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Malu Alencar 49 e

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A passividade do sentir e o seu caráter revelativo e ocultante

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Sonia Fernandez

A imprensa vai deixar o corona vírus descansar neste Carnaval. Quem quiser provar da Ômicron vai poder se sentir livre leve e solto. O pobre povo ucraniano é que vai estar na tela, massacrado pelos horrores putianos e o cinismo ocidental. Refeições indigestas nos esperam, mas o que seremos capazes de revelar e ocultar de nós mesmos frente a esses acontecimentos observados em tempo real: medo? indiferença? Mais um espetáculo provocado por alguém que quer o mundo para si contrapartilhado com quem acha que já tem o mundo nas mãos. Inevitável lembrar dos oxímoros da ucraniana brasileira Clarice Lispector: “a crueza do mundo era tranquila” “o assassinato era profundo” Sigo pensando o que pode significar um assassinato profundo. Não consigo atinar com a sensação que pode ter gerado essa afirmação. Um assassinato é necessariamente premeditado. Se não seria Xavier matou Orlando. Nunca Xavier assassinou Orlando. Mas um assassinato profundo? De onde vem esse “profundo”? Do assassino? Do leitor? Do morto é que não pode ser. E as mortes profundas que a Ucrânia produzirá nos próximos dias? A população andava tranquila cuidando da vida. Não acreditando em tamanha desfaçatez. Segundo meu afilhado que esteve lá por vinte dias, em julho do ano passado, o povo é alegre, receptivo. Ele, um brasileiro de passagem se enamorou do povo de Kiev e sofre profundamente com o que está acontecendo.

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