Revista Inurban - edição de maio, 2018

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Maio 2018 / nº40

•DOENÇAS QUE OBRIGAM A

RECOMEÇAR•

/Consultório da Mente/pág. 4/

•OS DISTÚRBIOS MENTAIS MAIS FORA DA CAIXA• “A doença mental, ou qualquer outra doença, é algo que nos está geneticamente impresso.” (Maria Inês Matos)

/Psicologia/pág. 31/

MP•

FALA DE BORDERLINE (Nadine Mussá)

/Psicologia/pág. 39/

•UMA BOMBA RELÓGIO CHAMADO ANEURISMA• (Sandra Cunha)


ÍNDICE

F ICHA TÉCNICA Direcão: TIAGO BARREIRO Coordenação Editorial: MANUELA PEREIRA Design/Paginação: SILVANA RIBEIRO Artigos e Rúbricas / Fotos: MARIA INÊS MATOS EDUARDA ANDRINO ADRIANO MAIA TELMO FIRMINO MARIANA RODRIGUES LIETE COUTO QUINTAL MARIANA COSTA DR. FILIPE MAGALHÃES RAMOS SÓNIA MACHADO ARAÚJO TIAGO VAZ OSÓRIO NADINE MUSSÁ SANDRA CUNHA OLGA MURO HUGO OSÓRIO

Nota: A responsabilidade dos conteúdos e revisão textual é do autor de cada rubrica! A Inurban não se responsabiliza pela informação escrita e organização linguística.


/Consultório da Mente/

•OS DISTÚRBIOS MENTAIS MAIS FORA DA CAIXA•-------- Pág. 4 /Por Detrás do Pano/

•FERNANDO SIMÕES -

LE CORSERTMAKER •--------

Pág. 8

/Cantinho do Maia/

•DEPRESSÃO COMO COMPANHIA •-------- Pág. 12 /Páginas Soltas/

•AS ESCOLHAS DO MÊS•-------- Pág. 15 /Team 4 Health/

•DOENÇAS NEURO-MUSCULO-ESQUELÉTICAS RARAS •-------- Pág. 15 /Fitness Hut/

•7 MARAVILHAS DO MUNDO BOSU PARA UM CORPO DEFINIDO•-------- Pág. 17 /Publicidade/

•USHINDI SHOES•-------- Pág. 22 /Comer Bem/

•UM NOVO COMEÇO•-------- Pág. 23 /Filipe Magalhães Ramos/

•PACKS: ABDOMINOPLASTIA E LIPOASPIRAÇÃO•-------- Pág. 25 /As Minhas Crónicas/

•E QUANDO RECOMEÇAR TEM OS DIAS CONTADOS?•-------- Pág. 27 /Cinema/

•AGENTE VERMELHA•-------- Pág. 29 /De Dentro para Fora/

•MP FALA DE BORDERLINE•-------- Pág. 31 /Psicologia/

•UMA BOMBA RELÓGIO CHAMADO ANEURISMA•-------- Pág. 39 /Entrevista/

•MARLA DE QUEIROZ•-------- Pág. 43 /Entrevista/

•NOVO CONTRIBUTO PARA A MÚSICA•-------- Pág. 46 /Os Pequenos Marqueses/

•O MEU FILHO É AUTISTA. E AGORA?•-------- Pág. 49 /Coluna Social/

•ANIVERSÁRIO JOÃO MALHEIRO•-------- Pág. 55 •DESFILE FÁTIMA LOPES - FW18/19•-------- Pág. 56 •GALA “QUINAS DE OURO 2018”•-------- Pág. 57 • INAUGURAÇÃO LOJA VERDE SCP•-------- Pág. 58 •VERSAILLES BY MYSTERIOUS EVENTS•-------- Pág. 59 •TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA•-------- Pág. 60 /Conexão Fashion/

•PORTUGAL FASHION 2018•-------- Pág. 61 /Armário Sem Chave/

•LENÇOS•-------- Pág. 65


CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

• OS DISTÚRBIOS MENTAIS

MAIS

FORA DA CAIXA •

Seja por que razão for, a doença mental é ainda um estigma muito grande, o que considero injusto uma vez que não é algo que os seus detentores possam controlar. Sermos boas pessoas ou más pessoas é algo que sem dúvida depende da nossa vontade. Melhorarmos as nossas capacidades e talentos também. A doença mental, ou qualquer outra doença, é algo que nos está geneticamente impresso. É tão injusto ver a forma como a sociedade se revolta ou enoja na presença de tais doenças, em vez de participar na sua superação. Devia haver uma maior sensibilização, uma maior atenção e cuidado para com quem sofre uma vida inteira com estes distúrbios, ao invés de os encostarmos a um canto para não termos de lidar com o desconforto da sua presença. No meu trabalho com crianças costumamos refletir em conjunto no porquê de certas pessoas nos irritarem mais que outras ou causarem alguma náusea.

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Explico-lhes que o estranho é sempre distintivo e causa alguma impressão. Por uma questão de protecção e sobrevivência, o nosso mecanismo de sobrevivência ativa uma resposta biológica que nós identificamos como repulsa e que nos faz afastar. Falamos sobre se isso ainda se aplica nos tempos de hoje, ponderamos a funcionalidade dos nossos mecanismos automáticos, e muito rapidamente eles percebem que não é justo ter essas atitudes. Chega então o momento de pedir reflexão aos meus queridos leitores. A título de vos sensibilizar para a existência de todas e quaisquer doenças mentais que nos podem soar estranhas este mês trago algumas doenças raras.


A síndrome de Stendhal pode ser considerada um distúrbio de assoberbamento. Quem dela sofre experiencia uma elevada ansiedade física e emocional, chegando a ter ataques de pânico, confusão, alucinações ou experiências dissociativas quando expostos a arte. Esses sintomas geralmente são desencadeados por arte que é percebida como particularmente bela ou quando o indivíduo está exposto a grandes quantidades de arte concentradas num único lugar, como um museu ou galeria. Os indivíduos podem sentir reações semelhantes à beleza na natureza. Esta síndrome tem o nome de um escritor francês do século XIX que sentiu os seus sintomas pela primeira vez durante uma viagem a Florença em 1817. A síndrome de Stendhal também pode ser chamada de hipercultilemia ou síndrome de Florença.

APOTEMNOFILIA Também conhecida como uma desordem da integridade corporal, a apotemnofilia é caracterizada por um desejo esmagador de amputar partes saudáveis do corpo, como foi o caso de Van Gogh. Embora não se saiba muito sobre isso, acredita-se que seja uma desorganização de ordem neurológica ou que seja causado por danos no lobo parietal direito. Os afetados podem tentar amputar os seus próprios membros ou danificálos a ponto de ser necessária uma amputação cirúrgica. A condição é desafiadora na medida em que o tratamento não parece ser algo que procurem. No entanto, tanto a terapia cognitivo-comportamental como outras terapias de aversão, caso da Hipnoterapia, podem recondicionar a forma como o cérebro percepciona o mundo e processa a informação e podem ser boas estratégias para tratar a apotemnofilia.

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

SÍNDROME DE STENDHAL

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CO N S U LTÓRIO DA M ENTE 6

SÍNDROME DA ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS Também conhecida como síndrome de Todd, a síndrome da Alice no país das maravilhas (conhecida por AIWS) é uma condição neurológica na qual a perceção da imagem corporal, do espaço ou do tempo fica distorcida. Quem sofre de AIWS pode ter alucinações, distorções sensoriais e uma sensação alterada da velocidade. A AIWS resulta essencialmente de alterações perceptivas, embora existam outros sintomas. O mais prevalente é a imagem corporal alterada, em que os pacientes apresentam uma noção distorcida do tamanho e forma das partes do seu corpo. Estes sintomas podem desencadear respostas de pânico e medo. O AIWS é frequentemente associada a enxaquecas crónicas, tumores cerebrais ou abuso de drogas. Embora pouco comum, pode chegar a afetar crianças entre as idades de 5 e 10 anos.

SÍNDROME DE CAPGRAS

Esta síndrome adquire o nome de Joseph Capgras, um psiquiatra francês que explorou a comum ilusão da existência de duplos. Aqueles com síndrome de Capgras mantêm uma crença delirante de que alguém nas suas vidas, geralmente alguém que lhes é íntimo ou familiar (conjugues, familiares e amigos próximos) foi substituído por um impostor. Pode ocorrer em pacientes com esquizofrenia, demência, epilepsia ou após uma lesão cerebral traumática. As abordagens de tratamento passam muitas vezes pela prescrição de medicamentos antipsicóticos.


Esta síndrome é caracterizada pela crença de que a mão da pessoa não lhe pertence, dando a sensação de que esta parece ter vida própria. Os indivíduos que sofrem desta síndrome sentem todas as outras sensações do corpo de forma normal, apenas uma mão parece ser autónoma e ter vontade própria. A identidade desse membro também parece ser distinta da pessoa, saindo fora do seu controlo individual e tendo os seus próprios objetivos. Este distúrbio parece ocorrer em indivíduos com danos no corpo caloso, responsável pela ligação entre os dois hemisférios cerebrais. Outras causas incluem acidente vascular cerebral (AVC) e danos no lobo parietal. As mãos apresentam “apraxia ideomotora”, o que significa que elas entram em conflito e oposição nas suas respostas físicas.

Peço-vos ainda que me façam o seguinte favor: sempre que se depararem com alguma doença desconhecida, seja ela física ou mental, investiguem primeiro o que ela significa e a dor que causa, antes de deixarem que o instinto biológico vos lance em criticismos injustos. Ou tentem, simplesmente, não fazer um ar enojado na sua presença. Cada um de nós pode ter um papel ativo na diminuição do estigma em torno da doença mental, para que possa haver uma maior abertura na procura de ajuda. Isso irá eventualmente levar a uma compreensão mais clara de distúrbios mentais raros, como os que estão mencionados aqui. É importante que estas pessoas tenham o direito a recomeçar e se sintam aceites pelos seus pares. Acredito no respeito e é a ele que vos apelo!

Texto: Maria Inês Matos - Psicoterapeuta www.facebook.com/ines.hipnoterapia

CO N S U LTÓRIO DA M ENTE

SÍNDROME DA MÃO EXTERNA

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PO R D ETRÁ S DO PA NO

por Eduarda Andrino

•FERNANDO SIMÕES• LE CORSERTMAKER

A 18 de Maio de 1987, nascia na lindíssima localidade de Torres Vedras um rapaz de nome Francisco Manuel Simões Justiniano. Aparentemente uma criança igual a tantas outras, mas na verdade, nascia um criador com um talento único e que em pouco tempo se revelaria aos olhos do mundo. Um crescimento muito próximo da sua mãe e a sua maior referência de vida, levou-o a desenvolver os seus dotes criativos pelos trapos, bijuterias, artes decorativas e por fim a costura na transformação de peças de vestuário adaptadas para o tradicional Carnaval de Torres Vedras de onde é originário. “Em criança “desviava” linhas e agulhas da minha mãe e comecei por fazer as minhas roupas de carnaval, ou não fosse eu natural de Torres Vedras...” Cedo se destacou dos outros jovens da sua idade, pela forma original e única como transformava e dava vida a trapos e roupas esquecidas que ninguém usava, personalizando-as na altura apenas para as festas carnavalescas da sua cidade. Nunca tirou nenhuma formação na área da moda e por isso intitula-se “autodidata”, mas na verdade é um criador com mãos de fada, que o mundo ainda não descobriu.

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Eu descobri-o de uma forma tao simples e tao genuína como na realidade é a personalidade e o carácter de Francisco Simões. Em eventos fotográficos temáticos como o mais recente “Versailles” by Mysterious Events , em Abril do corrente ano, Francisco levantou mais uma vez o pano e enobreceu em grande o tão mediático Séc.XVII com os seus corsets, bustiers e espartilhos totalmente criados e


As suas artes são totalmente diferentes não se igualam a nada. Todo o processo é seguido pelo seu instinto criativo,

Desde cedo que os corpetes e as roupas de inspiração antiga o atraíram e aguçaram o lado criativo, nunca deixando esquecer e preservar sempre que possível o lado histórico dos corpetes mas com inspiração mais moderna e útil aos dias de hoje... Todas as peças que cria e executa são únicas, e totalmente inspiradas na época que se propõe a desenvolver para que nenhum pormenor falte e consequentemente a mesma se torne num artigo de pura arte artesanal. Com o passar do tempo Francisco Simões criou a marca: “Old Sewing Rags”, que é o espelho exacto de tudo o que faz, com recurso a trapos e máquinas de costura antigas, (muitas com mais de 100 anos), e que cria os seus trabalhos de raiz com todos os materiais á época, apresentados agora com uma variedade muito maior e mais versáteis, assim como mais opções como por exemplo as “Barbas” que criam toda a estrutura dos corpetes.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

costurados por si tornando-se assim em peças únicas e esplendorosas.

Os seus materiais são adquiridos em armazenistas pouco conhecidos e muitas vezes, compra restos de stocks descontinuados das fábricas de tecelagens, o que torna as suas criações em autênticas peças únicas e inimitáveis.

não tendo qualquer apoio ao trabalho que desenvolve por opção própria, até porque Francisco não esboça qualquer traço em papel, não pré define croquis nem apontamentos que o levam aos resultados finais. Executa todo o trabalho, desde a escolha do tecido, modelagem, corte e execução da mesma do início ao fim.

O seu cliente não se resume apenas ao mundo da fotografia mas também ao extenso mundo das artes performativas, artistas da noite, músicos, actores. “O meu cliente escolhe os materiais e o orçamento e a partir daí. Só vêm o trabalho na altura das provas...”

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PO R D ETRÁ S DO PA NO 10

Não tem peças feitas e expostas em charriots no seu atelier, até porque todos os seus trabalhos são feitos por encomenda e com os tópicos do cliente, sem esboço e sem protótipo, apenas com as medidas de quem encomenda. “Os meus clientes escolhem os materiais e orçamento e a partir daí só vêm o trabalho na altura das provas...” Dedicou os últimos 10 anos da sua vida ao estudo e confecção de corpetes e suas variantes, criando assim uma forma de trabalhar muito própria que leva o seu trabalho a ser procurado inclusive por pessoas de vários países através da sua página de trabalho nas redes sociais. Casacos, vestidos, e outras peças de vestuário usados muito por quem segue um estilo mais alternativo, também são

confecionados pelo criador, levando assim o seu trabalho a uma dimensão maior e mais versátil. Os vestidos de noivas e baptizado, fazem parte do seu portfolio, e Francisco cria não o habitual clássico mas sim um vestido completamente personalizado à imagem e gosto do seu cliente. É neste seu mundo ainda pouco conhecido que cresce o homem que dá vida a modelos únicos que se tornam em autênticas peças de arte dignas de um museu.


Contudo o criador tem o seu emprego noutra área que lhe garante uma estabilidade financeira, mas reserva sempre tempo para o que na realidade faz de si o artista que é.

PO R D ETRÁ S DO PA NO

Francisco vive entre rendas, corpetes como corset´s, underbust, stay, overbust, Midbust, Waist Cincher e outros acessórios da época dos corpetes como os bustle, e é este o seu verdadeiro mundo que o realiza e o torna feliz.

11 Texto: Eduarda Andrino


CA NTINHO DO MA IA

• DEPRESSÃO COMO COMPANHIA• Cumprimentos neste novo mês, caros leitores. Na senda do artigo do passado mês de abril, onde toquei neste assunto de passagem, e seguindo o desafio de escrever sobre doenças que nos obrigam a recomeçar, decidi debruçar-me sobre a depressão. Contar em primeira mão a experiência de quem diariamente lida com ela a quem não o faz, ou que tem contactos meramente ocasionais (como as depressões sazonais ou causadas por perdas importantes), já que falar de depressão ainda é tabu, e visto como uma doença de quem “não tem mais que fazer”. O primeiro pensamento que hoje me vem à cabeça quando penso em depressão é a primeira linha da letra da popular música de Simon & Garfunkel, “The Sound of Silence”, onde se pode ouvir “Hello darkness, my old friend”, ou traduzindo para a Língua Portuguesa, “Olá escuridão, minha velha amiga”.

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E isto porque a minha depressão, como uma relação de amizade, tem sido a minha companheira por mais de metade da minha vida, a este ponto. Seria um relacionamento com uma longevidade invejável (tirando a minha família direta, conto pelos dedos de uma mão o número de relacionamentos estáveis que mantenho há tanto tempo), não fosse o facto de a depressão ser, bem, usando uma expressão típica da minha juventude, “chata como a potassa”.

Conheço-a como um familiar demasiado chegado, ou uma cara metade que “não descola”, e por isso um pouco temperamental e dependente.

E, TAL COMO QUALQUER UM DESSES EXEMPLOS, POR VEZES APARECE SEM AVISAR, INSTALASE SEM DATA DE PARTIDA, E VIRA A NOSSA VIDA DO AVESSO, POR VEZES CONSUMINDO-A QUASE NA TOTALIDADE. Quem me conhece, nos momentos em que esta companhia mais me pesa, consegue vislumbrar que algo não vai bem. A maior parte das vezes, no entanto, e tal como a grande maioria das pessoas que sofre de depressão durante muitos anos, consigo esconder-me por detrás da elaborada máscara que fui criando para mostrar ao mundo que estou bem, mesmo quando não estou. Às vezes parece mesmo a minha primeira pele, e não uma segunda, de tantas vezes, e de tanto tempo, que já a vesti. A minha depressão começou como um “namoro de adolescentes” como aquele que Carlos Paião cantava em “Cinderela”, inocente e que foi germinando de “olhares envergonhados” aqui e ali. Foi baseada na ansiedade e insegurança próprias da época, em que uma mistura de expectativas parentais, expectativas escolares, e um pouco de bullying à mistura, propiciaram o início dessa relação tão pouco saudável.


Não que houvesse efetivamente uma solução. Não creio que seja possível conter o bullying, os adolescentes são por natureza as criaturas mais impulsivas que existem, com mentes altamente maleáveis e acutilantes, e simultaneamente sem qualquer controlo de impulsos possível, pelo menos ao nível verbal. Não espanta, assim, que a ansiedade de ser um menino perfeito, exigência escolar e familiar e que era a que menos consequências negativas tinha, mesmo ao nível de bullying, fosse o catalisador da depressão que me acompanha ainda hoje. A fase final do ensino secundário e do início da universidade, potenciadas pelo despertar da minha sexualidade e dos problemas familiares daí decorrentes, trouxeram consigo o meu “casamento” com a depressão, verdadeiramente disfuncional e cheio de arrufos, de bater de portas, de “não te quero ver mais” da minha parte, imediatamente seguidos de declarações infindáveis de “amor” da maior “lapa” que já conheci, que inevitavelmente terminaram não com o divórcio, mas com a reconciliação. Cada um desses desentendimentos e dessas reconciliações implicou e implica um novo recomeço. Um reconstruir de toda a minha personalidade, e dos relacionamentos na minha vida. Apenas os verdadeiros amigos sobrevivem

a este tipo de relação, cheia de altos e baixos e que nos leva muitas vezes a ignorar por completo o mundo exterior, durante horas, dias, meses a fio, até, a fugir de tudo e todos para ter um semblante de paz e sossego.

E MESMO TAIS AMIGOS MUITAS VEZES NÃO SABEM, OU NÃO CONSEGUEM, AJUDAR. Como com eles não usamos a máscara (ou melhor, usamos uma ligeiramente maleável, que deixa ver um pouco do que se passa connosco), sabem que a típica reação de dizer “Anima-te, há quem esteja bem pior do que tu”, ou “Mas até parece que estás assim tão mal”, de quem nos olha de fora, é inútil e contraproducente. Mas não serve para solucionar o nosso problema.

CA NTINHO DO MA IA

Na altura ainda não se falava em bullying, as soluções eram ou “comer e calar” ou arriscar-se a levar com um processo disciplinar (ou pelo menos uma rabecada do diretor de turma) se a solução encontrada fosse a hoje chamada “pedagogia ativa”, na altura sendo conhecida por expressões menos poéticas, já que envolviam agressões físicas.

E, diga-se, muitas vezes ou nós próprios não sentimos o problema, ou conseguimos lidar com ele ao ponto de nos mantermos suficientemente funcionais para a sociedade dizer que somos saudáveis e produtivos, quando por dentro somos basicamente um deserto árido cheio de ruínas dos nossos relacionamentos, dos nossos sonhos, da nossa esperança.

A MORTE DA MINHA MÃE EM FINAIS DE 2015 FOI A MAIS RECENTE, E POSSIVELMENTE MAIS DEVASTADORA, RECONCILIAÇÃO COM A DEPRESSÃO QUE TIVE. Se até aqui tinha conseguido manter-me minimamente funcional (mesmo quando me sentia um zombie na universidade, conseguia estudar e dormir), tal não aconteceu desta vez. O desespero instalou-se quando comecei a demorar horas a adormecer, e a acordar ao fim de aproximadamente

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CA NTINHO DO MA IA

quatro horas de sono. Comecei com antidepressivos (e comprimidos para dormir) pouco depois, no final de uma consulta de urgência, e só os larguei quase meio ano mais tarde, já acompanhado pela minha psicóloga, que me vem ajudando há mais de dois anos. Infelizmente, a insónia não foi a única consequência deste casamento disfuncional. O outro, bastante mais pernicioso, foi a anedonia, ou a incapacidade de derivar prazer de atividades que normalmente o deveriam proporcionar. Tem vindo a melhorar, com exercícios diários, mas nos momentos piores é difícil sentir algo para lá de temperatura e pressão. É nessas alturas em que só apetece desaparecer, ou pelo menos fazer/beber/fumar algo para que o desespero desapareça, nem que seja apenas por umas horas, proposta perigosa para alguém que como eu tem uma personalidade propensa a formar vícios. Estou pronto para o divórcio. Aliás, já estou há imenso tempo, muito embora até agora o máximo que tenha conseguido tenham sido ordens de afastamento temporárias. Faço figas para que o trabalho que tenho vindo a desenvolver nesse sentido permita pelo menos uma ordem de afastamento definitiva, e uma separação de pessoas e bens, já que o divórcio, para quem sofre de depressão, é algo que raramente acontece. Ainda assim, luto, todos os dias, por mais um recomeço na minha vida, um em que a depressão deixe, de vez, de ser uma presença tão ameaçadora e constante como nuvens negras de tempestade no horizonte.

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Há imenso estigma associado à depressão, o que desde logo em nada ajuda ao tratamento. Quem dela sofre, fá-lo normalmente em silêncio, alienado

Texto: Adriano Maia

de tudo e todos, com consequências potencialmente destruidoras. O consumo de álcool e estupefacientes, bem como as tendências suicidas, são potenciados por esta doença. O mundo está cheio de homens e mulheres que tentam constantemente afogar as suas mágoas em rios de álcool, de esquecer o desespero em substâncias que adormecem os sentidos. E o pior é que, para quem está de fora, tudo parece normal, porque a sociedade, na sua incessante caça à “norma”, impõe que tudo esteja bem, mesmo quando não o está. E depois espantam-se com desgraças como as que ocorreram, por exemplo, com Robin Williams e George Michael, para dar apenas dois exemplos de brilhantes seres humanos que lutaram durante décadas, e infelizmente sem sucesso, contra esta doença. Não quero terminar num ponto negativo, caros leitores, nem quero que este artigo seja visto como um grito de atenção imediatamente antes de algo mau ocorrer. Felizmente, os sintomas mais fortes da minha depressão estão bem geridos, e ausentes há já algum tempo. Quero, outrossim, que este artigo seja, apenas e só, um vislumbre ao que se encontra detrás da minha máscara, para que por um lado se fale da depressão abertamente, e por outro se possa, permitam-me a ousadia, desconstruir um pouco o estigma associado a esta doença. Permitam-me, por fim, uma sugestão: dirijam-se às pessoas que lhes são mais chegadas, ou até mesmo a meros conhecidos, agradecendo genuinamente a sua existência e o papel que desenrolam nas suas vidas. Por vezes, pequenos gestos como estes são o suficiente para atrasar a reconciliação entre o destinatário e a companheira mais chata que possam imaginar.


•AS ESCOLHAS DO MÊS • CURIOSIDADES LUSAS

PERSEGUIDOS PELA INQUISÃO

Hélder Reis, o conhecido apresentador e repórter da RTP, apresenta o seu mais recente projeto.

No mais recente livro de Richard Zimler, a acção desenrola-se na Goa dos finais do século XVI quando a Inquisição avançava, em grande escala, na sua missão de impedir todos aqueles apelidados de “bruxos” - nativos hindus ou imigrantes judeus - de praticarem as crenças que defendiam e que eram suas por tradição. Quem se recusasse a colaborar, a denunciar outros ou a renunciar à sua fé era estrangulado ou queimados vivos no, muito conhecidos pela literatura, autos de fé.

Lendas, Mitos e Ditos de Portugal reúne algumas das estórias que o autor tem ouvido e recolhido ao longo de 20 anos de carreira. Fruto das suas conversas e entrevistas com as populações das diversas localidades portuguesas, Hélder Reis reuniu algumas das mais marcantes e originais estórias que lhe têm sido contadas ao longo da sua vida profissional. Há pormenores curiosos, lendas únicas, heróis improváveis, curiosidades gastronómicas; enfim, um sem número de estórias que passaram de geração em geração que agora ficam eternizadas, pelas palavras do apresentador, deixando-nos um legado rico e delicioso das teadições nacionais. Mistério e humor são alguns dos ingredientes destas narrativas que permitem ficar a conhecer melhor as historias e estórias deste retângulo à beira mar plantado.

PÁG INA S S OLTA S

por Leonor Noronha

Tiago e Sofia, são dois irmãos que pertencem à família Zarco que consegue manter firme as suas raízes luso-judaicas. As duas crianças vivem uma infância tranquila e feliz durante a qual aprendem, com o pai, a ilustrar manuscritos enquanto celebram, com a cozinheira Nupi, as festividades hindus. Mas este ambiente cordial e pacífico é destruído quando, na idade adulta, o pai e depois o filhi são presos pela Inquisição. A desgraça abate-se sobre a família. Este é o ponto de partida para uma história de mistério onde o objetivo é descobrir quem terá traído a Família Zarco. Richard Zimler é uma autor que dispensa apresentações e que nos oferece, neste seu mais recente romance, uma história emocionante e estimulante.

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TE A M 4 HEA LTH

• DOENÇAS

NEURO-MUSCULO-ESQUELÉTICAS RARAS • Existe um extenso conjunto de condições raras que afetam o Sistema neuro-musculosquelético. Algumas, como por exemplo a Distrofia Muscular de Duchenne, têm por base problemas genéticos ao nível dos músculos, enquanto outros envolvem os nervos (ex: doença de Charcot-Marie-Tooth), os motoneurónios (ex: Esclerose Lateral Amiotrófica [ELA]) ou os ossos (ex: osteogénese imperfeita). Noutras partes do corpo, como por exemplo ao nível nas mitocôndrias, a doença mitocondrial ou doença metabólica tal como a deficiência de carnitina, podem também provocar graves problemas no sistema neuro-musculoesquelético. Algumas destas condições são mais conhecidas devido ao trabalho de divulgação efetuado pelas associações de doentes. Apesar disso as opções de tratamento continuam limitadas, no entanto, este panorama poderá ser alterado brevemente devido à extensa investigação realizada.

O DIAGNÓSTICO DESTES TIPOS RAROS DE PATOLOGIAS PODE DEMORAR DESDE ALGUNS DIAS OU SEMANAS ATÉ MUITO MAIS TEMPO (MESES OU MESMO ANOS).

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Algumas manifestam-se numa fase precoce da vida do indivíduo com sintomas óbvios e severos e outras emergem mais tarde no desenvolvimento e de forma lenta e progressiva. Indivíduos com patologias mais leves podem não se aperceber de nenhum sintoma até atingirem a puberdade ou mesmo a fase adulta, atrasando a pesquisa por um diagnóstico. Um exame medico detalhado, com uma história clínica bem elaborada pode ajudar a encontrar pistas inesperadas para ajudar a determinar o diagnóstico correto. A história familiar pode fornecer pistas chave em alguns casos específicos, mas não em todas as patologias. As doenças raras do sistema neuro-musculo-esquelético possuem sintomas diversos. Algumas provocam diminuição da força muscular ou dor, atingindo por vezes apenas grupos musculares específicos enquanto outras causam fragilidades ou deformidades esqueléticas. Em muitas condições, outros sistemas do organismo são afetados (ex: problemas com movimentos involuntários ou no cérebro). Frequentemente os sintomas iniciam-se gradualmente e posteriormente agravam-se à medida que os músculos e/ou ossos se danificam permanentemente.


OS TESTES INICIAIS PODEM INCLUIR ANÁLISES SANGUÍNEAS, ELETROMIOGRAMAS, EXAMES IMAGIOLÓGICOS E BIOPSIAS MUSCULARES.

Os testes genéticos podem ajudar os indivíduos a tomar decisões importantes sobre o seu planeamento familiar. Os testes pré-natais constituem uma nova possibilidade para os fetos que se considerem em risco de possuir certas doenças neuro-musculo-esqueléticas raras.

Apesar de estarem disponíveis testes genéticos para muitas destas condições, estes requerem normalmente, por parte do médico, um diagnóstico preliminar. Uma abordagem em equipa é normalmente útil desde o diagnóstico inicial até à fase de tratamento.

TE A M 4 HEA LTH

Um indivíduo com doenças raras do foro neuro-musculo-esquelético vai necessitar de realizar múltiplos testes antes que os clínicos possam estabelecer um leque restrito de potenciais diagnósticos.

Quer o diagnóstico correto e final seja realizado por um neurologista, reumatologista, ortopedista ou endocrinologista, muitos outros médicos e/ou outros profissionais de saúde podem ser muito úteis na gestão destas condições raras.

APÓS O DIAGNÓSTICO, OS FAMILIARES DESTES PACIENTES PODEM NECESSITAR DE SEREM TAMBÉM ELES AVALIADOS E DESPISTADOS, DEPENDENDO DA CONDIÇÃO MÉDICA DIAGNOSTICADA.

Texto: Telmo Firmino - Licenciado em Fisioterapia - Professor Assistente na Escola Superior de Saúde do Alcoitão; Fisioterapeuta Coordenador do Futebol Profissional do Sport Lisboa e Benfica Doutorando na Faculdade de Motricidade Humana na Especialidade de Comportamento Motor

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F ITNES S HU T

•7 MARAVILHAS• DO MUNDO BOSU

PARA UM CORPO DEFINIDO Queres ter um corpo definido e saudável? Com estes exercícios terás possibilidades simples e eficazes. Para trabalhar o nosso corpo existem diversos exercícios que, dependendo do teu nível e objetivos, deves selecionar aqueles que são mais adaptados a ti. Com estes exercícios para além de definires, ainda fortaleces o teu abdominal e melhoras o teu equilíbrio.

QUAIS OS BENEFÍCIOS DO TREINO COM BOSU? Os exercícios praticados no bosu trabalham necessariamente com o alinhamento do eixo de gravidade para o equilíbrio. A consequência disto é a consciência corporal de quem pratica, além da melhora na coordenação, o aumento da eficiência neuromuscular onde os músculos agonistas, antagonistas, neutralizadores e estabilizadores funcionam juntos durante a maioria dos movi-mentos existindo assim uma maior activação do core. Para uma pessoa iniciante dado que faz o treino com peso corporal fazer: *3 SÉRIES DE 15 REPETIÇÕES. No nível intermédio o facto de virar ao contrário o Bosu já vai aumentar o grau de dificuldade, fazer: *3 SÉRIES DE 15 REPETIÇÕES. Para o nível avançado deve colocar carga adicional (halteres/discos), com bosu virado ao contrário para criar uma maior instabilidade. Fazer: *3 SÉRIES DE 12, 10 E 8 REPETIÇÕES.

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AGACHAMENTOS AO TEU ALCANCE:

F ITNES S HU T

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• A tua postura deverá ser o mais direita possível • Olhar em frente • Peso nos calcanhares

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O TEU LUNGE

Com a perna de trás sobre o bosu, flete mantendo o corpo erguido e o joelho sobre o pé da frente, efetuando um angulo de 90 graus.

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F ITNES S HU T

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PRANCHA PARA UM “SIX PACK” Apoia os antebraços mantendo a bacia, contrair o abdominal e os gluetos, formar uma linha recta com o tronco e a partir dessa posição manter de forma estática,

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AGACHAMENTOS COM ABDUÇÃO DA COXA:

AGACHAR E VOAR!

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Colocar em posição de agachamento, apenas um pé apoiado sobre o bosu e outro no chão, afastar a perna e regressa a posição inicial. Para os corajosos, poderão colocar umas caneleiras nos tornozelos.


ELEVAÇÃO DA BACIA AO UNILATERAL:

F ITNES S HU T

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ELEVA O TEU EQUILÍBRIO! Deitada no chão, um pé apoiado no bosu, outra perna esticada e levantamos a nossa bacia, o principal é manter o seu equilíbrio contraindo os glúteos e o abdominal. • O nível da bacia deverá ser ate a zona onde os nossos omoplatas estarão no chão; • Poderá executar este exercício com os 2 pés apoiados no bosu tornando um pouco mais fácil

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ABDOMINAL OBLÍQUO COM ELEVAÇÃO DA PERNA:

PARA UMA CINTURA EM FORMA! Lombar apoiada, uma perna apoiada no chão, mão atrás da orelha, olhar em frente, tocar no lado oposto no pé. • A tua lombar deverá estar apoiada em cima do bosu • A amplitude do movimento dependerá de ti, poderás começar por tocar na parte interna da perna.

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F ITNES S HU T

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AFASTAMENTO DINÂMICO

UM SALTO PARA FICAR EM FORMA! Este exercício não é recomendado para pessoas com problemas na coluna derivado ao impacto. • Agachamento fora do bosu e saltar com os pés juntos para cima do bosu • Braços esticadoa frente de forma a que as nossas costas fiquem direitas

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Fonte: Mariana Rodrigues - Personal Trainer / Fitness Hut Linda-a-Velha Fotos: Liete Couto Quintal - LCQ Photography


P UB LICIDA DE

•USHINDI SHOES•

Criada em 2015, a Ushindi Shoes quer inovar pelo design, sem descurar a qualidade e conforto a que já habituamos os nossos clientes. USHINDI SHOES - Made in Portugal e o link do site https://ushindishoes.facestore.pt

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COM ER BEM

Por Mariana Costa

•UM NOVO

COMEÇO• Todos os dias nos é oferecida uma página em branco onde podemos começar de novo.

TEMOS A OPORTUNIDADE DE MUDAR O NOSSO FUTURO EM CADA GARFADA QUE LEVAMOS Á BOCA. A evolução, enquanto ocidentais, trouxenos a um ponto de ruptura, os hábitos a que nos acostumamos estão a levar-nos á morte prematura ou ao prolongamento de uma vida sem qualidade em que o difícil é viver saudável, quando deveria ser exactamente o contrário. Este estilo de vida sedentário e descartável em que nos habituamos a viver está num ponto de viragem. Todos nós sentimos uma vontade imensa de mudar.

e é aqui que entra o estilo de vida e a alimentação. É preciso que compreendam que os alimentos são o vosso melhor aliado nesta revolução que está prestes a começar. Para sobreviver a estes tempos precisamos dar dois passos atrás, até á infância dos nossos avós. Temos de nos ligar mais á natureza, cultivar uma horta por mais pequena que seja, comer menos, beber mais água, apressar menos, partilhar mais. Eu costumo dizer que é preciso fazer escolhas: “Prefere gastar o seu dinheiro no supermercado ou na farmácia?” Eu prefiro gastar o meu em alimentos biológicos de alta qualidade nutricional.

O CANCRO ATORMENTA-NOS, ESTAMOS CONSTANTEMENTE A TENTAR ESCAPAR-LHE, EM CONSTANTE SENTIMENTO DE SOBREVIVÊNCIA… Deixem-me dizer-vos uma coisa:

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O cancro tem uma predisposição genética, se não tiverem o gene responsável pelo cancro do pulmão, nunca virão a sofrer desse mal mesmo que fumem a vida inteira. E mesmo que tenham o gene é possível que ele nunca se expresse Pode seguir as minhas dicas no facebook e instagram em @adietadotipodecorpo.


É MUITO IMPORTANTE CONSEGUIR QUEBRAR AS AMARRAS QUE NOS PRENDEM AO SOFÁ, PASSAMOS DEMASIADO TEMPO SENTADOS. Sabia que passar mais que 2 horas seguidas sentado é mais prejudicial para a sua saúde do que fumar? Pois é não sabia… mas agora que sabe vai ter de mudar… uma vez que ganhamos consciência já não podemos voltar atrás. A importância da herança genética é decisiva para a sobrevivência da nossa espécie.

Á medida envelhecemos vamos desgastando os nossos telómeros, as extremidades dos nossos cromossomas. Os telémetros são como aquela capa de plástico que envolve as extremidades dos atacadores… essa proteção vaise desgastando com a idade, a má alimentação, os maus hábitos e o stress. Uma mãe e pai que concebem um filho com essa estrutura já desgastada estão a oferecer má qualidade genética aos seus filhos. Você é responsável pela qualidade genética da sua descendência.

COM ER BEM

Compre alimentos verdadeiros que são os mais baratos, cozinhe para a sua família e aprenda todos os dias algo novo acerca de saúde…faça as suas pesquisas, a informação é grátis!

Mas o mais maravilhoso é que o nosso corpo tem uma capacidade incrível de auto cura e só precisa da sua ajuda para reverter todo o mal que já foi feito.

A VIDA ENCONTRA SEMPRE UM JEITO.

Pais fumadores aumentam em 50% as chances dos filhos virem a desenvolver cancro em adultos…

Aproveite a Primavera para iniciar um plano de mudança do seu estilo de Vida, um novo começo.

Todas as nossa acções têm repercussão no seu futuro e no da sua família.

Lembre-se: Se não mudar nada muda!

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FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

• PACKS •

ABDOMINOPLASTIA E LIPOASPIRAÇÃO A Abdominoplastia e a Lipoaspiração são duas cirurgias a que normalmente se recorre para combater as gorduras localizadas e a flacidez que por mais que se tente não se consegue eliminar ou minimizar.

pele na região abdominal infra umbilical, diástase (afastamento) dos músculos retos abdominais, dando um aspeto arredondado ao abdómen e perda de elasticidade da pele, como consequência o aparecimento de estrias.

A GORDURA INDESEJADA É UM PROBLEMA COMUM ENTRE MUITAS PESSOAS.

A abdominoplastia permite resolver estes problemas, melhorando a forma e contorno abdominal do paciente. Nos dias seguintes à intervenção, deverá haver cuidado redobrado, evitando qualquer tipo de esforços excessivos, para que o resultado obtido seja o melhor possível.

Com a LIPOASPIRAÇÃO, é possível acabar com as bolsas de gordura nas diferentes partes do corpo. Por norma, as zonas mais afetadas por este excesso são as coxas, anca, abdómen, membros superiores e pescoço. A gordura indesejada causa grande desconforto aos pacientes e afeta diretamente a autoestima dos mesmos. A lipoaspiração apenas resolve gordura localizada e não celulite e não é um método de emagrecimento ou de travagem de aumento de peso. Esta intervenção produz resultados positivos e eficazes tanto em mulheres como em homens. Por sua vez, a ABDOMINOPLASTIA é o procedimento cirúrgico indicado para quem pretende remover excesso de pele e gordura da região abdominal e reforçar a estrutura da parede abdominal.

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Algumas alterações corporais que ocorrem ao longo da vida, como alterações de peso, volume e gravidez, podem provocar aumento da gordura e/ou da

MUITAS VEZES OPTA-SE POR REALIZAR A LIPOASPIRAÇÃO E ABDOMINOPLASTIA EM CONJUNTO PARA MAXIMIZAR O RESULTADO DE AMBAS AS CIRURGIAS. Como mencionado anteriormente, estas cirurgias não são um método de perda de peso ou emagrecimento pelo que para esse fim deverá recorrer a consultas de Nutrição e Endocrinologia e numa fase mais avançada ponderar a Abdominoplastia e/ou Lipoaspiração.


FIL IPE MAGA LHA ES RA M O S

LIPOASPIRAÇÃO

ABDOMINOPLASTIA

CONTACTOS: Porto: /Avenida da Boavista 3523, 3º andar, sala 301, 4100-139/ Lisboa: /Avenida Casal Ribeiro 61, 2º andar, 1000-091/ /22 316 8066/ • /915 127 622/ geral@fmrcirurgiaestética.com

Texto: Dr. Filipe Magalhães Ramos

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A S MIN HA S CRÓNICA S

•E QUANDO

RECOMEÇAR

TEM OS DIAS CONTADOS? • Ninguém sabe quando vai morrer, mas a partir de uma determinada idade, com vida alongada nos anos, a morte ganha outras certezas. Faz parte do nosso processo de passagem. Ninguém fica aqui a contar histórias, mas todos tem uma história que merecem fazer valer até ao último segundo de vida! Quero crer que depois dos setenta, a morte ganha outro estatuto, como se fizesse as malas e viesse morar connosco, se entranhasse em tudo o que é nosso e fosse a nossa sombra, mesmo quando o sol se esconde entre nuvens.

E QUANDO NESSA IDADE A VIDA FICA DESFEITA, COMO SE FAZ? Como se faz quando a falência do corpo se denuncia nas patologias acumuladas, nos relatórios clínicos atolados no sistema e com carta fechada para a própria existência? Como se ensina alguém a recomeçar se quase já se esqueceu de quem é?

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As doenças na terceira idade, sejam elas quais forem, são um desafio gigante, para o próprio doente e para todos aqueles que decidem fazer essa parte do caminho de mão dada com eles.

É verdade, que quem já despertou e trabalhou uma vida inteira nos seus recursos internos, faz-se mais capaz de recomeçar diante de qualquer circunstância, seja em que idade for. Também é verdade, que milagres de força acontecem num surto de coragem com origem desconhecida e que se faz capaz de operar exemplos de vitória. Mas também é importante não esquecer que existem condicionantes para todos esses casos e muitos casos, revelam um atroz esquecimento limitador que impede esse estado inato de renascimento, ou se por sua vez ainda existe essa capacidade cerebral, o corpo já está atrofiado, preso e condenado. Eu acredito que qualquer pessoa pode recomeçar, que não há data de validade, mas tomo consciência que em determinada altura e diante de quadros específicos, é preciso ajustar os conceitos e muitos mais as espectativas. É imperativo insistir nessa sensibilidade e impulsionar recursos para dar dignidade a quem já não tem como reiniciar uma vida, ou simplesmente não pode. Quem passa algum tempo nos hospitais do nosso país torna-se espectadora de cenas recortadas de um quase filme dramático e surreal. Sobreviver é a palavra de ordem. Redutor para a grandeza da existência humana, mas a única alternativa para aqueles que se vêm sujeitos a uma cama de hospital, com a


Não há recomeço! E a vida corta o seu vínculo com o ciclo do Universo natural de renascimento e tudo acaba mesmo com ar nos pulmões e um coração compassado de batimentos reconhecidos. São simples corpos à espera que uma entidade superior lhes desligue a máquina. A alma, essa, já partiu na ausência daqueles que mais amavam, na ausência de tudo que era seu e que um dia contaram a sua história, apesar do amor e cuidado de muitos profissionais que trabalham com paixão e que a cada dia, e durante todo o dia, tenta minimizar a dor desse vazio. Muitas vezes, essas ausências falam de abandono sem qualquer consciência, onde não se encontra um indício sequer de amor ou gratidão. Mas outras mais são desesperados gritos de dor rasgados na carne pela incapacidade que têm de se fazerem presentes diante de estados limites que pouco ou nada são assegurados por quem realmente podia dar apoio, orientação e real ajuda a estas situações.

Uma dura realidade. Mas que existe e que precisa de ter voz. Porque todos merecem renascer a cada dia, todos, principalmente aqueles que se despedem de uma vida inteira e que recomeçar significa ter acesso a pequenos impulsos de vida, contidas e presentes em gestos, memórias, recortes vivos da sua própria identidade. E é imperativo conferir, também, a quem deles cuida um horizonte pintado de amor e esperança, mesmo na plena certeza de morte. A aceitação da transitoriedade da vida é fundamental e nesta reta final obrigatória, mas ninguém veio com sistema integrado de processamento automático e ausente de dor para esse fim. Ninguém nasceu para o abandono e mesmo que o renascer tenha os dias contados, a vida sempre será ao segundo e todos os segundos, deviam ser por direito, instantes de renascimento!

A S MIN HA S CRÓNICA S

vida contada (sem direito a notificação) e com uma solidão expressa e dolorosa nas visitas que não chegam.

Um direito que não pode ser esquecido, mesmo e principalmente, quando tantos o esquecem, até mesmo quem o tem!

Os corajosos, aqueles familiares que ousam cuidar dos seus, que fazem esforços desmedidos para reunirem as condições mínimas para lhes conferir pequenas pinceladas de esperança, dignidade e pertença, deparam-se eles com um quase total abandono das entidades competentes, estando sujeitos a listas de espera maiores do que a maior parte das estimativas de vida daqueles que assumiram cuidar. Texto: Sónia Machado Araújo

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CINEMA

• AGENTE

VERMELHA•

UM RECOMEÇO SECRETO Uma prima bailarina da companhia russa do Teatro Bolshoi vê a sua carreira arruinada quando uma lesão a obriga a retirar-se dos palcos. Com a morte do pai e a doença da mãe que necessita de cuidados médicos permanentes Dominika Egorova vê a necessidade de encontrar uma forma de recomeçar. É nestas circunstâncias que surge o seu tio, uma alta patente dos serviços secretos russos que a acaba por convencer a entrar numa academia de espiões russos, que tem como principal apetência a capacidade de seduzir. Com uma personalidade muito vincada e muito forte, Dominika acaba por sobressair nesta academia, tornando-se numa das melhores alunas.

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A jovem acaba por ser escolhida para uma missão que envolve a sedução de um agente da CIA que tenta entrar em contacto com um infiltrado dos serviços secretos russos. No entanto esta pode ser a verdadeira oportunidade para Dominika conseguir recomeçar, sem medos nem ameaças e sem se tornar numa marionete do governo russo. Agente Vermelha conta com um excelente desempenho de Jennifer Lawrence no papel da jovem russa, com especial destaque para o sotaque. Um excelente thriller de espionagem que promete mantê-lo na dúvida sobre o seu desfecho.


TOP E FLOP

UM LUGAR SILENCIOSO

READY PLAYER ONE: JOGADOR 1

(3 DE MAIO) Para os amantes dos filmes de terror, “Um lugar silencioso” parece ser uma justificação mais que suficiente para uma ida ao cinema. O filme acompanha uma família aterrorizada numa quinta obrigada a viver em silêncio para se manter a salvo de criaturas malignas.

Steven Spielberg voltou aos sucessos de bilheteira com Ready Player One: Jogador 1 com um filme que é uma verdadeira celebração nostálgica do mundo dos videojogos, com referências a jogos que vão desde o início da década de 80 até os clássicos da atualidade. Com o seu mais recente filme alcançou a sua melhor estreia desde Indiana Jones 4.

CINEMA

ESTREIAS MAIO

PACIFIC RIM: A REVOLTA

DEADPOOL 2 (17 DE MAIO) O anti-herói mais sarcástico de todos os tempos está de volta com mais uma aventura. Ryan Reynolds volta a vestir a pele de Deadpool e vai ter como principal rival Cable. Um dos mais aguardadas sequelas dos estúdios da Marvel.

A tentativa de tornar num franchise de sucesso à semelhança de Transformers parece ter ido por água abaixo. A sequela do universo criado por Guillermo del Toro falhou por completo e tornou-se num argumento fraco, com muito pouco interesse e pejado de efeitos especiais voltado claramente para os públicos orientais. Um filme fast-food para amealhar milhões de bilheteira em salas 3D e IMAX.

SOLO: UMA HISTÓRIA DE STAR WARS (24 DE MAIO) O universo de Star Wars está de volta! Desta vez vamos descobrir mais sobre o passado de uma das personagens mais marcantes da saga: Han Solo. Viajamos até ao tempo em que o jovem Solo traça o seu futuro como mercenário e como conhece Chewbacca. Texto: Tiago Vaz Osório

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D E D ENTRO PA RA FORA

MP •

FALA DE BORDERLINE

As pessoas portadoras de patologias do foro psiquiátrico podem viver uma vida inteira a esconder essa parte de si, mesmo quando os sintomas se tornam difíceis de controlar. Isto acontece, muitas vezes, por medo. Não há ainda informação e formação para que quem lida com estas pessoas, fora do contexto médico, compreenda ou saiba agir em alturas de crise. Todos os dias passamos por pessoas que lidam com doenças e distúrbios psiquiátricos, e temo-las como amigas, vizinhas ou familiares, e nem reparamos. É possível, também, alguém ter uma vida pública e não ser do conhecimento geral as batalhas que essa pessoa trava na sua vida privada. É o que acontece com a MP, conhecida como parte do casal lésbico português mais famoso do YouTube, MP & Bárbara. A MP tem BPD (Borderline Personality Disorder) também conhecido como transtorno de personalidade limítrofe e, até agora, não discutiu abertamente essa parte de si. Aceitou ser entrevistada pela Inurban para dar a conhecer a sua experiência com esta patologia, que já lhe foi diagnosticada há alguns anos.

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A palavra que sobressai na descrição desta patologia no manual diagnóstico é a instabilidade. Um padrão difuso de instabilidade nas mais variadas áreas da vida, relações, auto-imagem e afectos. A impulsividade acentuada é também uma característica deste distúrbio, que surge no início da idade adulta em diversos contextos.

As pessoas com Borderline poderão sofrer de medo de abandono, um desequilíbrio extremo entre idealização e desvalorização nas suas relações interpessoais, poderá também existir uma perturbação na identidade no que diz respeito à auto-imagem ou percepção de si mesmo. Outras características possíveis para pessoas com BPD são a impulsividade em áreas potencialmente destrutivas, até mesmo podendo pôr a sua saúde ou vida em risco, o humor poderá ser afectado resultando em instabilidade afectiva. O paciente poderá também sentir um vazio constante, raiva desmesurada e difícil de controlar e ideação paranóide. MP neste momento está num ponto estável da sua doença, mas já passou por sintomas acentuados, que vieram pôr entraves a que pudesse levar uma vida comum, no entanto, os seus seguidores nas redes sociais desconhecem esta parte de si. Fique a conhecer a experiência da YouTuber. O QUE É BORDERLINE PERSONALITY DISORDER PARA TI? COMO É VIVER COM ELA? Se perguntares a uma pessoa com Borderline o que é e como é viver com a doença, vão responder-te de imediato: É viver no inferno. É uma Perturbação de Personalidade e as causas e os factores são vários. Desde a predisposição genética até experiências emocionais


COMO E COM QUE IDADE FOSTE DIAGNOSTICADA? QUE IDADE TENS AGORA? Fui diagnosticada aos meus 17 anos. Pela minha psicoterapeuta actual. Tenho um historial enorme de psicólogos e psiquiatras. Foi um percurso difícil até conseguirem descobrir o que eu realmente tinha. Inicialmente diagnosticaram-me com esquizofrenia, depois bipolaridade e por último Borderline. Agora tenho 25 anos. Estou estabilizada. REPARASTE EM SINTOMAS ANTES? Antes de sermos diagnosticados temos sempre sintomas. E são esses sintomas que nos levam a perceber que algo está errado. É necessário estarmos atentos aos sinais. Neste caso, a família, colegas de trabalho, companheiros/as, e amigos próximos devem estar atentos a eventuais sinais fora do comum.

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precoces e factores ambientais, com destaque para as situações traumáticas e situações de abuso e negligência. É urgente a psicoterapia para estabilizar esta doença.

QUE SINTOMAS TINHAS E DESDE QUANDO? Por volta dos 11 comecei a ter dificuldade em controlar a minha raiva. A minha incapacidade de controlar a frustração e a angústia começou a acentuar-se. Com 12 anos começaram as cartas de suicídio e automutilação. Aos 16 comecei a ter imensas dificuldades de acompanhar o que os jovens da minha idade faziam: estudar, relacionar-me com os outros, ter energia ou vontade de viver. Faltava imenso às aulas para ir para o meu canto de eleição: um beco estreito onde não passava ninguém, para poder chorar e escrever as minhas cartas de suicídio. Ninguém sabia disso. Até hoje.

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D E D ENTRO PA RA FORA

TENS HISTÓRIAS DE DIFICULDADES QUE PASSASTE DEVIDO A BPD ANTES DO DIAGNÓSTICO E AGORA PERCEBES PORQUÊ? Claro que sim. Todos os comportamentos que tive, desde sentir a necessidade de me isolar, os ataques de fúria, a vontade súbita de querer fazer tudo e depois não conseguir fazer nada até às noites em branco a chorar. Tudo tinha um porquê. Quando fui diagnosticada acabou por ser um alívio. No fundo, senti que “afinal era alguma coisa”. Eu sabia que se passava alguma coisa comigo. Só não sabia o quê e o porquê. E o facto de sabermos que se passa algo connosco mas não sabermos o porquê deixa-nos frustrados e depressivos. Porque as pessoas que estão à nossa volta não te compreendem e consequentemente acabam por não te aceitar.

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ESTÁS A SER SEGUIDA POR PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE MENTAL? ESTÁS MEDICADA? Sim. Faço questão de continuar a ser seguida. Neste momento o tempo é mais espaçado por me encontrar mais estabilizada. Continuo com a minha psicoterapeuta e com o psiquiatra. Continuo também com a medicação. Embora muito mais baixa. Inicialmente comecei com Quetiapina 300mg (antipsicótico) e Topamax (regulador de humor). Neste momento tomo apenas 12,5 mg de Quetiapina e deixei o Topamax. A medicação é baixada com a prescrição do psiquiatra. Não aconselho de forma alguma que alguém, por vontade própria, decida baixar a dosagem da medicação. Principalmente quando se trata desta família de medicamentos.


Neste momento a minha vida com BPD não é tão atribulada por já estar estabilizada. Mas vou dar voz a todas as pessoas com BPD que não encontram paz. É um inferno. Borderline significa “no limite” e como o próprio nome indica, viveres no limite nunca poderá ser viver de verdade. Costumo explicar BPD da seguinte forma: Vamos imaginar uma garrafa com água. A garrafa é a pessoa, a água as emoções. Uma pessoa estabilizada emocionalmente vai ser uma garrafa com a água até a meio e mesmo que ocorra alguma coisa menos boa, ela consegue manter a água dentro da garrafa, embora possa subir um pouco. A pessoa com BPD é uma garrafa com a água sempre pela borda. Se acontecer alguma coisa menos boa, a água vai sair logo da garrafa. Contudo, mesmo que não aconteça nada, a água vai sair. As emoções de uma pessoa Borderline são hiperativas. Neste momento tenho mais pontos positivos do que negativos. Porque estou estabilizada. Mas se não estivesse estabilizada, com certeza os pontos positivos não existiam. Ao ter passado pelas dificuldades enormes que passei, fez com que atualmente consiga compreender melhor as pessoas. Ganhei tolerância no que diz respeito a alguém que tenha doenças mentais ou que passe por alturas da vida mais complicadas. Sei agir. Sei compreender. E acima de tudo, sei respirar fundo antes de fazer algo irracional.

SENTES QUE ÉS UMA PESSOA DIFERENTE DAS OUTRAS POR TERES BORDERLINE PERSONALITY DISORDER? Sim. Ser Borderline trouxe-me mais resiliência. Nós somos guerreiros. E mesmo que não quiséssemos, somos obrigados a ser. Estamos em batalha todos os dias, com o mundo e sobretudo com nós mesmos. As pessoas que não têm esta doença não compreendem o que é estar na nossa pele. A visão que nós temos da vida e do mundo é totalmente diferente. Acabamos por criar um mundo só nosso. Se isso nos faz diferentes? Sim. Diferente não significa mau. Diferente não significa ser menos. SENTES PRECONCEITO NO QUE DIZ RESPEITO AO DISTÚRBIO? Portugal sempre foi um país conservador. Falarmos sobre sexo, drogas, orientações sexuais, igualdade de género ou doenças mentais é algo que a sociedade portuguesa prefere ignorar. A falta de conhecimento, a falta de informação gera preconceito. Muitas pessoas olham para nós como preguiçosos. Como aqueles que querem chamar a atenção. A famosa frase “isso é mimo a mais”. A sociedade não sabe praticamente nada acerca de doenças mentais e muito menos acerca de BPD. Fala-se de esquizofrenia e bipolaridade com mais frequência, e mesmo assim, vais ouvir que são mudanças de humor e que são “os malucos”. Embora seja defensora da frase “Os loucos são sábios” e me apetecer ficar por aqui, prefiro respirar fundo e tentar explicar. A maioria das pessoas prefere manter-se em negação. Uns por causa do que os outros vão pensar, outros porque dizem não acreditar em doenças mentais e outros por um motivo qualquer que servirá como desculpa para negar a

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COMO É A TUA VIDA COM BPD? EXISTEM PONTOS POSITIVOS?

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realidade. O problema é que as pessoas acabam por se esquecer que ao negar o seu real estado mental isso irá afectar quem lhes está mais próximo. Neste caso serão sobretudo os filhos, que vêm os pais como modelos a seguir e que são os que ficam subtidos a um ambiente familiar instável. JÁ PASSASTE POR PRECONCEITOS? DE QUE MODO? Sim. E acredito que todos os Borderline passam por isso.Desde a forma como somos tratados em hospitais até à forma como os professores ou familiares lidam connosco.Os profissionais de saúde não estão preparados para lidar com pessoas com doenças mentais. Não digo isto apenas em base nas minhas experiências. Uma pessoa que me é próxima tem Bipolaridade. Deu entrada nas urgências com um ataque de ansiedade, consequente de uma enorme crise. Não foi tratado como urgente. Teve de esperar horas para ser atendida e no fim, deramlhe um calmante. Muitas pessoas vão dizer “Claro. Primeiro estão as pessoas que têm ossos partidos. Ferimentos abertos. Pessoas que estão a morrer”. Não estou a pedir para que as pessoas com doenças mentais passem à frente. Estou a dizer que pessoas que estão “em crise” devem ser tratadas com urgência. Uma crise é perigosa. Uma crise é um risco de morte. O problema da sociedade actual é desvalorizar um ataque de pânico, um comportamento autodestrutivo. E desvalorizam porque não sabem o que é. Nas formações chamadas “PrimeirosSocorros” ensinam-te a socorrer pessoas com ferimentos e fracturas. Mas ensinamte a socorrer pessoas que se tentem suicidar? Ensinam a socorrer pessoas que tenham uma crise? Entende-se por crise, ataques de pânico, ataques de ansiedade, automutilação, fúria, entre outros

comportamentos que ponham em risco a nossa segurança. AS PESSOAS À TUA VOLTA SABEM? DE QUE MODO LIDAM COM ISSO? Faço questão que as pessoas que convivem comigo saibam da existência da minha doença. E tento explicar-lhes da melhor forma em que consiste e quais são os meus sintomas. Não lidam. Não sabem lidar com isso. Se as pessoas não se interessam por


Não consegues relacionar-te de forma saudável. E muito menos tens a compreensão da tua família ou pessoas próximas se eles não te acompanharem na psicoterapia. É muito difícil para uma pessoa com BPD conseguir levar uma coisa até ao fim. Começamos uma coisa e acabamos por deixar tudo a meio. Não é preguiça, é falta de força. É necessário que as pessoas percebam que nas pessoas com BPD há uma inexistência de força e de vontade. Durante a nossa vida toda, o nosso túnel é escuro e por mais que a gente tente, a luzinha ao fundo do túnel não aparece. No trabalho, na escola ou em qualquer situação profissional é uma constante luta devido à nossa instabilidade emocional e sobretudo impulsividade. CONHECES OUTRAS PESSOAS COM BPD? A EXPERIÊNCIA DELAS É DIFERENTE?

compreender um pouco do seu conceito, muito menos irão conseguir compreender o porquê dos meus comportamentos. A única pessoa que lidou com a minha doença, de perto, frente a frente, foi a minha ex-namorada com qual tive um relacionamento de 4 anos e meio. Ela dizia muitas vezes à minha tia (deva-se dizer que foi quem cuidou de mim, a quem devo muito da estabilidade que tenho) que morria de medo de um dia chegar a casa e que eu estivesse morta. Na minha última tentativa de suicídio acordei com ela a chamar pelo meu nome e a abanar o meu corpo todo.

Acabei por conhecer outras pessoas através de uma página que criei no facebook chamada “Diário de uma Borderline”. Criei essa página para ajudar as pessoas com esta doença e para lhes dar a conhecer a minha história. A maior parte das pessoas com BPD não acreditam que exista uma forma de se tornarem estáveis, então eu quero darlhes a conhecer essa possibilidade, essa existência. Dizer-lhes que é possível. Vai haver muita luta sim. Vai haver muitos momentos em que nos parecerá impossível. Mas eu sou a prova de que é possível viver de forma estável com Borderline. Cada pessoa tem a sua história. Cada pessoa tem o seu motivo, o que desencadeou a doença. As minhas causas e os meus factores são diferentes de algumas pessoas. E a partir daí, as histórias e experiências são diferentes.

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COMO É A NÍVEL RELACIONAL E PROFISSIONAL?

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QUE TIPO DE TERAPIAS EXISTEM PARA BPD? O tratamento inicial e o mais importante é a psicoterapia. A psicoterapia ajuda ao paciente a compreender melhor os seus comportamentos e impulsos. Foca principalmente as questões do suicídio e da automutilação. Ajuda o paciente a ganhar consciência, a saber como lidar com si mesmo na hora das crises ou decepções. Também é aconselhável a Terapia Familiar. Um ambiente familiar estável é um dos passos mais importantes para a recuperação de uma pessoa com BPD. É necessário que as pessoas com quem convivemos consigam compreendernos e, acima de tudo, saibam como agir e como nos ajudar. E já que falamos em terapias e estabilidade, quero sublinhar uma coisa extremamente importante. O monstro está sempre lá. Não desvalorizem o que temos só porque estamos a ser medicados e seguidos por profissionais. É algo que levamos para a vida toda. Muitas das pessoas que têm BPD têm histórias extremamente complicadas. Incluindo abuso/violação sexual. Como

é que alguém consegue recuperar de uma experiência traumática dessas? É urgente, volto a sublinhar, é urgente, que as pessoas entendam que o monstro está sempre lá. Mesmo com psicoterapia, mesmo com medicação, mesmo que para vocês, nós possamos parecer estáveis. O monstro continua dentro de nós a sussurrar. Mas nós sabemos lidar com ele, agora. A única diferença é essa. Nós aprendemos a lidar com ele. Nós aprendemos a dominá-lo. Por isso é chamado de “estabilidade” e não de cura. O QUE ACHAS QUE DEVERIA SER FEITO PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DE VIDA DAS PESSOAS COM BPD? Poderíamos, acima de tudo, começar pela informação e formação. Nas escolas, no trabalho em instituições de saúde. Nós temos formações de primeiros-socorros. Temos formações de muitas coisas. Mas por que não existem formações para sabermos lidar com doenças mentais? Sabemos socorrer alguém que precise de mobilizar o braço caso o parta. Mas


FALA-NOS UM POUCO DO VOSSO CANAL. Eu e a Bárbara procuramos fazer do mundo um lugar melhor. Não queremos mudá-lo, queremos torna-lo melhor. Espalhamos o nosso Amor através de vídeos e a nossa luta através de projectos. Fazemos frente aos preconceitos e estereótipos. Derrubamos as normas impostas pela sociedade. Queremos deixar um legado de força e coragem. Tornar o caminho das novas gerações mais fácil. Viver num mundo onde o que importa é nos sentirmos bem e confortáveis na nossa pele. As barreiras da vida devem existir. São as barreiras e os obstáculos que nos tornam mais fáceis. Mas são barreiras da vida. Não barreiras postas por pessoas. É a primeira vez que falo sobre a minha doença publicamente, mas faço-o sem vergonha. Afinal, porque haveria de ter vergonha de falar sobre eu ser uma guerreira? Agradecemos a abertura da MP nesta entrevista, falando sem medos sobre um tema ainda pouco discutido. A Inurban convida os seus leitores a conhecer o canal de YouTube MP&Bárbara e a página de facebook do casal.

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não sabemos socorrer alguém que entre em crise psicótica. Outra coisa que poderia ser feita, seria usar os media para passar informação de qualidade. Existem tantos programas desnecessários a passar na televisão, tantas notícias desnecessárias em revistas e jornais, e esquecem-se de passar à nossa sociedade o que é realmente importante.

A MP deixou, ainda, uma mensagem final: Lembrem-se que a batalha existe. Mas a batalha é vossa. Quando se entra numa batalha, é para vencer. Agora vistam a vossa armadura e vão combater. Encontramo-nos a içar a bandeira, Guerreiros!

39 5 Texto: Nadine Mussá


P S ICOLOGIA

UMA BOMBA RELÓGIO CHAMADO

• ANEURISMA •

Há diagnósticos que nos “obrigam” muitas vezes a recomeçar. E os recomeços nem sempre são fáceis. Há muitas formas de se recomeçar. Na nossa vida somos confrontados imensas vezes com essa necessidade. Já escrevi sobre recomeços e há vários tipos de recomeços, sem dúvida.

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Quando somos confrontados com um diagnóstico de uma doença que desconhecemos, esse recomeço torna-se muitas vezes assustador. Vamos para uma zona desconhecida, sem saber muito bem o que virá a seguir.

LEMOS, PESQUISAMOS, PROCURAMOS TODAS AS INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS PARA NOS PREPARAR PARA O QUE VEM DE NOVO, MAS NUNCA FICAMOS VERDADEIRAMENTE PREPARADOS. Só quando nos vemos confrontados com essa realidade é que entendemos verdadeiramente o significado da palavra recomeço, aprendizagem, e adaptação. Um desses diagnósticos são os aneurismas cerebrais. Quantas vezes já ouvimos falar disto? Muitas… poucas… mas garanto que nunca as suficientes


Mais do que qualquer outra crónica, esta é-me especial. Mas antes de perceber a parte emocional que acarreta este diagnóstico, vamos entender o que é e os riscos que dele advêm. Os aneurismas cerebrais são lesões caracterizadas por dilatações ou lobulações das paredes das artérias intracranianas. A maneira mais fácil de entender é imaginar uma bolha na parede de um cano e que, dependendo da fragilidade de sua parede e da pressão exercida, esta bolha pode estourar e causar um vazamento de sangue no cérebro ou ao redor dele.

O tratamento consiste em excluir o aneurisma da circulação sanguínea, evitando-se desta forma a ruptura e sangramento, que quando ocorre, pode ser fatal em 1/3 dos casos e deixar sequelas clínicas limitantes em até metade dos pacientes que sobrevivem. Tradicionalmente, o tratamento do aneurisma cerebral faz-se através da colocação cirúrgica de um clipe metálico entre o vaso normal e o aneurisma, excluindo-se desta forma a passagem de sangue para o interior do saco aneurismático.

P S ICOLOGIA

para sabermos o que vem aí.

Este procedimento é realizado através de craniotomia, ou seja, uma pequena abertura no crânio. O cérebro não é cortado, apenas dissecado e afastado para que a artéria com aneurisma, que geralmente se situa em baixo do cérebro seja encontrada e tratada. O procedimento é realizado com anestesia geral, dura cerca de 4 horas e, actualmente, é considerado bastante seguro e eficaz.

A MAIORIA DOS PACIENTES SÓ DESCOBRE O ANEURISMA QUANDO ELE ARREBENTA, OU POR ACASO. As possíveis sequelas são as mais variadas possíveis, já que praticamente qualquer estrutura cerebral pode ser atingida. Mais frequentemente, notam-se défices motores, défices na fala e défices cognitivos.

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P S ICOLOGIA

chegam ao hospital. Os que se submetem a uma intervenção médica ainda correm o risco de ficar com sequelas que variam de uma leve perda motora ao estado vegetativo. Outros, conseguem voltar a ter uma vida normal. Recordam-se de vos dizer que esta é uma crónica especial para mim? Aqui fica o meu testemunho sobre ter que reaprender a viver com uma nova realidade. “E quando o teu marido tem uma bomba relógio na cabeça?”

Estes são alguns dos POSSÍVEIS RISCOS de uma cirurgia a um aneurisma cerebral: • Mudanças comportamentais causadas por dano neurológico • Coágulos sanguíneos • Inchaço do cérebro • Confusão • Infecção • Convulsões • Problemas na fala e na visão • AVC • Fraqueza Alguns problemas neurológicos, como aqueles que afectam a memória, coordenação ou outras funções, podem surgir após a cirurgia em uma certa parte do cérebro. Podem variar na gravidade mas nem sempre são permanentes.

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Estatísticas mostram que 50% dos pacientes que têm ruptura de aneurisma, que é uma dilatação anormal da parede de uma artéria, sequer

No dia 31 de Maio, por acaso… numa ida à urgência devido a um desmaio que provocou um TCE fez uma TAC e voilá…. Ali estava ele, caladinho, sem se denunciar. Naquele dia percebemos que havia uma bomba relógio dentro da cabeça dele… que poderia ter rebentado a qualquer momento, aliás, que poderia rebentar a qualquer momento: um aneurisma cerebral.

NAQUELE DIA, PASSAMOS A VIVER COM A PREOCUPAÇÃO IMENSA DE QUE ALGO PUDESSE ACONTECER. Se vivemos em função disso? Claro que não, nem podíamos, mas também não o conseguíamos ignorar. Havia cuidados a ter, havia restrições… e esperou-se, esperou-se por uma cirurgia que iria retirá-la, ou pelo menos anular a possibilidade de rompimento. Uma espera acompanhada de medo e ansiedade. Ansiedade para que lhe retirassem aquela bomba relógio da cabeça, e de medo… medo da cirurgia


No dia 20 de Setembro lá foi ele, aquela espera de 4 horas para que a cirurgia terminasse cortou-me a respiração, moeu-me as entranhas. Só o queria ver acordado, para perceber que tudo estava bem, que não haviam sequelas, que aquela bomba relógio tinha deixado de fazer parte do nosso dia a dia. Ele faz parte da percentagem de pessoas que sobreviveram a um aneurisma cerebral, que foram a tempo de o aniquilar, que saiu sem sequelas daquela cirurgia. E somos gratos!!!!!!!!! Contudo desde o dia 20 de Setembro que aprendemos a viver novamente, aprendemos que a palavra compreensão, afeto, união faz milagres.

Mudaram-se rotinas, mudaram-se tarefas, mudaram-se hábitos. Só não se mudou o amor e a união. E aprendemos. Recomeçamos uma nova vida baseada nas necessidades que em cada dia são diferentes. O meu marido é o mesmo... Mas ao mesmo tempo... O meu marido é uma nova pessoa. Sabemos que um dia tudo voltará ao normal... Ou será este agora o nosso novo normal? Não sei, não sabemos, mas de uma coisa temos a certeza, recomeçamos... E como em qualquer recomeço não tem sido fácil.

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e dos danos que dela podiam advir.

DESISTIR NÃO É OPÇÃO, E POR ISSO, SUBSTITUÍMOS A PALAVRA DESISTIR POR ADAPTAR. Adaptamo-nos a esta nova realidade. Esta é agora a nossa realidade.

Desde esse dia que cá em casa tem sido uma novidade constante. Cada dia é um dia, cada dia nunca é igual, nunca sabemos como é o amanhã. Não houveram sequelas físicas, mas as emocionais e as psicológicas têm sido muitas. Aliado à falta de concentração, memória, cansaço extremo, irritabilidade e tantas outras palavras que nos levam a um ser novo, fomos sorteados com uma depressão. E viver com depressão não é fácil. O sentimento de incapacidade para tarefas que era tão simples aniquila-o emocionalmente. E como costumo dizer: há dias… há dias bons (dentro do que é possível ser um dia bom) e há dias menos bons. Mas esses dias menos bons não são fáceis.

Texto: Sandra Cunha

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ENTREV ISTA

•MARLA DE QUEIROZ•

A ESCRITORA QUE ENCONTROU AMPARO NA LITERATURA

Quem nunca ouviu este nome? Marla de Queiroz (1984) nasceu em Brasília, Distrito Federal, onde passou a sua infância e, também, adolescência. Amante da leitura desde os seus tenros 6 anos de idade, escreve desde os sete anos. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou jornalismo. Hoje, é jornalista, escritora e poeta, destacando-se como escritora através das redes sociais e pediu que quando morresse, escrevessem em sua lápide: “aqui jaz uma poeta que morreu de rir.” A MARLA CRIANÇA FOI UMA MENINA QUE CRESCEU APAIXONADA PELAS LETRAS? A primeira grande frustração que tive foi quando descobri que não sabia ler. Percebi que a palavra orientava o meu olhar e a minha caminhada. Quando entrei na primária, com 6 anos, fingia que lia textos que aprendia a decorar e a professora só se apercebeu que eu não sabia ler nem escrever, quando eu não desenhava as letras maiúsculas. Mas a minha alfabetização foi extremamente rápida porque adorava ler e escrever.

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QUANDO NASCE A NECESSIDADE PELA ESCRITA COMO VEÍCULO DE EXPRESSÃO? Eu sempre fui uma criança e adolescente angustiada. Tinha preocupações muito adultas. Quando descobri a leitura, ela trazia-e alívio e comecei a usá-la como válvula de escape para a minha vida. Com 12 anos eu já lia Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro. Eu queria entender quem era e a leitura, os livros


texto partilhado foi: Crónica de um dia sem Pedro. Porém, antes da dissertação, matriculei-me em jornalismo no Rio de Janeiro. QUANDO É QUE DESCOBRE A SUA FONTE DE INSPIRAÇÃO? Quando conheci Clarice Lispector tudo fez sentido para mim. Ela falava o que eu precisava ouvir e, durante muito tempo, ela foi a minha melhor amiga. O impacto que ela teve na minha vida foi brutal. O mundo abria-se para mim aos 16 anos. Tudo que ela escrevia, era tudo o que eu precisava ler.

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ajudavam-me. A escrita foi a consequência e comecei pelos diários. Eu tinha uma relação com a palavra e queria saber onde ela chegava.

QUANDO É QUE A ESCRITA ACONTECIA?

FERNANDO PESSOA FOI O PRIMEIRO GRADE ESCRITOR QUE LEU? Sim. Via Fernando Pessoa como o Platão para a Filosofia. Ela é a grande base dos grandes poetas. Li tudo sobre Fernando Pessoa. Tudo. A SUA ÁREA DE FORMAÇÃO COMEÇOU E TERMINOU NAS LETRAS? Não, não. Entrei na minha 2ª opção para a faculdade, Filosofia. A 1ª opção tinha sido letras. Mas fiquei feliz por ter entrado em Filosofia. Queria entender as coisas, a questão da existência. E foi aqui, também, que comecei a escrever textos publicáveis. Textos que partilhava por email com amigas e conhecidos. O meu primeiro

Não era uma coisa planeada. Era quando o texto acontecia. Podia ser durante as aulas, no intervalo, à noite. Enfim, quando as palavras queriam acontecer. Mas ... sim, havia alguns momentos em que sofriam uma espécie de ritual. Quando queria elaborar um texto mais profundo. Criava o cenário, tomava um banho, vestia uma roupa confortável. Acho a atmosfera de um escritor lírica, apaixonante. QUANDO NASCE O PRIMEIRO LIVRO REAL? Comecei a juntar material com 18 anos, curiosamente, num blogue, sem imaginar que dali a alguns anos daria o meu primeiro livro. Flores de dentro nasceu em 2008 e resultou da colectânea dos textos publicados nesse blogue. Um livro de poesia e prosa poética.

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ENTREV ISTA

É COM ESTE LIVRO QUE NASCE A CONSCIÊNCIA DE UMA ESCRITORA?

A ESCRITA É A SUA ÚNICA ATIVIDADE QUE A ABSORVENESTE MOMENTO?

Sim, tinha a certeza que esse seria o primeiro de muitos. Agora podia responder, quando me perguntassem sobre a profissão, que era escritora.

Sim, é. Acabei de lançar o 5º livro em dezembro, pela editora Patuá - Tem dias que o coração prende o dedo na porta. É uma proposta mais leve sobre o amor. Muito mais fluído. O próximo será muito profundo, mais denso devido à minha caminhada neste último ano. É um mergulho. E quero muito lançar um livro por ano, agora.

O PROCESSO DE ESCRITA PARA A MARLA É UM PROCESSO DE LIBERDADE OU DOLOROSO? Não diria doloroso. Talvez com pequenos graus de dificuldade. Quando se é um escritor, já adquirimos um estilo. Uns dias é mais difícil de escrever, mas se estivermos sempre a alimentar-nos de arte e criatividade, não tem de ser doloroso. UM ESCRITOR É VESTIDO POR AFETOS OU LÓGICA? Muita lógica. Mesmo que, inicialmente, haja só afetos na produção, quem tem de costurar o final é a lógica, a razão ou pode perder-se a coerência. A compreensão de tudo que se construiu é fundamental. QUAL A EDITORA QUE TEM PUBLICADO AS SUAS OBRAS? A editora Patuá. No entanto, esta editora não distribui. Os meus livros são vendidos pela internet e eu trato de todo esse processo diretamente com os meus leitores, de forma orgânica. Eu conheço os meus leitores. QUANTAS OBRAS, DESDE 2008, FORAM EDITADAS?

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5 livros, vendidos para todos os cantos do planeta. Há brasileiros em todos os lados. Enviei até já para o Japão, Austrália, Nova Zelância. Muitos, muitos locais do mundo. E sempre que viajo promovo eventos para encontrar os meus leitores.

QUAIS SÃO, ENTÃO, TODAS AS OBRAS NASCIDAS A QUE O PÚBLICO PODE ACEDER ATRAVÉS DAS SUAS REDES? Por ordem de nascimento são: “Flores de dentro”, em 2008, “Quando as palavras se abraçam”, “Ainda é muito cedo para ser tarde demais”, “Matriosca” e o mais recente “Tem dias que o coração prende o dedo na porta”. QUAL A MENSAGEM QUE A MARLA GOSTAVA QUE RECORDASSEM SOBRE SI, ALGURES, NUM FUTURO LONGÍNQUO? Gostava que a minha lápide tivesse escrito: “aqui jaz uma poeta que morreu de rir.” ISTO DEFINE TUDO QUE FIZ E COMO O VIVI. HÁ SONHOS NA GAVETA? Claro que sim. Sonho que um dia uma grande editora me descubra. Uma Companhia das Letras, uma editora de Mia Couto. De os meus livros poderem estar nas estantes de todas as livrarias. De receber para estudar, viajar, escrever, consumir cultura. De chamar ao meu trabalho de emprego.


Voz / Guitarra / Composição

Tatiana Santos (Eva Gloom) Os Corvos: Piano

Ana Clara Rebelo Bateria

David Moita Guitarra

João Cracel Baixo

João do Anjo

ENTREV ISTA

•NOVO CONTRIBUTO PARA A MÚSICA•

Tatiana Santos é a alma por detrás dos “Gloom & the Crows”, uma banda recente que nasce de um mesmo objetivo - o amor pela música. A revista Inurban esteve à conversa com todos os elementos do grupo e descobriu tudo sobre a essência que os move. HÁ QUANTO TEMPO NASCERAM OS GLOOM & THE CROWS? Tatiana Santos: Esta banda tem cerca de dois meses. O projeto mãe existia como Eva Gloom, um projeto 100% a solo, mas foi a necessidade de encontrar influências que me inspirassem no processo de composição e a própria noção de

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ENTREV ISTA

perceber que um projeto em conjunto resultaria muito melhor em espaços como festivais Folk, por exemplo. No fundo, outros palcos e públicos mais vastos. Nesta perspectiva, surgem então os Corvos (Crows). A MÚSICA ESTÁ NA TUA VIDA DESDE SEMPRE, PORTANTO?

Tatiana Santos: Um público vasto, porque no meio dos originais tocamos alguns covers para dar uma perfomance mais extensa, com várias influências, sendo o Rock a maior. QUAIS SÃO AS TUAS INFLUÊNCIAS?

Tatiana Santos: Poderíamos dizer que sim ... aprendi a tocar piano aos 4 anos e, hoje, sei que isto foi o alavanque fulcral para a minha sensibilidade auditiva. Desde pequenina que o contacto com a música me tornou da música, sim.

Tatiana Santos: Ouço muita coisa, desde música clássica até heavy metal. Porém, o que influencia a minha composição passa por Johnny Cash, Scott Kelly, Steve Von Till ou Townes Van Zandt.

O NOME DA BANDA É INSPIRADO, ENTÃO, NA ADIÇÃO DOS NOVOS MEMBROS AO CONCEITO INICIAL DO PROJETO MUSICAL EVA GLOOM?

JÁ EXISTE TRABALHO EDITADO?

Tatiana Santos: Exatamente. The Crows (os Corvos) dizem respeito diretamente aos 5 elementos que constituem a banda.

ONDE PODEMOS ENCONTRAR O VOSSO TRABALHO?

O NOME DA BANDA É MUITO DARK, A MÚSICA TAMBÉM? Tatiana Santos: Podemos afirmar que sim, um pouco. Quando comecei a compor as músicas, eu compunha-as porque precisava de tratar coisas pessoais. Usei a música como catarse. A letra reflete o meu passado, reflexões sobre a vida, as angústias. COMPÕES PARA O PÚBLICO OU PARA TI?

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A QUE TIPO DE PÚBLICO QUEREM CHEGAR?

Tatiana Santos: Para mim, para mim. Sem expetativas do que o público possa avaliar. Preocupa-me o feedbcak do trabalho enquanto parte técnica, sobre o estilo, não.

Tatiana Santos: Não. É uma das coisas que será a próxima etapa.

Tatiana Santos: Através da página do facebook e daqui a 1 mês, sensivelmente, em presenças nas rádios e alguns mídia. O objetivo é fazer estrada o máximo possível. Dia 5 de maio estaremos na Popular FM ao vivo, já. QUAL É A MAIOR AMBIÇÃO COM ESTE PROJETO MUSICAL? Tatiana Santos: Muito sinceramente, sair daqui com a música. Correr o planeta. COMO É QUE A FAMÍLIA VOS VÊ NUM PROJETO DESTES? Ana Rebelo: Inicialmente, não dão muita importância, mas quando nos vêem a atuar e a subir ao palco, partilham do nosso orgulho.


João do Anjo: Como músico. Nós só temos que levar a alma da Tatiana onde ela quer ir. PARA QUE UM PROJETO DESTES RESULTE É PRECISO O QUÊ, NA TUA OPINIÃO? David Moita: Persistência, sintonia, dedicação e as pessoas quererem muito tocar. Para não falar do espírito de sacrifício. Sei o que exige dedicar tempo a uma banda, os anos de experiência deram-me essas skills.

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IDENTIFICAS-TE NESTE PROJETO EM QUE ASPETO?

ALIMENTAM A EXPECTATIVA DE QUE O PUBLICO RECONHEÇA A MÉDIO LONGO PRAZO O VOSSO TRABALHO? João Cracel: Sim, até porque esse é um objectivo comum a todas as pessoas, particularmente tratando-se de um projecto artistico original. A nossa expectativa é de que o público se identifique com a nossa música e sinta prazer em ouvi-la. Dado que este projecto tem um estilo de som pouco divulgado em Portugal, esperamos que seja bem recebido por cá, e quem sabe, até lá fora.

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O S PEQU E N O S MA R QUES E S

• O MEU FILHO É AUTISTA E AGORA?• Ter um filho é um dos acontecimentos mais vitais para o ser humano, é um marco importante na vida de qualquer família e é um dos maiores desejos de muitos casais. A família deposita muitas expectativas relativamente ao nascimento de um filho que deseja perfeito, com saúde e que se desenvolva de forma harmoniosa e saudável. Após o nascimento do filho e a vivência das primeiras alegrias da maternidade e da paternidade, os pais vêm o seu bebé desenvolver-se, os meses vão-se passando, as relações do bebé vão-se alargando, o mundo da criança enche-se de novas experiências e novas explorações e, muitas vezes, dá-se a sua entrada na creche e, com ela, a abertura para um novo leque de oportunidades, ainda não experienciadas e vivenciadas. Conforme o desenvolvimento da criança se vai processando, por vezes, em alguns casos, pode-se chegar a um momento em que os pais detetam, ou são alertados pela equipa educativa da creche que frequenta ou pelo pediatra, para alguns comportamentos que podem indicar que algo não está de acordo com o expetável.

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Quando isso acontece, deve-se, numa primeira fase, passar por uma ida ao pediatra, no caso da sinalização vir da creche, ou de uma ida a uma consulta de desenvolvimento, quando sinalizado e encaminhado pelo pediatra.

Nesta fase, devem ser partilhadas com o médico todas as informações pertinentes que possam ser indicadores de suspeição de alguma patologia ou perturbação. Se os sinais levarem à suspeição de um possível diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), a criança deve ser sujeita a um processo de avaliação multidisciplinar para que se possa perceber o que, de facto, compromete o seu desenvolvimento.

O TERMO “AUTISMO” VEM DO GREGO “AUTOS”, QUE SIGNIFICA O PRÓPRIO, ACRESCIDO DO SUFIXO “ISMO”, QUE REMETE PARA UMA IDEIA DE ORIENTAÇÃO OU ESTADO. O substantivo “Autismo” indica uma condição ou estado de alguém que apresenta tendência para o alheamento da realidade exterior, a par de uma atitude de permanente concentração em si próprio. Aponta, portanto, para algo ligado ao “eu” e a um “mundo próprio”. Em termos práticos e clínicos, é um distúrbio orgânico, resultante de uma disfunção precoce, que causa sequelas crónicas.


doenças, com a diferença de que o DMS-5 se refere apenas aos distúrbios que afetam a saúde mental.

O diagnóstico pressupõe a aplicação de uma bateria de testes de avaliação de comportamentos, e de desenvolvimento, que requer um trabalho amplo e minucioso por parte de uma equipa multidisciplinar.

Receber o diagnóstico de autismo de um filho é como embarcar rumo um universo desconhecido. Os pais não sabem como reagir, o que fazer para ajudar o filho.

As PEA podem, por vezes, ser confundidas com timidez, com falta de atenção ou excentricidade, passando assim praticamente impercetíveis Existem também casos de PEA de alto funcionamento, de indivíduos com elevado grau de funcionalidade em diversas atividades de áreas muito diversificadas. A descrição científica das PEA está referenciada no CID-10, o Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde. Para identificar uma PEA é aconselhável a consulta do DSM-5, o manual que permite avaliar os sinais e sintomas deste tipo de transtorno, concebido pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico das perturbações mentais. Tanto o CID-10 como o DSM5 são as referências mundiais para o diagnóstico, descrição e classificação de

Quando o diagnóstico chega e é “PERTURBAÇÃO DO ESPECTRO DO AUTISMO - PEA”:

O QUE FAZER? COMO REAGIR? ESTARÃO OS PAIS PREPARADOS PARA ENFRENTAR A REALIDADE? O QUE É O AUTISMO?

Após o período de choque, é fundamental chegar à fase de aceitação e é necessário encontrar rapidamente a melhor forma de viajar por esse universo em que o filho parece estar isolado, alheado e sozinho. Após a aceitação do diagnóstico, a criança deve ser encaminhada e deve dar-se início à intervenção por forma a ajudá-la no seu desenvolvimento e a minimizar o comprometimento nas suas funções pessoais e sociais.

O S PEQU E N O S MA R QUES E S

O diagnóstico de PEA é feito em ambiente clínico por um profissional especializado. Realiza-se através de observação direta numa consulta e numa entrevista aos pais da criança, para recolha de informações sobre antecedentes familiares, antecedentes pessoais (gravidez, parto, perímetro encefálico…), desenvolvimento da criança em várias áreas (motor, linguagem, socioafetivo…), exames físicos (exame neurológico, dismorfismos…) e os hábitos e comportamentos da criança assim como recolha de informações referente à creche, caso a criança esteja inserida nesse contexto.

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As PEA são uma perturbação do neuro desenvolvimento que se carateriza pelos seguintes critérios: • Défices persistentes na comunicação social e na interação social; • Padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. O termo “espectro” reflete uma compreensão dimensional e integrada do distúrbio em que vários aspetos do desenvolvimento bio psíquico e socio comportamental podem estar afetados apresentando um desvio do padrão típico. O comprometimento do desenvolvimento de certas habilidades e capacidades entrelaça-se e afeta negativamente dois domínios principais da vida do indivíduo por um lado, a comunicação oral e, por outro, a interação social; no primeiro caso por falhas no desenvolvimento dos processos relacionados com a produção e a receção da fala e aos seus suportes cognitivos e/ ou mentais, como a atenção, o controle inibitório e a representação do estado mental dos participantes/agentes da interação social; no segundo caso, porque comportamentos, interesses e ações sofrem restrição e expressam-se de forma repetitiva e/ou estereotipada. Estudos revelam que as PEA são mais frequentes nas crianças do sexo masculino e que a apresentação dos sinais característicos varia intensamente entre os portadores. Estes surgem, normalmente, entre o início de vida e os 8 anos, mas tornam-se mais visíveis entre os 2 e os 3 anos. Tipicamente as PEA são diagnosticadas nos 2 primeiros anos de vida e são notadas pela primeira vez quando a criança revela dificuldade em estabelecer interações sociais (contato

visual e comunicação), o que faz com que a criança se afaste das restantes crianças. A criança demonstra comportamentos considerados atípicos - não convive com outras crianças, prefere o isolamento, tem dificuldades de comunicação, entre outros problemas. Atualmente aceita-se que as PEA são causadas por uma alteração neurobiológica que determina uma disfunção cerebral. Nalguns casos, são diagnosticadas entidades médicas conhecidas na sua origem (sindromático); noutros a causa é desconhecida (idiopático).

Várias teorias explicativas foram surgindo relativamente às PEA entre as quais, psicogénicas, biológicas e psicológicas. Atualmente as de maior relevo implicam a TEORIA DA MENTE, segundo a qual a falha dos indivíduos com PEA seria ao nível da competência de comungar com o pensamento dos outros, e o TESTE DA COERÊNCIA CENTRAL, que destaca a dificuldade que dos indivíduos com PEA têm em estabelecer a relação entre o objeto e o todo, centrando-se mais em detalhes e não no global.


Alguns dos principais sinais de alerta que podem ser detetados desde a nascença até aos 24 meses e, assim, ser rastreados precocemente, são os seguintes:

A hereditariedade das PEA é complexa e poligénica, isto é, existe um conjunto de genes, patológicos ou variantes do normal (daí a complexidade e polimorfismo), responsáveis pela suscetibilidade para a doença. Existe, no entanto, uma possibilidade de potenciação por fatores ambientais. A taxa de concordância é de 70 a 90% em gémeos monozigóticos e o risco de PEA para irmãos de crianças com PEA já conhecida é superior a 25% da população em geral.

> Por volta dos 6 meses de idade, os bebés não sorriem, não olham quando se chama pelo seu nome ou quando se utilizam outras expressões afetivas;

A maioria dos casos de crianças com PEA ainda é detetada tardiamente. No entanto, é crescente o número de estudos que demonstram a importância da deteção precoce durante a primeira infância. Neste período inicial da vida existem já comportamentos que fogem ao chamado “desenvolvimento típico” e que podem servir de alerta quer para a família quer para os profissionais de saúde, quer ainda para os profissionais da área da educação.

> Até aos 6 meses, o contato visual é limitado ou inexistente; > Por volta dos 9 meses os bebés não produzem sons vocais, não sorriem nem usam outro tipo de comunicação nãoverbal; > Por volta dos 12 meses, não fazem uso de gestos para comunicar (por exemplo, apontar, alcançar, acenar…); > Por volta dos 16 meses, não usam palavras; > Aos 24 meses, não fazem uso de expressões significativas. Para além destes sinais, existem outros que podem ser notados mais tarde e que são os seguintes: > Dificuldade em sustentar o contato visual enquanto é alimentado; > Ausência de resposta clara ao ser chamado pelo nome (importante descartar hipótese de perda auditiva);

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Alguns estudos apontam para alguns fatores que possam contribuir, de alguma forma, para o desenvolvimento das PEA.

> Expressão facial praticamente inexistente; > Dificuldade na interação social, > Maior interesse pelos objetos do que pelas pessoas; > Desconforto ao sentir afagos, carícias e ao ser pegado ao colo; > Dificuldade em estabelecer relações de amizade; > Preferência em estar sozinho (isolado); > Dificuldade em iniciar ou manter uma conversa;

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> Dificuldade na comunicação e uso repetitivo da linguagem (ecolália); > Dificuldade em expressar ideias e sentimentos; > Dificuldade de compreensão dos sentimentos das outras pessoas; > Alterações comportamentais como não saber brincar ao faz de conta; > Aversão ou fixação com algumas texturas; > Incómodo com determinados sons e barulhos; > Comportamentos repetitivos e estereotipados (enfileirar brinquedos, rodopiar em torno de si próprio, balançar o corpo); > Qualquer perda de algo já adquirido, como, por exemplo linguagem ou habilidade social. Estes sinais podem ir de leves a graves passando pelo moderado. Todos eles porém, em maior ou menor grau, estão relacionados com as dificuldades qualitativas de comunicação e de relacionamento social. Tal como já referido a gravidade das PEA pode variar muito de portador para portador, assim como o nível de apoio necessário, determinado em função do comprometimento no domínio da comunicação e da interação social. Nas PEA a intervenção multidisciplinar e intensiva é fundamental. Existem diversas especialidades importantes no trabalho integrado, como por exemplo: • Pediatria do Desenvolvimento; • Terapia da Fala; • Terapia Ocupacional;

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• Psicomotricidade; • Educação do Ensino Especial.

Todos estes técnicos em articulação estabelecerão um plano de intervenção adequado a cada caso. Quanto mais cedo se der início a este plano de ação maiores são as hipóteses de progressão, o que promove uma maior qualidade de vida para a criança. Esse é o grande objetivo da equipa de intervenção e da família da criança portadora de PEA. A intervenção deve ter em conta o apoio à família, a integração da intervenção nas rotinas e dinâmicas quotidianas, a promoção da independência funcional da criança e sua preparação para a vida futura, o desenvolvimento das suas competências cognitivas e facilitação da sua aprendizagem. Acredita-se que uma inclusão escolar destas crianças irá proporcionar-lhes oportunidades de convivência com outras crianças da mesma faixa etária. A escola para estas crianças, assim como para todas as outras, é um espaço de aprendizagem e de desenvolvimento de competências sociais e pessoais, e é neste contexto de relações sociais que emergem a linguagem, o desenvolvimento cognitivo, o autoconhecimento e o conhecimento do outro. O Educador/Professor tem um papel essencial na inclusão social da criança com PEA no grupo e, para isso, deve ter e manter uma relação de cumplicidade e comunicação com os pais da criança para que, em conjunto estabeleçam as melhores estratégias a adotar relativamente à criança em questão. Deve-se pedir à família um relatório de interesses, preferências e situações que causam desagrado à criança.


* Promover a compreensão da criança para o que foi dito, algumas crianças apenas repetem o que ouvem, ecolália (repetição) não é sinónimo de compreensão;

* Manter a sala organizada - o ambiente e a poluição visual pode dificultar a concentração da criança;

* Promover, gradualmente e progressivamente, alguma imprevisibilidade que estimule a flexibilidade cognitiva face à mudança;

* Utilizar materiais do agrado da criança para ajudar a estabelecer um vínculo com a escola e as pessoas do ambiente escolar; * Ensinar limites evitando o uso da palavra “não” e dizendo antes o que deve ser feito. Por exemplo deve ser dito “agora vamos sentar” em vez de “não fiques de pé”;

* Ter um ambiente calmo é muito importante para estas crianças, barulhos, tumultos, excesso de informação, estímulos externos, tudo isso pode deixar a criança irritada e levar a uma crise nervosa;

* Estabelecer uma rotina diária e semanal é muito importante para que a criança consiga prever o que vai acontecer;

* Tentar envolver as crianças nas brincadeiras, pois elas têm tendência para se isolarem e brincarem sozinhas, deve-se procurar trazê-las para as atividades de grupo;

* Estimular a participação em tarefas como arrumar a sala, ajudar a entregar materiais a outras crianças;

* Trabalhar por períodos curtos, de cinco a dez minutos, em atividades de dificuldade crescente;

* Ter o cuidado de chamar sempre a criança pelo seu nome e ter a certeza de que ela está atenta;

* Falar pouco, somente as palavras mais importantes pois estas crianças não processam muita informação de cada vez;

* Acompanhar a linguagem por gestos;

* Por fim e, igualmente importante, estar muito atento à relação do grupo relativamente à aceitação destas crianças pois como estas, por vezes, têm um modo diferente de falar, de se movimentar, podem ser alvo de discriminações.

* Promover a contato visual;

O S PEQU E N O S MA R QUES E S

Para que a criança se sinta, realmente, acolhida, é importante ter em atenção alguns pormenores de extrema relevância para a criança com PEA:

VERDADE OU MITO “Uma criança autista nunca gosta de afeto e não aceita carinho de ninguém” MITO É de facto um mito. Uma criança autista faz contato sensorial diferente de uma criança não autista e para que o seu desenvolvimento de faça de forma harmoniosa os pais devem demonstrar muito amor, carinho e afeto.

Texto: Olga Muro

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

•ANIVERSÁRIO•

JOÃO MALHEIRO O comentador desportista João Malheiro comemorou os seus 58 anos numa festa privada surpresa, organizada por um grupo de amigos e liderada pela sua grande amiga a actriz Rosa Vieira, num restaurante emblemático no Parque das Nações. O ambiente era de muita alegria e boa disposição bem ao jeito de João Malheiro, que terminou a noite junto de quem o estima de coração sempre. Créditos: Eduarda Andrino para Revista Inurban

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Entre os convidados encontravam-se algumas figuras públicas como o maestro Vitorino de Almeida, Carlos Cruz, Mónica Sintra, Sérgio Rossi, Jorge Andrade, Ercília Machado, António Miranda, Paulo Lima, Cristina Rodrigues, José Martins, Rita Figueira, Sónia Costa, entre outros. PARABÉNS A JOÃO MALHEIRO e que venham muitos mais!


•DESFILE

FÁTIMA LOPES

FW 18/19 “LET THE MUSIC PLAY”• Fátima Lopes apresentou a sua coleção FW18/19 a 7 de Abril, no emblemático Museu Nacional dos Coches em Lisboa. A criadora inspirou-se na música, notas e decibéis que se transformaram em linhas ultra-gráficas e em materiais únicos como a Lãs/Cashemire, que contrastaram com pele e pêlos, materiais novos texturizados ou recortados a lazer, sedas, rendas, viscoses, musselines de seda e malhas tricotadas.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

O contraste entre o volume dos casacos over size e a delicadeza dos vestidos subtilmente transparentes cruzados e entrelaçados tanto no vestuário como no calçado elevou a marca da criadora ao mais alto nível. Rosas poudrés, beges, brancos, cerejas, azul Klein, ouro precioso, verdes atrevidos e negros elegantes foram as escolhas cromáticas de Fátima Lopes para o próximo Inverno. Esta colecçao é sem dúvida um hino á poesia, glamour e virtuosidade bem ao jeito da criadora. Créditos: José António Marques - Visage

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por Eduarda Andrino

•GALA

“QUINAS DE OURO” 2018• A gala “Quinas de Ouro” 2018 organizada pela FPF, premiou os melhores de 2017 nas diversas vertentes do futebol.

O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, marcou também presença nesta terceira edição da gala.

O espaço para acolher este evento foi o Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, e teve por objetivo premiar os portugueses que se destacaram nas áreas do futebol, futsal e futebol de praia no ano de 2017.

A gala, foi apresentada por Pedro Pinto, Andreia Matos e Sónia Araújo e contou com momentos musicais protagonizados por April Ivy, Diogo Piçarra, Jimmy P. e Richie Campbell.

Destaco a entrega do prémio ao capitão Madjer como melhor jogador de futebol de praia. Ceferin esteve presente no evento, em representação da UEFA, numa cerimónia que foi marcada pela apresentação dos equipamentos oficiais da seleção lusa para o Mundial 2018, a serem estreados nos particulares de preparação para a competição.

Créditos: Paulo Alexandre Nascimento

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INAUGURAÇÃO

• LOJA

VERDE SCP•

Foi no dia 23 de Março pelas 17h que a Rua Augusta nº249, abriu as suas portas para representar o SCP na baixa de Lisboa. O evento contou com a presença, Jorge Jesus, dos jogadores Montero, Madjer, Rúben Ribeiro, Salin e Petrovic, assim como de Emanuel Silva (canoagem) e Marco Fortes (atletismo), além de Bruno de Carvalho e do presidente da C.M.L, Fernando Medina, que discursou para todos os convidados e adeptos leoninos. Fernando Medina elogiou Bruno de Carvalho pela iniciativa e por expandir a marca Sporting CP. “Quero dar os parabéns ao Sporting CP, particularmente a Bruno de Carvalho, por este dia. Em nome da cidade, é um gosto ter esta loja na rua mais emblemática de Lisboa, que acredito que fica mais prestigiada e engrandecida (...) Muitos parabéns a todos os que a construíram e a todos que aqui vão trabalhar e perpetuar a mística do Sporting CP”

Créditos: César Santos

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COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

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•VERSAILLES BY

MYSTERIOUS EVENTS• A criadora e maquilhadora Anabela Vieira mentora do projecto Misterious Events, que produz eventos fotográficos temáticos, escolheu o dia 8 de Abril, embora chuvoso e frio para fazer acontecer um sonho que há muito tinha guardado numa gaveta da sua imaginação. 8 Modelos e cerca de 20 fotógrafos viveram um sonho palaciano numa casa senhorial bem a época do séc. XVII em Ourém.

A alta-costura, estampada em modelos feitos a medida, flores artificiais, bordados, brocados, botões e plissados feitos à mão por uma equipa de profissionais que apoiaram Anabela Vieira fizeram o tempo voltar atrás de uma forma muito nobre. FICHA TÉCNICA Produção: Mysterious Events Fotógrafos: Cláudio F., Jorge M., Vera P., Luís H.,Vitor Sá, Samuel S., Rosa P.,Gil Q., Célia R.,Vitor C.,Fernando M.,Antonio O.,Beatriz G.,Jorge C.,Jose P.,Jorge O.,Jorge M.,Paulo S., Koselillo K. Roupa ,Adereços e Maquilhagem : Anabela Vieira Apoio: Old Sewing Rags by Francisco Simões Cabelos: Vera Belchior Local: Agro-quinta de S. Gens - Ourém


•19º EDIÇÃO DO FESTIVAL ANUAL•

TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA

É missão do Festival Anual de Teatro Académico, desde a sua primeira edição (1999), promover e divulgar o Teatro Universitário português, garantindo-lhe um lugar de honra na vida cultural portuguesa. O Teatro Universitário, desenvolvido no âmbito das instituições de Ensino Superior é, sem dúvida, uma das atividades extracurriculares estudantis de maior significado sociocultural e histórico no meio universitário português.

Teremos FATAL Mais com espetáculos de grande qualidade, mas que não reúnem as condições para entrar na competição. O FATAL convida grupos internacionais que contribuem param a diversidade do festival. Mais uma edição, mais um ano em que o FATAL coloca a ULisboa e a capital na rota dos grandes festivais europeus de teatro universitário.

COLUNA S OCIA L

por Eduarda Andrino

De 10 a 19 de maio, o FATAL apresenta cerca de 20 espetáculos, distribuídos por três categorias. Em Competição apresentar-se-ão espetáculos selecionados por um grupo de especialistas.

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CO N E XAO FA S HION

• PORTUGAL FASHION • 2018 Bem vindos a mais uma rubrica Conexão Fashion, o meu nome é Hugo Osório e sou fotógrafo profissional na área de moda, este mês iremos falar a fundo do maior evento de moda nacional, o “Portugal Fashion” que se realizou no final do mês de Março 2018. Pois bem, quem não conhece este evento, passo a fazer o respectivo enquadramento, é um evento de moda, que reúne os mais conceituados estilistas e marcas nacionais, onde duas vezes por ano apresentam as suas coleções e ditam as tendências, este evento está altamento cotado a nível internacional e conta também com os melhores modelos e diversas personalidades que marcam presença para assistir aos desfies. O “Portugal Fashion” tem por base a cidade do Porto, no entando inicia em Lisboa, este ano trouxe novidades em termos de localização, ao invés de ter sido no local habitual, na Alfândega do Porto, foi realizado no Parque da Cidade do Porto, onde foi montado uma mega estrutura para albergar todo o staff e disponibililzar uma boa experiência para quem foi assistir, um pouco à imagem de outros grandes eventos de moda internacional. Na minha opinião pessoal, esta mudança foi fantástica e possibilitou ter uma experiência excelente.

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As coleções apresentadas, são referentes ao Outono/Inverno 2018.

Storytailores foram os criadores que inauguraram as passadeiras do “Portugal Fashion”, no dia 17 de Março em Lisboa, apresentando a coleção 111, misturando arte, artesanato e tecnologia, num vestuário que pode ser usado pelo dois sexos, segundo os estilistas, esta coleção deve ser vista com liberdade criativa e uma intrepertação de emoções. Houve ao longo do dia outras crições apresentadas, no entanto destaco o estilista Carlos Gil, que apresentou propostas num estilo glamour, aliada ao estilo desportivo e casual, sempre tendo em consideção o conforto. Passemos para a cidade do Porto, em que o evento, teve como primeiro dia 22 de Março, e nada melhor que começar com os novos criadores que se estão a destacar no mundo da moda e no mercado nacional, a eles o “Portugal Fashion” atribui o espaço Bloom, deixo o meu destaque para a criadora Beatriz Bettencourt, nos palcos principais estiveram estilistas como Anabela Baldaque que reúne nesta colecção, uma mistura das peças mais fortes das suas criações, de uma longa carreira de 32 anos, em que se destaca as cores planas. O dia terminou em grande com Júlio Torcato, onde a colecção denominada de RE/Wind une a alfaiataria clássica, com a técnica dos materiais de alta performance competitiva.


Segundo dia foi recheado de propostas fabulosas, em que o meu destaque vai para a colecção de Luís Buchinho, o criador teve como inspiração o conceituado filme Blade Runner, apresentando uma colecção onde o futuro e o mundo tecnológico estão bem presentes, as peças demonstram pormenores delicados, formas estruturadas e sempre com uma silhueta bastante definida, tendo atribuído o nome da colecção como Night Drive. Destaco também a estilista Micaela Oliveira que montou o seu próprio set para o desfile, naquele que foi apelidado, como “o Jardim de Micaela Oliveira”, em que a primeira modelo a desfilar foi a actriz Rita Pereira e rapidamente se sentiu o impacto da mesma entre o público, no entanto o desfile foi, muito mais que isso, em uma colecção que pretende envolver em magia e encanto, mas com sensualidade e ousadia. O dia terminou com o Estilista Miguel Vieira com uma colecção Rock & Roll, que além de um estilo musical, é um estilo de vida que se manifesta no dia a dia, de várias formas, entre elas a maneira de vestir, o criador apresentou propostas com base na irreverência, tradição e liberdade.

CO N E XAO FA S HION

LUÍS BUCHINHO

MICAELA OLIVEIRA

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CO N E XAO FA S HION

NUNO BALTAZAR

Último dia começou em grande com o Fashion Designer Nuno Baltazar, com um trabalho de excelência da alfaiataria, recheada de estilo e silhuetas cintadas, e ainda criou o “wow factor” para quem assistiu, tendo colocado asas de anjo, enormes em dois modelos masculinos. Seguiu-se Katty Xiomara com um retrato abstracto. Destaco também a estilista Ana Sousa com misturas de diversas de culturas, épocas e cores, a marca Lion of Porsches com um cenário encantador, representando a floresta no Inverno e com uma colecção bastante vincada nessa estação do ano, já a marca Dielmar tem propostas ricas em padrões, o estilista Luís Onofre continua a ter, como base nas suas colecções a elegância a cima de tudo e para terminar o fecho de mais um Portugal Fashion, o estilista Diogo Miranda, com uma colecção que teve por base de inspiração, um antigo candelabro de família, colocando a mulher numa postura confiante e sexy.

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LION OF PORSCHES


organizadora do evento, que continua a inovar, para proporcionar um evento, cada vez mais a pensar na experiência pessoal de cada pessoa que acompanha a moda nacional.

DIELMAR

Texto e Fotos: Hugo Osório

CO N E XAO FA S HION

Resumindo o “Portugal Fashion Fall/ Winter 18“, foi um sucesso a começar pelo novo espaço onde se realizou, a passar pelas propostas fantásticas que foram apresentadas pelos diversos Fashion Designers e a terminar na Anje, empresa

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A R MÁ RIO S EM CHAVE

•LENÇOS• Sim, lenços são tendência para este Verão.

Deixo VÁRIAS DICAS onde e como o lenço pode ser usado:

As grandes marcas já se renderam, já os vimos nas passarelas bem como nos posts das mais conceituadas blogues.

Pode ser usado no cabelo de várias formas, dê asas a sua imaginação e crie os seus penteados!

Podem ter variadas formas, mas os mais in são os quadrados de maior ou menor tamanho.

Porque não usar um “chocker de pulso”? Super cool e pode variar o seu look as vezes que quiser.

Podem ser de algodão ou seda, depende muito para que efeito se usa e também varia de gosto para gosto. Pode apostar nos dois tipos porque ambos são tendência.

Pode transformar o seu look com o uso do lenço na carteira. Ele pode ser usado de lado em forma de laço ou mesmo forrando a alça. Há marcas que criaram as carteiras já sendo a alça o lenço.

Os lenços por norma são super coloridos e estampados, mas também se usam lisos ou só de uma cor.

No pescoço ele pode ser usado como chocker ou se converter num estilo mais clássico e ser colocado como uma acharpe normal! Pode coloca-lo com uma volta ou várias voltas e nó pode ser feito em diversos estilos!

Esta tendência tem ainda a vantagem de ser acessível, o que é óptimo para se ter em mais variedade. É super versátil e dá um toque super cool a um look de verão. O lenço pode ser adaptado a vários estilo, uma ida a praia por exemplo quando usado no cabelo, ou uma saída nocturna quando usado a cinta ou na alça da carteira.

Visite nos e conheça todas as opções que temos de lenços para complementar os seus look.

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Pode nos encontrar na loja online através do facebook ou loja física situada em Chaves. https://www.facebook.com/ armariosemchaveforman/?fref=ts

Nos tornozelos ou no calçado? Sim, podem ser usado e dar um toque mais irreverente. Quando um lenço se torna um top, por exemplo numa ida a praia ou num look de praia! Quem acompanhou os desfiles da: Dolce & Gabbana e Versace, viu certamente para além dos estampados, lenços a complementar os look. Tendências arrojadas e contemporâneas.


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A R MÁ RIO S EM CHAVE


Te m a d a PRÓXIMA EDIÇÃO! N ão perca!

•INFERTILIDADE•

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MANUELA PEREIRA | 910749747


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