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Selma Bethânia Aceitação 7 e

Foto: Arquivo mesmo porque a gente foge do padrão dito “normal”. As pessoas esquecem que ser diferente não é ser pior ou melhor que ninguém, é ser apenas diferente, simples assim. Muita gente tem uma vida diferente do modelo comum, conforme a sociedade, e é marginalizada, sofre com o isolamento e a discriminação, perde seus direitos, perde sua auto estima. Nesse mundo que a gente vive, tão desigual, onde alguns tem mais chances do que outros, precisamos ter acesso a dignidade, nessa luta frenética e incansável para que nossos direitos sejam respeitados, se torna ainda mais necessária essa aceitação, para nos munir de todas qualidades necessárias que essa luta exige. Quando passamos por conflitos internos, já é difícil se aceitar, com uma deficiência, se torna mais difícil ainda, e como o mundo está hoje, com todas as mudanças, fica ainda mais urgente e preciso que nos aceitemos, porque só mudando o mundo interno é que conseguimos mudar o mundo externo. Eu sei o peso que é não se sentir aceito, e o estrago que isso provoca em nós, por isso nesse processo, não lute contra você, ame sua deficiência, suas dificuldades, sei também que isso exige coragem e amor. Seja vc, acredite que sua deficiência não te define, só te faz diferente, e isso nunca será um problema. Se reconheça como capaz, e assim o mundo te enxergará.

Deficiência descomplicada Capacitismo

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um preconceito velado e marcante

Maryana Moraes Psicóloga Clínica

Antes de explicar o significado exato desse termo, eu gostaria de contar uma história curtinha lá dos meus tempos de escola, em meados dos anos 90. Eu devia estar na primeira ou segunda série do ensino fundamental. A nossa professora estava de licença e veio uma professora substituta. Nesse dia específico havia uma atividade de colagem e nós precisávamos recortar algumas figuras. Eu tenho agenesia do antebraço direito, uma condição de má-formação, que me fez nascer sem o antebraço e a mão direita. A professora oficial sabia que eu conseguia usar uma tesoura. Mas, a substituta não. E ela fez toda a atividade daquele dia pra mim. Resultado: eu me lembro de ter achado engraçado, mas ao mesmo tempo, de não ter coragem de falar pra ela me deixar fazer a tarefa, pois não a culpava por ter pensado que eu não conseguiria. Naquela época, com 7 anos, eu já sabia que muitas pessoas esperavam menos de mim por causa da minha deficiência. Eu já conhecia o capacitismo. O meu objetivo ao contar essa história é explicar que Capacitismo é a discriminação por motivo da condição de deficiência. É também o preconceito que envolve o julgamento da capacidade e da aptidão de alguns seres humanos, em virtude da sua condição de deficiência. É um conceito que está associado à ideia de padrão corporal perfeito. Na visão capacitista (que vamos combinar, é a presente na sociedade) a ausência de qualquer deficiência é vista como o normal, e pessoas com alguma deficiência são entendidas como exceções, como pessoas que não seriam capazes de exercer uma profissão e se manter no mercado de trabalho, que não socializam com freqüência, que não têm vida sexual, que não podem se casar ou ter filhos.

Revista Livre Acesso #1 - Setembro/2021 - pág.9

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