Revista Inurban - Edição de Fevereiro, 2019

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REV I S TA MEN S A L f e v e re i ro 2 0 1 9 / n º 4 9

•NUNCA VIVI O AMOR•

/Consultório da Mente/pág. 4/

•AFINAL O QUE É O AMOR?• Já o próprio Aristóteles dizia que “o amor é composto de uma única alma a habitar dois corpos” (Maria Inês Matos)

/Opinião/pág. 42/

VIVER O AMOR CONSCIENTE• (Susana Machado)

/Armário Sem Chave/pág. 48/

•LAÇOS, LACINHOS E LAÇAROTES• (Áurea Venceslau)


A Inurban é uma revista de Informação generalista, abarcando todas as vertentes do quotidiano política, cultura, desporto, economia, sociedade, etc. - e às quais a revista dedica inúmeras páginas conforme é expresso editorialmente todos os meses. A Inurban, publicação digital, serve exclusivamente os seus leitores e é a eles que dá voz, completamente independente de quaisquer interesses políticos, económicos ou sociais, entendendo só assim exprimir uma informação plural e do interesse público. Em nome de uma opinião pública informada, ativa e interveniente, propícia ao sistema democrático em que vivemos.

Direcão: TIAGO BARREIRO Coordenação Editorial: MANUELA PEREIRA Design/Paginação: SILVANA RIBEIRO Artigos e Rúbricas / Fotos: MARIA INÊS MATOS ANDREIA RODRIGUES SÓNIA MACHADO ARAÚJO NADINE MUSSÁ DR. FILIPE MAGALHÃES RAMOS LARA MOURISCA SHEILA FAGUNDES BRUNO ANDRADE LIETE COUTO QUINTAL MARIANA COSTA TIAGO VAZ OSÓRIO ANA NEVES NUNO VILHENA SUSANA MACHADO EDUARDA ANDRINO AUREA VENCESLAU Nº de Registo ERC: 127192

A Inurban dirige-se ao público em geral, diversificando as suas áreas de ação - atualidades, notícias de celebridades, programação, lazer, cultura, etc., - tendo no rigor e na criatividade os fatores primordiais para o sucesso do projeto no mercado e no dia-a-dia de todos os que nos acompanham. A Inurban compromete-se a reger-se, editorialmente, pelos mais elementares princípios deontológicos da atividade jornalística, na certeza de boa-fé e, sobretudo, da procura da verdade. A Inurban tem a atualidade informativa como epicentro de todo o seu trabalho, comprometendo-se a cruzar informações, independentemente das formas de pressão a que esta atividade está inevitavelmente sujeita. A Inurban faz do rigor informativo a sua principal “bandeira” e é objeto de um trabalho árduo. A Inurban tem como principal objetivo a credibilidade expressa nas notícias, artigos e reportagens que publica, em nome da verdade, e indiferente aos interesses que as mesmas possam beliscar, pois é o interesse comum e a Informação do leitor que nos preocupa. Morada: Rua dos Cedros, nº35 - 1º D 2760-026, Caxias

Nota: A responsabilidade dos conteúdos e revisão textual é do autor de cada rubrica! A Inurban não se responsabiliza pela informação escrita e organização linguística.

ÍNDICE

F ICHA TÉCNICA

ESTATUTO EDITORIAL Inurban


/Consultório da Mente/

•AFINAL O QUE É O AMOR?•-------- Pág. 4 /Team 4 Health/

•COMUNICAR O AMOR - MEDITAÇÃO PARA CRIANÇAS•-------- Pág. 8 /As Minhas Crónicas/

•AMOR - NOVOS ESTADOS CIVIS•-------- Pág. 10 /De Dentro para Fora/

•UMA VISITA À ANARQUIA RELACIONAL•-------- Pág. 12 /Filipe Magalhães Ramos/

•BICHECTOMIA•-------- Pág. 22 /Amor Vintage/

•AMOR VINTAGE•-------- Pág. 24 /Fitness Hut/

•É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR•-------- Pág. 26 /Comer Bem/

•A PEGADA HÍDRICA DO QUE COMEMOS•-------- Pág. 32 /Cinema/

•ROMA•-------- Pág. 36 /Opinião/

•DIA DE SÃO VALENTIM? DIA DOS NAMORADOS?•-------- Pág. 38 /Arte/

•A FOTOGRAFIA DE NUDEZ COMO AUTOCONHECIMENTO•-------- Pág. 40 /Opinião/

•VIVER O AMOR CONSCIENTE•-------- Pág. 42 /Coluna Social/

•CIRCO LUISA CARDINALI•-------- Pág. 44 •ESGRIMA LUSITANA•-------- Pág. 45 •IMPOSSÍVEL AO VIVO•-------- Pág. 46 •PAULO GATO LANÇA NOVO TEMA•-------- Pág. 47 /Armário Sem Chave/

•LAÇOS, LACINHOS E LAÇAROTES•-------- Pág. 48


CO N S U LTÓRIO DA M ENTE 4

•AFINAL

O QUE É O AMOR? • Se pensarmos na ideia de felicidade, muito rapidamente nos surge na mente o amor. O amor como um dos sentimentos mais belos do mundo. E sem dúvida que assim o é. Mas quando pensamos na felicidade do amor estamos a pensar na nossa felicidade individual, no nosso bem-estar pessoal. E é esse egocentrismo que, embora necessário, é contrário ao próprio conceito de amor, pois não existe amor sem o Outro. Já o próprio Aristóteles dizia que “o amor é composto de uma única alma a habitar dois corpos”. Nesta passada época festiva, e como é natural na maioria das famílias, houve um momento familiar em que lá em casa todos tentámos encontrar um bom filme para ver no dia de Natal. Este ano decidimo-nos pelo grande clássico do cinema “Do Céu Caiu uma Estrela” (It’s a Wonderful Life) e não podia vir mais a propósito. Ao longo desta belíssima história, carregada de espírito natalício, vamos sofrendo com o nobre George Bailey ao longo da sua vida até ele finalmente perceber que é o amor a única coisa que prevalece. Mas refletindo agora sobre o filme, penso que o que nos mantém vivos não é tanto o amor que queremos receber mas sim o que damos, pois esse sim, tem a capacidade de nos mudar profundamente. Para quem nunca viu o filme, deixo aqui a sugestão, quem sabe até para verem em casal…

Mas voltando então ao tema… O que considero bastante curioso sobre o amor é o facto de, apesar da sua indiscutível importância na nossa vida, passarmos muito pouco tempo a tentar realmente entendê-lo. Todos nós temos diferentes conceitos de amor, fruto da nossa cultura, educação e experiências próprias, mas raramente falamos sobre isso. Em vez disso, passamos a maior parte das nossas vidas a tentar comportar-nos de acordo com o que a sociedade, os media e as pessoas à nossa volta nos afirmam ser o verdadeiro amor. A ideia de um amor profundamente romântico, apaixonado e repleto de gestos melosos é uma exaltação dos nossos sentimentos, mas de uma forma muito narcísica. “Olha o que ele/ela é capaz de fazer por mim?”. E este conceito de amor-cinema está a encher-nos de ilusões e expetativas profundamente irrealistas. Faz-nos sentir um amor exacerbado e tão forte que o tomamos como verdadeiro e absoluto, e que não é mais do que uma droga. O amor romântico está associado ao aumento da ativação nos neurónios que segregam dopamina, a hormona do prazer. Mas a dopamina é também uma das principais responsáveis pela regulação da raiva. Ela é capaz de nos predispor para a fúria, para agir de forma desenfreada, gritar, partir coisas, procurar vingança ou até matar. Esse amor que tanto procuramos é tão intenso


No seu livro de 1956, “A Arte de Amar”, o psicólogo Erich Fromm desafiou a noção de que o amor é esse fenómeno que acontece acidentalmente sem qualquer controlo ou ação nossa. Fromm acreditava que é um erro comum confundir os sentimentos intensos que experienciamos quando estamos no início de um relacionamento românticos com o amor real. Esse período obsessivo e apaixonado de enamoramento, do qual tanto gostamos por ser sinónimo de excitação, é apenas uma fase que não dura para sempre. Estudos neurocientíficos recentes permitiram diferenciar claramente a fase inicial de “paixão” do período de “amor” a longo prazo, detetando atividades distintas no nosso cérebro, mostrando as variações dos níveis sanguíneos, batimentos cardíacos e respostas neuronais a mudar com o tempo.

Mas se neste momento estiver a perder a atenção de todos vós que apreciam o sentimentalismo, não se desesperem já pois, pelo menos para mim, o amor que surge a seguir é o maior gesto de romantismo de que somos capazes. A verdadeira fase de amor, que surge após esses anos iniciais, é um estado mais duradouro e comprometido, que requer o nosso envolvimento ativo. Não é um mero impulso mas sim um esforço contínuo pela felicidade e bem-estar de alguém que queremos manter perto de nós. E isso sim, é um sentimento verdadeiramente poderoso e muito menos volátil. A capacidade de nos comprometermos ativamente no processo de amar é, essa sim, a chave para o sucesso de qualquer relação. É também, infelizmente, a faceta mais frequentemente negligenciada, provavelmente porque exige um esforço contínuo.

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que afeta o cérebro da mesma forma que drogas como a cocaína, atuando na mesma área cerebral responsável pelo prazer. É por isso um amor-vício, louco e desgovernado, que tanto nos pode levar a sentir realmente bem, como extraordinariamente mal. É um descontrolo pelo qual não devíamos ansiar.

Sem querer soar pessimista, esta fase de enfatuamento termina invariavelmente após uns 2 a 4 anos, ela é apenas a maneira natural de iniciar um relacionamento, potenciando o nosso foco e atenção para termos um maior conhecimento da outra pessoa. Mas se assumirmos que esse é o verdadeiro amor, iremos passar a vida desapontados. E ainda bem que assim é, pois não seríamos capazes de ter uma vida funcional se toda a nossa dedicação estivesse centrada apenas nessa pessoa, sem sermos capazes de absorver o resto das coisas. Já para não pensar no profundo desgaste físico que seria a constante procura por experiências ou o tempo que gastaríamos para lhe estar constantemente a proporcionar gestos de grande romantismo.

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CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

Vivemos numa sociedade fast, alimentados por fast-food tanto física como mental, constantemente estimulados pela internet e redes sociais. Os relacionamentos da televisão servem-nos como modelos ao mesmo tempo que estamos perante um palco de constantes atos românticos partilhados por todos aqueles que temos nas redes sociais. E curiosamente é apenas esse o lado que é mostrado, jamais as discussões ou conflitos. Esses são os amores que idealizamos, tão platónicos que julgamos não terem qualquer discórdia ou perturbação, amores que se desenrolam num continuum de momentos bons. Será essa expetativa saudável ou tão utópica e distante que só nos irá criar desconforto? E mais do que isso, estamos a ser formatados para sermos recipientes passivos de tudo o que adquirimos, sem trabalho ou conquista. Seria realmente muito mais fácil, mas a inconveniente verdade é que o amor é a nossa maior conquista e temos que trabalhar para isso. Se formos capazes de reconhecer a natureza inconstante da paixão inicial não iremos ficar desapontados quando a sua intensidade se diluir, e estaremos assim preparados para avançar para a fase mais incrível. Sim, ela requer trabalho, mas é isso que faz do amor uma arte que requer habilidade e devoção. Ao estabelecermos essa forma mais compassiva de amor, não significa que iremos perder a capacidade de picos de paixão de tempos em tempos.

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CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

De fato, a investigação sugere que o amor comprometido é marcado pela intensidade do envolvimento, com o interesse sexual pautado por um conhecimento real do outro e sem a componente obsessiva que é comum aos primeiros estágios dos relacionamentos, estando associado a uma maior autoestima, maior bem-estar e melhoria da relação entre o casal. Menor conflito leva a uma maior satisfação, originando relacionamentos mais fortes e duradouros, pautados por um maior equilíbrio. Mas há que manter o interesse no outro, por isso procurem sair da rotina. Passem tempo de qualidade juntos e procurem coisas novas para fazer (um passeio a um sítio novo, aulas de dança ou culinária, aventurar-se ao ar livre…) e que promovam não só a confiança e crescimento pessoal como a intimidade e até mesmo a paixão romântica. Acima de tudo, aprendam a estimar-se e tudo o resto irá fluir como um rio...

Texto: Maria Inês Matos - Psicoterapeuta www.facebook.com/ines.hipnoterapia

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TE A M 4 HEA LTH

COMUNICAR O AMOR

• MEDITAÇÃO • PARA CRIANÇAS

O mês de Fevereiro é sempre vinculado às celebrações Amorosas em honra de S. Valentim, cujo o centro das atenções é o Amor vinculado aos casais... mas este caro Santo pode dar mais energia do que apenas casais!!! O Amor circunda em manifestações diferentes e entre seres diferentes. É uma Linguagem Universal, e que se torna mágico, em especial o Amor Celebrado entre as Crianças. Existem cada vez mais escolas que celebram o S. Valentim, em atividades lúdicas, criativas, amorosas, consciencializando os mais pequenos para os Afetos, Sentimentos, Emoções, “a existência da caixa mágica do Coração” onde tanto podem aí guardar: O Amor a si própria, o Amor aos Pais, o Amor aos colegas, o Amor ao seu animal de estimação, o Amor aos seus familiares, o Amor à Natureza e vice versa; promovendo assim uma visão mais abrangente desta energia...o Amor.

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Celebrar o Amor, requer Presença, Comunicação, Conexão/Sintonia com o outro e fluidez na sua expressão, numa linguagem simples, pura e direta onde as crianças são Mestres e tanto ensinam os crescidos. Um segredo que lhes fazem recordar a todo o tempo: que quanto mais “forem crianças”, acedem à tão desejada felicidade... A Imaginação, a Criatividade e Retornar à inocência da Infância, na sua simplicidade são chaves para abrir portais e Ser Amor.

Com intuito de despertar essa consciência, num tempo presente em que o Coração anda exposto por todo o lado... frases que inspiram abertura, clareza e equilíbrio Mente vs Coração: “A nova ciência autorizou o meu cérebro acreditar na inteligência do coração. Um grande número de pesquisas mostra que o coração físico é um centro de processamento de informações e não apenas uma incansável bomba de sangue. Quando a comunicação do coração/ cérebro/corpo é perfeita, está relacionada com emoções há muito associadas ao coração, como: cuidado, gratidão, compaixão, amor, etc; as pessoas sabem intuitivamente que o coração e as suas características são reais” Howard Martin “Para se ligar ao seu coração, torne-se uma criança”; “No final do dia, quando o seu coração está aberto, há uma energia de amor que preenche tudo” Paulo Coelho “Escutar o coração significa estar ligado ao nível mais profundo dentro de si mesmo” Eckhart Tolle “A imaginação é mais importante que o conhecimento, pois enquanto o conhecimento define tudo o que conhecemos e compreendemos, a imaginação aponta para tudo o que ainda poderemos descobrir e criar” Albert Einstein


TE A M 4 HEA LTH

“Há alguns maravilhosos benefícios marginais de sentir uma maior estado de amor. Quando sente mais amor, tem uma saúde melhor e vive mais tempo. Em média, as pessoas que são mais felizes ou que se sentem mais amor vivem mais nove anos. Você é mais criativo e tem maior capacidade mental. Tem mais sucesso. Tem melhores relações. É melhor pai ou mãe e atrai mais amor. Logo, todas as áreas da sua vida são afetadas pela sua experiência de vida num maior estado de amor” Marci Shimoff “Amor é o que somos na nossa essência, e quanto mais amor sentimentos nos nossos corações, mais ele será trazido para nós” Deepak Chopra “Se o seu coração se fortalecer, você conseguirá tirar mazelas dos outros sem pensar mal deles” Gandhi “O meu pai lembrava-nos para tomarmos nota de alguns dos melhores momentos de ensino que nos proporcionou. É preciso prestar atenção. A perceção amorosa é uma prática” Marianne Williamson

Texto: Andreia Rodrigues

- Licenciada em Terapia da Fala - Pós graduada em Ciências da Fala (Universidade Católica Portuguesa) - Terapeuta da Fala na Clínica Joaquim Chaves Saúde

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A S MIN HA S CRÓNICA S

•AMOR•

NOVOS ESTADOS CIVIS?

Padrões. Crenças. Alguém, algures no tempo desenvolveu um calendário das relações. Definiu o período crítico, cronologicamente estanque, onde deveria ocorrer o namoro e o casamento. Agregou a ele uma panóplia de perguntas e comentários de incentivo: “Já tens namorado? Está na altura!”, “Para quando o casamento? Já chega de namoro!” Com um anexo intensivo, quando a situação é mais crítica: “Não tens namorado?”, “Ninguém?” “Queres ficar para tia!”, “Ui, que defeito tens que não seguras nenhum?” E ainda acrescentou um manual intensivo e completo que define os parâmetros onde devem ocorrer uma relação, como se fosse a vida relacional de cada ser humano proveniente de um só molde existencial. Não! Não está extinta esta forma de pensar! Estes pensamentos ainda são concebidos em muitas mentes e ainda há muita gente que os transforma em palavras e ações que os propagam para as gerações seguintes.

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De alguma forma, nós mesmos ou alguém próximo já foi incluído nesse referencial de avaliação e mesmo conhecendo de cor e salteado o desconforto que tal provoca e a dor que cria internamente, nós mesmos já fomos autores de tal repetição.

Apesar, de todas as evoluções do tempo, da emancipação da mulher, do seu papel na relação, das alterações económicofinanceiras, da consciência da importância da individualidade, do despertar para esse investimento pessoal, ainda estamos longe de respeitar o outro na amplitude a que tem direito. As relações são um dos grandes desafios da nossa vida, as amorosas, arrisco a dizer, que ainda mais, por tudo o que envolvem e acarretam e na verdade não trazem instrução nenhuma, de tal forma, que as vivemos na pele, na impulsividade de sentir, na intensidade profunda de amar. Somos seres tão complexos e estranhos e era impossível ter relações perfeitas e eternas. Ao longo do caminho vamos acumulando, mais ou menos, desilusões. E uma desilusão amorosa pode ser um acontecimento tão marcante que poderá impulsionar a incapacidade de voltar a ter uma nova relação. E nestes casos, o que pode um calendário relacional provocar? Um peso. Uma carga demasiadamente pesada, que tantas vezes resulta em quadros depressivos graves. E nesses quadros, como chegam as tais perguntas ou comentários de incentivo? Podem ser completamente devastadoras! E por outro lado, quem o decide em coragem de vida, em escolha de existência não ter uma relação. Não tem esse direito? Cada vez mais, nos deparamos com pessoas que decidem investir em si, no seu desenvolvimento pessoal, na sua projeção de carreira, num


Estamos cada vez mais longe de qualquer tipo de padrão e as relações não fogem a essa mudança. Talvez, seja importante alargar os estados civis e mesmo que tal informação seja de fórum privado, trazê-la a público e de alguma maneira formalizá-la e contribuir para a quebra destas crenças tão limitadoras. Como é óbvio, não vamos acrescentálas no cartão de cidadão, mas vamos todos incluí-las na identidade do nosso pensamento: estado civil - sem relação; estado civil - relação com direito a liberdade. Se assim as assumirmos, assim as começamos a ver com normalidade, na normalidade que não existe, na abençoada diversidade Universal, cumprimos a nossa parte neste processo de transformação de mentalidades e ações.

Talvez, seja o momento de ser assinalada por outros motivos, pela comemoração do amor-próprio, do incondicional, do neutro. Aquele que dá base a quem somos, que nos faz inteiros. Aquele que dá viabilidade a todas as relações que vivenciamos. Aquele que agrega e abraça todo e qualquer estado civil, porque todos eles agregam gente!

A S MIN HA S CRÓNICA S

estilo de vida independente, onde uma relação de responsabilidades maiores não ganha espaço.

E no seguimento do convite a esta reflexão, fica a sugestão: Este ano, a 14 de Fevereiro em vez do dia dos Namorados, que o jantar de velas seja com nós mesmo e com todo o mundo, que brinde à mudança, à liberdade, ao direito da privacidade, ao amor... Na sua verdadeira essência!

E falando em mudanças, padrões e crenças, repetições de ciclos limitantes... Fevereiro, dia catorze, faz mesmo sentido?

11 Texto: Sónia Machado Araújo


D E D ENTRO PA RA FORA

PERSONALIZE OS SEUS RELACIONAMENTOS

• UMA VISITA À ANARQUIA RELACIONAL - FEVEREIRO 2019 • Casais ditos “comuns” procuram maneiras de celebrar o Dia dos Namorados, mas nem só do padrão é feito o mundo. Em outras edições da Inurban já pudemos conhecer as não-monogamias consensuais. Este mês trago-vos um outro conceito dentro delas: o de Anarquia Relacional (AR), termo dado por Andie Nordgren, que tem online o manifesto do conceito ao qual deu nome.

o status quo e a sociedade ditam.

O amor e o respeito surgem ao invés de direito, é incentivado que se encontre um conjunto de valores próprios no que diz respeito a relações - em que cada pessoa define o que a satisfaz numa - o heterocentrismo é dado como passível de ser transposto, a espontaneidade é dita como fonte de surpresas e o Fake it til you make it (Fingir até atingir) é um mote que ajuda a entender que a desconstrução não é fácil, é um processo por que se passa e no qual se tem de trabalhar. A confiança, o consentimento, e a comunicação estão na ordem desta orientação relacional, e os compromissos e vínculos são, no seu todo, personalizáveis.

A anarquia relacional vem, com ajuda de outras abordagens divergentes ao padrão, como o poliamor e as relações entre pessoas do mesmo género, quebrar aquilo que muitas pessoas julgam como obrigação, ou única opção disponível.

A palavra anarquia assusta muitos, e poucos ainda sabem o que é este conceito aplicado ao mundo das relações. Entrei em contacto com Daniela Filipe Bento, para que nos possa esclarecer o tema desta orientação relacional.

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Na anarquia relacional há uma adaptação de cada relação por parte da pessoa, construindo-a de acordo com o seu modo de ver e como a sente ao contrário do que

Crescemos numa sociedade que nos formata para obedecer às suas regras, e as relações, e expressão das mesmas, não são excepção. Em Portugal vivese geralmente um formato padrão tradicional ocidental do que é uma relação: monogâmica, heterocêntrica, hierarquizada, institucionalizada.

Fala-se de um amor livre, infinito e sem rótulos, num compromisso ético baseado apenas em acordo mútuo e num rompimento com as regras da sociedade. “O conceito de amor, para mim, sempre foi simples. Nunca senti que devesse ter um protocolo, uma forma, uma definição. O conceito de amor encerra nele próprio todo o conteúdo e o sentir. Na sua mais livre vontade de estar, existir e partilhar. O amor actua em infinitas dimensões e com infinitas dimensões. Não há o amor errado, como não há o amor certo. Não há o amor mais ou o amor menos. Existem, sim, pessoas com múltiplas vivências, estados, sentires, personalidades, identidades e interseccionalidades. Existem, sim,


Antes que mergulhemos nas respostas da pessoa convidada a participar neste trabalho, convido a uma pequena análise aos diferentes tipos de relação que uma pessoa vive.

Serão de facto assim tão diferentes? Que componentes fazem com que sejam ou não? O que é, para si, intimidade? É apenas física ou vem de diferentes vertentes? Será o sexo uma componente essencial na diferenciação de um tipo de relação? Como funciona então uma relação que envolva uma pessoa assexual? E como funciona uma relação platónica? Será legítimo permitir a outros classificar e comparar todos os relacionamentos em que estamos? Será desconstruir o conceito de relação o caminho para termos relações mais saudáveis com as demais pessoas na nossa vida? Será que devemos deixar-nos levar por rótulos e vínculos sobre a nossa identidade e orientação sexual e/ ou relacional, ou serão estes apenas correntes que nos prendem ainda mais ao padrão?

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amores, tantos amores quantas pessoas, relações e suas combinações. Um amor de multiplicidades, infinito na sua forma, infinito na sua própria causa. É um amor que só depende de quem ama e é amado”. - Dani Bento (in Amores que se transformam em Amores, Medium.com, Abril de 2017.1)

Será possível criar laços e vínculos com outras pessoas além dos definidos pela sociedade? Para Daniela Filipe Bento, sim. Saiba mais na entrevista que lhes fiz.

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D E D ENTRO PA RA FORA

COMECEMOS POR UMA QUESTÃO QUE PAUTARÁ O PASSO DESTA ENTREVISTA: COMO DEFINES ANARQUIA RELACIONAL? A anarquia relacional é uma corrente de orientação relacional que pretende a construção e manutenção de vínculos sem rótulos ou hierarquias. É uma forma de redesenhar o nosso conceito de relação, procurando estabelecer vínculos que são apenas definidos pelo que é autodeterminado pelos intervenientes em cada relação, quebrando desta maneira qualquer estrutura social ou expectativa sobre o que é esperado em cada relação. É, também, uma forma de entender cada vínculo como algo independente e que não é comparável, pois cada relação é diferente, cada pessoa é diferente. Combate a noção social de que numa relação há um direito de alguém sobre alguém, parte do princípio da independência e confiança. Por outro lado, é uma forma de combate a hegemonia relacional, considerando que há infinitas formas de amar. COMO CHEGASTE ATÉ AO CONCEITO E O QUE FEZ COM QUE TE IDENTIFICASSES COM O MESMO?

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O meu processo de descoberta da minha orientação relacional teve altos e baixos. Passei por vários questionamentos relacionais até chegar à minha identificação actual enquanto anarquista relacional. Vim de um meio pequeno, rural, e, como tal, informação sobre estruturas relacionais que não a monogamia eram-me completamente desconhecidas. Até o próprio termo monogamia descobri quando me descobri não-monogâmica. Porém, desde cedo que questionava a “exclusividade”, o amor único, ainda que tenha crescido num registo em que as pessoas são ensinadas

e há expectativas em relação a casamento e a toda uma vida conjugal. Nunca senti que o meu amor fosse limitado. Porém, sempre achei ser eu a pessoa a estar errada, a pessoa que não sabe amar, ou que não é capaz de amar o suficiente. Então, desse modo, tentei ter uma vida em regime de exclusividade, mas sentia que não era a minha forma natural de vivenciar as minhas relações. Mesmo em terapia questionava bastante este meu papel, achando consecutivamente que eu teria um problema. Só anos mais tarde, pelos meus 23, 24 anos, descubro o termo poliamor. Depressa me identifiquei com muitos dos seus ideais, sentia que não estava sozinha no mundo. Ainda assim, dentro do poliamor foi-me importante descobrir o solo-poli. Uma forma relacional dentro do poliamor em que não há relações primárias ou secundárias, há quem defina que , neste caso, a relação primária da pessoa é consigo própria. Porém, daqui até descobri a anarquia relacional foi um salto rápido. E a ideia de não ter categorização para as relações e fazê-las apenas depender do que cada um deseja que seja esse vínculo fez-me todo o sentido. Um amar infinito, uma forma radical de amar, pois todas as formas de amor são válidas, desde as formas lidas “tradicionalmente” como mais simples, até às formas mais complexas… mas todas são válidas e não há uma hierarquia em que eu as possa colocar porque todas são diferentes, as pessoas que as fazem também são diferentes.


Sim. As relações são autodeterminadas e, como é óbvio, diferentes relações fazem vínculos diferentes, mas nunca são comparáveis entre si. Não posso dizer que hierarquicamente estão todos no mesmo patamar, porque não me faz sentido sequer falar em hierarquia. Dizer que estão no mesmo patamar é uma forma mais simples de comunicar que não há hierarquia ou que o seu valor hierárquico é o mesmo. Porém, aqui o exercício importante é entender como construímos as relações e o que nos leva a considerar algumas hierarquicamente superiores a outras, é a sua concepção? A sua natureza? A sua complexidade? Se entendermos que as relações são independentes entre si, que se tratam de relações autónomas porque se tratam de indivíduos autónomos, depressa chegamos à conclusão que todos estes vínculos estão na nossa dinâmica relacional naturalmente e não porque necessitem de estar numa escala hierárquica. É importante, deste modo, desconstruir a nossa escada de valores e entender que estes valores são subjectivos e mutáveis.

CONSIDERAS-TE UMA PESSOA ROMÂNTICA? Sim, de uma forma geral sim. Tenho muitas formas diferentes de expressar amor, de que gosto de alguém. E uma dessas formas para mim é também ser romântica. Agora podemos questionar o que é ser romântico, se estamos a falar daquilo que é tradicional, ou se podemos também construir novas formas de ser romântico e, acho que é aqui que também reside o desafio. Pensar que o romântico também é uma construção que temos sobre as formas de relacionar e que nós podemos construir as nossas formas de romantizar um amor. EM FEVEREIRO FALA-SE MUITO NO DIA DOS NAMORADOS. COSTUMAS FESTEJAR COM PARCEIRXS LIDOS COMO “AMOROSOS”? DE QUE MODO? Pessoalmente não costumo comemorar este dia. Festejei no passado quando estava em relações monógamas, mas se me fazia sentido? Na altura sim, era a minha forma de me tentar adaptar. Porém hoje é-me difícil ter uma ideia muito clara sobre o significado deste dia, até porque apesar de estar out enquanto pessoa não monogâmica, continua a ser muito difícil falar abertamente da minha estrutura relacional.

D E D ENTRO PA RA FORA

NÃO CATEGORIZAS RELAÇÕES, ISSO QUER DIZER QUE O AMOR POR AMIZADE, O AMOR PELA FAMÍLIA E O AMOR DITO ROMÂNTICO E/OU SEXUAL ESTÃO NO MESMO PATAMAR?

EM QUE SE BASEIAM AS RELAÇÕES ANARQUISTAS? Acima de tudo, as relações de marco anarquista estão baseadas na premissa da confiança. Só assim se pode conseguir relações saudáveis e que não atentem ao nosso bem-estar como ao da outra pessoa envolvida. Existe um factor comunicação de extrema importância que é necessário para manter a boa fluidez relacional.

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D E D ENTRO PA RA FORA

CADA RELAÇÃO TERÁ, ENTÃO, AS SUAS REGRAS, O SEU COMPROMISSO, E O CONSENSO QUE SURGE ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO E ACORDO MÚTUO? Daniela Filipe Bento: Sim, de uma forma geral cada relação é autodeterminada pelas suas regras, compromisso e acordo mútuo. É importante pensar que cada relação tem necessidades próprias em alturas diferentes no tempo, por isso é importante que estes acordos também possam ser mutáveis com o tempo. Muitas vezes pode haver necessidade de transformar e retransformar as relações e isso é sempre feito de forma conjunta. É CORRECTO AFIRMAR QUE NA ANARQUIA RELACIONAL NINGUÉM EXERCE ALGUM TIPO DE PODER RELACIONAL SOBRE NINGUÉM? Penso que na teoria sim. Porém, muitas vezes as pessoas crescem em contextos com estruturas relacionais fechadas e é necessário desconstruir essas mesmas estruturas. A anarquia relacional defende a não-hierarquização das relações e defende a autonomia de cada pessoa envolvida. QUAL É A DIFERENÇA ENTRE ANARQUIA RELACIONAL E POLIAMOR?

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A grande diferença que eu revejo entre a anarquia relacional e o poliamor é a desconstrução da categorização das relações/vínculos. De uma forma geral, pela minha experiência, no poliamor continuava com o problema de classificar as relações, de ter que as colocar numa determinada caixa que criava expectativas sobre como essa relação iria evoluir no tempo. Na anarquia relacional, dado que as relações são determinadas pelas pessoas que intervêm, consigo uma maior fluidez, as relações podem mudar

estruturalmente de forma sem que isso condicione o vínculo. VOLTANDO À VISÃO DA SOCIEDADE SOBRE RELAÇÕES: COMO LIDAS COM QUESTÕES DE ESTRUTURAS RELACIONAIS SOCIAIS COMO AQUELES CONVITES DE +1 PARA CASAMENTOS, EXPERIÊNCIAS PARA CASAIS OFERECIDAS OU A “PRESENÇA PÚBLICA” COMO O CONVITE DE UMX SUPOSTX ÚNICX PARCEIRX PARA UM EVENTO DE TRABALHO? Neste momento é conhecido em todos os meios que frequento a minha estrutura relacional. Porém, em eventos que me convidam a mim e outra pessoa que eu me relacione eu faço questão de lembrar que nem sempre isso pode corresponder a um facto.


Sim, por prática são as pessoas envolvidas que procuram acertar os valores daquela relação em particular. Podem ser mutáveis porque as dinâmicas relacionais são mutáveis ao longo do tempo, bem como as necessidades de cada pessoa envolvida. O processo deve ser continuo e a abordagem deve ser feita de forma continuada, é importante ter espaços de comunicação eficazes e seguros que permitam fazer a relação crescer e revolver potenciais conflitos que possam surgir.

TENS ALGUM TIPO DE RÓTULO PARA PARCEIRXS DEPENDENDO DA NATUREZA DA RELAÇÃO SENDO ELA O QUE AS PESSOAS CHAMAM DE ROMÂNTICA, SEXUAL, OU PLATÓNICA? Eu gosto do termo companheirx, porém eu sou aquela pessoa que ao invés de chamar as relações pelos rótulos, chamo pelo nome das pessoas envolvidas. Por exemplo: “eu saí com o Rui” ao invés de dizer “eu saí com um amigo”. É uma forma estratégica que arranjei de dar valor à pessoa envolvida e não há categoria da relação. No entanto sei da realidade em que estou inserida e, muitas vezes, precisamos de recorrer a rótulos mais tradicionais para contextualizar uma relação.

NÃO EXISTE, DE TODO, ALGUÉM COM MAIS “DIREITOS” NUMA RELAÇÃO CONTIGO? Existem direitos que são óbvios, como o respeito pela pessoa, pela sua integridade física e mental. Porém quando falamos em direitos desta forma estamos a referir direitos que se adquirem pelo formato da relação? Eu gosto mais de pensar que pessoas diferentes têm necessidades diferentes e é o acordo mútuo sobre como preencher essas necessidades é que deve ser a premissa. Os direitos de alguma forma estão associados a formas estruturais de hierarquia relacional. Certas relações têm determinados direitos adquiridos sobre outras relações. Porém, quando desconstruímos esta realidade, olhamos para necessidades. Gosto de pensar, por outro lado, que as necessidades são mutáveis e em determinadas alturas haja, por exemplo, uma necessidade de maior proximidade e aí terá de se fazer um novo ajuste relacional, ou haja uma necessidade de ter determinados tempos em conjunto e novamente, haja um novo ajuste relacional. Mas novamente, todos estes

D E D ENTRO PA RA FORA

ÉS TU, E AS PESSOAS COM QUEM TE RELACIONAS, QUE DEFINEM OS VALORES DE CADA RELAÇÃO? COMO E QUANDO DEVEM SER ABORDADOS?

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D E D ENTRO PA RA FORA

processos são sempre feitos em conjunto, dentro das possibilidades que cada pessoa consegue oferecer. PENSAS CASAR (NO MODELO TRADICIONAL OU COM UM TWIST)? SONHAVAS COM ISSO ENQUANTO CRESCIAS? IDENTIFICAS-TE COM O MOVIMENTO FREE LOVE DO SÉCULO XX? Pensei em casar há muitos anos atrás, era criança e não conhecia outra coisa. Mas essa vontade passou rápido, no momento em que comecei a sentir sentimentos mais fortes pelas pessoas que me rodeavam. Dentro da minha forma, adolescente, primária de ver o mundo, senti que um casamento tradicional não me preenchia relacionalmente. Mais tarde essa visão ficou mais clara, principalmente com a noção do que significa socialmente um casamento. Há pontos no movimento Free Love que me posso identificar, nomeadamente a separação do papel do Estado das formas relacionais das pessoas. Dando legitimidade a cada pessoa de formar as suas próprias relações e que se sua legitimidade seja reconhecida. E EM TERMOS DE AUTONOMIA? NUMA RELAÇÃO ANARQUISTA “TENS LIBERDADE” PARA INGRESSARES EM NOVAS RELAÇÕES SEM CONSULTAR OUTRAS PESSOAS COM QUEM TE RELACIONAS?

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A premissa da confiança é de extrema importância. Numa forma óptima e utópica, a autonomia é um dos pilares estruturais. Porém, e como já referi, vivemos numa sociedade que cresce com valores que não são compatíveis, na sua forma geral, com os ideais de quem vivência uma anarquia relacional. Por isso há sempre imensas barreiras a ultrapassar, sociais e pessoais. E penso

que é importante haver ética relacional e nesse sentido, ainda que não seja um acto de limitação, entender como as pessoas com quem me relaciono entendem a entrada de novas relações na minha estrutura relacional. E, com isso, tentar construir um espaço de confiança e construção relacional em comum que dê também às outras pessoas possibilidade de trabalharem as suas dificuldades, facilidades, ou dúvidas. PELO QUE ENTENDO, A CONFIANÇA É UM DOS PILARES TRANSVERSAIS DAS NÃO-MONOGAMIAS CONSENSUAIS. COMO É QUE ESTA É CULTIVADA? A confiança pode ser cultivada de várias formas. Primeiro é preciso entender que ninguém é livre de erros. E em processo de construção relacional muitas vezes erros acontecem, porém devemos aprender com eles e trabalhá-los e isso gera confiança. Por outro lado, é importante entender que pessoas diferentes também têm necessidades diferentes – uma forma de cultivar confiança é ser honesta em relação à forma como se consegue atender a essas mesmas necessidades. Ser honesta em relação ao próprio sentir, às nossas emoções, ouvir a outra pessoa e estar atenta também ao sentir da outra pessoa. SOBRE CONSENTIMENTO. PODES EXPLICAR-ME A DIFERENÇA ENTRE O NATURAL, O IMPLÍCITO, O EXPLÍCITO, E O DELEGADO? O consentimento natural está relacionado com aquilo que é naturalizado no indivíduo, ou aquilo que, na prática, não pode haver uma permissão implícita ou explícita de outra pessoa, pois apenas depende do indivíduo e não de outra pessoa.


DE QUE MODO PODE O CONSENTIMENTO SER QUEBRADO NUMA RELAÇÃO ANARQUISTA? O consentimento está relacionado com muitas áreas diferentes da nossa vivência relacional. Por isso, qualquer prática que esteja fora dos limites consentidos pode ser lida como uma quebra de consentimento. Há que entender que a prática relacional é feita de acordos mútuos e que é esperado que haja um compromisso em relação a esses mesmos acordos. A quebra desses acordos é também uma quebra no consentimento estabelecido entre duas pessoas. FALÁMOS DAS QUESTÕES MAIS TÉCNICAS, MAS ACIMA DE TUDO ÉS UMA PESSOA. COMO LIDAS COM A ANARQUIA RELACIONAL NA TUA VIDA, NO TEU DIA-A-DIA, A CADA POTENCIAL RELAÇÃO QUE SURGE? Aceitar-me como anarquista relacional foi um passo e uma viragem de extrema importância na minha vida. Foi-me dado o reconhecimento de que a forma que eu via as relações era algo que era válido e que não estava sozinha no mundo. Era possível desconstruir o amor, era possível amar de forma radical. Era possível não ter que categorizar as relações e ter autonomia sobre as relações que tenho. Para mim isto foi um marco importante

na minha capacidade de me relacionar com as outras pessoas. Foi também o entendimento que as relações que tive monogâmicas que não funcionaram tão bem, não foi por falta de amor, mas por falta de aceitação pessoal sobre a minha própria dinâmica. Neste momento vivo tranquilamente neste molde relacional. A minha abertura para com as pessoas é muito diferente e a minha disponibilidade de aceitar novas relações também. Simplesmente não penso em potenciais relações, deixo que as coisas fluam naturalmente porque cada relação será conduzida à sua forma, no seu caminho e que pode dinamicamente ir mudando ao longo do tempo. NA TUA OPINIÃO HÁ ALGUM PONTO NEGATIVO A SER-SE ANARQUISTA RELACIONAL? Em teoria e de uma forma geral não consigo ver pontos negativos de ser-se anarquista relacional. Porém, na prática existem condicionantes. Por exemplo, as nossas limitações pessoais e de como lidamos com a autonomia do outro, por exemplo em alturas que estamos mais frágeis. Ao mesmo tempo, e não pela forma em si de me relacionar, mas pelas condicionantes sociais, torna-se difícil muitas vezes fazer-me compreender na minha forma de transmitir amor e de estar no mundo. Esse choque cultural e social é, muitas vezes, difícil e pode trazer alguma insegurança na forma como vivenciamos os nossos vínculos. Por outro lado, é necessário ter em conta que pessoas diferentes têm, interseccionalmente, posições de privilégio diferentes na sociedade e isso têm impacto na forma como é possível vivenciar a anarquia relacional – por exemplo, ser mulher ou ser negra ou ser trans ou qualquer outra forma de sujeição a opressão social.

D E D ENTRO PA RA FORA

O consentimento implícito está relacionado com a permissão para algo que é dada implicitamente pelo outro. Ou seja, há uma assunção de que algo é permitido mas que não é expressamente comunicado. Por outro lado, o explícito, há uma comunicação clara e explícita sobre uma acção permitida. O delegado é quando alguém faz depender o seu consentimento do consentimento de outra pessoa.

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D E D ENTRO PA RA FORA 20

JÁ TIVESTE DE GERIR ALGUMA ANSIEDADE, TUA OU ALHEIA, EM RELAÇÃO À TUA ORIENTAÇÃO RELACIONAL? Sim. Já tive de gerir situações de ansiedade pessoal em que eu própria questionei se era mesmo capaz de vivenciar esta forma de relacionamento, apesar de sentir que me é natural. Também já tive de gerir situações complexas em relação a sentimentos de outras pessoas em relação à minha orientação relacional, nomeadamente quando as pessoas acabam por sentir que este não é o seu caminho, o que é totalmente válido, e passa a haver uma restruturação da relação que muitas vezes é complexa. ALÉM DAS PESSOAS QUE PODERÃO ESTAR NUMA RELAÇÃO NORMALMENTE CONOTADA COMO AMOROSA, A TUA FAMÍLIA E AMIGXS RECEBERAM BEM O TEU COMING OUT COMO ANARQUISTA RELACIONAL? Acho que como os vários coming out que fiz durante a minha vida, o processo foi por fases. Eu fiz vários coming out, orientação sexual, identidade de género e orientação relacional. No que toca à família houve uma constatação que de facto eu iria quebrar todas as expectativas que tinham para mim quando cresci. Esta informação foi dada à medida que eu me ia construindo e tendo mais certeza das minhas várias identidades. O facto de viver sozinha e ter uma vida independente da família ajudou nesse processo, para além do facto de eu viver na cidade, em Lisboa. Se continuasse a estar no meio pequeno seria tudo muito diferente. Porém, houve momentos complicados, em que as minhas relações não eram tomadas como sérias (e vale a pena questionar o que é este conceito “tradicional” de

relação séria), como se eu de facto não me empenhasse em estar com alguém. Mais tarde, houve uma mudança e neste momento várias vezes me dizem “dá cumprimentos a todas as pessoas com quem estás”, o que denota uma evolução grande, mesmo que não seja ainda desconstruída interiormente, mas pelo menos há uma tentativa de chegar à minha realidade. Por outro lado, com as pessoas amigas, o processo foi diferente. O facto de me ter assumido enquanto pessoa trans mudou radicalmente o meu círculo de amizades e, desse modo, quando comecei a conhecer pessoas novas já não era segredo nenhum a minha defesa da anarquia relacional enquanto o meu modelo relacional. Neste sentido, as pessoas acabaram até por mostrar curiosidade em perceber como funciona, ou como eu me sinto. Ainda assim, há uma tendência ainda generalizada de tentar colocar as minhas relações em caixas, pois as pessoas precisam de comunicar de alguma forma. QUE GOSTARIAS QUE O PÚBLICO EM GERAL SOUBESSE SOBRE ANARQUIA RELACIONAL? Acima de tudo, que as pessoas consigam compreender que esta é uma forma relacional válida, como outras e que pretende desconstruir a maneira como olhamos para o amor e para os nossos vínculos. Também que se entenda que não é o facto de se não catalogar ou categorizar ou hierarquizar relações que as relações são menos importantes ou que o nível de compromisso seja menor. Porque o amor está lá, mas representado de diversas formas, na forma de determinação pelas pessoas envolvidas, não mais e não menos – mas o que as pessoas desejam daquela relação.


FAZES ACTIVISMO PELA ANARQUIA RELACIONAL? DE QUE MODO?

Eu estou, numa forma geral, numa pequena bolha que é Lisboa e estou num contexto de activismo em que estas questões são discutidas em muitos âmbitos. Neste nicho, noto que a aceitação tem sido cada vez maior ao longo dos anos. Ao mesmo tempo há que entender que aceitação não significa necessariamente entendimento e compreensão. E esse é outro passo estratégico a dar. Acredito que ainda há muita falta de visibilidade para com esta forma relacional. Existe já alguma literatura interessante sobre poliamor, mas sobre anarquia relacional ainda não há tanto assim. A constante necessidade de catalogar relações é uma herança histórica que dificilmente desaparece e isso prejudica a forma como se entende os conceitos que envolvem esta forma de pensamento relacional. Nesse sentido, chegar ao mundo fora desta bolha ainda é um processo longo. Acredito que chegaremos lá, mas a ritmos muito diferentes.

Estar out enquanto anarquista relacional por si só é uma forma política de actuar. Não escondo a minha estrutura relacional, procuro educar quando posso sobre o assunto. Tenho participado em conversas sobre formas consensuais de não-monogamia, também falo do tema em entrevistas que dou, pois é uma parte importante da minha vivência enquanto pessoa. Também penso que a experiência pessoal, bem como, humanizar as vivências torna mais acessível de se compreender e isso é um processo contínuo que se faz quando se afirma publicamente uma orientação relacional não normativa.

D E D ENTRO PA RA FORA

CRÊS QUE HÁ UMA MAIOR ACEITAÇÃO COM O PASSAR DOS ANOS?

1https://medium.com/@danifbento/ amores-que-se-transformam-em-amoresb863102c6bf8 . Originalmente publicado em: http://www.overdestiny.com/amoresque-se-transformam-em-amores/ no dia 6 de Abril de 2017.

Texto: Nadine Mussá

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FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

•BICHECTOMIA• A Bichectomia é uma cirurgia que ajuda o rosto a ficar menos arredondado e mais contornado, fino e alongado.

Estes dois tipos de pacientes serão os que mais beneficiarão com os resultados que a bichectomia que pode causar.

É uma cirurgia simples, o médico faz um pequeno corte por dentro da boca e retira uma bola de gordura na região da bochecha - a chamada bola de Bichat.

A Bichectomia é realizada com anestesia, pelo que não dói.

As bolas de Bichat, ou corpo adiposo bucal, são um acúmulo de gordura que fica localizado na região das bochechas. Após mais ou menos 45 minutos de cirurgia e alguns dias de recuperação já poderá ver as diferenças. Além desta finalidade, a cirurgia também é recomendada para que pessoas que apresentam traumas na mucosa da bochecha. Isto ocorre, na sua maioria, devido à bochecha ser muito grande, sendo que o paciente acaba por morder a região, onde fica evidenciada uma linha branca e bem demarcada no interior da boca. Esta cirurgia é indicada para pessoas que possuem um rosto muito arredondado, bochechas grandes e um volume do rosto pouco definido, nas quais estas características sejam motivo de incómodo.

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Também é para indivíduos que não tenham definição na mandíbula e apresentem um pouco de gordura na papada e no pescoço, acabando assim por não ter o ângulo da mandíbula.

Será importante referir que esta cirurgia é um procedimento irreversível, pelo que as bolas de bichat não renascem ou se desenvolvem novamente, uma vez retiradas nunca mais existirão. No caso de engordar, pode reflectir-se no seu rosto, noutros pontos, mas não exatamente no qual ocorreu a cirurgia. É importante que ter certeza na hora em que decidir realizar o procedimento. Existem outros métodos para “corrigir” a Bichectomia caso não goste, mas nunca deverá submeter-se a um procedimento com a sua correção já em mente. Poderá fazer a marcação da sua consulta de avaliação: Telefone: 22 316 8066 Telemóvel/Whatsapp: 915 127 622 Email: geral@fmrcirurgiaestética.com Site: www.fmrcirurgiaestetica.com


FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S Texto: Dr. Filipe Magalhães Ramos

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A M OR VINTAG E

•AMOR VINTAGE• Querido Amor.. ontem olhei-te nos olhos e consegui perceber que há sempre alguma coisa nova em ti que me faz descobrir algo de novo em mim também.. Inspire-se connosco. Amor Vintage www.amorvintage.pt instagram: amorvintagept

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A M OR VINTAG E Texto: Lara Mourisca

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F ITNES S HU T

•É MELHOR PREVENIR•

DO QUE REMEDIAR

(TUDO A DOIS)

TREINO EM CIRCUITO Através desta metodologia de treino, conseguimos melhorar o condicionamento cardiopulmonar e neuro-muscular num curto período de tempo. É a sua maior vantagem, além de um gasto calórico acima da média. Os exercícios devem ser realizados sequencialmente e sucessivamente, sem interrupção (não há intervalos). Realizar 3 voltas completas com 1 minuto de descanso entre as voltas.

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20 AGACHAMENTO COM SNATCH UNILATERAL Com os pés afastados à largura da bacia e ligeiramente apontados para fora, com as costas encostadas no seu companheiro e de mãos dadas, fletir os joelhos e voltar a subir, concentrando-se para manter o equilíbrio entre os dois.

F ITNES S HU T

1

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F ITNES S HU T

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50 JUMPING JACKS Em pé, em estilo “tropa”, afastamos os pés juntando as mãos sobre a cabeça e voltamos.

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20 REMADAS COM EXTENSÃO DE TRÍCEPS EM PRANCHA + SALTO LATERAL Em prancha, seguramos os halteres em baixo dos ombros, puxamos o cotovelo à cintura e em seguida es-tendemos o cotovelo, retomamos e fazemos o mesmo para o outro lado. Realizar de maneira alternada. Enquanto um completa as remadas o companheiro fica a saltar de lado, passando para o outro lado das pernas de maneira contínua.

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50 SALTOS A CORDA EM DUPLA

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20 AVANÇOS COM ROTAÇÃO

F ITNES S HU T

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Dar um passo longo à frente, tocando o joelho de trás no chão, e simultaneamente, rodar o tronco em dire-ção ao companheiro passando o disco; voltar à posição inicial sem o peso, num passa/repassa sincronizado com o avanço. Realizar 20 repetições em cada perna.

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F ITNES S HU T

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50 CORRIDAS ALTA Pés paralelos, trazemos os joelhos o mais alto possível, numa corrida estacionária.

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1 MINUTO EM PRANCHA COM TOQUE DE MÃOS Iniciar na posição de prancha sobre as mãos, frente a frente, e de maneira alternada tocar as mãos de forma cruzada com seu companheiro.

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20 SALTOS COM ROTAÇÃO 180º Salto vertical seguido de uma rotação no ar do corpo todo.

F ITNES S HU T

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Fonte: Sheila Fagundes e Bruno Andrade (Personal Trainers @Fitness Hut Oeiras). Fotografia: Liete Couto Quintal - LCQ Photography https://www.facebook.com/lietecoutoquintal Mais informações em: http://www.fitnesshut.pt

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COM ER BEM

Por Mariana Costa e a Dieta do Tipo de Corpo

•A PEGADA HÍDRICA DO QUE COMEMOS A ÁGUA QUE VOCÊ NÃO VÊ • Se não se fizer nada, até 2050 cinco mil milhões de pessoas vão ser afetadas pela escassez de água. Este é o alerta deixado pela ONU no relatório mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos.

Ficam aqui alguns exemplos:

É por isso nossa responsabilidade enquanto habitantes do planeta fazer algo no sentido de diminuir a nossa pegada hídrica. (pode ler o documento na integra aqui - https://unesdoc.unesco. org/ark:/48223/pf0000261594_por)

Café

O que algumas pessoas não percebem, é que uma grande parte dos gastos de água está “escondida”, ou seja, é usada em coisas que comemos ou vestimos, e na energia que usamos. Globalmente, a produção agrícola responde por 92% da nossa pegada hídrica. Além da água que gastamos todos os dias, que é muita, milhares de litros são utilizados na produção dos alimentos que comemos? O site https://waterfootprint. org/en/ mostra quanta água é necessária para que cada alimentos seja produzido .

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Produto

/

Açucar

Unidade

/

Litros de àgua

1kg

1500

1 camiseta

2700

1 xicara

140

1 kg

15500

Cerveja

1 copo

75

Cevada

1kg

1300

Frango

1 kg

3900

1 unidade

2400

Leite

1 litro

1000

Milho

1 kg

900

Ovos

1 unidade

200

1 fatia

40

Papel

1 folha A4

10

Queijo

1 kg

5000

Soja

1 kg

1800

Trigo

1 kg

1300

Algodão

Carne

Hamburger

Pão


CARNE BOVINA VS. FRANGO Vencedor: O frango é a melhor escolha porque consome cerca de 4.330 litros de água por quilo. A carne bovina é a que utiliza mais água, 15.400 litros/kg, seguida da carne de carneiro (10.400 litros/kg) e da de porco (5.990 litros/kg). Então, se for para comer carne, escolha a de frango. Melhor ainda se optar por ovos, que consomem 3.300 litros/kg. Um ovo de 60 gramas utiliza cerca de 200 litros de água. Para os produtos lácteos, queijo e manteiga são os que mais consomem água, com 5.060 litros/kg e 5.550 litros/ kg, respectivamente. O leite, por sua vez, utiliza apenas 1.020 litros/kg, ou 255 litros de água para um copo de leite de 250 ml.

COM ER BEM

É por isso muito importante termos consciência do esforço planetário que causamos com as nossas escolhas diárias. Deixo de seguida algumas comparações de alimentos para que possa escolher bem da próxima vez que for ao mercado. A meu ver temos de começar a encarar a carne vermelha, o café, o chocolate e o vinho como luxos. Desta forma além de valorizarmos os alimentos como eles merecem também estamos a aumentar a nossa consciência colectiva. O mindfulness enquanto pratica á mesa, é uma prática que defendo no dia-a-dia e está perfeitamente justificada nesta atitude eco friendly de consciência ambiental nos alimentos Então veja:

TOFU VS. LENTILHA CHÁ VS. CAFÉ Vencedor: O chá é o vencedor, com 108 litros de água por litro de chá. O café utiliza quase dez vezes mais água: 1.056 litros por litro de café coado. Em termos de consumo, uma xícara de 250 ml de chá preto (3 gramas) consome cerca de 27 litros de água. Já uma xícara de 125 ml de café (7 gramas) corresponde a uma pegada hídrica de 132 litros. VINHO VS. CERVEJA Vencedor: A cerveja, com 298 litros de água por litro de cerveja. Já o vinho consome 870 litros de água para produzir uma garrafa de 1 litro. Em termos de consumo: são usados 109 litros de água para uma taça de 125 ml de vinho, enquanto a cerveja consome 37 litros de água para um copo com o mesmo volume.

Vencedor: Tofu, com 2.540 litros/kg. São necessários 5.900 litros de água para produzir um quilo de lentilhas. Grão-debico exige menos do que a lentilha, com 4.200 litros/kg, e a soja utiliza menos do que o tofu processado, cerca de 2.160 litros/kg. Há quem argumente que a medida litros por quilo não é precisa - deveríamos considerar a água consumida por grama de proteína. Neste caso, as leguminosas (incluindo feijão, lentilhas, ervilhas etc.) são as vencedoras, com 19 litros por grama de proteína, seguidas por ovos, 29 litros/ grama; leite, com 31 litros/grama; e frango, com 34 litros/grama. Para os demais alimentos, os números sobem, com a carne bovina no topo da escala, utilizando 112 litros de água por grama de proteína.

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COM ER BEM

ARROZ VS. MASSA Vencedor: Massa com cerca de 1.850 litros/kg. Mas o arroz não fica muito atrás, utilizando 2.500 litros de água por quilo de arroz processado. Pão (feito de trigo) utiliza 1.608 litros/kg, e a cevada consome 1.420 litros/kg. AVEIA VS. BATATAS

BRÓCOLOS VS. ASPARGOS

Vencedor: Batatas não processadas, com cerca de 290 litros/kg. São necessários 2.440 litros de água para produzir um quilo de aveia em flocos. Batata doce também utiliza menos água, com 386 litros/kg, enquanto milho não processado exige 1.220 litros/kg.

Vencedor: Brócolos, com apenas 285 litros/kg., juntamente com o couve-flor e couve de bruxelas. O aspargo está entre os que utilizam mais água no grupo de legumes, com 2.167 litros por quilo.

AVELÃS E NOZES VS. AMÊNDOAS CAJU

Vencedor: Alho, com cerca de 600 litros/ kg. Azeitonas consomem 3.020 litros/kg.

Vencedor: Avelãs e nozes, com 10.590 litros/kg e 9.340 litros/kg, respectivamente. Ainda assim é muita água! Mas amêndoas e caju usam mais, com uma média de 16.200 litros/kg e 14.300 litros/kg, respectivamente. São necessários 11.440 litros de água para produzir um quilo de pistachios.

TOMATE VS. BERINJELA

FIGOS VS. UVA-PASSA E TÂMARA Vencedor: Uva-passa e tâmara, com 2.450 litros/kg e 2.280 litros/kg, respectivamente, apesar de que os três tipos (incluindo o figo) usam mais água do que a maioria das frutas. Os figos são os que mais consomem — para produzir um quilo são necessários 3.370 litros de água. FRUTAS COM CAROÇO VS. CÍTRICAS

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Ameixas consomem 2.190 litros/kg; damascos 1.290 litros/kg; e pêssegos 915 litros/kg. O abacate também está no topo da lista, com 1.184 litros/kg., enquanto maçãs, bananas, uvas e kiwis usam menos de 840 litros/kg. Morango, abacaxi e melancia consomem menos de 420 litros de água por quilo de fruta.

Vencedor: Cítricas, com 560 litros/kg no caso das laranjas; 512 litros/kg para a toranja (também conhecida como grapefruit); e 646 litros/kg para os limões.

AZEITONA VS. ALHO

Vencedor: Tomate, com 214 litros/kg. A berinjela também consome pouco, cerca de 361 litros/kg. Alcachofra, pepino e alface consomem 823 litros/kg, 350 litros/ kg. e 240 litros/kg, respectivamente. Embora tenhamos mostrado o volume de água utilizado na produção de legumes, na verdade há poucos perdedores neste grupo. Em geral, os vegetais consomem bem menos água do que produtos de origem animal, oleaginosas e grãos. AZEITE DE OLIVA VS. ÓLEO DE MILHO, GIRASSOL E DE SOJA Vencedor: Todos usam menos água do que o azeite de oliva, que consome 14.520 litros por quilo. O volume é maior do que o utilizado em todos os tipos de óleo, com exceção do óleo de rícino. Óleo de milho utiliza 2.600 litros/kg., óleo de girassol, 6.840 litros/kg., e o de soja, 4.216


CHOCOLATE VS. BAUNILHA Vencedor: Chocolate, com uma média de 17.200 litros/kg., mas infelizmente este produto ainda assim consome mais água do que a carne bovina. Embora duvidemos de que vamos comer um quilo de chocolate num futuro próximo. Cacau em pó consome 15.600 litros de água/ kg. Grãos de baunilha lideram a lista, com 127.330 litros/kg., embora sejam usados em quantidades muito pequenas. CANELA VS. MENTA

A minha sugestão é que faça 1 refeição sem carne ou peixe por dia, pode substituir por ovos, lentilhas ou tofu. Uma alimentação equilibrada é uma alimentação saudável. A quem advogue que deveríamos todos tornar-nos vegetarianos eu não sou dessa opinião. A carne o peixe e todos os alimentos de origem animal são importantíssimos na obtenção de vitaminas e enzimas essenciais á vida. Por isso seja equilibrado viva consciente mas sem exageros.

COM ER BEM

litros/kg. Se você for fã de óleo de coco tem sorte, porque esse tipo também tem um consumo relativamente baixo de água. Um quilo utiliza 4.519 litros.

Ficou curioso? Quer saber quanta água você tem consumido indiretamente por aí? Então, faça o cálculo no site e mude já de atitude! Juntos vamos mudar o mundo!

Vencedor: A menta é a vencedora, pois utiliza apenas 294 litros de água por quilo. Um quilo de canela consome 15.624 litros. O gengibre utiliza 1.671 litros/kg. Lembre-se, o importante é reconhecer que nossos alimentos são responsáveis por grande parte da pegada hídrica. Na verdade, conhecer as tendências gerais é mais útil do que saber exatamente qual o alimento consome menos água. Portanto, comer menos produtos de origem animal e mais alimentos de origem vegetal irá reduzir sua pegada hídrica, bem como comer menos alimentos processados.

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CINEMA

•ROMA•

UMA VIAGEM ÀS MEMÓRIAS DE ALFONSO CUARÓN

É um dos mais aguardados e mais elogiados filmes da temporada e um dos grandes favoritos aos Óscares. Alfonso Cuarón está de volta com “Roma” um filme que recorda a preto e branco algumas das memórias mais sombrias do realizador. Era para ser emitido apenas no Netflix, mas o sucesso no Festival de Veneza acabou por trazê-lo para as telas de cinema. Em Portugal apenas está em exibição em pequenas salas, longe das grandes distribuidoras. Mas vamos lá à história. Recuamos até 1970 e 1971, ao bairro Roma, na Cidade do México. Ao longo do filme acompanhamos Cleo, uma jovem empregada doméstica cuja devoção aos patrões se sobrepõe a todos os seus problemas pessoais e à agitação social na capital mexicana. Tudo isto se trata de uma homenagem àquela que Cuarón considera ser uma das mulheres da sua vida Liboria Libo Rodríguez a quem o realizador dedica o filme. Por se tratar de uma obra tão biográfica e pessoal, nota-se uma grande emoção ao longo de todo o filme. A forma tão apaixonada com que Cuarón fala de Roma parece ter inundado o filme de uma emoção transbordante, que não deixa ninguém indiferente.

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Cleo serve de linha condutora para a história, sendo por vezes a protagonista ora observadora. Num filme que explora a vida na Cidade do México da década de 70 e as suas assimetrias sociais,

Cuarón vai recordando vários episódios da sua infância que sem dúvida o marcaram, ao ponto de os reproduzir em filme. Depois de ter conquistado o primeiro Leão de Ouro para a Netflix, Cuarón pode estar à beira de fazer novamente história para a plataforma de streaming já que é o grande favorito a vencer o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro.


TOP E FLOP

A FAVORITA

AQUAMAN

(7 DE FEVEREIRO) Com uma Rainha Anne de Inglaterra de saúde débil e com a guerra com a França é Lady Sarah quem quem está no comando do país em pleno século XVIII. É neste contexto que aparece Abigail, uma jovem que tem fortes ambições a recuperar as suas raízes aristocráticas. A jovem aproveita o tempo que a guerra consome a Sarah para assumir o papel de dama de companhia da rainha. Abigail fará tudo ao seu alcance para atingir os fins, sem olhar a meios nem permitindo que ninguém se atravesse no seu caminho.

O sucesso não se esperava que fosse tão grande, mas Aquaman, com Jason Mamoa, convenceu os espectadores e tornou-se no maior sucesso da Warner e do universo DC Comics desde Batam: O Cavaleiro das Trevas. Desde a estreia a nível mundial o filme do príncipe dos mares rendeu mais de 960 milhões de dólares. Em 2018 foi mesmo a sétima película mais rentável do ano.

CINEMA

ESTREIAS FEVEREIRO

HOLMES & WATSON VICE (14 DE FEVEREIRO) Entre 2001 e 2009 Dick Cheney foi o vice-presidente de George W. Bush. Em Vice retrata-se a forma como o político se foi silenciosamente transformando no homem mais poderoso do planeta. Ao lado do Presidente Cheney vai provocar mudanças nos EUA e no mundo que ainda hoje se fazem sentir.

A comédia baseada na história de Sherlock Holmes e Watson, interpretada por Will Ferrell e John C. Reilly revelou-se um verdadeiro fiasco e pode dar um prejuízo de alguns milhões à Sony. A crítica já tinha sido dura durante as exibições de teste e chegou a ter uma pontuação de 0% no site Rotten Tomatoes. Desde a estreia amealhou a nível internacional 36 milhões de dólares, um valor ainda inferior aos 42 milhões que custou a produção, sem contar com investimento em marketing.

SE ESTA RUA FALASSE (21 DE FEVEREIRO) Das memórias de um amor nascido na infância, nasce uma comovente e intemporal história de amor passada no bairro de Harlem do início da década de 70. Tish Rivers recorda como se apaixonou seu noivo e artista, Alonzo Hunt (Fonny) e como a sua relação de respeito e confiança conseguiu gerar laços tão fortes entre os dois. No entanto, o seu futuro é posto em causa quando Fonny é injustamente preso por um crime que não cometeu. Trata-se de um filme que não só aborda a força da relação do casal como também o elo fortalecedor de uma família afro-americana.

Texto: Tiago Vaz Osório

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OPINIAO

Por Ana Neves, Gerontóloga/Fotógrafa

•DIA DE SÃO VALENTIM? DIA DOS NAMORADOS• EM QUE É QUE FICAMOS? Todos os meses se assinalam diversas efemérides. Talvez a efeméride mais conhecida em Fevereiro seja o Dia dos Namorados. O Dia de São Valentim? O Dia dos Amantes? Mas como surgiu este dia? Fazendo uma breve pesquisa pela Internet percebemos que origem desta efeméride tem as suas raízes numa lenda do século III. Conta a lenda que o Imperador Cláudio II decidiu proibir os casamentos, de modo que os jovens romanos se concentrassem na guerra e na vida militar, não tendo outras “distrações” na vida. Porém, o Bispo Valentim, discordando da decisão do Imperador, continuou a celebrar casamentos na clandestinidade, tendo sido condenado à morte. A troca de presentes, atualmente tão massificada, pode ter a sua origem no facto de o Bispo Valentim receber bilhetes e flores, enviados por anónimos, como demonstração de apoio pela sua conduta. Supõe-se que o Bispo Valentim tenha sido executado a 14 de Fevereiro, embora não haja confirmação.

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No Dia de São Valentim comemora-se a união amorosa entre casais e namorados. Será que comemora apenas esta união? Parece-me que não. Considero que neste Dia também se assinala o afeto entre amigos. Assim, no Dia de São Valentim podemos dizer que se comemora o amor, o afeto (arrisco dizer sentimentos positivos) entre as pessoas que nos são

queridas, como sejam amigos, familiares, namorado/a, cônjuge, etc. Precisará o Amor, ou as suas manifestações, que exista um dia no calendário para lembrar as pessoas da necessidade de ser celebrado? Será necessário haver todo um conjunto de bens e serviços específicos para o Dia de São Valentim para que manifestemos o nosso amor, afeto, carinho, paixão, etc. pelas pessoas que são importantes na nossa vida? Não chegam 364 dias de comemoração? Concordo que há momentos em que se possa fazer de forma diferente para não cair na rotina. Fazer de modo diferente pode espicaçar a relação, tornando-a mais interessante, eventualmente para verificar se faz ou não sentido viver essa relação, no modo que está a ser vivida. São diversos os serviços que nos “bombardeiam” com promoções para não deixar passar em branco a data. Então e as pessoas que não têm uma relação de afeto para assinalar? As pessoas solteiras/viúvas estarão excluídas de assinalar a comemoração do dia do amor? Não me parece. Para mim o importante é cada um de nós celebrar o amor em qualquer dia do ano, da forma que fizer sentido, por exemplo, passar o dia de pijama e pantufas com a pessoa amada. Sem sentir a pressão de não ter comemorado a 14 de fevereiro;


Termino com a célebre sugestão de Raúl Solnado “Façam o favor de ser felizes” e um pensamento de António Feio “A vida é curta demais para se acordar com arrependimentos. Ama as pessoas que te tratam bem. Esquece aquelas que não te respeitam. A vida coloca cada um no seu lugar. Tudo vai e vem por uma razão. Se tens uma segunda oportunidade, agarra-a. Ninguém disse que a vida seria fácil. Só prometeu que iria valer a pena. Coloca na tua página. Vive, deixa viver e sê feliz!”.

OPINIAO

sem sentir a pressão de não ter ido fazer uma escapadinha romântica (seja o que for isso do romantismo) ou um jantar romântico, num restaurante mais luxoso; sem sentir a pressão de não ter oferecido uma bijutaria mais requintada; sem sentir a pressão de não usar uma lingerie sensual.

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A RTE

•A FOTOGRAFIA DE

COMO AUTOCONHECIMENTO• A fotografia de retrato, nomeadamente de nudez, pode ser uma óptima ferramenta de autoconhecimento. Tanto para o fotógrafo, como para o/a modelo. Enquanto fotógrafo, desde o início do meu percurso fotográfico, fui fascinado pela nudez, no entanto, não comecei logo a fotografar nudez. Lembro-me que, nas primeiras sessões fotográficas de nudez, nunca tinha visto uma mulher nua à minha frente, sem ser a minha companheira na altura. Estava, certamente, mais nervoso que elas (as modelos), no entanto, estava numa posição de liderança, onde me cabia criar um ambiente de confiança, de saber o que estava a fazer e, mais importante de tudo, dirigir as minhas modelos, correctamente, para o que pretendia, ajudando-as sempre em todo o processo. Neste processo, quando se começa a dar os primeiros passos e depois a ganhar alguma experiência, percebemos que a questão da nudez, e o eventual desejo erótico que possa surgir, pelo menos, de fotógrafo para modelo, passam para segundo plano. Onde nos questionamentos rapidamente “eu estou a fazer isto para quê?”. E se a resposta for “para fazer arte, para me expressar através da fotografia”, então começamos a desvalorizar o desejo erótico que naturalmente pode existir.

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NUDEZ

E é aqui que surge a magia, enquanto fotógrafo de retrato e autor, que fotografa

nudez: conhecer o corpo humano de forma natural, conhecer a psicologia das pessoas, os seus desejos, medos, etc. Quando a grande barreira da nudez, que é talvez o maior tabu das sociedades ao longo da História, é ultrapassada, começamos a ver as coisas com mais clareza. Minto, se disser que nunca senti desejo erótico por nenhuma modelo. Minto, se disser que nunca me apeteceu largar a máquina fotográfica e tentar a minha sorte com a modelo. Minto, se disser que nunca toquei numa modelo, enquanto a estava a orientar na poses, sentido desejo de “tocar mais”. Mas digo a verdade ao afirmar que tudo isso foi uma fracção de tempo que não foi suficientemente valorizado. Há mais de dez anos que faço fotografia e, seguramente, há mais de dez anos que fotografo mulheres despidas. E, ao longo de todo este tempo, conheci e compreendi muitas das inseguranças das mulheres, das pressões sociais a que são sujeitas (inclusivamente dentro das próprias famílias e amigos). Percebi o quanto pode deitar abaixo a auto estima alguma parte do corpo não estar como é apresentado diariamente nas revistas. Neste ponto da minha crónica, é importante realçar que, a maior parte das mulheres que fotografei nuas, não eram/são modelos profissionais, com muita experiência. Maioritariamente, são mulheres comuns, do povo, de classes baixas, médias. São pessoas como


A RTE qualquer outra, com a diferença que nunca tinham feito tal coisa ou então tinham feito poucas sessões fotográficas. Acredito, piamente, que este tipo de fotografia proporciona momentos artísticos, de genuína criação, mas também de autoconhecimento. Conhecermos as nossas crenças e valores, os nossos limites, aquilo a que estamos dispostos fazer perante a sociedade. Também o conhecimento do nosso corpo e o que nos dá prazer. O fotógrafo, assume, portanto, um papel importantíssimo, onde também ele é uma pessoa comum e, portanto, não lhe pode ser retirado os seus instintos mais básicos, mas pode aprender a saber gerir tudo isso. A nudez nem sempre tem um papel erótico na sua mensagem. A nudez nem

sempre tem o papel de criar desejo, satisfação e procriação. Não nos esqueçamos que nascemos todos nus e são as regras sociais e o sentido de sobrevivência que nos vestem todos os dias. Primeiramente, somos animais com o corpo físico. Apenas isso. E, através da arte, podemos usar esse corpo físico como criação de mensagens e imaginários. Posto isto, desafio o leitor a reflectir, e quiçá, um dia, se aventure na fotografia de nudez.

Texto: Nuno Vilhena Fotógrafo/Filosófico

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OPINIAO

Por Susana Machado

•VIVER O AMOR

CONSCIENTE•

“Nunca vivi o amor”… O amor é um conceito tão falado, desejado e generalizado nos nossos dias que ler o título desta edição certamente causará algum espanto e estranheza à maioria das pessoas. Todos nós - seja em maior ou menor escala - sentimos amor sob diferentes formas desde a nascença até à idade adulta. Pelos nossos pais, irmãos, amigos… por nós próprios?! Não há dúvida, todos nós já sentimos amor. Seja ele romântico ou não. Mas questão que quero levantar é a seguinte: de que forma estamos a viver esse amor? Será possível sentir e experimentar amor, sem o viver efectiva e plenamente? Chegámos àquela altura do ano em que todos os meios de comunicação e estratégias de marketing nos tentam vender o amor. Mas, ainda que o amor se pudesse comprar, isso seria suficiente para o saber viver?

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Não vive o amor quem precisa de uma (ou mais) datas para o assinalar. Oferece flores e bombons e perfumes caros. Leva a cara-metade para jantar à luz de velas num restaurante caro. Faz uma escapadinha romântica. Ouve música romântica e vai dançar. Oferece peluches, almofadas em formato de coração…

Vive o amor quem, de facto, sabe que este se constrói no dia-a-dia, todos os dias, nos momentos fáceis e difíceis. Quem aceita apesar da imperfeição, quem sabe dizer não, quem não coloca condições para amar. Quem oferece tempo, dedicação e um abraço sempre que é preciso. Quem, não raras vezes, tem de tirar do seu próprio prato para colocar no dos filhos. Vive o amor quem não se ilude com datas do calendário, bolhas cor-de-rosa e artifícios publicitários. Quem é capaz de ter explosões de demonstração de afecto quando menos são esperadas, quem não se acomoda, quem luta diariamente pelos seus ideais. Por isso, neste mês que se aproxima e em que tanto se irá falar de amor, sejamos capazes de analisar criticamente as mensagens que nos chegam aos olhos e aos ouvidos. Sejamos suficientemente fortes para fugir às pressões consumistas e às comparações que nos fazem sempre desejar algo melhor do que aquilo que temos… mesmo que isso seja verdadeiro, pleno e perfeito para nós. Vivamos o amor no tempo que dedicamos aos que nos são próximos e não nas coisas que lhes podemos comprar. E se não conseguirmos (ou não quisermos) mesmo fugir às celebrações típicas, façamos escolhas mais sustentáveis:


OPINIAO Em vez de oferecer flores, plantemos uma árvore juntos; Em vez de comer morangos, comamos fruta da época; Em vez dos chocolates suíços e do champanhe francês, optemos por produtos nacionais e locais. Porque o amor não se vive apenas nos grandes gestos e nas palavras, mas nas escolhas que fazemos a cada momento. E o momento é agora!

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•CIRCO

LUISA CARDINALI•

DO CINEMA PARA O CIRCO

Luisa Cardinali mantém o bom nome da família na arte circense e surpreende com as maiores atracções de Hollywood como as personagens de King Kong, Exterminator, Transformers e Homem Aranha que entram no mesmo palco que os palhaços, os trapezistas, os malabaristas e os equilibristas. Com um conceito novo e moderno funde o imaginário com a realidade aliada à tecnologia e inovação em iluminação, som e efeitos especiais nunca antes apresentados. Pelo primeiro ano sem animais de grande porte, surpreende os presentes com numero inédito com gatos acrobatas!

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William Cardinali, Napoleão Cardinali, e a própria Luisa Cardinali são só alguns dos talentos que sustentam este espectaculo tão fantástico. A arte do circo fica assim mais rica com este espectáculo único em Portugal que nos projecta para uma dimensão do mundo da robótica ainda nunca visto. Um espectáculo imperdível para toda a família.


Criada em 2015, a Ushindi Shoes quer inovar pelo design, sem descurar a qualidade e conforto a que á habituamos os nossos clientes. USHINDI SHOES - Made in Portugal e o link do site

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•LUÍS DE MATOS

IMPOSSÍVEL AO VIVO• Depois de 5 anos com Chaos e The Illusionists 2.0, chega “Impossível ao Vivo” ao teatro Tivoli BBVA em Lisboa. Em estreia absoluta, e antecedendo a digressão mundial em 2019, Luís de Matos apresenta “Impossível ao Vivo” no palco do Teatro Tivoli BBVA. Luís de Matos, volta a surpreender com uma viagem fantástica pelo maravilhoso mundo da ilusão onde o impossível se converte em realidade e os limites da imaginação são desafiados. Os Momentum Crew, campeões mundiais de break-dance, actuam durante todo o espectaculo de Luís de Matos criando ritmo e dinâmica entre os diversos números apresentados.

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Joana Almeida, o sul coreano Yu Hojin, Aaron Crow “Mentalista Silencioso” Belga, e os portugueses Tá na Manga, uma dupla de ilusionistas são os convidados de Luís de Matos neste espectaculo e com ele constroem 1h30 de ilusão, magia e fantasia com a assinatura muito particular de Luís de Matos. O espectaculo segue em digressão e volta a Lisboa em Dezembro de 2019.


• PAULO GATO

LANÇA NOVO TEMA •

Paulo Gato ex membro da famosa boysband Milénio está na estrada com, um concerto que percorre, 20 anos e recupera, temas de artistas como Xutos, Palma, Sitiados, Mariza entre outros, um concerto que faz o público cantar os 100 minutos de espectáculo.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

São 20 anos de carreira que fazem de Paulo Gato um artista reconhecido no mundo da música. Créditos: Ricardo Pinho

Com “Não me deixes, não!” , Paulo Gato enriquece o seu reportório musical com mais um tema único e bem a imagem do seu estilo. Agenciado da Nop Agency Produções Lda. uma produtora de renome, Paulo Gato tem agendado o lançamento deste e outros temas para Novembro deste ano.

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A R MÁ RIO S EM CHAVE

•LAÇOS, LACINHOS E LAÇAROTES• Os laços, especialmente os médios e grandes, serão tendência para a próxima estação e prometem fazer sucesso na primavera/verão 2019. O objetivo é criar mais delicadeza as look particularmente as amantes de look`s mais românticos, femininos, sofisticados e detalhistas. Os laços podem aparecer na própria peça, podem ser usados a cintura ou como acessório seja ele no cabelo como em outro complemento. Nos desfiles que apresentaram as tendências do verão 2019 vimos muitas peças que tinham detalhes com laços, especialmente nos tamanhos médios e maxi. Os laços também foram “apresentados” em peças com padrões. Os laços remetem ao feminino, ao delicado, e por isso é importante ponderar se a sua profissão permite ou se adequa o uso de laço para um look de dia e no seu dia-a-dia. Nesses casos damos como sugestão usar laços em peças mais “masculinas” como a camisa de botão ou o blaser, ou em peças de cores mais neutras, que ajudam a dar mais seriedade e formalidade ao look. Os vestidos com a cintura marcada e um laço na cintura ou nas costas, ou com padrão floral são elementos femininos numa peça só.

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Os vestidos com laços são das peças mais delicadas e românticas que podem vestir. Se quiser um look mais clássico pode também se enquadrar os vestidos.

Se o seu estilo é mais romântico e detalhista, invista em peças que tenham mais elementos delicados, não só os laços mas também que tenham renda, aplicações ou uma cor mais suave. Os acessórios são sempre uma boa opção para entrar na moda sem gastar muito, já que eles por norma costumam ser mais acessíveis que uma peça de roupa. Pode ser o laço médios ou maxi como adorno no cabelo pois são super tendência. Podem ser usados também como adorno na roupa e|ou nas carteiras. Basta colocar no laço um alfinete e um gancho que dê para as duas vertentes. Os laços usam se também em echarpes, lenços ou como formato em brincos. Na nossa loja pode encontrar uma basta colecção de laços, lacinhos e laçarotes, realizamos manualmente o modelo, tamanho pretendido bem como o material em que pretende o laço. Costumatizamos também imensas peças o que significa que pode criar um laço para uma peça de roupa que já exista no seu Armário. Pode nos encontrar na loja online através do facebook e instagram ou loja física situada em Chaves. https://www.facebook.com armariosemchaveforman/?fref=ts


A R MÁ RIO S EM CHAVE 49 Texto: Aurea Venceslau


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