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Liça Bonfin 65 e

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Tony de Sousa 63 e

Tony de Sousa 63 e

Imagem ilustrativa de um casal de idosos de mãos dadas - Divulgação não? Será que o amor acaba com a velhice? Ou a libido desaparece? Por acaso alguém já assistiu um filme onde acontece uma cena sensual entre dois velhos de mais de setenta anos? Faz um ano e meio que eu e meu marido nos mudamos. Estamos agora num condomínio que tem uma área externa muito boa, o que nos possibilita caminhadas gostosas. Durante esse período, sete pessoas falaram conosco, sobre nossa forma de caminhar. Primeiro foram duas adolescentes que falaram que éramos muito fofos; outro casal disse como era gostoso nos observar; outras quatro pessoas, separadamente falaram que era bonito andarmos de mãos dadas. Não conhecíamos nenhuma delas. Nem seus rostos, por causa das máscaras que estávamos todos usando, mas o que chamou a atenção deles, era o fato de estarmos todo tempo de mãos dadas e também, quando sentávamos em algum banco, o fato de rirmos, conversarmos e até trocarmos algum carinho. E aí eu pergunto: em que mundo estamos? Que mundo é esse em que um casal de velhos se abraçar é estranho, ou pelo menos chama a atenção, o que não aconteceria se eles estivessem sentados um do lado do outro, cada um com seu celular, sem trocarem uma palavra sequer. Antes da pandemia, recebemos um convite para participarmos de um programa de televisão que falava sobre diferentes tipos de amor. Estava presente também um psicólogo que ficou logo de início, explicando o significado das duas palavras gregas: ágape e eros: a primeira sendo o amor que representa a amizade e a segunda a sensualidade. Conversando comigo no intervalo do programa, falou que era bonito ver a forma que eu e meu marido nos relacionávamos e terminou seu pensamento dizendo que ele via claramente a manifestação do ágape em nossas vidas. E eu vi que ele era um psicólogo de mais de 40 anos, um estudioso, mas que de velho, ele não entendia nada, ou pelo menos ainda estava preso aos conceitos antigos de que idoso não pode ter libido. Eu então respondi imediatamente, dizendo que nosso relacionamento, tinha ágape e também eros. Que éramos amigos, companheiros, cúmplices, mas também amantes. Por que insistem em fracionar, em dividir a nossa parte afetiva, dizendo o que é próprio ou não para a nossa idade? Nós é que sabemos do que gostamos, o que queremos e do que temos vontade. E, para encerrar, reflito: aos 82 anos não tenho mais idade para me submeter à tabus e quaisquer conceitos retrógrados e preconceituosos. Vivo minha vida fazendo e recebendo carinho e isso é muito bom!

Mensagens Fluir

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Luiz Arnaldo Moncau

Fluir: como é vasta a dimensão desta palavra.

Tudo é um fluir. Crianças fluem pelos jardins, emoções fluem dentro de nós. O tempo flui, materiais fluem gerando obras, flui a vida, fluímos nós. Por que amizades e amores fluem e de repente deixam de fluir? Por que alguns ambientes fluem, permitem que fluamos em seu seio, permitem que fluam projetos, ideias, realizações, relacionamentos? E por que outros ambientes impedem esta fluidez, estancam nossa vida, travam nossos sonhos? Escrevo. Fluem pensamentos e palavras. Flui algo dentro de mim que grita e luta para se transformar em realidade. Como é grande o tanto que julgamos ser e poder, o que sentimos e achamos. No entanto, como é pouco o que conseguimos fluir sob a forma de ações e realizações. Nossa angústia é a pressão de sensações, desejos, sonhos e indignações que não conseguem fluir. Pois não somos o que sentimos ou pensamos, somos apenas o que fluímos. Ovos lançados ao alto se estatelam ao encontrar o chão. E’ um fluxo previsível e inevitável. Por que arremessamos ovos esperando que não se quebrem? Por que esperamos resultados de sementes que não lançamos, que não fluíram? Qual canário em uma gaiola, seu trinado é o lamento de voos que não fluíram. E ao trinado do canário se junta o nosso lamento, pela felicidade, sonhos, emoções e desejos, prisioneiros de uma gaiola cuja porta está aberta, e da qual tememos sair pelo simples medo de voar.

Por que impedimos que nossa grandeza flua e ilumine as coisas ao nosso derredor? Precisamos escancarar as janelas de nosso ser, deixando fluir com toda intensidade o nosso valor, o nosso espírito indomado, a nossa luta, os sentimentos de amor e de conquista que se agitam dentro de nós.

Precisamos sair, nos livrar da angústia e voar nossos sonhos. Precisamos fluir, antes que a gaiola se feche e a vida se apague.

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