Revista Inurban

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De z e m bro 2 0 1 7 / n º 3 5

•RESILIÊNCIA• /Consultório da Mente/pág. 16/

RESILIÊNCIA , OU A FORMA COMO APRENDEMOS A LIDAR QUANDO O UNIVERSO NOS DÁ UM MURRO *Com algumas dicas simples daquilo que pode ser conseguido através do treino da Resiliência. (Maria Inês Matos)

/Artigo/pág. 10/

•MÃOS CHEIAS DE NADA• /Entrevista/pág. 24/

JOSÉ BOTO /POR TIAGO BARREIRO/

“..um homem de meia-idade, de olhar terno e com um sorriso simpático prende-me a atenção.” (Sónia Machado Araújo)


ÍNDICE

F ICHA TÉCNICA Direcão: TIAGO BARREIRO Coordenação Editorial: MANUELA PEREIRA Design/Paginação: SILVANA RIBEIRO Foto de Capa: PEDRO ESTEVENS Artigos e Rúbricas: ADRIANO MAIA PAULO COSTA SANDRA CUNHA SÓNIA MACHADO ARAÚJO DRª. ANDREIA RODRIGUES MARIA INÊS MATOS OLGA MURO E SILVA TIAGO BARREIRO EDUARDA ANDRINO HERMÍNIO GONÇALVES ALEXANDRE JÚNIOR LIETE COUTO QUINTAL TIAGO MARTINS ESTEVINHA IZABEL DE PAULA HUGO OSÓRIO AUREA VENCESLAU TIAGO VAZ OSÓRIO JOÃO FERNANDES BRUNO COSTA CARVALHO

Nota: A responsabilidade dos conteúdos e revisão textual é do autor de cada rubrica! A Inurban não se responsabiliza pela informação escrita e organização linguística.


/Cantinho do Maia/

•TECHIE /

VEÍCULOS ELÉTRICOS •--------

PÁG. 4

/Psicologia/

•SER RESILIENTE... SER SOBREVIVENTE!•-------- PÁG. 8 /As Minhas Crónicas/

•MÃOS CHEIAS DE NADA•-------- PÁG. 10 /Team Health 4 You/

•COMUNICAR SEM FINGIR•

*COMUNICAÇÃO AUTÊNTICA‹› ‹›COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA* (PARTE 2) -------- PÁG. 14

/Consultório da Mente/

•RESILIÊNCIA,

OU A FORMA COMO APRENDEMOS A LIDAR QUANDO O UNIVERSO NOS DÁ UM MURRO •-------- PÁG. 16

/Os Pequenos Marqueses/

•SER RESILIENTE... COMO O SER?•-------- PÁG. 20 /Entrevista/

•JOSÉ BOTO•-------- PÁG. 24

/Por Detrás do Pano/

•PASMA ALMEIDA /

PARA LÁ DA SUA LENTE! •--------

/Fitness Hut/

•PLANO DE TREINO /

PÁG. 28

PARA CONSEGUIR UMA CINTURINHA DE VESPA •--------

/Tiago Martins Estevinha/

•BODYBUILDING* / *FISICULTURISMO•-------- PÁG. 40 /Filipe Magalhães Ramos/

•CLÍNICA FMR

CIRURGIA ESTÉTICA

*ABERTURA NOVO ESPAÇO*

•-------- PÁG. 42

/Beleza com Saúde/

•O SUCESSO DO MÉTODO “BARRIGA FIT ®” •-------- PÁG. 44 /Conexão Fashion/

•PORTUGAL FASHION•-------- PÁG. 46 /Armário sem Chave/

•O FRIO CHEGOU!•-------- PÁG. 50 /Cinema/

•LIGA DA JUSTIÇA•-------- PÁG. 52 /Coluna Social/

•CASTLE GOTHIC FASHION•-------- PÁG. 54 •1ª GALA TV BELLE EM PORTUGAL•-------- PÁG. 55 •JOÃO PEDRO PAIS 20 ANOS DE CARREIRA•-------- PÁG. 56 •RUY DE CARVALHO / HOMENAGEM/CASCAIS•-------- PÁG. 57 •SPELL CHOIR NA VOLVO OCEAN RACE•-------- PÁG. 58 /Plus Ultra/

•PROBLEMA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICAL•-------- PÁG. 59 /Selo de Qualidade/

•SUSHIHANA FOZ•-------- PÁG. X

PÁG. 32


CA NTINHO DO MA IA

•TECHIE•

/VEÍ C UL O S E L É T R I C OS / Um novo mês, uma nova série para a Inurban. Desta feita, inauguro no Cantinho do Maia a série “Techie”, dedicada ao meu gosto por tecnologia, trazendovos desta feita um artigo sobre veículos elétricos. Optei por iniciar uma nova série porque este artigo em particular se aproxima mais do tema escolhido para a revista para este mês, “Resiliência”.

PROVAVELMENTE INTERROGAR-SE-ÃO OS CAROS LEITORES EM QUE MEDIDA SER PROPRIETÁRIO DE UM VEÍCULO ELÉTRICO PODERÁ INVOCAR UMA PALAVRA TÃO FORTE. PERMITAMME ENTÃO QUE ESCLAREÇA ESSA DÚVIDA TÃO PERTINENTE. Em finais de Maio, juntamente com a minha cara metade, comprei em segunda mão um Nissan Leaf de inícios de 2013, com a bateria de 24kW. Azul elétrico, a cor escolhida pela Nissan para representar o modelo original. Noutro episódio desta série debruçar-me-ei melhor sobre as características comuns das viaturas elétricas, mas neste momento o que interessa reter é que a bateria de 24kW permite, no caso do Leaf, uma autonomia de aproximadamente 120Km em condições ideais.

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Aqui chegamos ao primeiro ponto de resiliência de um proprietário de um automóvel elétrico das primeiras gerações: a chamada “range anxiety”, ou ansiedade de autonomia.

Para quem está habituado a veículos de combustão, a sensação é semelhante à que se nos assola quando a luz de aviso de reserva de combustível se liga. Só que, num carro elétrico, essa sensação é habitual, pelo menos nos primeiros dias de utilização, ou após uma ou duas semanas sem o conduzir (que é habitual no meu caso, considerando que é a cara metade que conduz o carro diariamente, eu só lhe toco aos fins de semana). Ou seja, quando pego no carro tenho sempre,


Falando em autonomia, importa agora referir outro problema, bastante mais grave, esse sim que só com muita resiliência se consegue ultrapassar. Refiro-me, claro está, ao deplorável estado da rede de postos de carregamento públicos, gerida em grande parte pela Mobi. E, uma empresa de capitais públicos, que serve de agregador da base de dados (e, quando terminar a fase piloto, de questões relacionadas com dados de faturação) em relação a todos os postos públicos ou privados ligados à rede (ficam excluídos os postos privados, ainda que utilizem os cartões de identificação da Mobi. E, como o Posto de Carga Rápida, ou PCR, da Nissan de Sintra, que é reservado aos clientes do espaço), e ainda a manutenção dos postos públicos de carga por si instalados no âmbito da fase piloto.

CA NTINHO DO MA IA

ou quase sempre, a sensação de ir ficar apeado a qualquer momento. O que, diga-se a bem da verdade, é um perfeito disparate, porque o carro tem sistema de navegação incorporado que, além do mais, indica duas áreas de abrangência da autonomia (dependendo do modo de condução, normal ou económico), que mesmo com aproximadamente 60 Km de autonomia restante permite chegar a praticamente qualquer posto público de carga de Almada (onde vivo) ou de Lisboa (onde trabalho), isto já não contando com o sistema de travagem regenerativa que aumenta sempre em alguns quilómetros o alcance máximo. Noutros pontos do país será diferente, obviamente, mas pelo menos na região de Lisboa preciso pessoalmente de fazer um exercício mental para ultrapassar o “range anxiety”.

Ora, manutenção dos postos é coisa que, a existir, é rara e manifestamente insuficiente. O que origina situações no mínimo complicadas e no máximo desesperantes para os “early adopters” de veículos elétricos.

Foto: Nissan

Vejamos o caso de Almada. Em todo o concelho existem um total de 24 postos públicos de carga, todos de carga lenta. Destes, e tanto quanto sei, apenas um não está sob gestão direta da Mobi. E, encontrando-se no Fórum Almada, e que deixou de funcionar quando o contrato com a empresa que o explorava terminou. Ou seja, atualmente em Almada apenas existem postos de carga sob gestão direta da Mobi. E, tanto quanto pude apurar. E destes apenas cinco funcionam (geralmente de forma intermitente, diga-se), todos dentro da cidade de Almada. Os restantes foram ou vandalizados há muito (caso dos postos da

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CA NTINHO DO MA IA

Trafaria e da Costa da Caparica), ou estão ligados mas em estado de erro (como todos os postos instalados nos parques de estacionamento subterrâneo municipais), ou têm outro tipo de avaria que os impede de carregar. Na prática, a disponibilidade de postos de carga é ainda mais reduzida. Por um lado, pelo menos um dos postos ainda em funcionamento foi colocado numa zona de estacionamento reservado a residentes. Por outro, é frequente os lugares reservados à carga de veículos elétricos estarem ocupados por veículos de combustão (uma infração ao Código da Estrada completamente ignorada quer pelos condutores quer pelos agentes da autoridade), ou mesmo por veículos elétricos a monopolizar durante o horário de expediente a mesma tomada (os veículos elétricos estão isentos do pagamento de parquímetro se estiverem a carregar num local reservado para o efeito). Ora, com a desativação do posto do Fórum Almada e a política implementada pelo Centro de não permitir a carga de veículos elétricos nas tomadas de parede existentes no parque de estacionamento, o ponto mais conveniente de carga simplesmente desapareceu, o que atualmente significa que, para carregar o carro em Almada, no meu caso, implica no mínimo uma deslocação a pé de 15 minutos para cada lado no posto mais próximo, ou ter de ir e vir de transporte público para casa se pretender deixar o carro a carregar num dos poucos postos disponíveis.

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Resta, portanto, carregar o carro em Lisboa, que sofre dos mesmos males, mas em menor escala, pois que desse lado do Tejo outras empresas há a explorar postos de carga inseridos na

rede pública, geralmente em melhor estado do que os geridos pela Mobi. E isto porque, como decerto o caro leitor sabe, não é comum nas cidades (e em Almada especialmente) que a maioria da população resida em vivendas, ou mesmo que tenha acesso a garagens individuais ou pelo menos com tomadas próprias.

ASSIM, INFELIZMENTE, SER DONO DE UM AUTOMÓVEL ELÉTRICO, E EM ESPECIAL DE UM DAS PRIMEIRAS GERAÇÕES, QUE PRECISA DE CARGA A CADA DOIS DIAS APROXIMADAMENTE, É UM VERDADEIRO EXERCÍCIO DE ESTILO, GERALMENTE ACROBÁTICO, PARA COMPAGINAR AS NECESSIDADES DO VEÍCULO COM AS LIMITAÇÕES DA REDE PÚBLICA. Não obstante, tal exercício, ainda que reconhecidamente difícil para quem não puder recolher a viatura para um local com alimentação elétrica no final do dia (processo que cá em casa estamos a iniciar), é vantajoso. Sim, porque não iria terminar este desabafo num ponto negativo. Estes existem, e são chatos.

MAS ENTRETANTO TEMOS O REVERSO DA MEDALHA. O reverso com estacionamento ilimitado em parques descobertos sem cancela em Lisboa por 12 por ano. O reverso com revisões anuais de no máximo 150, num “ano caro”. O reverso com combustíveis praticamente gratuitos (completamente nos postos públicos enquanto durar a fase piloto, e ao preço do kWh para carregamentos em casa, sempre muito


E são estes - e outros, que oportunamente indicarei - pontos positivos que, no fim do dia, fazem com que as dificuldades de utilizar um carro elétrico em Portugal, mesmo numa área em que já existe sensibilização e infraestrutura instalada, valham a pena e me façam pensar no dia em que poderei trocar o meu velhinho Ibiza (com 15 anos!) por um elétrico com uma autonomia de mais de 300 Km. O novo Leaf parece interessante, e é uma enorme infelicidade que o Opel Ampera-e não seja vendido em Portugal, mas esse é tópico para outra altura.

Texto: Adriano Maia

Foto 1: Paulo Costa / Foto 2: Adriano Maia

CA NTINHO DO MA IA

mais barato que até o gasóleo agrícola). O reverso, por fim, de até 80% de desconto na portagem na Ponte 25 de Abril.

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P S ICOLOGIA

•SER RESILIENTE... O ser humano é um todo, composto por corpo e mente. Podemos vê-lo como uma máquina que para funcionar em pleno tem que corpo e mente estarem em sintonia.

conseguem sair desse estado emocional, sendo bastante difícil reinventar-se, reeguer-se, e voltar a ser quem era e como era.

Atrevo-me a dizer que mais que o corpo, a mente é o impulsionador de tudo é o nosso motor de funcionamento, o que nos comanda. Se a mente não funcionar na sua plenitude de nada nos vale um corpo são e escultural. Ele simplesmente vai dar sinais que algo não está bem.

Depois há que seja aquilo a que eu chamo um sobrevivente, não de acidentes, mas da vida. Há quem se reinvente de forma constante, há quem mesmo no limite encontre forças (sabese lá vindas de onde) para dar a volta e reiniciar-se.

MUITO SE FALA DE RESILIÊNCIA. MAS AFINAL O QUE É ISTO DE RESILIÊNCIA?

Se é fácil, claro que não é. E ás vezes está-se tão no limite que dá uma vontade imensa de desistir. Mas não se desiste. Não porque se é um superherói, ou porque se é especial, mas simplesmente porque não está no seu ADN desistir.

É a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, stress, algum tipo de evento traumático, etc. - sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.

DE UMA FORMA METAFÓRICA, É A CAPACIDADE DE SE REERGUER QUANDO SE VAI AO FUNDO DO POÇO, É O DAR A VOLTA POR CIMA QUE TANTOS FALAM.

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Face aos problemas da vida muitos desenvolvem depressões, chegando muitas vezes a ter sequelas físicas muito limitadoras para a sua vida. E nem sempre

Há um limite que nos acorda, que nos faz parar e pensar… está na hora de reagir, está na hora de encontrar uma solução, uma resposta para que se dê a volta. E dá-se, mesmo que ás vezes a resposta não seja clara, encontra-se sempre uma saída.

A VIDA COLOCA-NOS À PROVA CONSTANTEMENTE. O que achamos que é certo e adquirido ás vezes foge-nos das mãos como se fosse um punhado de areia, que sem darmos conta vai fugindo. E de repente percebemos que estamos vazios, perdidos, que o tapete nos foi puxado.


BAIXAR OS BRAÇOS NÃO É NEM NUNCA FOI SOLUÇÃO. ESTE NÃO É O CAMINHO. Mas ás vezes é tão difícil, porque assim que nos reerguemos lá vem a ida de novo, mais uma vez… pôr-nos à prova, puxar-nos o tapete, e muitas vezes ainda mal nos acabamos de reeguer. E qual é a solução?

Cá para mim ou se é ou não se é. Já nasce connosco. E acreditem, não pensem que é fácil…. Não é… de todo que não é…. E cansa… cansa muito.

P S ICOLOGIA

... Ser Sobrevivente!•

“Resiliência é aceitar a sua nova realidade, mesmo que seja menos boa do que a que tinha antes.” Elizabeth Edwards.

Reinventarmo-nos novamente. Encontrar mais uma vez soluções para não desistir. Mas cansa… se cansa. A sensação de batalha constante desgasta-nos, moí-nos por dentro, e a cada batalha o cansaço apodera-se com mais facilidade, e ficamos sempre com a sensação que esta será a última vez que iremos ter a capacidade de dar a volta. Mentira. Quando está no nosso ADN sermos resiliente, sermos sobreviventes, nunca desistimos. E sem perceber bem como, sem entender bem de que forma encontramos força para lutar, ela aparece. Muitas vezes nunca percebemos de onde ela vem, mas vem. E isso faz toda a diferença. Cada luta, cada batalha ultrapassada talvez seja o que alimenta a capacidade de resiliência que existe em cada um de nós, ou será que já nascemos com esta capacidade registada no nosso ADN? Será que ao longo da vida vamos aprendendo a ser resiliente?

Texto: Sandra Cunha

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A S MIN HA S CRÓNICA S

•MÃOS CHEIAS DE NADA• O relógio denuncia a hora exata. A equipa carrega os carros. Gente de sorriso farto e de coração generoso, gente que se faz de bondade e mais do que palavras ilustrativas enchem a rua de ações que ousam realmente fazer a diferença e conseguem, noite após noite. Tabuleiros e mais tabuleiros são carregados, com os kits preparados antecipadamente, que reúnem um pouco do essencial até à próxima refeição. Arcas que levam a sopa e a massa com carne que garantem a refeição quente a ser servida. Termos cheios de cevada para dar o aconchego final e na doação das confeitarias da zona, ainda se aglomeram caixas e caixas de doces. De todo lado, eles começam a chegar. Ouso dizer, que a maioria traz um sorriso no rosto e uma vontade alargada de partilha, apesar das sacas vazias que anunciam esperança de fartura escassa no pouco que esperam e do menos que aprenderam a precisar.

E DOS ROSTOS QUE ME PASSAM NA FILA, UM HOMEM DE MEIA-IDADE, DE OLHAR TERNO E COM UM SORRISO SIMPÁTICO PRENDE-ME A ATENÇÃO.

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O senhor António Gonçalves tem sessenta e cinco anos, contados todos, sem casa, apesar de ter conhecido alguns tetos.

Nasceu órfão, nem sabe bem o que aconteceu com os seus pais, mas relata com rigor a exigência daquela época.

“HAVIA MUITA FOME E MISÉRIA. OS PAIS BATIAM MUITOS AOS FILHOS, ERAM COISAS DAQUELES TEMPOS. MAS AS CRIANÇAS COMO EU, SEM PAIS, APANHAVAM MUITO MAIS. NÃO HAVIA RAZÃO. BATIAM-NOS POR TUDO E POR NADA!” Do lugar que viu crescer nos primeiros anos de vida, o senhor António não quer nem ouvir falar, não traz consigo boas memórias, além daquelas que lhe conferiram a alfabetização.


“SABE MENINA, NEM A QUARTA CLASSE EU TENHO, MAS COMBINO BEM AS PALAVRAS E SE ME TRATAR COM BONDADE, NO MEU CORAÇÃO DEIXARÁ SAUDADE! NÃO TIVE TEMPO PARA ESTUDAR MAIS, COMECEI A TRABALHAR COM SETE ANOS, NÃO TIVE ESCOLHA. TROQUEI OS CADERNOS PELOS SACOS DE CIMENTO (MOSTRA AS MÃOS CALEJADAS)!”

Fala com um lamento arrastado na voz, teria estudado muito mais se a sorte o tivesse bafejado, mas não se fica por tal tristeza, rapidamente, nos leva com entusiasmo para a sua grande aventura de vida.

“AOS ONZE ANOS FIZ-ME À ESTRADA. FUI POR ESTE PORTUGAL FORA, A PÉ, SEM NADA NOS BOLSOS, SÓ COM A ROUPA DO CORPO E POUCO MAIS NA SACA DE MÃO. ANDEI QUILÓMETROS POR ESSAS TERRAS DO INTERIOR NORTE DO NOSSO PAÍS, PASSEI MUITA FOME. ERAM TEMPOS DIFÍCEIS, HAVIA POUCO PARA PARTILHAR E A DESCONFIANÇA DAS PESSOAS FECHAVA-ME A PORTA NA CARA. CHEGUEI A ESPANHA A DESFALECER E SÓ A MISERICÓRDIA DO DONO DO CAFÉ, PASSADA A FRONTEIRA, É QUE ME SALVOU DO FIM QUE CHEGUEI A TEMER E TER COMO CERTO!”

A S MIN HA S CRÓNICA S

É um homem das letras, mesmo que tenha pouca instrução.

Uma promessa de vida melhor, uma aventura que queria viver, uma vontade enorme de contar uma outra história de vida levou-o até ao país vizinho, onde depois de muitos trabalhos precários, de muitas noites a contar estrelas, mas onde também nunca faltou generosidade, encontrou alguma estabilidade numa empresa de fabrico de tijolo. “Tinham camaratas onde dormíamos, garantiam-nos o que precisávamos e apesar de ser pouco, era mais do que alguma vez tinha tido e senão fosse a minha cabeça de jovem aventureiro, tinha conseguido garantir lá melhor o meu futuro! Mas a vontade de conhecer outras terras, levoume até França… Gente estranha com fala esquisita. Nunca me dei com aquilo. E logo eu que falava tão bem espanhol!”

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A S MIN HA S CRÓNICA S

De peito cheio e um orgulho imenso, desenrolou o seu dicionário de aprendizado no domínio da língua espanhola. País que tentou voltar, mas que nunca mais teve a estabilidade antes vivida e que a miséria e o acumular de dificuldades o trouxeram de volta ao nosso Portugal. Quando questionado sobre o retorno, sente-se de longe a saudade, numa mistura de regresso às origens. “Este é o meu país, que eu gostava que me desse mais dignidade, mas é o meu país e será aqui que eu vou acabar os meus dias. Já não tenho mais vida para aventuras!” Nos olhos cansados, ainda há uma réstia de esperança, aquela esperança que o fez um dia desejar ter outra vida, mas as oportunidades que se perderam, parece que não voltam nunca mais e fica o silêncio.

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“VOU ACABAR ASSIM OS MEUS DIAS!” (…)

_E como são os dias na rua? _Como se sobrevive? _Como se enfrenta o frio, a chuva? _Como se mata a fome? “Dormi muitos anos debaixo da ponte. E debaixo da ponte não chove! O pouco dinheiro que tenho nunca o gastei mal. Sempre consegui acumular colchões cama, sou pequeno (dá um sorriso maravilhoso). Meto-os uns nos outros e nunca apanhei frio. Algum. Mas pouco!” Impossível ficar indiferente à leveza que aquele homem traz a tudo que nós, com abrigo, com conforto e mordomias arrepiamo-nos de frio só de imaginar. “Há sempre estes amigos (aponta para os voluntários), que vão sempre nos matando a fome e ainda nos dão um cafezinho quente em noites frias como esta. Doces? Não quero, tenho um estomago fraco, não posso comer! Deixo para os outros. Há muitos que gostam (sorri)!” A bondade é algo que se sente, existe um companheirismo de pobreza partilhada e um respeito com limites bem definidos. É possível se sentir em casa na rua?


SENTE-SE UM AMOR PURO, DURO E QUE NOS REVIRA O CORAÇÃO NUMA EMOÇÃO CONTIDA.

contrastando com aquele cenário com tudo para ser triste, ele transforma em alegria com o seu sentido de humor hilariante, com anedotas sempre prontas a contar. Quando questionado pelo natal, depois de nomear os lugares sempre quentes da noite, sempre prontos para que nada falte, acrescenta…

“O NATAL É ISTO…”

E de uma forma tão simples e sem grandes floreados, numa simplicidade sentida, assim se resume o conceito de família. A verdadeira! A única!

E na ignorância da nossa suposta inteligência e na miséria da nossa hipotética riqueza… fica este momento gravado!

É impossível ficar indiferente, ao senhor António e a uns quantos mais como ele. É impossível não imaginar o futuro brilhante que ele poderia ter tido se as oportunidades tivessem sido outras e se por ventura tivesse estudado mais como tinha desejado. Fica suspenso um pensamento, na mesma medida que ficaram suspensos tantos sonhos!

Fica a certeza que ainda atemos muito aprender sobre a vida e sobre esses conceitos básicos que definem a nossa existência. Talvez, as nossas mãos sejam as mais vazias e as mais carenciadas de solidariedade!

Foi uma despedida longa. Demorada! O senhor António tem um reportório de rimas, poemas e palavras soltas maravilhoso e surpreendentemente,

A S MIN HA S CRÓNICA S

“Nunca tive família, alguns amigos, aqui e ali. Agora, ganhei uma filha (olha em volta), que hoje não esta por aqui. Ela deixa-me viver num canto da fábrica abandonada, onde ela também vive. Não sou mais sem abrigo! Ela é como uma filha para mim!”

E afinal… o que é o Natal?

Texto: Sónia Machado Araújo

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TE A M 4 HEA LTH

•COMUNICAR SEM FINGIR• *COMUNICAÇÃO AUTÊNTICA‹› ‹ › C O M U N I C A Ç Ã O N Ã O V I O L E N TA * (PA RTE 2) A Comunicação Não-Violenta/Autêntica opera em três níveis:

vs crianças, porque também acontece no contexto escolar).

*INTRAPESSOAL, diz respeito à relação com nós próprios. Nesta esfera se engloba as expectativas pessoais e como os diferentes corpos: físico, emocional, mental e espiritual se articulam;

PARA RECEBER COM EMPATIA, É NECESSÁRIO “ESVAZIAR A MENTE” E ESTAR ALI PELO OUTRO.

*INTERPESSOAL, nível a que se refere à “minha relação com o outro” e o que mais se evidencia no processo da CNV. Assume-se aqui, a condição de maior relevância: Escuta Empática. “Empatia: esvaziar a mente e ouvir com todo o nosso ser” - Marshall Rosenberg. Dentro da CNV, ouvir com empatia é fundamental para que o vínculo empático seja estabelecido pela comunicação. Empatia é a compreensão respeitosa do que os outros estão a partilhar/viver, é se colocar no lugar do outro. Muitas vezes, foca-se na preocupação, mais em dar conselhos, encorajar, ensinar ou relatar as próprias experiências quando, na verdade, não se trata de nós. Na verdade, trata-se do outro.

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Essa urgência de aconselhar e ensinar torna-se mais intensa na relação pais e filhos, quando os filhos falam dos seus sentimentos para os pais. Certamente, a boa intenção e a ânsia de os ajudar, acaba por transmitir a falsa impressão de que os pais sabem tudo aliada com ao seu maior inimigo de querer proteger os filhos de tudo... é o que faz muitas vezes desligar a escuta empática com os filhos (em geral no processo comunicativo adultos

Precisa-se de ter disponibilidade, de estar naquele momento com o outro, tentando identificar suas necessidades e sentimentos, oferecendo compaixão e acolhimento. Não é fácil, mas quando duas pessoas conseguem se comunicar empaticamente, dando e recebendo com empatia, algo muda. É como se o tempo parasse, como se a energia circundante ficasse mais leve. Cria-se espaço para o “ar circular mais puro”...e comunicação, é Fala, é Respiração/ Expiração, é Ar que sai que “se troca”. *SISTÉMICO, corresponde aos sistemas coletivos de acordos implícitos que se utiliza para “arquitetar” as relações humanas em vários contextos. Escolas/ salas de aula, tribunais, igreja, famílias, hospitais, todos esses espaços são regulados por sistemas de educação, justiça, família, coletividade, saúde, etc. Neste nível, é importante consciencializar, que cabe a cada um a sua autoresponsabilização pela “qualidade” da sua participação neles.

A MAIORIA, “SOFRE” DA INCAPACIDADE DE PERCEBER AS NORMAS DOS SISTEMAS QUE REGULAM O COMPORTAMENTO INDIVIDUAL.


/ C NV COM AS C RIAN Ç AS / A ideia de que “por trás de todo comportamento existe uma necessidade” ajuda muito a entender as atitudes das crianças/filhos e facilita empatizar com eles. Sempre que uma criança apresenta um comportamento desafiador, deve se procurar compreender, qual a necessidade que ela está a tentar expressar, e isso ajuda muito aos adultos a “não levar pro lado pessoal…tão a peito” como ela se comporta naquele momento, que é a tendência automática. Os adultos/pais devem-se questionar o que de fato é “comportar-se bem”, já que muitas vezes, se entende que bom comportamento é fazer o que os pais esperam, é atender às expectativas do adulto. A questão é que o “mau comportamento” muitas vezes não é mal intencionado, ele pode ser uma busca pelo lúdico, pela descoberta de algo novo, pela autonomia, pelo poder de decisão, etc. São necessidades que qualquer um entende, mas se o adulto se focar apenas na ação dos filhos naquele instante, tende-se a julgá-los. Quando a CNV se aplica, pode-se conectar de forma autêntica com eles, é facilitador acolher e validar a sua frustração quando eles se irritam, porque não podem fazer algo, assim os adultos já sabem antecipadamente, que por trás da reação, há uma necessidade não atendida que é legítima e que reconhecem a importância dela.

Não é simples reaprender a se comunicar, não se consegue fazer uso da CNV sempre... requer disciplina no treino e numa atenção plena (mindfullness), mas pode-se afirmar que quanto mais se experiencia nas relações humanas em especial com as Crianças, sente-se uma imensa Gratidão e Paz... “Um indivíduo consegue hoje um diploma de curso superior sem nunca ter aprendido a comunicar-se, a resolver conflitos, a saber o que fazer com a raiva e outros sentimentos negativos” Carl Rogers

EM RESUMO A CNV não mostra apenas um método de comunicação uns com os outros. É mais do que isso, é uma maneira de se olhar a vida e as nossas relações com outras pessoas, através da empatia e da compaixão

TE A M 4 HEA LTH

Algumas atitudes convencionais parecem naturais, mas são ficções baseadas nos sistemas de crença herdados e que muitas vezes não se apercebe que há uma escolha em cada ação do indivíduo.

Requer um exercício constante de avaliação de como se está a comunicar e a se relacionar com os outros. É uma prática diária, altamente vantajosa: pacificadora na possibilidade de conexão pessoal chegando à autocompaixão: “olhar para dentro” e perdoarmo nos, em vez de nos julgar e criticar. Permite a oportunidade de avaliar os próprios comportamentos. Caminho da comunicação autêntica

QUANDO ESCUTAMOS A NÓS MESMOS COM EMPATIA, PERCEBEMOS O INEVITÁVEL: SOMOS HUMANOS, QUE A PERFEIÇÃO NÃO EXISTE... E ISSO ESTÁ TUDO CERTO!!! “Não é o Amor que sustenta o relacionamento, é a forma de se relacionar que sustenta o Amor” Texto: Drª. Andreia Rodrigues - Licenciada em Terapia da Fala - Pós-graduada em Ciências da Fala (Universidade Católica Portuguesa) - Terapeuta da Fala na Clínica Joaquim Chaves Saúde

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CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

•RESILIÊNCIA,

A FORMA COMO APRENDEMOS A LIDAR Não posso deixar de iniciar a crónica deste mês por numa nota um pouco triste. Portugal tem vindo a atravessar momentos bastante dramáticos e a tragédia de Pedrogão Grande não foi capaz de nos preparar para a que viria a acontecer em Outubro. A todos os portugueses que sofreram e ainda sofrem com a perda e destruição que marcou o nosso país, espero que as minhas palavras possam servir de algum consolo e fonte de esperança. De uma forma ou outra, todos nós experienciamos eventos traumáticos e é perante essas adversidades que somos capazes de mostrar a nossa fibra. O tema deste mês vem-nos falar disso mesmo, da capacidade profundamente humana de nos erguermos quando tudo parece ruir à nossa volta. A isso chamamos de resiliência.

A RESILIÊNCIA É O PROCESSO PELO QUAL NOS ADAPTAMOS A FATORES TRAUMÁTICOS, TRAGÉDIAS, AMEAÇAS OU OUTRAS FONTES DE STRESS COMO PROBLEMAS FAMILIARES, DE SAÚDE OU FINANCEIROS.

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OU

A amplitude das respostas humanas ao stress e trauma é enorme, algumas pessoas desenvolvem transtornos psicológicos graves como stress póstraumático e depressão, enquanto outras desenvolvem sintomas psicológicos leves que se resolvem rapidamente.

Estas últimas, são mais resilientes. Felizmente, a resiliência não é uma característica que as pessoas têm ou não têm, ela envolve comportamentos, pensamentos e ações que podem ser desenvolvidos por qualquer pessoa. Podemos imaginar a resiliência como uma cana de bambu, capaz de resistir a furacões como nenhuma outra planta ou árvore, mesmo as mais fortes e espessas. E porquê? Porque a flexibilidade do bambu irá fazer com que consiga acompanhar as forças à sua volta, ao invés de lutar desesperadamente para as combater. Na filosofia taoista existe um conceito semelhante, o wu wei, que implica a


chamamos a isto Aceitação. A ideia é não desperdiçar recursos e energia na negação de factos que não conseguimos alterar, mas sim usá-la na procura de soluções.

A RESILIÊNCIA É EXATAMENTE ISSO, UMA COMPETÊNCIA PRAGMÁTICA DE ADAPTAÇÃO AOS PROBLEMAS DO QUOTIDIANO. No entanto, ser resiliente não significa viver sem dificuldades, o verdadeiro caminho para a resiliência é susceptível de implicar considerável aflição emocional. É a forma como treinamos o foco na procura de soluções - e não na dramatização dos nossos problemas que nos irá trazer as respostas que procuramos.

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

QUANDO O UNIVERSO NOS DÁ UM MURRO

Podemos aproximar esta ideia de resiliência da corrente filosófica do Estoicismo que talvez nos seja mais familiar, não tivessemos nós que estudar Ricardo Reis na escola. O estoicismo tem apenas alguns ensinamentos centrais. Ele pretende relembrar-nos de como o mundo pode ser imprevisível, de quão breves e voláteis são os momentos da nossa vida.

capacidade de nos movermos de acordo com o que acontece ao nosso redor, sem esforço ou pressão para o contrariar. Na corrente moderna de mindfulness

Através do treino de qualidades como ser firme, forte e autocontrolado, o estóico irá desprender-se da insatisfação que reside na dependência impulsiva dos sentidos, dando lugar a uma vivência mais lógica e racional. Porque é que se assemelha à resiliência? Porque o estoicismo não está preocupado

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CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

com teorias complexas acerca do mundo, foca-se apenas na superação das emoções destrutivas por forma a poder atuar no que pode. É construído para ação, não para um debate sem fim sobre o que podia ser diferente. Se estiver familiarizado com a famosa personagem ficcional Spock, saberá do que estou a falar.

Daqui podemos retirar um novo princípio, sermos capazes de abdicar da ideia do que podia ter sido para nos dedicarmos ao que poderá vir a ser.

A RESILIÊNCIA TEM VINDO A SER MUITO ESTUDADA EM CRIANÇAS, POIS ELAS APRESENTAM UMA ENORME CAPACIDADE DE MANTER O ESPÍRITO POSITIVO MESMO QUANDO VIVEM EXPERIÊNCIAS NEGATIVAS. Sendo a resiliência uma resposta adaptativa às dificuldades, ela pode ser vista como protetora do nosso desenvolvimento físico e mental. Tentar compreender as estratégias implicadas neste processo será fundamental para o progresso e prosperidade de qualquer sociedade. O CAMINHO PARA A RESILIÊNCIA

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Independentemente da fonte de dificuldade, o principal potenciador da resiliência é ter relacionamentos de suporte dentro e fora da família.

Relacionamentos que promovam o amor e confiança, fornecendo modelos de incentivo e tranquilidade, servem como reforço à capacidade de resistência da pessoa. Esses relacionamentos são o ingrediente ativo na construção da resiliência, servindo ao mesmo tempo de alavanca e de factor de proteção. Elas são capazes de nos amortecer as quedas enquanto nos impulsionam para o desafio seguinte. Ao treinarmos a resiliência estamos a trabalhar várias competências relevantes ao nosso bem-estar psicológico. É ela que nos dá a capacidade de fazer planos realistas e de tomar ação para os realizar. É ela que promove uma visão mais positiva de nós próprios e nos dá a confiança nos nossos pontos fortes. É ela que nos torna capazes de tomar decisões, planear e regular as nossas emoções e impulsos, e sim, é também ela que nos vai permitir aceitar qualquer mudança. Desenvolver a resiliência é um caminho pessoal e cada pessoa gere-o de maneira muito própria. É sempre importante ter alguém por perto que saiba ajudá-lo a alcançar o seu potencial e obter essa competência dentro daquilo que é a sua integridade pessoal, os seus ideais e princípios. Aconselhe-se com um terapeuta sempre que sinta que está numa fase de mudança, para que esta seja feita de forma saudável, tal como fazemos em quaisquer questões de saúde. Assim sendo, deixo algumas dicas simples daquilo que pode ser conseguido através do treino da Resiliência: 1• CRIE RELAÇÕES! Sejam relacionamentos familiares, de amizade, em grupos cívicos, organizações religiosas ou outros grupos


2• EVITE VER AS CRISES COMO SENDO INSUPERÁVEIS! Se não pode mudar os factos então foque-se na melhor forma lhes dar resposta. Tente olhar para além do presente para saber como as circunstâncias futuras podem ser de alguma forma melhoradas. Tudo acabará por fazer sentido. 3. ACEITE QUE A MUDANÇA FAZ PARTE DA VIDA! Aceitar circunstâncias que já não podem ser alteradas pode ajudá-lo a se concentrar nas que pode alterar. O mindfulness é uma prática que pode ajudar muito nesta fase. 4. MOVA-SE POR OBJETIVOS! Desenvolva alguns objetivos realistas. Faça algo regularmente, mesmo que lhe pareça mínimo, que vá em direção aos seus objetivos. Em vez de se concentrar em tarefas a longo prazo, pergunte a si mesmo: “O que posso fazer hoje que tenha me aproxime do meu objetivo?”. 5. TOME DECISÕES ATIVAS! Aja o máximo que conseguir. Tome ações decisivas e claras, simples e objetivas, dentro dos parâmetros que definiu e coloque-as em prática, fora do pensamento ou papel. 6. PROCURE OPORTUNIDADES DE AUTODESCOBERTA! As pessoas aprendem muito sobre si durante um processo de luta ou perda. Pessoas que viveram tragédias e dificuldades relatam melhores relacionamentos, maior sensação de força e mudanças importantes e significativas mesmo quando se sentem vulneráveis. É muitas vezes no caos que se inicia uma verdadeira procura pelo que nos faz sentido. 7. TREINE UMA VISÃO POSITIVA DE SI MESMO! Treine diariamente e diga a si mesmo que confia na sua capacidade de resolver problemas e sobretudo nos seus instintos.

8. PONHA AS COISAS EM PERSPETIVA! Mesmo quando enfrenta eventos dolorosos, tente enquadrar a situação stressante num contexto mais amplo e visualiza-lo numa perspectiva a longo prazo. Evite exagerar a sua importância acabando por fazer uma tempestade num copo de água. 9. A ESPERANÇA É A ÚLTIMA A MORRER! Uma visão otimista faz com que espere apenas coisas boas da vida, estando mais atento a tudo o que de bom acontece, nem que seja um ínfimo detalhe. Tente visualizar o que deseja no futuro, em vez de se preocupar com o que teme de momento. 10. PROCURE NOVAS FORMAS DE FORTALECER A SUA RESILIÊNCIA! Há quem escolha escrever sobre os seus pensamentos e sentimentos relacionados ao problema. Outras pessoas preferem meditação ou práticas espirituais para restaurar a esperança. Para quem não sente qualquer afinidade religiosa em particular pode sempre optar pela prática de mindfulness, que explora os princípios meditativos numa vertente de relaxamento sem conotação religiosa particular.

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

locais, o importante é estabelecer uma rede de suporte social que o possa ajudar a recuperar a esperança. Ajudar os outros também é um potenciador do bem-estar psicológico.

A resiliência não é, portanto, algo inato. Pelo contrário, é atingível! O truque é identificar estratégias e mecanismos de alcance e manutenção da resiliência que funcionem para si, pois esta vem com a prática e existem imensas formas de lá chegar. Cabe a si trabalhá-la, especialmente em momentos difíceis, para nas fases críticas da vida seja capaz de enfrentar e lidar com os problemas com a força física e clareza mental que isso requer. E já sabe, se encontrar obstáculos e se sentir perdido, pode sempre procurar ajuda!

Texto: Maria Inês Matos - Psicoterapeuta www.facebook.com/ines.hipnoterapia

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O S PEQU E N O S MA R QUES E S

•SER RESILIENTE... COMO O SER?• diversificado, que inclui a recuperação do indivíduo após experiências traumáticas, a superação de desvantagens para alcançar o sucesso e a resistência a situações stressantes do dia-a-dia. Refere-se a padrões positivos de adaptação a experiências adversas.

Resiliência, significa voltar ao estado normal, um termo oriundo do latim resiliens, este termo tem vários significados mas para a área da Psicologia designa a capacidade de voltar ao estado natural, principalmente após alguma situação crítica e fora do comum. Designa, ainda, a capacidade de uma pessoa lidar com os seus próprios problemas, vencer obstáculos e não ceder à pressão, seja qual for a situação.

ASSIM, A RESILIÊNCIA, É A FORMA QUE O SER HUMANO TEM PARA ENFRENTAR AS DIFICULDADES, OS PROBLEMAS E AS ADVERSIDADES DA VIDA, SUPERÁ-LAS E TRANSFORMÁ-LAS. Podemos afirmar que é uma força que vai mais além do que a nossa própria resistência. Em certas circunstâncias difíceis, ou mesmo em situação de trauma, estas permitem-nos desenvolver recursos que se encontram latentes e cuja existência desconhecíamos até então.

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Na ciência do desenvolvimento humano, a resiliência tem um significado amplo e

A Psicologia Positiva considera que os problemas podem ser autênticos desafios, desde que enfrentados e superados pelas pessoas graças a esta capacidade fantástica que é a resiliência. Existem diversos fatores que favorecem, ou não, o desenvolvimento da resiliência em cada ser humano, como é o caso da educação, das relações familiares e do contexto social.

OS TEÓRICOS NESTA ÁREA DE ESPECIALIZAÇÃO AFIRMAM QUE A RESILIÊNCIA ESTÁ VINCULADA À AUTOESTIMA, PELO QUE É IMPORTANTE TRABALHAR COM AS CRIANÇAS, DESDE A SUA MAIS TENRA IDADE, PARA QUE POSSAM DESENVOLVER SAUDAVELMENTE ESTA CAPACIDADE. Uma criança que tenha boa autoestima irá tornar-se num adulto com boa capacidade de resiliência, visto estar devidamente preparada para ultrapassar os obstáculos com os quais se possa vir a deparar ao longo da vida. É importante que as crianças recebam cuidados de boa qualidade e tenham


Na primeira infância, é importante que as crianças estejam rodeadas de cuidadores competentes e afetuosos que promovam sentimentos de segurança garantidos por laços de apego, assim como uma estimulação adequada de forma a promover um desenvolvimento saudável do cérebro e a promover oportunidades para aprender, para vivenciar o prazer de dominar novas habilidades e ainda saber lidar com limites e estrutura indispensável para dominar o autocontrolo.

DESTA FORMA PODEMOS AFIRMAR COM TODA A CONVICÇÃO, QUE A INFÂNCIA CONSTITUI UMA ETAPA IMPORTANTE PARA PROMOVER A CAPACIDADE DE RESILIÊNCIA. Algumas crianças desenvolvem esta capacidade de forma natural, mas outras precisam de incentivo para a desenvolverem e, para tal, é necessário o reforço das suas capacidades pessoais e o reforço do suporte familiar. Esta capacidade faz com que as crianças se desenvolvam de forma sadia e pode contribuir para as auxiliar em várias situações como: > Lidar com o stress de forma equilibrada em diferentes situações da vida; > Saber controlar as emoções em situações de pressão, como, por exemplo, transições

de ano ou de escola; > Lidar e resolver os seus problemas... Para concluir toda a divagação teórica sobre este tema podemos dizer que a vida tem momentos difíceis e momentos fáceis, momentos bons e momentos maus, num cenário de altos e baixos e, para bem da nossa saúde mental e emocional, é fundamental desenvolvermos a capacidade de resiliência, sendo que esta deve ser apreendida desde a infância. Tal como já vimos a resiliência pode ser ensinada e isso é possível orientando as crianças a agir tranquilamente diante das contrariedades e dos obstáculos e alimentando a sua autoestima. No entanto, isto não quer dizer que crianças e os futuros adultos resilientes não sofram ao longo das suas vidas. A dor, a tristeza, as lágrimas e os traumas emocionais podem surgir em qualquer momento da vida para qualquer um de nós, a diferença é que, sendo resiliente, estaremos melhor preparados para enfrentar esses sentimentos com força, perseverança e confiança. Tanto a família como a escola devem trabalhar para criar um ambiente de segurança para a criança este é a base para a promoção da capacidade de resiliência. A rotina é essencial neste processo, uma vez que isso faz com que as crianças sintam que têm mais controlo sobre o que vai acontecer ao longo do dia, podendo assim planear as suas próprias ações. Na educação que a família providencia aos seus filhos é importante que seja provido o desenvolvimento da resiliência através de condutas, do controlo de pensamentos e de atitudes, para que eles possam aprender através do exemplo.

O S PEQU E N O S MA R QUES E S

oportunidades de aprendizagem, nutrição adequada e apoio das famílias, facilitando o desenvolvimento positivo das suas capacidades cognitivas, bem como das suas habilidades sociais e da sua autoregulação. Essas crianças, geralmente, manifestam resiliência face à diversidade enquanto as suas habilidades fundamentais e os seus relacionamentos continuam a funcionar e a desenvolver-se.

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O S PEQU E N O S MA R QUES E S 22

Isto pode ser feito em DEZ PASSOS FUNDAMENTAIS: 1. FAZER E TER AMIGOS! Ensine e motive os seus filhos a fazer e a ter amigos; ao mesmo tempo, desenvolva uma rede familiar forte para que as crianças se sintam amparadas e aceites. As relações pessoais fortalecem a resiliência das crianças e constituem fonte de apoio social. 2. ENSINAR A CRIANÇA A AJUDAR OS OUTROS! Ajude os seus filhos a ajudar os outros pois isso pode permitir-lhes superar a sensação de que não são capazes de fazer nada. Através de pequenos gestos e tarefas solidárias apropriadas à sua idade, as crianças irão sentir-se valorizadas e confiantes em si. A solidariedade e a cooperação são fundamentais para o desenvolvimento humano e irão fortalecer a sua capacidade de estabelecer empatia - esta será um dos pilares da sua força psicológica. 3. MANTER UMA ROTINA DIÁRIA! Ajude os seus filhos a estabelecer uma rotina diária e a segui-la. O respeito à rotina é um sentimento reconfortante para as crianças uma vez que lhes dá uma sensação de segurança e de estabilidade; diminui os seus temores e a sua ansiedade porque assim as crianças sabem o que vai acontecer a seguir.

expectativa de que cuide de si sozinha, sem qualquer ajuda, mas que vá aprendendo para, no futuro, saber que vai ser o único responsável por si, quer a nível físico quer a nível emocional. 6. INCENTIVAR A CRIANÇA A FIXAR METAS! É importante que ajudemos os nossos filhos a estabelecer objetivos para alcançar, pois assim eles experienciarão o valor da conquista, o que fará com que se sintam valorizados. 7. ALIMENTAR UMA AUTOESTIMA POSITIVA! Ajude o seu filho a confiar em si mesmo para resolver problemas e tomar decisões adequadas; ensine-o a levar a vida com bom humor e a ter capacidade de se rir de si mesmo. 8. ENSINAR A CRIANÇA A VER O LADO POSITIVO INCLUSIVE NAS COISAS MÁS! Ensine o seu filho a ter uma atitude positiva diante das adversidades para que ele consiga enfrentar as dificuldades com otimismo e positivismo e que saiba “depois da tempestade vem a bonança”. 9. ESTIMULAR O AUTOCONHECIMENTO NA CRIANÇA! Explique ao seu filho que com tudo o que acontece na vida se aprende e se cresce, que tudo na vida tem um propósito e o que está a enfrentar lhe vai ensinar como enfrentar as dificuldades da vida e como superá-las.

4. COMBATER A INQUIETAÇÃO E A PREOCUPAÇÃO! Ensine os seus filhos a concentrar-se nos seus objetivos mas também a descansar e a fazer outras coisas para que não fiquem obcecados com as tarefas, é importante e necessário que estudem, mas também que brinquem e se divirtam pois, afinal, ainda são crianças.

10. ACEITAR QUE A MUDANÇA VAI OCORRENDO AO LONGO DA VIDA! Ajude o seu filho a ver que a mudança faz parte da vida e que podemos sempre substituir algumas metas traçadas por outras que achemos mais adequadas num dado momento.

5. ENSINAR A CRIANÇA A CUIDAR DE SI! Devemos incutir nos nossos filhos a importância de nos cuidarmos, de nos alimentarmos, tudo em prol da nossa saúde. A criança precisa de aprender a ser responsável pelo seu próprio bem-estar; isso não quer dizer que tenhamos a

Também a ESCOLA pode colaborar nesta tarefa de trabalhar a capacidade de resiliência na criança, tal como já falámos, e, para tal, deve-se reservar tempo para conversar com a criança, dar tempo e espaço para que consiga vencer desafios sozinha, e, acima de tudo, promover a


> PROMOVER A AUTOESTIMA! Não refaça o trabalho da criança em busca de um resultado “melhor”, elogie a sua pró atividade para que ela nunca duvide da sua capacidade; > ELOGIAR ESFORÇOS! Garanta uma atmosfera em que as crianças sejam reconhecidas pelo seu trabalho e dedicação e não apenas pelo sucesso; > NÃO ENTRAR EM PÂNICO EM FRENTE À CRIANÇA! Sempre que a criança tenha tomado a iniciativa em qualquer situação e o resultado não tenha corrido bem, não tome o controlo da situação, assista e auxilie, converse com a criança de modo a acalmar a tensão e incentive-a a tentar de novo; > SER UM EXEMPLO! Mostre à criança a partir da sua atitude perante uma dificuldade que não desiste e que segue em frente; Reforçar as aprendizagens da criança! Deve ir mostrando à criança que ela está no caminho certo e que é capaz de realizar aquilo a que se propôs realizar; > SER UM BOM OUVINTE! Escute a criança, dê-lhe tempo e espaço para ela se expressar sem receios - isto irá contribuir para que a criança reconheça as suas necessidades e dificuldades; > COLABORAR COM A CRIANÇA, MAS DEIXÁ-LA FAZER AS SUAS COISAS POR ELA! Mesmo errando a criança precisa de colocar em práticas as suas aprendizagens, errar é uma oportunidade para a criança se autoavaliar e para se superar; > ESTAR PRESENTE E DISPONÍVEL! Estimule a criança a expressar os seus sentimentos; ao vivenciar um clima de segurança e aconchego, a criança sentirá maior abertura e segurança para se expressar.

Como podemos concluir, a escola pode desempenhar um papel crucial na promoção da resiliência na infância através de várias estratégias e de simples atitudes diárias. Os Educadores podem promover iniciativas solidárias, campanhas beneficentes, sessões esclarecedoras de como enfrentar dificuldades e superar obstáculos e retirar o melhor de cada situação vivida. Ensinar as crianças a serem resilientes pode ser um verdadeiro desafio, mas não é isso mesmo que é a vida? Somos constantemente desafiados pela vida e é isso que a torna tão interessante. Ao ensinar às crianças a capacidade de se adaptarem, superar e de se recuperarem de alguma adversidade, conflito e/ou obstáculos que possam vir a ter que enfrentar na vida adulta, estamos a ensinar-lhes a serem mais fortes, mais decididas, mais corajosas - ou seja, mais Resilientes. Pessoas resilientes são mais seguras, estruturadas. São pessoas que não se submetem às derrotas. São pessoas que utilizam os erros, as dificuldades, os obstáculos e os fracassos como oportunidades de aprendizagem, tornando-se, desta forma, pessoas mais tranquilas, tolerantes e compassivas. Numa sociedade imediatista e de rápidas transformações, ser resiliente é uma condição sine qua non de sobrevivência.

O S PEQU E N O S MA R QUES E S

sua autoestima. Os Educadores, para além do seu cuidado, atenção e carinho, podem colocar em prática uma série de estratégias, tais como:

“Perdas e frustrações fazem parte da pauta dos ricos e miseráveis, intelectuais e iletrados, o que nos diferencia é a forma como lidamos com elas”. Augusto Cury Texto: Olga Muro e Silva

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ENTREV ISTA

•JOSÉ BOTO•

/por Tiago Barreiro/ • O QUE MAIS O FASCINA NA SUA PROFISSÃO? • A construção de uma equipa e detectar talento são atividades fascinantes e, a comprovar isto, veja-se o sucesso do jogo FM. Para um apaixonado pelo jogo, como eu, poder ter uma perspectiva muito global das tendências do jogo, das diferentes abordagens e perspectivas, é o que mais me fascina. O facto de viajar muito e ter contacto com distintas realidades de uma forma vivida, e não só através da observação indireta, é aquilo que mais me fascina.

• TENDO QUE VIAJAR PELO MUNDO FORA E SABENDO QUE É PAI, COMO LIDA COM AS SAUDADES DOS SEUS FILHOS, DA FAMÍLIA? •

• QUANDO SURGIU A SUA PAIXÃO POR SER OLHEIRO E PORQUÊ? •

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Não foi algo que eu tivesse decidido e pensado: “agora vou ser olheiro”. Foi algo natural, isto é, foi o aproveitar de uma oportunidade. Enquanto treinador, já fazia esse trabalho e, quando apareceu a oportunidade de o fazer ao mais alto nível, não hesitei. No início, senti a falta do “treino”, mas hoje não trocaria o que faço, por nada.

É a parte mais difícil desta profissão, que para além da ausência prolongada ou intermitente, é que é uma atividade muito absorvente, sendo a família quem mais sofre com isto. Eles sempre foram habituados a esta situação e tentamos, sempre que possível, diminuir o efeito das ausências, passando tempo juntos e de qualidade. Neste aspecto, tenho que salientar o papel da minha mulher, que tem que fazer de Mãe e Pai ao mesmo tempo, algo que não é nada fácil. Por outro lado, como os meus filhos adoram futebol, o facto de viverem no meio dele, é algo que os deixa felizes.


ENTREV ISTA

• SABEMOS QUE OS SEUS FILHOS TAMBÉM ADORAM FUTEBOL, QUAL FOI A CAMISOLA DO JOGADOR MAIS DIFÍCIL QUE ELES LHE PEDIRAM PARA TRAZER? • Desde de muito pequenos habituaram-se a viver experiências e a ter coisas, que para miúdos da idade deles, são coisas quase inatingíveis. Mas eles têm perfeita consciência disso e, talvez, por essa razão, não são exigentes. Estarem num relvado durante um treino do Barcelona de Pep Guardiola, e conviverem com Messi, Iniesta e Xavi, é algo que guardam para sempre e que sabem que não é algo comum a todos os jovens das suas idades. Talvez por estarem conscientes deste privilégio, o nível de exigência deles não é muito alto. Têm uma impressionante coleção de camisolas de jogadores, mas nunca me pediram nenhuma, a não ser a do Pablo Aimar, que não foi difícil de conseguir.

• JÁ EXISTEM DIVERSOS CURSOS EM PORTUGAL DE SCOUTING. NA SUA PERSPETIVA, ESTAMOS A EVOLUIR RÁPIDO NESTE SECTOR? • Há uma evolução natural, mas estamos nos primórdios do Scouting. Em Portugal, existem muitos clubes profissionais sem Departamentos de Scouting, algo impensável em Espanha, Franca, Itália, Alemanha, Inglaterra e até mesmo Holanda e Bélgica, onde não existe um clube profissional que não tenha Scouting. O Manchester United, por exemplo, tem mais scouts profissionais do que todos os clubes das nossas 1ª e 2ª ligas juntos. Por outro lado, parece-me existir no scouting, em Portugal, uma atração excessiva pelas novas tecnologias e pela “sport science” que tendo, obviamente, o seu lugar e a

sua importância, não é o fundamental, queremos andar sem mãos na bicicleta, quando nem sabemos andar ainda!

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ENTREV ISTA


Primeiro, e sem falsa modéstia, sei que tenho prestígio internacional, que sou considerado no meio do Scouting, mas ser dos melhores do mundo é um exagero, até porque se no futebol o sucesso, como em qualquer atividade, depende de muitos fatores que não se controlam, a atividade de Scouting não só depende disso também, como de fatores que são controlados por outros. O conselho que considero mais importante é serem capazes de escutar os outros, pois isso ajuda a formar as nossas ideias, mas pensem sempre pela vossa cabeça.

• SE PUDESSE ESCOLHER PELOS SEUS FILHOS, O QUE ESCOLHERIA PARA ELES ENTRE ESTAS DUAS OPÇÕES, OLHEIRO, OU JOGADOR DE FUTEBOL? • Sem qualquer dúvida jogar futebol, mesmo que seja com os amigos ao fim da tarde. Para quem tem paixão pelo jogo, jogá-lo é a melhor coisa que existe. Não conheço uma pessoa com paixão pelo Futebol, por mais sucesso que tenha em outras áreas ligadas ao jogo, que aquilo que mais goste não seja jogar, independentemente do “jeito” que se tenha para isso.

• SE O PRESIDENTE LUIS FILIPE VIEIRA LHE PROPUSESSE UM CONTRATO VITALÍCIO COM SPORT LISBOA E BENFICA, ACEITAVA? • Nunca pensei nisso. Mas assim como acho que a precariedade no vinculo laboral afecta um rendimento de excelência, o conforto demasiado, tem o mesmo efeito.

• COMO ESTAMOS EM ÉPOCA FESTIVA, E O ANO NOVO ESTÁ MESMO A CHEGAR, QUE MENSAGEM NOS PODE DEIXAR PARA 2018? •

ENTREV ISTA

• QUE CONSELHO DARIA A UM JOVEM QUE TEM O SONHO DE UM DIA PODER VIR A SER UM DOS MELHORES NESTA ÁREA, COMO É O JOSÉ, CONSIDERADO DOS MELHORES DO MUNDO? •

Aqui vou alongar-me. No geral, desejo que todas as pessoas tenham as condições de vida a que têm direito e que os nossos governantes tenham com primeiro objetivo proporcionar a todos os cidadãos os seus direitos fundamentais. Para os Benfiquistas, que o Penta seja uma realidade. Para o futebol português, que se afaste deste caminho de autodestruição, e que o enfoque esteja em melhorar a nossa Liga e o nosso Futebol. Por último, para os que são responsáveis por detetar, selecionar e desenvolver o talento, que não o façam com base no rendimento e, por conseguinte, das qualidades motoras, mas sim pelas qualidades técnicas e emocionais. Pois sorte como a que tiveram com Bernardo Silva, não se tem todos os dias, apesar de tudo ter sido feito no sentido contrário ao sucesso dele. A sua perseverança venceu isso tudo. Existem pelo nosso país muitos Bernardos, que se perderam e vão perder!

Texto: Tiago Barreiro

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

•PASMA ALMEIDA PARA LÁ DA SUA LENTE! • Quando convidei o fotógrafo Paulo Alexandre Soares Machado de Almeida, de nome profissional Pasma Almeida, tinha a curiosidade de embora me cruzar com ele em diversos eventos e de o apreciar como ser humano simples e discreto, saber mais sobre si, e como criava o seu trabalho de tao grande qualidade que me fazia prender o olhar em publicações suas nas redes sociais e não só pela diferença como as imagens era captadas. Havia algo de “Magico” e diferente que não conseguia explicar. Embora seja um homem de poucas falas o seu trabalho fala muito, e chega até mesmo a falar quase de sentimentos que só quem sabe “ver” entende. Tenho um especial carinho pela classe dos fotógrafos porque e cresci sempre muito perto da fotografia e para mim até hoje e continua a ser um mundo com muito por revelar e descobrir.

Paulo Alexandre Soares Machado de Almeida, nasce a 22 de Março (“...do século passado”, como me respondeu!) em Almada Portugal. Com um porte discreto, olhar meigo e um modo simples de estar, não passa despercebido pela forma como trabalha captando a imagem certa no tempo real em que ela é vivida e sentida. Falando de vários eventos de moda como Moda Lisboa, Moda África entre outros e olhando para aquelas fotografias que costumo tirar como curiosa da fotografia ao aglomerado de fotógrafos que se posicionam no palanque que lhes e reservado, Pasma destaca-se pela sua simplicidade e atenção, quase passando despercebido mas sempre atento ao momento certo vivido no tempo em que tudo esta a acontecer.

A sua lente capta tudo, mas a sua grande paixão e a moda, e tendo seguido sempre o seu trabalho não resisti a convidar PASMA ALMEIDA para uma conversa simples e informal bem ao seu jeito da sua maneira de ser que aqui e ali toca muito na minha!

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Convidei-o a falarmos um pouco, e não recusou a passar parte de si numa entrevista simples e directa como a que passo transcrever:


A fotografia foi uma paixão que nasceu comigo mesmo, era algo de que gostava, embora não tivesse qualquer referência. Fui desenvolvendo a maneira de olhar, e procurando exposições e livros de fotografia. Quer para ter conhecimentos técnicos, quer para ver as coisas de outra forma.

• ÉS FOTÓGRAFO A TEMPO INTEIRO? • Não. É um Hobbie que tem vindo a crescer.

• QUAL DAS VERTENTES DA FOTOGRAFIA COM QUE TE IDENTIFICAS MAIS E PORQUÊ? • A fotografia de paisagem foi o início, tendo publicado em diferentes revistas, quer nacionais, quer internacionais. Depois, seguiu-se a reportagem, nomeadamente, o fotojornalismo. Mas o meu interesse era fotografar pessoas, daí ter seguido o caminho da moda. Muito pelo incentivo de amigos, também fotógrafos, que gostavam do meu trabalho.

• OS PROFISSIONAIS DE FOTOGRAFIA ESTÃO JUSTAMENTE RECONHECIDOS EM PORTUGAL? • Não, infelizmente. Uma editora, para construir uma equipa, tinha um fotógrafo para reportagem, outro para moda, outro para acompanhamento político, sendo que cada um deles se dedicava apenas à sua área. Hoje, há um fotógrafo para todas as vertentes. Com o avanço da tecnologia, por vezes, basta ter uma câmara e nem ser fotógrafo profissional. Isto lembra-me um anúncio que vi há pouco tempo: precisa-se Nadador Salvador para piscina, de preferência, que saiba nadar (já agora).

A FOTOGRAFIA DE MODA E UMA ÁREA QUE DOMINAS MUITO. FALA-ME DE UM PROJECTO DESSES QUE TENHAS GOSTADO PARTICULARMENTE? Não posso deixar de referir o projecto que estou a desenvolver com a designer Sónia Soares, da marca Yori, o qual estou a gostar imenso. Juntou uma equipa fantástica de modelos - Daniela Crîsmaru, Isabella Vasco, Marisa Bernardes - e uma ideia soberba, na criação de vestidos com os padrões das obras do pintor Xicofran.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

• COMO COMEÇOU O TEU PERCURSO NA FOTOGRAFIA? •

• ÉS O MENTOR DO PROJECTO “ABOUT”. FALA-ME DESTE PROJECTO. • Fui mentor desse projecto, juntamente com outros dois fotógrafos, José Correia e João Portela. Criámos um magazine, com o objectivo de dar a conhecer novos valores nacionais. Para tal, entrámos em contacto com alunos, em final de curso, de diferentes áreas, para que pudessem mostrar o seu trabalho.

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

• ÉS UM PROFISSIONAL DE REFERÊNCIA PARA MUITOS OUTROS FOTÓGRAFOS. QUE MENSAGEM DEIXAS A QUEM ESTÁ AINDA A COMEÇAR NA ARTE DE FOTOGRAFAR? • Fotografem. Fotografar e gostar do que se faz, independentemente das críticas que se recebe. É ver muita fotografia, procurando saber como e o porquê de ter sido feita.

• UM NOME DE UM FOTÓGRAFO DE REFERÊNCIA PARA TI? • André Brito

• UM OBJECTIVO A CURTO PRAZO? • Por incrível que pareça, criar uma nova magazine.

• UM NOME QUE GOSTASSES DE FOTOGRAFAR? • É difícil escolher só um nome. Existem alguns: Sara Sampaio, Adriana Lima, Doutzen Kroes, Natália Vodianova.

• UM LEMA DE VIDA • Viver e deixar viver.

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

EXISTEM PESSOAS ESPECIAIS PELA SUA ESSÊNCIA E PELA FORMA COMO CONDUZEM A VIDA SEM ATROPELAR OS OUTROS. Orgulho-me de que Pasma Almeida faça parte do meu pequeno grupo de amigos que vive este lema e que sobretudo se foca no que e seu sem ambições desmedidas que pisem ou destroem o próximo. Obrigada Pasma por pertenceres ao meu caminho neste percurso chamado “Vida”, que todos nos fazemos lado a lado, apenas com a diferença de que nem todos o fazem com o respeito e transparência como tu. Bem Hajas! Fotografia por: Hermínio Gonçalves

Texto: Eduarda Andrino

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F ITNES S HU T

•PLANO DE TREINO• PAR A C O N S E G U I R U M A “C I N T U R I N H A D E V E S PA ”

/ SEMANA 1 /

1 AQUECIMENTO NA PASSADEIRA EM CORRIDA 15 min

2 WALKING LUNGES /3 séries/ *16 repetições* 30 seg

3 AIR SQUAT /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

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LUNGES COM

ROTAÇÃO

/3 séries/ *15 repetições* 30 seg

F ITNES S HU T

4

5 ELÁSTICOS COM ROTAÇÃO /3 séries/ 20 repetições) 30 seg

6 DEGRAU SUBIR E DESCER /3 séries/ 18 repetições 30 seg

7 PRANCHA COM BOSU /3 séries/ 30 seg

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F ITNES S HU T

/ SEMANA 2 / 1 AQUECIMENTO NA ELÍPTICA 15 min

2 LUNGES COM KETTLEBELL /3 séries/ *16 repetições* 30 seg

3 SUMO SQUAT COM KETTLEBELL /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

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ELÁSTICOS COM ROTAÇÃO + INCLINAÇÃO COM BRAÇOS ESTICADOS /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

F ITNES S HU T

4

5 ELÁSTICOS COM ROTAÇÃO + INCLINAÇÃO COM BRAÇOS CURVOS /3 séries/ *20 repetições* 30 seg

6 ROTAÇÃO DE TRONCO COM BOLA /3 séries/ *20 repetições* 30 seg

7 ABDOMINAIS COM ROTAÇÃO DE TRONCO COM BOLA /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

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F ITNES S HU T

/ SEMANA 3 / 1 AQUECIMENTO NA PASSADEIRA EM CORRIDA 15 min

2 PASSADA LATERAL COM SQUAT /3 séries/ *16 repetições* 30 seg

3 SQUAT ISOMÉTRICO A 90º /3 séries/ 30 seg

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LUNGES COM ROTAÇÃO DE TRONCO /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

5

F ITNES S HU T

4

ELÁSTICOS COM ADUÇÃO DE PERNAS /3 séries/ *20 repetições* 30 seg

6 POWER LUNGES /3 séries/ *18 repetições* 30 seg

7 PRANCHA LATERAL COM ROTAÇÃO /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

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F ITNES S HU T

/ SEMANA 4 / 1 AQUECIMENTO NA ELÍPTICA 15 min

2 WALKING LUNGES COM KETTLEBELL /3 séries/ *16 repetições* 30 seg

3 LUNGE COM STEP /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

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PLANOS DE TREINO concebidos por: Alexandre Júnior (Club Manager no Fitness Hut) Fotos: Liete Couto Quintal


EXTENSÃO DA COXA /3 séries/ *15 repetições* 30 seg

F ITNES S HU T

4

5 ABDOMINAIS COM INCLINAÇÃO LATERAL /3 séries/ *20 repetições* 30 seg

6 ABDOMINAIS CRUZADOS /3 séries/ *18 repetições* 30 seg

7 PRANCHA COM FLEXÕES /3 séries/ 30 seg

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T IAGO MA RTIN S ESTEV INHA

•BODYBUILDING* O que é isto do Bodybuilding ou Fisiculturismo? Bodybuilding ou Fisiculturismo é um desporto que tem como principal objetivo reunir em palco atletas Masculinos/Femininos para competir entre si, onde irão ser avaliados por um grupo de juízes da competição, que vão avaliar os competidores com base em critérios como simetria, volume, proporção e, claro a definição muscular.

A PREPARAÇÃO EXIGE A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS DIÁRIOS E UMA ALIMENTAÇÃO ESPECÍFICA PARA TAL FIM QUE DEVE SER SEGUIDA RIGOROSAMENTE, E TER O ACOMPANHAMENTO PROFISSIONAL DE UM TREINADOR. A nutrição é específica, incluindo proteínas e suplementos alimentares para dar carga na síntese proteica, bem como através de uma combinação de desidratação, com perda de gordura e até de água. O repouso também é uma parte de grande importância, pois é nessa fase que o fisiculturista vai recompor os músculos, evitando fadiga e problemas musculares mais sérios.

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Para o aumento de massa muscular, chamada hipertrofia, os fisiculturistas devem treinar adequadamente, adquirindo resistência de pesos e outras atividades físicas.

ALCANÇAR AS LINHAS DO CORPO DE UM FISICULTURISTA NÃO É UMA TAREFA FÁCIL. É necessário suar a ”camisola“ no ginásio, ter disciplina para resistir a certos alimentos e manter o foco nos treinos. Só assim é possível ”crescer“ de forma saudável e responsável. O fisiculturismo está a ficar cada vez mais popular em Portugal, tanto em atletas Masculinos como Femininos, e quem pretende entrar neste desporto, para começar precisa saber pelo menos o mínimo sobre categorias de competição, provas ao longo do ano e informação sobre as Federações. É indispensável o envolvimento, e a consciência de que vai precisar manter uma dieta por longos períodos, ajustar horários à rotina alimentar e perceber que cada categoria tem uma condição corporal. E, uma vez atingida a forma ideal, o trabalho não termina, pois os padrões sempre mudam, sempre há coisas a melhorar. Nem mesmo os profissionais ”estacionam“ em determinado ponto.


O FISICULTURISMO É UM ESTILO DE VIDA QUE PODE SER ADOTADO NÃO SOMENTE POR PESSOAS QUE PRETENDAM ENTRAR NESTE DESPORTO, MAS TAMBÉM POR PESSOAS QUE A ROTINA POSSA SER SIMILAR AOS FISICULTURISTAS.

Concluindo, ser atleta de Fisiculturismo exige o máximo de concentração durante a realização dos exercícios, disciplina em manter um horário rígido de alimentação, a suplementação correta nos períodos de pré-treino, pós-treino e descanso necessário.

É logico que ainda infelizmente existe o preconceito deste desporto em relação ao físico dos atletas, pela questão de que apenas pensam que não existe como ficar com um corpo como o desses atletas sem a utilização de esteróides anabólicos. Muitas vezes estes atletas que praticam musculação há mais de 10 anos, são julgados ou alvos de preconceito, por fazerem uma dieta rigorosa em períodos de Off-Season ,On-Season e Pre-Contest, onde muitas vezes fazem supercompensação de Carboidratos, evitam ingestão de água e de comidas com alto teor de Gordura pois o objetivo é obter o máximo de músculo com menor índice de gordura.

Texto: Tiago Martins Estevinha - Preparador de Culturismo

T IAGO MA RTIN S ESTEV INHA

*FISICULTURISMO•

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FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

•CLÍNICA FMR CIRURGIA ESTÉTICA•

* ABE RT URA NOVO ESPAÇO* Abertura do novo espaço da clínica FMR Cirurgia Estética torna-se assim na concretização de um desejo de expansão e de crescimento que há muito se desejava. O novo espaço possui 3 Gabinetes e 2 Salas de Procedimentos para suprimir as necessidades dos nossos pacientes. Dando assim, mais conforto e espaço para oferecer um serviço cada vez mais completo e requintado por parte de toda a equipa da clínica.

A NOVA CLÍNICA SITUA-SE NUMA DAS ÁREAS MAIS NOBRES DA CIDADE DO PORTO, SENDO A MESMA A AVENIDA DA BOAVISTA. POR SUA VEZ, ESTÁ LOCALIZADA NO EDIFÍCIO AVIZ II, UM DOS MAIS EMBLEMÁTICOS. Com a mudança para um espaço mais amplo acrescentaram-se novos procedimentos à lista já existente assim como mais dois profissionais da área para auxilar o Dr. Filipe Magalhães Ramos na procura cada vez maior. Convidamos assim a visitar o nosso site para que fique a par de todas as novidades. FICAMOS À ESPERA DA SUA VISITA!

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CONTACTOS: /Avenida da Boavista 3523, 3º andar, sala 301, 4100-139/ /22 316 8066/ /915 127 622/ geral@fmrcirurgiaestética.com


FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S Texto: Dr. Filipe Magalhães Ramos

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BE LE ZA COM SA UD E

•O SUCESSO•

do método “Barriga Fit ®” O método BARRIGA FIT® é uma técnica inovadora, criado com o objetivo de ir ao encontro da necessidade de cada tipo de corpo. Este método tornou-se um sucesso, pois desde 2016 que tenho vindo a desenvolvê-lo em clientes que viram resultados nas suas barrigas e flancos. Consequentemente, e após ter ganho o prémio “Serviço Estrela” como tratamento do ano 2017, decidi, com a colaboração de mais dois profissionais da área da saúde e nutrição, escrever o livro BARRIGA FIT® para ajudar todas aquelas mulheres que não têm a possibilidade de ter um acompanhamento “in loco”. No livro explico quais os benefícios de aliar as massagens, a uma boa alimentação, e a um bom plano de treino, adequado às necessidades de cada uma das mulheres, pois acredito que com este guia conseguirei, de alguma forma, chegar um pouco mais a todas aquelas mulheres que precisam de um guia com objetivos definidos e práticos. Acredito que com o plano criado, se conseguirá um caminho para uma vida mais saudável e equilibrada onde nada foi esquecido e, já sabe, que se pretender aprofundar o seu plano, procure sempre um especialista.

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Desta forma, para quem pretende ficar firme, bonita e saudável, o plano apresentado no livro é o adequado, uma vez que o BARRIGA FIT® baseia-se no chavão “faça você mesma”, onde em 31 dias poderá mudar o seu corpo de forma simples e eficaz.


BE LE ZA COM SA UD E

Contactos: Izabel de Paula Email: barrigafit.izabeldepaula@gmail.com facebook.com/IzabeldiPaula/ instagram.com/izabeldpaula_oficial mobile.twitter.com/IzabelDPaula izabeldepaula.com

45 Texto: Izabel de Paula - Body Shaper Expert


CO N E XAO FA S HION

• PORTUGAL FASHION • /por Hugo Osório/ Para quem é a primeira vez que acompanha a rubrica “Conexão Fashion”, o meu nome é Hugo Osório e sou fotógrafo profissional na área de moda, nesta edição poderás ficar a conhecer através das minhas experiências e vivências, um dos eventos de moda mais prestigiado em Portugal e também um evento bastante conceituado a nível internacional. A última edição do “Portugal Fashion” decorreu no mês de Outubro, tendo começado no dia 14 em Lisboa e posteriormente nos dias 19, 20 e 21 no Porto. É importante saber, antes de mais, o que é o projeto “Portugal Fashion”, que foi criado em 1995 e em 20 anos se tornou um dos maiores eventos de moda, que também se expandiu para as diversas capitais da moda mundial (ex: Paris, Milão, Nova Iorque, Barcelona, São Paulo...).

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Um dos grandes pilares é o investimento em jovens criadores tendo sido criado o espaço “BLOOM” que serve para dar visibilidade e alavancar a carreira de jovens saídos de escolas de moda. No entanto também conta com designers de renome nacional e internacional (ex: Fátima Lopes, José António Tenente, Miguel Vieira, StoryTailors, Nuno Gama, Carlos Gil, Micaela Oliveira...). Os designers têm o palco ideal para apresentarem as suas novas coleções, contando também com os melhores manequins (ex: Sara Sampaio, Luís Borges, Francisco Henriques...)

Fashion Designer: Ana Sousa Modelo: Sofia Ribeiro


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CO N E XAO FA S HION


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Fashion Designer: Miguel Vieira Modelo: Francisco Henriques

Fashion Designer: Micaela Oliveira Modelo: Noua Wong


O primeiro dia em Lisboa contou com nomes como, Carlos Gil que apresentou uma coleção com o tema “Tropical Urban” inspirado no estilo tropical e contemporâneo com vários tons neutros que são complementados com as cores predominantes de amarelo, magenta, esmeralda e violeta. Também foi possível ver a coleção de Luís Onofre que tem como nome “Ziggurats”, apresentando calçado onde o dominante é o preto, ornamentado com pérolas, franjas e cristais Swarovski, o estilo de calçado apresentado foi na base de sneakers, mocassins e sapatos estilo Oxford. Já no Porto o evento realizou-se no seu local habitual, na Alfândega do Porto com várias caras conhecidas dos portugueses, seja a desfilar ou a assistir ao desfile (ex: Sónia Araújo, Fernanda Serrano, Sofia Ribeiro, Cláudia Jacques, Noua Wong, Andreia Rodrigues, João Montez...) O primeiro dia foi mais direcionado para jovens estilistas, que mostraram que o futuro em termos de criadores de moda em Portugal será promissor. No segundo dia apesar de todas as coleções apresentadas serem de excelência, queria deixar os seguintes destaques, as malhas coloridas de Susana Bettencourt, a coleção de Hugo Costa intitulada como “Don´t Fish my Fish”, inspirada pelo povo nómada Moken, destaque também para as coleções de estilistas consagrados como Júlio Torcato, Diogo Miranda, Anabela Baldaque e Miguel Vieira.

O terceiro e último dia teve novidades em termos de local, onde foram apresentadas as coleções, havendo três locais diferentes. O dia começou de forma extraordinária com a coleção “Parachute Trip” de Katty Xiomara no ex-Matadouro Municipal do Porto, onde foi criado propositadamente um ambiente fabuloso, tendo sido contratados 14 artistas urbanos que pintaram um mural de 60 metros que serviu como fundo da passerela, pintura essa que visou recriar o ambiente de Wynwood Arts District, um bairo de Miami conhecido por ser bastante colorido e que serviu de inspiração para a estilista. O segundo desfile do dia contou com a coleção de Luís Buchinho, que foi apresentada no Caís de Gaia, a suas propostas para o inicio do próximo ano foi na base de silhuetas soltas e longas, com fortes influências desportivas e estampados expressivos.

CO N E XAO FA S HION

A última edição foi referente às coleções Primavera/Verão 2018, onde se pode assistir a uma imensa diversidade de propostas excelentes para começar o próximo ano em grande.

Os restantes estilistas voltaram ao palco habitual na Alfândega do Porto, que recolheu um número impressionante de criações e propostas extraordinárias para o próxima estação Primavera/Verão, com nomes sonantes por trás dessas criações, como Nuno Baltazar, Ambitious, Dkode, Fly London, J. Reinaldo, Nobrand e Rufel, Lion of Porches, Micaela Oliveira, Dielmar e Ana Sousa. Deixo um especial destaque às coleções que pessoalmente gostei mais a de Micaela Oliveira e Miguel Vieira. E assim terminou este grande evento que se realiza duas vezes por ano e nos dá a conhecer as tendências para cada estação do Ano. Texto e Fotografia: Hugo Osório

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A R MÁ RIO S EM CHAVE

•O FRIO CHEGOU!• O frio chegou e com ele o agasalho tendência deste inverno. Pêlo e mais pêlos, não nos cansamos de os ver nas monstras das lojas, nas ruas, as rainhas dostreet style, bloggers e modelos elevaram o casaco de pelo astatement e tudo indica que é uma tendência que se vai manter nos próximos invernos. São o agasalho ideal para o frio que se avizinha, não só pelo seu conforto, pela elegância e mas pela variedade com os looks que podem ser conjugados. A variedade é imensa, desde os mais discretos e cores mais neutras, aos estampados fortes cores bem vivas. Os casacos de pêlos usam se sejam curtos como compridos. Os coletes, capas e estolas também não ficam de fora.

• Se tiver a anca larga escolha um casaco curto ou se for muito magra, o comprimento que a favorece é o ¾. • Se combinar um casaco de pelo com uma t-shirt e uns jeans é a chave rápida para um look luxuoso e ao mesmo tempo prático. • Não esquecer que o casaco de pêlo se adapta a qualquer look, seja ele mais descontraído ou mais elegante, vestido ou calças, salto alto ou sapatilhas.

USE E ABUSE E APOSTE NUM CASACO BOM POIS TUDO INDICA QUE IRA SER TENDÊNCIA NOS PRÓXIMOS TEMPOS.

COMO OS DEVE USAR? Deixo algumas dicas que espero que lhe sejam úteis: • Deve ter em atenção que por norma os casacos de pêlos “engordam” se for o casaco opte por uma cor no resto do look neutra, preto por exemplo, ou pode ainda optar por um colete. • Caso chova os pêlos não são indicados por isso deixo os no seu armário.

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• Se optar por um casaco com padrões ou cores fortes, não se esqueça que deve usar algo simples e discreto no resto do look, o casaco já dará bastante nas vistas. Texto: Aurea Venceslau


A R MÁ RIO S EM CHAVE Pode nos visitar online: https://www.facebook.com/armariosemchaveforman/ Conheça a nossa loja e marca e veja toda a nossa colecção de casacos, coletes, capas e estolas de pêlo que temos nesta colecção. Caso nos queira visitar, a loja física situa-se em Chaves.

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CINEMA

•LIGA DA JUSTIÇA• Já não é só a Marvel que tem um filme onde reúne uma data de super-heróis para salvar o mundo da destruição. A DC Comics acaba de lançar o primeiro filme da “Liga da Justiça” que reúne entre outros Ben Affleck e Gal Gadot que voltam a vestir a pele de “Batman” e da “Mulher Maravilha”. Neste novo filme da era dos super-heróis dos estúdios de Hollywood, Bruce Wayne (“Batman”) e Diana Prince (“Mulher Maravilha”) partem pelo mundo para recrutar uma equipa de meta-humanos com o objetivo de salvar o mundo de uma nova ameaça. Move-os ambos o exemplo de heroísmo altruísta do SuperHomem no filme “Batman vs Superman”. Pelo caminho “Batman” e a “Mulher Maravilha” vão encontrar em “Flash”, “Aquaman” e “Cyborg” os aliados ideais para fazer face à ameaça levada a cabo por “Steppenwolf”. Claro que com a necessidade de se apresentar três novas personagens, cada uma com uma personalidade distinta acabou por se perder um pouco de tempo para desenvolver mais a trama em torno do vilão. De facto, “Steppenwolf” parece cair um pouco do céu, sem muito desenvolvimento do que está por detrás do seu plano para destruir o mundo.

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Das novas personagens há a salientar o lado desajeitado e cómico de “Flash”, interpretado por Ezra Miller. “Aquaman” parece sempre uma personagem um

pouco desenquadrada mas tudo aparece bem explicado, já que o meta-humano se vê um pouco forçado a entrar para a Liga da Justiça. Ray Fisher que interpreta o “Cyborg” é a personagem que melhor entende o perigo que a humanidade corre. O “Batman” de Ben Affleck ganha em a Liga da Justiça uma nova dimensão mais cómica que não parece por vezes um pouco forçado naquela personagem soturna. A “Mulher Maravilha” continua a ser um símbolo da esperança e continua a ser a grande figura desta nova vaga de filmes da DC. A personagem de Gal Gadot vai ser responsável por manter a unidade do grupo.

LIGA DA JUSTIÇA ABRE A PORTA A MAIS UMA SÉRIE DE FILMES COM NOVOS SUPER-HERÓIS E DÁ INDICAÇÕES DE CAMINHOS QUE OS HERÓIS DESTE FILME POSSAM TOMAR NO FUTURO. A DC PARECE FINALMENTE TER ACERTADO NA FÓRMULA, FALTA SABER SE O SUCESSO É PARA CONTINUAR.


CINEMA Texto: Tiago Vaz Osรณrio

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COLUNA S OCIA L

•CASTLE GOTHIC FASHION• A Desifoto Lisboa realizou dia 17 de Setembro 2017, o evento “Castle Gothic Fashion” no Castelo de Óbidos, situado na histórica vila de Óbidos. O evento contou com a presença de lojas e estilistas de roupa gótica, sendo o objectivo dar a conhecer e promover fotograficamente estilistas, maquilhadores e lojas de estilo gótico. Especial destaque Anabela Vieira (maquilhadora e criadora), pela forma como consegue fundir a arte de caracterizar e criar modelos temáticos exclusivos e únicos pelas suas próprias mãos. Foram muitos os fotógrafos que registaram imagens fantásticas das personagens que foram criadas para o evento. Saliento o trabalho de Pedro Dias, Pedro Estevens, Victor Saraiva, Sidónio Ginja, António Lobo, Fernando Pineza, Carlos Careto, José Matos entre outros, com imagens incríveis dos modelos.

Foto 1: Pedro Dias Foto 2: Pedro Estevens Foto 3: Vítor Saraiva

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Foi a 28 de Outubro no restaurante Zeno Lounge no Casino do Estoril que se realizou a “1ª Gala Tv Belle 2017” em Portugal, com organização de Heli Cayenne do mentor Paulo Mascarenhas. A Revista Inurban presidiu a mesa do júri representada por Eduarda Andrino juntamente com outros jurados como Tareca Dias de Almeida, Cândida Marreiros e António Santos.

COLUNA S OCIA L

•1ª GALA TV BELLE em Portugal•

A apresentação desta noite de glamour esteve a cargo de Cármen Mateus que dirigiu todo o evento de uma forma muito profissional. Foram vários os parceiros e marcas que ajudaram a concretização deste projecto, como Ana de Sá, Espaço Paulo Caetano, Revista Inurban entre outros. A noite esteve sempre animada pelo grupo musical Happy Hour.

Fotógrafos José António Marques Lúcio Cruz Pedro Estevens Gil Simões Luís Mascarenhas Nuno Pestana Mário Carvalho

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COLUNA S OCIA L

•JOÃO PEDRO PAIS 20 anos de carreira• Foi num ambiente muito familiar e intimista que o C.C. Olga Cadaval em Sintra, recebeu uma plateia cheia de fãs para o concerto dos 20 anos de carreira de João Pedro Pais. O concerto deu início com um único foco de luz projectado sobre João Pedro Pais que estava sentado ao piano a tocar, envolvido sobre si mesmo num misto de tranquilidade e agradecimento por este dia tão esperado. Com a sala a abarrotar de gente que segue a sua careira desde sempre como eu, foi indescritível o calor humano e interligação entre o público e o cantor. Nunca esquecendo a cumplicidade de J. P. Pais com os seus músicos, foi possível contarem-se histórias da banda na estrada e momentos que o mundo desconhece mas que são genuínos. PARABÉNS João, que venham mais 20 anos de músicas mágicas e únicas como só tu sabes cantar.

Capa CD: Augusto Brásio Foto do Palco: Vicente Paulo

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Ao longo do ano temos contribuído para a celebração dos 90 anos de vida e 75 anos de carreira, do grande ator Ruy de Carvalho.

Ruy de Carvalho esteve presente e recebeu os convidados com o seu sorriso tao particular.

O restaurante Páteo de Cascais, acolhe durante Novembro a exposição de fotos destes 90 anos. No sábado dia 18, através dos Retratos contados - Nelson Mateus leva associa POKO PANO Saldanha & Marcas entre outras a juntarem-se a este momento numa união da cultura portuguesa e brasileira através de vários produtos.

COLUNA S OCIA L

•RUY DE CARVALHO HOMENAGEM/CASCAIS •

Uma percentagem das vendas, será para o Ruy de Carvalho e a Paula Carvalho continuarem a ajudar as vítimas dos incêndios.

Texto: Eduarda Andrino

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COLUNA S OCIA L

•SPELL CHOIR na Volvo Ocean Race• Os portugueses Spell Choir, voaram até Alicante para actuar na largada da primeira etapa da Volvo Ocean Race. O concerto, assistido por milhares de pessoas teve lugar no palco principal da Village. A convite da Mirpuri Foundation, dona do “Turn the Tide on Plastic”, uma fundação com uma equipa têm a particularidade de usar a visibilidade desta competição para apelar as diversas questões ambientais, como o plástico que se encontra nos oceanos. A bordo do avião os Spell Choir actuaram em exclusivo para alguns convidados da Hi Fly, patrocinadora oficial do evento. A banda vencedora do concurso da RTP1 “Acapella”, actuou novamente na Village da Volvo Ocean Race, em Lisboa. O álbum de estreia dos Spell Choir, artista UpMusic Talents editado pela Sony Music, já se encontra à venda e pode também ser ouvido em todas as plataformas digitais.

Créditos: João Fernandes

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL• Todos vimos, com admiração, o robô “Sophia” na última Web Summit em Portugal. Vimos o lado engraçado e fantástico de um robô, ainda algo desajeitado, a estabelecer algo parecido com uma conversa com um humano.

P LUS ULTRA

• PROBLEMA DA

TODOS PERCEBEMOS QUE SE TRATAVA DE UM ROBÔ, MAS CHEGARÁ UM TEMPO EM QUE NÃO SEREMOS CAPAZES DE DISTINGUIR UMA MÁQUINA DE UM SER HUMANO. A Lei de Moore evidencia que a cada 18 meses o poder computacional de um chip duplica. A mantermos este ritmo, lá para o ano 2045 atingiremos a singularidade. A singularidade será o momento em que uma máquina, um computador, consegue alcançar a mesma inteligência de um humano.

NESSA ALTURA, SUCEDERÁ UMA COISA QUE NUNCA VIU NESTE PLANETA: A EXISTÊNCIA DE ALGO MAIS INTELIGENTE DO QUE UM SER HUMANO. A partir desse momento, dar-se-á a chamada explosão de inteligência. As máquinas, mais inteligentes do que os humanos passarão elas próprias a conceber e desenhar outras máquinas ainda mais inteligentes.

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P LUS ULTRA

É curioso verificar que a diferença de inteligência entre um ser humano normal e Einstein é, digamos, de apenas 3 ou 4%. Imaginemos o que se poderá passar quando uma máquina tiver o dobro da inteligência de um humano, ou o tripo, ou for 1 milhão de vezes mais inteligente ou mais... O ser humano ficará muito para trás. E o mais interessante é vermos que a partir do momento em que uma máquina se tornar mais inteligente de que um humano até ter, por exemplo, o dobro da sua inteligência podemos estar a falar de horas ou de alguns dias e não de meses ou anos.

AS REPERCUSSÕES SÃO IMENSAS, BEM COMO OS PERIGOS. Se por um lado as máquinas poder-nosão ajudar em quase todos os capítulos das nossas vidas, elas, com as suas super inteligências poderão ser uma série ameaça à sobrevivência humano.

A REALIDADE É QUE ESTAMOS A INTRODUZIR NO NOSSO MEIO AMBIENTE, NO NOSSO PLANETA, ALGO QUE É SUPERIOR A NÓS E QUE PODERÁ VOLTAR-SE CONTRA OS SEUS CRIADORES. A QUESTÃO QUE SE PÕE É A SEGUINTE: Será que vamos a tempo de travar o aparecimento destas máquinas tão inteligentes? A resposta é não.

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Este é um processo absolutamente irreversível e imparável. Poderá não ser em 2045, mas acontecerá com alguma proximidade.

Mais de 90% dos especialistas em Inteligência Artificial asseguram que a singularidade acontecerá antes de 2075. E o processo é imparável porque a única medida que poderia ser tomada que seria a proibição do desenvolvimento da Inteligência Artificial seria inútil e ineficaz. Com a facilidade com que a informação circula no mundo conectado de hoje, fazer desenvolver a Inteligência Artificial torna-se fácil e poderá ser feita numa qualquer garagem deste mundo. Por outro lado, as vantagens militares e económicas serão de tal maneira grandes que é completamente impossível que os governos não se interessem por ela e que a desenvolvam em segredo.


Não há ninguém que não veja a importância que as máquinas têm no mercado do trabalho e a forma como já estão a substituir os humanos, mas muitos não veem isso como uma ameaça à sobrevivência humana. De facto, na realidade, os sinais de que os humanos já estão a ser substituídos estão por todo o lado. Por exemplo, na agricultura tudo é mecanizado e até já há máquinas que

controlam sozinhas o estado de cada plantação e que são capazes de decidir quando é necessário colocar algum pesticida. Também há máquinas que analisam o solo e colocam as sementes automaticamente nos sítios mais férteis e outras que fazem a rega e outras a colheita. A condução autónoma de um carro já não surpreende ninguém, sendo que marcas como a Tesla já vêm com esse sistema de fábrica e que pode ser utilizado por qualquer cidadão comum. A uber tem um projecto para que em poucos anos os seus carros deixem de ter condutores. Isso também será comum nos camiões de carga ou carrinhas de entrega que funcionarão 24 horas por dia sem cansaços e sem erros humanos.

P LUS ULTRA

A AMEAÇA É GRANDE, MAS NEM TODA A GENTE A PERCEBE DA MESMA FORMA E HÁ MUITOS QUE, PURA E SIMPLESMENTE A IGNORAM OU DESVALORIZAM.

A aviação é outro sector que confia fortemente em computadores, sendo que os aviões mais modernos, quer os comerciais quer os militares, já não se conseguiriam pilotar sem a inteligência artificial. Na construção civil, já há robôs capazes de colocar 1.000 tijolos por hora, máquinas que podem pavimentar uma estrada sozinhas ou impressoras 3D que podem construir uma casa completa em 24 horas. As transações de bolsa já são completamente automáticas, feitas por máquinas e com algoritmos tão complexos que seria completamente impossível serem feitas por seres humanos. Os diagnósticos médicos caminham rapidamente para ser totalmente automáticos e vemos, por exemplo, a importância do computador Watson em África na área do diagnóstico.

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P LUS ULTRA De facto já existem algoritmos que, perante as queixas apresentadas por um paciente, são capazes de percorrer bases de dados com milhões de pessoas e identificar quem tinha os mesmos sintomas e daí deduzir qual é a doença e qual o tratamento mais eficaz.

HÁ UMA VERDADEIRA ASCENSÃO, QUASE SILENCIOSA, DAS MÁQUINAS. AS PESSOAS PODEM ATÉ NÃO SE DAREM CONTA, MAS HOJE JÁ EXISTE UMA POPULAÇÃO ACTIVA DE 10 MILHÕES DE ROBOTS NO MUNDO.

As cirurgias já começaram a ser efectuadas por robôs em algumas áreas e, rapidamente, isso se estenderá a todas. Os robôs serão mais precisos, mais eficazes, nunca se cansarão e nunca sentirão stress ou emoções durante um procedimento cirúrgico.

Para além de tudo isto, as máquinas começam a ser intensivamente usadas em acções militares, onde operações com drones, neste momento, são muito comuns e do domínio público.

Na área do direito, algoritmos procuram em bases de dados casos idênticos, propõem caminhos jurídicos e preveem o resultado final das acções.

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Existem empresas que se dedicam apenas a automatizar a aprendizagem da máquina através da tentativa e erro, como os humanos. A ideia é que possam automatizar quase tudo, desde o desenho de aviões à escolha das melhores acções para investir na bolsa.

Chegados a este ponto, já vimos que não conseguiremos travar o desenvolvimento das máquinas, então a questão seguinte é: Será que as conseguimos controlar? Este é provavelmente, o maior desafio que a humanidade alguma vez teve de enfrentar e que é ainda mais difícil do que foi controlar o uso das armas nucleares durante a guerra fria. Uma forma sugerida para controlar as máquinas é o seu confinamento, isto é, não deixar que uma máquina contacte


Não nos esqueçamos que estaremos perante uma inteligência superior que, provavelmente, será capaz de encontrar um estratagema para escapar ao isolamento. Um dos métodos possíveis é a manipulação psicológica de quem tem a responsabilidade de a manter isolada. Há, por outro lado, quem proponha que após cada trabalho a memória dessa máquina deveria ser apagada. Mais uma vez é algo pouco prático e que dificilmente será implementado por toda a gente ao mesmo tempo. Depois há quem preconize o desenvolvimento de uma ética para as máquinas e até uma religião para robôs. Parece uma brincadeira, mas é até uma coisa bem séria. Tem havido vários investigadores a dedicarem-se à questão da ética para as máquinas. São evidentemente estudos de natureza muito filosófica. Aqui levanta-se, obviamente, um problema de difícil resolução: é que no mundo dos humanos as normas éticas não são universais, variam de cultura para cultura, de país para país. Não há um código ético que se possa designar como correcto e que satisfaça a humanidade como um todo. Quanto à questão da religião que poderá parecer chocante será preciso fazer uma nota. Se as máquinas vão ser mais inteligentes do que nós humanos, então é de pressupor que elas desenvolverão alguma forma de consciência, uma vez que nós acreditamos que é a nossa inteligência que nos permite ter a consciência humana.

Assim, se pressupusermos que as máquinas provavelmente ganharão consciência, então sabemos que a grande maioria dos seres conscientes acredita em alguma forma de religião e esta serve, sobretudo, para incutir um conjunto de valores para, no fundo, distinguir o bem e o mal, e para condicionar comportamentos. Se as máquinas forem conscientes é provável que entrem na nossa sociedade, que desempenhem um papel, e a religião faz parte das nossas vidas. A ideia é que as máquinas sejam religiosas porque querem e não porque são programadas para isso.

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com o mundo exterior. Ora esta ideia é pouco prática porque pode retirar toda a utilidade da máquina. E, mais tarde ou mais cedo, é provável que haja uma fuga, isto é, que a máquina consiga ligar-se ao mundo através da internet, por exemplo.

HÁ, EM ALTERNATIVA, QUEM PENSE QUE AS MÁQUINAS PODERIAM SER PROGRAMADAS PARA SER SANTAS E DESINTERESSADAS E ATÉ QUE VISSEM OS HUMANOS COMO DEUSES. Outra alternativa seria considerar a programação das máquinas de forma a obedecerem sempre às leis que que regem os humanos. No entanto, aqui levanta-se um problema, é que as leis também variam de país para país e às vezes até de estado para estado dentro do mesmo país, como é o caso dos Estados Unidos. E a lei é sempre algo imperfeito, está sempre cheia de lacunas e contradições que são utilizadas habilmente pelos melhores advogados. Logo, não é difícil imaginar como poderiam ser explorados esses problemas legais por inteligências milhões de vezes superiores à nossa, capazes de simular milhões ou biliões de cenários possíveis. As leis, mesmo que pudessem ser unificadas, teriam que atingir uma perfeição totalmente inalcançável.

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P LUS ULTRA

NESTE MOMENTO, O CAMINHO A SEGUIR PARECE SER O MAIS LÓGICO: O DA ENGENHARIA. CONTROLAR AS MÁQUINAS, DEVE SER, NO FUNDO, UM PROBLEMA DE ENGENHARIA, MAS MESMO ASSIM O CAMINHO NÃO É FÁCIL NEM CLARO. Há quem proponha relativamente a este tema da segurança relativamente à inteligência artificial que se desenvolva um mecanismo que sobreviva à capacidade das máquinas de melhorarem-se a si próprias. Se as máquinas forem, como é previsível, capazes de evoluírem sozinhas, poderá ser vital que lhes seja introduzido um mecanismo que um humano possa controlar a qualquer momento e que lhe garanta que a máquina é segura e que este mecanismo sobreviva às milhares de gerações de auto-melhorias desenhadas pelas próprias máquinas. Idealmente, cada nova geração de máquinas deveria ser testada para se saber se o mecanismo de salvaguarda ainda funciona. Seria catastrófico deixar uma máquina segura deixar desenhar um upgrade de si própria que faça com que ela deixe de ser segura. Esta é a proposta de Roman Yampolskiy, mas que é vista com grande desconfiança por muitos que dizem que a criação deste mecanismo é impossível ou se se conseguir, de algum modo, chegar até um, não será possível garantir que ele funcionará sempre, pelo que o risco se manterá.

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Neste momento, não há qualquer consenso sobre o percurso a percorrer e ainda não foi encontrada nenhuma solução para controlarmos as máquinas.

SÓ RECENTEMENTE É QUE FIGURAS MUITO CONHECIDAS COMO STEPHEN HAWKING FIZERAM O ALERTA PÚBLICO E SE COMEÇOU A OLHAR COM SERIEDADE PARA O PROBLEMA. Como a solução para o problema não parece evidente e ainda não há nenhuma que pareça dar garantias suficientes, há quem diga que nos devemos, pura e simplesmente, deixar matar pelas máquinas. Há quem defenda que nós, os humanos, não devemos ser um empecilho à evolução. As máquinas serão o próximo passo natural no caminho da evolução e a humanidade não deverá ter o direito de a impedir. A supremacia do mundo será das máquinas e a extinção humana poderá ser vista, nessa perspectiva, como uma coisa positiva, uma vez que nós tivemos um impacto muito negativo a nível ambiental no nosso planeta e um dia poderemos ter esse mesmo impacto negativo noutros locais do espaço. Claro que existem outras abordagens que parecem muito mais sensatas e que têm um grau de probabilidade maior de serem adoptadas. Há quem defenda uma espécie de fusão entre o homem e a máquina e a profunda melhoria das nossas capacidades através delas. Para alguns parece claro que a humanidade como a conhecemos estará a terminar e haverá lugar a humanos melhorados através, precisamente, da máquina.


P LUS ULTRA Texto: Bruno Costa Carvalho -

Presidente da Avenue Planet e Director da

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S E LO DE QUA LIDA DE

•SUSHIHANA FOZ• Porto “SUSHIHANA FOZ”, é este o nome do terceiro restaurante do Grupo “Sushihana” na cidade berço, que tão bem o recebeu em 2009. Neste novo projeto o “Sushihana” procura diversificar a sua oferta gastronómica, num espaço de grande versatilidade e conforto tanto nas duas salas como no jardim interior.

> O espaço interior é moderno e intimista, ao mesmo tempo que o seu espaço exterior é acolhedor e relaxante. > O serviço é informal mas atento, versátil mas culto. > O bar e a carta de vinhos acompanham toda a proposta e são dignos da zona envolvente.

O “Sushibar” promete beber da experiência adquirida nestes anos de contacto com o gosto portuense pela gastronomia japonesa, e surpreender, tanto os seus clientes mais habituais como quem os visite pela primeira vez.

A COZINHA BEM MONTADA DESTE ESPAÇO NA FOZ PERMITE QUE O SUSHIHANA SAI DA SUA ÁREA DE CONFORTO, A GASTRONOMIA JAPONESA, E OFEREÇA AO SEU CLIENTE ALTERNATIVAS DE GASTRONOMIA PORTUGUESA E INTERNACIONAL Á ALTURA DA SUA VERTENTE JAPÓNICA, NUMA TENTATIVA DE AGRADAR A QUALQUER VISITANTE.

60 CONTACTOS Sushihana Foz /Rua de Gondarem, nº 487, 4150-372 Porto/ tlf: 224 045 549 / tlm: 938669394


PA S SATEM PO O passatempo “Vamos Reciclar o Natal” é um passatempo destinado às escolas, ATL’s, ludotecas, outras instituições afins e também aos visitantes mais pequenos do Edifício Transparente, em que os mesmos são convidados a construir peças decorativas alusivas ao Natal (Pai Natal, Presépio, Elementos decorativos vários), através de materiais reciclados. Os objetos serão expostos no espaço do Edifício Transparente no período do Natal de 2017. Cada objeto será identificado com o nome da escola/instituição participante ou, se se tratar de um projeto individual, com o nome do respetivo criador. Esta atividade concilia o caráter lúdico, através do uso da criatividade, com o caráter educativo, através da sensibilização para os materiais reciclados e para a importância do seu reaproveitamento. Os trabalhos das crianças serão realizados nas respetivas escolas ou locais de ocupação de tempos livres, sendo o produto final exposto no Edifício Transparente.

REGULAMENTO 1.O concurso admite duas categorias de participantes. A primeira categoria inclui grupos de crianças (turmas; conjuntos de crianças dos ATL’s, ludotecas e outras instituições afins). A segunda categoria inclui qualquer participante em nome individual, desde que dentro da faixa etária prevista pelas regras do concurso. | 2. A idade dos participantes é entre os 0 e os 13 anos. | 3. Os objetos como os Pais Natais não deverão medir menos de 1,00 de altura; os Presépios não deverão ser menores do que 1,00 x 1,00m; as decorações poderão ser de tamanho inferior. Serão premiados os produtos finais mais criativos em cada uma destas secções. | 4. A seleção do objeto vencedor, em cada uma das categorias previstas, será feita por um júri constituído por um membro da Administração do Edifício, um artista plástico e um representante da União de Juntas das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. Da decisão do júri não cabe recurso. | 5. As Escolas/ Instituições deverão confirmar a sua participação no concurso até 30 de novembro de 2017 para o email info@edificiotransparente.com ou para o telefone 919966840. | 6. A entrega do objeto decorativo concorrente no Edifício Transparente por parte das escolas ou indivíduos deverá acontecer até ao dia 1 de dezembro de 2017. | 7. A exposição de todos os objetos participantes realizar-se-á no Edifício Transparente de 8 de dezembro de 2017 a 7 de janeiro de 2017. | 9. O anúncio dos premiados far-se-á a partir do dia 15 de dezembro nas páginas de facebook do Edifício Transparente e da União de Juntas das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde e será simultaneamente comunicado à Escola/Instituição e ao participante individual vencedores. | 10. A entrega de prémios far-se-á em janeiro de 2017. | 11. O concurso estabelece duas categorias: “Escolas/ Instituições” e “Participações individuais”. O júri elegerá os melhores objetos em cada uma das categorias do concurso. | 13. Uma vez findo o concurso, as escolas e os participantes individuais poderão fazer o levantamento dos seus objetos até ao dia 15 de janeiro. Transcorrido este prazo, o Edifício Transparente poderá dispor dos mesmos como estime oportuno. | 14. Em nenhum momento os prémios, correspondentes a material escolar e livros, poderão ser trocados por numerário. | 15. As fotos realizadas no decurso do passatempo poderão ser usadas pelo Edifício Transparente e pela União de Juntas das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde na publicitação do concurso na sua web e nas suas redes sociais.

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