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ele o sentido do seu trabalho tão inexplicável a qualquer observação humana? E mantinha. De alguma forma trabalhava no mérito da coisa e talvez pouco se importasse se aconteceria mesmo ou não a oportunidade da sua utilização. Trabalhava porque era isto que lhe pedia o coração. Assim como o trabalho de Noé, a preparação para a vida, ou para aquilo que chamamos de “vitórias” é sempre longa, árdua, exigente e dolorosa. Quantas vezes não sofremos aquela ansiedade para vestir a camisa, entrar em campo e começar logo esse jogo? Quantas vezes não nos damos conta da necessidade de continuar a nos preparar sempre mais e mais, ainda que o tal “grande jogo” nunca venha a ser jogado? Mas não é bem assim. Apesar do foco colocado cada vez mais na preparação, também o jogo já vai sendo jogado e muitas tarefas importantes vão ficando a nosso cargo. Tudo isso acontece, porém, em outro nível da realidade. Não naquele nível social conhecido onde a luta pela vida acontece sem a menor equanimidade. Mas num nível interno, íntimo, que corresponde a um processo cósmico superior, complexo, e que de um jeito ou de outro nos faz sentir essa consciência. Noé não se importava com as facilidades mundanas. Ele sabia que o seu trabalho um dia renderia. E assim Deus pagou a sua promessa. Agora vivemos uma crise que ainda pode se complicar. Ou arrefecer para depois retornar. Mas todos sabemos que do jeito que estão, as coisas não podem ficar. E assim não podemos perder a consciência de continuar nos preparando. Para o que der e vier.
magazine 60+ #27 - Setembro/2021 - pág.16