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Tony de Sousa 63 e

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Laerte Temple 61 e

Laerte Temple 61 e

Canoa de Garapuvu ganha forma no Hotel Sesc Cacupé - divulgação - Nossa! Ele foi amigo de um índio? - Foi. Mas a canoa que os índios faziam era diferente dessa aqui. Eles usavam um único tronco de árvore. A chamada canoa de um pau só. - E como eles faziam? - Primeiro iam procurar na mata uma arvore grande que fosse adequada. Antigamente aqui em volta havia muita mata com arvores enormes. Então eles escolhiam uma árvore de tronco bem grande. Um tronco que não dava nem para abraçar. Davam preferência para uma árvore chamada guapuruvú. Se não encontrassem guapuruvu iam atrás de outra, chamada jequitibá. Encontrando o jequitibá faziam uma inspeção detalhada. Viam se tinha nós, cicatrizes, fendas, algum sinal de doença, e não encontrando nada, faziam um ritual pedindo a permissão dos espíritos que habitavam aquele local para utilizarem aquela árvore na feitura de uma canoa. E só então davam início ao corte da árvore. Cortavam com machado. Era um trabalho demorado. Depois de derrubada, era descascada, e cortada ao meio. Aí emborcavam a madeira com a parte cortada para baixo sobre uns troncos de árvore e acendiam um fogo embaixo até aquela parte ficar toda escura como um carvão. Desviravam e cavavam a parte queimada da madeira. E assim prosseguiam até que aquele pau tivesse condições de ser levado ao rio para funcionar como canoa. Já essa canoa aqui é uma mistura de canoa para agua do rio com canoa para agua do mar. Eu gostava de ouvir essas explicações do meu avô. Muitos lá na Vila o chamavam de professor. E ele tinha mesmo esse dom de professor para explicar as coisas. Mas essa canoa que ficava ali no alpendre lateral, só era levada para o rio na época das enchentes. O rio que passava lá embaixo, subia até os roçados com as enchentes. Duas ou três pessoas ajudavam a leva-la até a água. Chegando na água alguém que já conhecia o oficio de canoeiro assumia a condução da canoa com o auxílio de uma vara comprida chamada varejão. Quantas vezes atravessei o rio na canoa do meu avô? Perdi a conta. No tempo que o rio Apodi/Mossoró não era poluído. Faz muito tempo.

Memórias de uma casal de velhos Demonstrações afetivas

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Liça Bonfin Psicóloga

Sempre gostei de observar, tanto pessoas como acontecimentos. Desde o fim do meu primeiro casamento até o começo do segundo, ou seja, dos 56 até os 70 anos, passei totalmente sem procuras e sem experiências sentimentais. Não sei se por isso observava tanto os casais mais maduros. Não sei o que me chamava a atenção. Achei que talvez pudesse estar sentindo inveja. Talvez gostasse de ir a um cinema, ou um jantar ou fazer uma caminhada, não exclusivamente com amigas ou sozinha, mas com um homem ao meu lado. As minhas observações foram ficando mais constantes e comecei a sentir que algo me surpreendia e incomodava. Comecei a comparar os casais mais velhos, com os mais jovens e me questionei: por que os jovens andam abraçados e os velhos não? E notei a raridade de ver casais maduros andando de mãos dadas, se beijando ou trocando qualquer tipo de carinho. As vezes via alguns que andavam no máximo de braços dados de um jeito formal e educado. Era raro observar carinho em casal de velhos e era isso que me incomodava e me perguntei o porquê disso acontecer.

Questionei se, por acaso, poderia ser por malícia ou por vergonha de que um toque pudesse significar ou estimular e isso não deveria ser público. Vocês já notaram, que não há jovens que subam uma escada rolante sem se beijarem. É muito engraçado. Parece que já estão condicionados. Mas nunca vi velhos se beijando nem em escada rolante, muito menos em escada comum. Será que acham inadequado mostrar qualquer tipo de sensibilidade e carinho na presença de outras pessoas? Os jovens podem, mas os velhos

magazine 60+ #36 - Julho/2022 - pág.65

Imagem ilustrativa de um casal de idosos de mãos dadas - Divulgação

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