Revista Inurban - janeiro 2019

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•Ventos de mudança•

/As minhas crónicas/pág. 11/

•ESPIRITUALIDADE• PARA ONDE VAMOS? (Sónia Araújo Machado)

•VENTOS

/De Dentro para Fora/pág. 12/

DE MUDANÇA•

(Nadine Mussá)

/Amor Vintage/pág. 31/

•AMOR VINTAGE• (Lara Mourisca)


ÍNDICE

F ICHA TÉCNICA Direcão: TIAGO BARREIRO Coordenação Editorial: MANUELA PEREIRA Design/Paginação: SILVANA RIBEIRO Artigos e Rúbricas / Fotos: MARIA INÊS MATOS TELMO FIRMINO NUNO MENDES SÓNIA MACHADO ARAÚJO NADINE MUSSÁ LEONOR NORONHA DR. FILIPE MAGALHÃES RAMOS LARA MOURISCA MARIANA RODRIGUES LIETE COUTO QUINTAL MARIANA COSTA TIAGO VAZ OSÓRIO ANA NEVES NUNO VILHENA SUSANA MACHADO EDUARDA ANDRINO AUREA VENCESLAU Nº de Registo ERC (provisório): 127192

Nota: A responsabilidade dos conteúdos e revisão textual é do autor de cada rubrica! A Inurban não se responsabiliza pela informação escrita e organização linguística.


/Consultório da Mente/

•THE WIND OF CHANGE•-------- Pág. 4 /Team 4 Health/

•ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO NO DESPORTO•-------- Pág. 7 /As Minhas Crónicas/

•ESPIRITUALIDADE, PARA ONDE VAMOS?•-------- Pág. 10 /De Dentro para Fora/

•VENTOS DE MUDANÇA. ACTIVISMOS 2019•-------- Pág. 12 /Páginas Soltas/

•AS ESCOLHAS DO MÊS•-------- Pág. 27 /Filipe Magalhães Ramos/

•A CIRURGIA ESTÉTICA PLÁSTICA E AUTOESTIMA•-------- Pág. 28 /Amor Vintage/

•AMOR VINTAGE•-------- Pág. 30 /Fitness Hut/

•TREINO PARA SER MISS FIT•-------- Pág. 32 /Comer Bem/

•FADIGA AFRENAL•-------- Pág. 36 /Cinema/

•MONSTROS FANTÁSTICOS•-------- Pág. 38 /Opinião/

•MUDANÇA: IR OU FICAR?•-------- Pág. 40 /Arte/

•ARTE, QUE LUGAR É ESTE?•-------- Pág. 42 /Opinião/

•ANO NOVO, MUNDO NOVO•-------- Pág. 44 /Coluna Social/

•ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS, NO GELO•-------- Pág. 46 •ESTREIA DO MUSICAL WHITE CHRISTMAS•-------- Pág. 47 •ESTREIA DO FILME PARQUE MAYER•-------- Pág. 48 •SESSÃO DE AUTÓGRAFOS COM TOM SYKES•-------- Pág. 49 /Por Detrás do Pano/

•SANDRA TEIXEIRA•-------- Pág. 50 /My Pitbull/

•A NOVA LOJA FÍSICA•-------- Pág. 54 /Armário Sem Chave/

•TWEED•-------- Pág. 56


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•THE

WIND OF CHANGE •

Não podia deixar passar a referência a esta belissíma música dos Scorpions, porque é disso mesmo que falamos este mês: ventos de mudança! Ventos que são capazes de nos levar a voos cada vez mais altos, se tivermos a coragem de querer voar, de querer mudar… Estamos perto de um novo ano, e é sempre uma altura de reflexão. Se enquanto andamos frenéticos nas compras de Natal a mente anda ocupada e distrai-se, é no mês de Janeiro que acontece a muitos de nós começarmos a questionar caminhos de vida e acabamos por nos sentir um pouco desiludidos com algumas situações do dia-a-dia. Os “January blues”, ou melancolia de Janeiro, é um sentimento válido e bem mais comum do que se possa pensar. É um sentimento diferente de depressão, mas sim uma espécie de exaustão pós-natalícia que nos deixa com uma ligeira sensação de não haver muito pelo que esperar, pelo menos por mais um ano. Não é algo consciente nem sequer falado abertamente, mas é bastante percetível que a mente está desgastada depois de tanta pressão física e emocional (as dinâmicas familiares e as expetativas criadas levam qualquer um à loucura!). Às vezes penso o quão bom seria criar um grupo de apoio, com direito a cházinho quente e mantas confortáveis, em que pudessemos simplesmente libertar toda a carga desta época, desabafando

e pensando em estratégias construtivas para nos reanimarmos durante este mês, sabendo que todos ali sentimos o mesmo. Mas enquanto esta ideia se mantém apenas na minha cabeça, vamos falar de estratégias práticas para arrumar esta melancolia no armário e darmos um refresh à nossa vida. Se porventura é um dos felizardos que não tem uma única aresta a limar na sua vida, então este artigo não será para si. Mas para todos nós que, por um motivo ou outro, queremos mudar algo na nossa vida então fiquem a saber que é de facto possível… APRENDER A QUEBRAR HÁBITOS A nossa mente gosta de hábitos, de rotinas, pois permite-nos saber com o que contar, dando-nos equilíbrio e economizando energia. Mas da mesma forma que demora algum tempo até


1- DEFINA OBJETIVOS

O primeiro passo deste processo é tomar consciência de qual é o nosso objetivo, tornando-o plausível e realista, de preferência com uma meta razoável e a curto-prazo. É dificil tentar mudar o mundo em 3 dias, mas podemos definir pequenos passos, espaçados de 3 em 3 dias, e que nos levem a mudar nesse sentido de uma forma mais realista. Inicialmente

é necessário alocar algum esforço ativo para colocar os motores a funcionar. É necessário pôr o nosso cortex pré-frontal a funcionar (o cérebro pensante) para que nos seja possível tomar a melhor decisão. A boa notícia é que o esforço a dispender vai diminuindo de dia para dia. Mas saber o que fazer não é o verdadeiro problema… o problema é o compromisso de manter essa resolução! Os estudos provam que apenas 54% das pessoas é capaz de manter uma mudança por mais de 6 meses. Estamos destinados a falhar? Nem por isso. Só não temos muitas vezes a estrutura adequada para manter a mudança. 2- ATINJA UM PICO DE MOTIVAÇÃO Depois de construir um objetivo, de preferência idealizado antes de Janeiro, aguarde pela natural onda de motivação que surge após o Ano Novo. Deve atuar imediatamente mal essa onda de motivação surge, colocando à sua disposição todos os recursos para pôr o seu objetivo em prática e minimizando os obstáculos. Se, por exemplo, quer começar a fazer um novo desporto, inscreva-se mal sente a motivação e vá logo a uma primeira aula. Começar é a parte mais difícil. Tenha em atenção o desgaste, não comece logo em grande e a exagerar no esforço, pois isso conduz a um cansaço que o irá fazer desistir mais rapidamente. Melhore 1% em cada dia. Se hoje consegue correr 5 minutos, amanhã corra 6. Se hoje consegue estudar uns meros 30 minutos, amanhã estude 35. Escreva apenas um parágrafo desse seu projeto a cada dia. E por aí adiante, até conseguir alcançar objetivo que deseja, sem se sentir esmagado pela exigência do esforço. Segundo o Dr Fogg da Universidade de Stanford, torne o seu objetivo pequeno

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formarmos uma nova rotina, também nos é possível treinar o cérebro a mudar o seu padrão de funcionamento. A isso chamamos de neuroplasticidade, a capacidade que o cérebro tem de gravar um novo comportamento pelo simples facto de o repetirmos as vezes suficientes. A todo o momento fazemos milhões de conexões neuronais, mas elas ganham uma força extra quando são constantemente estimuladas, criando uma ligação cada vez mais forte. É como se fizessemos um traço com uma caneta, passando a tinta por cima várias vezes até tornar o risco tão vincado que dificilmente se consegue apagar. E é precisamente isto que acontece na nossa mente, para o bem e para o mal, quanto mais reforçarmos um traço do nosso comportamento ou personalidade, mais difícil será vermo-nos livres dele.

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o suficiente para que se torne infalível à medida que o vai tornando consistente. Assim, mais do que volume de sucesso conseguido, o importante é torná-lo de tal forma automatizado que o hábito ficará profundamente enraizado na sua mente. E permita-se usufruir do sucesso a cada dia, sentindo orgulho de cada passo dado. 3- ESCOLHA UM PATROCINADOR Outra dica importante é arranjar um “patrocinador” da responsabilidade, um parceiro que o apoie e que possa acompanhá-lo durante o processo inicial. Se você tiver de prestar contas a outra pessoa a sua taxa de sucesso aumentará em 95%. Todos temos consciência que a dado momento vamos ter vontade de desistir, e é importante ter um elemento externo capaz de nos incentivar nesses momentos. Tentem, em conjunto, construir um plano de responsabilidade, seguindo os pontos anteriores, começando lentamente e tentando prever as barreiras e limitações que irá sentir pelo caminho. Não se envergonhe de ter vontade de desistir, não é fácil mudar um hábito, mas assuma-o e compartilhe-o com o seu parceiro!

Como diria o famoso psicólogo William James “Coloque-se assiduamente em condições que encorajem o seu novo caminho. Torne o seu novo compromisso incompatível com o antigo; assuma um compromisso público, se o caso permitir; em suma, envolva a sua resolução com toda ajuda que você conhece. Isso dará ao seu novo começo um impulso tão grande que a tentação de fracassar não irá ocorrer tão facilmente. E todos os dias durante os quais um fracasso é adiado aumenta as chances de que ele não ocorra”. Se Janeiro é um mês que despoleta algum pessimismo, aprenda a anteciparse construindo práticas diárias de relaxamento: recomece alguma atividade que lhe dá prazer, marque uma viagem, desenvolva a gratidão por todas as coisas boas que lhe aconteceram no ano anterior, ou simplesmente aceite que o humor é variável e faz parte sentirmo-nos assim após um período de alvoroço. Pare, respire, tome uns momentos para sentir o vento no seu rosto e absorver o poder metafórico desse vento de mudança... Eu confesso que irei iniciar o ano a ouvir aquela música tão especial! Feliz ano novo a todos, este vai ser o nosso ano!!

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Texto: Maria Inês Matos - Psicoterapeuta www.facebook.com/ines.hipnoterapia


As estratégias de recuperação, quer ao nível do desporto amador ou de alta competição, são cada vez mais encaradas pelos atletas, staff clínico, preparadores físicos e treinadores, como parte fundamental do processo de treino devido ao impacto direto que têm no desempenho desportivo e na incidência de lesões nos vários desportos. O planeamento cada vez mais individualizado e específico das cargas de treino ajustadas com recurso à avaliação das cargas internas (frequência cardíaca, questionários subjetivos, etc) e externas no atleta (volume, intensidade, densidade, etc), torna o processo de recuperação um fator determinante para a performance e prevenção de lesões. A recuperação é o período entre o final de uma atividade física e o início da seguinte. Durante este período de tempo o organismo tem de recuperar do desgaste de que foi alvo durante a sessão de treino/jogo e preparar-se para a próxima. A maioria dos atletas sabe intuitivamente que este processo é crucial para manter uma alta performance. A Nutrição e a Hidratação bem como o Sono reparador são as bases fundamentais de um processo de recuperação adequado para reverter a fadiga, diminuir o risco de lesão e potencializar a resposta adaptativa do organismo ao exercício.

NUTRIÇÃO Este é um aspeto fundamental da recuperação, devemos começar por introduzir como filosofia de intervenção dar primazia à comida quando se trata de repor as reservas de substrato energético dos atletas. Escolhas informadas e fundamentadas bem como planos nutricionais individuais podem de forma mais eficaz ir de encontro às necessidades nutricionais da maioria dos atletas saudáveis. No entanto constrangimentos de tempo, difícil acesso a alimentos frescos, mercearias, conhecimentos culinários ou nutricionais, subestimação das necessidades energéticas do desporto podem levar o atleta a ingerir menos do que o necessário ficando abaixo das necessidades nutricionais. Um aspeto importante é a qualidade dos alimentos, de forma a garantir que possuem todas as quantidades e qualidades nutricionais que é esperado terem. O uso de suplementos nutricionais certificados podem ser usados para complementar necessidades (ex: atletas com dietas restritivas por questões de saúde ou alergias, crenças religiosas ou dietas específicas) e não para substituir uma alimentação adequada. A reposição hídrica é também um aspeto determinante, a qual deve ser reposta através da ingestão de água ou bebidas isotónicas. A hidratação deve ser monitorizada através de processos simples como por exemplo a avaliação da cor da urina (mais clara melhor hidratação vs mais escura pior hidratação) ou a pesagem

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• ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO NO DESPORTO •

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antes e após o treino/jogo, ou de forma mais precisa através da refratometria da urina (medição da densidade com um refratómetro); Existem também uma grande variedade de intervenções, embora nem todos tenham grande evidência científica, que podem ser utilizadas pelos atletas para potencializar o seu processo de recuperação. SONO A privação de sono tem um grande impacto nos processos fisiológicos e psicológicos do nosso organismo. Uma baixa qualidade do sono afeta a performance (cardiovascular, metabolismo, os níveis de informação que o cérebro consegue processar e a resposta emocional na execução de tarefas) e aumenta os tempos de recuperação dos atletas.

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A diminuição do período de sono noturno de 8h para 6h ao longo de 14 dias irá provocar uma dívida de sono acumulada suficiente para reduzir a performance cardiovascular até potencialmente 11%. Ao nível do metabolismo a falta de sono pode abrandar o metabolismo da glicose em 30 a 40%. Os níveis de cortisol (hormona do stress ligada a distúrbios de memória, atraso de recuperação e resistência à insulina causada pela idade), aumentam também durante os períodos de baixa qualidade do sono. Elevados níveis de cortisol podem interferir portanto com a recuperação e desenvolvimento muscular, levando a que em períodos de maior sobrecarga de volume/intensidade dos treinos o atleta possa ter maior risco de lesão. O sono pode ser avaliado facilmente por actígrafo.

Mesmo pequenas alterações do tempo/ qualidade do sono resulta num aumento da perceção do esforço. Da mesma forma aumenta a sensação de cansaço, o humor diminui influenciando o estado mental necessário para uma performance vencedora. RECUPERAÇÃO ACTIVA Esta estratégia é frequentemente utilizada, envolvendo a prescrição de exercício de intensidade baixa a moderada que pode ser realizada após treino ou jogo ou posteriormente, no dia de repouso. A duração desta sessão deverá ser de 15 a 30 minutos, baseada em exercícios aeróbios leves. São frequentemente realizadas atividades como nadar, bicicleta estática ou corrida a uma velocidade baixa (no campo ou numa piscina). FOAM ROLLING Este método, relativamente recente e em progressivo crescimento, reclama ser responsável por vários efeitos fisiológicos, a maioria similar aos da massagem, nomeadamente na redução e recuperação das dores musculares pós atividade. A evidência disponível atualmente não permite com confiança confirmar cientificamente a eficácia deste método comparativamente com outros. Durante a sessão de foam rolling os atletas usam o seu próprio corpo para exercer pressão no grupo muscular que está a ser tratado. A sessão dura cerca de 15 a 20 minutos, sendo realizados diferentes exercícios nos principais grupos musculares (dependendo do desporto praticado).


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ALONGAMENTO ESTÁTICO / DINÂMICO Esta estratégia é alvo de debate e está longe de ser consensual, no entanto é largamente utilizada na prática. Dois tipos de exercícios de alongamento são frequentemente incorporados em períodos de aquecimento e retorno à calma. Alongamento dinâmico, realizado movendo lenta e controladamente o membro durante toda a amplitude de movimento disponível. O movimento pode ser repetido várias vezes com pequenos aumentos da velocidade do movimento à medida que a amplitude de movimento aumenta. Alongamento estático implica a escolha de um músculo alvo específico que é alongado de forma lenta mantendo numa amplitude confortável durante 15 a 30 segundos. A manutenção da posição diminui a sensação de alongamento, permitindo progressivamente avançar na posição de alongamento estático e mantendo-a novamente.

Texto: Telmo Firmino

- Licenciado em Fisioterapia; Professor Assistente na Escola Superior de Saúde do Alcoitão; - Fisioterapeuta Coordenador do Futebol Profissional do Sport Lisboa e Benfica; - Doutorando na Faculdade de Motricidade Humana na Especialidade de Comportamento Motor

Bruno Mendes

- Licenciado em Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana; - Mestre em Futebol pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias; - Head of Performance Everton FC - Doutorando na Faculdade de Motricidade Humana na Especialidade de Biomecânica

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•ESPIRITUALIDADE• PARA ONDE VAMOS?

Parece que de repente toda a gente começou a despertar para a sua espiritualidade. Parece que anda meio mundo em busca do seu Eu superior e alongam-se as filas na procura do autoconhecimento, nos trilhos de uma vida passada, nas sendas místicas de si mesmo. Mas terá sido assim tão de repente? Que caminho andamos nós a desbravar? Ou estaremos somente a resgatá-lo? A existência humana é um prolongado friso cronológico que fecha e inicia ciclos, uns atrás dos outros. Tal como pode ser admirado na Mãe Natureza, com o passar das estações ou mesmo, entre o dia e a noite. Tudo chega. Tudo parte. Tão simples assim. É tão presente e evidente essa máxima existencial, mas quando toca a nossa vida, a nossa história, não é fácil interiorizar, muito menos de forma imediata como todo o processo cíclico que nos acolhe. Fazemos resistência.

E sempre foi assim, uma resistência que nos começou a distanciar da nossa essência. Temos uma arma poderosa que nos foi oferecida na distinção de todas as espécies, de tudo o que nos rodeia: o livre arbítrio! O livre arbítrio é a manifesta bondade de um Ser Superior, seja Ele que nome assumir, o justo criador de toda esta maravilhosa obra decidiu que nós, seres humanos, teríamos a capacidade de decidir a direção do nosso próprio caminho. E nós decidimos! Nos primórdios tempos, tudo era justificado com as leis divinas, a espiritualidade era a nossa essência primária. Com o desenvolvimento das competências humanas, a ciência atingiu níveis elevados de conhecimento, encontrando respostas às mais inesperadas perguntas, esmagando em muitos e muitos casos a visão espiritual até então estabelecida.


Independentemente de onde nos perdemos, o resultado está à vista! Andamos à deriva. Sem rumo. Sabemos tanto e ao mesmo tempo tão-pouco. Todavia, quero crer que esta é a Era da mudança, que mais um ciclo se fecha e outro se abre, aproximando ancestralidades, num equilíbrio perfeito com toda esta sabedoria erudita conquistada. Contudo, nunca falaremos de perfeição. É importante que seja relembrado. Porque mesmo nascendo imperfeitos e mortais, teimamos em esquecer ao longo do caminho essencialidades. E esta é uma delas! Não se esperam tempos perfeitos, mas quero acreditar que o novo ano será muito mais consciente e consequentemente, com mudanças significativas. O mundo espiritual coabita com o material. Allan Kader, século dezanove, já assim o explicava e existe um longo e vasto arsenal de obras, estudos científicos que explicam e apresentam provas. Estamos em pleno século vinte e um, talvez, seja o momento de aprofundar o nosso conhecimento nesta área, agregando todo o já até agora adquirido e construir uma nova visão, que afinal não é tão nova assim, mas que precisa de ser aplicada, vivida, para que a história da humanidade entre num novo eixo de evolução. Toda a grande mudança esperada na Humanidade começa dentro de cada um de nós e se cada vez mais existem pessoas nessa busca, o que podemos esperar senão tempos melhores?

É essa esperança que me faz continuar este caminho de desenvolvimento pessoal e conexão espiritual. Estou no processo. Não é fácil. Não é rápido, não permite atalhos e é a doer. Mas recompensa, de dentro para fora, é crescente uma gratidão imensa de poder viver em verdade, poder viver em equilíbrio. Livre e consciente do Universo inteiro que está mim. E é este convite que deixo a todos os meus leitores, que se ainda não começaram, o novo ano que inicia é o mote mais do que ideal, agregado às minhas palavras. Lembrem-se que nada acontece por acaso e despertar a consciência, pode ser árduo, pode ter recuos, mas não há forma de voltar atrás. É tempo de desapegar. Padrões Crenças. Dogmas. Não se consegue fazer diferente quando se mantém os mesmo alicerces tortos. Não há como. É mesmo para deitar tudo abaixo. Esperam-se grandes derrocadas. Tem presente essa simbologia e a cada uma delas, guarda no coração a certeza de que somente há real mudança quando se começa pelas profundezas de quem somos. Só terreno limpo e cuidado se faz capaz de fazer brotar novas e saudáveis flores. Só assim nasce jardim. Procura. Lê muito. Medita ainda mais. Sente com o coração. Encontra a veracidade que faz vibrar a tua alma. Toma cuidado com as ilusões, aparências e os falsos profetas. Conecta-te contigo, na presente presença Universal a que pertences. Todos somos seres espirituais a ter uma experiência terrena. Todos. Encontra o teu acesso único. O caminho faz-se caminhando. Em frente! E é para lá que sigo! Vamos juntos? Iluminado 2019!

Texto: Sónia Machado Araújo

A S MIN HA S CRÓNICA S

Separamos os dois mundos? Ou simplesmente deixamos de entender que o Mundo é o mesmo, só que acontece em distintas dimensões! Apagamos a luz! Escolhemos a escuridão, ou talvez, somente esquecemos que ela também faz parte!

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D E D ENTRO PA RA FORA

• VENTOS DE MUDANÇA ACTIVISMOS 2019: MEDINDO O PULSO AO ACTIVISMO • No culminar de cada ano, são feitas retrospectivas, uma medição do pulso da sociedade e previsões para o ano seguinte. Este ano, decidi voltar-me para o meio activista. Propus a um pequeno grupo de activistas de diversas áreas, em grande parte desconhecidos entre si, que entrassem em diálogo durante um período, em privado, e que depois partilhassem comigo - e, consequentemente, com o caro leitor as suas reflexões nos temas que foram discutidos entre os membros da amostra diversa que foi possível reunir. Encontrar pessoas interessadas em participar não foi difícil. Afinal, se há coisas que os verdadeiros activistas são, pareceme, é proactivos e dispostos a propagar informação em todos os veículos possíveis. Fiz um apelo público em diversos meios, e chegaram até mim pessoas de várias idades e áreas de activismo, que passo a apresentar: Vasco Sampaio, 17 anos, é activista LGBTQIAP+, com mais ênfase na parte trans, antifascista e anti-racista. Inês Santos, 28 anos, foca-se no Feminismo, activismo LGBTI+, no tema da Precariedade e activismo políticopartidário (Bloco de Esquerda.)

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Raquel Silva, 30 anos, concentra-se no Feminismo, e activismo LGBT+/Queer.

Mariana Guerra, 26 anos, focase maioritariamente em questões relacionadas às não-monogamias consensuais - já foi capa da Inurban no mês de Abril de 2018 a propósito desse mesmo tema - assuntos queer e direitos animais. Carmo Gê Pereira, 36 anos, advoga direitos sexuais, defesa de diferentes orientações e identidades de género maioritariamente. Faz parte de diversos colectivos LGBTQIA+ e Feministas, porém o seu foco está na luta interseccional pelo prazer. Para todos. Pelo prazer como acto revolucionário, de auto-cuidado e de mudança social. Ana Martins, 34 anos, sensibilizadora da causa animal, parte do grupo Anonymous for the Voiceless. E, Inês Vilhena, 21 anos, activista pelos direitos animais nos Anonymous for the Voiceless e no The Save Movement. Em primeira análise, há a apontar que todas estas pessoas são activas nas suas áreas de foco activista, participando em movimentos e iniciativas e/ou aplicando os seus ideais na sua vida pessoal. São pessoas, com vozes individuais que emprestam e com esperança que a luta traga a mudança que tanto querem. Deixei o microfone ligado para que todes falassem, e a maior conclusão a que cheguei ao observar as intervenções e diálogos foi que todas as pessoas


Foi dito que os diversos tipos de opressão estão interligados, e que lutam contra a estrutura social actual, através de diferentes causas. Foi uma conversa aberta, inclusiva, em que houve aceitação e, mesmo quando houve discordância, manteve-se o respeito entre estes participantes.

A certa altura alguém disse a mais polémica frase da conversa: “Acredito que o capitalismo sustenta todas as outras opressões.” Ao que alguém prontamente respondeu, discordando: “O racismo, o machismo, o patriarcado, etc. já existiam antes do capitalismo. Acho que estas opressões alimentam o capitalismo. Acho mais fácil derrotar o capitalismo se derrotarmos as outras opressões do que o contrário. É perfeitamente possível acabar com o sistema capitalista e ainda haver crimes de ódio, especismo e outras formas de opressão.”

“A intersecção entre feminismo e veganismo é algo bastante falado por Carol Adams no livro Sexual Politics of Meat. Ela desenha um paralelismo entre a forma como falamos do corpo feminino, como se o dividíssemos em “postas”, como carne no talho.” - Mariana Guerra. Em todas as áreas de activismo presentes, foram apresentadas vitórias conseguidas em 2018, mas também houve espaço para assumir que nem tudo corre como planeado, seja por razões externas ou particulares a cada activista. Activistas, além de lutarem por uma ou

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presentes, e os activismos que representavam, podem ser interligados em alguns pontos. Este ponto traznos a ideia de que é possível que os mais diversos activismos, por causas semelhantes ou bastante diferentes, trabalhem em paralelo para o mesmo fim, ou contra o mesmo inimigo.

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mais causas, são também pessoas. “As minhas maiores dificuldades este ano, pessoalmente, foi conseguir gerir o activismo com a vida pessoal e profissional. A maioria de nós trabalha ou estuda, ou fazemos os dois e muitas vezes em sítios completamente opostos daquilo pelo qual lutamos, em condições precárias e vulneráveis, que muitas vezes nos deixam sem forças para continuar a lutar por nós e pelos nossos ideais. Mas não se chamaria luta se fosse fácil por isso o que gostava de melhorar é mesmo esse equilíbrio entre vida social, pessoal, profissional e principalmente aceitarmos os nossos limites para podermos cuidar dos nossos corpos, mentes e a parte emocional que acaba por ser a mais desgastada no activismo.” - Raquel Silva Têm trabalhos e vidas pessoais, tempo limitado, têm as suas ansiedades e limitações, que contornam de modo a conseguir atingir os seus fins de formas menos convencionais do que o público em geral espera de típicx activista. Entre o grupo, temos um drag king, por exemplo, ofício amplamente desconhecido em Portugal, que vem quebrar barreiras de uma forma nada convencional. O activismo pode chegar a nós de diversas formas, não são apenas aquelas marchas de pessoas de megafone em punho. Há activismo mais silencioso, porém não menos poderoso, que até a pessoa mais introvertida pode integrar. O activismo pela arte, por exemplo. Neste ponto pode-se mencionar a Zine Cuntroll, que pelas mãos de Raquel Silva, promove o trabalho de mulheres precárias e queer, autorxs em desvantagem na esfera global. Queer As Fuck, também mencionado por Raquel, foca-se em criar um sentido de comunidade e festas onde as pessoas queer se sentissem seguras, representadas, e onde se pudessem


O projecto Neuf Haus de Mariana Guerra, é também um espaço de expressão livre de preconceitos, onde se podem ler textos sem pudor, que regressará em breve ao mundo online. “Sair à rua a gritar palavras de ordem e estar no meio de multidões nunca foi fácil para mim, mas ao longo dos anos consegui ultrapassar esses medos, por todas as pessoas que não o podem ou conseguem fazer e com a ajuda de pessoas incríveis que me puxam para a frente. Os introvertidos podem ser muito calados e reservados mas também temos coisas para dizer e boas ideias para partilhar, acredito que existem vários tipos de activismo (como disse na conversa) e o meu foco está muito no conceito de ARTIVISMO, a arte como activismo. (…) Acredito que arte é activismo tão legítimo quanto sair à rua aos gritos. Acredito que existem vários tipos de activismos, todos válidos e importantes, principalmente quando feitos por pessoas com identidades marginais.” - Raquel Silva No que diz respeito a factores externos, um evento activista, como qualquer de outro cariz, tanto poderá ser um sucesso como sofrer falhas e enfrentar dificuldades como o difícil alcance de pessoas fora do meio activista e a intolerância de que são alvo, mas o grupo mostrou não esmorecer e continuar a lutar pelas suas causas. Há a questão da necessidade de permissão oficial para a realização de acções de sensibilização, que por vezes demora a ser concedida. Outra questão mencionada na conversa liga-se ao que foi referido previamente: antes de activistas, são pessoas. Como tal por vezes

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divertir à vontade celebrando as suas características identitárias que seriam motivo para discriminação noutros espaços.

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também falham. Houve uma activista que expressou a sua frustração com alguma agressividade e falta de pedagogia e compreensão por parte de outros activistas perante discursos problemáticos. Existe o problema de haver quem não distinga um comentário mal informado de discurso de ódio. Quanto ao outro lado, disseram ser difícil lidar com a falta de empatia e a indiferença por parte das pessoas externas. Este sintoma pode ser aplicado aos demais activismos. As respostas são, muitas mais vezes passivas ou agressivas do que receptivas e positivas. Tentam dar voz a quem não a tem ou é silenciade, e emprestar a voz nem sempre é trabalho fácil. “Somos cada vez mais os que sofrem de ansiedade e depressão, os que não conseguem pagar uma renda, os que não conseguem alimentar-se, ter uma vida social saudável, descansar.” - Inês Santos Do lado da defesa animal, veio o comentário da passividade do público perante factos que activistas apresentam, com provas. Saem à rua para informar e perguntam em que o cão de estimação de quem abordam é diferente de um porco, por exemplo. Pretendem iniciar debates saudáveis e informativos sobre vegetarianismo, veganismo e direitos animais. “Tive a sorte de me ter apercebido sozinha que o que fazia era algo horrível, mas há quem nunca se aperceba, então tenho de ajudar.” - Inês Vilhena

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“Sou da opinião que chocar não provoca nada de positivo, sem ser explicado.” - Ana Martins. Ana afirma que nas acções em que participa são mostradas imagens

chocantes, porém está sempre alguém disponível para explicar. A defesa feminista mostrou-se activa em várias frentes, com diferentes tipos de movimentos e acções, como a Rede 8 de Março ou o Festival Feminista de Lisboa, projectos que poderão conhecer melhor abaixo ou investigar caso surja o interesse. Foi feita a menção aos acórdãos, que, embora por um lado tenham sido ditos um retrocesso, houve quem discordasse dizendo que estes sempre existiram, apenas estão a ser denunciados agora. Falou-se num certo feminismo, passo a citar, “de passadeira vermelha”, que não será verdadeiramente interseccional por se esquecer, por exemplo das questões de classe. A certo ponto na conversa, surgiu a inevitável questão que todos os feministas enfrentam. Por que não dizer Direitos Humanos? Prontamente houve quem esclarecesse que a ideia de Feminismo é ainda pouco compreendida e tida como o oposto de machismo. Não o é. O oposto de Machismo é Femismo, não Feminismo. O Feminismo Interseccional luta pela igualdade e equidade entre todas as pessoas e animais, por contraste


Feminismo chama-se assim pelas suas raízes, sendo agora o interseccional voltado para as mais diversas causas, incluindo o combate ao especismo (discriminação com base na espécie.) Lutam pela equidade de todos os seres, a abolição da opressão e por uma visão global destes assuntos. Uma outra intervenção explicou que, ao preferir a expressão “Direitos Humanos” versus “Feminismo”, apagar-se-ia a questão do lado privilegiado e do oprimido em questões como o machismo e o patriarcado. Ainda assim, houve concordância que talvez tenha de haver uma adaptação do discurso de modo a que a causa chegue a quem a rejeita por ignorância quanto à mesma. Quanto ao activismo trans, foi referido que 2018 foi um terrível ano para as pessoas e para a causa. Falou-se no quão letal foi em todo o mundo, especialmente na América Latina, através de crimes de ódio, sendo a maioria das vítimas mulheres trans, não brancas. Falou-se nas leis transfóbicas do governo americano, e uma massiva mensagem transfóbica no Reino Unido através de diferentes meios de comunicação, com o aumento do movimento TERF (feminismo radical que exclui pessoas transgénero.) A lei da autodeterminação de género, conseguida este ano, vou referida como um avanço, porém não completamente como seria preciso para as comunidades trans e intersexo. Um retrocesso referido foi a questão dos direitos de trabalhadores do sexo, que, parafraseando, este ano

sofreram um retrocesso devido à política abolicionista por contraste a descriminalizante do plano da Câmara Municipal de Lisboa no que diz respeito à prostituição. Falou-se no aumento do fascismo, com o crescimento da extrema-direita cujos ideais radicais foram propagados, e na resistência aos mesmos que se mantém. Foi manifestada grande preocupação com o resultado das eleições europeias, sendo a activista que interveio da opinião que este tipo de eleições servem muitas vezes como, cito, “voto de descontentamento” o que poderá levar a um acréscimo na ascensão da extremadireita na União Europeia. Apelou a que a resistência, conjunta, terá de ser forte, pois “se avizinham tempos difíceis.” “Julgo que os anos que nos esperam serão mais duros e seremos vistos a olho cru. Espero um maior posicionamento, com alianças claras e definidas e uma maior transparência colectiva (em 2019).” - Carmo Gê Pereira

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à ideia generalizada e mal informada de que seria um movimento pela superioridade da Mulher. No Feminismo Interseccional encontram-se pessoas de géneros, grupos étnicos, orientações sexuais, identidades, classes, capacidades, variados, e muito mais.

O grupo concordou quando se disse que tudo é política. “Cada vez mais as acções de subactivismo são extremamente importantes na alteração da mentalidade da população e através disso activar mudança institucional.” Mariana Guerra Foi então que terminou a reunião que durou 5 dias e pedi que reflectissem sobre a conversa e os temas que foram abordados. Convido o leitor a ler o que estes activistas têm para dizer sobre as áreas em discussão, a quem dei a abertura de se expressarem livremente. Fizeramno, e assim provam que não existe uma só aproximação ao que são pessoas activistas.

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TESTEMUNHOS VASCO SAMPAIO O ano de 2018 foi um dos anos mais letais para as pessoas trans e não-binárias em todo o mundo, especialmente na América do Sul, onde mais de 369 pessoas (TGEU, 2018) pertencentes à comunidade foram assassinadas em crimes de ódio, destacando-se o assassínio de mulheres trans não-brancas. Houve também uma sucessão de leis transfóbicas sendo aprovadas nos Estados Unidos pela administração Trump e uma publicação em série de artigos, reportagens e documentários de carácter transfóbico e sensacionalista no Reino Unido, com o crescimento e solidificação do movimento TERF no país. 2018 foi também, apesar de tudo, um ano de conquistas, destacando-se em Portugal a promulgação da lei da autodeterminação de género e protecção das características sexuais. Foi uma grande conquista de direitos das pessoas trans e intersexo, tendo o Estado reconhecido legalmente o direito à nossa identidade, mas não foi um avanço tão grande como poderia ter sido, sendo algumas das suas limitações o facto de ter deixado de fora as pessoas não-binárias, que ainda têm muitos obstáculos pela sua frente, e as crianças e adolescentes trans com menos de 16 anos, mesmo sabendo nós que a identidade de género se desenvolve muito antes desta idade. Alargar a abrangência e inclusão da lei é um dos objectivos a atingir, assim como a retirada do marcador de sexo do Cartão de Cidadão, que não estava presente no antigo Bilhete de Identidade. Outra questão imperativa é aumentar e melhorar a resposta do Serviço Nacional de Saúde à comunidade trans e não-binária,

formando os profissionais de acordo com as nossas necessidades, reduzindo as listas de espera (ou providenciando alternativas viáveis e acessíveis às mesmas) e despatologizando ao máximo todo o processo de transição, pois apenas nós sabemos quem somos e o acesso a procedimentos cirúrgicos ou terapia hormonal não pode estar dependente do quão válida es médiques consideram a nossa identidade. É também necessário aumentar a acessibilidade de cuidados de saúde mental à comunidade trans e não-binária pois a mesma está em posição de especial fragilidade, sofrendo de discriminação sistémica em todos os aspectos da sociedade e estando sujeita a minority stress. A não-aceitação, discriminação e violência culminam numa chocante estatística – cerca de 41% das pessoas trans tentam cometer suicídio pelo menos uma vez durante as suas vidas, sendo a taxa relativa à população geral de 5% (Williams, 2017). Por fim, um dos principais objectivos é também desenvolver estratégias de intervenção em situações de bullying transfóbico, que têm um grande impacto nas capacidades de aprendizagem dos estudantes trans e não-binários. INÊS SANTOS Em 2018 houve uma maior consciencialização feminista e igualitária, ou pelo menos eu acho isso. Enquanto algumas pessoas pensam que houve retrocessos pelas notícias que recebemos, eu penso que o facto de elas se tornarem públicas e de haver resposta e revolta perante as mesmas é um avanço, pois violações, assédio, abuso, violência sobre as mulheres, sempre existiu, apenas não tínhamos acesso a essa informação e, se tivéssemos, não creio que houvesse tanta mobilização que existiu este ano. Claro que ainda somos pequenos quando


Se tiver que falar em retrocesso, falo na ocupação do espaço e opinião pública pelo feminismo liberal. Apesar de reconhecer a importância de haver feministas liberais e que são conhecidas nacional e internacionalmente, pois chegam a muita gente, pessoas que seria muito difícil activistas anónimas chegarem, e contribuem para que se fale mais de feminismo e se proteja alguns direitos, especialmente contra a violência física e psicológica, assédio e direitos LGBTI+, e mesmo anti-racismo, apesar deste último menos, falha redondamente no feminismo interseccional e anti capitalismo pelo qual me bato. Daí estar empenhada na Greve Internacional Feminista de 8 de Março que creio que correrá melhor e terá mais impacto em 2019 que em 2018, em que apenas foi possível fazer uma greve ao consumo e a (alguns) cuidados. Em termos de precariedade é que penso que houve retrocessos ou, pelo menos, não tantos avanços como aqueles que são

necessários e pelos quais me bato. Apesar de este governo ter aumentado o salário mínimo, o mesmo não foi suficiente para acompanhar a especulação imobiliária e o aumento dos preços em quase todos os produtos e serviços. A minha geração caracteriza-se pela geração “nem, nem”. Nem estudante nem trabalhadora, apenas precária. Há poucos meios para estudar e ainda menos para conciliar trabalho e estudos. Os contractos, quando existem, são precários, com salários baixos, de curta-duração e sem nenhumas regalias. Os estágios “curriculares” são a maior oferta de mercado ou a exigência é que sejamos 4 profissionais num só. Dando o exemplo da minha área, para um único cargo exigem pessoas que saibam de design, programação, faça comunicação online e comunicação offline. Isto depois alastrase para outros campos, que contribuem para a precariedade na vida: somos cada vez mais os que sofrem de ansiedade e depressão, os que não conseguem pagar uma renda, os que não conseguem alimentar-se, ter uma vida social saudável, descansar. Penso que este modo de vida

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vemos as manifestações de Espanha, França e até Argentina. Mas vamos caminhando.

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não é sustentável por muito mais tempo, mas julgo que ainda não será em 2019 que haverá grandes mobilizações que provoquem alterações mais profundas ao modo de funcionamento da sociedade ou que nos garanta mais direitos enquanto trabalhadorxs, e consequentemente, enquanto pessoas. As mobilizações vão ser muito mais de travagem da ascensão da extrema-direita que prevejo que irá escalar na europa, especialmente porque temos eleições europeias, que muitas vezes servem de voto de protesto e com as ondas que andam, após eleição de Trump e, especialmente, Bolsonaro, que haverá muito facho a sair da toca, a sentir-se à vontade e que as grandes mobilizações serão para travar isso e não melhorar a situação actual, “apenas” garantir que não piora.

identidade do festival que é interseccional e inclusivo, palavras que ainda não saíram muito das bolhas activistas mas que precisam de ser conhecidas pelo público em geral. Pois o feminismo só faz sentido quando pensado por todxs que lutam e resistem, como li há dias numa entrevista com Joacine Katar Moreira, presidenta do Inmune “Não se pode defender apenas algumas igualdades.”

RAQUEL SILVA O objectivo geral dos meus activismos é a igualdade de oportunidades e mais representatividade de identidades e experiências marginais. Em 2018, conseguimos impulsionar e organizar a primeira edição do Festival Feminista de Lisboa em Março foi com certeza o momento mais alto do meu ano, tanto que até agora (Dezembro) continuo a sentir as suas repercussões. Ainda há pessoas que me falam sobre o impacto que o festival teve nas suas vidas e de como foi um momento marcante para a cidade e para o feminismo, ao juntarmos pessoas e colectivos que já lutam há imenso tempo por estes direitos e novas perspectivas de pessoas que nunca pensaram na sua arte ou no seu trabalho como parte integrante de um movimento politico e social. O melhor é ouvir o quão importante foi ter um programa tão diverso, pelo qual lutámos muito, tentando seguir a

Em 2019 vou continuar na organização do Festival Feminista de Lisboa e já estamos a dar os primeiros passos para isso. Depois de uma primeira edição que ultrapassou as nossas expectativas e que tomou uma dimensão muito maior do que apenas o grupo de 15 a 20 pessoas que se propôs a organizá-lo voluntariamente agora temos a certeza de que é possível, urgente e necessário um evento como este ter lugar numa cidade como Lisboa que é cada vez menos nossa. Espero continuar a organizar eventos e parcerias como grupo Queer As Fuck, principalmente o Queer Quiz que me dá um prazer imenso organizar, mas também voltar às festas, a ocupar espaços


Espero que os projectos em que estou envolvida cheguem a mais pessoas e não fiquem só pelas nossas bolhas activistas, através da ocupação de espaços com iniciativas emergentes, ideias novas que ponham as pessoas a questionar as regras deste mundo e a sua posição dentro do mesmo, acredito que isso é possível. Na conversa de grupo percebi que temos experiências muito semelhantes e que

mesmo ao nos focarmos apenas num certo tipo de activismo é sempre possível criar pontes de partilha, pois todas as lutas por um mundo melhor estão interligadas. Interesso-me muito pelos direitos dos animais por exemplo, e pessoalmente há anos que faço questão de falar sobre isso dentro dos meus grupos sociais por isso foi bom saber o que está a ser feito publicamente dentro desse activism por aqui. Acredito que 2019 será positivo, pois a cada ano que passa vejo que muitas pessoas mais novas já cresceram com estes exemplos e têm uma noção do seu papel social de uma maneira muito mais confiante. Assim como de pessoas que nunca se viram ligadas ao activismo mas que no seu dia-a-dia fazem acções que contribuem para a mudança. MARIANA GUERRA Avançámos e recuámos durante 2019. Em relação às não-monogamias consensuais, em Portugal, avançou-se. Fala-se mais do assunto e organiza-se eventos, palestras, entrevistas. Atingese objectivos, provoca-se a conversa, a desconstrução. Estamos longe da aceitação, especialmente no que toca à estrutura familiar mas estamos cada vez mais perto, um dia mais perto, um ano mais perto. Globalmente, questões como o casamento entre mais do que duas pessoas e a possibilidade de ter mais do que dois nomes nas certidões de nascimento começaram a ser discutidas em países como o Canadá. Mas onde há uma parte boa há sempre a parte má: Acredito que tudo está relacionado e que, se recuamos a nível de política global, vamos também recuar em termos de causas, especialmente aquelas que se posicionam tão politicamente distantes das visões capitalistas e neoliberais

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com cultura LGBT e criar momentos de partilha e convívio para quem se sente perdido ou excluído mesmo dentro dos ditos espaços queer friendly (e que por si só já são muito escassos). Acontecerá a edição número 2 do Festival Feminista de Lisboa! Haverá Queer Quizes com edições temática, a 3ª edição da feira de zines queer feminista Zines R Us, que tem como objectivo dar visibilidade a artistas mulheres e/ou queer que produzem fanzines, arte e projectos independentes. Contem também (da minha parte) com mais dj sets como DJ Lobotomy, mais performances de drag como Joaquim Fónix e mais envolvimento em outros tipos de activismo.

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dominantes. Recuamos em questões trans nos Estados Unidos, assim como em questões ambientais e de igualdade de género. Recuamos em questões de migração na Europa e em direitos humanos. Avançámos pesadamente na censura da internet (foi ainda há dois dias que vimos o Tumblr banir todo o conteúdo considerado adulto e o Facebook está sempre nas notícias). Agarramo-nos às vitórias locais (Pensar global, agir local, certo?) Não faço previsões para 2019, em vez disso falo de esperanças. A esperança repousa numa revolução de amor. Na morte das políticas neoliberais que desenham muros entre humanos, na aversão ao capitalismo e no amor ao próximo. A esperança repousa em nós, que tenhamos a coragem e a possibilidade de dizer “já chega” e mantermo-nos lá, firmes e hirtos, sem recuar. Na alteração profunda do mercado laboral e dos objectivos económicos que destroem um futuro colectivo, um futuro que é nosso e de quem vem a seguir. Acima falei do casamento em grupo que acho um tópico importante. Penso termos que nos dedicar a pensar, enquanto comunidade, se este é o caminho que queremos seguir. Se queremos activamente perseguir a institucionalização nos conformes actualmente reais e possíveis ou se queremos antes derrubar as instituições como o casamento, ou, no mínimo, diminuir a sua importância a nível global.

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Quando nos esforçamos por nos alinhar com a corrente, perdemos um pouco da nossa identidade diversa e tal como o movimento LGBT passou por uma sanitização, uma homogeneização das suas representações também as representações diversas de família, amor,

relações que temos na nossa comunidade teriam que passar pelo crivo institucional. É isso o que queremos? Integrar-nos por aquilo que nos faz igual em vez de sermos aceites, respeitadxs pelo que nos faz diferentes? Disse também acima que acredito que tudo está inextricavelmente conectado, que todas estas causas estão ligadas. Acredito que a opressão opera em cadeias e que, por isso mesmo, não nos podemos esquecer que a nossa libertação nunca pode significar a opressão de outrem, que nos temos que mover em uníssono, enquanto uma luta única, enquanto um movimento queer, descolonizado, antifascista, anticapacitista, anti-idadista. Espero a destruição das políticas de identidade e a formação de uma nova forma de olhar a luta, menos profundamente individualizada, menos binária, que venha, primariamente, de um espaço de amor. Espero a formação de verdadeiras políticas da intimidade, que se foquem na partilha de recursos e de amores. Espero a destruição do amor romântico enquanto força opressora e apoiante da família nuclear e a criação das suas novas formas. CARMO GÊ PEREIRA No meu currículo activista, além dos colectivos LGBTQIA+ e Feministas como as Panteras Rosa, Lóbula e a Slutwalk Porto, refiro que fui parte integrante das Acampadas, no início desta década e fui estando presente, na medida do possível, em vários movimentos, momentos e manifestações que primam quer pela horizontalidade, quer pelo reconhecimento de mudanças de base, de um sistema político e hierarquização de vidas. Nos últimos anos, quer pela


As maiores dificuldades de 2018 prenderam-se com uma falta de tempo, saúde e uma estrutura financeira ainda precária que obrigam a uma escolha mais cuidada de investimento. Também a falta de posicionamento claro de alguns movimentos fizeram repensar possíveis colaborações. Para 2019, prevejo uma maior estruturação do aspecto pedagógico e interventivo a nível de educação não formal, a clarificação de posicionamento político de forma mais assertiva e a maior participação em determinados movimentos de base. integração da Educação Não Formal como mais uma ferramenta, quer pelas lutas que tenho travado com pares, trabalho mais profundamente nesta aproximação ao prazer e a uma cidadania íntima e publica plena, que seja não capacitista, com ligações aos movimentos de diversidade funcional e neurodiversidade, anti-racista, feminista, lgbtqia+ e que conteste o sistema político, financeiro e institucional que nos foi assignado, ou o funcionamento em falha do mesmo. No final de 2017 e início de 2018 entrei num processo de formação europeu dedicado a criar uma equipa transnacional de 22 pessoas preparadas para formarem pessoas que trabalham com juventude em reconhecimento de discurso de

A nível de acções e movimentos, para já estão em cima da mesa algumas propostas para intervir a nível da revisão de ferramentas educacionais de uma perspectiva de reconhecimento de estruturas de opressão, a continuação dos workshops de interseccionalidade e discurso de ódio, a maior participação em colectivos LGBTQIA+ e anti-racistas e uma maior visibilidade de lutas que têm estado mais invisíveis, como a das pessoas bi e pansexuais, a da sexualidade e prazer de pessoas neurodiversas, com diversidade funcional e com doenças crónicas e a compreensão e maior visibilidade da assexualidade enquanto questão identitária.

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ódio e transformação do mesmo. Com a aprendizagem adquirida, principalmente entre pares, e as ferramentas de ENF, começou-se a abrir uma nova perspectiva pedagógica de forma de criar uma mudança estrutural. Ao mesmo tempo, a maior visibilidade e poder de governos e movimentos de extrema-direita e uma radicalização crescente de uma contrareforma visível durante este ano, incitaram a um maior sentimento de urgência.

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ANA MARTINS Faço parte do grupo activista Anonymous for the Voiceless. Este grupo de activistas visa sensibilizar todos os seres humanos sobre o sofrimento animal e como este pode ser evitado com algumas alterações nossas sem prejudicar em nada o ser humano, muito pelo contrário, o ser humano terá sempre benefício na eliminação de consumo de produtos animais. Quem faz uma dieta vegan, tem o previlégio de não ter problemas de colesterol, logo serão mais saudáveis, doenças cardíacas não são um problema típico de vegans. Existe um benefício imenso na eliminação de todos os produtos animais da nossa dieta, quer seja em nosso proveito próprio (mais saúde) e também a nivel ambiental (gerações futuras irão também beneficiar), água menos poluída e menos gazes enviados para a atmosfera. Existem várias razões para ser vegan, qualquer uma delas é válida. A maioria dos vegans que conheco deixou de comer produtos de origem animal pelos animais, ou seja para eliminar sofrimento desnecessário destes. O grupo de activistas Anonymous for the Voiceless faz acções de sensibilização e consciência através da formação de “cubos” humanos como se pode ver nas fotografías que envio. Existem depois membros do grupo que ficam de fora a falar com todos os que estiverem interessados em saber mais sobre veganismo, substitutos, situação e condições de vida animal em matadouros, etc. Todos os activistas estão vestidos de roupa preta para afastar a atenção deles próprios e (para que) os transeuntes se foquem no que realmente interessa: os vídeos que estão a ser partilhados pelo grupo no cubo em portáteis e tablets.

Recomendo a quem não saiba o que é ser vegan ver um documentario chamado “Forks over Knives” não tem imagens gráficas mas explica muito bem o que implica ser vegan. Para quem não tem medo de imagens fortes e deseja ser bem informado das condições a que os animais que comem são sujeitos a minha recomendação será o documentário “Earthlings”. Algumas das acções tambem fornecem provas de bolos vegan, assim como salgados, (sem plásticos) para que quem esteja interesado em verificar por si só que não sentirá qualquer mudança ou falta nesta pequena transição que pode ter um impacto fulcral no futuro. Quanto ao futuro do activismo do grupo, é de geral consenso que vamos tornar as acções mais frequentes e mais espalhadas pelo país, nao focando só em Lisboa mas no resto do continente e ilhas. Vamos tentar chegar ao maior número de pessoas possível, para consciencializar e espalhar esta mensagem de que não e necessário de todo o sofrimento animal para a sobrevivência humana e para alem disso será melhor para todos, humanos e animais tanto como para gerações futuras que tudo seja feito para assegurar o melhor para todos. O grupo de activistas está motivado para tal. INÊS VILHENA O meu activismo foca-se no modo de vida vegano e na consciencialização do sofrimento dos animais. Tornei-me activista 9 meses depois de me ter tornado vegana porque me sentia desesperada, porque apesar de eu já não contribuir para o sofrimento dos animais isso não fazia com que os outros não contribuíssem. E pensei para mim: “Tive a sorte de me ter apercebido sozinha que o que fazia


Agora faço parte dos Anonymous for the Voiceless e do The Save Movement. A primeira é uma organização que procura chocar as pessoas com exposição de imagens gráficas, em que os voluntários estão todos vestidos de preto, com máscaras a tapar a cara e com computadores a passar os vídeos: o objectivo é fazer passar a mensagem que não somos nós, os activistas, que somos relevantes, nem a nossa identidade, mas sim o que se passa nos matadouros, nas leitarias, nos laboratórios. O The Save Movement é um grupo com um objectivo semelhante e com outra abordagem: os activistas vão para os matadouros prestar uma última homenagem aos animais que chegam nos camiões. Faço muitas vezes a comparação com funerais: é muito triste um funeral estar vazio. Nós estamos ali para que eles tenham alguém a prestar testemunho à sua morte, para que alguém assista ao funeral deles. Quando o camião chega tiramos fotografias e filmamos para as redes sociais, para a consciencialização das pessoas sobre o que se passa ali. O meu objectivo último é que as pessoas com quem interajo se tornem veganas, mas no dia-a-dia o que procuro é que as pessoas com quem falo, seja pessoalmente, nas acções de activismo ou através das redes sociais tenham conhecimento do que é a indústria da carne, do leite e dos ovos, e simultaneamente que tenham noção de todos os benefícios que advêm de adoptar um estilo de vida vegano. Só sou activista desde Outubro de 2018 por isso não consigo fazer um balanço do ano no seu todo; contudo estes poucos

meses deram para perceber as dificuldades que os activistas passam. A dissonância cognitiva presente no mundo faz com que os activistas que tentam transmitir uma mensagem de respeito e compaixão sejam tratados com indiferença e mesmo desprezo. Mas nem tudo é mau: muita coisa foi alcançada em Portugal! Muitos restaurantes veganos abriram; cada vez mais lojas vendem coisas apropriadas a veganos e muitos restaurantes “normais” começam a disponibilizar pratos que não incluem crueldade (é de louvar a iniciativa da Aliança Animal, que vai aos restaurantes do Porto e os ajuda a incluir uma opção vegana no menu). Isto tudo porque as pessoas estão cada vez mais sensibilizadas, e acções de rua como Cubos da Verdade, festivais veganos com showcookings e palestras e partilhas nas redes sociais têm um impacto enorme a longo prazo. Para 2019 vou participar muito mais no activismo vegano: vou ser activa nos Anonymous for the Voiceless e no Lisbon Animal Save, vou procurar ser mais activa nas redes sociais e também entre os meus amigos e familiares. Sei que enquanto comunidade activista há muito planeado para 2019, como vigílias, novas acções de rua como o Down with Dairy (Cubos da Verdade específicos para a indústria do leite), mais Círculos do Silêncio (acção de rua em que se está com uma fita cola na boca e cartazes na mão), mais incentivos aos restaurantes para terem opções veganas, e mais festivais. O nosso objectivo é que o veganismo seja cada vez mais algo que faz sentido e menos “um culto”, menos “estranho”. O nosso objectivo é principalmente que os animais sejam vistos como os seres sencientes e merecedores de respeito que são.

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era algo horrível, mas há quem nunca se aperceba, então tenho de ajudar.”

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Tenho medo que, em 2019, Portugal não evolua como eu quero que evolua. Que continue a ser um país que abusa dos animais e que consequentemente causa sofrimento, patrocina tortura e divide famílias. Tenho medo de tentar e falhar, e a pessoa com quem estou a falar não queira saber nem sinta a importância do assunto, e isso aconteça vezes e vezes sem conta. Mas isto são os medos normais de qualquer activista, e não tenho o direito de pôr o meu receio à frente do sofrimento dos animais, por isso nunca vou desistir. A minha determinação é saber que há animais ainda a serem mortos pelo simples prazer do paladar, e isso impõe-se a tudo o resto. Em meu nome, e em nome da Inurban, agradeço a amabilidade destas pessoas em partilhar as suas ideias com todos nós respeitando a voz alheia.

Links úteis: Encontro de Mulheres https://www.facebook.com/ encontromulheres.pt/ Rede 8 de Março https://rede8marco.wordpress.com Festival Feminista de Lisboa https://www.facebook.com FestivalFeministaDeLisboa Queer as Fuck https://www.facebook.com/queerasfvckpt Zine Cuntroll https://www.facebook.com/takecontroll Joaquim Fónix https://www.instagram.com/joaquimfonixx/ Forks over knives https://www.forksoverknives.com/ Carmo Gê Pereira www.carmogepereira.com https://www.instagram.com/ carmogepereira/ https://www.facebook.com/ carmoGepereira/

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Texto: Nadine Mussá


•AS ESCOLHAS DO MÊS • MARIA DO CASTELO (Âncora editora) Catarina Fonseca, jornalista e escritora, regressa aos livros com uma história onde o romance, o suspense e a aventura são os ingredientes que compõem o enredo. “Maria do Castelo” é uma menina que vai viver, com a mãe, para a aldeia de Cascatas, uma localidade perdida no meio de nenhures que se lhe assemelha ao fim do mundo. Aqui não há nada – nem café, nem amigos, nem cinema – apenas uma casa grande com rosas e um “castelo”. Numa linguagem informal, cuidada e atual (imagem de marca de Catarina Fonseca) a autora descreve a adaptação da personagem principal à sua nova vida e ao novo local para onde vai morar. Maria preenche os seus dias com uma nova amiga, com visitas às grutas subterrâneas e até com uma história de amor contada por uma vizinha. Mas um acontecimento inesperado vai alterar o seu percurso e o da trama. Uma história para todas as idades que vai encantar os leitores ate à ultima página. Catarina Fonseca já publicou várias obras e as suas reportagens e crónicas podem ser lidas, todos os meses, na revista Activa.

TRAIÇÕES, PODER E BASTARDOS REAIS (Manuscrito editora) As historiadoras Ana Cristina Pereira e Joana Pinheiro de Almeida trazem-nos histórias das paixões reais e dos filhos naturais que delas nasceram e que se tornaram, pelo reconhecimento paterno, infantes de Portugal, os chamados bastardos régios. Em “Traições, poder e bastardos reais” as autoras transportam-nos até à época de D. Afonso Henriques, suas amantes e filhos ilegítimos que, devido ao facto de terem “sangue azul”, tentaram alcançar mais poder e estatuto a qualquer custo. Estes episódios marcaram a História de Portugal em diferentes momentos com verdadeiras “batalhas” pelo direito à sucessão entre irmãos, con-

flitos abertos entre filhos e pais, conspirações, prisões e exílios. Longe das luzes da ribalta e dos documentos oficiais, neste livro ficamos a conhecer tramas secundárias que tornaram os seus intervenientes em personagens conhecidas, e nalguns casos fundamentais, da História de Portugal.

REMÉDIOS NATURAIS PARA TODAS AS ESTAÇÕES As plantas têm propriedades benéficas que contribuem para o nosso bem-estar e para que possamos disfrutar da vida durante mais anos e com saúde. Sof McVeigh, fundadora da The Homemade Company - cuja filosofia é recuperar a simplicidade, a alegria e a pura diversão de fazer coisas em casa, com amor e cheias de propriedades benéficas - propõe um vasto número de receitas e sugestões fáceis, testadas e experimentadas pela autora, desde esfoliantes corporais a bálsamos para os lábios assim como compotas e geleias confecionadas com bagas que podem ser apanhadas no campo. Organizado por estações do ano, este livro, permite tirar o maior partido possível de cada época de forma a que possamos aproveitar ao máximo o que a natureza tem para nos oferecer seja em produtos salutares ou presentes originais. Em “Remédios Naturais para todas as estações” encontramos mais de 50 remédios caseiros de fácil execução feitos a partir de plantas encontradas na Natureza.

PÁG INA S S OLTA S

por Leonor Noronha

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FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

•A CIRURGIA ESTÉTICA PLÁSTICA• EA

AUTOESTIMA

A Cirurgia Estética e Plástica muitas vezes encontra-se associada a problemas de autoestima e de imagem de muitas pessoas. Por vezes, a Cirurgia Estética e Plástica poderá ajudar a corrigir deformidades e outros problemas de imagem que poderão ajudar a recuperar a autoestima que teve ou nunca teve. A Cirurgia Estética e Plástica detém riscos, mas também gera benefícios tanto estéticos quanto para a autoestima. E a autoestima é tão importante para a saúde como a alimentação saudável e a prática de exercício físico. Pode ser entendida como uma saída para a insatisfação e o desequilíbrio da conexão ente o corpo e a mente. Aliás, um estudo demonstrou que, quando comparados com pacientes que não se tinham submetido a uma cirurgia plástica, os que tinham feito sentiam-se mais saudáveis, menos ansiosos, com maior autoestima e mais atraentes. Uma vez que a imagem é importante no mecanismo de identidade pessoal, a aparência desempenha um papel relevante nas nossas vidas.

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Antes de se submeter a uma cirurgia ou procedimento estético ou plástico deverá estar ciente de todos os prós e contras associados aos mesmos. Fazer sempre uma pesquisa associada ao que pretende e ao melhor procedimento para o obter. Pesquisar sempre sobre o médicocirurgião assim como fotografias de casos que poderão ser idênticos aos seus.

Mas sem nunca esquecer que o mais adequado será sempre realizar uma consulta de avaliação para esclarecer todas as suas dúvidas e para saber qual o procedimento mais adequado para si. Na clínica FMR Cirurgia Estética todos os nossos profissionais estão prontos ajudar para que escolha o procedimento mais adequado para recuperar a sua autoestima e melhorar a sua qualidade de vida. Desde procedimentos cirúrgicos a não cirúrgicos, passando pelas consultas de Endocrinologia. Poderá visitar o nosso site para ficar a conhecer-nos melhor! Site: www.fmrcirurgiaestetica.com Telefone: 22 316 8066 Telemóvel/Whatsapp: 915 127 622 Email: geral@fmrcirurgiaestética.com


FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S Texto: Dr. Filipe Magalhães Ramos

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A M OR VINTAG E

•AMOR VINTAGE• Convidam-me a participar nesta revista numa edição cujo tema é “Ventos de Mudança”. Não posso deixar de lado toda uma parte de mim que acredita que os sinais da vida são como um mapa. E como é no sabor da vida que vamos encontrando o que nos faz ser quem somos e é a forma como lidamos com o que nos acontece, que determina a história que contamos sobre nós... A minha fala de Amor! Neste caso o amor pelo estilo boémio e pela escolha despretensiosa do vestido de casamento que conquista cada vez mais noivas. O conhecido ditado “less is more” faz-se sentir cada vez mais no mundo dos casamentos e somos atingidos completamente por uma onda de simplicidade com um toque arrojado dado por escolhas cuidadas a simular o descuidado. Assim são os cabelos cuidadosamente despenteados, os sapatos muitas das vezes trocados por pés descalços, sandálias rasas, ténis ou em grande contraste botas texanas... Na maquilhagem as peles querem-se bem trabalhadas numa textura fina. A escolha dos tons aponta para paletas suaves, onde se arriscam batons garridos muitas das vezes numa combinação perfeita com bouquets de cores vivas.

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Abri esta edição a falar de noivas mas as surpresas que vos irei trazer serão inúmeras. Estarei por aqui a partir de agora para vos falar do mundo no feminino e de como no Amor Vintage terão a oportunidade de encontrar um tempo de bem estar ao serviço da beleza. Por ser a minha estreia na revista ofereçovos um voucher de desconto para uma make up durante o mês da revista. Basta seguirem-me no instagram e no facebook e enviarem uma mensagem privada para que fique oficializada a promoção. www.amorvintage.pt @amorvintage.pt e no face Amor Vintage


A M OR VINTAG E Texto: Lara Mourisca

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F ITNES S HU T

•TREINO PARA SER•

MISS FIT

Pequenos ajustes na sequência (e no intervalo) dos exercícios trazem mais resultados quando o objetivo é queimar gordurinhas. Tire melhor proveito do seu treino e potencialize o gasto calórico com estas estratégias simples. A musculação é uma das das atividades mais recomendadas pelos profissionais de saúde para qualquer pessoa pelo facto de ser uma atividade física altamente versátil e que pode ser direcionada para vários objetivos, sejam eles emagrecer, aumentar ou definir a musculatura, como também prevenir lesões e até tratá-las. 6 SÉRIES, 12 REPETIÇÕES, 30-45 SEGUNDOS DE DESCANSO

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PESO MORTO

Puxar a barra do chão com ambas as mãos até que o corpo esteja totalmente paralelo ao chão. Faça força com os calcanhares e aperte os glúteos na finalização do movimento. Jamais puxem com a parte inferior das costas (lombar).

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HIP THRUST FIT BALL

a) Preparação: Senta-te no chão com as pernas esticadas. Alinha as costas contra a bola. As costas devem estar apoiadas na bola abaixo da zona onde colocas a barra no agachamento (zona média das omoplatas). b) Avança o corpo e segura na barra c) A barra deve estar simétrica, apoiada na anca e ligeiramente acima da pélvis. O Hip Thrust é um exercício que exerce muita pressão na zona inferior do abdominal e região púbica. Utilizar uma almofada para a barra vai ser o ideal para não sentires desconforto. d) Inclina-te atrás e apoia as costas corretamente. Pressiona as costas contra a bola, recuando os pés em direção dos glúteos. Os pés devem estar mais ou menos à largura dos ombros e a uma distância que crie um ângulo de 90º entre o joelho e a tíbia na posição final do movimento.

F ITNES S HU T

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e) Respira fundo e contrai o abdominal. A barra deve sair do chão através de uma contração potente dos extensores da anca.

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STEP UP

a) Em pé, com os pés afastados na largura dos ombros , coloque uma barra na parte de trás dos ombros, segurando-a com a mão pronada. Inspire, mantenha o tórax firme e coloque um pé na frente, sobre um caixote de 30 cm. Essa é a sua posição inicial. b) Expire enquanto coloca o pé sobre a caixa e move a sua coxa para cima, levar o pé de trás ao encontro do pé que está apoiado na caixa. Pause e volte à posição inicial.

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WALKING LUNGE COM ROTAÇÃO DO TRONCO Com certeza que é um dos melhores exercícios para pernas, tendo como principais músculos trabalhados os quadricipetes, posteriores da coxa e gluteos, Esta alternativa com rotação incide mais sobre o gluteo, aumentando também a contração abdominal,

a) De pé, com espaçamento entre os pés e largura dos ombros b) Dê um passo para a frente fletindo o joelho da perna que avançou de modo a formar um ângulo de 90 graus, tendo o cuidado de que o joelho não ultrapasse a ponta do pé. c) Avança a outra perna para a posição idêntica à anterior faz o mesmo, de seguida faz uma rotação do tronco. d) Recomenda–se fazer lentamente


CLAM

a) Deite-se de lado, com os quadriciptes e ombros em uma linha reta. b) Flexione os joelhos para que as coxas fiquem num ângulo de 90 graus. c) Descanse a cabeça no seu braço superior, uma vez que está estendida em cima, ou dobrado, o que for mais confortável. d) Verifique se o seu pescoço é longo para que sua cabeça não está inclinada para trás ou dobrado para a frente. e) Dobre o braço superior e coloque a mão no chão na frente de seu peito para a estabilidade extra. f) Sobreponha os quadris diretamente em cima uns dos outros na vertical. Faça o mesmo com os seus ombros.

F ITNES S HU T

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g) Use seus músculos abdominais profundos para manter esse alinhamento durante todo o exercício. h) Mantenha os dedos grandes dos pés juntos, para poder girar lentamente a perna na articulação do quadril para que o joelho abra. i) Abra o joelho apenas na medida em que pode ir sem perturbar o alinhamento dos quadricpesi j) Lentamente traga o joelho de volta para a posição inicial.

Fonte: Mariana Rodrigues, PT Linda-a-Velha Fotos: Liete Couto Quintal - LCQ Photography https://www.facebook.com/lietecoutoquintal

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COM ER BEM

Por Mariana Costa e a Dieta do Tipo de Corpo

•FADIGA AFRENAL•

QUANDO O STRESS SE TORNA CRÓNICO

O “stress mata”, sempre ouvimos dizer, é mesmo verdade. O stress é a resposta biológica a tensões fisicas, emocionais ou ambientais. Quando o stress se torna crónico aumentamos a produção de adrenalina e cortisol (a hormona do stress) nas Glândulas Adrenais que são umas glândulas minúsculas localizadas sobre os rins responsáveis pela produção de hormonas muito importantes! O aumento da produção destas hormonas causa insónia, fadiga, depressão, irritabilidade e problemas digestivos. Quando a Adrenalina sobe durante periodos de stress as enzimas digestivas são inibidas e o açúcar no sangue sobe. Á medida que este processo se prolonga no tempo outros sintomas aparecem que são muito mais difíceis de reverter.

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A este processo de stress crónico chamamos fadiga adrenal e tem os seguintes sintomas, que calculo muitos de vocês sintam, este é para mim o flagelo deste inicio de século: - Diminuição do sistema imune - Hopoglicemia e apetite por açúcar - Sono pouco descansado - Aumento do colesterol - Retenção de água - Perda de potássio - Perda de sensibilidade á insulina resultando em predisposição a diabetes Incapacidade de produção hormonal saudável. O mais difícil é convencer as pessoas a alterar a forma como reagem ás tensões que provocam stress... Sejam elas um casamento difícil, filhos que não dormem, falta de dinheiro, etc... Reverter este processo implica uma revisão da vida, descobrir o que nos está a stressar e actuar de forma positiva para evitar o acumulo de stress. Mas nesta sociedade consumista ninguém quer fazer esse trabalho todos acham que existem remédios para tudo mas não há! O único remédio é não reagir da mesma forma de sempre aos problemas ou mesmo tentar evitá-los. Aprender lições de vida, aprender a poupar, a comunicar, a ouvir o seu corpo e respeitá-lo, a ter uma vida espiritual, a dar tempo para que os problemas se resolvam, a não se comparar com


Aqui ficam as minhas recomendações que espero que leia e tente seguir porque a sua vida está nas suas mãos.

Caminhadas na natureza são muito benéficas assim como o contacto com animais! Os alimentos e alguns suplementos têm um papel decisivo no suporte destas glândulas mas sem a sua reação positiva aos problemas nada vai mudar.

Seja pro-activo, aprenda a viver sem stress e lembre-se: Rir é o melhor remédio! Um bom natal e ano novo para todos os meus leitores!

Alguns dos alimentos que podem ajudar a recuperar desta fadiga adrenal são alimentos ricos em crómio, magnésio, sódio, vitamina C e Complexo B:

COM ER BEM

mais ninguém, a ter tempo para a família e animais, a definir prioridades e finalmente aprender a comer bem e a exercitar-se!

SÃO ELES... - Bananas, papaia e kiwi - Brócolos, aipo e couve flor - Caldo de carne feito com ossos - Sal marinho/sal rosa dos Himalaias - Requeijão - Leite de vacas de pasto - Figado e perú - Sumo de laranja - Pimentos vermelhos - Suplentos de Camu camu e ashwaganda. O QUE DEVE EVITAR? A luz azul proveniente dos telemóveis, ecrãs e aparelhos eléctricos. O exercício fisico extenuante e continuo também provoca stress. Por isso recomendo dias de descanso entre atividades muito intensas. Deve evitar alcoól e alimentos muito gordurosos e salgados como enchidos, queijos gordos e manteiga,

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CINEMA

•MONSTROS FANTÁSTICOS• OS CRIMES DE GRINDEWALD

O mundo fantástico da Magia voltou ao grande ecrã para contar um pouco mais da história que antecedeu a saga de Harry Potter. Voltamos a encontrar Newt Scamander e as suas criaturas fantásticas numa nova aventura, com um mesmo inimigo: Geller Grindewald. Depois de ter sido capturado no primeiro filme da prequela dos filmes de Harry Potter, o feiticeiro consegue escapar à MACUSA (O Congresso de Magia dos EUA) e começa a pôr em marcha o seu plano para criar feiticeiros de sangue puro que consigam controlar todos os seres não mágicos.

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Só que Albus Dumbledore está determinado em impedir que Grindewald leve a sua avante. Apesar de misteriosamente não poder ele próprio enfrentá-lo, o ainda professor em Hogwarts pede ajuda a Scamander.

Este mesmo desconhecendo os riscos volta a aceder ao pedido do seu antigo professor. Tirando proveito de algumas das fraquezas e debilidades de algumas das personagens, Grindewald vai conseguir garantir um maior apoio para a sua causa. Deixa a sua influência crescer, deixando que sejam os outros a procurá-lo em vez de ser ele a tentar convencê-los a juntarem-se à causa. Monstros Fantásticos é um filme que, apesar de ter uma história bastante independente da trama da saga Harry Potter, é aproveitado por J.K. Rowling para descortinar mais alguns dos mistérios dos livros. A autora e também guionista do filme demonstra uma vez mais que o mundo que criou tem ainda muito pano para mangas. O universo não se esgotou em Harry Potter e ainda há muito para contar sobre este mundo da Magia.


TOP E FLOP

MARIA, RAINHA DOS ESCOCESES

BOHEMIAN RHAPSODY

(17 DE JANEIRO)

O filme sobre Freddie Mercury e os Queen tornou-se no biopic musical mais rentável do cinema ao ultrapassar “Straight Outta Compton”, o filme de 2015 sobre o grupo de rap N.W.A.. Em cinco semanas de exibição a película arrecadou 375,1 milhões de dólares no mercado internacional e 164,4 milhões nos EUA. Este sucesso entretanto parece estar a ser reconhecido com a surpresa nas nomeações para os Globos de Ouro: categorias melhor obra dramática e melhor ator por Rami Malek.

filme retrata o regresso a Inglaterra de Mary Stuart. Depois de se ter tornado rainha de França aos 16 anos e enviuvado dois anos depois, Mary vai envolver-se num conflito com a rainha Isabel I numa tentativa de recuperar o trono da Escócia. Tudo isto ao mesmo tempo vai ainda desafiar a pressão de voltar a casar-se.

COLETTE

CINEMA

ESTREIAS JANEIRO

ROBIN HOOD

(24 DE JANEIRO) Em Colette conta-se a história de uma das mais aclamadas escritoras francesas e todo o seu percurso para se conseguir afirmar nos salões artísticos parisienses no virar do século XIX. Um caminho nem sempre fácil de percorrer, mas que acabará por torná-la numa das figuras mais acarinhadas da literatura francesa.

A nova versão de Robin Hood parece não estar a convencer nem na bilheteira nem a crítica. Aliás este pode mesmo vir a ser o grande flop do ano. Nos primeiros cinco dias de exibição nos Estados Unidos o filme apenas amealhou 14 milhões de dólares, o que é muito pouco tendo em conta que esta foi uma produção que terá custado cerca de 100 milhões de euros à Lionsgate.

CORREIO DA DROGA (31 DE JANEIRO) Clint Eastwood está de volta à realização e à protagonização de um filme. Desta feita retrata a história verídica de um agricultor que, aos 90 anos, é apanhado a transportar três milhões de dólares em cocaína para um cartel mexicano. A história de um homem que se bateu na Segunda Guerra Mundial, mas que durante muitos anos trabalhou em segredo para o cartel de Sinaloa.

Texto: Tiago Vaz Osório

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OPINIAO

Por Ana Neves, Gerontóloga/Fotógrafa

•MUDANÇA:

IR OU FICAR?•

Por vezes pergunto-me quais as motivações que levam as pessoas a ir morar para outro país a milhares de quilómetros de distância; a deixar as suas raízes, os seus familiares; ir para um país com outra língua, outros hábitos, outro clima, etc. etc., etc..

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No meu emprego contacto com várias pessoas que escolhem Portugal para viver. A maioria são mulheres com diferentes caraterísticas: solteiras, casadas,

com ou sem filhos, com ou sem família na cidade que escolheram para viver, estudar ou trabalhar, problemas de saúde próprios ou dos filhos. Independentemente das suas idiossincrasias todas procuram melhorar a sua vida. Apesar das dificuldades sentidas em Portugal, dizem que a vida é melhor neste pedaço de terra à beira mar plantado que nos seus países.


Embora todos falemos português nem sempre nos entendemos da melhor forma. As palavras têm diferentes acentuações, o significado das expressões é diferente, há expressões muito próprias de cada cultura (‘saudade’), pelo que a comunicação não é eficaz. Por vezes, quando estou a explicar o método de trabalho, apercebo-me que há alguma falta de coragem, por parte destas mulheres, para assumir que não perceberam o que eu lhes disse. Fico com a sensação de ver um daqueles balões de banda desenhada com o pensamento “Vi a tua boca a mexer, ouvi som a sair mas não percebi nada do que disseste!?”. A experiência foi-se ensinando que se utilizar palavras/expressões simples e próprias de cada país (que fui aprendendo com outras imigrantes) sou melhor entendida. Um exemplo: se disser que o trabalho é em regime de prestação de serviços, que será trabalhador independente ou por conta própria, que terá de abrir atividade/coleta, algumas pessoas não entenderão a 100% o que lhe disse. Todavia, ao dizer “profissional liberal”, que não é um regime de trabalho tradicional, por conta de outrem, a mensagem que quero transmitir é melhor compreendida. Algumas destas mulheres têm a sorte de ter familiares a morar em Portugal há mais tempo que as ajudam a percorrer o longo caminho para a obtenção do título de residência. Acontece que por vezes o tempo passa tão depressa entre a chegada e o início do processo de pedido de residência que os vistos caducam e o processo fica bem mais complexo.

Na brincadeira com colegas, digo que sou quase “especialista” em imigração, ou melhor nas voltinhas necessárias a dar para o início do pedido de residência. Muitos de nós não temos de nos preocupar com uma série de documentos, pois temo-los como dado adquirido. Os imigrantes, com que me tenho cruzado, para terem número de contribuinte têm de ter um representante fiscal. Depois se querem ser trabalhadores independentes têm de ter outro representante. Por vezes é necessário terem alguém que comprove que estão efetivamente em território português, onde é que estão a morar e se estão a trabalhar. Compreendo que haja necessidade de analisar bem todas as situações de pedido de residência em Portugal.

OPINIAO

A maioria destas mulheres vêm de países lusófonos: Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, pelo que a barreira da língua está um pouco atenuada. Muito pouco atenuada, aliás.

Estando nós na tradicional época do ano em que se fazem/pensam algumas mudanças, vou continuar a ajudar as pessoas que escolhem Portugal para morar. Há coisas tão simples como: fornecer o contacto do gabinete de apoio ao imigrante; tentar agendar uma reunião no gabinete de apoio; explicar que se foram a um balcão de um serviço público em detrimento de outro, são melhor esclarecidas nas suas dúvidas. Não sou melhor que outras pessoas mas se mudar de país também gostaria de ser ajudada.

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A RTE

•ARTE ,

QUE LUGAR É ESTE?•

Que lugar estranho é este? Será que me pertence? Ou será que lhe pertenço? Onde está quando preciso dele? E quando o encontro e não sei como me meter lá dentro? Mas... serão só mesmo alguns que estão predestinados a esse lugar? Caro leitor, eu tenho um desafio para ti. Imagina um espaço vazio, que pode ser totalmente escuro ou totalmente branco. Esse espaço é infinito. Por muito que procures um fim para ele, uma barreira que não consigas transpôr, não vais encontrar. Esse espaço onde estás neste momento é, portanto, infinito e totalmente escuro ou totalmente claro. Mais ainda, aquilo que gostava que te apercebesses, é que nem sequer tens gravidade aí. Portanto, a ideia do caminhar, nem existe. Mas vou vais longe, meu caro leitor. Nesse espaço não há qualquer tipo de regras, de leis, de censura, de tabus, e de todo e qualquer sentimento. É um espaço profundamente nada. É nada, sim! É nada e é tudo! Mas vamos dar-lhe um nome. Eu sugiro… arte. Não é original, eu sei. Mas podemos assumir então que esse espaço com todas as características que te falei, se passa a chamar Arte? Obrigado, leitor.

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Ora, agora quero que deixes esse espaço por um momento e voltes a ti. mas quero que penses na tua vida, nas coisas que gostas e não gostas, naquilo

que te é estranho,, nas pessoas que conheces, em tudo o que vês diariamente à tua volta, tudo aquilo que os teus sentidos absorvem. É isso mesmo! Pensa em tudo aquilo que os teus sentidos (audição, visão, tacto, olfacto) absorvem de tudo o que está à tua volta segundo a segunda da tua vida. E quero que reflitas, também, em todas as tuas crenças, teus valores, pensamentos, tudo. Numa frase simples, quero que te concentres em tudo o que diz respeito a ti! (Vamos focar-nos em ti, nesta crónica). Agora, gostava muito que enquanto reflectes sobre ti, toda a tua sensibilidade e pessoa em si, que viajasses para o lugar que falámos à pouco. Vamos para a Arte. Quando estiveres na arte, gostava que pegasses naquilo que a ti te fizer mais sentido para representares tudo aquilo que a tua sensibilidade sugerir. Eu não te quero influenciar nas ferramentas que usas, mas posso-te dar dicas e dizer-te que usualmente as pessoas pegam em máquinas fotográficas, em lápis, tinta, a própria voz, o próprio corpo, etc… e transformam todo o produto da sua sensibilidade em algo que os outros podem ver/ouvir/sentir/cheirar. Caro leitor, é mágico, não é? Lembra-te que o lugar a que chamamos de Arte, não tem Leis, não tem censura, não tem absolutamente NADA que condicione a tua livre expressão. Penso que ambos podemos validar, então,


A RTE que Arte, é tão somente o lugar onde cada um de nós materializa o produto da nossa sensibilidade.

sobre esse lugar chamado Arte e sobre o quanto esse lugar é importante ser explorado por nós.

Enquanto artista, que utiliza a fotografia como forma de exprimir, tenho percebido ao longo dos anos a enorme dificuldade que as pessoas têm em purgar todos os seus conflitos interiores e exteriores. Todos os seus medos e alegrias.

Eu, felizmente, vivo a minha vida a explorar esse lugar. E, no dia em que eu não conseguir navegar mais nesse espaço vazio, morro.

Muitas dessas pessoas, alguma vez na vida, tomaram conhecimento de Arte, mas nunca se aprofundaram muito sobre esse lugar. Somos ensinados a ser produtivos em busca de sustento, mas não somos ensinados a lidar com os nossos sentidos e sentimentos de uma forma pro-activa e refrescante. É esse o lugar da Arte na vida de cada um de nós. Temos a ideia que só alguns é que têm “queda” para ser artistas, quanto na verdade, todos somos nutridos de sensibilidade. Sem excepção. É importante uma tomada de consciência

(Esta crónica foi escrita ao som do álbum “Solo” de Rui Massena) Obrigado, caro leitor, por durante alguns minutos, estarmos em sintonia neste mundo fantástico que é a Arte. Porque arte, é um lugar tão infinito quanto a infinitude da nossa sensibilidade.

Texto: Nuno Vilhena Fotógrafo/Filosófico

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OPINIAO

Por Susana Machado

•ANO NOVO,

MUNDO NOVO• Nada melhor do que a chegada de um novo ano, a perspectiva de um recomeço, para pensar em mudança. Todos os rituais de passagem de ano e o todo o marketing associado nos levam a reflectir sobre os nossos hábitos, rotinas, sobre nós próprios e sobre o mundo em que vivemos. Por todo o mundo, milhares de pessoas tomam resoluções de Ano Novo (e vida nova!) que vão sendo mais ou menos cumpridas ou que, com o passar do tempo caem no esquecimento, muitas vezes até à passagem de ano que se segue. Talvez sejamos demasiado exigentes connosco próprios ao pretender que a mudança ocorra toda de um dia para o outro (literalmente!). Contudo, a oportunidade que esta data nos apresenta para fazermos uma reflexão e balanço sobre os assuntos que nos são mais importantes é fundamental e riquíssima do ponto de vista do desenvolvimento do nosso ser. Tudo muda! E a mudança acontece constantemente. Muitas vezes de uma forma mais lenta e gradual, quase imperceptível. Outras de forma vertiginosa e até catastrófica.

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Aqueles que têm estado atentos, sabem que o nosso planeta está a mudar, não só em virtude da sua evolução natural, mas também em resultado da acção inconsciente e inconsequente do ser humano, nas últimas décadas (ou séculos…). Cabe-nos, por isso, efectuar pequenas mas significativas transformações na nossa forma de agirmos e de nos relacionarmos - entre nós e com a natureza - de forma a travar esta mudança que nada de positivo nos pode trazer a longo prazo. Ao contrário das que tentamos implementar nas nossas resoluções de ano novo… Mais do que uma resolução radical que vai cair no esquecimento, como tantas outras, é preferível que adoptemos pequenas alterações que gradualmente se enraízem na nossa vida e que nos inspirem e motivem a continuar a adoptar um modo de vida mais sustentável. Por isso mesmo, aqui lhe deixamos 12 mudanças que poderá começar a implementar no início de 2019. Uma por mês… 1. Procure conhecer a área onde vive. As pessoas, as instituições e as iniciativas. Assim terá mais consciência das necessidades existentes. 2. Doe aquilo que não precisa e que pode ser útil a outras pessoas.


4. Procure ter uma alimentação saudável e faça exercício. Inspire os seus familiares e amigos a fazer o mesmo. 5. Promova a educação para a sustentabilidade dos seus filhos/alunos.

OPINIAO

3. Consuma produtos provenientes de comércio justo e biológico;

6. Utilize tecnologias que respeitem o ambiente e as pessoas. 7. Reduza o consumo de plástico. Traga sempre o seu saco de compras reutilizável. 8. Utilize produtos em segunda mão. 9. Programe as suas compras e analise criticamente os anúncios publicitários. 10. Denuncie situações de discriminação, abuso, ou discurso de ódio online. 11. Melhore a eficiência energética de sua casa. 12. Mantenha-se informado e avalie regularmente as suas contribuições nas diferentes esferas (em casa, trabalho, cidadania…). Reajuste os comportamentos sempre que necessário. ... não é assim tão difícil, pois não?

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS• NO GELO

Todos os anos a AMLIVE prepara e oferece um espetáculo de luxo para toda a família, e este ano foi mais uma prova disso.

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Com um reportório em contos épicos, a AMLIVE cria magia sobre o gelo todos os anos. Este Natal Alice no País das Maravilhas, fez as delícias de todos os miúdos e graúdos numa noite cheia de magia ao estilo clássico da Disney.

O espectaculo esta a decorrer até 6 de Janeiro 2019, no Centro Comercial Alegro em Alfragide com sessões a tarde e à noite.


• ESTREIA DO MUSICAL

WHITE CHRISTMAS •

Foi a 23 de Novembro que o musical de Natal White Christmas subiu ao palco do auditório do casino do Estoril. White Christmas é o musical baseado num conto de Natal, o musical de todos os tempos com a inimitável assinatura da Artfeist. Henrique Feist, Diogo Leite, André Leite e Mariana Pacheco elenco deste grande espectáculo, dão corpo e alma a 1h30 de canções e interpretações com cheirinho a inverno numa simbiose perfeita com um grupo de músicos dirigidos pelo maestro Nuno Feist.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

O desenho de luz é da autoria de Paulo Santos, um homem que projecta magia nos palcos. Um espetáculo imperdível para toda a família. Créditos artepertince.com - Nuno Silva

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•ESTREIA DO FILME

PARQUE MAYER• DE JOSÉ PEDRO VASCONCELOS

Três anos depois de “Amor Impossível” (2015), o realizador António-Pedro Vasconcelos regressa aos cinemas com um novo filme, “Parque Mayer”, sobre o início do salazarismo. O filme, escrito por Tiago Santos, decorre em 1933, numa altura em que o Estado Novo começava a formar-se. O elenco é composto por Francisco Froes, Daniela Melchior, Diogo Morgado e Miguel Guilherme. Lisboa, 1933. Num teatro do Parque Mayer, durante os ensaios para uma nova revista, há de tudo: amores não correspondidos, pequenos dramas pessoais e uma constante lutam contra a censura e a hábil tentativa de a contornar. Mas, acima de tudo, o Parque Mayer esconde terríveis segredos com a capacidade de destruir vidas num tempo em que o Estado Novo começa a apertar o cerco à liberdade de cada um. Portugal inteiro está no “Parque Mayer”, onde a resistência à opressão será feita com um quadro de revista. O filme é produzido pela MGN Filmes, com Tino Navarro como produtor.

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• SESSÃO DE AUTÓGRAFOS COM TOM SYKES• Foi na tarde chuvosa de 29 de Novembro pelas 18h30 que a Moto-ponto rececionou a sessão de autógrafos com piloto de SBK Tom Sykes. Uma multidão de gente esteve presente na loja em Algés para privar e partilhar momentos com o piloto. Dotado de uma simpatia impar, autografou centenas de imagens suas impressas, e deixou-se fotografar pelos muitos fãs que estavam presentes. O piloto foi recebido por um grupo de modelos fotográficos da Hairshow by Andreia Ferreira Lima, devidamente equipadas com o outfit da marca patrocinadora do piloto - Dainese.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

Créditos: Vítor Saraiva Fernando Pinesa

No decorrer do evento houve ainda um teste feito por Tom Sykes ao novo equipamento desenhado e concebido pela Dainise, com airbag incorporado num robusto blusão de cabedal.

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

por Eduarda Andrino

•SANDRA TEIXEIRA• Atleta profissional de meio fundo e fundo aos 40 anos, ainda faz pista, corta-mato e estrada com resultados apreciáveis. Uma mulher que dedicou a sua vida ao desporto e que conseguiu centrar o seu foco num percurso único e inimitável. Licenciada em Educação Física, melhor que ninguém conhece os limites do seu corpo, razão pela qual aos 40 anos de idade, ainda foi decisiva no triunfo do Sporting no Campeonato Nacional de Corta-Mato ao ser a quarta atleta do clube a cortar a meta. Sandra Teixeira foi “apenas” a melhor atleta portuguesa nos 800 metros durante década e meia, desde finais dos anos 90, em parceria com Maria do Carmo Tavares (entre 2005 e 2008) e Marta Pen (em 2012).

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O seu percurso é invejável, começando em 1994 a jogar andebol e futebol, até que em 1994 numa corrida em Queluz ganhou com 500 metros de vantagem a Pedro Gomes, que seria o seu primeiro treinador. Um ano depois, Sandra Teixeira sagrou-se campeã nacional juvenil de 400m, venceu os 800m do Olímpico Jovem e foi às Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia, altura em que se decidiu definitivamente pelo atletismo. Em 1998, ingressou no Sporting Clube de Portugal ganhando o seu primeiro título nacional absoluto e estreando-se na seleção nacional.

Mais tarde e na sequência de numerosas provas de corta-mato e estrada que realizava no Inverno, Sandra Teixeira tentou distâncias maiores na pista. Correu os 1.500m em 4.10,28 em 2005 e quase baixou dos 10 minutos nos 3.000m obstáculos (10.00,69 em 2008). 22 vezes internacional na pista, participou em Campeonatos da Europa, Universidades, Campeonatos IberoAmericanos, Taças da Europa/Europeu de Seleções, Campeonato da Europa de Sub’23 e num Festival Olímpico da Juventude Europeia. Em pista coberta, esteve em 4 Campeonatos do Mundo e 3 da Europa, num Torneio das 6 Nações e em 2 Portugal/Espanha.


Foram muito os momentos que marcaram a vida desta atleta nomeadamente o segundo lugar numa das edições da Taça da Europa e a medalha de bronze conquistada nos Campeonatos Ibero-Americanos em 2004. Numa conversa informal e descontraída Sandra Teixeira partilhou comigo o seu percurso e a sua vida de uma forma tao sua que fiquei rendida a sua essência. Passo agora a partilhar convosco este momento... FALA-ME DAS TUAS REGRAS E ROTINAS NO DIA-A-DIA? Levantar as 6h todos os dias, nos dias em que treino de manha as 6h 30 já estou na estrada. Vou trabalhar e da parte da tarde vou treinar e dar treino ate as 19h00, vou buscar o meu príncipe e o resto é para ele ate as 9 da noite, altura em que vou deita lo e depois preparar as coisas para o dia seguinte. As 11h o mais tarde faço por já estar a dormir para estar apta para o dia seguinte. TEMPO DE TREINO E PREPARAÇÃO. TENS UM PLANO DIÁRIO? Treino todos os dias e tenho um plano de treino diário com dois treinos bi diários por semana.

QUAL A TUA MAIOR APTIDÃO? PROVAS DE PISTA OU DE ESTRADA? Eu adoro provas de pista e a minha paixão sempre foi a pista, mas depois de ser mãe subi nas distâncias e passei a fazer distancias mais longas e é inevitável não ir para a estrada. Mas também gosto bastante de fazer estrada ate porque foi na estrada que comecei. UMA ATLETA DE REFERÊNCIA PARA TI? A minha atleta de eleição sem dúvida a minha bestfriend e mana do coração Naíde Gomes e o Rui silva, atletas que comigo treinaram e com eles passei os melhores momentos da minha carreira e com eles vibrei e chorei com as suas vitórias e recordes, para além de terem ficado amigos para a vida. QUE CONSELHO DEIXAS AOS ATLETAS QUE INICIAM AGORA UMA CARREIRA NO ATLETISMO? Que o façam com paixão e muita dedicação, mas sobretudo que saibam que nada se consegue sem sacrifícios e muitos sacrifícios.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

Soma 15 títulos nacionais absolutos em pista ao ar livre nos 400 m, 800 m, 1.500 m e 4×400 m. Na pista coberta, tem 11 títulos nos 800 m, 1.500 m e estafeta 4×400 m. Tem ainda 3 títulos como júnior, 1 como juvenil e 1 no Olímpico Jovem. Tendo como preferência a pista, os seus treinos variam de acordo com a época de pista, sendo fácil a transição das distâncias curtas da pista para a estrada. Quando chegou o momento de deixar as distâncias curtas, não optou pelos 5.000 e 10.000 metros.

COMO ÉS CAPAZ DE GERIR O TEU TEMPO DE TREINO COM A TUA VIDA FAMILIAR? Com muita disciplina e muita gestão de horários. Nada pode falhar e as vezes 5 min de atraso já fazem a diferença. Tenho o meu tempo todo contado ao segundo. Uma adrenalina o dia todo e sempre de roda no ar, mas quando se quer tudo se consegue e eu como faço tudo com muita paixão e amor consigo gerir tudo da melhor forma. UM MOMENTO QUE TE TENHA MARCADO EM PISTA... UMA HISTÓRIA PARA A VIDA? A minha primeira competição internacional foi o campeonato do mundo de pista coberta em lisboa em que corri ao lado

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

daquelas que apenas via na televisão e passei a Meia-final e bati o meu recorde pessoal. Foi um momento incrível com as bancadas completamente cheias e a gritar o meu nome. Foi único e foi a minha motivação para continuar e saber que era mesmo isto queria seguir. TENDO UM LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA, ALGUMA VEZ EXERCES-TE? OU A MESMA É SOMENTE UMA GARANTIA PARA O FUTURO? A minha paixão sempre foi pertencer a uma força de segurança, sempre adorei fardas mas na altura entrei na escola superior de polícia e entrei também na faculdade e fiquei muito indecisa porque adora desporto. Optei pela faculdade e ao final de 5 anos e depois da licenciatura ainda estive dois anos a dar aulas mas sentia me incompleta porque me faltava a farda;) Abriu concurso para Guarda prisional e nem pensei duas vezes, meti logo os papeis e hoje sinto que foi a melhor opção, pois abracei algo que me preenche e da qual sou muito feliz. SE A TUA VIDA NÃO TIVESSE ENVEREDADO PELO ATLETISMO ESTARIA A MESMA LIGADA A UMA MODALIDADE DE COMPETIÇÃO? QUAL? Sim, eu era jogador de andebol e depois fui para o futebol, sempre amei desporto e sei que se não fosse o atletismo, estaria certamente em outra modalidade.

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A TUA DISTÂNCIA PREFERIDA SÃO OS 800M, FALA-ME DESSA PREFERÊNCIA. Eu comecei na estrada mas rapidamente passei para a pista pois a primeira vez que fui a pista fiz 400 metros e fiz uma boa marca e nesse ano fui logo campeã nacional e nunca mais deixei. Quando subi para os 800metros fui selecionada para ir a taça da europa onde obtive um

3 lugar fantástico e depois foi sempre a subir e apaixonar me pela distancia. Foi onde obtive as melhoras marcas e era a distância que adorava treinar. Para a mim é a prova mais bonita da pista. O TRAIL OU O TRIATLO PODERIAM ALGUMA VEZ SER MODALIDADES NA TUA VIDA? Sinceramente é algo que nunca me apaixonou, o trail porque eu gosto de correr no plano e detesto subir e o triatlo não porque detesto água (risos). OS JOGOS OLÍMPICOS FAZEM PARTE DOS TEUS OBJECTIVOS? Sempre fizeram parte dos meus objetivos, aliás acho que qualquer atleta tem como objetivo os jogos. Eu infelizmente falhei dois jogos, um porque a 1 mês dos jogos apanhei varicela com um aluno da escola e o outro lesionei me com uma rutura e fiquei sempre próximo dos mínimos. PESSOAS QUE MARCARAM A TUA VIDA NO ATLETISMO? A minha vida no atletismo foi marcado por varias pessoas e felizmente as pessoas cruzaram o meu caminho foram todas fantásticas e felizmente fui sempre muito sortuda. Vou nomear os meus 3 treinadores: 1) O Pedro Gomes que mais


COMO CONSEGUES GERIR O TEU PAPEL DE MÃE COM A TUA VIDA DESPORTIVA? Confesso que não foi fácil principalmente porque o meu rodinhas (David) não dormia e muitas vezes ia para os treinos completamente desgastada. Mas como tenho a sorte de ter os melhores amigos e a melhor família ao meu lado tudo é possível. Quando tenho competições fora e treinos fora de horas ele fica nos braços de quem o ama e de quem ele adora estar, seja com a minha irmã, com a minha cunhada ou com avô que ele adora porque vai andar de comboio e de autocarro e eu fico descansada porque ele esta feliz. Mas o apoio de quem esta ao nosso lado é muito importante e mais uma vez sou uma sortuda. Depois aproveito cada momento que tenho para estar com ele e mimar ate não mais. Ser mãe foi a minha melhor medalha, e os meus jogos olímpicos.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

que um treinador foi um pai e ainda hoje faz parte da minha vida e quando tenho que chorar, choro no ombro dele. Foi quem me lançou para a alta-roda e tudo lhe devo. Um ser humano único e fantástico. 2) Depois o Prof Bernardo Manuel quando cheguei ao sporting foi o meu porto de abrigo e me levou para as luzes na ribalta em conjunto com o grande 3) Armando Aldegalega que ate hoje é o meu treinador. Resumindo... Pedro Gomes, Bernardo Manuel e Armando Aldegalega, a estes três devo a minha carreira desportiva e toda a minha profissional pois sem eles nada disto teria sido possível. Obrigado do fundo do coração.

DEFINE-TE NUMA PALAVRA. Apaixonada pela vida. Créditos: Marcelino Almeida

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MY PITB ULL

•MY PITBULL FASHION STORE

A NOVA LOJA FÍSICA

No passado dia 30 de Novembro tivemos a honra de abrir a nossa primeira loja física na baixa de Coimbra, um espaço pequeno e acolhedor onde as nossas clientes podem encontrar peças muito únicas e adaptadas ao seu gosto pessoal, com a grande vantagem de terem preços muito simpáticos e um acompanhamento personalizado.

A My Pitbull, apesar de ter o seu espaço físico, continua, com a loja online, agora com um serviço muito melhor, na nossa loja podes encontrar peças como este total look que a nossa querida Manuela Pereira veste.

A nossa loja foi criada com o intuito de chegar a um maior numero de clientes e mostrar-lhes o melhor que a moda tem para oferecer, peças para todos os gostos com cores e padrões que te farão sair de casa com um grande sorriso e muita confiança para qualquer ocasião . Convidamos-te a visitar a nossa loja e veres por ti, como estar na moda, custa muito pouco.

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Manuela, neste total look usa uma camisola de manga comprida e gola alta, com uma abertura ao lado esquerdo do ombro, o que torna aquela camisola normal e aborrecida a que estamos habituados, em algo com muito glamour para usar nas mais variadas ocasiões, as suas calças estilo flare de cintura alta em verde água de material muito confortável, afina-lhe a silhueta criando uma ótima ilusão de ser uma mulher muito alta.


Este inverno o casaco de pelo é uma forte referência podemos vê-los em todas as cores, com vários estampados em pelinho de ovelha, os chamados teddy coats, pelo liso, curto, comprido enfim, tudo vale para este inverno. Manuela, usa um casaco de pelo de ovelha muito macio e fofo, um dos nossos Best Sellers, forrado, com uma cor muito subtil em rosa velho, que apesar da sua cor é possível conjugar com infinitas cores.

MY PITB ULL

CASACOS DE PELO, DE TODOS OS TAMANHOS CORES E FEITIOS.

O seu modelo muito simples e clássico assenta bem com uma infinidade de peças e claro ótimo para ima infinidade de ocasiões. Curiosa?? Condivamos-te a conhecer a nossa página no facebook: https://www.facebook.com/ Pitbull.fashion.store/ no instagram: @my_pitbull_fashion_store E a nossa loja fisica: Rua corpo de Deus n23 4 andar loja 26 (baixa de Coimbra) Esperamos por ti.

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A R MÁ RIO S EM CHAVE

• TWEED • O Tweed virou tendência e começou a apareceu em 1954, graças a Coco Chanel. O tecido, inicialmente utilizado apenas no vestuário masculino, foi transformado em um clássico quando a estilista lançou o seu primeiro casaco de tweed feminino. Desde então, o tweed está presente no guarda-roupa das mulheres. O tweed é um tecido de textura áspera, podendo ser feito todo de lã ou ainda de uma mistura de outros tecidos, com padrões coloridos ou neutros. Além de ser um clássico, o tweed pode estar presente em looks românticos, e até nos mais casuais. Por isso, os casacos podem acompanhar saias, calções mais curtos e vestidos com meia calça. Não ficando menos bem com calças jeans. Pode ser usado como clássico e uma pitada de look moderno. Se optar por um look mais informal e clássico saia lápis em tweed é sempre uma opta opção. O tweed não está presente só nos casacos este ano a tendência ganhou destaque em saias, vestidos e jardineiras.

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Coco Chanel com uma de suas criações mais clássicas, o casaco e saia de tweed.

O tweed é um tecido atemporal. Assim as roupas de Outono/Inverno feitas com o tweed são um clássico que são prescindíveis em qualquer armário. Pode nos encontrar na loja online através do facebook ou loja física situada em Chaves. https://www.facebook.com/ armariosemchaveforman/?fref=ts


A R MÁ RIO S EM CHAVE 57 Texto: Aurea Venceslau


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MANUELA PEREIRA | 910749747



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