#10ANOSVISIBLES: Consciência Negra é nosso Legado

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10 ANOS CONSTRUINDO LIDERANÇA manosvisibles

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A Equipe Manos Visibles Paula Moreno, Fundadora e Presidente Diana Restrepo, Vice-presidente Yoanna Melo, Gerente Geral Ana Isabel Vargas, Gerente Sênior Técnica Andreíza Anaya, Diretora de Comunicações Katheryne Hernández, Responsável Técnica Darwin Perea, Responsável Técnico Giuliana Brayan, Coordenadora Técnica Valentina Poveda, Coordenadora Técnica Valeria Brayan, Coordenadora Técnica Álvaro Arroyo, Coordinador Buenaventura María Inés Requeneth, Coordinadora Tumaco Mayra Maturana, Coordenadora Quibdó Julián Velandia, Gerente de Comunidade Carlos Ortiz, Coordenador Administrativo e Jurídico Felipe Viveros, Assessor jurídico Felipe Quintero, Web Master e Assessor TI Francisco Amar, Assessor Sistemas de Informação Juan Felipe Gómez, Contador Martha Lasso, Revisora Fiscal Leidy Alfonso, Assistente Geral Yaneth Ruge, Serviços Gerais

Diretoria e Assembleia Bart Van Hoof (D principal) Diana María Restrepo (D principal) Héctor Hernán Vásquez Ocoró (AGA principal) Ismenia Benítez (D e AGA principal) José Domingo Bernal (AGA principal) Lucía Asué Mbomío (D principal) Paula Moreno Zapata (D e AGA principal) Yezid Viveros (AGA principal)

Escritor das memórias 7 anos e 10 anos: Enrique Patiño Equipe editorial Manos Visibles: Giuliana Brayan, Katheryne Hernández and Paula Moreno Editor: Carlos Hugo Jiménez E. Tradução e revisão ao português: Daniel Rumana. Tradutor, editor e professor de idiomas. https://portalrumana.com Desenho: Felipe Quintero Fotografias: El Murcy (Membro da rede de líderes do Manos Visibles), Enrique Patiño, Julián Gallo e arquivo do Manos Visibles


Dedicatória Às comunidades da periferia dessa profunda Colômbia, tantas vezes esquecida, obrigado por compartilhar conosco seu poder. Aos doadores, parceiros e tutores, obrigado por fazer deste processo parte de seu projeto de vida e acreditar em nós, não apesar, senão a partir das diferenças que nos unem. Aos líderes e comunidades da diáspora africana, que têm sido inspiração e um espelho permanente de um processo global.


ÍNDICE 2 Dez figuras para entender nosso impacto, onde

estamos? e quem tem acompanhado este caminho? 6 Fazendo das periferias o centro 8 Dez palavras que definem os 12 Dez anos de incidência e projeção 13 Nossos programas 33 Histórias de transformação 56 Novos futuros, novas lideranças, novas transformações 58 Nosso desafio: liderar o inadiável 59 A importância de sonhar e visualizar o que queremos 63 Titulares de nossa memória

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IMPACTO DO MANOS VISIBLES EM 10 ANOS

+6.500 +70

Líderes formados

Organizações criadas e fortalecidas

+70 +150

Intervenções feitas

Tutores de alto nível vinculados aos programas

+100

Parceiros no setor privado, acadêmico e de cooperação internacional

+3.000

Futuros graduados do ensino médio nivelados e treinados na região 2


ONDE ESTAMOS? Caribe: Bolívar Pacífico: Valle del Cauca Chocó Nariño Cauca Bogotá D.C: Bogotá Antioquia: Medellín Caquetá: Florencia Caldas: La Dorada Risaralda: Pereira

PAÍSES DA DIÁSPORA AFRICANA Brasil Espanha Estados Unidos Gana Moçambique

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NOSSOS SÓCIOS ESTRATÉGICOS Banco da República Fulbright (Colômbia) Fundação Universidade Jorge Tadeo Lozano de Bogotá Instituto de Estudos Interculturais Universidade Javeriana Cali Librería Nacional MIT Colab (Estados Unidos) SATENA Universidade Autônoma de Occidente Universidade de Los Andes Universidade EAFIT Universidade ICESI Villalón Produções

NOSSOS DOADORES AECID (Cooperação Espanhola) Arroz Blanquita AVINA BBVA BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina CELSIA CORDAID Departamento de Estado dos Estados Unidos NED - National Endowment for Democracy OIM - Organização Internacional para as Migrações Open Society Foundations ESAP Embaixada dos Países Baixos na Colômbia Fundo Coreano para a redução da Pobreza - KRP Fundação FORD Fundação Suramericana Fundação John Ramírez Moreno Halloran Philanthropies USAID

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DOADORES INDIVIDUAIS Bart Van Hoof Daniel Gonzales Hernán Bravo Johanna Peters Paula Moreno Salomón Vaie Susana Edjang Tobías Olmos


“He made the act of assuming personal responsibility for alleviating social harm ordinary, habitual and irresistible.� Toni Morrison’s tribute to Dr. Martin Luther King, Jr 5


FAZENDO DAS PERIFERIAS O CENTRO À luz dos anos, uma década sempre será pouco. Entretanto, Manos Visibles tem deixado já em seus primeiros dez anos, uma pegada crucial nas gerações de hoje, no Pacífico e em outras regiões excluídas. Sua marca mais significativa radica em que muitas pessoas da periferia entenderam que os líderes não deveriam ser outros, mas eles mesmos. Nesse processo, também compreenderam que uma liderança assumida desde a vocação, a decisão e com a intenção de construir, não consiste somente em ter poder; pelo contrário, isso se deve assumir desde uma autoridade ética e moral, igual que com uma estratégia eficiente destinada ao bem-estar das comunidades. Nestes dez anos ficou em evidência algo mais: que as possibilidades de acessar o poder são possíveis, porém que é necessário se preparar para assumir uma transição desde a resistência para chegar à transcendência. Essa substancial mudança de paradigmas, tem marcado uma década na qual se desenvolveram exercícios de inclusão eficiente que levaram a uma liderança de transição. Isso quer dizer que foi aberta a oportunidade de aprender a conquistar e ocupar espaços de poder, mas ainda fica pendente avaliar o que essas lideranças fizeram com o poder alcançado: se de fato, foram valorizados por suas comunidades, foi exercido com ética ou conseguiram fazer algo com ele. Muitos casos nos mostram que é válido a aprendizagem se olhamos a médio e longo prazo, porém isso também nos obriga a pensar na possibilidade de novos futuros, ainda mais específicos, nas transformações que esperamos. Os tempos mudaram significativamente e continuarão mudando. Manos Visibles chega a uma década em um momento de transição para o mundo, no que as realidades indiscutíveis começaram a desmoronar devido ao impacto de um vírus global. A pandemia tem mostrado, com nitidez, as desigualdades existentes que não pareciam importar para ninguém, acentuando as vulnerabilidades a ponto de nos forçar a todos a repensar novos modelos de desenvolvimento para não empobrecer e ampliar as brechas, que já eram amplas. Nesses momentos de transição a um novo modelo, todas as formas de inovação e as novas lideranças terão uma oportunidade de criar novas estruturas. Nesse espaço e retomando reflexões da Nobel estadunidense Tony Morrison, “o futuro será definido por aqueles que foram pressionados em direção às margens, aqueles que foram deixados de lado como se tratasse de excessos irrelevantes, almas que ainda hoje são concebidas como infelizes e marginais”. A história os tem visto assim até agora, porém as mudanças são irreversíveis, e acontecerão. Estamos ainda longe de que as periferias sejam o centro ou de que os problemas estruturais sejam solucionados. Ainda a liderança está aprendendo a exercer o poder. A história tem demostrado infinitas vezes: nenhuma estrutura antiga tem permanecido incólume e nenhum império tem dominado sem fim. Porém as vozes que se elevam e fazem ser escutadas, cedo ou tarde, modificam a história. E está chegando seu momento. Nesta crise existencial global, onde se somam a sustentabilidade ambiental e cultural, temas como equidade 6


racial e sociedade civil estão já em crise. Os cenários do futuro parecem se apresentar em dois sentidos: pode-se passar a um momento de maior relevância ou a um de maior exclusão. Perante estes dois caminhos, a aposta da Manos Visibles pela liderança e transformação das comunidades à margem, se torna mais crítica. Justo neste momento de incerteza, são de mais importância as perguntas: “Poder? Para que? Em e desde onde? De quem?”. Ter visão para se antecipar e criar novas noções de poder e uma liderança mais eficiente é nossa tarefa, bem como ser capazes de canalizar o descontentamento, a exclusão e a frustração para com um poder e lideranças com visão e para a reconstrução de tantos problemas antigos que não temos conseguido resolver. Manos Visibles trabalhou durante sua primeira década em gerar liderança, transformar vidas e modificar as dinâmicas excludentes do poder. Daqui em diante, trabalhará para crescer em voz, agenciamento e representação, sempre pensando no futuro do país, já não só para as regiões, mas desde e com esses outros Pacíficos da geografia nacional que modificarão os modelos que estão colapsando para erguer outros novos.

o futuro será definido por aqueles que foram pressionados em direção às margens, aqueles que foram deixados de lado como se tratasse de excessos irrelevantes, almas que ainda hoje são concebidas como infelizes e marginais”.

Será feito desde a resiliência, com uma visão própria e com suas capacidades de conexão, incidência e execução. O desafio é grande, mas nosso compromisso é ainda maior.

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10 PALAVRAS QUE NOS DEFINEM LIDERANÇA

Um líder é o ponto de apoio que alavanca as mudanças de uma sociedade. Construir liderança implica ampliar o conhecimento, as ferramentas e as possibilidades para que mais pessoas movam o mundo e deem os passos necessários para transformar seu entorno de maneira positiva. Um líder estende a mano e guia. Um líder acredita no poder dos demais e no poder coletivo. A liderança tem sido a maior aposta da Manos Visibles

PODER

O poder é a capacidade de gerar transformações e mover as ações. Quando um líder gana em poder, ganha também em incidência para transformar o entorno e sua comunidade. O poder humano, diferente ao da natureza, surge da reflexão sobre o bem estar comum e tem uma finalidade: servir aos outros para que os membros de sua comunidade evoluam. O fato de que o poder se transfigure e gere inequidade ou exclusão, obriga a reinventálo desde a liderança. Poder é o que as regiões da periferia têm ganho nestes últimos dez anos.

A forma mais comum em que as pessoas entregam o poder que têm é pensar que não têm nenhum. Alice Walker Jr

No fundo, liderar é servir. É atender as necessidades de um grupo de pessoas, garantir sua segurança e dar o apoio que precisam para crescer. Um verdadeiro líder transcende os interesses individuais —sejam políticos ou pessoais— e dá prioridade aos seres humanos sob seu cuidado. Mata Amina

TRANSFORMAÇÃO

Sinônimo de mudança, a transformação é o desafio de tomar os elementos que temos em mãos para fazer com eles algo novo. Não há elemento da natureza que não se transforme em seu processo de crescimento: as sementes são fazem árvores, os continentes em geografias mutáveis, as moléculas em elementos químicos. As transformações geram rupturas com moldes prévios, mas são necessárias para a evolução. Os líderes transformam realidades.

As mudanças não virão se esperamos que seja feita por outros ou em outro momento. Somos aqueles que temos estado esperando. Somos a mudança que procuramos. Barack Obama 8

é a ausência de conflito. Se é concebida a paz como PAZ Aumpazconceito plasmado ao território e a sua realidade diária,

falar de paz no Pacífico, uma região que concentra 125 municípios críticos para o pós-conflito é falar de um tema que muitos ainda desconhecem e que para seus habitantes lhes resulta mais simbólico que real. Uma paz que não conta com os territórios ou com as lideranças locais é uma paz excludente. Nesta região, açoitada pela ilegalidade e esquecimento histórico do Estado, a paz é um tema estrutural de fundo. Portanto, deve surgir como uma aposta dos cidadãos ativos, atores para a paz territorial, que abordem de forma clara ao governo e à cooperação internacional, as linhas prioritárias para construir estratégias locais para alcançá-la.

A paz verdadeira não é meramente a ausência de tensão, é a presença de justiça. Martin Luther King Jr


O povo não se rende, não!

Movimento da Greve Cívica Pacífico 2017

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resistência é uma força que se opõe a outra RESISTÊNCIA Adominante. Quando a resistência é suficientemente grande, se converte em um poder transformador porque obriga a mudar as dinâmicas. Nos circuitos eletrônicos, a resistência é o elemento intercalado nos circuitos que modifica a passagem da corrente ou gera calor. A resistência das populações excluídas é a oposição à dinâmica que as exclui. Manos Visibles apoia a resistência desde a liderança e desde a educação como um motor de mudança, a partir do conhecimento e do empoderamento.

Povo resista, povo resista, povo resista porque nosso canto ainda existe. Ensamble Pacífico

TRANSCEDÊNCIA

O poder desta palavra radica em que não se limita ao plano cotidiano, mas que fala das capacidades de cada ser para incidir em seu entorno, família, comunidade, território e além disso, para cumprir com uma missão vital e coletiva de transformação. Uma liderança que transcende é igual a uma memória que não se esquece: marca, deixa pegada, incide nas emoções e fala da grandeza do espírito. Edgard Gouveia, membro da Afroinnova, definiu que “a grande tarefa da afrodescendência em sua agenda de futuro é passar do poder da resistência ao poder da transcendência”. Manos Visibles aposta por líderes que deem esse passo, deixem pegada e transcendam.

Quando Martin Luther King Jr disse “Eu tenho um sonho”, ele não estava jogando, ele quis dizer isso. Quando ele imaginou, ele visualizou, ele criou em sua própria mente e começou a ser. Devemos sonhar também.

Toni Morrison

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rede é um tecido organizado. Bem como uma REDE Uma teia é um emaranhado de fios destinados a um fim de sobrevivência, uma rede digital, de rodovias ou telefônica é um conjunto de elementos que se interconectam para um propósito maior. Quando não há essa conexão e não existem ecossistemas que a permitam, as populações ficam desconectadas, perdem poder e se restringe o impacto transformador de seus líderes. A rede é a conexão que permite as mudanças e o fluxo de novas ideias. Em um ecossistema sólido, ou comunidade relacionada entre si, essa rede é possível e é energia vital.

INa Colômbia, a cultura é a infraestrutura espiritual e emocional do país; essa infraestrutura que conecta as lembranças e as expressões, capaz de unir ou acentuar as diferenças, bem como de pôr em valor os sentidos e significados divididos. Paula Moreno

CULTURE

Tudo o que constitui a uma população é parte de sua cultura. Tanto a material e imaterial, e vai desde seus cantos e bailes, suas medicinas ancestrais ou seus instrumentos musicais até a forma em que se expressa, sua diversidade ou as construções que há em seu território. No caso de territórios como o Pacífico, a cultura é uma riqueza. E é com a riqueza de cada população que os líderes devem trabalhar para fortalecer suas redes e ampliar os ecossistemas, gerar resistência, ganhar poder e transcender. A cultura é o capital de nossa transformação.

As pessoas não têm uma referência a priori. O que nos dá essa referência é a cultura. Lázaro Ramos


VISÃO

A última palavra olha para o futuro. Alguém com visão pode prever o melhor cenário possível que está por vir. Ver as coisas de uma nova perspectiva significa que é possível vê-las de outro ângulo graças a uma mudança na ótica. A Manos Visibles optou por empoderar suas lideranças a partir do compromisso com as regiões para que surjam novas possibilidades, tanto nelas como do próprio país. Segundo os usuários das redes sociais que definiram o Manos Visibles em uma palavra, a visão da corporação anda de mãos dadas com sua capacidade de “empoderar” e gerar “oportunidades”, “torná-las visíveis” e conectá-las a partir do “amor” pela sua história e território. Todos eles, palavras de uma nova visão de liderança..

A educação é nosso passaporte para o futuro. O amanhã pertence àqueles que estão se preparando para isso hoje.

Malcolm X

EDUCAÇÃO

O poder se desenvolve quando você recebe as ferramentas para aprender como gerenciá-lo. A liderança se aprende quando se mudam os imaginários da exclusão e se entende que a inclusão e uma nova narrativa da história são possíveis. As oportunidades surgem quando a educação é fortalecida. As redes se constroem quando, a partir da educação, se apura o cooperativismo e se nutre o poder coletivo. A educação não é um acúmulo de conhecimento, mas um poder em si. Tê-la é contar com a possibilidade de transformar.

A capacidade de cada um de apropriar-se do futuro, inventar suas próprias teleologias, organizar seus próprios valores e encontrar um equilíbrio harmonioso entre as diferentes dimensões da existência. Felwine Saar 11


10 ANOS DE INCIDÊNCIA E PROJEÇÃO Como a realidade é transformada? Cerca de 2.250 anos atrás, Arquimedes postulou em uma afirmação que a melhor maneira de conseguir isso era ter um ponto de apoio para mover o mundo. Seu postulado, embora decisivo na física, não se limitou apenas às equações matemáticas. Um ponto de apoio fazia referência a qualquer fator que alavancasse um processo ou a qualquer líder que permitisse a movimentação de estruturas sólidas e tradicionais. Manos Visibles serviu como ponto de apoio e acreditou, há uma década, no poder de alavancar outros líderes para se tornarem pontos de apoio. Muitas forças unidas podem mais do que apenas uma. Manos Visibles também se tornou um motor dinâmico de mudança quando começou a implementar programas que engajaram novas lideranças. Estas, por sua vez, permitiram que novas peças fossem movidas e criaram uma nova dinâmica regional. O sistema de transmissão circular das engrenagens, que segue os preceitos de Newton, possui uma peculiaridade maravilhosa: tudo se encaixa, complementa e transmite movimento. Se uma peça se move, todas se movem. E todos eles servem a um propósito maior. Em um dos países mais desiguais do mundo, e com a clara intenção de reverter essa realidade excludente, esses dois princípios físicos serviram de base para que Manos Visibles passasse a viabilizar a aposta de sua fundadora, Paula Moreno: servir de ponto de apoio para fortalecer a liderança, envolver novos ecossistemas de transformação e, graças a essas dinâmicas, gerar um movimento que permitisse o surgimento de novas narrativas e o fortalecimento de capacidades existentes. Em janeiro de 2011, o ideal de conseguir mudanças nas estruturas mentais, sociais e institucionais na Colômbia começou com o programa Gestão do Desenvolvimento para Líderes Afro-colombianos, em Cartagena e no norte de Bolívar. Dez anos depois, o modelo, destacado pelo Fórum Econômico Mundial em 2018 e o Prêmio Global de Justiça em 2019 são mais do que nunca um ponto de apoio para forjar uma sociedade mais engajada na justiça e na igualdade de oportunidades.

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NOSSOS PROGRAMAS Por uma década, Manos Visibles entregou programas de liderança que enfatizam a passagem da resistência à transcendência. Em cada oficina e sala de aula, o poder da educação para alcançar o desenvolvimento e a paz foi discutido, uma nova visão da região foi gerada e redes humanas foram estabelecidas com o desejo de transformar a realidade. Esses programas têm sido regidos por palavras que, como sombrinhas, abrangem grandes conceitos: ensinam a governar, inovar, criar desenvolvimento, ser mulher, conectar e narrar. Há uma razão poderosa para cada um desses verbos sombrinhas: todos estão ligados à transformação humana mais profunda. Governar, para Manos Visibles é mais do que exercer o poder, assim como inovar é mais do que reconverter a realidade desde a criatividade. Tem como transfundo, estabelecer uma forma mais positiva de se relacionar coletivamente, deixando para trás o modelo vigente que gera a exclusão. Conectar-se e narrar, além de ser mulher, é uma reafirmação das conexões humanas naturais e uma reconexão com o que é essencial. Reconectar a nós mesmos e capacitar talentos para redefinir o poder é o objetivo final que define os programas Manos Visibles.

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GOVERNAR

1 Poder Pacífico (Poder Pacífico). Pelo próprio nome, o programa

revelava seu propósito e compromisso: Poder, como verbo, significava a capacidade de atingir uma meta, mas também a influência para incidir no comportamento das pessoas e instituições. Poder Pacífico referia-se ao local onde era necessário alterar as relações de poder até então estabelecidas. Com essa filosofia subjacente nasceu este programa icónico, carregado de simbologia, desenhado para alterar os códigos não escritos que permitem, entre outros, que certos dirigentes entrem em espaços de poder e outros não, ou que se mantenha o domínio de certas elites sobre outras. com base na origem, local de estudo ou nível de ensino superior. Poder Pacífico decidiu abrir uma porta importante para os líderes do Pacífico para que a disparidade fosse revertida de um mestrado destinado a fortalecer e dar ferramentas aos líderes da região. A decisão de formar elites regionais e nacionais fora do centro do poder implicava o entendimento de que novas relações só seriam possíveis se começassem com a auto inclusão. Ou seja, que cada líder entendesse que não havia espaços proibidos e que era importante entender que um “nós” poderia fazer parte da agenda de poder, ao invés do predominante “eles”. As universidades parceiras Icesi e EAFIT tornaram-se os ecossistemas que possibilitaram essa transformação no Pacífico, quando se tratou de preencher as lacunas dos programas de pós-graduação existentes e abrir novas possibilidades para profissionais da região, primeiro em um Governo e Políticas Públicas e depois Governo e Construção de Paz. Com o componente Pacífico em mente, o mestrado ajudou a mobilidade dos líderes de base. Muitos deles já alcançaram altos cargos públicos como assessores ou em espaços de incidência, dentro e fora do país. A articulação das universidades que apoiaram o Poder Pacífico continua construindo a região. EAFIT faz isso por meio de sua contribuição para planos de desenvolvimento em departamentos como Chocó; Icesi, através de sua análise e processamento de dados, que tem apoiado processos como a greve cívica em Buenaventura de sua Faculdade de Ciências Políticas, assim como a Universidade de Los Andes. O Poder Pacífico se formou em duas turmas pela Universidade Icesi e pela Universidade EAFIT. Os formados hoje formam uma rede com mais de 130 lideranças formadas nos programas de mestrado em Governo. No entanto, a grande conquista é que permitiu vários dos códigos sociais não escritos de exclusão e alcançar o que o nome do programa propunha: que o poder seja, e será, Pacífico.

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2.Escola de Alto Governo Poder Pacífico. O poder precisava

ser conquistado para ser exercido. No entanto, para reduzir a lacuna no Pacífico, não bastava vencê-la e conquistar influência política. Também era urgente mudar as relações de poder. Nesse processo de abertura de espaços, surgiu uma necessidade maior: formar lideranças sociais, públicas e privadas em governança. O Pacífico, onde a vida brota com vitalidade e a biodiversidade é tão variada quanto sua cultura, ainda precisava plantar essa semente. Manos Visibles entendeu que o poder não era apenas uma conquista individual de líderes lutando por conta própria, mas um somatório de elos, uma rede entrelaçada, vasos comunicantes nos quais experiências são trocadas e ideias são confrontadas para construir uma liderança interconectada, propositiva e estratégica. O grande número de inscrições para o mestrado da Poder Pacífico deixou claro que uma escola era necessária para líderes que desejassem obter bases técnicas no que se refere a compreender a linguagem política e realizar transformações. A iniciativa centrou-se na formação de alunos e, ao mesmo tempo, convidando-os a trocar experiências para desenvolver capacidades em matéria de governo, gestão, políticas públicas e liderança, convidando-os a confrontar as suas ideias e iniciativas com os melhores especialistas de alto nível. Realizado em diversas ocasiões nos quatro pontos nodais estratégicos da região, Cali (que cobria o Norte do Cauca) Buenaventura, Tumaco e Quibdó, gerou um impacto crucial na região, atingindo aproximadamente 400 participantes. Ali, por exemplo, foi criado o Comitê da Greve Cívica. Daí surgiram processos conduzidos pela Pastoral Social, iniciativas vinculadas a processos rurais ou lideranças cidadãs e, sobretudo, relações em todos os setores, que continuam se interligando para além da própria Escola. Seus participantes entenderam a importância de ter um papel cívico, passaram da reclamação a entender os esquemas de governança para saber como se mover no jogo político e, acima de tudo, aprenderam a jogar com ferramentas de incidência.

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Em resposta a essa rigidez prevalecente, a inovação foi uma lufada de ar fresco. Manos Visibles estava ciente de que, em uma democracia, a participação do cidadão deve estabelecer novas alternativas de diálogo. Somente assim as pessoas participariam da tomada de decisões. Portanto, a aposta foi criar novos mecanismos para melhorar as relações de poder e apostar no inclusivo e social. Em 2015 nasceu o Laboratório de Inovação Política para a Paz, que contou com o apoio da Cooperação Espanhola na Colômbia. Sua abordagem prática foi fortalecer os candidatos masculinos e femininos que participam das eleições regionais de outubro. de 2015 para que tivessem um melhor conhecimento da gestão pública e novas formas de intervenção na política. Fernando Cepeda Ulloa definiu-o como um passo “da intenção à tentativa” e, pelo mesmo motivo, como um exercício tático e político em que vários tutores especializados começaram a exercer uma liderança prática para dizer aos candidatos como fazer política a partir da ética e identidade de cada um, e como gerar uma mensagem a partir de propostas individuais. Cada participante entendeu que, caso vencesse, deveria ter uma agenda política definida, a favor das pessoas que o elegeram, e que deveria se considerar um líder com conhecimento em aspectos como economia para não ficar à margem. O programa ganhou relevância ao revelar como as políticas atuais ainda não enfrentam a fragilidade institucional histórica dos territórios e como, para frear o ciclo de desigualdades e gerar dinâmicas de paz, a inovação política é fundamental. Uma das premissas do programa era que os candidatos e as candidatas tivessem um relacionamento mais próximo com as pessoas e que suas propostas fossem inclusivas, melhorassem a qualidade de vida das comunidades e transformassem a realidade da região. Assim foi: o Laboratório de Inovação Política pela Paz fortaleceu as capacidades de uma massa crítica de líderes políticos para começar a fazer grandes mudanças em suas comunidades. Isso, por si só, já foi um salto em inovação política: dos 120 participantes, mais de 50% participaram da disputa política e deles, metade ganhou. Bleny Vallecilla foi a única mulher vereadora e em Quibdó e Istmina, Yessimar Álvarez e Jean Carlo Lemus foram os vereadores mais jovens.

INOVAR

3. Laboratório de Inovação Política para a Paz (LIPP). Não existe laboratório em que não se misture, testes permanentes e ajustes de erros, estudos, aplicação de teorias ou mudanças nas medições para se chegar ao resultado desejado. Quando deixa de ser eficiente, a política também é chamada a se tornar um espaço de criação que permita o nascimento de novas dinâmicas.

Além do mais, poucos ambientes precisam de tanta inovação quanto a política. A contradição surge porque a inovação não costuma estar associada à esfera política em um país em que os costumes e a dinâmica dominante restringiram o papel das instituições, as ações dos líderes e sua relação com os cidadãos a uma visão tradicional, estática e limitadora. 16


4. AFROINNOVA. Sempre que se falava do Pacífico na Colômbia, tratava-se da Ásia. De fato, a Bacia do Pacífico ligava a região a um continente pouco conhecido e com o qual não havia ligação direta, a não ser o comércio pelo porto de Buenaventura. Quando a Cooperação Espanhola decidiu trabalhar junto com Manos Visibles numa proposta de âmbito internacional, o elo mais forte e evidente que surgiu para o Pacífico colombiano foi, a África. A diáspora africana, que na época parecia um mito pela pouca interação direta com os habitantes deste continente, tornou-se um somatório de realidades que se conectavam com o país e deram origem a uma inspiração coletiva para a inovação. A primeira revelação foi uma diáspora tomando ações concretas e poderosas. Manos Visibles catalisou a plataforma de organizações inovadoras e líderes da diáspora africana global para torná-la visível e, por sua vez, capacitar as populações locais africanas e afrodescendentes. A Colômbia precisava de uma visão própria do poder da diáspora e, para isso, era preciso olhar para além de seu território. A pesquisa levou à descoberta de milhares de organizações que trabalham no planeta para o desenvolvimento de sua diáspora e ao mapeamento de pelo menos 1.000 delas, das quais as mais inovadoras e com maior potencial foram selecionadas para o programa Afroinnova. A aposta era gerar inspiração a partir de experiências reais e levar essas experiências a três grandes encontros em Cartagena, Palenque, Quibdó, Medellín e Cali. Foram encontros profundos e transformadores: reconhecer-se com outros iguais que sustentaram as mesmas lutas e desejo de mudar a história, e sentir-se unidos no território colombiano foi comovente para os participantes. Independentemente do idioma ou país de origem dos convidados, as conversas mantiveram a atenção do público. Foram convidados líderes de relevância mundial que realizam processos de equidade racial ou transformação social a partir de seus cargos ou propostas. Todos eles cruzaram o continente para falar com seus pares na Colômbia, determinados a deixar claro que a etnicidade é dinâmica, que as lutas mudaram, assim como a própria diáspora, e que agora as novas discussões incluem iniciativas locais voltadas para a identidade. e para a diferença; que as alianças entre a diáspora são urgentes e enriquecedoras, e que a interação entre seus membros não apenas amplia horizontes, mas também conecta e transforma. Compreender nossa conexão com a África nos permitiu tecer uma rede essencial do componente étnico das populações afro-colombianas e africanas, que hoje se expandiu para além delas, assim como o avanço global que ocorre por meio da equidade.

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5. Escola de Inovação Comunitária. No Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) há um laboratório projetado para trabalhar de forma inovadora com as comunidades marginalizadas. De seu Departamento de Estudos Urbanos, o MIT Colab vinha desenvolvendo inovações em nível territorial em lugares diferentes do mundo, como o Bronx ou o Haiti. Quando Paula Moreno estudou ali, ela pediu aos professores que fizessem um laboratório no Pacífico colombiano para criar conhecimento, apoiar o desenvolvimento da liderança coletiva e construir capacidades para a inovação da comunidade. Em 2014, o projeto foi concluído. A partir daí nasceu a Escola de Inovação Comunitária, um programa que concebe novas lideranças a partir dos saberes tradicionais, da cultura local ou dos sistemas de saber ancestrais, apoiados nas novas tecnologias e vistos na dinâmica de hoje. Desenvolvimento de ideias e protótipos, inovação a partir da reconfiguração do bem-estar existente ou comunitário gerado a partir de novas ideias foram conceitos que se impuseram nos encontros (www.innovacioncomunitaria.com). Uma coisa que o programa deixou claro desde o início: seriam os próprios líderes do Pacífico que co-criariam as estratégias e forneceriam o conhecimento, a experiência e as redes para superar seus próprios desafios. A superação dos problemas da região teve que partir da mesma região, embora com a colaboração determinada da Escola. A presença de tutores de renome internacional e a avaliação do processo levaram à incubação de iniciativas como a Escola de Robótica Chocó ou Puerto Creativo, em Buenaventura, com o apoio do MIT CoLAB. Hoje, a CoLAB conta com coordenadores que participaram desse processo, direcionando seus nodos em Buenaventura e Quibdó, já de forma independente e local acompanhando sua presença no Pacífico colombiano a médio e longo prazo.

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EDUCAR

6. Fundo para Jovens e Construção da Paz. A violência e a

marginalização têm profundas causas sociais, mas também consequências devastadoras para o futuro dos jovens que vivem nas áreas por elas afetadas. A maioria tem grandes dificuldades de acesso ao ensino superior por falta de recursos, discriminação social ou altos índices de violência que restringem e bloqueiam suas opções e que os colocam como suas principais vítimas na América Latina. Mas há muitos, em meio a essa angústia, determinados a mudar sua história. Pensando neles, a Manos Visibles desenvolveu em 2012 uma aliança estratégica para fornecer bolsas de estudos de graduação em Cali e Medellín para jovens líderes de organizações juvenis comunitárias. As bolsas tinham um componente adicional: eram integradas a programas voltados ao desenvolvimento comunitário e à prevenção da violência. A ideia subjacente era mudar o discurso de que nesses espaços violentos todos os profissionais vinham de fora para dar aos jovens o poder de transcender em suas próprias comunidades. Assim, eles conduziriam seus próprios processos. Com o apoio do BBVA e das universidades EAFIT e ICESI, que perceberam a dimensão da sua responsabilidade social, foi iniciado este programa, que continua com o ICESI em Cali. O crescimento foi mútuo. Para as universidades, implicava entender que deveriam ser universais e que a convivência com outras realidades ampliava sua própria perspectiva. A proximidade com a diferença gerou integração social e articulou novos diálogos, além de processos colaborativos que antes não ocorriam. O compromisso com a excelência acadêmica, neste programa, anda de mãos dadas com a formação para transformar o país. O resultado foi a profissionalização de lideranças juvenis comunitárias que hoje entendem algo crucial: o local de nascimento não determina o quão longe eles irão. Esses líderes debatem e constroem conhecimentos a partir de um método científico, e assumiram que têm uma responsabilidade com seu território e com a construção da paz. Cada profissional formado no programa é referência na família, na comunidade e na organização. Cada um deles mudou as narrativas de áreas frequentemente marginalizadas. Hoje, muitos são diretores de teatros ou centros culturais, ocupam cargos em empresas e fundações, e mostram a realidade da mobilidade social por meio da educação.

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professores e das próprias escolas. Assim, ganhariam em excelência acadêmica, mas também em autoestima, empoderamento e apoio da sala de aula. A partir daí, nasceu o programa Educação para a Paz no Pacífico colombiano, Educapazcífico, uma estratégia para potencializar sonhos, que dá aos alunos recursos para transformar sua própria realidade. Também foi uma ferramenta criada para fechar as lacunas sociais e treinar tanto os professores como os jovens da décima e décima primeira série. O objetivo principal de todo esse esforço de base era melhorar seu desempenho nos testes estaduais do Saber, bem como suas habilidades de liderança. As gerações anteriores no Pacífico acreditaram no poder da educação para mudar o curso de suas vidas, e este programa ofereceu uma opção real para tornar a opção educacional um caminho novamente. Os jovens levaram a sério as ferramentas para mudar sua história de iniquidade e falta de oportunidades e aceitaram o desafio. Melhorar a qualidade da educação para os alunos acessarem as universidades aumentou o número de estudantes universitários e, portanto, desencadeou liderança e oportunidades. Além disso, o impulso do programa motivou a criação do Todos Somos Pacífico, linha especial para estudantes do Pacífico em Ser Pilo Paga. Em 2020, no âmbito do COVID 19, a Manos Visibles acompanha as escolas na sua transição para a não presença devido a medidas de isolamento. Também coordenou esforços com o Ministério da Educação Nacional para que o Pacífico não aumentasse a desigualdade educacional devido à falta de acesso à conectividade. Pelo contrário, transformou a crise atual em uma oportunidade de inserir a educação virtual e não presencial como força adicional aos processos em curso.

7. EDUCAPAZCIFICO. Se a transformação acontece por meio da educação e do treinamento de liderança, por que esperar até que os jovens concluam seu processo educacional no ensino médio para começar a fortalecer seus sonhos? Manos Visibles propôs trabalhar com os jovens e com a receptividade natural das escolas para iniciar a transformação social e a liderança desde a base. O principal obstáculo ao acesso ao ensino superior era que os baixos resultados acadêmicos da região do Pacífico impediam a maioria dos alunos de acessar uma universidade. O compromisso da Manos Visibles era incubar dinâmicas de liderança nos jovens para transformar a escola em um ecossistema de transformação, com o apoio de diretores, 20


a qualidade de vida? O resultado foi este programa, com sede em Cartagena e no norte de Bolívar, que inaugurou os programas Manos Visíveis, com um foco claro no empoderamento feminino. Suas histórias tocaram a vida de todos e a contribuição do programa transformou a vida de dezenas dessas mulheres. Durante três anos, um total de 92 líderes afro-colombianas expostas a contextos de vulnerabilidade e membros de organizações da sociedade civil tornaram-se protagonistas de um programa destinado a ter mais influência na tomada de decisões para mudanças em suas comunidades. Era um compromisso com sua formação, que incluía acompanhamento e reforço acadêmico, formação de lideranças e apoio psicossocial para seus projetos de vida, bem como o fortalecimento de suas organizações e ferramentas para que pudessem gerar renda, ter educação financeira e ingressar no mercado de trabalho. Esse processo profundo implicou ir até casas delas, conhecer suas comunidades e romper com o conceito de exclusão da sociedade ou que elas próprias tinham. As oficinas foram realizadas em diversos locais do centro histórico, como a sede do SENA em frente à Prefeitura na Plaza de la Aduana ou no Museu Histórico de Cartagena, lugar de memória da Inquisição. Em uma Cartagena segregada, as mulheres negras reescreveram, em espaços de dor ou exclusão, seu papel e sua história. Com terapias psicológicas, grupo de tutores personalizados, conexão com instituições para vinculá-as ao trabalho e apoio da National Endowment for Democracy (NED) e da Fundação AVINA, além de parceiros como a Fundação Clinton, Colfuturo e agências de cooperação nacionais e internacionais, suas lideranças se consolidaram e as vidas delas se transformaram e, graças também às comunidades delas. Com este programa, Manos Visibles começou a trilhar seu próprio caminho transformador e seria seu único programa no Caribe. Muitos deles também fariam mestrado e participariam de workshops regionais ou de intercâmbio. O Pacífico e o Caribe são a força da etnia na Colômbia e se encontram de forma estratégica e inevitável.

SER MULHER

8. Programa de Treinamento em Gestão de Desenvolvimento para Líderes Afro-colombianas

Na maioria dos territórios do país, as mulheres lideram processos sociais e assumem o papel de líderes. Muitas dessas líderes naturais são afro-colombianas que, no entanto, não têm as ferramentas para ser gestores sociais e gerar resultados mais contundentes que lhes permitam transformar comunidades. Manos Visibles se perguntou: Como permitir que eles participem de espaços de poder para que tivessem impacto e como aumentar seu acesso ao mercado de trabalho para melhorar 21


9. Innovation Girls - Escola de Robótica Chocó

Falar do departamento de Chocó e inovação pode parecer, na opinião da maioria, contraditório. Esse colapso mental, justamente, era o que queria a Escola de Robótica do Chocó, que incubou a ideia em 2016 e iniciou sua operação em 2017, focada na visão de que falar de Chocó e tecnologia era natural e possível. Além disso, havia outro incentivo: deixar claro que o talento das crianças e das mulheres eram apenas um exercício de poder. Ou seja, bastava cultivar suas competências e colocá-las em perspectiva, tanto nacional quanto internacionalmente. Com estas premissas e um forte impulso, a Escola de Robótica conseguiu ocupar lugares de destaque a nível nacional e internacional e já formou, até à data, mais de 1.000 crianças e jovens no Departamento de Chocó. Manos Visibles tem acompanhado as ideias desse talento chocoano por meio de programas como a Escola de Inovação Comunitária com o MIT e o MingaLab. No entanto, não mais é apenas um exercício de acompanhamento. A Escola convidou a corporação a ser parceira no desenvolvimento de uma iniciativa de empoderamento para mulheres jovens em ciência, tecnologia e inovação. Hoje, de suas salas de aula emergem mulheres líderes na incubação de soluções para a comunidade a partir de seus conhecimentos técnicos de programação e de sua formação em liderança. Além disso, esta iniciativa promove especialmente a participação das mulheres com o objetivo de reduzir as lacunas de desigualdade de gênero e facilitar o seu acesso a uma formação de qualidade e, claro, a cargos de gestão nas áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). De junho de 2018 a janeiro de 2020, foram realizadas quatro versões do programa Innovation Girls, que este ano chegará a 100 graduadas, graças às contribuições de doadores individuais.

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GESTIONAR DESENVOLVIMENTO

10. DALE (Desenvolvimento Autônomo - Liderança Eficaz)

Há um momento no programa DALE que muitos consideram o mais difícil de todos: quando cada jovem participante caminha na frente do espelho e gera um diálogo íntimo consigo mesmo. Ali se encara seu próprio reflexo e entende a diferença entre o que se deseja comunicar e o que realmente comunica. Aquele momento em que se coloca diante de si mesmo e diante de um grupo de iguais leva cada participante a compreender que se conquista a estima e se forja a coragem. Surge uma revelação adicional: todos estão em processo de convencimento do poder individual de cada um. Depois do espelho, conscientes de seus pontos fortes e fracos, colaboram para gerar transformações vitais em si e no meio Ambiente. Este trabalho de profunda humanidade contagia cada grupo participante do programa DALE, concebido para que os líderes juvenis desenvolvam seu projeto de vida, adquiram raciocínio crítico, adquiram conhecimentos sobre paz e pós-conflito, aprofundem seus conhecimentos nas questões juvenis e construção da paz, gestão cultural, gestão de projetos, comunicação, gestão e inovação, e despertar para as possibilidades de realização do seu projeto, lado a lado com tutores de alto nível. Eles foram visados por ​​ este programa de liderança eficaz, que surgiu para permitir que aqueles que desenvolveram um conceito e o lançaram vejam a semente que plantaram, florescer e transformá-la em uma possibilidade concreta e sustentável. Com ferramentas práticas e básicas, cada jovem se forma no programa com os elementos para mudar seu próprio ser e realizar seu projeto, além de se inserir em redes de colaboração. DALE, em 2020, formou mais de dez gerações em Cali, Medellín, Quibdó, Buenaventura e Tumaco, e já atingiu mais de 500 jovens. Todos eles ganharam em inovação e liderança. Como o próprio nome do projeto sugere, DALE os impulsionou a seguir adiante.

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11. Mingalab. Sempre pensando que os processos abertos eram concluídos, eram

eficazes e não tinham cabos soltos, a Manos Visibles propôs este laboratório que prestava apoio aos participantes de projetos de inovação ainda em fase de crescimento. Isso significa que esses líderes nas organizações consolidadas que passaram pelo processo de desenvolver conceitos e aterrizar suas ideias, mas ainda precisavam de um impulso definitivo, puderam contar com um real fortalecimento de suas apostas de vida. Foi o que este laboratório de inovação social para a paz e fortalecimento das organizações buscou desde o início: dar um suporte concreto e definitivo para fortalecer iniciativas sólidas. O impacto foi enorme no processo de transformação do Pacífico. Por meio do Mingalab, os participantes puderam aprender com outras experiências e se alimentar delas, e se fortalecer em questões que não dominavam, como o apoio financeiro, o registro de marcas, a elaboração de estatutos ou mesmo a possibilidade de se munir de equipamentos para operar e gerar renda. Desde 2016, a iniciativa impactou mais de 70 organizações no Pacífico colombiano em Quibdó, Tumaco, Buenaventura e Cali. Nesse período, apoiou a comunicação estratégica, as decisões administrativas e programáticas, e fortaleceu as pessoas ligadas ao projeto por meio de sua formação e relacionamento estratégico. Líderes de diferentes cidades se conectaram com líderes da região para entender seu modelo de negócio, quebrando as barreiras da distância para se conectar como uma única região. O Mingalab é, em suma, o espaço de concretização de ideias para que se materializem, incluindo investimento direto em projetos e talentos. A partir daí, ganharam força o projeto Jóvenes Creadoras de Chocó, Pacific Dance, Somos Arte, Tura HipHop, Rede Juvenil de Mulheres Chocoanas, Escola de Robótica Chocó, Esta es Mi Historia, Escola Canalón, entre outros que receberam apoio no Mingalab. O ecossistema de transformação do programa tem sido tão determinante para várias organizações que, já fora da plataforma, várias delas têm se conectado para gerar novas dinâmicas e espaços, além das fronteiras físicas

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12. Escola de Economia Poder Pacífico. No contexto do mundo de hoje, o poder é inconcebível se não levar em conta a dinâmica econômica.

O lado menos romântico do compromisso social parece ser a economia, mas conhecer o sistema que sustenta e gera as grandes decisões, saber obter recursos, gerenciá-los, obter financiamento ou ter as bases conceituais dos atuais jogos econômicos e o papel de entidades e agências governamentais, instituições multilaterais, entre outras, são cruciais para que a transformação social seja possível. Para alcançar mudanças duradouras, todo líder deve compreender a economia. Foi o que afirmou em 2015 Juan Camilo Cárdenas, como reitor da Faculdade de Economia da Universidad de los Andes, ao entender que, das 60 faculdades de economia do país, nenhuma era do Pacífico. O que isso significa? É isto a ausência de economistas na região do Pacífico o que afetava o desenvolvimento da região? Para reverter a lacuna evidente, Cárdenas trabalhou junto com Manos Visibles na implementação de um programa de treinamento, vinculado à Universidade de Los Andes, com o objetivo de desenvolver capacidades e ampliar o conhecimento econômico no Pacífico. Em sua proposta, ele acrescentou bases conceituais, experiências práticas e discussões com especialistas da linha de frente do governo, think tanks e agências multilaterais. A aposta era não só aprender, mas desenvolver nos mais de 150 alunos a capacidade de analisar o Pacífico. Além disso, a proposta básica era que os líderes da região se apropriassem da economia de seu contexto, tivessem acesso a dados para traçar programas e planos de desenvolvimento adequados, ferramentas técnicas para análise e serem críticos com os processos que são realizados. Mas, acima de tudo, que entendam que o Pacífico, com suas peculiaridades, pode dar respostas eficazes aos problemas atuais a partir de suas próprias riquezas. Cultura, propriedade coletiva da terra, biodiversidade ou redes humanas são ativos que podem mudar a economia extrativista para uma economia sustentável. Estabelecer uma estrutura produtiva baseada no potencial econômico da região deu resultados e gerou uma sementeira do Pacífico na Cordilheira dos Andes. Na verdade, em ambas as cerimônias de graduação houve mais presença africana do que nunca nesta universidade, o que também se tornou um teste de inclusão efetiva. Graças à contribuição da Escola, o Pacífico agora pensa no poder a partir de uma dinâmica econômica, e agrega da comunidade para a comunidade. Isso multiplicou o impacto da aposta, a tal ponto que a Universidade de Los Andes configurou uma Agenda do Pacífico que hoje abre as portas para mais de 100 alunos de graduação na região e atua na abertura do processo de mestrado.

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A história do Pacífico é a história de 1.300 kms de costa, habitada por 1,6 milhões de pessoas talentosas, sem as condições para desenvolver e demonstrar o seu enorme potencial; com a população mais jovem do país, com 35,8% da população entre 15 e 34 anos; um território voltado para os mercados asiáticos e o oeste americano, além de estar vinculado ao Chile, Peru e México por meio da Aliança do Pacífico, e à África por sua população afrodescendente. Para aproveitar essa vantagem competitiva, o Pacífico precisa de uma elite gerencial que aproveite essa realidade, parar de esperar por ações do governo central e promover o seu próprio desenvolvimento. O Fundo Potencia Pacífico dará a 200 líderes empreendedores a oportunidade de obter bolsas de pós-graduação em áreas essenciais para o desenvolvimento 2020-2030. O Fundo se concentrará no desenvolvimento de capacidades gerenciais em gestão cultural, comunicação, gestão de desenvolvimento, criação de negócios, entre outros. De forma transversal, promoverá capacidades em economia e tecnologia. A geração Potencia Pacífico se encarregará de sonhar e construir um Pacífico criativo e produtivo, que seja o centro e não a periferia. Promover o talento cultural, a criação de empresa e a agenda de desenvolvimento unem todos os aspectos em um. Daí surgiram os programas de Mestrado em Gestão e Produção Cultural e Audiovisual, bem como o Mestrado em Criação de Empresas e o Mestrado em Práticas de Gestão e Desenvolvimento. Esses três primeiros mestrados, de um Fundo projetado para esta nova década, viu a luz com 130 líderes. Até 2030, deve atingir 200 bolsistas e posicionar o Pacífico como uma potência que transcende o cultural e se torna um exercício de desenvolvimento e crescimento sustentável. Com o apoio da Universidade de Bogotá Jorge Tadeo Lozano, da Universidade ICESI e da Universidade de Los Andes, e as contribuições da Fundação Ford, Fundação Sul-Americana e USAID, é fornecido apoio financeiro a 130 líderes da região com a intenção mudar as narrativas de atraso e isolamento de um poder por meio de seu principal ativo: a cultura.

13. Potencia Pacífico - Mestrado em Gestão e Produção

Cultural e Audiovisual, Gerência do Desenvolvimento e Criação de Empresas Depois de ganhar poder, o que vem a seguir? A reflexão surgiu quase uma década depois de trabalhar para consolidar o Potencia Pacífico e entender que era hora de ir mais longe para continuar desafiando as estruturas impostas nas regiões, repensando o país e construindoo a partir das periferias. Depois de ganhar o poder, ficou claro que precisava ser fortalecido. Essa foi a conclusão da equipe Manos Visibles. Poder, como uma palavra, significa todas as possibilidades que uma opção contém, e tudo que pode ser expandido e transformar-se. Manos Visibles havia entendido ao longo de seu processo anterior que o Pacífico é um poder na cultura, um poder na biodiversidade, um poder na resistência e união da comunidade, bem como um poder na capacidade humana e no alcance de seus líderes. 26

O programa criará uma rede de líderes, especialmente mulheres, que influenciarão o ecossistema das instituições em todos os níveis por meio de seu próprio modelo de desenvolvimento. Este processo pensará em novos futuros e uma agenda de defesa desde, por e para a costa do Pacífico colombiano.


CONNECT

14. Programa de Estágio - Conexão Pacífico. Na cadeia de

transformação por meio da educação e do treinamento de liderança havia um elo crucial: a aprendizagem formal na prática pura. Um incidente não poderia ser gerado se um meio não fosse criado para acessar os espaços de trabalho formais. Foi necessário colocar aquele travessão que faltava para que o caminho para o fortalecimento total das capacidades de liderança para ter sucesso. Manos Visibles tinha isso claro desde os primeiros anos e em 2013 optou pela formação e conexão das lideranças da região do Pacífico, dentro de sua estratégia Potencia Pacífico. Por fim, em 2016 foi lançado o Programa de Estágios - Conexão Pacífico, com o objetivo de fortalecer as capacidades dos líderes da região. Sua abordagem visava a capacitação de líderes por meio da experiência profissional, prática e real. A rede de contactos Manos Visibles permitiu estabelecer conexões e marcar presença em instituições amigas. Esse contato com a realidade expandiu o mundo dos grandes líderes, que até então não tinham acesso a uma alternativa de trabalho. A prevenção inicial das empresas em relação aos profissionais estagiários vindos do Pacífico desabou quando viram a sua capacidade e conhecimento do território. Sua presença nos locais de incidência também gerou novas relações e alterou a dinâmica social pré-estabelecida. Ao tecer essa teia, Manos Visibles conectou oportunidades com capacidades. Além disso, criou novos vínculos e fortaleceu a liderança dos jovens recém-formados ao permitir que ingressassem no mercado de trabalho. Todos venceram: os jovens, que enriqueceram seus talentos, e as entidades que os receberam, por meio da inclusão efetiva de esses líderes.

Existem iniciativas e indivíduos liderando transformações em todos os níveis e em todos os setores na África e na diáspora. Seria importante que esses exemplos positivos tivessem a mesma visibilidade e ressonância que os exemplos negativos para inspirar, promover e desenvolver soluções em comunidades afrodescendentes dentro e fora da África. Susana Edjang

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15. Conexión Pacífico. As redes só são eficazes quando seus membros estão interconectados. No Pacífico, ao contrário de outros departamentos do país, as distâncias geográficas parecem, às vezes, intransponíveis. A biodiversidade e as condições da região tornam os encontros físicos complexos, a menos que haja uma opção que permite aos seus habitantes viajarem para se encontrarem, discutirem e se conectarem. Quando ocorre o encontro físico, falar da região deixa de ser um discurso para se tornar um fato. A Conexión Pacifico nasceu para ser aquele nó que une os líderes ao vivo, e para que quando se encontrassem também reconhecessem e gerassem dinâmicas em torno de agendas coletivas. Essa conversa em comunidade, onde pensamentos-chave são discutidos, e em que tutores e líderes aprendem e reaprendem com as experiências da região é o compromisso da Manos Visibles em se reinventar a partir do poder coletivo. O Pacífico, nesse período, aprendeu que, se integrar conhecimentos e experiências, esses encontros vão selar aprendizados e enriquecer a diversidade da região. Desde 2013, os workshops e reuniões do Conexión Pacífico permitiram que mais de 1.500 líderes refletissem sobre sua dinâmica e o surgimento de novas iniciativas. Os líderes usaram espaços para ouvir e pensar em massa para poder gerar plataformas eficazes de defesa e compartilhar o Pensar Pacífico: tecer encontros é tecer o futuro.

Tecer encontros é tecer o futuro”

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como construtoras de paz e, acima de tudo, dar-lhes relevância. Outorgar também é fazer as pessoas se verem. E era isso que o Canto Pazcífico buscava. As cantoras compreenderam, nesse processo, que eram vozes e mãos visíveis e que a contribuição dela foi transcendental para unir e manter o legado ancestral do território. Ao mesmo tempo, o Pacífico entendeu que a região canta para se curar. A própria Paula Moreno soube disso quando perguntou às líderes do Pacífico, durante o Processo de Paz, como superaram a saúde mental no território e pegaram o guasá para começar a cantar, como resposta. A troca de experiências permitiu-lhes se reconhecer, descobrir as suas potencialidades musicais, socioculturais e conhecer a importância do seu papel graças à liderança do produtor musical Julián Gallo, da professora Nidia Góngora e da investigadora Ana María Arango. O programa teve como foco cultivar experiências para as participantes e gerar valorização por seu papel como líderes e mulheres, e acabou gerando vozes unificadas. Ao ampliar as opções das participantes, muitos delas puderam mudar a própria vida no ambiente familiar e superar situações extremas, como a violência intrafamiliar, além de valorizar o próprio ofício. Conectado através da Rede de Cantadoras, este projeto dirigido pela Fundação de Cultura Nariñense para o resgate dos valores e da identidade Canapavi (fortalecidos através do MingaLab), serviu como um piloto para repensar outras formas de gestão cultural para organizações com características complexas e assimétricas. Sua maior conquista, no entanto, foi permitir que elas fossem uma voz unificada e conectada, capaz de abordar a construção da paz por meio de seus processos resilientes e conhecimento ancestral. O Canto Pazcífico marcou presença em espaços como o Festival Petronio Álvarez, onde além de se dar a conhecer com uma espiritual e poderosa apresentação musical, apresentou a memória sonora que se consolidou numa produção discográfica de mais de 10 canções inspiradas na paz, resiliência e resistência.

NARRAR

16. Canto Pazcífico. O Pacífico canta, seja para afastar tristezas, celebrar a vida,

dizer adeus aos que partem ou acolher quem chega. O Pacífico é uma terra de cantores, mas principalmente de cantoras. São as parteiras, aquelas que transmitem a palavra e dão apoio, as da sabedoria, do charme, da repreensão e da doçura. Essa voz é tradição e cultura do Pacífico. Essa voz também merecia ser ouvida e vale a pena ser transmitida em alto e bom som. Pensando nelas, este programa foi criado com um claro enfoque de gênero para repensar o seu papel, formar uma rede de intérpretes no Pacífico que exalte esse trabalho, constituí-las 29


o programa Poder Pacífico Narrativo, um compromisso de compreender o que as pessoas lêem, induzir à leitura e gerar laboratórios interligados: o de Narrativas Negras, o de Literatura Africana e agora o de Narrativas Afrodiaspóricas. O Laboratório de Narrativas Negras foi uma aposta para promover a leitura e a escrita como estratégia de empoderamento, a partir de uma rede de círculos de leitura e escrita no Pacífico, Medellín, Cartagena e Bogotá. Introduziu a diferentes instituições e organizações para gerar novas histórias sobre seus processos de liderança e incidência, lendo o livro O poder do Invisível, da Paula Moreno, e adquirindo ferramentas de alfabetização. O Laboratório de Literatura Africana conectou-se com a literatura da diáspora para gerar reflexões que ajudarão a questionar seus próprios temas, como quando leram Um homem do povo, do autor nigeriano Chinua Achebe, e geraram uma análise psicológica e sociológica das mudanças geracionais e políticas. Em 2020, o livro Na minha pele, do Lázaro Ramos, ator, cineasta, produtor e escritor brasileiro, será o seguinte conteúdo para dinamizar os mais de 100 círculos de leitura no Pacífico, Medellín, Bogotá e Cartagena. Esses laboratórios são mais exercícios de humanidade do que oficinas propriamente ditas. Aqui se semeiam inspiração e possibilidades para que as novas gerações entendam que é hora de ler, aprender e contar suas próprias histórias de vida. Em 2020 será publicada a primeira antologia desse processo. Durante o isolamento por Covid-19, Manos Visibles criou um espaço virtual para criação e reflexões para capacitar Narrativas de resistência. Este se tornou o componente virtual da estratégia Vení Te Leo, em que não apenas narrativas escritas são integradas, mas também sonoras e audiovisuais.

17. Venha vou ler pra você (Laboratório de Narrativa).

O Poder Pacífico precisa da palavra para ser: a palavra sela os pactos, permite a transmissão de conhecimentos e é o elo que liga as culturas e os povos. Cada língua é uma cultura e cada povo usa a oralidade e a escrita para transmitir seu legado e conhecimento. Portanto, preservá-lo é fundamental para preservar a herança, mas, ao mesmo tempo é potente quando se trata de modificar noções de poder e mudar o imaginário existente. Os líderes inatos precisam da palavra para convencer e se empoderar. Para fazer isso, no entanto, devem se alimentar dela e ler para obter ferramentas que ampliem os critérios. Isso é uma coisa crítica no Pacífico, onde o ecossistema do livro é precário e a compreensão da leitura costuma ser uma deficiência. Pensando nisso, surgiu 30


LINHA DO TEMPO DOS PROGRAMAS

2013

Existem dezenas de palavras que definem Manos Visibles. Uma delas é Rota. Esta é a rota ou caminho traçado para mudança, percorrido por meio de programas que afetaram a vida de pelo menos 4.000 líderes do país:

2010 • Gestão de Desenvolvimento para Líderes Afrodescendentes (fase de design)

2011

2012

• Gestão de Desenvolvimento para Líderes Afrodescendentes (fase de design)

2016 • Fundo para a Juventude e a Construção da Paz I (2012 - 2016) • Escola de Alto Governo III: Buenaventura e Quibdó • Afroinnnova I • Estágio Conexão Pacífico • Canto Pazcífico • Mingalab I • Escola de Inovação Comunitária II • EducaPazcífico • II Primeira Feira de Educação do Pacífico: Quibdó, Buenaventura e • Tumaco • Laboratório de Inovação Política pela Paz.

• Gestão de Desenvolvimento para Líderes Afrodescendentes • versão I - 2012 • DALE, Quibdó I e Cali • Fundo para Jovens e Construção da Paz I (2012 - 2016)

2017 • Educapazcífico III • Escola de Alto Governo III: Buenaventura e Quibdó • Workshop Conexão Pacífico IV • Escola de Economia II • Afroinnova I • Mingalab II

2014

• Gestão de Desenvolvimento para Líderes Afrodescendentes • versão II - 2013 • LIDERA (Liderança Afro-Colombiana) Washington D.C. • DALE Medellin I • Mestrado Poder Pacífico Coorte I • Workshop Regional Conexão Pacífico I e II • Escola Superior de Governo I: Quibdó e Cali • Fundo para Jovens e Construção da Paz I (2012-2016)

• Educapazcífico, fase IV • Segunda Feira de Educação do Pacífico (Quibdó, Buenaventura e Tumaco) • DALE Pazcífico: Quibdó, Buenaventura e Tumaco • Innovation Girls II • Afroinnova II • Mingalab III

• Gestão de Desenvolvimento para Líderes Afrodescendentes versão III - 2014 • Fundo Juvenil e Construção da Paz I (2012– 2016) • DALE, Buenaventura I e Quibdó II • Workshop da Conexão Pacífico III • Escola de Alto Governo II: Buenaventura, Cali, Quibdó e Tumaco • Escola de Inovação comunitária

2019

2018 • • • • • •

• • •

2015

Mingalab IV Laboratório de Narrativas Negras Laboratório de Literatura Africana DALE Futuro: Quibdó, Buenaventura e Tumaco Innovation Girls III Workshops da Conexão do Pacífico: Encontros Regionais 2019: Quibdó, Buenaventura e Tumaco 2º Fundo de Construção da Paz e Juventude Potencia Pacífico - Mestrado em Gestão e Produção Cultural e Audiovisual

• Fundo para a Juventude e Construção da Paz I (2012 - 2016) • DALE Pazcífico: Buenaventura, Quibdó e Tumaco • Escola de economia I • Mingalab I • Afroinnova I • Educapazcífico

2020 • Potencia Pacífico - Mestrado em Gerência e Prática do Desenvolvimento • Educapazcífico V • MingaLab V • Laboratório de Narrativas Afro-diaspóricas • Innovation Girls IV • DALE Pazcífico: Buenaventura, Cali (norte do Cauca), Quibdó e Tumaco • DALE Cultural • Potencia Pacífico - Mestrado em Criação de Empresas

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“Desconstruir aqueles discursos e narrativas que têm constituído o sustento para que justifiquemos o injustificável. Assumir a causa daqueles que são considerados outros: os empobrecidos, não os pobres; os invisibilizados, não os invisíveis; os marginalizados, não os marginais, para mudar os imaginários que nos convidam a sair da nossa zona de conforto e a partilhar os nossos privilégios ... Convido-os a fazer isso.” Palavras da Deisy Elena Bermúdez Discurso de abertura da graduação da II Coorte do Mestrado em Energia do Pacífico. Dezembro de 2017, Universidade EAFIT (Medellín)

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HISTÓRIAS DE TRANSFORMAÇÃO Existem dois axiomas que se entrelaçam com toda a sua complexidade no Pacífico colombiano: o primeiro afirma que cada um é o arquiteto de sua própria vida; a segunda, que o entorno contribui para determinar o indivíduo.

um líder de um processo nacional no centro político do país. A transformação não ocorre apenas de um lado: seus frutos brotam para uma humanidade que transcende de um “você e nós” a um “nós”.

Os dois fatores se chocam com a realidade: na Colômbia, longe do centro, as oportunidades são historicamente mais escassas. No entanto, e precisamente devido à contradição de viver em ambientes não-visibilizados que tornaram mais difíceis as condições dos habitantes e seus municípios, as pessoas que se empoderam nas regiões e se assumem plenamente que são os arquitetos de suas próprias vidas, agregam valor para sua comunidade e sua liderança os transforma em elementos transformadores.

Nestes anos, essas foram algumas das pontes que Manos Visibles construiu. Suas histórias não são individuais nem vêm de apenas um lado. Ao contrário, são histórias de uma rede que se tece com uma série de laços profundamente humanos. Não há mentira em dizer que existem centenas de histórias como essas. Estes são apenas alguns exemplos.

Pessoas com esse espírito entendem que podem primeiro transformar suas vidas e, de passagem, o ambiente. Há dez anos, Manos Visibles promove a liderança em regiões em condições de exclusão, pois entende que, demonstrando a vocação de liderança de seus cidadãos, é possível gerar o mesmo efeito de ondas concêntricas em um lago: cada líder empoderado com ferramentas de claras de poder, expande seu conhecimento para outros e gera processos de mudança expansivos.

Cada novo membro desta rede expande e substitui os paradigmas desgastados do pensamento antigo e obsoleto, assim como quando um nascer do sol renova o anterior ou quando a natureza recupera o terreno perdido pela exploração madeireira e recria seu esplendor. Ou, melhor, como quando a consciência humana ganha caminho sobre a inconsciência, abre os olhos e se redescobre após a cegueira.

Os caminhos de liderança que agora estão abandeirados estão ligados à maneira como transformaram seu pensamento. Os seguintes líderes aprenderam a ver o território, a si próprios e a vida dos outros de uma nova maneira, e é por isso que todos os títulos incluem sinônimo desses processos de evolução e renovação. Todos são geradores de ecossistemas de transformação, ou condições sociais básicas que permitem o nascimento de soluções coletivas e inovadoras condizentes com os desafios de cada território. Esses ecossistemas, depois de uma década, começam a deixar de ser a exceção e estão começando a se tornar uma constante. As rotas das lideranças mostram o encontro fecundo das diversidades dessa rede de conexões para que seja possível que, ao mesmo tempo, surja um líder do Pacífico e, do outro, 33


POR UM PACÍFICO RURAL, AGROINDUSTRIAL E SUSTENTÁVEL

Pacífico, Passos que transformam (Organização que cria no DALE MingaLab I), Centro de Estudos Regionais do Banco de la República, Manos Visibles, Universidade de Los Andes, Fundação Alto Mira y Frontera - Imbilí Carretera (MingaLab 2018 -2019). Colunista La Silla Pacifico. Maité Rosales vem do extremo sul: nasceu na comunidade Imbilí Carretera, um povoado de Tumaco a poucos quilômetros da fronteira com o Equador, às margens do rio Mira, onde conheceu o sentimento de sua região antes de viajar para cursar o ensino médio em Bogotá. Quando o terminou, fez as malas e partiu para Buenaventura para estudar agronomia. Nesses processos de mudança de cidade e de vida, descobriu que nasceu para aprender e compartilhar conhecimentos e que, embora o Pacífico fosse um só, sua dinâmica não podia ser vista como um todo. Ela participou da convocatória do programa DALE até ser eleita. Sua própria fundação, Pasos que transforman, a levou a fazer parte do programa Mingalab e mais tarde da Escola de Governo; em seguida, ela foi selecionada para fazer seu programa de estágio Conexão

““Uma vez me disseram: ‘eles jogam o resto pra gente, mas com o que eles jogam pra gente, vamos construindo.” MAITÉ ROSALES

(Imbilí, zona rural de Tumaco), 28 anos Profissional de Projetos de Investigação na Vice-Reitoria de Pesquisa e Criação da Universidad de Los Andes. Rota de liderança: DALE 2015, Workshop Regional da Conexão Pacífico2015, Escola de Governo “Poder Pacífico” 2016, MingaLab I 2016, Estágios Conexão Pacífico Banco de la República 2016; Voluntária Afroinnova (2016-2018) e Coordenadora Educapazcífico (Manos Visibles 2016-2018), MingaLab V (2019). Assessora Redescar Pacífico (Universidade Los Andes) Ecossistema de transformação: Universidade do 34

Pacífico no Centro de Pesquisas Econômicas e Regionais do Banco de la República em Cartagena e começou a trabalhar com Manos Visibles, apoiando o primeiro encontro de Afroinnova, nesta mesma cidade. Isso a levaria em poucos meses a iniciar sua vida profissional, vinculada a Manos Visibles como coordenadora do programa Educação para a Paz - Educapazcífico e, posteriormente, como coordenadora e gestora do programa DALE. No entanto, foram suas experiências que a marcaram profundamente. Um deles a levou a acompanhar os processos de transformação em na região dela através do programa EducaPazcífico, que beneficiou mais de 500

professores. Lá ela entendeu as necessidades da região Pacífica como nunca antes; trabalhou lado a lado com 20 instituições de ensino, conversou com reitores, professores e alunos, e tinha a clareza do que estava faltando e o que deveria ser fortalecido: mais do que fortalecer o espírito dos jovens, era fundamental permitir que eles tivessem projetos de vida e dar-lhes as ferramentas para a transformação. Foi neste processo que aprendeu sobre a resiliência dos territórios. Aprendeu a admirar a capacidade de seus habitantes para mudar paradigmas e até ensinar outros, como quando presenciou casos em Tumaco e Quibdó de irmãos adolescentes que Moravam sozinhos porque vinham da zona rural, mas cuidavam-se e guardavam-se mutuamente, durante as aulas, pois tinham o compromisso de terminar os estudos e melhorar suas condições de vida. O mesmo aconteceu com os professores: muitos atuaram como psicoconselheiros porque foram além de suas responsabilidades básicas e aceitaram o desafio de apostar pelos jovens. Apesar de tentar durante anos sem sucesso, eles seguiam determinados a alcançar a transformação. “O Pacifico permite que você aprenda dele. Dessa capacidade para transformar e se adaptar, o país tem muito que aprender com essa região”, diz Maité. “Uma vez me disseram: “eles jogam o resto pra gente, mas com o que eles jogam pra gente, vamos construindo ‘ Apesar de tudo o que nos aconteceu, continuamos a resistir a exclusão sistemática e estrutural e temos nos transformado. Se não tivermos as ferramentas, usamos o que temos em mãos para atingir nosso objetivo”. Maité Rosales ouvia professores, pais e jovens nas oficinas de projetos de vida e de formação acadêmica, e conheceu realidades diferentes das de sua região nativa para entender como gerar uma transformação profunda. Manos Visibles se tornou para ela na melhor maneira para se adaptar a essas realidades e modificá-las. “No Pacífico existem líderes essenciais”, diz, com muita propriedade. Ela é uma dessas líderes. Vinculada desde a adolescência a focos de pesquisa, organizações ou como representante estudantil, ela só precisou se empoderar e adquirir ferramentas para fortalecer sua liderança.


Agora que as tem, empodera a outros. Hoje é uma das poucas profissionais afrodescendentes e do Pacífico na Universidade de Los Andes ou que desafia a esperança por meio da Biblioteca Imbilí Carretera, único espaço para crianças e jovens fora da escola.

Em seguida, trabalhariam juntos em outro mestrado e, finalmente, quando o projeto Manos Visibles já estava em andamento, ele participou da concepção e desenvolvimento da DALE. Determinado a mudar a perspectiva dos jovens de regiões não visibilizadas, ele se propôs a aprender sobre a história do Pacífico e seus problemas. Ele foi a Quibdó, Tumaco e Buenaventura com o ímpeto de um historiador, para se aprofundar na região. Ele conversou com seus habitantes e rastreou documentos para poder mudar a perspectiva dos moradores sobre o próprio território.

Como Maite chegou à Universidad de Los Andes? Num desses processos visíveis, conheceu Bart Van Hoof na DALE, depois na Manos Visibles, e aquele tutor que decidiu empreender um processo de transformação agroindustrial em Buenaventura a escolheu como coordenadora. Juntos, eles agora tecem a teia e, com ela, o propósito efetivo de transformação.

BART VAN HOOF

(Esbeek, Holanda), 49 anos Professor da Faculdade de Administração de Empresas da Universidade de Los Andes Rota de liderança: Professor da Universidade de Los Andes. Membro do Conselho de Administração da Manos Visibles. Ele foi tutor em todos os DALE e MingaLab, agora ele é membro do comitê acadêmico da coorte do Pacífico do Mestrado em Prática de Gestão e Desenvolvimento. Ecossistema de transformação: Manos Visibles, Redescar, Escola de Administração da Universidade de Los Andes. Ele conheceu o Pacífico muito antes de milhões de colombianos. Este europeu não levava no país nem três anos quando foi visitá-lo pela primeira vez. O amor queria que sua esposa fosse de Quibdó, seu falecido sogro de Istmina e sua sogra de Condoto. Bart van Hoof, que veio do extremo sul da região holandesa de Noord-Brabant, aprendeu profundamente sobre os sabores do Pacífico, sua cultura e tradições, ele se tornou um visitante regular de Cali e passou a fazer parte de uma família chocoana que acreditava na mudança do Pacífico. Ele se sentiu comprometido com a região. No entanto, apenas quando ele entrou em contato com Manos Visibles, ele realmente entendeu. E abertamente. Bart fala sobre suas origens e se lembra

BART VAN HOOF

de ter vindo de uma “pequena cidade com trinta mil porcos, três mil vacas e mil pessoas a quinze quilômetros de Tilburg, na fronteira com a Bélgica”. Ele foi um dos primeiros em sua cidade a estudar em uma universidade, e sua curiosidade inata o levou a viajar pelo mundo, desde Índia, Nepal e até Brasil. Essas viagens o ajudaram a compreender que a essência do ser humano é a mesma em todos os lados: na Holanda, os taxistas conduzem Mercedes Benz; na Índia, rikshas e em Bogotá, Dodge e Chevrolet, que exalava um forte cheiro de gasolina. “Mas suas preocupações e buscas eram as mesmas”, diz ele. Ele havia estudado engenharia industrial e seu sonho era trabalhar fora da Europa. Colômbia, para sua felicidade foi seu destino. Seu fascínio pela sustentabilidade ambiental permitiu-lhe compreender a partir do trabalho dele, na Universidade de Los Andes o que significa o desenvolvimento neste lado do mundo, bem como as diferenças econômicas que nos marcou, o carácter local impressionante e a forma nacional de se relacionar.

“Nós, Manos Visibles somos muito mais do que cooperação: nós somos o motor de uma transformação, tanto pessoal quanto comunitária” Ele aprendeu a saber a diferença “entre birra e chilique”, a entender a “desconexão do resto do país com o Pacífico”, e se concentrou em ver isso como uma oportunidade, uma força de poder e ação, mas também abordou o território com humildade e fascínio. Nós, Manos Visibles somos muito mais do que cooperação: nós somos o motor de uma transformação, tanto pessoal quanto comunitária”. Para Bart, há algo adicional: “A comunidade consegue a transformação. Esse é o verdadeiro poder”, diz este holandês que completa 23 anos no país e que já voltou pelo menos quarenta vezes a sua cidade natal para cuidar das raízes, assim como reforçar por conta própria as ‘mãos visíveis’ na Colômbia. “Um holandês que pode contribuir para fortalecer a conexão de identidade do Pacífico com o resto do país é irônico, mas fabuloso “, diz ele, e sorri

Vinculado à Faculdade de Administração, dedicou-se à elaboração de mestrados, como gestão ambiental, em 2006, onde conheceu Paula Moreno. As dois compartilharam visões de desenvolvimento. 35


Álvaro compreendeu desde muito jovem que era necessário aprimorar seus conhecimentos em economia ao ver que sem o componente econômico produtivo seria impossível realizar processos organizacionais como o do rio Yurumanguí em Buenaventura. “Éramos fracos na geração de ações sustentáveis ​​para melhorar as condições de vida das comunidades”.

OS ÍNDICES PARA A TRANSFORMAÇÃO ÁLVARO ARROYO

(Yurumanguí, Buenaventura), 29 anos Coordenador Manos Visibles, pesquisador associado da Universidade de Los Andes e assessor Redescar Pacífico da Universidade Los Andes

“Manos Visibles gera capacidades e transformações pessoais e coletivas. Decidi trabalhar com eles porque quero contribuir com outros jovens para que recebam o que eu recebi”

Rota de liderança: DALE 2013, Escola de Governo 2013, Escola de Economia 2015, Estágio Conexão Pacífico na Câmara de Comércio de Cali 2016, Mestrado em Governo e Políticas Públicas Poder Pacífico Universidade Icesi (2016-2018), Bolsista Mel King MIT CoLab. Ecossistema de transformação: Conselho Comunitário Río Yurumanguí, Processo das Comunidades Negras, Comitê de Greve Cívica de Buenaventura, Prefeitura de Buenaventura, Universidade de Los Andes, Manos Visibles, MIT CoLab. Colunista La Silla Pacifico. Nasceu no rio Yurumanguí, um lugar no meio do selva densa onde o rio é sinônimo de generosidade e a paisagem é intensamente verde. Lá, no entanto, a riqueza e abandono são tais que na área a violência ainda assombra. Aos 11 anos, Álvaro, junto com três mil outras pessoas, tiveram que fugir após o massacre da área de El Firme em 2001. As vítimas deste deslocamento forçado perderam também quase 55 mil hectares nas mãos de uma mineradora, em um território protegido pela Lei das Comunidades Negras. A comunidade iniciou uma intensa luta durante anos para recuperar seus direitos. Em 2005, Álvaro, ainda adolescente, sentiu sua liderança ferver em seu sangue e começou a participar do processo organizacional e comunitário do Conselho Comunitário do Rio Yurumanguí que reivindicou o território. Quando ele se formou no ensino médio, ele se mudou para a área urbana de Buenaventura, onde participou de processos organizacionais por meio da regional do Processo Comunidades Negras. Esse impulso comunitário demonstrou seu poder e ganhou 36

ÁLVARO ARROYO

a sentença de restituição de terras para Yurumanguí. Esse espírito combativo de justiça impregnou profundamente a Álvaro Arroyo. A liderança inata o levou a estudar Comércio Exterior na Universidade del Valle. Um ano após a formatura, foi selecionado para o programa DALE e depois para a Escola de Governo das Manos Visibles. Ele começou com Manos Visibles aos 26 anos, quando era coordenador de jovens do Conselho Comunitário do Rio Yurumanguí. Também atuou como Assessor da Prefeitura de Buenaventura, como coordenador do Gabinete do Ministério do Comércio, Indústria e Turismo do Distrito de Buenaventura e como Coordenador da ACDI VOCA. Quando já estava trabalhando com o DANE, ingressou na Escola de Economia Poder Pacífico e, posteriormente, no Mestrado em Governo. Nesse processo de crescimento pessoal, acabou se tornando o coordenador da Escola de Economia da Poder Pacífico.

Aprendeu economia e em troca obteve mais do que isso: ganhou clareza sobre o alcance de sua liderança social, ampliou suas relações pessoais e entendeu seu potencial para gerar transformações. Uma dessas relações de empoderamento foi estabelecida com um tutor da Manos Visibles, Juan Camilo Cárdenas, atual reitor da Faculdade de Economia da Universidade de Los Andes e com quem iria co-projetar a Escola de Economia “Poder Pacífico”. Tem sido lindo”, diz ele. “Agora vejo tudo o que ainda temos que fazer para superar as exclusões históricas de que vivemos em territórios como o Pacífico.” Ele também entende como é possível interligar qualquer território com o resto do país e do mundo, porque todos estão integrados em uma mesma dinâmica, embora tenham necessidades locais diferentes que devem ser respeitadas. “Manos Visibles gera capacidades e transformações pessoais e coletivas. Decidi trabalhar com eles porque quero contribuir com outros jovens para que recebam o que recebi”, finaliza, generosamente, com a mesma ternura que lhe deu o rio onde o qual nasceu.


Por fim, adquiriu ferramentas que levaram em consideração o pensamento coletivo para gerar um impacto real na sociedade. “Se alguém agrega forças, vozes e iniciativas de uma região, se corrige erros anteriores e agrega valores, além de tentar fazer de outras formas, vem a transformação”, afirma com segurança. E está acontecendo: em seu ambiente ele identifica cada vez mais líderes a quem recorrer para tomar decisões. Pensar coletivamente não apenas empodera os jovens, mas também a comunidade e os líderes locais. “Para fazer isso, dados e estatísticas que alimentam a discussão local são cruciais”, acrescenta.

LEYNER MOSQUERA

(Quibdó, Chocó), 28 anos Avaliador de políticas públicas do Departamento Nacional de População Rota de liderança: Escola de Economia Poder Pacífico Ecossistema de transformação: Universidade de Los Andes (Incubadora Pacífico e Faculdade de Economia), Planejamento Nacional, Colunista da Revista Semana. Sua visão mudou: Leyner Mosquera diz com ênfase e consegue se mover quando expressa. “Agora entendo as dicotomias de cidades como Cali e Buenaventura, Tumaco e Pasto, ou a costa do Pacífico com a zona andina; as lacunas de pensamento e ideológicas; as características tão diferentes umas das outras. Agora entendo a região de um ponto de vista econômico e pragmático, em todas as suas dimensões.

Leyner terminou o mestrado e ganhou destaque a ponto de publicar uma coluna na Revista Semana, onde escreve sobre as questões do desenvolvimento do Pacífico com o intuito de fechar a lacuna com a comunidade local.

Compreender é o primeiro passo para transformar”, afirma este jovem, que viveu o processo de transformação em sua própria vida. “No meu caso, a mudança foi profunda. Antes eu tinha aspirações individuais, como a urgência de me formar, mas há um diferencial quando se entende o contexto das verdadeiras transformações: é preciso ter um pensamento coletivo para conseguir ”, explica Leyner, engenheiro de produção nascido em Quibdó e mestre em Economia Aplicada pela Universidad de los Andes.

“Se alguém agrega forças, vozes e iniciativas de uma região, se corrige erros anteriores e agrega valores, além de tentar fazer de outras formas, vem a transformação” Embora a vida insistisse em mostrar a ele um obstáculo após o outro, Leyner insistia em seguir em frente. Enquanto ainda estudava em Medellín, ouvir seu professor

LEYNER MOSQUERA

de finanças corporativas o levou a seguir o caminho dos dados e tentar estudar em Los Andes. Ele foi apresentado à convocatória de Manos Visibles para a II Escola de Economia do Pacífico e passou no processo de inscrição.

Para ele, as pessoas das regiões devem se envolver nas discussões nacionais relevantes. Do contrário, será difícil para eles progredir e fechar as lacunas. Agora ele trabalha na avaliação de políticas públicas, posição que geralmente é feita por pessoas do interior, mas que deve levar em conta o contexto local. “Na Incubadora Pacífico e com Los Andes, minha vida mudou. Meus interesses pessoais e acadêmicos estavam alinhados com o coletivo como líder do Pacífico”, diz ele, com satisfação. Ao longo desse processo teve um grande mentor: o atual reitor de Economia, Juan Camilo Cárdenas, outra mão visível.

Era o único com formação em engenharia que pretendia atuar em projetos de investimento no desenvolvimento rural e seu perfil se revelou inestimável. A vontade de aprender era enorme. Ao ser eleito, embora vivesse em Bogotá, se comprometeu a viajar uma vez por mês, quinta, sexta e sábado para aprender. Ele assumiu o custo financeiro e se apaixonou pelos workshops. Seu trabalho de graduação sobre Acandí incluiu particularidades sobre a economia deste município, com dados precisos que lhe permitiram compreender a importância de diagnósticos claros. Também lá ele ganhou liderança. 37


Escola de Economia do Pacífico, em uma colaboração entre a Faculdade de Economia da universidade e a Manos Visibles. A ideia era maravilhosa e, ao mesmo tempo, ambiciosa: cursar cátedras e minicursos para lideranças da região, visto que não havia faculdade de economia em nenhuma das principais cidades do litoral.

aprendizado que obteve, pessoalmente, foi modificar os discursos, os ensinamentos e o pensamento do centro à lógica do Pacífico. “Esses contatos e projetos me ajudam a manter um tom humilde e horizontal no diálogo com os líderes e com os desafios do Pacífico. Além disso, temos conseguido trazer outras vozes para a universidade”. Essas vozes vão mudar as relações de cooperação, confiança e construção social em breve. Ou melhor, eles já estão fazendo isso.

A corporação continua a convocar diferentes vozes e esforços, e lentamente constrói uma rede de jovens O PODER DE MODIFICAR O líderes envolvidos em DESTINO empreendedorismo e política na SANDRA PATRICIA PALACIOS região. MORENO JUAN CAMILO CÁRDENAS

JUAN CAMILO CÁRDENAS

(Bogotá), 54 anos Reitor de economia e professor da Universidade de Los Andes Rota de liderança: Faculdade de Economia da Universidade de Los Andes - Escola de Economia do Pacífico. Ecossistema de transformação: Universidade de Los Andes, Colunista da Portfólio e La Silla Vacía Conheceu Paula Moreno quando foi convidado para o Workshop Conexão Pacifico em Cali (2014) com mais de 300 líderes. Posteriormente, a Universidade de Los Andes criou a Incubadora do Pacífico, sob sua liderança, com o lema “mais Pacífico nos Andes”. A partir desse momento eles se encontraram em diferentes momentos da vida por interesses comuns e porque ambos trabalharam com o mesmo foco: fortalecer liderança e capital humano na costa do Pacífico. O vínculo foi fortalecido quando Paula Moreno ofereceu apoio, e também recursos, para a criação da primeira 38

Duas escolas, em 2016 e 2017, atenderam os nós do Pacífico Norte (Quibdó) e do Pacífico Sul (Cali).

(Pie de Pató, Chocó), 33 anos Assistente de pesquisa do Centro de Estudos Afrodiaspóricos do CEAF

O sucesso da Escola gerou muito mais conversas sobre a importância de se entender os modelos de desenvolvimento mais adequados para a região.

Rota de liderança: Centro de Estudos Afrodiaspóricos CEAF

E lançou mais bases para a mudança e o salto para novos modelos, construídos localmente.

Ecossistema de transformação: Rede de mulheres Solidarilabs Afrocolombia, Centro de Estudos Afrodiaspóricos - Universidade Icesi

Ao longo do processo, este engenheiro industrial com doutorado em economia ambiental, que já tinha como preocupação promover a cooperação entre os indivíduos e a solução de dilemas sociais de forma equitativa e sustentável, passou a compreender a maior importância da Manos Visibles nas regiões: “Tornou-se uma escola e um exemplo para mim pelo seu compromisso com uma população marginalizada do desenvolvimento que o centro do país havia recebido. Graças ao empenho, a corporação continua a convocar diferentes vozes e esforços e, aos poucos, constrói uma rede de jovens líderes que participam dos negócios e da política na região. Com todos eles mantemos um relacionamento de colaboração permanente e esforços conjuntos”, deixa claro o pesquisador. Hoje, Juan Camilo Cárdenas está convencido de que o maior

Desde que ela se lembra, ela adora o trabalho comunitário. Essa vocação não foi acidental: Sandra Patricia nasceu em Pie de Pató, cabeceira do município de Alto Baudo, e desde seus primeiros anos de vida ele entendeu como comunidades chocoanas se reuniram para discutir soluções para suas necessidades urgentes e para reivindicar seus direitos. Sua família, trabalhadora e humilde, acreditou como muitos da região no poder de Educação. Graças a isso, ele estudou o ensino médio na cidade de Puerto Echeverry e estudou Administração de Empresas na universidade Tecnológica do Chocó Diego Luis Cordoba. Mas o trabalho comunitário ainda era sua vocação natural. Na verdade, em 2013 ele formou a Associação das Mulheres Produtoras de Batatal, composto por 28 mulheres dedicadas a fazer rapadura e mel de cana-de-


haviam sido violadas em seus direitos e estavam determinadas a mudar suas mentes para uma concepção de seus territórios como próprios e dignos.

“O território nos pertence porque vem de nossos ancestrais. Fazemos resistência ao cuidar dele e não permitir que seja usado como uma ferramenta de exploração“

SANDRA PATRICIA PALACIOS MORENO

açúcar. Ciente de que faltavam ferramentas, postulou-se à chamada da Escola de Economia em 2015. Sua tenacidade a levou a dar o passo para se tornar uma das estagiárias do programa Conexão Pacífico, na Universidade Icesi, em Cali, no Centro de Estudos Afro-diaspóricos. Lá entendeu sua vocação para ajudar e apoiar as causas comunitárias e, aliás, libertou-se da necessidade de reconhecimento. Em sua passagem pelos programas Manos Visibles removeram esse fardo, ganharam consciência e liderança, mas também valorizou seu potencial e capacidades. Aprendeu a amar a si mesma e a contribuir para o que nasceu. Viu seu tremendo potencial. Ao mesmo tempo, ele reconheceu o poder de sua região. “O território nos pertence porque vem de nossos ancestrais. Fazemos resistência ao cuidar dele e não permitir que seja usado como instrumento de exploração”, reafirma. Isso significa cuidar de seus recursos materiais, naturais e humanos e seu patrimônio imaterial. “O território é vida e como é vida, devemos protegê-lo.” O paralelo de valorizar um ao outro e valorizar o território ocorreu ao mesmo tempo porque os dois estavam profundamente ligados. Essa transformação paralela a levou a expandir sua liderança para apoiar pessoas que

“Meu pensamento e meus ideais mudaram quando cheguei à Universidade Icesi através da Manos Visibles, onde conheci minha grande mentora, Aurora Vergara, uma mulher chocoana como eu e uma das primeiras mãos visíveis. Comecei um vínculo com as associações Casa Cultural Chontaduro e Casa da Cultura da Mulher, e outras organizações. Pensei em criar uma escola sócio-política em Chocó e ser sua mentora, organizando para mulheres com HIV. Minha vida mudou. Agora sou uma mulher confiante”. Sua declaração é poderosa: Sandra se lembra de momentos de discriminação e ridicularização. Esse passado foi substituído por espaços onde ela contribui com seu conhecimento, junto com outras lideranças, por um presente de compromisso e transformação. Ela sabe o que tem custado a seu povo mostrar do que eles são feitos. Agora que sabe disso e o interiorizou, pretende abrir mais olhos e mais caminhos.

AURORA VERGARA

(Istmina, Chocó) 33 anos Diretora do Centro de Estudos Afro diaspóricos (CEAF) da Universidade Icesi. Autor ‘Análise do Massacre de Bojayá: Eu exijo minha liberdade’, entre outros Rota de liderança: Tutora de Gestão de Desenvolvimento para Mulheres Afro-Colombianas, DALE, Conexão Pacífico, MingaLab, Fudo de Juventude e Construção da Paz BBVA; Escola de Inovação Comunitária MIT, Membro Afroinnova; Membro do Comitê Estratégico

AURORA VERGARA

Mestrados Poder Pacífico, Co-criadora de oficinas de identidade étnica para entidades (por exemplo, Fulbright Colômbia). Ecossistema de transformação: Universidade Icesi, Pacific Task Force, Manos Visibles, Plataforma Black Women Disrupt, colunista convidada da Revista Semana Magazine e La Silla vacía. Nasceu em Cali e foi criada em Istmina, o que a tornou uma chocoana radicada em Cali. Sua família foi forçada a migrar devido ao desaparecimento forçado de seu pai durante o apogeu do Cartel de Cali, quando Aurora tinha 4 anos. A falta de opções para estudar em Istmina a levou a deixar em claro, já na adolescência, que queria encontrar uma forma de reescrever a história de Chocó e mudar aquele passado pessoal e coletivo de violência, desenraizamento e esquecimento. Pensava em grande. Graças a sua vocação intelectual, logo que se formou em Istmina, obteve o passe para as grandes ligas: ganhou o prêmio Andrés Bello em história, com o que pôde entrar para estudar sociologia na Universidade del Valle. Com pouco dinheiro e uma série de dificuldades conseguiu sobreviver no primeiro ano. No segundo, ela ganhou a bolsa Martin Luther King para jovens afro. PhD em sociologia da Universidade de Massachusetts (EUA), e distinguida com o Prêmio Martin Dinsky, o mais alto reconhecimento acadêmico em nível das Américas concedido pela LASA, lembra que sua vocação para a vida social veio para ela desde criança. 39


Ela havia sido uma líder comunitária na paróquia de Istmina e, apesar do pouco tempo que lhe restava em sua vida entre os livros, ela trabalhou em processos de organização comunitária. Na diocese de Istmina, ele aprendeu que os processos de liderança levam tempo, treinamento e acompanhamento, mas se encarregou de organizar as festividades padroeiras e organizar os grupos de jovens. Ela também leu sobre grandes líderes que a inspiraram, como San Martín de Porres, o patrono de seu bairro Pueblonuevo. Em Cali, ingressou no Grupo Afro-Colombiano de sua universidade, onde aprofundou seus conhecimentos sobre a África e plantou em sua mente a palavra definitiva de sua vida: “diáspora”.

gostava e sonhava em ser missionária. Depois de viajar, sua mente se expandiu e ela entendeu que o lugar não importava: tudo está conectado. A sua diáspora chocoana está ligada à do Reino Unido, Gana ou Moçambique. É para isso que aponta sua ideia de empoderamento. E para construir, desde o positivo, conhecimento de história e identidade própria. Acredita nas “lideranças que transformam”. Ela mesma, ao estudar o primeiro ano e pensar junto com o tio como sair da pobreza, viu o impacto que o sustento teve na vida. Agora, ela toma decisões que transformam a vida de outras pessoas. Continua pensando grande.

“É preciso investir na liderança A VOCAÇÃO PARA RENOVAR e acompanhá-los. Toda líder OUTRAS VIDAS e todo líder precisam de uma HAYNO TAKIR MURCIA, comunidade de base para Estudante de administração de empresas na acompanhá-los, cuidar e Universidade Icesi, 23 anos orientá-los, e mentores que Rota da Liderança: Bolsista do Fundo Juventude e cultivem seu pensamento” Construção da Paz BBVA - Universidade Icesi 2020 Esse compromisso com seu território a conectou com Manos Visibles quase desde a mesma formulação da ideia de corporação. Sua década pessoal foi também de transformação: “Da graduação ao mestrado, ao doutorado, ao início da vida profissional no serviço público, de orientadora, professora da Universidade Icesi e diretora do CEAF”, conta. Uma maratona. Para chegar aonde chegou, recebeu o apoio de muitos. Grata pela vida, ela agora entende que a verdadeira liderança dos outros se constrói com a formação e o trabalho coletivo, pessoas que apoiam a outras pessoas, as recomendam e orientam. “É preciso investir na liderança e acompanhá-los. Todo líder precisa de uma comunidade de base que os acompanhe, cuide e oriente, e mentores que cultivem seu pensamento”. A liderança, em suma é um tecido que se constrói com relacionamentos e interações. Houve uma época em que quis ficar em Chocó porque 40

Ecossistema de transformação: Organização Macoas, Potrero Grande (Cali), Membro da Manos Visibles para a transformação no território de Cali. Quando ele deixou a escola, Hayno não tinha certeza sobre o caminho que viria para vida dele. Passou um tempo em bibliotecas para aprender por conta própria e absorver o conhecimento, mas também porque queria estudar na universidade. No entanto, não havia dinheiro para o taxa de matrícula e embora sua nota de entrada lhe permitisse sonhar, uma série de carambolas da vida, negou-lhe a oportunidade. Ele continuou a participar plenamente em um processo comunitário em Cali, por compromisso social, e trabalhando como garçom para viver. Um amigo alertou a Hayno Murcia sobre uma convocatória para Manos Visibles. Ele não tinha computador nem acesso à internet e, para participar, precisava fazer um vídeo e colocá-lo online. Faltava um dia para o encerramento do pedido do

HAYNO TAKIR MURCIA

II Fundo de Juventude e Construção da Paz, por isso disse a si mesmo que não deixaria essa possibilidade passar. Ele pediu ajuda a um amigo para fazer isso. O que pareceu breve, levou a noite toda.

O território nos pertence porque vem de nossos ancestrais. Fazemos resistência em cuidar dele e não permitir que seja usado como uma ferramenta de exploração O formulário não carregaba, a velocidade de carregamento o traiu, mas às 4 da manhã ele conseguiu fazer o upload, com o apoio da família de seu amigo. Ao saber que estava competindo com outros 1.200 jovens, cruzou os dedos para que a vida não lhe negasse outra possibilidade. Mas passou em todos os filtros. Aos 22 anos, é um dos mais velhos do grupo de recebedores da bolsa Manos Visibles que estudam na Universidade Icesi, o segundo coorte do Fundo para a Juventude e a Construção da Paz. “Eles escolheram a mim e a outros no Distrito que tinham esse sonho. É uma ajuda para continuar com o meu propósito”, afirma este jovem de Guapi, que continua a trabalhar


Ela conheceu e continuou a explorar um mundo dentro do país e dentro de si mesma. O exterior deixou de ter o elo de misticismo o via antes.

com o movimento social e ambientalista afro-colombiano Macoas enquanto cursava Administração de Empresas com ênfase em Negócios. Em ambos os componentes de sua vida, ele apoia os processos juvenis e a construção da paz. A bolsa virou seu destino de cabeça para baixo. “Agora entendo que há pessoas que mudam as coisas e pessoas que não: exclusão e incidência de lideranças. Nada está errado, é o que é, mas dá para mudar”. Pouco antes de se candidatar e passar aquela noite sem dormir, decidiu trabalhar como auxiliar de logística. Agora o seu futuro está cheio de palavras como “preparar”, “estudar” ou “Contribuir” para a sociedade. E fica feliz toda vez que se refere ao presente. Uma das mãos visíveis foi sua mentora, Ana Isabel Vargas. Ela, assim como Zoyla Salazar e Angélica Mayolo, faz parte do grupo de padrinhos do programa. No final das contas, a liderança é uma cadeia de apoio mútuo e solidariedade.

ANA ISABEL VARGAS

(Cali, Valle del Cauca), 41 anos Conselheiro da Reitoria da Universidade Autônoma do Oeste e Assessor Técnico da Manos Visibles Rota de liderança: Tutora DALE, Escola de Governo, Escola de Economia, Conexão Pacífico, MingaLab, Fundo Juventude e Construção da Paz BBVA; Gerente EducaPazcífico e Faculdade de Economia; Consultor de Inovação Comunitária do MIT e Afroinnova; Membro do Comitê Estratégico de mestrados Poder Pacífico, co-criadora de workshops de identidade étnica para entidades (por exemplo, Fulbright Colômbia). Ecossistema de transformação: Universidade Autónoma de Occidente, Ministério da Educação, Universidade Icesi, Manos Visibles, colunista convidada Razón Pública. Desde criança, ajudar fazia parte de sua vocação. De fato, Ana Isabel participou em iniciativas com comunidades vulneráveis, onde trabalhou em estreita colaboração com crianças e jovens de rua, meninas forçadas a realizar trabalho sexual ou comunidades afetadas. Em meio à dor que ver aquelas realidades gerou nela, ela entendeu

“Não há dois mundos. Somos todos parte do mesmo.”

ANA ISABEL VARGAS

que se aproximar delas permitiu que entendesse que ela também era vulnerável. E sensível: o mundo a machucava e ele queria curá-lo. O conceito africano de Ubuntu tornou o mantra de sua vida claro para ele: “Eu sou porque somos, e como somos, então eu sou.” Entender que tudo está conectado, que tudo o que fazemos afeta os outros e o que acontece no meio nos determina e podemos modificá-lo levou-a a viver com coerência e a mudar sua forma de pensar. Esse processo, lembra, foi aprofundado quando entrou em contato com as Manos Visibles. “Eu sou uma mão invisível dentro das Manos Visibles; uma que ajuda a promover, que acompanha e contribui”, enfatiza. Nascida em Cali e criada na infância na Alemanha e depois nos Estados Unidos, ela viajou o mundo e embora tenha estudado em Bogotá, tinha certeza de que moraria no exterior. A segurança diluiu quando começou para trabalhar com a corporação em questões de gerenciamento de projetos. Uma viagem a Quibdó como facilitadora de uma das sessões da Escola de Governo mudou o curso predeterminado de sua vida. “Desde então tenho participado da maioria dos programas Manos Visibles, de todas as formas possíveis: tutora, coordenadora, apresentadora, orientadora, voluntária ...”.

Esse processo de transformação e reconexão com a terra permitiu-lhe compreender que recebeu mais do que deu. “Tenho compartilhado minhas experiências e conhecimentos; Em troca, eles me deram lições de vida; Tenho feito um esforço para identificar potencialidades e tenho visto, em meio à adversidade, que líderes com poder florescem; Tenho procurado promover mudanças, ainda que mínimas, nas comunidades com as quais trabalhamos e me surpreendo com as transformações que os próprios líderes promovem em seus territórios; Eu me sentia derrotada às vezes, mas me inspira e fortalece a resiliência dessa região que ‘não vai desistir, caramba’. Ana Isabel agora sabe que não existe liderança sem oportunidade. Basta uma para transformar uma vida. E muitas vezes uma vida é suficiente para transformar as outras. Ela também testemunhou como se tecem fortes redes de incidência, como quando a Agenda Pazcífico serviu de subsídio para os acordos de paz, ou mesmo do ponto de vista pessoal, como quando conheceu o marido em uma das oficinas do Conexão Pacífico.

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que para inspirar os outros era preciso se aprimorar e ser uma pessoa melhor.

“Propostas como essa podem tirar os jovens das drogas e vandalismo para que comecem a fazer arte e representem nossa cultura”

JOHN EDUAR ANGULO

JOHN EDUAR ANGULO

(Puerto Tejada, Cauca), 19 anos Estudante de administração de empresas na Universidade Icesi Rota de Liderança: Fundo Juventude e Construção da Paz BBVA II - Universidade Icesi Ecossistema de transformação: Fundador do Walking on Money. Universidade Icesi Aos 7 anos, ele empreendeu a jornada mais importante de sua vida: ele trocou sua cidade natal, Puerto Tejada, por Cali. Nesse novo ambiente urbano, e com a carga de criatividade que ele já tinha, ele se apaixonou pelo rap e começou a forjar seu talento em freestyle e rimas. Passava horas improvisando sozinho e na rua com seus amigos. O que parecia um hobby começou aos 16 anos, bem quando terminava o ensino médio. Um ano depois, ele decidiu ir além da atuação e do rap para formar a organização Walking on Money junto com um amigo. Ambos tinham a intenção fixa de apoiar jovens que desejavam ingressar no mundo da arte urbana. Fortalecido como líder urbano, do bairro Potrero Grande, entendeu 42

Nesse ponto de sua vida, ele escutou sobre a convocatória de Manos Visibles para o Fundo para Jovens e Construção da Paz. John queria a todo custo acessar o ensino superior, mas viu essa opção como um caminho íngreme. Enquanto fazia música, ele fazia pesquisas para uma empresa. Se postulou, no meio da incerteza, mas com positivismo. O resultado da convocatória mudou o curso de sua vida. Ele começou a se formar na Universidade Icesi e hoje ele vê essa oportunidade como um presente do coração. Também porque “propostas como esta podem tirar os jovens das drogas e do vandalismo para que comecem a fazer arte e representem a nossa cultura”. Por sua parte, desenvolveu um espírito empreendedor e habilidades empreendedoras com foco no fortalecimento da arte e da cultura em sua comunidade. “Minha vida mudou muito: passei de jovem a alguém que trabalha pelo que gosta e pelos jovens que o amam, assim como eu, um jovem que agora está se formando profissionalmente para trabalhar para minha comunidade e torná-la mais forte em arte e cultura ”, afirma. A ilusão o transborda. Como no rap fluido, as estrofes de seus sonhos fluem e se conectam.

ZOYLA SALAZAR

Ecossistema de transformação: Arroz Blanquita, Festival Petronio Álvarez Sua vida profissional tem estado ligada ao arroz e, portanto, a trabalhar com esse produto que alimenta milhões de pessoas, principalmente nas áreas mais vulneráveis do ​​ país. Graças a sua relação com Arroz Blanquita, esta economista da Universidade de San Buenaventura, especializada em questões financeiras e avaliação de projetos, ela já conhecia parte da realidade de seu país. Ainda assim, algo estava faltando. “Eu tinha um véu que me impedia de ter consciência dos processos”.

(Cali, Valle del Cauca), 49 anos Gerente Financeiro da Arroz Blanquita

Grande parte do país sente que os problemas em seu meio ambiente não os implicam ou os afetam. No caso dela, tinha raízes chocoanas por parte da mãe e de uma família ligada às questões sociais, além de trabalhar em uma empresa que dedica seus melhores esforços à promover a igualdade e a diversidade por meio de boas práticas sociais e éticas.

Caminho de liderança: Escola de Inovação Comunitária MIT e Mel King Fellow MITCoLab: Tutora da Escola de Economia e Workshops e Estágios da Conexão Pacífico; Apoio financeiro do MingaLab para Jovens Criadores de Chocó e Canto Pazcífico.

No entanto, a consciência de seu território não fazia parte de seu ser. Com a família, eles moraram em um bairro de classe média. Sua mãe, uma mulher forte com autocontrole, formou suas filhas para terem uma personalidade forte e se defenderem.

ZOYLA SALAZAR


Foi quando entrou em contato com Manos Visibles que ampliou sua visão da região por meio da Escola de Inovação Comunitária do MIT, como bolsista Mel King e também durante participação direta nos programas como conselheira da Escola de Economia ou como mentora nos Workshops da Conexão Pacífico. Como quando Arroz Blanquita patrocinou processos culturais como Jovens Criadores de Chocó ou Canto Pazcífco, como fez decididamente com o Festival Petronio Álvarez. Zoyla entendeu as dificuldades do Pacífico, a falta de sensibilidade do país sobre uma realidade que afeta a todos e a falta de oportunidades para a maioria. “Isso me transformou. Assumi na minha vida e no meu trabalho uma filosofia mais humanitária, social e colaborativa ”, lembra.

“Se as pessoas podem desenvolver suas habilidades e competências e alcançar a sustentabilidade, todos nós venceremos como sociedade. O conhecimento transforma a todos nós ” Mais humana, comprometida, sensibilizada e com o intuito de ajudar, ela colocou na cabeça que sua própria transformação deveria ser voltada para oportunidades. “Se as pessoas podem desenvolver suas habilidades e competências e alcançar a sustentabilidade, todos nós venceremos como sociedade. Os conhecimentos transformam a todos”, diz ela. Hoje ela é uma das madrinhas e mentoras do Fundo de Juventude e Construção da paz.

RENOVAÇÃO BASEADA NO EMPODERAMENTO BLENNY VALECILLA

(Buenaventura, Valle del Cauca), 38 anos Prefeito do Continente El Pailón, Buenaventura Rota da Liderança: Coorte Mestrado em Governo e Políticas

Públicas Poder Pacífico (Universidade Icesi ), Workshops Regionais e Laboratório de Inovação Política. Ecossistema de transformação: Câmara de vereadores de Buenaventura, (única mulher eleita) 2015-2019, Presidente da Câmara Municipal da localidade Continente El Pailón, Buenaventura. Quando Blenny terminou o ensino médio na instituição Teófilo Roberto Potes, tinha 17 anos e teve o grande sonho de mudar o mundo. No entanto, as portas para o ensino superior pareciam estar se fechando para ela na época. Ela foi capaz de realizar seu sonho de estudar Administração pública quando ela já tinha um filho e conseguiu uma bolsa para isso. A vida parecia atrasar seus planos, mas sua obstinação acabaria levando-a onde ela queria.

A aparência do território mudou de reclamação para ação porque entendemos que somos chamados a fazer parte de uma nova história. BLENNY VALECILLA

Foi no processo universitário que tomou a decisão de fazer incidência política. Junto com outros nove colegas, ela se juntou para formar uma equipe que iria trabalhar com e para a comunidade. Seu trabalho na Probisoc, Corporação Social Abriendo Caminos, permitiu-lhe desenvolver iniciativas empresariais e processos organizacionais, formação em artes e ofícios e aconselhamento à comunidade. Até aquele momento não conhecia o alcance da liderança, mas estava descobrindo à medida que expandia seu universo. E esse universo foi significativamente ampliado quando a também graduada em filosofia e assuntos políticos foi selecionada para o mestrado em Governo pela Manos Visibles e passou a fazer parte do Conexão Pacífico e do Laboratório de Inovação Política para a Paz. Esse encontro com mais gente da região que estavam na mesma linha, foi decisivo porque lhe permitiu ver que a liderança era

possível e que os mitos e barreiras eram apenas obstáculos mentais. Com as ferramentas que conquistou e após o mestrado em 2015, foi eleita vereadora de Buenaventura. No cargo, deixou claro que seu nível de incidência no território tinha que ser positivo e que toda a região fazia parte de um núcleo orgânico cuja direção era hora de redirecionar. Determinada a transformar circunstâncias adversas coloquei em movimento o que aprendi: demolir o mito de que havia espaços reservados para poucos e transformar as próprias circunstâncias adversas e as da comunidade dela. A transformação foi evidente. Havia superado da timidez para o empoderamento e “liderando as demandas do meu povo com integridade, confiança e dedicação. O olhar do território mudou de reclamação para ação porque entendemos que somos chamados a fazer parte de uma 43


nova história. Somos nós os chamados a construir este empreendimento, já não somente como Buenaventura, mas como uma região inteira. Vamos mudar a história”, afirma, com absoluta convicção. Além de aplaudir os protestos que tornaram visível a desigualdade, agora promove claras rotas de incidência para mudar o horizonte. Hoje, como prefeita do Continente El Pailón, cumpre a sua missão pessoal. “A história já contou que não contamos. Mas vamos transformar a história que as próximas gerações vão contar”, afirma emocionada.

ANGÉLICA MAYOLO

(Buenaventura, Colômbia), 30 anos

Presidente Executiva Câmara de Comércio Buenaventura Rota de liderança: Escola de Governo “Poder Pacífico”, workshops da Conexão Pacífico, tutora do Fundo Juventude e Construção da Paz II Ecossistema de transformação: Câmara de Comércio de Buenaventura, Presidência da República, Chefe de Cooperação Internacional do Ministério do Meio Ambiente, Secretária de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Cali, Obama Fellow. Aos 14 anos ela percebeu que era uma pessoa privilegiada no meio de uma cidade de contrastes. Jogou no time de vôlei de Buenaventura e viajou para representar seu município em um torneio fora da cidade. Na viagem conheceu os pais de seus colegas e as condições complexas que eles enfrentavam para competir: a maioria fazia um grande sacrifício. Ela, que havia crescido em um ambiente de trabalho social em que sua mãe desenvolvia brigadas de socorro e seu pai havia educado pelo menos cinco gerações diferentes de alunos no trabalho como professor, entendeu que deveria seguir a tradição de seu lar vocacional para o serviço. Havia que equilibrar a balança. Amava a Buenaventura natal. Viveu em sua cidade até os 16 anos em meio à união de seu povo e ao calor de suas tradições, mas também em meio a suas contradições, até que decidiu estudar em Cali para quebrar o estigma de que havia diferenças entre um lugar e outro. , ou que 44

a qualidade dos alunos em sua cidade era inferior aos da capital do Valle. Ela se propôs a ser a melhor e conseguiu: obteve 300 pontos de 300 possíveis no processo seletivo e manteve a média geral acima de 4,7 até o final do curso.

Por meio da Escola de Governo Manos Visibles eu entendi que nascemos para servir e que aqueles de nós que vêm de regiões com grandes desafios, devemos contribuir com todos as nossas capacidades para mudar as condições de nossas populações. Criou a organização Cojamos Lucha, para gerar conscientização dos cidadãos e campanhas cívicas em suas terras. O caminho de aprendizagem a levou ao Conselho de Estado, à Chefia do Escritório de Assuntos Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, à Secretaria de Economia do Desenvolvimento em Cali e, mais recentemente, à presidência da Câmara de Comércio de Buenaventura. Tais cargos fazem parte de seu ciclo de expansão. E transformação. “Eu sou uma mulher negra, criada em uma casa que valorizava a cultura do Pacífico. Por meio da Escola de Governo Manos Visibles eu entendi que nascemos para servir e que aqueles de nós que vêm de regiões com grandes desafios devemos contribuir com todas as nossas capacidades para mudar as condições de nossas populações”, reafirma, com convicção. E mais: Manos Visibles tornam o trabalho visível de outros líderes na região do Pacífico, incluindo o seu, a ponto de criar sinergias e influenciar a nível nacional. Por sua parte, aprendeu a enfrentar os desafios de sua região de forma diferencial, e hoje ela está convencida de que parte da grande mudança está na compreensão da região.

ANGÉLICA MAYOLO

Isso e mais: “Apoiar o potencial da região permite fortalecer os níveis de equidade. Em cada canto existe inovação e criatividade. O desafio é aproveitar o talento e dar oportunidades de capacitação”, finaliza. Veja o talento e como ele floresce, confessa, transforma nossa vida a cada momento.

FERNANDO CEPEDA ULLOA

(Bogotá), 82 anos Ex-ministro, diplomata, embaixador, acadêmico e um dos líderes mais influentes do país por décadas. Rota de liderança: Consultor Conceitual Mestrados Poder Pacífico; Promotor, Fundador e Professor da Escola de Governo Poder Pacífico, tutor e palestrante em todas as oficinas de Conexão Pacífico. Fernando Cepeda Ulloa era o embaixador da Colômbia na França quando conheceu Paula Moreno em Paris. O encontro teve a missão oficial de colocar uma placa comemorativa no hotel parisiense de Flandre, onde Gabriel García Márquez morou por seis meses. Essa já era, em si, uma história fascinante, igual a que ambos iriam começar a partir daquele momento.


“Diga a eles como é a questão do poder, como a influência é A CONVERSÃO E exercida, como é a liderança, POTENCIALIZAÇÃO DO não conte histórias ou teorias: ENTORNO diga-lhes que é útil para eles HAROLD YUSTY CASTILLO para que possam ajudar o (Buenaventura, Valle del Cauca), 38 anos Pacífico e influenciar nas Gerente comercial da Gesampa decisões da Colômbia .” Rota de liderança: DALE, MingaLab FERNANDO CEPEDA ULLOA

O colombiano laureado com o Nobel morou em Paris por vários anos e passou um período difícil sem poder pagar o aluguel do hotel, morando em um sótão esperando que algum dinheiro viesse da Colômbia para sobreviver. O gerente do hotel concordou que ele continuaria ali em um espaço frio com o mínimo de conforto, mas protegido do inverno e seguro. Enquanto a espera foi prolongada, o escritor produziu seu novo trabalho, Ninguém Escreve ao Coronel. Cepeda Ulloa tinha ficado ali por acaso e quando identificou o local no renovado Hôtel des Trois Collèges e ficou sabendo de toda a história, decidiu colocar uma placa em sua memória e criar uma biblioteca com suas obras em vários idiomas. Foi em 2008. Eles conseguiram que García Márquez fosse porque o ganhador do Prêmio Nobel tinha lembranças ambíguas de Paris e evitou as homenagens, mas foi Paula Moreno como Ministra da Cultura. Uma poderosa amizade nasceu entre os dois. Ambos concordaram que era hora de dar tratamento igual à elite do Pacífico em formação e aos altos funcionários da capital; que a formação de qualidade não podia se limitar a espaços privilegiados, mas era hora de estendê-la a outros ambientes para que a equidade passasse a ser real. Isso significava levar Harvard, Oxford, MIT ou a Universidad de los Andes para Quibdó ou Buenaventura. Ou levar o próprio Cepeda Ulloa para esses cenários.

Seu papel seria conversar com eles sobre política, algo sobre o qual foi muito claro: foi Ministro de Comunicações e Governo, embaixador na OEA, na ONU, no Reino Unido, França e Canadá, entre outros, em uma carreira política de cerca de 40 anos. Diga a eles como é o tema do poder, como se exerce a influência, como é a liderança, não conte histórias ou teorias: diga o que é útil para que possam ajudar no Pacífico e na influência e nas decisões da Colômbia”, pediu Paula Moreno. “Isso é o que eu fiz. Sem especular”, confessa, com orgulho. A tarefa não era fácil: envolvia criar um mestrado no Pacífico com as melhores universidades privadas possíveis, conversar com reitores, professores e diretores de programas para definir novas abordagens e uma utilidade real, sem descuidar da exigência. Cepeda comoveu-se com o processo: desde sua atuação nos governos de Belisário Betancur e Virgilio Barco, falava-se em gerar uma mudança real no Pacífico, mas não aconteceu. Seu legado no Ministério o levou a implementar o programa de bolsas de estudos mais generosas para estudantes do Pacífico, “mas faltava tal corporação. Todas as regiões devem ter uma que as projete internacionalmente”, reflete. Completa sua reflexão com uma história: “Uma vez eu falei em Quibdó sobre corrupção e problemas éticos. Quando os alunos deram sua opinião, eu entendi o nível tolerância à corrupção que ali existia. Tinham internalizado como algo natural. Isso me mostrou que era preciso transformar a norma social e não as leis. o importante era mudar o pensamento de seus líderes, e nós fazemos isso”.

Ecossistema de transformação: Gesampa Há uma enorme gratidão em Harold pela família que lhe deu vida. Na verdade, ele enfatiza que a dele é humilde, trabalhadora e honesta; que seu pai pedreiro, Raúl, e sua mãe costureira e artesã, Gloria, assim como sua irmã Ximena, nunca lhe negaram nada, muito menos uma educação baseada em “bons princípios e respeito”. Também não lhe negaram o prazer de se dedicar ao que mais amava: o futebol. Há muita gratidão em sua declaração que é comovente. Desde pequeno, de fato, dedicou-se ao futebol, a ponto de poder entrar na melhor escola de futebol de Buenaventura, a do ‘professor Juan Purula’. Ele se profissionalizou e mostrou talento. Seu professor, no entanto, morreu em um acidente de ônibus quando eles voltavam de um treino. Vários outros colegas ficaram feridos. O trágico acontecimento o levou a abandonar a escola e tocar o barco sozinho. Não foi ruim para ele, mas ele era jovem, indisciplinado e não conseguia medir o impacto daquele acontecimento inicial. Enquanto esse caminho parecia se desfazer, seu coração continuava ligado ao trabalho social e ambiental. Na verdade, aos 17 anos ele já havia ingressado no Conselho de Ação Comunitária de seu bairro e liderado o grupo de jovens e participado de atividades sociais. O aumento dos problemas de ordem pública em Buenaventura levou-o a migrar para Buga com uma tia, enquanto estudava Design Gráfico. Mas seu coração estava em sua cidade natal. 45


“Aprendi a olhar para o meu território de uma forma diferente e a falar de maneira positiva. Na verdade, minha vida deu uma guinada completa e agora ajo com um pensamento mais racional e investigativo. Eu tenho confiança para realizar meus projetos.” Voltou a se dedicar ao trabalho social e com a ideia de estudar na Universidade del Pacífico. Não estava tão claro para ele na época, mas a família de se emocionou com a possibilidade e lhe entregaram o formulário preenchido no outro dia. Ele apenas tinha que assinar. Ele estudou arquitetura e na universidade conheceu María Teresa Sinisterra. Ambos descobriram uma vocação ambiental e embarcaram no projeto ambiental Gesampa, com o objetivo de melhorar as condições ambientais da cidade e dar uma segunda chance para plásticos descartados. Harold acabou fazendo parte do programa DALE. Em seu processo Manos Visibles, ele conheceu Uriel Sánchez, um empresário ambientalista. Ambos agregaram suas capacidades para realizar o projeto. “Aprendi a olhar para o meu território de uma forma diferente e a falar de maneira positiva. Na verdade, minha vida deu uma guinada completa e agora ajo com um pensamento mais racional e investigativo. Estou confiante para realizar meus projetos”, Esse empreendedor de 38 anos, casado com Viviana Meza, confessa. Sua iniciativa foi articulada com a Plataforma Pacífico, que impactou cinco municípios da região, beneficiando 440 mil habitantes, e se tornou uma alternativa de sustento econômico para mais de 220 famílias. Entre os projetos do Gesampa, um se destaca: o programa 46

HAROLD YUSTY CASTILLO

Ecogol, que financia inscrições em torneios de futebol infantil com reciclagem e ativa a conexão com o esporte das crianças de Buenaventura. O gol que Harold Yusty pretendia marcar no outro campo agora está sendo feito do ponto de vista social. E isso o deixa muito, muito feliz.

URIEL SÁNCHEZ

(Antioquia), 52 anos Diretor Regional do Norte CO2Cero Rota da Liderança: Tutor DALE, MingaLab e Encontros Conexão Pacífico. Ecossistema de transformação: Universidade de Los Andes, CO2Cero Quando Uriel Sánchez foi ao Pacífico com Manos VIsibles e percorreu as ruas e alguns setores de Buenaventura, sua perspectiva mudou desde quando foi pela primeira vez, há cerca de 20 anos. Era impossível entrar lá sem sair transformado. Ele foi prestar assessoria sobre o gerenciamento integral de resíduos renováveis, convidado por Bart van Hoof, mas o impacto de conhecer a realidade foi tão forte que ele pediu para ser mais ativo porque sentiu que poderia contribuir muito mais.

URIEL SÁNCHEZ

Ele visitou a organização Gestores Ambientales del Pacífico (Gesampa), com foco na coleta de plástico reciclado para ter fonte de recursos e, aliás, apoiar um campeonato de futebol que incluísse jovens e escolas. Hoje, quase 18 times competem em um torneio “e com esporte eliminam a violência”, esclarece Uriel Sánchez, com orgulho. Ele era o penúltimo de 13 irmãos de uma família tradicional de Antioquia. Seu pai havia falecido muito jovem, o que tornou sua infância marcada pela carência de pertences e possibilidades. “Mas não sentimentos”, ele esclarece. Seu irmão mais velho encorajou todos eles e, no caso dele, o levou a saltar para uma escola de qualidade. “Foi a mesma aposta, há mais de 40 anos, que hoje vivo com Manos Visibles”. Uriel, diretor regional norte da CO2Cero, acabou atuando como membro suplente do conselho de administração, acompanhando os programas da DALE como tutor, organizando seu calendário anual de acordo com Programas Manos VIsibles e entendendo que o ponto da jornada que mais o empolgou nesse processo foi a formatura de “jovens que apostaram na educação como ferramenta para superar a pobreza”


“A gente se enriquece com o otimismo e a alegria que eles mantêm, apesar de dificuldades. Na verdade, eles apresentam um desafio para nós: sim nessas condições eles assumem transformar, o que fazemos nós?” Ele teve a oportunidade de trabalhar com comunidades desde 2006, quando deixou o Ministério do Meio Ambiente. Atuou em empreendimentos de gestão de resíduos, vinculados às comunidades do sul de La Guajira e Cesar, e entendeu que as experiências com outros grupos humanos e culturais o nutriram como ser humano. Principalmente na questão ambiental. “É o canto de maior biodiversidade do planeta. No Pacífico já são protagonistas e gestores de soluções para a maior preocupação global. É hora de explorar economias alternativas de forma sustentável e estratégica”, finaliza, dizendo, desde Santa Marta.

INOVAÇÃO PARA A MUDANÇA DE PARADIGMAS KATHERIN GIL

(Quibdó, Chocó), 30 anos Diretora de Jovens Criadores de Chocó e Coordenadora do MIT CoLAB Quibdó Rota de liderança: DALE (2013), Escola de Governo (2014), Escola de Inovação Comunitária MIT (2014-2016), Laboratório de Inovação Política, Workshops Conexão Pacífico, MingaLab IV, Mestrado em Governo e Políticas Públicas U. EAFIT, Afroinnova, Coordenadora Manos Visibles de Quibdó

Ecossistema de transformação: CoLaB MIT, Jovens Criadores do Chocó “Eu era uma garota tentando ser uma garota”, diz ela. A infância de Katherin foi marcada por um contexto mais que difícil: ela cresceu em um bairro popular de Quibdó onde houve uma forte incidência de micro tráfico de drogas, juntamente com gangues de rua, prostituição e a dor dos homicídios e brigas de rua. “Éramos uma geração que tentou ser meninos e meninas naquele ambiente complexo. Fizemos a partir da resistência dos jogos tradicionais, contando histórias de vida ou sonhando com novas histórias. A febre do meu bairro me fez pensar em sair daquele mundo”. Ela decidiu atingir metas para dar opções de trabalho aos jovens dessas gangues. Seria sua recompensa social pelo seu crescimento pessoal. Optou pela educação, porque era o que estava ao seu alcance e porque tinha entendido que assim poderia ajudar os outros e salvar vidas. Ela sabia o caminho para isso: havia rap, break dance, fortes movimentos culturais que quebraram a presença do caos e da morte e se tornaram “fios finos para construir e remover a frustração”. Conectavam as pessoas e as faziam sorrir. Com a clareza do que devia fazer, dedicou-se a realizar atividades comunitárias, participou do grupo Somos Chocó, jogou basquete, fez dança tradicional e decidiu ir contra o status quo que não queria. Foi aí que entendeu a necessidade de fazer parte do universo do poder. “Não queríamos mais adultos nos dando ordens. Para não sermos anulados, vários de nós nos juntamos e criamos os Jovens Criadores de Chocó”, e desde aí contaram suas próprias histórias. A obra Amangualados, com a história de Eugenio Gómez Borrero, o primeiro homem fuzilado na Colômbia e chocoano no centro de poder, foi sua abordagem inicial para uma realidade que eles desconheciam. Chega de narrativas que nos minimizam” Participou da convocatória DALE, em workshops regionais da Conexão Pacífico e Mingalab, determinado a não ser

KATHERIN GIL

“Hoje quero reivindicar nossos valores de identidade. Que meus palavra seja construtiva e generativa para narrar meu território de ação: se eu narrar de forma positiva, será positivo. Chega de narrativas que nos minimizam ” mais invisível. Ele se transformou para deixar de pensar em Quibdó e pensar desde todo o Pacífico. Ele aprendeu a administrar e ser uma pessoa integral para inspirar e servir, desde o Mestrado em Governo e Políticas Públicas. Falou de poder e ganhou poder. “Hoje eu quero reivindicar nossos valores de identidade. Que minha palavra seja construtiva e generativa para narrar meu território a partir da ação: se eu narro positivo, vai ser positivo. Sem mais narrativas que nos minimizem “ Sua transformação nasce da inovação e da Manos Visíveis conectados com o CoLAB do MIT. Trabalha nas potenciali47


dades do seu território e para uma democracia econômica. “Inovação desde as margens”, especificou Katherin, que sabe o que significa estar à margem.

Foi o momento do auge da engenharia de sistemas no mundo, portanto Jimmy optou por estar na vanguarda e se inscreveu para essa carreira na Universidade Libre. Eu não tinha experiência com computadores, mas era o futuro, e tinha que jogar o jogo.

Disseram-nos que estávamos condenados à pobreza e exclusão, mas a história está sendo reescrita. Será uma história dito por nós mesmos

JIMMY GARCÍA

JIMMY GARCÍA

(Quibdó, Chocó), 38 anos Fundador e Diretor da Escola de Robótica Chocó Rota de liderança: MingaLab II-VI, Escola de Inovação, Comunitária MIT, Workshops Regionais e Afroinnova. Tutor DALE e criador Innovation Girls. Ecossistema de transformação: Escola de Robótica de Chocó Poucas coisas entusiasmam mais uma jovem do que as palavras laboratório e jogo. Aconteceu com Jimmy García desde criança, quando era fã dos Transformers, e com eles experimentou o poder de transformar carros em robôs automatizados e vice-versa. Fã da bicicleta e do futebol, sempre motivada a ocupar os primeiros lugares de sua turma, Jimmy realizou o sonho mais chocoano de todos: trilhar seu próprio caminho pela educação. Em 1998 ele concluiu o ensino médio e sua família fez um grande esforço para que seu filho pudesse ter uma educação de qualidade. O destino escolhido foi Bogotá. 48

Bogotá, entretanto, não era seu destino final. Ao terminar a graduação foi para Medellín, onde se sentiu mais acolhido. Acabou trabalhando no Ministério da Educação de Medellín e lá começou a trabalhar uma forma de ensinar ciência, tecnologia e inovação. Em 2011, por acaso, a robótica entrou em sua vida. O que parecia um modismo tecnológico se transformou em uma aventura. Em 2016, com uma nova ilusão e muitas ideias, voltou a Quibdó. Ele encontrou o que esperava: nenhum suporte local para sua ideia. Junto com Adolfo Copete apresentou a iniciativa da Escola de Robótica de Chocó à convocatória Manos Visibles e MIT para fazer parte da Escola de Inovação Comunitária, EIC-Lab. Foi uma alavanca crucial. Não apenas sua iniciativa teve mais eco, mas ele foi capaz de se fortalecer. Com o MingaLab em 2017 e a visão de ser uma organização de base, a Corporação Centro de Inovação do Pacífico. Enquanto os alunos frequentavam a Escola e trabalhavam com tecnologia e circuitos com a emoção de criar e experimentar, Jimmy entendeu seu próprio processo de transformação pessoal: a principal entrada para alcançar seus objetivos eram a paixão, que se tornou em determinação e obstinação. “Uma ótima ideia sem paixão pode falhar rapidamente, mas o que parece ser uma má ideia com paixão pode se transformar em uma fantástica se você lapida com o tempo”, garante. Na verdade, mais cedo ou mais tarde, ele teria desistido da

ideia aparentemente maluca de criar um laboratório onde meninos e meninas aprenderiam robótica em Quibdó. “Eu não tinha apoio das administrações locais, não tinha apoio de pessoas próximas que poderiam me ajudar iniciei a iniciativa, mas não desisti. Todo dia eu estava mais apaixonado por torná-lo realidade e o entusiasmo dos jovens foi o fator fundamental”, observa. Nesse processo, ele entendeu que não poderia depender de Governo para mudar a realidade, mas de liderança nova, como a dele. Essa verdadeira transformação também aconteceria com a reengenharia. Como engenheiro, ele deixa claro que a mudança ocorre modificando o sistema operacional, reprogramar e esta geração de líderes tem esse poder. Hoje pensa coletivamente e em construção colaborativa, adora seu território, deseja adicionar à mudança e inspirar alunos, passando da resistência à transcendência. “Disseram-nos que estávamos condenados à pobreza e à exclusão, mas a história está sendo reescrita. Será uma história contada por nós ”, conclui. E ele sabe muito bem: eles ficaram em 20º lugar na competição mundo da robótica na China, entre 700 delegações; As Innovation Girls já visitaram a NASA, ocuparam o segundo lugar no campeonato nacional e seu objetivo é ir para o próximo campeonato a ser realizado no Japão. Nesse processo, no MingaLab, José Carlos Álvarez, tutor geral em comunicações para a rede Manos Visibles e o MingaLab, ajudou-os não apenas a serem claros sobre a estratégia de mensagem e comunicação, mas como o valor de suas ações deve ser conhecido pelo país para que a nação entendesse que o Chocó e a ciência vão juntas.


porque ele também trabalhou com questões de organizações sociais.

“Minha visão foi transformada. Eu vim para as regiões querendo ajudar, mas não precisa ser um assistencialista. A pessoa aprende a construir. É um erro pensar a partir de um centro que fornece para as regiões .”

JOSÉ CARLOS ÁLVAREZ

JOSÉ CARLOS ÁLVAREZ (Popayán), 39 anos Sócio / Diretor da Ágora Talks

Rota de liderança: Consultor de Comunicações ProBono Manos Visibles, Tutor Programa de Gestão de Desenvolvimento para Mulheres Afro-Colombianas, tutor de comunicação e porta-voz de todos os DALE, Escolas de Governo, Laboratórios de Inovação Política e Tutor de Comunicação MingaLab Ecossistema de transformação: Ágora Talks, empresas, fundações nacionais Seus primeiros anos de vida não foram estáticos em casa, como outras crianças. Ele viveu sua primeira infância nas montanhas, entre comunidades, brincando com crianças que eram seus iguais, e que mais tarde ele entenderia que outros consideraram diferentes. Ele teve sorte que sua mãe era antropóloga com forte liderança política no Cauca e o levava nas viagens de negócios para as Comunidades indígenas e afro-colombianas do Cauca. O pai dele complementava aquelas intensas viagens

Na verdade, sua mãe era a diretora do Plano Nacional de Reabilitação, que liderou o processo de paz de 1989 com o M-19. Isso significava visitar as comunidades onde dirigia o grupo Quintín Lame, e saía para jogar futebol ou ir para a escola com os filhos dos combatentes de Corinto, Cauca, que exigia justiça social.

convidou para dar workshops sobre estratégia política e José Carlos entendeu que isso o reconectaria com sua paixão original. “Eu ensino técnicas, mas elas me ensinam mais a mim do que eles imaginam porque através deles eu encontro verdadeiras vozes “. Na verdade, ele mudou o foco de sua empresa e repensou seu próprio empreendedorismo. “Minha visão foi transformada. Vim para as regiões querendo ajudar, mas não se deve ser um assistente social. A pessoa aprenderá a construir. É um erro pensar a partir de um centro que fornece para as regiões ”, diz Isso o faz sorrir ao pensar nos rostos daqueles que têm alcançado seus sonhos graças as suas estratégias. “Lembro-me do caso de um rapaz gay, afro, em Quibdó, de 18 anos, que foi declarado vereador em Cértegui.

Com seu pai, por outro lado, ele entrou no coração das Comunidades afro e por um tempo tornou-se parte de seu dia, acompanhar a vadiar pelo ouro na difícil rotina de mineração artesanal.

Eu o ajudei a montar a campanha e ele conseguiu”. Ele sabe o que isso significa: mudanças que parecem pequenas, mas deixam impressão nas novas gerações. Mudanças profundas que ele sabe que podem ser alcançados se forem extrapoladas experiências e se ajustam às realidades locais. Ele mesmo é outro agora, com sua empresa Ágora Talks. Ou o mesmo que sonhava ser quando criança.

Sair, para ele, era acompanhar os pais no trabalho.

MILADY GARCÉS

Outras crianças de sua idade iam para a Disney enquanto ele fazia uma turnê pelo Pacífico desde a cidade natal, Popayán. Aquela primeira conexão com a realidade permitiu-lhe ter uma visão ampla do mundo de uma forma inocente, reforçada por conversas em casa durante o jantar sobre política ou conflito social. Cientista político e filósofo, Carlos saltou para o mundo corporativo, morou no exterior e voltou para assumir as comunicações digitais do Processo de Paz com as Farc. Nesse ponto de sua vida, ele encontrou a veia que conectou sua paixão pessoal por estratégia política com a contribuição para o desenvolvimento. No entanto, o mundo estratégico e seu trabalho o desconectaram da realidade social. Foi ali quando ele entrou em contato com Manos Visibles. Paula Moreno o

(Bojayá, Chocó), 31 anos Consultora de estratégia para MIT CoLab. Rota de liderança: DALE 2014, MingaLab, Escola de Inovação Comunitária MIT CoLAB, Mestrado em Governo e Políticas Públicas Universidade Icesi Ecossistema de transformação: organizações das mulheres de Buenaventura, MIT CoLAB, organizações rurais, Viche Positivo Desde jovem, Milady se preocupou com as dinâmicas e processos sociais. Parece algo inusitado em uma menina, mas ela vivia em um ambiente marcado por situações complexas, como Buenaventura, onde a maior contradição se dá pelo tamanho e relevância de seu massivo porto e pelo contraste com as condições de vulnerabilidade e 49


partir da militância, mas da estratégia”, explica, ao falar sobre sua transformação pessoal. “Daquele momento em diante minha liderança estava mais consciente porque eu passei da fala ou reconhecimento para cenários de ação. Minha visão da administração ganhou um foco social. Aprendi a ver fatores multidimensionais que fazem as realidades mudarem, para ressignificar a falha, eu entendi como prototipar e agora só vejo oportunidades de potencializar”, acrescenta ela, carregada de emoção. Ela então participou da Escola de Inovação Comunitária onde se conectaria com MITCoLAB, o MingaLab e o Mestrado de Governo. Com isso, você já tem as ferramentas. Previamente, Milady tinha a vontade. MILADY GARCÉS

ausência de direitos de seus cidadãos. Ela também teve um exemplo em casa: a mãe, Glória Amparo Arboleda, foi uma líder social que permaneceu mais nas comunidades do que em casa. “No começo isso me causou contradição porque eu não entendia porque devia aos outros, mas no final entendi, através dela, a essência de uma vocação para os outros. Quem não vive para servir não serve para viver. Minha escola, na verdade, tinha uma abordagem de liderança e, como resultado, assumi essa condição. Participei da associação indígena e afro Amusí, e com a Rede Nacional de Mulheres Afro-Colombianas “Kambirí”. Eu segui esse caminho até estudar administração de empresas e fazer um diplomado em questões relacionadas a minha identidade”, narra. Enquanto isso, começou a procurar referências de mulheres afro que teriam quebrado os estigmas e paradigmas sociais. Rosa Parks e Angela Davis foram as primeiras referências mundiais, mas queria figuras nacionais, mais próximas. Sua própria mãe ou Paula Moreno eram as que eu poderia fazer referência. Precisamente a sua participação na DALE, da Manos Visibles, levou-a a se conectar com a rede do Pacífico. “Eu entendi que sempre nos comunicamos por meio de tudo o que fazemos. Eu aprendi a mergulhar nas complexidades, e nem sempre agindo a 50

Entendi que sempre nos JESSYMAR ÁLVAREZ comunicamos por meio de tudo o que fazemos. Aprendi a me aprofundar nas LEADERSHIP FOR THE NEW complexidades, e nem sempre TIMES agir a partir da militância, mas da estratégia JESSYMAR ÁLVAREZ Seu esforço para melhorar a levou a assumir ser porta-voz para que a viche fosse considerada patrimônio; colocou o assunto na agenda pública, dignificou a voz dos produtores desta bebida milenar e tem desenvolvido três encontros de vicheras e um encontro de conhecimento ancestral. Agora, embora ele saiba que o grito é uma forma válida de exigir direitos, entende que existem outras opções de maior incidência. “Líderes não são Líderes por momentos. Sempre são Líderes”, diz ele. Há tanta confiança em sua voz que não há dúvida sobre isso.

(Bojayá, Chocó), 31 anos Consultor júnior em temas sobre masculinidade. Ex-vereador de Quibdó Rota de liderança: DALE 2015, Escola de Governo 2016, Laboratório de Inovação Política. Laboratório de Literatura Africana MingaLab Ecossistema de transformação: Rede Juvenil de Mulheres Chocoanas, Partido MIRA Sua infância foi marcada por dureza a ponto de alguém se perguntar, quando ouve a história dele, como ele faz para sorrir tanto e ter a força que o acompanha. Jessymar nasceu em Bojayá em 1988, foi criado pela avó paterna e a vida o impediu de ter mãe e pai ao mesmo tempo. Quando os Paramilitares entraram na cidade, em 1997, ele se mudou para Quibdó. Ele deixou de ter um espaço aberto para ter que pagar aluguel em meio às deficiências, tendo o rio e a


comida a poucos passos para começar passar fome e de viver feliz e entre as pessoas de confiança para crescer em um ambiente complexo. Ele cresceu no difícil bairro La Aurora, onde entendeu as dificuldades da exclusão, mas também a importância de liderança. Na escola, ele aspirava ser um representante, e embora ele tenha perdido aquela primeira tentativa no mundo da democracia, assim começou sua missão como um líder natural.

“Eu internalizei os valores de pertencer ao meu território, de construir a partir do local, ser um líder e demonstrar isso com o valor de minha palavra.” Ciente de que na política se tomavam decisões cruciais para sua comunidade, ele aspirava ao Conselho de Ação Comuntária de seu bairro Los Álamos, e ele ganhou. Ele concorreu a prefeito e não teve sucesso. Mas se apresentou ante o Conselho de vereadores e alcançou o segundo voto do município, que o tornou o Vereador eleito mais jovem. “Minha força tem sido trabalhar pelo social, como crianças em condição incapacitante. Com a fundação Chocó Posible, por exemplo, impactou na vida de centenas de pessoas e cadeiras de rodas entregues para 50 crianças e 50 idosos. Agora eu me concentro na linha de gênero porque há muita violência de homens contra as mulheres”. Jessymar é um homem avançado e pensamento feminista, que apóia diretamente a Rede Departamental de Mulheres Chocoanas e a Rede Juventude como coordenador de projetos. Nesse sentido, lembra o impacto de sua proposta de pintar as casas do El Futuro 2, na Comuna 1 de Quibdó: conseguiu e ofereceu pintura para casas que queriam mudar a fachada se permitissem que ele fizesse um trabalho de prevenção de violência. “Hoje as casas ainda preservam a pintura” Agora ele trabalha em um centro de projetos produtivos e sustentáveis para os jovens; ele também faz isso com jovens vítimas de violência, em um

processo de empreendedorismo em novas masculinidades transformadoras. Este projeto já deu seu primeiro fruto: o primeiro centro de expressão para homem, cuja proposta visa mudar o imaginário social do Chocó, que impede, por legados culturais e pressão social, que os homens se expressam fluentemente com as mulheres sobre as questões tão simples quanto abraçá-las ou andar de mão dada em público. Ele lidera essa mudança. Seu contato com Manos Visibles foi através da primeiro convocatória para a DALE. Fez o processo, formou-se e depois participou do Workshop Conexão do Pacífico, Escola de Governo, o Laboratório de Inovação Política para a Paz, Mingalab e o Laboratório de Literatura Africana. Com todas essas ferramentas ele conseguiu ser vereador. Esta transformação continua hoje: “É impossível para mim chegar a uma posição e não fazer as coisas bem porque tenho internalizado os valores de pertencer ao meu território, construir a partir do local, ser um líder e demonstrar isso com o valor da minha palavra. Manos Visibles é minha família Pacífica “, diz ele, sorrindo, como sabe fazer. No processo de se lançar na política teve vários tutores como Juan Pablo Milanese, Luis H. Berrio, Pedro Viveros e Jorge Melguizo, que o ajudaram a organizar a estratégia política e marketing, o impulsionaram para alcançar o objetivo.

JORGE MELGUIZO

(Medellín, Antioquia), 58 anos Consultor internacional, é responsável pela Cultura e Educação na Comfama e Secretaria de Cultura e Integração Social da Prefeitura de Medellín Rota de liderança: Tutor de Gestão de Desenvolvimento para Mulheres afro-colombianas, DALE (todas), MingaLab (todos), Escola de Governo (todos), Laboratório de Inovação Política, Conselheiro do Plano Estratégico Manos Visibles e Mestrados Poder Pacífico. Ecossistema de transformação: Entidades que assessora nacional e internacionalmente Jorge Melguizo tem Medellín no coração. Não só por ter nascido em San Javier - na comunidade 13 de Medellín–, estudar comunicação social na Universidade de Antioquia

JORGE MELGUIZO

ou por ter sido professor universitário lá, mas porque seu trabalho em várias ONGs, processos pedagógicos e de cultura cidadã relacionados com sua cidade o levaram a falar e sentir a capital paisa como se fosse parte integrante de seu próprio ser. No entanto, seu amor pela terra que defendeu tem um elo comum com as regiões não visibilizadas. Manos Visibles é esse elo. Na verdade, graças a ele, conseguiu tecendo um vínculo sólido com uma região que era desconhecida: o Pacífico. “Conhecimento de uma região ou território é o conhecimento do imaginário, simbologias, conhecimento, conhecimento, formas de expressão e diferentes culturas que a compõem. Eu já disse em uma reunião do Mestrado em Governo “Poder Pacífico” com as Universidades Eafit e Icesi, falando sobre a ênfase do mestrado em construção da paz, que é muito mais o que temos que aprender com o Pacífico que eles do resto do país: aprender com o pessoal, a solidariedade, perceber a cultura, sua natureza, sua resiliência, sua música, sua gastronomia e seu sabor tão autêntico no literal e no metafórico”. Jorge Melguizo tacitamente ligado a Manos Visibles, primeiro, depois de conhecer Paula Moreno na época que coincidiu em cargos públicos, ela como ministra da Cultura e ele como Secretário de Cultura 51


Cidadã de Medellín. No entanto, depois desse encontro ligados à cultura, eles iniciaram um relacionamento mais pessoal que acabou em um convite para Jorge para se juntar totalmente aos projetos da corporação.

Embora ele tenha ocupado cargos de tempo integral e de suas consultorias em mais de 130 cidades ao redor do mundo, Ele confessa que o que realmente sente falta é não estar totalmente em Manos Visibles. “É um dos projetos que mais gosto e dos que mais aprendo ”.

“Não nos construímos como nação. Muitos poucos fatos nos construíram como uma nação. Não temos nem o conhecimento nem o reconhecimento ou apreciação do que os outros territórios significam porque cada um mora no seu próprio pedaço de terra.” Ele durou sete anos acompanhando esta tarefa, então de maneiro específica, desde o trabalho que fez em Cartagena com projetos de empreendedorismo feminino até outros a quem se dedicou com absoluta intensidade, como o Mingalab, Escolas de Governo, Laboratório de Oficinas de Inovação Política, DALE, Conexão Pacífico em Cali e Bogotá e a elaboração do plano estratégico Manos Visibles, agora em execução. Naquele período, Melguizo estava ligado ao território, à cultura afro, a suas raízes e, com ela, todo o país e seus povos. Aos 58 anos, ainda está em processo de transformação e compreensão do país graças ao aprendeu: “Não somos construídos como nação. Muitos poucos fatos nos construíram como uma nação. Nós não temos o conhecimento ou reconhecimento ou valorização de o que outros territórios significam porque cada um vive preso no seu pedacinho de terra”. Lembra de apenas três momentos cruciais em que um sentimento coletivo conectou a todos: as marchas massivas para exigir a libertação de Íngrid Betancourt e exigir um processo de paz, o 5-0 da Colômbia contra a Argentina e os shows em julho que Paula Moreno organizou junto ao Ministério da Cultura. “Não era uma região que se tocava, mas sim o país encontrando-se de todas as regiões”.

Felizmente para a literatura do Pacífico, embora Lorena conseguiu ingressar na carreira de Biologia, sua vocação levou-a a se rebelar ao destino idealizado da medicina e escolheu ser artista, apesar do aviso de seus parentes que ela iria ‘morrer de fome’. “Não aconteceu, e aqui Eu estou”, acrescenta a autora de Atarrayando el oblivo, poema que resume a dor dos deslocados de sua região que chegam a suportar o desprezo nas cidades Seu mentor nesse processo de ganhar sua própria voz foi o poeta Hugo Montenegro, declamador da riqueza plena do Chocoano Miguel A. Caicedo. A inclinação para a poesia feminina que herdou de sua madrinha, a não menos talentosa poeta costumbrista Lucrecia Panchano. Sua vocação a levou a um momento que ela lembra com emoção, quando apresentou ao presidente dos EUA, Barack Obama, em 2012, uma cópia da Antologia de Poemas Matriax , e então lhe enviou o poema A lista negra, e um texto com o slogan “Sim, nós podemos”, que ele usou em campanha.

LORENA TORRES

LORENA TORRES

(Buenaventura, Valle del Cauca), 52 anos Poeta e escritora colombiana Rota de Liderança: Laboratório de Literatura Africana “No ventre de minha mãe, eu já estava declamando”, diz ela, com modéstia, a poetisa Lorena Torres, formada em Artes Dramáticas na Universidade do Valle e especialista em Pedagogia do Folclore na Universidade Santo Tomás. Dizer que, no caso dela, os atos poéticos vêm de antes do berço é em si uma metáfora para sua predestinação poética. Aos quatro anos já fazia parte dos grupos de dança de sua cidade natal Buenaventura junto com Leonor Herrera, sua mãe, casada com Justino Torres, proveniente de López de Micay. Seus irmãos mais velhos, Jairo e Nando, também participaram no grupo. Este último a encorajou a tornar-se médica, com especialização em obstetrícia.

Descreve sua conexão com Manos Visibles em seu estilo poético: “Era como quando você vê uma mulher grávida, mas a criança ainda não nasceu. Conheci Paula Moreno no Ministério da Cultura. Eu fazia parte de organizações afro-femininas, entre elas a Rede de Mulheres Afro-Colombianas. Quando Manos Visibles nasceu, experimentei um profundo regozijo, pois ali os talentos humanos foram fortalecidos da região e líderes que vizibilizaram líderes que faziam um trabalho silencioso. Então vieram as graduações e processos como o Laboratório de Literatura Africana, qual foi o melhor para mim. Até minha filha, Oriana tem sido favorecida com os projetos de vida da corporação, mesmo que ela ainda esteja no ensino médio” Graças a isso ela foi capaz de reconhecer as riquezas de sua região e tornar visível o potencial cultural de seu povo “Só assim nos demos as mãos para seguir em frente e definir processos juntos”. Lorena e outros artistas estão aprendendo a preencher lacunas sociais que os manteve afastados e os está substituindo por uma rede criativa que os leva a reivindicar a voz que merecem. “Manos Visibles foi mais longe do que outras organizações

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em outros escritores. Em cada palavra esta une a essência

“Nós aplicamos o Sim, pode ser e a história do Pacífico, a marginalização e a dor. Mas, feito: tem que ser alcançado acima de tudo, seus escritos gritam e cantam para a vida. porque o que fazemos é cheio GILBERT NDI SHANG de riquezas que devem ser (Camarões, África, grupo étnico Wimbum), 38 anos destacadas.” porque superou o diagnóstico para oferecer soluções que permitisse com que os líderes assumam as rédeas de seus territórios e forma de retornar e progredir. Nos ajudou a descobrir nossa identidade e nos mostrou como desenvolver projetos do individual e coletivo com o propósito de deixar sementes na comunidade. Estávamos tão invisíveis que nós mesmos estávamos esquecendo de olhar para nós mesmos”, explica. O processo que mais enriqueceu foi o cultural. Através do Laboratório de Literatura Africana, aprendeu o valor de sua própria cultura, entendeu as oportunidades que por anos lhe havia sido negada tanto a ela como a seus pares. Ela se lembrou do valor das canções que a ninavam, da maneira de falar, das manifestações gastronômicas que eram uma herança em si, e como sua voz pessoal e Pacífica é tão poderosa quanto a dos demais. “Nós aplicamos o Sim, podemos: temos que alcançá-lo porque o que fazemos é cheio de riquezas que merecem destaque”, complementa Lorena, que agora trabalha como professora e criou sua filha, Oriana para entender que sua herança ficará livre dos paradigmas da invisibilidade e exclusão. “O Pacífico deve ter tido sua própria voz há muito tempo tempo porque sempre tivemos os mesmos direitos dos outros. É a hora. Encontramos caminhos de sucesso e a luta agora se sente mais. Nossa escrita tem um toque histórico e é carregada de identidade. luta e dignidade. É uma escrita que não fica na dor, mas é resiliente e contém espiritualidade”. Assim o define. Assim o faz. A poesia de Lorena fala do que é o Pacífico, do que aconteceu e o que aspira ser. Como fala de identidade, sua escrita contém uma força que dificilmente é encontrada

Doutor em Literatura Comparada. Tutor do Laboratório Literatura africana em Buenaventura, Tumaco e Quibdó Rota de liderança: Tutor do Laboratório de Literatura africano Na África, as histórias contam. Gilbert nasceu entre eles, na cidade de Nkambe, no noroeste dos Camarões, como parte do grupo étnico Wimbum. Na verdade, a língua dele materna é Limbum, palavra que se divide em Li (idioma) e mbum (que se refere a falantes). Daí que preservar sua cultura e contar histórias tradicionais é crucial para contadores como ele. Gilbert estudou na escola primária em Luh e na escola secundária em Nkambe. No quarto ano do ensino médio ele escolheu estudar artes (literatura, economia, geografia, línguas, história), em oposição à decisão de seu colégio, que o orientou para a ciência (química, física, biologia). Ele era bom nestas, mas sua paixão era artística. Como o pai dele era professor do ensino fundamental (agora aposentado), cresceu com uma biblioteca da família com livros que abriram as etapas para o mundo mágico da ficção narrativa. Em Yaoundé ele estudou letras bilíngües e se formou com louvor. Sei formou como professor de línguas e fez um mestrado em letras inglês moderno. Em 2010 ele estudou doutorado em Literatura Comparada. Um livro dele, Cartas da América (2019) faz um chamado Pan-africanista que de alguma forma o conectou com Manos Visibles. “Meus compromissos com a corporação entram de acordo com minhas convicções sobre colaboração obrigatória que deve existir entre a África e a América Latina. Há uma tragédia histórica entre nós e identidade a construir pontes entre estes dois continentes e repensar a nova ética do relacionamento humano. eu acredito firmemente no que disse o filósofo camaronês Achile Mbembe: ‘Há uma interconexão entre a condição de Afrodescendentes no mundo e a situação dos Africanos no continente africano. ‘

GILBERT NDI SHANG

Nossas lutas se inspiram de forma recíproca. O bem-estar de um interessa ao outro”. Gilbert encontrou na Colômbia e na liderança de Manos Visibles um desejo honesto de colaboração. “Aprendi o sentido de compromisso e resiliência com meus colaboradores do Pacífico colombiano e Participantes do laboratório. Seu otimismo, mesmo em condições difíceis, e sua capacidade de trabalhar juntos não se encontram em muitos lugares do mundo. Há boa energia, fraternidade e irmandade entre os grupos e indivíduos que lutam para tornar os afrodescendentes visíveis e capacitar as novas gerações”. No país, ele entendeu que o verdadeiro desafio para os territórios, tanto na África quanto na América Latina, é o desenvolvimento equilibrado, ou seja, dar oportunidades aos cidadãos de suas regiões menos favorecidas. Se isso for alcançado, afirma ele, haverá uma explosão de talento. Para se reinventar, acredite no papel da literatura. “Nos ajuda a reimaginarmos, a redefinir nossa aparência e inventar novas visões de uma forma cuidadosa. O fundamento do Laboratório de Literatura Africana que fiz com Manos Visibles foi para compartilhar a força da 53


Literatura africana e o papel que desempenhou na descolonização e na luta por uma sociedade justa e inclusiva. Essa necessidade também é encontrada no Pacífico, e que podem ser lidos nas histórias selecionadas na antologia”, acrescenta.

“Há boa energia, irmandade e sororidade entre os grupos e indivíduos que lutam para tornar os afrodescendentes visíveis e capacitar novas gerações.” Do Pacífico colombiano eu só conhecia a literatura do Arnoldo Palacios. Durante sua estada ele conheceu a do Rogerio Velásquez, Helcías Martán Góngora, Mary Grosso, Imelda Díaz, Laura Victoria Valencia, Paulina Couro Valencia e Lorena Torres Herrera. O mais importante foi o que ele encontrou em suas vozes. “A questão de sua identidade, negritude, sua consciência africana, ou sua ‘sede de África’, como diz Laura Victoria em seu poema sobre o rio Atrato”. A sede os conecta com um mundo em que a África ainda está ligada à estigmatização, mas em que os autores reconhecem suas raízes e sua ascendência africana, não mais como uma fraqueza, mas como uma fonte de inspiração, de uma consciência ética. Graças ao Laboratório, seus participantes internalizaram a necessidade de questionar preconceitos do centro e validou o poder da periferia, conclui Ndi Shang.

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NOVOS FUTUROS, NOVAS LIDERANÇAS, NOVAS TRANSFORMAÇÕES

“Sou Tatiana, filha de Tumaco, muito dona do mangue, e muito dona daquele sol moribundo que, entre o amarelo e o vermelho, irradia a mais pura beleza em um pôr do sol sublime e deslumbrante. Eu sou a menina, sou a mulher, sou o sorriso e o choro também; jamais esqueceria nenhuma das aventuras vividas em minha amada terra, nem mesmo as de dor mais profunda.” Gloria Tatiana Benítez (Tumaco)

Conforme evidenciado nos capítulos anteriores, os programas Visible Hands moldaram e transformaram histórias de vida.

“Estando fora da minha cidade, entendi que Buenaventura era confortável para mim, muito confortável, por isso sempre ficava balançando na poltrona; do lado de casa, ficar ali significava imobilidade e era algo que não me deixava crescer, daí a minha decisão de sair, de tropeçar, de parar quando fosse necessário e continuar a andar .” Victoria Hurtado (Buenaventura)

O que vem depois que uma história é escrita que fortalece personagens? Na literatura, os contadores de histórias têm duas clarezas básicas. A primeira é que em cada ponto da história onde o enredo vira de cabeça para baixo, a história muda para sempre. A força que impacta a história a modifica e seus personagens tomam um ova forma.

“O aguaceiro tem a artimanha para me prender no passado. As primeiras gotas que caem lentamente nos tetos, anunciam a dança frenética das memórias que depois, em gotas precipitadas, se desfazem, sobretudo, enchendo de nostalgia cada pensamento.” Lorena Torres (Buenaventura)

A segunda clareza é que os personagens sempre vivem para se transformar: não há história profunda e significativa em que os personagens não começam como um e acabam sendo outros. A isto se acrescenta que se a realidade muda quando lemos, ganhamos conhecimento e nos enriquecemos com novas visões de mundo baseadas na ficção, nossa realidade se expande quando escrevemos nossas próprias histórias.

“CEl Chocó é um lugar mágico, e não digo isso apenas pelos mitos de Riviel ou La Tunda, os veios intermináveis d​​ e ouro e platina que competem com os paraísos de gemas das Mil e Uma Noites, mas também por suas plantas cheias de encantos, remédios eficazes contra os males do corpo e da alma, suas selvas povoadas por vozes de espíritos antigos e porque seus animais avisam o agente quando a morte se aproxima; ali coexiste a pirotecnia verde da natureza, a umidade quase palpável do ar e o ‘calor’ das pessoas.” Gustavo Rojas (Andagoya)

Esses fragmentos que falam da identidade afro-colombiana foram retirados da antologia ‘Vení te leo’, e são o resultado do primeiro Laboratório de Literatura Africana. Eles também são a prova de que a identidade afro-colombiana está escrevendo a si mesma. E está escrevendo seu próprio conto transformador. Essa é precisamente a história do futuro que Manos Visibles pretende escrever.

“As plataformas da famosa rua Sexta (um dos níveis residenciais e comerciais mais importantes do centro de Buenaventura, onde ficava a humilde, mas aconchegante casa de madeira onde nasci) viraram festa. Homens e mulheres, entre vizinhos e empregados da loja, independente de etnia ou classe social, molharam a garganta com aquela carta que os embriagou de alegria e sabor.” Salvatore Laudicina (Buenaventura)

“Sabe, se você já deu uma boa olhada desde um avião quando está aterrizando em Chocó, você vai observar uma vista majestosa da selva, verde e ocre pela cor do rio que se espalha como uma cobra enorme. Se você já viu, pode entender as dimensões e formas bifurcadas do meu cabelo, parece que os cachos e emaranhados não têm limites ou possibilidade de ser abraçado pelo pente. Meu cabelo está profundamente embutido no minhas outras formas de ser, é muito parecido comigo.” Luisa Barcos

“Minha mãe nasceu em Chocó, no rio Baudó. Não sabemos o ano, então ela é uma mulher sem tempo. Qualquer idade é a mesma. Meu pai é do Cauca, ele nasceu em um lugar intermediário que não alcança ser distrito (o Descanso), um espaço-tempo entre Padilla e Río Negro. Ambos foram enviados muito jovens a Bogotá para estudar e ambos foram enganados por seus parentes adotivos. Quando se cansaram de esperar o início das aulas, já havia passado muito tempo em que trabalhavam como babá e lavadora de pratos sem remuneração para seus “tios”. Lizeth Gómez (Bogotá)

“Meu cabelo é como minha mente, selvático e misterioso. Meu cabelo são cipós de fios dos quais se penduram histórias. Lá eles balançam e brincam durante o dia e a noite. Às vezes, eles caem na minha testa, costas ou atrás das orelhas. Eu os ouço tocar, eu os ouço dançar e cantar até que eles voltem para a selva. Gosto que conversem comigo, especialmente quando escrevo. É por isso que, quando escrevo, sempre acaricio meus cabelos, levando histórias que me contam algo. Acaricio meu cabelo para que as histórias sussurrem em meu ouvido” Mario Alberto Dulcey

“Eu tinha dez anos, precisamente naquele dia os fazia, e me encontrava no município de Cértegui, Chocó, local de nascimento da minha mãe e domicílio da minha família materna. Cértegui é famosa por seus dois rios, Quito e Cértegui. Fiquei entusiasmado porque teria a chance de curtir suas águas, já que estávamos de férias e só nessas datas minha mãe, minha irmã e eu viajaríamos de Quibdó para lá.” Yamileth Velásquez (Quibdó)

O futuro que já estamos escrevendo

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“Passei a ser muito mais crítica e a querer passar os meus conhecimentos aos outros jovens, a querer falar, não ter medo de reclamar, a exigir porque há coisas que exigimos com tanta luta (e pelas quais já se derramou sangue, quando isso deveria ser o primordial). A greve culminou, mas fiquei com a vontade de saber mais sobre como funciona a universidade. Como são as coisas nela? A que direitos tínhamos? E assim, usei esse conhecimento para fortalecer o grupo folclórico, que não era só de dança, mas também uma forma de combater as injustiças.” Tania Hinestroza

“Aquele dispositivo antigo (o pilão) parece estar destinado a ocupar sempre o mesmo espaço; o último canto da imensa cozinha campestre. Até a hora da colheita, momento em que se tornou o centro das atividades rotineiras de todas as famílias da minha comunidade. Geralmente era operado por homens, devido à aspereza dos manducos (marretas de madeira) que o faziam funcionar, embora muitas mulheres também fossem mediadoras da questão, sem se importar que seus corpos perdessem o que que hoje chamamos de “feminilidade”. Em resumo, eram aqueles outros tempos.” Cleider Palacios (Quibdó)

“A professora Anita dirigiu-se a mim com um olhar intimidante, um tom desdenhoso e arrogante, uma postura rígida e braços cruzados, e disse:“Ei, você! Penteie-se! Prenda esse cabelo e preste atenção ao que estou explicando! “ Não sabia a quem se dirigia, já que normalmente não chamava ninguém pelo nome. Quando eu soube que ele estava falando comigo, confusa com seu comentário, respondi: “O que meu cabelo fez? Meu cabelo é assim”. Eu não entendia por que usar meu cabelo natural era um motivo para não dar atenção a sua explicação. Como se meu cabelo me tornasse menos inteligente e capaz do que meus colegas.” Rosa Cristina Martínez “Estou dentro de mim, / envolvida em meu próprio sangue, / no sangue que me cobriu o corpo / no dia de meu nascimento. / Na mesma posição / que guardei meses, / no líquido suave / que vestia/ nossa fragilidade, / absorta e fica, / enrolada em meu embrião, / acordo e me vejo, / sou eu / entranhada na carne de minha mãe. / A dupla cor do espelho, / o mundo dissecado / à luz do parto / e a saída do território / amado e perfeito ...” Luisa Barcos “Lembro que meu livro preferido era Menina bonita (1986), da escritora brasileira Ana Maria Machado, uma história sobre uma menina negra, muito negra, que por ser negra era invejada por um coelho branco muito branco. O coelho, além de querer ser preto, muito preto como menina bonita, estava sempre tentando fazer de tudo para descobrir seu segredo ou se pintar de preto. Embora minha mãe tenha lido muitas histórias para mim, é a que mais me lembro.” Yaisa Mariam Rodríguez “Ao amanhecer, minha avó - nascida às margens do rio San Juan, em um pequeno povoado que não tinha igrejas nem postos de saúde - percebeu a ausência do aparelho eletrônico, como ela dizia. Ela pensou que talvez alguém o tivesse salvado, então ela não se alterou e começou a fazer café. Por ser a mais velha de três irmãos com pai e mãe, minha avó sempre soube cuidar dos filhos, fazer o trabalho doméstico: costurar, cozinhar, limpar. Resumindo, como administrar uma casa. Quando ela tinha nove presenciou na televisão a morte de Jorge Eliécer Gaitán, embora já não vivesse mais em Chocó, seus pais a haviam enviado para a grande metrópole do Pacífico: Buenaventura.” Angie Pastrana (Buenaventura)

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NOSSO DESAFIO: LIDERARO INADIÁVEL Para as comunidades étnicas e a maioria das comunidades excluídas, o atual confinamento não é o primeiro. Existem outras pandemias que marcaram sua existência. Pobreza e deslocamento forçado são evidências disto. No âmbito da COVID-19, reconhecemos que o racismo estrutural é um dos grandes desafios da agenda global, no mesmo nível que a crise climática e a violência contra mulheres, meninas e meninos. Cada uma dessas questões tem a desigualdade como fator determinante. Com ou sem COVID-19, continuaremos a buscando viver mais do que sobreviver, nunca foi fácil para as comunidades com as quais trabalhamos. Vamos por mais, porque não é mais hora de adiar o que não pode ser adiado. Pedir para lavar as mãos quando não tem água potável, educação virtual sem conectividade, ficar em casa quando 90% das pessoas vivem na informalidade é uma tremenda encru58

zilhada: vírus ou fome? Ser um líder em condições normais pode ser confundido com fazer o dever de casa pelo qual, em muitos casos, somos pagos. Mas hoje, diante dessa crise existencial que estamos passando, liderar vai muito além: é o excepcional, o ótimo e quão profundo que está em jogo, e o que isso requer dos melhores pensadores, gerentes e motivadores. Organizações líderes e mudanças sistêmicas são muito exigentes. Hoje, a sobrevivência de setores inteiros está em risco. Você deve ser muito seletivo para lidar com o urgente e ser estratégico para não morrer afogando-se no primeira, segunda e subsequentes ondas que vão surgir. As questões existenciais são: o que significa liderar hoje? Quais são as lideranças necessárias e em que escala? Pode ser eu? Tenho a convicção de que é imperativo que todos se renovem ou abram espaço para novas lideranças, que produzam novas transformações e novos futuros, uma vez que a complexidade dos próximos anos não será menor. Em continuação, nossas mãos visíveis e seu reflexo, em um especial que fizemos sobre COVID-19

“Para aqueles de nós que vivem no Litoral, estando nas bordas constantes da decisão, cruciais e sozinhos ... olhando para dentro e para fora, ao mesmo tempo antes e depois, em busca de um agora que pode gerar futuros” Audre Lorde (1978)


ENTRE A PANDÊMICA E EU

Deve-se acordar da falsa normalidade Teidy Cano, Cartagena Programa de Gestão de Desenvolvimento para Mulheres Afro-colombianas, mestrado em Gestão de Energia Cultural pacífico Inacreditavelmente, minha vida diária tornou-se o pão de cada dia para todos. Todos viveram dias de confinamento que eu conhecia desde muito jovem devido à escassez de dinheiro em minha casa. Meus pais tiveram que sair - ambos - todo o dia para conseguir algo para comer. Eles são certamente um reflexo da norma para muitas famílias; para outros, a situação é ainda pior. Quando criança eu entendi que, por razões que não compreendia, a vida era mais difícil pra mim, assim como foi para muitos dos meus colegas de escola. Pensar se íamos ter onde morar ou o que comer, se íamos ser capazes de estudar, se minha mãe não pudesse mais trabalhar; sentia impotência de não poder produzir para ajudar. Eu experimentei estresse prematuro, instabilidade, incerteza. Entre a pandemia e eu, novamente não é uma surpresa que as lacunas raciais em que vivemos. O resto faz parte da nossa história, dessa desigualdade que é inequivocamente cruzada pela etnia. Eu ouvi frases muito desanimadoras: que esse vírus é “Questão de fome”, que isso afetou a saúde mental de mais de uma pessoa; Eu conhecia uma família de dez membros que sempre viveram em uma casa com um único quarto e não há como isolá-los eles têm sido contagiosos. Mas, afinal, quem sou eu? É simples: eu sou humano, e o humano passa por mim. Entre meu corpo e o mundo sou mulher, afrodescendente, cidadã, com uma identidade cultural e liberdade integral. Eu nasci em um contexto e com um contrato social atribuído a mim por estes rótulos. E, além da conjuntura e da pressão histórica - não apenas minhas experiências de vida e minha própria comunidade, mas também os de meus ancestrais, de fraturas sociais perpetuadas pela pandemia—, mais além de tudo isso, nosso espírito é solidário; nossa cultura e nosso conhecimento nos ajudam a sobreviver. Nós nos temos e colaboramos uns com os outros para cuidar de nós mesmos e cuidar dos outros. Eu fico pensando, o que posso fazer eu para que uma vida permanente em condições de pandemia deixou de ser uma vida normal para meu povo.

A pobreza tem cara de mulher Milady Garcés, Buenaventura Buenaventura DALE, MingaLab, Escola de Inovação Cominitária MIT, CoLAb e Mestrado Governo Pacífico U. Icesi Estamos enfrentando uma feminização da pobreza. Desde aí entendemos a predominância de mulheres entre a população empobrecida. A pobreza é um fenômeno diferenciado, o que afeta especificamente às mulheres. Isso, somado às consequências do coronavírus, apresenta um panorama muito complexo. O coronavírus exacerbou a crise que vivemos no Pacífico e revelou a sobrecarga que exerce sobre o nosso corpo, como mulheres. Somos mães, esposas, filhas e líderes, que assumem a tarefa sem fim de equilibrar e sustentar os processos sociais, comunitários, políticos e subsistência de nossas casas e comunidades. Apesar da nossa motivação, liderança e dinamismo, enfrentamos as dificuldades sanitárias, econômicas, sociais e psicoemocionais geradas pelo avanço do vírus em territórios precários. As desigualdades sofridas pelas mulheres nessas terras são agora mais perceptíveis devido às seguintes condições: • A escassez de alimento nos lares • O aumento da violência dentro da família e por motivos de gênero • O risco iminente de morte, dada a falta de infraestrutura hospitalar • Dificuldade de acesso à conectividade para a Educação • As consequências psicoemocionais e de saúde mental Reduzir a pobreza no contexto desta pandemia implica aumentar a consciência sobre as desigualdades de gênero e o impacto da infraestrutura precária territorial em suas vidas e comunidades; uma consciência social e corresponsabilidade estatal. A população LGBTI resiste Salvatore Laudicina, Buenaventura Laboratório de Literatura Africana e DALE Ser afrodescendente e membro da comunidade LGBTI no Pacífico colombiano, implica uma luta em duas frentes.

Como Newball Segura, líder jovem e membro do coletivo Corporação Social Pacífico Diverso: “significa levantar uma bandeira única para combater a discriminação”. A população LGBTI busca ativamente mitigar os efeitos do coronavírus entre as populações mais necessitadas. “Temos consciência da nossa responsabilidade social com nosso povo. Não se trata apenas de exigir, mas também de dar. Essa é a espinha dorsal de nossa liderança: contribuir com ações para a mudança. Há muito por fazer. Se pudermos contribuir com uma ajuda ou várias ajudas humanitárias, nós o faremos. Nós pertencemos a Buenaventura”, acrescenta Newball Segura. Embora a situação exija ações prioritárias, o presente também deve seguir seu curso. A pandemia pode ser uma desculpa para parar de abordar outras frentes; pelo contrário, deve ser um impulso para ações, reivindicações individuais e coletivas que contribuem àquela tão esperada mudança sociocultural no território. Buenaventura vive um momento histórico, e não propriamente pelo vírus. A união nessas duas frentes, da população LGBTI e afro-colombiana em meio à pandemia, deixa claro que nasceram novas lideranças no Pacífico colombiano. Esses líderes compreenderam o poder de suas ações: o que eles fazem hoje deve transcender o tempo e criam novos processos que influenciam o desenvolvimento social de suas comunidades. A crise do ecossistema e das organizações no COVID-19 As organizações sem fins lucrativos em meio à crise Ana Isabel Vargas Tutora, assessora e gerente de Programas Manos Visibles desde 2013 COVID-19 tem muitas faces: começou como uma crise de saúde, consolidada como crise econômica e está se transformando em uma crise humanitária. Numerosos especialistas projetaram a queda no Produto Interno Bruto (PIB) dos países e perdas das empresas, mas muito poucos se perguntaram sobre a situação de entidades sem fins lucrativos ou entidades filantrópicas dedicada ao serviço comunitário. O que está acontecendo com o setor que não busca enriquecimento, mas não sobrevive se não recebe entradas? 59


Entidades sem fins lucrativos (ESALES) estão perdendo muito para a pandemia. Uma pesquisa realizada no final de março pelas instituições de caridade Aid Foundation of America, que consultou mais de 550 ESALES localizada em 93 países, descobriu que 96,5% deles foram afetados pela redução nas contribuições que recebem. O principal problema da pandemia é a necessidade de agir com urgência, para de modo que ESALES não pode planejar com base nas necessidades agravadas das comunidades para as que servem, mas aproveitam as poucas oportunidades imediatas.

1. Reafirmaram seu compromisso com a comunidade.

Agora, criatividade e improvisação razoáveis ​​ são mais importantes do que nunca, porque apenas elas permitirão à ESALES identificar novos serviços e linhas de ação que lhes permitem subsistir e continuar ajudando quem mais precisa. Hoje para não temos rotas estabelecidas ou caminhos seguros.

4. Eles sabem que não podem interromper o uso de redes sociais. Neste momento, são seus melhores aliados e devem apresentar qualquer método criativo para se tornar conhecido.

É preciso entender que o retorno à (nova) normalidade não será fácil e linear, mas sim um caminho com altos e baixos. É importante destacar que, apesar de suas múltiplas limitações, os ESALES estão dando o exemplo, pois fazem de tudo para continuar realizando seu trabalho social. A crise mostrou que o setor sem fins lucrativos é um dos poucos - ou talvez o único - apoiando os mais necessitados em meio à adversidade. Embora possa não parecer, a crise pode ser uma oportunidade para a ESALES se fortalecer. É uma questão de resiliência, muito trabalho e criatividade. As organizações cidadãs e organizações sociais em risco de extinção Giuliana Brayan, voluntária, assistente e coordenadora do Manos Visibles desde 2011 Em meio à crise de saúde, nossas e nossos líderes e suas organizações se reinventam. Isto tem sido a recontagem algumas das histórias. Apesar das lágrimas que esses diálogos trouxeram, nos encontramos com heroínas e heróis do comum que não se deixam derrotar pelo cansaço e continuam a dar tudo pelo serviço. Essas e esses líderes não desistiram. Pelo contrário, eles se reinventaram em meio à crise. Depois dos diálogos em que nos engajamos, é claro para nós que estas organizações: 60

2. Tiveram que esclarecer os obstáculos que enfrentaram, bem como as ferramentas que desejam e podem alcançar, verificando a eficácia dos instrumentos que estão à mão. 3. Aprenderam a abraçar o termo “projeto piloto”; estão cientes de que neste cenário de pandemia existem vários desafios e é por isso que os testes de implementação são necessários para passar para outro nível.

5. Reconhecem que juntos são mais fortes. Em grupo, eles podem ser e fazer mais. Com o apoio dos outros, eles sabem quem pode pedir ajuda e persuadir suas comunidades para embarcar nesta nova aventura. O caminho não é fácil, mas nos leva única e exclusivamente a passar da palavra à ação. Nossas organizações, muitas delas culturais, estão fazendo de tudo o possível para reduzir o risco de extinção. Cultura e reinvenção E a infraestrutura emocional, heim? Paula Moreno President, Manos Visibles INas últimas semanas, falamos com uma sensação de urgência da infraestrutura hospitalar. Como cidadãos, aprendemos que o número de leitos e respiradores são questões com as quais devemos nos preocupar, assim como o bem-estar e proteção do pessoal médico (ainda muitos sem receber seu pagamento por vários meses); sentimos a necessidade de cuidar de quem cuida de nós. Mostramos que a infraestrutura hospitalar apresenta múltiplas falhas e, em algumas regiões, esta colapsou, mas um tipo diferente de infraestrutura continua a apoiar: cultura, como suporte emocional e espiritual deste país. Sem música, livros, filmes, movimentos, etc., com o resistiríamos às condições atuais?

No entanto, paradoxalmente, o mais óbvio torna-se o mais imperceptível e secundário. Na questão cultural, o que sustenta nossa saúde mental e emocional parece irrelevante para dimensões das medições de impacto que foram tomadas. O distanciamento social afeta a natureza de muitas expressões culturais baseadas em contato e proximidade, razão pela qual nosso setor cultural enfrenta o grande desafio de sua reinvenção; deve definir uma estratégia de sobrevivência e sustentabilidade. Mais longe, tem a tarefa histórica de nos ajudar a entender, registrar e projetar essa crise, na qual novamente pressupõe a recriação do humano. O exercício de transformação que está chegando é e será em grande parte um esforço cultural. Eles são necessários com respostas de urgência que correspondem à escala do que está em jogo. A Colômbia é uma potência cultural e não podemos permitir que essa infraestrutura essencial seja enfraquecida. Embora a natureza da arte e da cultura tenha sido —E mais em nosso contexto— resistência, esta é um momento de transcendência. Hoje, o Pacífico relata um crescimento no recrutamento forçado por grupos ilegais, as crianças da região não têm conectividade para aulas virtuais, e agora começam a desaparecer as organizações culturais que geraram uma alternativa real. É necessário se reinventar, mas também gerar condições para isso. A agenda cultural mudou; sem tempo para discutir a dicotomia economia-cultura. O urgente é preservar algo básico e essencial: a vida cultural. Temos uma oportunidade única de reduzir as desigualdades culturais, que também são estruturais, atuar naqueles municípios onde o digital não é aplicado e o cultural é o alimento e a tábua de salvação. Como o André Malraux bem disse: “Cultura é o que, após a morte, ainda é vida”. E música, para quê? Darwin Perea Bolsista de Mestrado em Gestão Cultural, responsável do Cultura Manos Visibles Uma música em tempos de confinamento torna-se uma melodia que abraça, que acompanha e que oferece conselho inesperado: uma música em quarentena pode ser como


aquele amigo que está sempre ao seu lado quando você precisa, isso te faz rir e, ao mesmo tempo, chorar. Nestes tempos que atravessamos, uma nota, um intervalo ou um acorde pode mudar a uma solução repentina para qualquer doença. O confinamento obrigatório aumentou os níveis de depressão e ansiedade. Muitos encontraram nessas transmissões pentagramadas uma paisagem sonora de refúgio e calma. As peças musicais que tocamos nas redes sociais, tornaram-se o ar que muitos respiram para encontrar paz e evitar o estresse. Jordi Savall, especialista em música antiga, compartilha uma pergunta em seu escritos: “Como é possível que escravos ainda quisessem cantar e dançar? A resposta é muito simples: cantar e dançar, ao ritmo da música, abriu um espaço de expressão e liberdade “. A falta de apoio do Estado nos impulsionou como grêmio procurar novas rotas para obter recursos. Eu devo reconhecer que essas ajudas atendem a algumas necessidades, mas são insuficientes e nos mantêm incertos. Os mariachis descobriram como fazer serenatas, outros fazem virtual, recomendado por amigos ou familiares. Em nosso Pacífico eles andam pelas as ruas dos bairros à mercê de presentes dos moradores. Outros tocam para ganhar mais seguidores ou reconhecimento, ou simplesmente um desejo de interagir com aqueles que os ouvem. A criatividade, característica dos músicos, transcendeu a níveis incríveis ao longo da quarentena. O grêmio está mais unido quando se trata de gerar conteúdo, pois tem sido a melhor maneira de se sentir livre. Liberdade que implica felicidade para os músicos; sem pensar, nós o transmitimos a todos que se conectam para nos ver. No Pacífico, as dificuldades são maiores, pois não temos conectividade ideal para exibir e espalhar toda a riqueza de nossa música ancestral. A liberdade é o sonho mais desejado que nossos antepassados tiveram ​​e ainda ansiamos por ela. No meio do cotidiano “reinvento” àquele que estão submetidos, termo que já cai mal na irmandade musical, existem muitos ensinamentos. A união que temos ganho será útil para exigir que o Estado emita leis que protejam os

músicos - e todo o setor cultural. Além disso, a criação coletiva permite destilar ideias disruptivas para o benefício de todos. Quero lembrar que, em momentos críticos, nascem grandes ideias. Esta é uma oportunidade para pensar, repensar, criar e agir. É hora de motivar nosso intelecto e abanar a caixa de ideias. Em uma de suas canções, o professor Jairo Varela Martínez diz que “Nos bons tempos e nos momentos difíceis sempre há uma risada”. No momento, colegas, dou uma vírgula, para que possamos continuar escrevendo uma linda história musical para nós e para nossos territórios. Que o desejo de sonhar nunca desapareça. A importância de sonhar e visualizar o que queremos Sonhar acordado é sonhar com os pés no chão, possibilidades concretas. Sonhar, na verdade, foi uma palavra usada nos tempos antigos como um sinônimo “de visão com incomum clareza, ordem e significado” imagens e fatos que eles iriam se materializar. Então, sonhar é realmente ser visionários. Portanto, é hora de ser visionário de um contexto moral que não exclui ninguém, que não separe, mas pense em cada geração futura como um grupo de seres conectados a um ambiente natural que deve ser respeitado e permitido transcender. O economista e escritor senegalês Felwine Sarr lembrou que, em seu país, para enfrentar a crise do coronavírus, acadêmicos criaram grupos de trabalho por áreas para antecipar o impacto em termos de transporte, turismo, comércio, cultura e setor informal. Eles foram capazes de imaginar as melhores medidas para garantir renda mais sustentável e estável para seus habitantes. “É uma grande demonstração do impacto que poder ter sociedade civil. Quando o mundo previu o pior, trabalhamos para fornecer uma resposta personalizada às especificidades de nossas sociedades ...pandemia nos mostrou a necessidade radical de mudança, nossa relação com a ecologia, consumo excessivo e o excesso econômico e industrial. A mudança terá que expressar-se em termos concretos, por meio da ação da força social e coletiva”. Isso mesmo, e a dinâmica mostra isso. Martin Luther King disse, tenho um sonho. Ele disse isso com convicção, intensi-

dade e com toda a intenção em suas palavras. O sonho dele era tão poderoso que transformou os caminhos conhecidos e abertos e superou uma brecha importante na história. Manos Visibles também tem grandes sonhos. Uma vez superada a atual década de transição começa esta nova década em que nosso sonho levará à transformação, liderança que abrirá o caminho da transcendência. Líderes conectados às redes Manos Visibles são visionários: eles têm uma visão de futuro sonhado e forjado pela resistência; eles têm talento e elementos de julgamento, desejo e coragem; se esforçam para mudar os tópicos atuais e as dificuldades para convertê-las em oportunidades. Sonhamos com um futuro possível construído a partir da periferia. Vamos trabalhar para que seja assim. Vamos liderar essa mudança para que possa ser. Algumas visões para construir esses novos futuros precisos e concretos para esta nova década, são: Um compromisso com a liderança intercultural e diversa, vanguarda em sua integralidade. Ou seja, uma liderança que permita que aqueles que ficaram de fora entrem, tanto localmente, regionalmente e nacionalmente como globalmente. Essa liderança é afrodescendente, indígena, mestiça, da população em condições especiais ou com deficiência, assim como, maioritariamente, mulheres. Esta liderança é chamada a ressignificar a palavra elite e sua conotação negativa de exclusão, corrupção e abuso para uma de serviço, eficiência e transformações eficaz. Seu objetivo é colocar identidades como ativo e integrar seu poder com autoridade moral e ética. Em nossa primeira década, éramos mais afrodescendentes. No próximo seremos mais abrangentes. Nós precisamos vários porta-vozes em várias agendas. Uma aposta para as periferias, para os outros Pacíficos de geografia nacional e global. Nossa transição natural continuará no Pacífico, mas expandindo nosso trabalho para o Caribe e centros urbanos críticos, como Bogotá, Medellín e Cali. Consolidar nosso trabalho nos dois litorais serão o objetivo. Procuraremos articulá-lo com nós de diversidade correspondentes às periferias de grandes centros de poder. Nós também continuaremos 61


com o nosso intercâmbio e com a articulação com a Diáspora africana, mesmo considerando uma plataforma serviço internacional permanente para Afroinnova, com nós no continente Africano, Europa, Estados Unidos e Brasil. A Colômbia tem um papel a desempenhar na próxima fase que abre para a igualdade racial. Uma visão focada na mudança de paradigmas, bem como na busca e materialização de novas soluções para os antigos problemas. Uma rede de liderança que é um catalisador para tarefas macro para transformar colapsos como o de saúde pública, qualidade educacional, cobertura de água e saneamento básico, a economia formal, bem como trabalhar pela existência de uma sociedade civil fortalecida. Ou seja, tudo que não dá para esperar. A cultura como principal ativo buscará não só muda narrativas, mas realidades, bem como dá linha em novos modelos de desenvolvimento, bem como práticas que definem o destino político, social e econômico da região. Sonhamos com um setor cultural que continua a ser muro de contenção, mas também uma catapulta para promover novas formas de pensar e agir. Manos Visibles, fortalecidas como organização sem fins lucrativos de última geração e com uma base financeira para a próxima década, terá uma equipe descentralizada e uma sede que se tornará um grande centro de liderança com uma perspectiva global, e no tempo, em um centro cultural, de pensamento e um lugar de reunião permanente para as lideranças das periferias do país. Lá será possível cocriar, trocar experiências, ver, reconhecer e articular. Nosso futuro é poético e estético. Nós estamos visualizando com a riqueza cultural e ambiental das comunidades e com as lideranças que nos nutriram com sua esperança por todos esses anos. Também nós o imaginamos com os recursos, instituições e estágios que demonstram que o futuro do país emerge das periferias, e que estas se tornarão centros de desenvolvimento e visões próprias. Isso é o que somos. A isso apostamos.

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