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Sérgio Frug ................................................................................................................15 e

Foto: Reprodução/Wikipédia ele o sentido do seu trabalho tão inexplicável a qualquer observação humana? E mantinha. De alguma forma trabalhava no mérito da coisa e talvez pouco se importasse se aconteceria mesmo ou não a oportunidade da sua utilização. Trabalhava porque era isto que lhe pedia o coração. Assim como o trabalho de Noé, a preparação para a vida, ou para aquilo que chamamos de “vitórias” é sempre longa, árdua, exigente e dolorosa. Quantas vezes não sofremos aquela ansiedade para vestir a camisa, entrar em campo e começar logo esse jogo? Quantas vezes não nos damos conta da necessidade de continuar a nos preparar sempre mais e mais, ainda que o tal “grande jogo” nunca venha a ser jogado?

Mas não é bem assim. Apesar do foco colocado cada vez mais na preparação, também o jogo já vai sendo jogado e muitas tarefas importantes vão ficando a nosso cargo. Tudo isso acontece, porém, em outro nível da realidade. Não naquele nível social conhecido onde a luta pela vida acontece sem a menor equanimidade. Mas num nível interno, íntimo, que corresponde a um processo cósmico superior, complexo, e que de um jeito ou de outro nos faz sentir essa consciência. Noé não se importava com as facilidades mundanas. Ele sabia que o seu trabalho um dia renderia. E assim Deus pagou a sua promessa. Agora vivemos uma crise que ainda pode se complicar. Ou arrefecer para depois retornar. Mas todos sabemos que do jeito que estão, as coisas não podem ficar.

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E assim não podemos perder a consciência de continuar nos preparando. Para o que der e vier.

Aprendizagem ao longo da vida e envelhecimento ativo

Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Todo processo, de qualquer natureza, segue uma receita básica de início, meio e fim. Assim também é o processo de envelhecimento, sendo para muitos cientistas a concepção o início e a morte o fim. Diferente de outros processos, no entanto, o envelhecimento tem como meio um longo e indefinido caminho, que depende por exemplo, de motivações, escolhas e oportunidades, individuais ou coletivas. Ainda que a escolha seja um fator importante para se ter uma vida saudável, se não houver a possibilidade de colocá-la em prática, o objetivo não será atingido. Sabe-se que existem desigualdades, como as diferenças entre classes sociais, que influenciam o nível educacional, a conquista de determinadas colocações profissionais e também a qualidade de vida. Como forma de possibilitar que mais pessoas sejam beneficiadas, surgem as Políticas Públicas, específicas para cada necessidade. Tendo em vista o processo de envelhecimento e os desdobramentos que resultam na velhice, diferentes políticas públicas têm atuado nessa questão. A nível nacional, podemos citar o Estatuto do Idoso, a Política Nacional do Idoso e a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. A nível internacional, através da Organização Mundial da Saúde (OMS), surgiu em 2005 o documento intitulado por “Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde”. Você que ainda não é considerado como uma pessoa idosa já refletiu como quer chegar na velhice? E você que já passou dos 60 anos, já se perguntou sobre o que ainda pode fazer para continuar envelhecendo com qualidade? Esses e outros questionamentos foram respondidos pela OMS em Instituto Paulo Freire (1921 - 1997) - divulgação

Instituto Paulo Freire (1921 - 1997) - divulgação 2005 e posteriormente foram complementados pela Conferência internacional de Envelhecimento Ativo em Sevilha, em 2010. Existem quatro pilares fundamentais para um ciclo de vida ativo: ● Saúde - referente a um completo bem-estar físico, mental e social que pode influenciar e sofrer influência de fatores políticos, socioeconômicos, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos; ● Aprendizagem ao longo da vida - contribui com o aumento da percepção subjetiva de saúde, favorecendo o bem-estar e a qualidade de vida, estimulando as trocas intergeracionais. Além disso, favorece a manutenção da saúde cognitiva; ● Segurança e proteção - relaciona-se a integridade física e psicológica do indivíduo e sofre ameaças dos efeitos climáticos, de epidemias e violências, em todos os seus níveis, além do risco de doenças e migração involuntária, por exemplo; ● Participação - interações sociais, civis, culturais, espirituais e ambientais, são algumas possibilidades de manutenção do engajamento e integração em comunidades. Esse pilar permite que haja um sentimento de pertencimento, o que fortalece a autopercepção de saúde. A fim de complementar os quatro pilares citados anteriormente, a OMS, definiu também alguns aspectos que determinam como será o nosso processo de envelhecimento. Gênero, cultura determinantes econômicos, sociais, pessoais, comportamentais, ambiente físico e serviços sociais e de saúde influenciam de modo significativo o nosso envelhecer. É claro que poderíamos refletir com muitos detalhes sobre cada um dos pilares e também sobre os determinantes descritos pela OMS, porém a partir de agora lhe convidados a refletir um pouco mais sobre o segundo pilar: Aprendizagem ao longo da vida. Há um tempo específico para começar e parar de aprender? Existe um modo correto de adquirir novos aprendizados? O que significa aprender algo? Essas podem ser questões passíveis de discussão entre diferentes educadores, mas um educador em específico nos deixou algumas possibilidades de respostas. No mês de setembro de 2021 haverá a comemoração ao centenário do nascimento do educador e filósofo Paulo Freire, considerado como Patrono da Educação Brasileira. Para Freire a aprendizagem não ocorre através de um padrão estabelecido, rígido e impossibilitado de mudanças, muito menos, existe tempo específico para a conquista de novos aprendizados. Paulo Freire propôs o conceito de “inacabamento humano” no qual compreende-se que o ser humano está em constante construção e isso permite que sempre haja a possibilidade de adquirir novos conhecimentos, seja em contexto formal como do ambiente escolar, seja em contexto informal como nas trocas entre pessoas de diferentes gerações, por exemplo. Além disso, o educador descreveu o Processo de Conscientização e Diálogo, através do qual todos são capazes de contribuir com a educação uns dos outros ao mesmo tempo em que buscam por novos conhecimentos como forma de tornar-se mais humanizado.

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