos se multiplicam e a vida recomeça. Diogo pega um punhado de grãos de café, e os coloca no moedor manual, daqueles com uma manivela e uma gavetinha em baixo para receber o café moído. Iria fazer apenas uma xícara, pois ainda era cedo, e ele faria mais café após ir buscar pão na padaria, que só abriria às 7hs. Adorava o som do moedor, pois aquele conjunto do moedor e seu som traziam-lhe imagens da infância, quando ficava apreciando seu pai executar a mesma rotina naquele mesmo moedor, enquanto lhe explicava as vantagens daquele método ou comentava algum acontecimento recente. Ao terminar de moer a água já estava fervendo, e ele vagarosamente coou o café e o serviu na xícara antiga com uma asa desproporcional, um pouco maior que o normal, única xícara que sobrara das que seus pais costumavam usar, e que ele tanto temia quebrar. Embora não colocasse açúcar ou adoçante, antes de tomar pegou uma colherinha e deu três batidinhas com a mesma na lateral da xícara. Isto era para ele um ritual quase sagrado, uma homenagem à memória e ao carinho de seu pai, que o despertava pela manhã sentado em sua cama e repetindo aquele mesmo tilintar da colherinha contra a xícara. Era impossível não acordar com um sorriso, antes de se preparar para a escola. Depois sentou-se na cadeira da copa, na mesma mesa de madeira, e tomou o café lentamente, saboreando o aroma e o sabor de cada gole e de cada lembrança, enquanto apreciava as árvores e pássaros pela janela que dava para o pomar. Depois pôs em ordem os poucos cômodos da casa, sua cama, seu quarto, as roupas por guardar, e saiu para ir buscar o pão.

A História da Arte O Renascimento pleno na Itália Miguel Ângelo

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Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

Ao contrário de Leonardo, que dizia ser ‘a pintura a mais nobre de todas as artes’, Miguel Ângelo ou Michelangelo dizia exatamente o mesmo sobre a escultura. Um corpo bem feito era, segundo ele, ‘uma forma tridimensional de expressar aquilo mais importante que Deus criou’.

Michelangelo esculpia as pessoas nuas e tentava passar ao observador a alma dessas pessoas. Seus corpos, segundo ele, ‘eram libertados do mármore que os prendia’ porém, com as reformas religiosas de Savonarola (Hieronymous Savonarola - 1452 - 1498) um foi um padre dominicano e pregador na Florença renascentista que ficou conhecido por supostas profecias, pela destruição de objetos de arte e artigos, de origem secular e seus apelos de reforma da igreja católica afetaram profundamente os pensamentos do artista. Ele (Miguel) imaginava suas imagens como fatos extraordinários as quais pareciam calmas vistas pelo exterior e agitadas por uma energia psíquica que demonstravam através do movimento físico em que foi elaborada. As qualidades únicas desse artista são integralmente ligadas a David, seu primeiro trabalho monumental no Renascimento Pleno. Encomendada por políticos para ser colocada em frente ao Palazzo Vecchio como símbolo cívico patriótico da república florentina, foi mais tarde substituída por outra que segura a cabeça de Golias que passa a ter um ar de herói vitorioso. Miguel tinha acabado de passar um tempo em Roma onde os corpos musculosos dos jovens adolescentes das esculturas Helenísticas tinham o impressionado profundamente. Em 1508, Miguel foi contratado pela igreja para a pintura do forro da Capela Sistina e ali ele pensou em mostrar esses corpos. Compelido pelo desejo de retomar o trabalho que fazia Jesus representado sem a barba

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