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artigo Científi

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Metodologia de edição de ângulo de pronação a partir da acelero etria: co paração entre acelerô etro industrial e giroscópio F Q H

, line2; Z , udnei2.

, Milton ntonio1 e 2; B

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1 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 2 - Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos IBTeC/Laboratório de Biomecânica esumo O movimento de pronação, de um modo geral, é medido somente em 2D, deixando de lado o aspecto da rotação da tíbia. Os sistemas que medem a pronação em 3D são baseados em imagens, e constituem um sistema caro e demorado de medida. O principal objetivo deste trabalho foi descrever uma nova metodologia para medição de ângulo de pronação, tanto no plano sagital 2D quanto a rotação da tíbia, separadamente. Para tal, foi escolhido um sensor do tipo giroscópio 3D da Microstrain. Entretanto, esse tipo de sensor tem uma taxa máxima de aquisição de 100Hz. Como esse sensor, além de ângulos, mede também aceleração, foi comparado a um acelerômetro de uso industrial (mas que não mede ângulos), para verificar se a taxa de amostragem é um parâmetro limitante de seu uso. O acelerômetro utilizado é da marca B&K e tem taxa de aquisição de dados de 10kHz. Os dois sensores foram colocados em série na parte medial da tíbia, de modo que as

alavras-chave:

vibrações que passam pelos sensores são praticamente as mesmas. O giroscópio envia sinais via wi-fi e o acelerômetro estava conectado por cabos a um condicionador de sinais, acoplado a um computador com conversor A/D de 12 bits, fundo de escala ±4,096V. O software escolhido para o acelerômetro foi o SAD32 2.0 desenvolvido na UFRGS e para o giroscópio o próprio software (Inertia, da Microstrain) que acompanha o sensor. Um indivíduo do sexo feminino caminhou em esteira a uma velocidade de 4 km/h com os sensores adaptados à tíbia, inicialmente descalço e posteriormente usando vários tipos de chinelos. Os resultados mostraram que, devido à baixa taxa de amostragem, o giroscópio corta uma pequena parte do pico de aceleração no momento do impacto (transientes muito rápidos), mas que os ângulos, por não possuírem transientes rápidos, possuem incerteza compatível para ensaios de conforto.

índice de amortecimento, conforto, biomecânica, calçado, distribuição de pressão plantar, salto alto

bstract The main objective of this work was to describe a new methodology for the measurement of pronation angle/rotation of the tybia. Usually, pronation is measured by a 3D cinemetry system, which is very expensive and spend a considerable time. A new methodology used employs a 3D gyroscope. Since gyroscopes used for biomechanical applications have low sampling rates (in our case, 100Hz), it was used together an industrial accelerometer with sampling rate up to 10kHz. These two sensors were positioned at the medial part of the tybia; in such way, that vibrations crossing both sensors are practically the same. The gyroscope used sends signal by a wi-fi systems and the accelerometer uses cables connected to a signal conditioner coupled to a microcomputer with

an A/D converter (12 bits, 38kHz of maximum sampling rate, 4.096 V full scale). The software used for acquiring signals from the accelerometer was SAD 3.2, developed at UFRGS University. For the gyroscope it was used the software Inertia, from Microstrain. An individual (female, 35 years old, 66kg) walked at 4.0 km/h at a treadmill, with both sensors, initially barefoot ant lately with various types of flip-flops. Results showed that, regarding to the low sampling rate of the gyroscope, there is a small “filtering” of peaks and small events in the experimental data when the model is walking barefoot. Regarding the fact that the peaks of acceleration (fast transients) are measured with smaller values, the angle values are considered acceptable for a comfort norm.

Keywords: absorption index, comfort, biomechanics, footwear, plantar pressure distribution, high heel shoes

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O CONFORTO ESTÁ NA MODA Vivemos hoje em um momento em que, com as tecnologias móveis, as redes sociais, e o amplo acesso à internet, a informação se tornou algo extremamente acessível a praticamente todos. Por outro lado, passamos por um dos momentos mais instáveis no cenário político e econômico do nosso País e em vários pontos do mundo, trazendo divergência de opiniões e diferentes verdades. E neste turbilhão o grande desafio é saber como separar o certo do errado, fato de boatos e opiniões pessoais de verdades mais consistentes. Em nosso segmento de calçados a maneira como as coisas acontecem não é muito diferente. A procura por espaço em um mercado cada vez mais restrito leva as empresas a procurar produtos e argumentos para conseguir uma posição de destaque, o que significa, muitas vezes, a criar suas próprias verdades e divulgá-las como ferramenta de venda. Talvez nem tudo neste mundo possa ser medido e avaliado de maneira técnica e científica, uma vez que depende de percepções pessoais e muitas vezes dos interesses de cada um. Mas sobre um ponto específico nós, do IBTeC, temos convicção absoluta: o grau de conforto e reais benefícios de um calçado de conforto pode e deve ser avaliado, sim. É nosso compromisso como instituição prestar este serviço e levar esta informação de maneira clara e objetiva para todos. Neste ano de 2016, através da nossa Revista Tecnicouro, iniciamos uma série de reportagens, artigos e estudos com o intuito de esclarecer a toda cadeia calçadista, e até mesmo ao consumidor final, sobre o que é um calçado confortável e como são realizados os testes que medem o índice de conforto proporcionado ao usuário e credenciam as empresas a obterem a certificação de conforto. Esta iniciativa integra e complementa a campanha iniciada no final do ano passado, intitulada Conforto agora é moda, que visa a promover o debate sobre este tema que é fundamental para o bem-estar e a saúde do consumidor. Trata-se, portanto, de um exercício do nosso compromisso de contribuirmos de forma efetiva para criarmos uma relação mais justa e verdadeira entre empresas e consumidores finais, qualificando ainda mais as nossas indústrias e fortalecendo o prestígio do calçado brasileiro em todo o mundo, proporcionando aos consumidores a satisfação pelo verdadeiro atendimento das suas necessidades e expectativas.

Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo

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MERCADO Amarrações em alta

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EXPEDIENTE

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AGENDA

REPORTAGEM ESPECIAL Desmitificando o conforto

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NOTAS

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CB-11

INSTITUCIONAL IBTeC recertificado

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OPINIÃO

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ARTIGOS

TECNOLOGIA Avaliação em esportivos

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CADERNO

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Conselho Deliberativo: Claudio Chies (Presidente) Conselheiros: Ernani Reuter, Jakson Fernando Wirth, João Altair dos Santos, Jorge Azeredo, Marcelo Fleck e Rosnei Alfredo da Silva Conselho Fiscal (Conselheiros): Eleno da Silva, Maria Gertrudes Hartmann, Renato Kunst e Ricardo Wirth Conselho Científico (Conselheiros): Dr. Alberto Carlos Amadio, Dr. Aluisio Otavio Vargas Avila, Dra. Deyse Borges Machado, Dr. Luiz Antônio Peroni, Dra. Mariliz Gutterres, Dr. Milton Zaro e Dra. Susana Cristina Domenech Presidente executivo: Paulo Griebeler Vice-presidente executivo: Dr. Valdir Soldi Institucional/Cursos/Eventos: Marcela Chaves da Silva (marcela@ibtec.org.br) Comercial - Gerente: Karin Becker (karin@ibtec.org.br) Consultorias - Consultor técnico: Paulo César Model (paulo@ibtec.org.br) Administrativo-Financeiro: Rogério Luiz Wathier (rogerio@ibtec.org.br) Projetos Especiais: Tetsuo Kakuta (projetos@ibtec.org.br) CB-11: Andriéli Soares (andrieli@ibtec.org.br) Laboratório de Biomecânica: Dr. Aluisio Avila (biomecanica@ibtec.org.br) e Dr. Milton Zaro (zaro@ibtec.org.br) Laboratório de Substâncias Restritivas: Janiela Gamarra (janiela@ibtec.org.br) Laboratórios Químico e Mecânico: Ademir de Vargas (laboratorio@ibtec.org.br) Laboratório de Microbiologia: Dr. Markus Wilimzig (markus@ibtec.org.br)

Jornalista Responsável e Editor: Luís Vieira - 8921-MTb/RS (luis@ibtec.org.br) Produtora Gráfica e Jornalista: Melissa Zambrano - 10186-MTb/RS (melissa@ibtec.org.br) Arte Final: Fábio Mentz Scherer (fabio@ibtec.org.br) Publicidade: Romeu Alencar de Mello (romeu@ibtec.org.br) Comercial: Daniela Tesser (daniela.tesser@ibtec.org.br) e Simoni Jaroszeski (simoni@ibtec.org.br) Conselho Editoral: Ênio Erni Klein, Wanderlei Gonsalez, Milton Antônio Zaro, Luís Vieira, Ernesto Plentz, Mauro Sarmento, Janete Maino, César Bündchen e Evandro Sommer A Tecnicouro não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados ou pelo conteúdo dos anúncios, os quais são de responsabilidade dos autores. A reprodução de textos e artigos é livre desde que citada a fonte. Fundada em 1979 | www.tecnicouro.com.br Rua Araxá, 750 - Cx. Postal 450 - Telefone 51 3553.1000 - fax 51 3553.1001 Cep 93334-000 - Novo Hamburgo/RS ibtec@ibtec.org.br | www.ibtec.org.br

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Março FIMEC 15, 16 e 17 Novo Hamburgo/RS www.fimec.com.br

Maio SICC 23, 24 e 25 Gramado/RS www.sicc.com.br

Agosto PREVENSUL 10, 11 e 12 Curitiba/PR www.protecaoeventos.com.br

Abril FIEMA 5, 6, 7 e 8 Bento Gonçalves/RS www.fiema.com.br

Junho FRANCAL 26, 27, 28 e 29 www.feirafrancal.com.br

Setembro SEINCC 20, 21 e 22 São João Batista/SC www.sincasjb.com.br

IX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA DO CALÇADO Novo Hamburgo/RS 27 e 28 www.ibtec.org.br

INSPIRAMAIS Data não confirmada São Paulo/SP www.inspiramais.com.br

Outubro FISP 5, 6 e 7 São Paulo/SP www.fispvirtual.com.br

Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.

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IMAGEM GQINDIA.COM

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CLARIANT É ELEITA COMO UMA DAS EMPRESAS

mais sustentáveis A Clariant, uma das líderes mundiais em especialidades químicas, foi reconhecida como uma das empresas mais sustentáveis no setor químico brasileiro, segundo o Guia Exame de Sustentabilidade 2015. A avaliação levou em consideração diversos aspectos do modelo de gestão da companhia, englobando iniciativas nas esferas de performance, pessoas e planeta, bem como a atuação na cadeia de fornecimento. Entre os projetos da Clariant, o destaque ficou por conta da implantação do programa de avaliação sistemática de todo o portfólio de produtos Portfolio Value Program (PVP). Para o desenvolvimento do programa em nível global, a empresa contou com o apoio do Collaborating Centre on Sustainable Consumption and Production (CSCP) para desen-

volver um conjunto bem definido de 36 critérios com base nos quais todos os seus produtos podem ser classificados. O processo leva em consideração fatores sociais, ambientais e de desempenho. A Clariant concede seu selo EcoTain® aos produtos que apresentam excelência em sustentabilidade e alto desempenho, proporcionando aos clientes um claro indicador do seu valor agregado. “Criar valor com a sustentabilidade é um dos pilares estratégicos da Clariant, o que demonstra nosso claro compromisso de associar a inovação com a sustentabilidade, apoiando nossos clientes e gerando benefícios para a sociedade. O reconhecimento demonstra que estamos no caminho certo”, avalia a presidente da Clariant para a América Latina, Mônica Ferreira Vassimon.

Calçados Bibi é reconhecida por evitar emissão de CO2

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Calçados Bibi recebeu em outubro a certificação Perfil Energia+Limpa por ter deixado de emitir, entre janeiro e dezembro 2014, o equivalente a 180,447 toneladas de CO2 na atmosfera. O certificado é concedido pela empresa Perfil Energia, que atua na gestão de energia juntamente com a Ecovalor Consultoria em Sustentabilidade, a empresas que aderem à compra de energia oriunda de fontes renováveis dentro do Ambiente de Contratação Livre (ACL). Ter aderido ao ACL significa que a fabricante de calçados infantis optou por fontes renováveis de energia, como eólica, solar ou biomassa (que emitem menos gases de efeito estufa), diminuindo, assim, o consumo de matrizes energéticas de alto impacto ambiental e baseadas em combustíveis fósseis. Desde

maio de 2012, 100% da energia consumida na fábrica da Bibi em Parobé/RS é de origem sustentável. Para emitir o certificado, o Programa Perfil Sustentável realiza a contabilidade dos gases de efeito estufa (GEE) que deixaram de ser emitidos pela empresa. O cálculo é realizado após diagnóstico de consumo energético gerenciado por uma auditoria independente e com metodologia aceita internacionalmente. “Este certificado é mais uma amostra do compromisso da Bibi com a sustentabilidade e com o futuro do planeta. Nossa preocupação vai além do consumo de energia, pois também investimos no gerenciamento e na redução de resíduos gerados na fabricação dos produtos, além do tratamento dos efluentes, entre outras medidas sustentáveis”, detalha o presidente da empresa, Marlin

José Kohlrausch. Desde dezembro de 2014, a empresa possui o Selo Prata de Sustentabilidade, que atesta o compromisso com as iniciativas sustentáveis nos processos industriais, bem como com o desenvolvimento de ações em sintonia com três pilares sustentáveis: ambiental, econômico e social, tornando-se a primeira indústria calçadista a obter tal selo. Também em 2014, a empresa implantou um programa inédito no setor para eliminar dos seus produtos as substâncias de uso restrito. Para isso, envolveu toda a cadeia de fornecedores, que recebeu treinamento e teve os produtos testados pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), que emite os laudos comprovando a adequação de cada material fornecido para a grife.

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FIO TÊXTIL BIODEGRADÁVEL DA RHODIA

tem lançamento mundial A Rhodia, empresa do grupo Solvay, lançou durante a ITMA, a principal exposição e congresso têxtil internacional, que aconteceu de 12 a 19 de novembro em Milão/Itália, o primeiro fio de poliamida biodegradável do mundo, o Amni® Soul Eco. O lançamento faz parte da estratégia de internacionalização da marca Amni®, que completa 15 anos na moda brasileira e chega ao mercado internacional em sua versão sustentável. Desenvolvido após quase cinco anos de pesquisas, trata-se de um fio têxtil de poliamida 6.6, que foi aprimorado em sua formulação para permitir que roupas se decomponham rapidamente quando descartadas em aterro sanitário. Ao contrário de outras fibras que demoram décadas

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para se decompor, o produto é eliminado do planeta em três anos. O Amni® Soul Eco já recebeu os prêmios ECO da Amcham (American Chamber of Commerce for Brazil) na categoria Sustentabilidade em Produtos ou Serviços e o ABQUIM (Premio Kurt Politzer de tecnologia), na categoria Empresas. “Estamos muito otimistas com esse lançamento mundial. Além de ser uma fibra reciclável, ela é biodegradável, tornando uma solução sustentável para o descarte e perfeita para o meio ambiente. Acreditamos que é uma revolução para o mercado e trará grandes benefícios para o planeta”, comentou Renato Boaventura, presidente da Unidade Global de Negócios Fibras do Grupo Solvay.

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COURO DE TILÁPIA EM

roupas e acessórios O uso do couro de pescados no segmento da moda ainda é pouco explorado no Brasil, mas algumas indústrias já estão preocupadas com a utilização desse produto. O que antes era descartado, agora é precioso nas mãos de especialistas do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil, Vestuário e Moda, que desenvolveram uma série de itens com o couro da tilápia, numa parceria com a Vitalmar, indústria pesqueira de Itajaí/SC. O resultado foram oito looks com cintos, sapato, bolsa e peças de roupas feitas com este couro. No Brasil, cerca de 210 mil toneladas de tilápia são consumidas ao ano. A especialista do IST de Blumenau/ SC, Mara Lucia Krause, costurou todas as peças do projeto. “É possível aproveitar até 62% do couro. Projetos anteriores chegavam a 30%. Esta foi a minha primeira experiência com couro”, revela. O gerente do IST de Blumenau, Fábio Dutra, explica que vários segmentos podem incluir o couro da tilápia em seus produtos entre eles vestuário, calçados e joias. “O produto tem grande potencial de venda no mercado. Além da qualidade técnica,

este couro é mais resistente e flexível do que os demais”, destaca Dutra, lembrando que a pele do peixe hoje é utilizada na fabricação de ração, mas sem agregar valor ao produto. “As empresas precisam se apresentar competitivas no mercado. Pesquisa de tendências e desenhos mostra que nosso projeto é exclusivo, desenvolvido para o consumidor brasileiro”, afirma o designer italiano Giovani Maria Conti, do instituto politécnico de Milão (POLI.Design), parceiro no desenvolvimento do trabalho. “Neste projeto, o couro de tilápia tem papel estrutural e não apenas de decoração”, completa. Para o empresário Dario Vitali, da Vitalmar, o resultado do projeto mostra que o uso desta matéria-prima amplia a cadeia produtiva do setor de pescados. “Hoje aproveitamos apenas 32% de toda a tilápia que pescamos. Por isso, temos a preocupação de encontrar estratégias para utilizar melhor nossos pescados”, afirma. O couro da tilápia passa por processos semelhantes ao do couro bovino (vacum). As peças passam a integrar o acervo de moda do Senai em Blumenau. Até 62% da pele pode ser aproveitada na confecção de roupas,

FOTO ANA PAULA ZIEGLER

calçados e até joias

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LIVRO TRAZ INFORMAÇÕES SOBRE

como fazer um calçado M ais do que um simples coadjuvante, o calçado passou a ser protagonista de um look, conquistando cada vez mais espaço no mundo da moda. O modelista tem um papel importantíssimo nesse processo, pois de nada vale um calçado com um belo design se o profissional não desenvolver com muita habilidade o seu trabalho, que deve ser fiel ao projeto da marca, mas sem deixar de lado o conforto dos pés. No livro Modelagem de Calçados, a autora Ilce Liger, designer e modelista de calçados, apresenta informações básicas e de fácil compreensão sobre como construir vários modelos de calçados, e traz, com detalhes, o passo a passo das técnicas da escola italiana de modelagem. A autora descreve com precisão quais são os instrumentos necessários para o trabalho, em que pontos o modelista deve ter ainda mais atenção, quais são os diferenciais de cada modelo, e muito mais. Com essas informações, Ilce destaca que “a modelagem de calçados não é difícil de ser feita, mas

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é preciso conhecimento, muita atenção e, principalmente, dedicação para desenvolver um molde cujo produto final seja confortável e tenha um acabamento impecável”. A obra da Editora Senac São Paulo apresenta a modelagem mostrando a evolução de dificuldade partindo do básico e as diferenças entre as bases do calçado, indicado também para estudantes que estão iniciando na área, sendo repleto de imagens de todas as etapas. A autora contou com a parceria do artista plástico Roberto D’Araújo, autor da escultura da capa, que traduz os conceitos de liberdade, movimento, estética, brasilidade, ergonomia e natureza - sua maior fonte de inspiração. Ressalta-se também colaboração de importantes entidades do setor calçadista brasileiro como a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq), a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e indústrias do setor.

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COLORGRAF APRESENTA LANÇAMENTOS DO

Verão 2017 A

objetos de consumo comum em artigos de luxo. Outra fonte de inspiração utilizada são os produtos com ideia de deslocamento, sentimento de aventura e liberdade. Segundo a gerente de marketing da empresa, Jordana Drawanz, todos os novos produtos são tendências do fórum. “Estamos bem otimistas com os resultados desse trabalho, que traz o despertar de uma nova estação, onde estimular desejos e originar vontades se torna imprescindível para o sucesso dos produtos”, disse.

FOTO DIVULGAÇÃO

s novidades que a Colorgraf trabalha para o Verão 2017 estão em exposição no Salão de Design e Inovação de Materiais Inspiramais, que é realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e acontece nos dias 11 e 12 de janeiro no Shopping Frei Caneca, em São Psulo/SP. As estampas e as peças técnicas desenvolvidas são influenciadas por conceitos do movimento pop, na releitura de símbolos e

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FOTO LUÍS VIEIRA

CONHEÇA OS TEMAS ABORDADOS PELOS PRIMEIROS PALESTRANTES

confirmados no SBBC 2016 D

urante os dias 27 e 28 do próximo mês de abril, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) realizará, em conjunto com a Universidade Feevale, o IX Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado. Com um ciclo de palestras realizadas pelos mais expressivos pesquisadores no assunto em nível mundial, o evento é

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uma oportunidade para a atualização de empresários e profissionais que buscam agregar diferenciais de performance e design através de atributos de conforto, sustentabilidade ambiental e inovação tecnológica nos produtos. O congresso acontecerá no auditório da Feevale, em Novo Hamburgo/RS, onde os participantes conhecerão os principais avanços em ciência e tecnologia para o desenvolvimento de calçados mais funcionais.

O IX SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA DO CALÇADO ACONTECE EM ABRIL

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Methods and Results in Running and Soccer Footwear Research Com mais de 500 artigos, resumos e capítulos em livros, o Dr. Ewald Hennig mostrará diferentes tecnologias de medição para a avaliação da execução de calçados esportivos, especialmente para a prática de corrida e futebol. Resumo da palestra: A prioridade na construção de calçados é a prevenção de lesões pelo uso excessivo. No futebol, os jogadores estão mais interessados na melhoria do seu desempenho através do seu calçado. Por impedir deslizamentos no campo, a estabilidade é o atributo mais importante para os atletas. Na palestra também será mostrado que métodos biomecânicos podem ajudar até mesmo no desenvolvimento de calçados para melhorar a precisão do chute.

Implementation of dynamic foot scans (structured light) to improve the fitting of security shoes

Understanding Footwear Traction Com interesses em pesquisas que incluem biomecânica do calçado, material de esporte e desempenho/lesões, há quase 20 anos, o Dr. Darren Stefanyshyn tem colaborado em uma ampla variedade de projetos básicos e aplicados em equipamentos de diferentes esportes com empresas líderes no segmento. Resumo da palestra: os principais tópicos que serão abordados pelo pesquisador durante a sua apresentação iniciam com uma contextualização geral sobre o calçado e a prática esportiva. Em seguida ele comentará como a tração influencia em lesões durante o esporte e também pode afetar o desempenho atlético. Outras abordagens serão a prevenção contra escorregamentos e quedas e deficiências atuais versus soluções alternativas para os calçados de esportes.

Coordenação motora dos membros inferiores e tipo de pisada na corrida O Dr. Luis Mochizuki vai discutir como a coordenação motora das articulações do joelho e quadril, por meio da análise do vetor codificado e análise dos tipos de coordenação, é determinante para a forma de colocação do pé no chão.

Resumo palestra: A colocação do pé na corrida (primeiro contato do pé no chão) pode ser com a parte anterior, central ou posterior do pé. Esses tipos de colocação do pé afetam a cinemática do sistema pétornozelo, como é bastante discutido na literatura. O tipo de calçado usado ou simples uso ou não de calçados pode afetar essa colocação do pé no chão. Serão discutidas as consequências para o desempenho esportivo e ocorrência de lesões no aparelho locomotor.

Integração científica na indústria: o papel da biomecânica na construção de calçados esportivos Também está confirmada a palestra da Dra. Isabel Sacco, que falará sobre a interação calçado-pé. Professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (desde 1999), a Dra. Isabel é pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordena o Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana (LaBiMPH), cujas principais áreas de investigação hoje incluem sistemas inteligentes para a tomada de decisão em saúde, educação em saúde, biomecânica e reabilitação de pacientes diabéticos e com osteoartrite. Tem aproximadamente 70 artigos publicados em periódicos, mais de 300 resumos completos ou expandidos em conferências internacionais e nacionais, um livro, cinco capítulos de livros, e vários artigos de divulgação em jornais e revistas para o público em geral.

FOTOS DIVULGAÇÃO

Desde 1992, o Dr. Stefan Grau desenvolve pesquisas nas áreas de biomecânica e movimento. Durante a sua palestra, abordará o escaneamento dos pés para o desenvolvimento de calçados de segurança. Resumo da palestra: Inicialmente, será discutida a necessidade de diferentes formas de encaixes, métodos de medição e soluções para medir e otimizar a montagem de calçados de segurança, bem como as respectivas vantagens e desvantagens. Na segunda parte, falará sobre um método de digitalização recém-desenvolvida para melhorar o ajuste durante a caminhada em

situações dinâmicas e no local de trabalho, bem como uma abordagem apropriada com base nessas verificações dinâmicas dos pés.

Dr. Ewald Hennig

Dr. Stefan Grau

Dr. Darren Stefanyshyn

Dra. Isabel Sacco

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Interação - na avaliação de representantes das principais entidades ligadas ao sistema coureiro, tratou-se de uma oportunidade impar para o Brasil mostrar a força do segmento de couros e peles. A presidente da IULTCS, Patricia Casey, comentou que “o setor ainda carrega o estigma de poluidor, e esta é uma excelente ocasião para mostrar ao mundo os avanços nos processos de produção, as mais recentes tecnologias e os produtos químicos am-

bientalmente amigáveis. O presidente da ABQTIC, Cézar Müller, ressaltou “mais do que trazer à discussão os desafios do dia a dia da indústria coureira, foram apresentadas novas tecnologias e conhecimento científico importantes para a atualização e avanço de todo o segmento”. Já o presidente da comissão organizadora, Roberto Kamelman, salientou “a variedade, a quantidade e a seriedade dos trabalhos apresentados confirmam a importância do encontro no que se refere à inovação no couro. Este contato entre técnicos e acadêmicos traz muitos benefícios para toda a cadeia”. O presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), José Fernando Bello, avalia que “o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de couro e referência na aplicação de tecnologias para a produção sustentável. A participação de profissionais do mundo todo confirma a percepção internacional sobre o alto nível de organização, competitividade e profissionalismo conquistado pela indústria nacional”. Participantes também reconheceram a importância do evento. Juan Rojas Ruíz, gerente de desenvolvimento do curtume Baska, do Chile, destacou o nível de palestras e trabalhos apresentados. “Os temas trazidos à discussão foram excelentes e estavam em sintonia com as necessidades dos curtumes”, assegurou. O diretor-executivo da Comesa/LLPI (instituto do couro e produtos de couro na Etiópia), Mwinyikione Mwinyihija, também teve uma impressão positiva. “Sob todos os aspectos, foi realmente um excelente evento”, definiu. A próxima edição do Congresso da IULTCS já tem data e local agendados: acontecerá na Índia, de 5 a 8 fevereiro de 2017.

O BRASIL SEDIOU CONGRESSO MUNDIAL

FOTOS LUÍS VIEIRA

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onsiderado o mais importante evento técnico do setor coureiro em nível mundial, o XXXIII Congresso da IULTCS (International Union of Leather Technologists and Chemists Societies) reuniu em Novo Hamburgo/RS os principais nomes da cadeia do couro e do calçado. De 24 a 27 do último mês de novembro, o encontro foi uma oportunidade de atualização para mais de 600 profissionais participantes de todos os continentes, que tiveram acesso a informações sobre temas como design, sustentabilidade, oportunidades e desafios tanto para as indústrias de base quanto de transformação do couro, e os respectivos técnicos, bem como assuntos como saúde e proteção no ambiente de trabalho. Além do ciclo de palestras, se destacaram os 180 trabalhos apresentados em pôsteres por pesquisadores de 24 países, cujos temas variaram da gestão ambiental à inovação em curtumes. Paralelamente ao evento aconteceram a XIX edição do Congresso da FLAQTIC (Federação Latino-americana das Associações dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro) o XXI Congresso Nacional da ABQTIC (Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro) e a 39ª Fecurt - Feira de Ciência Mostra Tecnológica.

de técnicos em couro 20

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Certificação de sustentabilidade do couro brasileiro

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Consultor Álvaro Flores detalhou a metodologia que certifica curtumes com práticas ambientais

sustentabilidade na cadeia produtiva do couro foi um dos principais tópicos comentados durante todo o congresso. Dentre as apresentações, se destacou a Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB). Mundialmente inédita para a produção efetivamente sustentável, com parâmetros econômicos, ambientais e de responsabilidade social, a CSCB foi concebida pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e tem respaldo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O coordenador do projeto, Álvaro Flores, explicou que o selo teve suas normas constituídas por meio

de uma Comissão de Estudos Especial (CEE) com contribuição de curtumes, indústrias de transformação, profissionais técnicos e instituições de ensino. Posteriormente essas normas foram encaminhadas à consulta pública e publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Após isso, houve a elaboração do Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) - também submetido à consulta pública. A partir da validação do RAC, há a acreditação de organismos externos de certificação, que são responsáveis pelas auditorias. O consultor destacou que a sociedade usa cada vez mais a sustentabilidade como um dos critérios para a aquisi-

ção de produtos e o selo é um caminho para demonstrar esta preocupação por parte das empresas fornecedoras. “São 173 indicadores de caráter qualitativo e quantitativo que demonstram como cada empresa aborda a sustentabilidade”, sublinhou. A certificação tem quatro categorias. O selo Bronze é destinado às empresas cujas práticas ambientais atendem 50% dos requisitos; a categoria Prata é conquistada pelas organizações que atingem 75% dos requisitos; a modalidade Ouro é para quem comprova a realização de 90% dos requisitos; o selo Diamante é oferecido para quem atinge plenamente 100% dos requisitos.

O desafio de imprimir na pele um país inteiro

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projeto Design na Pele focado na internacionalização do couro brasileiro foi apresentado na palestra do designer Mauricio Medeiros. Ele considerou que as pessoas não estão mais satisfeitas em adquirir bens, mas buscam novas experiências ao consumir produtos e isso gera um grande desafio, que é a disponibilização e o atendimento dessas expectativas. Neste sentido, o projeto Design na Pele foi criado para valorizar o couro através do design. “A forma e a função do couro pode ser copiada por outras matérias-primas, mas a experiência da utilização deste artigo nobre é algo que não pode ser proporcionado por outro material”, considerou. Além da palestra o público viu na prática o que o projeto propõe. Em um espaço no hall de entrada do congresso, o coordenador do projeto, Rafael Andrade, detalhou como o trabalho promove a valorização do couro brasileiro integrando os designers

com as empresas de curtume para a criação de produtos exclusivos com valor agregado. “O primeiro passo foi iniciar o diálogo entre os designers, que oferecem a diversidade criativa e os técnicos de curtume, que dominam a excelência técnica”, pontuou. O passo seguinte foi a concepção de novos produtos que agregassem valor a partir de referenciais locais que pudessem ser percebidos e desejados pelos consumidores. “Esse desafio modificou a forma dos empresários pensarem os seus negócios. Couro é couro em qualquer lugar, mas quando agrega elementos locais este vetor assume uma identidade com a força para imprimir o intangível”, contextualizou. Enquanto ouviam os detalhamentos sobre esta metodologia de trabalho, os participantes puderam ver calçados, bolsas, móveis e outros artefatos criados com esta concepção e que traziam referências de diferentes partes do Brasil, como uma bolsa com favo inspirado na bombacha gaúcha.

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INSPIRAMAIS EXIBE O QUE ESTARÁ NA MODA

em 2017 A

intensa programação recheada de palestras, seminários e muita inovação. A realização é da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), do Footwear Components by Brasil e do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Brazilian Leather, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O presidente da Assintecal, William Marcelo Nicolau, considera que a realização da 13ª edição é um indicativo da consolidação do evento, cujo objetivo é contribuir para o desenvolvimento do setor. “A aceitação por parte do público demonstra que estamos no caminho certo ao propor a criação de coleções genuinamente brasileiras e com apelo de design e inovação”, avalia. Um dos grandes destaques é o ciclo de palestras Fórum de

Inspirações, que é coordenado pelo estilista Walter Rodrigues e tem por finalidade promover o desenvolvimento de materiais inovadores que contenham elementos únicos e ao mesmo tempo globais. O projeto tem início com uma ampla e fundamentada pesquisa de inspirações e referências de moda, e as empresas participantes contam com o apoio de uma equipe de profissionais que as orientam de forma a aumentar a sua competitividade no mercado transmitindo nos seus materiais valores essenciais e verdadeiros ao consumidor. A cada estação, as empresas participantes recebem uma publicação e uma cartela de cores, que servem de base tanto para o desenvolvimento dos produtos que serão lançados no Inspiramais quanto para toda a coleção da temporada. Outros projetos em evidência são Preview do Couro, Referências Brasileiras, + Estampa, Mix by Brasil, Inovamais, Saberes Manuais, Ecodesign e Oficina de Criação. FOTOS LUÍS VIEIRA

13ª edição do Inspiramais acontece nos dias 11 e 12 de janeiro, quando visitantes de todo o Brasil e de diversas partes do mundo podem conferir em primeira mão os materiais que darão forma e cor para o verão 2017, bem como a antecipação do inverno 2017 para as coleções lançadas pelas indústrias calçadista, têxtil, de vestuário, artefatos, decoração e moveleira. A mostra acontece no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, em São Paulo/SP, e traz 15 projetos criados para fomentar o desenvolvimento do conceito de uma moda com identidade brasileira e potencializar a realização de negócios nos mercados interno e de exportação. Além de conhecer em torno de 750 materiais inovadores e ter a oportunidade de interagir com mais de 100 indústrias de base prontas para auxiliar na criação de suas coleções, os desenvolvedores contam com uma

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Novo Hamburgo conheceu antes

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Vale do Sinos/RS teve o privilégio de conhecer antecipadamente os conceitos da estação apresentados no Inspiramais. Durante os dias 1º a 3 de dezembro, a Assintecal apresentou em Novo Hamburgo - considerado o polo da inteligência do sistema calçadista nacional - uma síntese do fórum. Além de explicar todo o embasamento para as criações e apresentar cases de sucesso e palestras sobre moda, inovação e sustentabilidade, o evento foi uma oportunidade para a realização de Rodadas de Negócios entre fabricantes que participam do projeto e empresários da região. O coordenador do projeto, estilista Walter Rodrigues, contou que a palavra despertar foi o ponto de partida desta temporada e o termo revela vários significados, tais como estar aberto a mudanças positivas, conhecer melhor a própria empresa e sua capacidade criativa, acompanhar o ciclo de vida dos produtos, contar uma história encantadora através dos produtos e sentir prazer em trabalhar. “Sem essa sensação, nada parece realmente fazer sentido”, contextualizou. O consultor Marnei Caminati ressaltou a importância da metodologia da pirâmide e do fluxo das inspirações que norteiam todo o trabalho desse projeto, partindo de experimentações a partir de comportamentos e referências de nicho e segue até a conclusão em artigos para a produção em escala. Durante a programação, o CICB também pode apresentar o projeto Blitz Lei do Couro criado para a conscientização sobre o uso do termo couro somente em artigos de origem animal. O consultor Ricardo Michaelsen fez a apresentação em nome da entidade e lembrou que a Lei

do Couro existe há 50 anos e determina a proibição do uso de termos como couro sintético, couro ecológico, couro vegano e couro fake para qualificar materiais que não sejam oriundos de pele animais. “Essa proibição é cada vez mais necessária especialmente ante o avanço tecnológico que possibilita que algumas matérias-primas sejam muito semelhantes ao couro em aspectos como o toque, a textura e o cheiro, o que pode confundir o comprador. Esta norma protege não somente os fabricantes de couro mas também o usuário, que tem o direito de saber que material está realmente adquirindo”, explicou. Inicialmente a entidade fez o monitoramento junto a grandes marcas e posteriormente começou a visitar pontos de venda no sentido de orientar os comerciantes. “Em torno de 40% dos locais visitados encontramos algum tipo de problema com relação à denominação da matéria-prima usada, mas na maioria dos casos a responsabilidade pela informação incorreta parte do próprio canal de vendas e não do fabricante”, considerou. A estilista Isabella Capeto falou sobre ecodesign, destacando os couros atanados como uma solução ambientalmente correta. “Os curtumes estão buscando sistemas mais modernos e eficientes e o uso de tanino de acácia em substituição ao cromo durante o processo de curtimento cumpre esta função. A cada estação tenho cada vez mais usado esta matéria-prima, com a qual desenvolvi uma coleção com três diferentes linhas de calçados e artefatos, cada uma apresentando em torno de 13 peças”, informou. Além dos artigos de moda, a estilista também apresenta no Inspiramais produtos da linha casa.

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brindo oficialmente o calendário anual de feiras do sistema coureiro-calçadista brasileiro, a Couromoda realiza a sua 43ª edição entre os dias 10 e 13 de janeiro de 2016 no Expo Center Norte, em São Paulo/SP. Palco para lançamentos de tendências, realização de negócios e atualização profissional, a mostra expõe as propostas de mais de duas mil marcas participantes, que respondem por 90% da produção nacional de calçados, nos segmentos feminino, masculino e infantil. O que estará nas vitrinas no outono/inverno 2016 é conferido por milhares de lojistas de todo o Brasil, além de importadores de mais 60 países. Este é o segundo ano que a exposição é realizada neste local, e os visitantes podem usufruir de uma série de projetos em novos modelos de negócios, moda e inovação para facilitar as decisões de compra. A feira está integrada ao São Paulo Prêt-à-Porter, que apresenta a 6ª edição e expõe vestuário e acessórios de moda. São 500 marcas participantes, que lançam suas coleções para lojistas de todo o País.

Negócios - Matchmaking: uma agenda de encontros entre expositores e lojistas, firmada de acordo com os interesses geográficos e de mix de produtos. O programa é gratuito e a ideia é promover rodadas de negócios nos quatro dias de feira. - 50 Empresários Mais Influentes do Calçado: pioneiro no setor, o prêmio faz uma homenagem aos 50 líderes empresariais do calçado brasileiro do varejo e da indústria. Vale ressaltar que a maioria dos indicados estão presentes na Couromoda

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confirmando a importância da feira para fomento do setor.

Moda - Desfile Conceito Couromoda: Todos os dias da feira às 16:30 e 18h são apresentados os principais destaques em calçados e tendências em moda. Instalações fixas terão sapatos em evidência, como as peças-chave para as próximas estações. - Fashion Play: todos os dias da feira, em intervalos de uma em uma hora, haverá intervenções ao vivo em locais estratégicos do pavilhão. Serão desfiles itinerantes apresentando novidades do setor. - Couromoda Fashion Spot 2016: área que reúne empresas de linha boutique, com produtos de alto valor agregado e ciclo de palestras focado em visual merchandising, design de interiores, construção de imagem de marca, entre outros temas de sucesso.

Inovação Fashion Tech Brasil: traz debates em ciclos de palestras sobre o futuro da tecnologia dentro da moda e do setor têxtil como ferramenta para aumentar a produção setorial no país.

Números do setor

COUROMODA COM NOVOS PROJETOS PARA IMPULSIONAR

o comércio de calçados

O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de produtores de calçados no mundo e exporta para mais de 150 países. São produzidos por ano mais de 900 milhões de pares de sapatos. Após a feira, são gerados negócios por cerca de três meses, o que significa que 35% da produção anual das marcas participantes da Couromoda tem origem no que foi comercializado e negociado durante e pós evento.

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FRANCAL CHEGA EM 2016

ainda mais conectada

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onsciente dos desafios da nova realidade e com base em ampla pesquisa com diferentes players do mercado, a Francal 2016 - Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios, que acontecerá de 26 a 29 de junho, em São Paulo/SP, se transforma num centro irradiador de ideias, conteúdos e ações inovadoras que resultam em oportunidades de novos negócios e soluções para a recuperação do otimismo do setor. Nesta próxima edição, a feira começará em um domingo, dia em que os lojistas podem dedicar mais tempo ao evento e a cidade fica mais convidativa, com menos trânsito e mais opções de lazer para quem vem de fora. Segundo os organizadores, as novidades prometem encher os corredores da feira de ideias e inspirações que vão ajudar fabricantes de todos os portes, de diferentes regiões do Brasil, a transformarem seu negócio. Lançamentos: A Francal mantém seu papel de vitrine das novidades de quase duas mil marcas brasileiras. A feira vai possibilitar às empresas expositoras maior exposição da marca, networking e contato com lojistas; aos visitantes, ampla oferta de informação e tendências, conhecimento e capacitação, e contato com as marcas. Da convergência das demandas destes dois públicos nascem oportuni-

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dades de negócios e parcerias. Conteúdo: a disseminação de conhecimento e ideias acontecerá por meio de palestras-relâmpago (em torno de 20 minutos cada) distribuídas pelo pavilhão e orientadas para a inovação. Especialistas, consultores e influenciadores digitais conversarão com expositores e visitantes sobre análise de tendências, aproveitamento de oportunidades de negócios, novos modelos de concept stores, entre outros temas instigantes e inspiradores. Entretenimento: a mostra vai dar um novo significado à experiência de participar de uma feira por meio da conjunção de negócios, conteúdo e entretenimento. Na Praça de Eventos ocorrerá boa parte da programação de conhecimento. As referências visuais e informações das tendências da Mostra Francal Verão não só atrairão pela concepção lúdica e criativa, mas também servirão de guia para os lojistas realizarem os melhores negócios.

Representantes comerciais: a força de vendas contará com

a comodidade da Sala do Representante Comercial, uma área exclusiva, com computadores, estrutura para reuniões e a plataforma digital Rede de Oportunidades, que aproxima representantes e empresas representadas. Lojistas: a Francal 2016 amplia as ações para trazer mais lojistas à fei-

ra. O Projeto Comprador financia a visita de compradores vindos de toda parte do Brasil, especialmente das regiões Norte e Nordeste; as caravanas foram mantidas e ampliadas, com inclusão de mais cidades e mais lojistas de pequeno e médio portes, com o apoio das associações comerciais locais. Exportações: aproveitando que o cenário está oportuno para exportações, com câmbio favorável e recuperação dos principais mercados mundiais, a feira dá continuidade ao Rede Exporta Francal, criado para fomentar a geração de negócios internacionais e promover as marcas brasileiras no exterior. O projeto financia a hospedagem de importadores indicados por expositores e divulga no site www.feirafrancal.com.br as marcas expositoras que exportam. Elas recebem também sinalização especial no mapa da feira e um selo adesivo no estande indicando sua posição de empresas exportadora. Inspiração, informação, geração de conteúdo, disseminação de ideias, amplo networking e lançamento de produtos. Por tudo isso, oferece um novo cenário de negócios, mais arrojado e mais conectado para toda a cadeia coureiro-calçadista, empresários, lojistas, representantes comerciais e profissionais da moda, impulsionando a dinâmica do setor no Brasil e no exterior.

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ZERO GRAU:

muitos cálculos antes de fechar os pedidos R sentadas por outras empresas. “Além de otimizar ao máximo o nosso tempo de pesquisas, o objetivo é sermos assertivos nas compras aproveitando a melhor relação custo-benefício oferecida por cada fornecedor, sem perder de vista a qualidade e o prazo de entrega”, observou Siston. Quem também não deixou levar-se pelo impulso foi Séfora Bulla Paviani, compradora das lojas Bulla, da cidade de Caxias do Sul/RS. Circulando pelos corredores em um clima mais relax, ela contou que a estratégia foi visitar a mostra sem a obrigação da compra imediata, mas tendo o compromisso de pesquisar atentamente as tendências da moda, para então decidir o que comprar. “As coleções estão impressionantes, causando surpresas muito positivas quanto ao visual e a qualidade dos produtos. Depois de percorrer toda a feira e visitar os fornecedores vamos estudar como será a estratégia para o abastecimento”, ponderou. O importador argentino José Luis Epszteyn, diretor da Juanita Jo, buscava por calçados de couro para mulheres jovens e despojadas. Negociou com fornecedores tradicionais e ficou satisfeito com a qualidade, o preço e

o prazo para a entrega oferecido pelos fabricantes nacionais. “O câmbio está muito favorável para as negociações. Fechamos negócios na moeda brasileira para não haver surpresas”, ressaltou.

Fabricantes - No estande da Calçados Ala, o estilista Marcelo Dias estava otimista com a aceitação da coleção. De acordo com ele, com a redução da quantidade de fornecedores, as empresas buscam ampliar o leque de produtos para oferecer ao lojista o máximo de opções no estande. “A nossa coleção para o outono-inverno visa a suprir toda a necessidade da estação, e dentre os artigos mais solicitados estão as botas acima do joelho, as ankle boots e os sapatos com saltos grossos”, apontou. Já no estande da Francajel, Tamer Hajel destacou a grande procura por calçados da linha conforto. “Esta é uma tendência não só aqui no Brasil, mas também no exterior, principalmente entre os importadores árabes e europeus. A feira foi boa para as vendas”, assegurou. Próxima edição - a 6ª Zero Grau acontecerá nos dias 21, 22 e 23 de novembro de 2016, em Gramado/RS. FOTO LUÍS VIEIRA

ealizada em Gramado/RS de 16 a 18 de novembro, a quinta edição da Zero Grau gerou resultados positivos para os 300 expositores de calçados e artefatos. Frederico Pletsch, diretor da Merkator Feiras e Eventos, empresa promotora da mostra, assegura que, embora muitos lojistas estivessem mais cautelosos e seletivos, a feira impulsionou a retomada dos negócios entre os fabricantes, lojistas e importadores. “Se vendeu muito na Zero Grau, principalmente por sermos o evento lançador das coleções para o próximo inverno”, considerou. Quem percorreu os corredores e estandes da feira pôde constatar que os compradores avaliavam muito antes de comprar, mas a disposição era para o fechamento de pedidos. Pois foi exatamente isso que o consultor financeiro e mercadológico Bruno Siston, da Boutique do Grajau, e a lojista Susana Ribeiro, da Adniss Shoes, ambos do Rio de Janeiro, evidenciavam. A dupla estava compenetrada em uma mesa, envolta a muitas anotações repletas de números, a partir dos quais traçavam um complexo esquema para cumprir a meta de visitar oito fornecedores habituais e também garimpar preciosidades apre-

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NOTAS SOLADO 3D

MADEIRA A New Balance criou o primeiro tênis de corrida de alto desempenho com entressola em 3D. Por meio de uma colaboração exclusiva com a 3D Systems e seu recém-desenvolvido DuraForm® Flex TPU, a marca fez avanços significativos com esta tecnologia. As entressolas com os benefícios da impressão 3D resultam em um equilíbrio ideal de flexibilidade, força, peso e durabilidade.

FEITO À MÃO A designer Helen Rödel, expoente da vanguarda relativa à técnica de crochet, apresenta o lançamento da primeira linha de acessórios tecidos à mão pelas notáveis artesãs de sua equipe. Bolsas, carteiras e cintos compõem uma coleção que revisita cores e pontos marcantes como o pipoca, o casulo e os vulcões, que nesta instância aparecem maximizados.

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A novidade é a edição especial CZO da flatform MELISSA FLOX III, criada em parceria com Cristian Resende, sócio e diretor criativo do hub de negócios Cartel 011. O modelo traz uma novidade inédita para MELISSA. Cristian usou fibra de madeira de reflorestamento na sola tratorada, inspirada em solados de coturnos masculinos. O modelo apresenta um conjunto único de cores como preto, nude e dourado, que se unem ao clear e à madeira dando elegância ao produto final. Tais elementos reforçam os mesmos códigos da marca CZO desenhada por Cristian Resende. “Sinto-me honrado em poder trabalhar com MELISSA, uma das poucas marcas brasileiras com projeção e reconhecimento internacional. Somente com o potencial tecnológico da Grendene foi possível criar um produto inédito”, conta o diretor criativo.

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VITRINE

BEIRA RIO BEBECÊ

DUMOND

VALENTINA DIVALESI

AMARRAÇÕES ROLETÊS, TOPES E NÓS DÃO ACABAMENTO PERFEITO

VIA MARTE FERRUCCI

SÉCULO XXX

VIZZANO ANZETUTTO

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RAFITTHY

DUMOND

JORGE BISCHOFF

MACADÂMIA

CAVALERA

À TIRACOLO BOLSAS E CARTEIRAS ESTRUTURADAS E SACO VÊM LISAS OU COM APLICAÇÕES

LE POSTICHE

LIZY ADRIANA BARRA

CRAVO & CANELA

CARMEN STEFFENS

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VITRINE ALL STAR PANTUFARIA

BIBI

PIMPOLHO

BEM-ESTAR PÚBLICO JOVEM INVESTE EM DESIGN COM CALCE AGRADÁVEL

NOVOPÉ

KIDY

SUPER STAR

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KINGS SNEAKEARS

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JOTAPE

DEMOCRATA

KILDARE

DIADORA

CORES

AZUL, TERROSOS E PRETO PODEM GANHAR EFEITOS ESTONADOS RESERVA MORMAII

RAFARILLO

FERRACINI

WEST COAST

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COLUNA Moda Sapatos de conforto

ENVAL SOFT

BLUSTAR

Gabriella Laino Foto Shoe Group

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DOLCAST

EMANUELA

LOLABLUE

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VALLEVERDE

FLY FLOT

AXA SHOES

TOP TRIS

FOTOS DIVULGAÇÃO

SAFE STEP

oje em dia o conforto em calçados já não é mais sinônimo de falta de elegância. Na verdade o que se percebe é que este diferencial está ganhando maior destaque. Não importa se o consumidor é dona de casa, guru de fitness, empresário, jetsetter, baby boomer ou geração deste milênio, o fato é que as pessoas se concentram cada vez mais na busca pelo bem-estar, e dentre deste conceito um dos desejos é que os seus pés não estejam doloridos pelo uso de calçados com má qualidade. A satisfação deste desejo requer a união do melhor dos dois mundos: beleza sem ferir os pés. A diversidade de opções encontrada durante as feiras de calçados é muito grande, desde calçados com variadas cores até verdadeiras joias impregnadas de gemas requintadas, bem como uma variedade de materiais que agregam qualidade aos produtos. No segmento de conforto, os modelos que incidem sobre a qualidade dos materiais naturais (incluindo acima de tudo o couro) são apresentados, por exemplo, com solas anatômicas e sistemas para sustentações do arco plantar propositadamente criados para garantir o máximo bem-estar do pé.

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IMAGEM SPORTIVATION-DEUTSCHLAND

REPORTAGEM • janeiro | fevereiro

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consumidor busca cada vez mais o conforto aliado às tendências de moda, e isso já não é novidade alguma para quem vive da fabricação e comércio de calçados. Porém, quando o varejo percebe este diferencial como uma ferramenta com potencial para alavancar o sucesso do negócio, essa tendência ganha ainda mais importância e passa a ser uma exigência. Este é um conceito bastante complexo e significa muito mais do que as percepções de calce do consumidor durante a experimentação de um produto no ambiente da loja. Abrange desde a regulagem da temperatura interna do calçado, a estabilidade ao caminhar, a capacidade de respiração do pé, a impermeabilidade e a absorção do suor, bem como a massa (peso) final do produto. Não se trata, portanto, de um mero detalhe, mas de um atributo que pode qualificar ainda mais o calçado brasileiro, deixando de competir preço com os artigos asiáticos, passando a fazer frente aos produtos de outros players reconhecidos mundialmente pelo alto padrão da qualidade. O Brasil é pioneiro na criação de normas técnicas para quantificar o conforto oferecido por um calçado e da metodologia para fazer esta medição. Os testes são realizados em ambiente preparado, obedecendo a normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técni-

cas (ABNT), conforme estudos realizados pelo Comitê Brasileiro do Couro, Calçados e Artefatos de Couro (CB-11). Já se passaram mais de 10 anos desde que a primeira norma foi publicada, hoje existem 10 normas em uso para a avaliação do conforto em calçados e seus componentes, entretanto ainda são poucas as marcas que procuram a comprovação desta propriedade nos seus produtos. Talvez por desconhecer a metodologia, considerar que o custo dos testes possam ser elevados demais ou ainda que demore muito tempo para a realização dos mesmos. Seja qual for o motivo que leve a adiar essa decisão, é necessária uma reflexão sobre quanto custa para a imagem da marca ter um calçado desconfortável no ponto de venda. Com esta reportagem de capa, a Revista Tecnicouro inicia uma série de seis matérias que vão divulgar nas edições ao longo deste ano quais são as normas que determinam o nível de conforto proporcionado pelos calçados e seus materiais componentes. Explicaremos como elas foram criadas, de que forma são realizadas essas avaliações nos laboratórios, esclarecendo o leitor a respeito das metodologias científicas utilizadas e desmitificando possíveis equívocos sobre o acesso a este processo que é um norte para a criação de produtos com valor agregado percebido pelo cliente.

O VALOR DO CONFORTO... FOTO REPRODUÇÃO

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quisito conforto não é buscado só pelas pessoas que têm algum tipo de problema, e sim por todos os clientes de todas as idades, tornando-se uma exigência generalizada para a saúde dos pés e das pessoas que conhecem o sapato confortável. “O conforto é a principal razão na decisão do cliente na hora da compra. Quando ele prova o sapato e se sente confortável, decide imediatamente pela compra. Em virtude disso, toda nossa equipe é treinada não para vender, e sim para atender a necessidade do cliente no seu grau máximo de satisfação. Temos isso como filosofia de trabalho, e o conforto dos pés está intimamente ligado à satisfação do cliente”, comentou. Esta afirmação vai ao encontro do que enfatizam especialistas de várias áreas: vivemos em uma era em que as pessoas, mais do que consumir, desejam ter experiências sensoriais, atribuindo valor aos estímulos e

sensações percebidos. Isso foi dito pelo designer Mauricio Medeiros durante o Congresso Internacional dos Químicos e Técnicos em Couro; pelo consultor Marnei Carminatti, no Fórum de Inspirações; pelo professor da escola criativa Perestroika, Jean Rosier, no Seminário Nacional da Indústria de Calçado e pelos palestrantes Giulio Palmitessa (especialista em design, desenvolvimento e planejamento estratégico) e Gustavo Guedes (com expertise em design ergonômico e branding), durante o 1º Fórum IBTeC de Inovação - somente para citar alguns dos eventos mais concorridos realizados nos últimos meses pelo setor calçadista. Pois o conforto ou da falta dele implica exatamente nisso: uma experiência que pode ser positiva ou negativa para o comprador e traz consequências igualmente boas ou ruins tanto para a marca quanto para a loja e especialmente ao consumidor.

FOTO LUIS VIEIRA/ARQUIVO

urante a edição da feira Zero Grau, que aconteceu em novembro na cidade de Gramado/RS, a redação da Revista Tecnicouro conversou com um dos maiores empresários do varejo de calçados do País, Manoel Kherlakian Neto, diretor da rede de lojas Pontal, fundada em 1970 e com mais de 1.300 empregos diretos gerados. O diálogo fluiu em torno dos testes de caracterização dos calçados e seus materiais, principalmente no que se refere ao conforto proporcionado ao usuário. O lojista salientou que um dos maiores segredos para o sucesso é nunca perder o foco da satisfação do cliente, e uma maneira de garantir isso é oferecer calçados de conforto, sendo este atributo um dos grandes diferenciais oferecidos por sua rede de lojas, que tem 43 pontos no estado de São Paulo, sendo 35 em shoppings. Ele considera que hoje o re-

Uma experiência sensorial que define venda 42

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A ciência por trás do conforto

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á quem ainda acredite que o conforto no calçado é uma questão subjetiva, pois cada pessoa tem a própria percepção sobre o que lhe proporciona ou não bem-estar ao calçar. Porém, existem normas científicas que determinam com precisão o nível de conforto proporcionado pelo calçado. O caminho para a criação das normas é longo e passa por um amplo estudo, com a participação de todas as partes envolvidas - desde a cadeia de fornecedores, as indústrias fabricantes, os canais de distribuição e também o consumidor final. O ponto de partida foi o estabelecimento do comitê CB-11, que primeiramente discutiu sobre o que seria um calçado desconfortável (o consenso foi que se trata daquele muito pesado, que esquenta o pé, provoca lesões, não oferece estabilidade ao caminhar, faz o pé suar etc.). A partir deste entendimento, se começou a pensar sobre quais atributos seriam, então, necessários para se considerar que um calçado oferece de fato conforto para o usuário, contribuindo para que nenhum dos problemas acima mencionados aconteça. Deste exercício resultou o conceito que define o calçado confortável. (veja o box na página seguinte). Porém, para se chegar à conclusão sobre um calçado atender ou não plenamente aos requisitos de conforto, foi necessária a criação de normas técnicas, definindo quais os testes aplicáveis, como seria a metodologia para a realização de cada um dos ensaios, quais os valores máximos e mínimos aceitáveis nas medições, quais as condições do ambiente onde as medições aconteceriam e uma série de outras medidas como a definição sobre quais órgãos independentes e com credibilidade no mercado realizariam as audi-

torias externas, validando dessa forma o trabalho científico, oferecendo toda a segurança com relação à exatidão dos resultados nos laudos. Inicialmente, as normas que determinam o conforto no calçado eram relacionadas somente ao produto acabado, mas posteriormente sentiu-se a necessidade de avaliar também os componentes isoladamente, pois eles influenciam de forma definitiva na engenharia e performance do calçado. Hoje, existem publicadas sete normas para os testes biomecânicos que avaliam o conforto do calçado (Massa do calçado; Distribuição de pressão plantar; Temperatura interna do calçado; Índice de amortecimento do calçado; Índice de pronação do calçado; Percepção de calce e Requisitos e ensaios (esta última define o índice de conforto a partir dos resultados das demais). COMPONENTES - Mais três normas foram criadas para a determinação de conforto em componentes (palmilhas, forros e solados). Elas regulamentam uma série de testes de caracterização destas partes do calçado e de análises das substâncias utilizadas. O objetivo, neste caso, é, além de avaliar as propriedades mecânicas, detectar se existe na composição alguma substância restrita e, caso apareça, definir se a mesma está dentro dos limites aceitáveis, de acordo com as mais importantes legislações internacionais. A preocupação é garantir que, além das propriedades biomecânicas que asseguram o conforto, o componente analisado não represente riscos à saúde do usuário. Uma das vantagens é que as empresas que querem desenvolver calçados confortáveis podem adquirir componentes certificados, o que facilita o desenvolvimento de produtos com tal atributo.

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Credibilidade junto ao consumidor

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odo este trabalho é discutido em reuniões periódicas que ocorrem na secretaria do CB-11, instalada na sede do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), em Novo Hamburgo/RS. O instituto também realiza todos os testes necessários e criou o Selo Conforto, concedido unicamente aos modelos de calçados e componentes aprovados em todos os quesitos que determinam o nível de conforto proporcionado. O selo tem prazo de validade de um ano e quem é certificado é sempre o produto aprovado nos testes e nunca a marca. Passado este período de um ano, a recertificação só é possível se o modelo passar novamente por todos os testes e forem comprovadas as propriedades. O coordenador do Laboratório de Biomecânica do instituto, Dr. Aluisio Avila, salienta que para que seja possível desenvolver um calçado confortável é necessário conhecer a estrutura básica dos pés, sua anatomia e suas funções durante o caminhar. “Os pés são submetidos a altas cargas pelo próprio peso do indivíduo, possuem uma estrutura tridimensional variada chegando a aumentar de 4mm a 8mm durante a fase de apoio e isso precisa ser considerado pelos técnicos que desenvolvem o calçado”, ensina o

pesquisador. Ele explica ainda que a avaliação do conforto do calçado implica em várias investigações associados a fatores como distribuição da pressão plantar, absorção de impacto, força de reação do solo, movimento do retropé, alinhamento do pé e da perna, sensibilidade do pé, massa e microclima do calçado, entre outras. O conjunto destas variáveis permite que se determine com exatidão os índices de conforto em qualquer tipo de calçado”, explica. Na avaliação do Dr. Avila, dentre os principais benefícios que o conforto proporciona estão a melhoria da imagem e credibilidade da empresa junto os consumidores. Isso pode ser confirmado a partir da percepção tanto de atendentes do varejo quanto dos consumidores, conforme pesquisa realizada nos shoppings Pátio Higienópolis e JK de São Paulo durante a Francal 2015, realizada no último mês de julho. Renata Sanches, gerente das lojas Kipling, assegura que o conforto tem sido uma prioridade para os clientes, antes mesmo da estética, principalmente para as pessoas a partir dos 35 anos. “Nesta idade as pessoas querem calçados mais leves, anatômicos e sem costura interna aparente nas laterais e perto da cutícula”, conta Renata. Fabiana de Souza é gerente das lojas Princess. Ela comentou que tem aumentado a procura por saltos

Um calçado é confortável quando:

• permite à pessoa se concentrar na sua performance;

• oferece um bom calce sem pressões excessivas sobre os pés;

• é leve e flexível para economizar energia e poupar a musculatura; e mantém os pés secos e levemente aquecidos; • evita a pronação excessiva do calcâneo na fase

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mais grossos, que proporcionem maior estabilidade ao caminhar, e também por modelos com bicos mais largos, que não apertem os dedos. “Poucos anos atrás a beleza falava mais forte, mas hoje a procura é por calçados mais funcionais, que ofereçam um bom calce, mesmo entre as consumidoras mais jovens”, assegurou. Vendedor da Sidewalk, Wagner Silva Costa observa que o público masculino ainda é o que mais busca por propriedades de conforto, mas essa tendência tem crescido também entre as mulheres, que procuram por calçados com palmilhas diferenciadas, solados em gel ou outro material maleável, forros macios e fôrmas mais largas. “Somente conhecendo bem todos os calçados na loja é que podemos oferecer os produtos mais adequados”, salientou. Com 31 anos, a arquiteta Juliane Kupfer considerou que “o conforto é superimportante. Não é admissível que um calçado cause dor, provoque inchaço aos pés ou cause lesões. Busco sempre modelos com solados mais baixos, que não tenham bicos muito finos e duros”, disse. A administradora de empresa Mariana Aith tem 24 anos e reforça que o conforto é prioridade. “Simplesmente é impensável a possibilidade de aceitar o pé doendo devido ao calçado utilizado. Sem conforto não dá”, afirmou.

do impacto do calçado com a superfície de apoio, protegendo de lesões a articulação do joelho; • oferece tração suficiente prevenindo contra escorregamento e queda, permitindo um pisar com segurança e estabilidade; • oferece amortecimento na fase de impacto do calçado com as superfícies de apoio, minimizando as vibrações transmitidas para o corpo, protegendo as estruturas músculo-esqueléticas; • promove a satisfação do usuário.

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IMAGEM TRYZEN99.COM

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IBTEC É RECONHECIDO EM

premiação da Finep O Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) obteve a segunda colocação na categoria Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) na 17ª edição do Prêmio Finep, realizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MTCI) conta com a parceria do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e é apoiada por mais de 30 instituições. O case inscrito descreveu como foi estruturado o laboratório de biomecânica do instituto, os principais projetos e produtos, focando na aplicabilidade das tecnologias de conforto em calçado brasileiros, qualificando e diferenciando os produtos nacionais frente ao mercado global. Outro critério apresentado se refere à reestruturação da área de projetos especiais, a qual foi iniciada em 2009. A inscrição aconteceu em 2014 e a divulgação dos vencedores foi em dezembro de 2015. Neste tempo, a área de projetos foi reestruturada e se tornou o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IBTeC, que tem como objetivo fomentar a competitividade das empresas brasileiras, especialmente do

sistema coureiro-calçadista, por transferência de tecnologia e conhecimento. “Estamos ainda mais motivados para promover a geração de produtos inovadores em um ambiente de alto desempenho, garantindo a competitividade das indústrias”, salienta o gestor de projetos do IBTeC, Tetsuo Kakuta.

Incentivo ao aprimoramento intelectual O relatório também destacou as práticas de gestão voltadas para o desenvolvimento do capital intelectual. “O foco é a gestão das pessoas por competências, em um ambiente que prime pelo desenvolvimento dos profissionais, através do estímulo à formação continuada”, salienta o presidente-executivo do instituto, Paulo Griebeler. A atual gestão, que iniciou o primeiro mandato em 2013 e foi reeleita em 2015, já havia conquistado medalha na edição de 2014 do Prêmio Qualidade RS, do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). O instituto conta com cerca de 70 colaboradores e 60% possuem pós-doutorado, doutorado, mestrado, pós-graduação ou formação superior.

Instituto é recertificado pela ISO 9001:2008

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om a recertificação ISO 9001:2008, o ano de 2015 se encerrou com chave de ouro para o IBTeC. Mais uma vez a recomendação aconteceu sem a identificação de qualquer não conformidade nos procedimentos realizados e o instituto celebra a conquista como reflexo da qualidade do trabalho em equipe. Esse resultado já era esperado pela administração e colaboradores, pois confirma o que se percebe no dia a dia do instituto - o comprometimento de cada um dos profissionais na realização do trabalho, visando sempre à máxima confiabilidade dos resultados. “Podemos assegurar aos nossos parceiros que efetivamente estamos no caminho certo, trabalhando

com toda seriedade e dedicação, respeitando as normas e protocolos nacionais e internacionais. Para isso, investimos continuamente em novas tecnologias, qualificação dos profissionais, aquisição e tradução de normas internacionais e ampliação do parque tecnológico”, considera a técnica química e assessora da Qualidade no instituto, Janiela Cristina Klein Gamarra. Ela destaca que todo este esforço é no intuito de melhorar cada vez mais a qualidade e ampliar o escopo de serviços oferecidos pelo IBTeC, tendo como objetivo final o aumento da competitividade das empresas através de produtos com valor agregado e, consequentemente, a satisfação dos clientes.

Reconhecimentos Além da ISO 9001:2008, o IBTeC é acreditado junto ao Instituto Nacional de Metrologia - Inmetro (CGRE ISO 17025); ao Ministério do Trabalho e Emprego - MTE (ISO 17025) e a mais recente certificação concedida pela Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (CPSC), que fiscaliza os produtos comercializados nos EUA, especialmente direcionados ao consumo infantil. Também é reconhecido pela Rede Metrológica RS e pelo Instituto Satra, da Inglaterra. Todos estes reconhecimentos foram reafirmados em 2015 através de auditorias e em todos o instituto foi plenamente aprovado.

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PRESIDENTE DO IBTEC INTEGRA

Conselho de Ciência e Tecnologia A O

presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Paulo Griebeler, foi convidado pelo Governo do RS para integrar o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia. O executivo passa a representar o setor coureiro-calçadista na definição de ações do poder público estadual - instituindo mecanismos de coordenação e planejamento para definir os novos conceitos em termos de inovação, empreendedorismo, ciência e tecnologia. Formado em Administração de Empresas, com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, o presidente avalia o convite como o reco-

Com 35 anos de carreira, 20 deles como executivo de entidades de classe, Griebeler passa a contribuir para a tomada de decisões sobre inovação, empreendedorismo, ciência e tecnologia no RS

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nhecimento da importância do IBTeC na definição dos rumos da economia calçadista gaúcha. “Nos meus 35 anos de carreira, mais de 20 anos atuei como executivo de entidades de classe, e com essa experiência espero contribuir para levar as demandas do nosso setor e colaborar com toda a economia do Estado, a partir de proposições levadas ao colegiado para que sejam submetidas à apreciação da comunidade empresarial”, contextualiza. Atribuições O Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul tem como objetivo instituir mecanismos de coordenação e planejamento das atividades do setor no Estado. O papel dos conselheiros é contribuir para definir os novos conceitos em termos de inovação, empreendedorismo, ciência e tecnologia. Entre as questões que são analisadas pelo conselho estão os financiamentos e recursos do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) com vistas ao apoio aos parques tecnológicos, incubadoras e indústria criativa, apoio ao empreendedorismo e a competitividade das empresas e implementação de projetos na área de gestão e de tecnologia da informação.

primeira reunião aconteceu ainda em dezembro, quando foram discutidas políticas públicas da secretaria que propõe um novo modelo de desenvolvimento sustentável e descentralizado planejado pelo Governo do Estado para impulsionar o crescimento do RS. O grupo tem como missão ajudar nas estratégias para a criação de condições favoráveis à expansão, diversificação e inovação das atividades econômicas no RS através do fomento e atração de investimentos tecnológico, bem como do fomento ao empreendedorismo. Transformar o estado gaúcho em uma referência em termos de dinamismo social e econômico, com padrões de excelência nas interações entre os agentes sociais, econômicos e políticos envolvidos na inovação econômica, social e cultural é a visão da atual gestão pública, que conta com o apoio dos representantes de classe de segmentos que incorporam potencial de desenvolvimento tecnológico, com a capacidade de alavancar processos de inovação incremental, agregar novas economias e incrementar a qualidade de vida da população (coureiro-calçadista, metal-mecânico, saúde, agroindustrial e alimentar, aeroespacial e defesa, tecnologias sociais, energia, transporte, logística e mobilidade urbana). “O IBTeC passa a ser um canal de comunicação do setor coureiro-calçadista junto ao Governo Estadual e estamos abertos para o recebimento de sugestões e propostas que venham a colaborar para promover a inovação na cadeia produtiva”, salienta Griebeler.

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TECNOLOGIA BRASILEIRA

para calçados indianos A través do Projeto Brasil + Índia, a Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas para Couro e Calçados (Abrameq) organiza uma ação comercial coletiva para levar a tecnologia brasileira ao segundo maior produtor de calçados do mundo - a Índia. Identificado como o país com maior potencial de compra de máquinas e equipamentos para a fabricação de calçados, o player é superado em volume de produção apenas pela China. A participação também viabiliza a apresentação de um conceito mais completo de evolução tecnológica, capaz de atender às necessidades dos industriais daquele país. O presidente da entidade, Marlos Schmidt, destaca que “estamos desenvolvendo ações de ótimos resultados em nossos merca-

dos prioritários, na América Latina, mas vemos oportunidade de ousar um pouco mais, diante de um cenário que torna a tecnologia brasileira competitiva internacionalmente”. As empresas com interesse em aderir ao projeto devem se agilizar pois o prazo para garantir a participação é somente até o dia 18 de janeiro. O gestor de projetos da Abrameq, Vinicius Fonte, explica que após a definição de todas as empresas participantes, serão traçados os próximos passos para a concretização desta ideia, iniciando pela designação de um consultor que vai auxiliar no processo de aproximação dos novos possíveis clientes do maquinário brasileiro. Os contatos devem ser feitos pelo fone 51 3594-2232 ou através do e-mail: vinicius@abrameq.com.br.

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UM NOVO PASSO

rumo à internacionalização modernas em EPIs, aparelhos de uso medicinal e de auxílio em acidentes, dentre outros produtos e serviços apresentados por empresas do mundo todo. A mostra também foi uma oportunidade para prestigiar as novidades apresentadas por parceiros deste segmento, que tem sido cada vez mais estratégico para o instituto. A próxima edição está agendada no site oficial da feira para o período de 17 a 20 de outubro de 2017.

FOTOS DIVULGAÇÃO

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uscando consolidar cada vez mais a internacionalização e a atualização profissional dos seus colaboradores, o IBTeC visitou a Feira A+A, realizada em Düsseldorf, na Alemanha, que é considerada a maior mostra mundial especializada em segurança e medicina no trabalho. O engenheiro químico Marcelo Lauxen viajou para a Europa e conheceu no parque de exposições as soluções mais

Ao lado de Raul Casanova (Animaseg)

Marcelo com Michael Cooper e Christine Powley, do Instituto Satra

Junto a Paulo Almeida (Safety Concepts)

Com Cassiano Pavelski e Leandro Seleme (Viposa)

Junto a Ronny van der Wegen, da empresa Emma

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BLOCO K É TEMA

para calçadistas A exigência do Bloco K - conjunto de informações referentes aos processos produtivos que tem o envio obrigatório a partir de janeiro de 2016 - foi tema de um encontro, realizado em dezembro pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal). Para o advogado tributarista Valmor Biason, a exigência pode dirimir erros por parte das indústrias. “As empresas precisam sistematizar a produção para serem mais produtivas. O Bloco K, assim como outras exigências do governo, mesmo que tenham caráter meramente fiscal, de inibir a sonegação, darão oportunidade para isso. O fato é que todas as empresas, independente do porte, deveriam ter competência para gerar essa documentação”, disse o especialista, lembrando que a exigência de entrega a partir de 1º de janeiro de 2016 é para empresas com faturamento anual superior a R$ 300 milhões. A partir de 1º de janeiro de 2017 a exigência é para empresas com faturamento igual ou superior a R$ 78 milhões e no ano seguinte passa a ser também para os demais estabelecimentos.

SOLA O consultor industrial Luis Coelho comentou sobre a importância de se ter total controle sobre todos os processos realizados na fábrica. Ele ressaltou que ferramentas como o Sistema de Operações Logísticas Automatizadas (SOLA), que utiliza identificação padrão para todos os produtos, podem ajudar as empresas na organização dos processos produtivos. “O objetivo é atingir todos os elos da cadeia, do fornecedor ao lojista através da padronização”, disse. Ressaltou ainda que exigências governamentais, mesmo que acarretem custos, muitas vezes acabam impulsionando a competitividade com a criação de diferenciais relevantes. Já o consultor em Tecnologia da Infor-

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mação, Ivair Kautzmann, ressaltou que o SOLA - que usa como base os códigos de identificação GLN, GTIN e SSCC - está presente em mais de 150 países através do sistema GS1, o que garante padronização e rastreabilidade não somente em âmbito nacional, mas também no exterior. “Além de fiscal, a questão é física. Não existente concorrência. Quando falamos de logística, falamos de escala. Se as empresas adotarem o sistema, todos serão beneficiados com os ganhos”, destacou. Segundo ele, com o processo correto, os dados coincidirão com a nota fiscal eletrônica. Kautzmann, que atua como gerente de TI da Via Marte, empresa vencedora na mais recente edição do Prêmio Direções na categoria Industrial, detalhou o case positivo da calçadista, que em um ano economizou mais de R$ 500 mil com a adoção do SOLA.

Bloco K A documentação, exigida pelo Governo Federal com prazo escalonado a partir de 1º de janeiro de 2016, a princípio assustou muitos empresários. Para as entidades setoriais organizadoras do encontro, no entanto, empresas organizadas internamente terão condições de, mesmo com alguma adaptação, responder à exigência sem dificuldades, inclusive com ganhos competitivos através da padronização da comunicação de uma metodologia unificada. O Bloco K exige que sejam entregues ao Governo, para cruzamento de informações como forma de evitar a sonegação fiscal, dados dos processos produtivos: ficha técnica (insumos), consumo previsto na produção, processos produtivos (detalhamento das fases), consumo realizado e estoque final. A iniciativa teve apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro (Abrameq), Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav) e Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

OPINIÃO E 2016? Rosnei Alfredo da Silva

Diretor Administrativo-Financeiro da Calçados Bibi

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uito provavelmente, teremos um ano de 2016 ainda marcado por forte instabilidade. Com a retração no consumo nacional em função da diminuição da renda, o mercado ainda busca sua estabilização em um novo patamar de consumo. O contexto envolvendo a possibilidade de incremento nas exportações, especialmente relacionada à questão cambial, diminui a pressão da oferta no mercado nacional, mas não será capaz de alterar o foco da maioria do varejo, que busca como solução para seus problemas imediatos um modelo de competição baseado em um modelo que considera apenas preço. Irão se destacar, neste cenário, as empresas capazes de promover negócios a partir de sua extensão na cadeia de valor, buscando posicionamento diferenciado em meio a um mercado que será, sem dúvida, muito competitivo. Para o novo ano que se inicia, o IBTeC continuará firme no proposito de contribuir para o setor coureiro-calçadista em respeito aos seus valores como entidade, sendo: - Sustentabilidade organizacional e da cadeia de valor; - Competência técnica diferenciada; - Compartilhamento do conhecimento; - Geração de valor agregado; - Inovação continuada. Finalizo esta coluna afirmando que todo problema tem solução e se algo é necessário, então é possível.

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OPINIÃO Colunista Tributação e a fábula da nova igreja

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ecentemente, contou-se aqui recibo com um mês de atraso). Não o primeiro episódio da “saga pagou, a morte chamou! Tudo estava de Johnny”, que vivia num perfeito! Fundou, então, a Non Mortis. país um tanto estranho, há tempos Como havia dado certo na comtinha abandonado seu nome de bapra do jatinho, Johnny foi consultar tismo (João), sonhava com o primeiro novamente seu supertributarista, mundo e desistiu disso quando dessobre quanto teria que pagar de tricobriu que, no paraíso dos trópicos Dr. Marciano Buffon butos com o novo negócio (ops!), onde vivia, era possível comprar e doutor em Direito, com sua igreja. Descobriu então que professor da Unisinos ser dono de um jatinho sem ter mui- marciano@buffonefurlan.com.br a constituição daquele país assegutos incômodos fiscais. Com seu novo rava a total imunidade tributária e brinquedo, Johnny postou muitas foque isto significava, segundo ententos nas redes sociais existentes nessa época e chegou a dimento da Suprema Corte de Controle, que qualquer escrever que “esse foi Deus quem me deu”. Deus generoso atividade exercida em nome daquela pessoa jurídica, esse que se preocupava em realizar o sonho de Johnny... desde que os frutos fossem destinados à sua finalidade Por um tempo, ele estava muito feliz, até porque nada po- social, estariam abrangidas pela exoneração. Poderia loderia tornar o tal doutor alguém mais apreciável do que car imóveis, vender imagens, receber doações e, talvez, ter um jatinho para curtir seus finais de semana. (E um até emprestar dinheiro e receber juros, sem se preocupar tal de Bauman - sociólogo - ainda dizendo que os seres com tributos. Como não ficar feliz? Descobriu também humanos haviam se transformado em mercadorias...). que o laico poder legislativo do país, recentemente, haNo entanto, como toda felicidade, em tais circunstân- via garantido que sobre as comissões que viessem a ser cias, é efêmera, Johnny já estava insatisfeito. O que pode- pagas aos seus representantes, pela conversão de novos ria fazer ele para ganhar mais dinheiro, já que o sucesso fiéis, também não incidiria a contribuição previdenciária. da advocacia parecia lhe ser monetariamente insuficiente Isso já estava de bom tamanho, mas até Johnny surprepara aplacar seus novos desejos. Pensou, pesquisou e bri- endeu-se quando foi informado que na província na qual lhantemente concluiu: - Vou fundar uma igreja! A dificul- vivia - cujo hino evocava grandes façanhas do passado dade residia em criar uma nova concepção religiosa, afi- - recentemente havia sido aprovada uma lei dispensando nal de contas esse campo parecia saturado. Consultando de pagar um imposto chato que incidia sobre o fornecisua maior fonte de pesquisa - na época pronunciava-se mento de energia elétrica e sobre as contas de telefone gugou - ele descobriu que um sujeito chamado Saramago (ICMS). Sarcasticamente sorriu e disse: - É óbvio! Preciso (do qual nunca tinha ouvido falar) havia escrito um livro me comunicar com a divindade pelo celular! Isso é ativiintitulado As intermitências da morte. Uma estória malu- dade fim! Logicamente, registrou todas as contas telefônica de um lugar onde a morte não mais ocorria (era tudo cas, de seus conversores de fiéis, em nome da Non Mortis. que tinha no resumo e ele não gostava de ler mais do que Johnny, então, que outrora pensava ser feliz com resumos). Teve, então, sua grande sacada: criar uma nova apenas um jatinho, percebeu que as possibilidades de religião que prometesse que ninguém morreria, pelo me- ser feliz naquele paraíso que era seu país, mostravam-se nos aqueles que o seguissem e pagassem a mensalidade. ilimitadas. Como tinha cogitado migrar para o primeiClaro que Johnny não acreditava nisso e que a morte ro mundo? Lá não seria livre para ter uma religião para continuaria a matar seus fiéis, mas sua esperteza o fez pen- chamar de sua e tampouco poderia viver sem ser incosar na saída: fraudar os recibos e justificar a morte dos seus modado pelos tributos. Ah, e quem disse que na vida fiéis pelo atraso no pagamento (para isso Johnny daria o só há duas coisas inevitáveis: a morte e os impostos?

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O vendedor eo conhecimento dos concorrentes

O consumidor é avesso a vendedores que falam mal dos concorrentes Luís Roberto Mello

professor da Fundação Getúlio Vargas

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lém de conhecer o produto que vende e o cliente que atende, é indispensável que o bom vendedor conheça o mercado em que atua e os concorrentes com os quais compete. Todos esses fatores irão influenciar as decisões de quem compra. Como o consumidor decide o que vai comprar? Teoricamente, após identificar a necessidade de compra - que pode ser racional, emocional ou de reposição -, o cliente busca informações sobre as possíveis soluções para essa necessidade e identifica as alternativas de sumprimento existentes. Nesse momento, ele seleciona os critérios que serão utilizados na decisão, atribui pesos a esses critérios - alguns são mais importantes que outros - e avalia o desempenho das alternativas de compra em cada um. Agindo dessa forma, monta - na sua mente ou no papel - uma tabela (vide figura). Com base nessa avaliação, escolherá aquele produto que tiver o melhor desempenho em função dos critérios por ele selecionados e avaliados. O problema é que estes modelos partem do princípio de que o consumidor se comporta de maneira racional - o que não se confirma necessariamente no dia a dia. Como o vendedor pode influenciar essa decisão que é parte racional e parte irracional? Em primeiro lugar, ele precisa identificar como o cliente conduz esse processo, que critérios utiliza, que pesos atribui a esses critérios e como avalia o produto da empresa e dos concorrentes. Com base nessas informações, ele procurará influenciar a percepção da importância relativa dos critérios - pesos atribuídos - fazendo o cliente considerar mais importantes aqueles critérios onde seu produto se destaca. Em segundo lugar, procurará modificar a percepção acerca do desempenho dos produtos, embora esse caminho seja mais difícil, dado que essa avaliação tende a ser baseada em padrões objetivos. Para isto, deve conhecer com profundidade os pontos fortes e fracos do seu produto e dos produtos concorrentes. É interessante notar a posição de Robert Cialdini, renomado especialista na área de persuasão e convencimento: “Se você quer convencer alguém de que X supera Y, aponte as qualidades de X, mas ressalte sobretudo os defeitos de Y. Há indícios de que nosso cérebro guarda melhor aspectos negativos de uma pessoa ou produto”. Vale lembrar que o consumidor brasileiro é avesso a vendedores que apenas falam mal dos concorrentes sem destacar a qualidade do seu produto e a importância de manter uma postura correta e ética, reforçando os pontos fracos dos outros produtos em relação ao seu, sem a necessidade de inventar mentiras ou enganar o cliente. De toda forma, vale um questionamento final: você conhece os pontos fortes e fracos do seu produto e dos produtos concorrentes?

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CB-11 o último dia 9 de dezembro, ocorreu o café da manhã de prestações de contas do Comitê Brasileiro de Couro, Calçados e Artefatos de Couro (CB-11), onde, o Gestor do CB-11, Dr. Valdir Soldi, apresentou os resultados de 2015. Dentre eles alguns números apresentados foram os seguintes: • Total de normas no comitê: 264 • Normas publicadas: 26 • Normas revisadas: 28 • Nº de reuniões 53

Fique por dentro 28 normas foram revisadas para melhorar o desempenho do seu produto. 1 - Projeto 11:200.03 - 01 Conforto de calçados - Escolares; 2 - Projeto 11:200.05-008.1 (ISO 17072-1:2011) - Couro - determinação química do teor de metais - Parte 1: metais extraíveis; 3 - Projeto 11:200.05-008/2 (ISO 17072-2) Couro - determinação química do teor de metais - Parte 2: O conteúdo total do metal; 4 - Projeto 11:200.05-009 (ISO 16186) Calçado - substâncias críticas potencialmente presentes em calçados e componentes para calçados Método de ensaio para determinar quantitativamente dimetil fumarato (DMFU) em materiais de calçados; 5 - ABNT NBR 15336 Construção superior do calçado - Laminados sintéticos - Determinação da resistência ao rasgamento - Método Trouser; 6 - ABNT NBR 14823 Construção superior do calçado - Laminados sintéticos - Determinação da resistência do acabamento à fricção com lixa; 7 - ABNT NBR 14366 Construção superior de calçado - Laminados sintéticos - Determinação da resistência ao rasgamento por agulha; 8 - ABNT NBR 14099 Construção superior do calçado - Laminados sintéticos - Determinação da espessura; 9 - ABNT NBR ISO 20864:2015 - Calçados - Métodos de ensaio para

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FOTO LUÍS VIEIRA

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CB-11 ENCERRANDO 2015 COM

chave de ouro couraças e contrafortes - Características mecânicas; 10 - Projeto 11.100.02/06 (ISO 2417) Couro - Testes físicos e mecânicos - Determinação da absorção estática da água; 11 - Projeto 11:100.02/07 (ISO 2418) Couro - Ensaios químicos, físicos, mecânicos e de solidez - Amostragem localizada; 12 - Projeto 11:100.02/09 (ISO 2420) Couros - Ensaios físicos e mecânicos - Determinação da densidade aparente; 13 - ABNT NBR 14548 Couro - Ensaios Físicos e Químicos – Terminologia; 14 - ABNT NBR 13525 Couro Requisitos quanto à análise química; 15 - Projeto 11:200.01-002 Calçados - requisitos - Valores Orientativos; 16 - ABNT NBR 15377 Calçados - Determinação da resistência ao arrancamento de saltos; 17 - ABNT NBR 15686 Calçados Determinação da adesão rápida da sola; 18 - ABNT NBR 15687 Calçados - Determinação da resistência final da colagem da vira a 180º; 19 - ABNT NBR 15171 Calçados - Determinação da resistência à flexão; 20 - ABNT NBR 14547 Insumos - Insumos líquidos - Determinação da densidade de massa; 21 - ABNT NBR 14182 Desencalante - Determinação do poder tamponante; 22 - ABNT NBR 14067 Corante -

Preparação de soluções analíticas; 23 - ABNT NBR 13348 Banho residual e efluente líquido Determinação do teor de óleos e graxas - Método de ensaio; 24 - Projeto 11:100.04.01 Couro Banho residual e efluentes líquidos Determinação do teor de sólidos totais e sólidos suspensos totais, fixos e voláteis; 25 - Projeto 11:300.03-02 Borracha Vulcanizada ou termoplástica Determinação da Densidade; 26 - ABNT NBR 14824 Construção inferior do calçado - Unissolas e entressolas - Determinação da densidade em peças inteiras - Método hidrostático; 27- ABNT NBR 14743 Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da resistência ao flexionamento por solicitações contínuas; 28 - ABNT NBR 15393 Construção inferior do calçado - Determinação da resistência à quebra por solicitações contínuas no enfranque; Deseja mais detalhes sobre o CB11? Acesse www.ibtec.org.br/cb11. Quer adquirir normas técnicas como: ABNT, ISO, IEC, DIN, BSI, AFNOR, AMN, JIS, ASTM, IEEE e NFPA? Acesse www.ibtec.org.br/normas. As reuniões ocorrem mensalmente, são gratuitas e abertas ao público em geral. Maiores informações: cb11@ibtec.org.br, com Andriéli Soares.

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IMAGEM ALPODIATRYLONDON.CO

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OLYMPIKUS FAZ MEDIÇÃO DOS PÉS DO

jogador Murilo Endres O tados utilizando um scanner tridimensional, que permite a mensuração de mais de 20 medidas do pé, incluindo perímetros, comprimentos, larguras, alturas e ângulos. Além de possibilitar a análise imediata dos valores medidos, o equipamento facilita ainda a exportação dos dados para softwares de design, inclusive impressoras 3D. A gerente de Marketing da empresa, Ana Hochscheidt, comentou que “queremos aproveitar nossa parceria para fazer a Olympikus crescer cada dia mais. Consideramos muito importante a participação dos atletas em todo o processo de desenvolvimento para que possamos

entregar produtos ainda mais eficazes”. A Dra. Aline Faquin destaca que o IBTeC conta com um dos melhores laboratórios de biomecânica da América Latina, o que torna o instituto um parceiro natural das empresas que buscam a inovação tecnológica nos seus produtos especialmente no segmento calçadista. “A Vulcabras Azaleia há mais de 15 anos firma parceria com o IBTeC, tendo a tradição de investir em avaliações biomecânicas de seus atletas e para aprimorar seus produtos. Um dos primeiros atletas a ter suas medidas realizadas foi o jogador de tênis Gustavo Kuerten”, salientou.

FOTOS SABRINA DAMIN/IBTEC

jogador da Seleção Brasileira de Voleibol, Murilo Endres, visitou no último mês de outubro o Centro de Desenvolvimento e Tecnologia da Vulcabras Azaleia, em Parobé/RS. Patrocinado pela Olympikus, maior marca esportiva do Brasil, o atleta participou do alinhamento de projetos e lançamentos da marca para o próximo ano. Como parte dos planos para 2016, pesquisadores do IBTeC realizaram o escaneamento dos pés do atleta, o que possibilita conhecer com exatidão todas as medidas do pé do jogador e assim promover maior conforto ao calçado. Os dados foram cole-

Dados foram coletados pelo IBTeC para aumentar o conforto nos calçados

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A INOVAÇÃO CONTÍNUA DAS ESTRATÉGIAS DE

competitividade

CAPÍTULO 5/6: O ESPÍRITO INOVADOR DE TODOS OS MEMBROS DA FÁBRICA COMO FONTE GERADORA DA INOVAÇÃO DAS SUAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS MS Eng. Fernando Oscar Geib

1 - A inovação das estratégias de competitividade: conhecer os fundamentos destas ações é vital para torná-la uma prática continuada Todos nós aprendemos e praticamos esta regra básica no nosso dia a dia pessoal e organizacional: a essência da busca e da realização da melhoria contínua está baseada no fundamento da “causa e efeito”. Por este princípio, melhorando-se as causas, ou seja, à medida que identificamos os fatores estruturadores de um processo qualquer, e agimos positivamente sobre estes fatores, aperfeiçoando-os, ação esta que denominamos de melhorar as causas, temos como resultado os aprimoramentos e os avanços do efeito, isto é, a melhoria do desempenho e, por consequência, dos resultados desenvolvidos pelo processo em análise. Consolida-se então a regra essencial: melhorias de resultados e de desempenhos de um processo somente acontecerão e se tornarão realidade tangível quando concentrarmos de modo efetivo a nossa atenção e focarmos os nossos esforços no aperfeiçoamento de suas cau-

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Figura 1: Diagrama de Causa e Efeito utilizado para gerar avanços organizacionais e operacionais, onde está identificado o Ciclo de Atendimento das necessidades dos consumidores e dos mercados

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sas, que são os fatores impulsionadores e geradores da efetividade deste processo. Não há outro caminho para promover a melhoria e o aperfeiçoamento de processos! Por outro lado, não podemos esquecer também, e isto é importante, que a melhoria contínua dos processos é uma ação “consumidora de tempo”, ou seja, novos e melhores resultados destes são sempre dependentes do tempo aplicado à promoção de avanços do desempenho das suas causas. A pergunta então a ser feita necessariamente é: As melhorias dos processos organizacionais implementam também o avanço e o crescimento da capacidade competitiva das organizações, entre as quais está também a Nova Fábrica de Calçados (NFC), ou será que o tempo dispendido às melhorias dos processos organizacionais não “retardam e, mais ainda, não envelhecem” os avanços competitivos das organizações, tirando por esta condição a efetividade das soluções desenvolvidas e implementadas? A resposta a este questionamento virá com o desdobramento do texto em apresentação. Assim, avançando no tema proposto pelo questionamento colocado, a Figura 1 apresenta o Diagrama de Causa e Efeito, reconhecido por ser um instrumento realmente efetivo para promover, implantar e consolidar melhorias organizacionais, pois já foi testado amplamente em um significativo número de organizações distribuídas pelo mundo afora, tendo se mostrado extremamente efetivo nestas tarefas. Podemos colocar igualmente o seguinte princípio: Quanto mais rápidas forem as ações de aperfeiçoamento do atendimento das necessidades dos consumidores e dos mercados, ou seja, quanto mais rapidamente forem reduzidos os tempos do ciclo de atendimento dos consumidores e mercados, mais efetivos e maiores serão os ganhos de competitividade das organizações. Não podemos nos esquecer também do fundamento essencial: soluções desenvolvidas em prazos curtos tendem a trazer consigo intrinsecamente altos conteúdos de ineditismo e de inovação, propiciando benefícios efetivamente significativos à competitividade e à sustentabilidade econômica das organizações. Estas inovações, por serem exclusivas em função de terem sido geradas internamente à organização, certamente não serão aplicáveis a outras, de modo que estes inéditos fatores organizacionais desenvolvidos possam ser implantados em curtíssimos prazos de tempo, assumindo o papel de ações efetivas de geração das inovações de suas estratégias competitivas. É importante ressaltar que após as práticas de aplicação do princípio/fundamento “causa e efeito” (apresenta-

das na Figura 1) terem sido identificadas cotidianamente por sua eficiência, a Nova Fábrica de Calçados (NFC) alinha-se entre as usuárias intensivas deste fundamento organizacional em descrição - visto que a sua utilização tem demonstrado amplamente a capacidade de impulsionar ações orientadas pelo propósito de construir um futuro organizacional desejado, pela sua solidez, a partir do aumento da capacidade competitiva das organizações, baseada nas inovações de suas estratégias competitivas. A força de gerar e promover soluções diferenciadas e inéditas, para as organizações e para a fábrica em descrição, pelas inovações das estratégias competitivas, propiciadas pelo “ciclo de aperfeiçoamento do atendimento das necessidades dos consumidores e dos mercados”, apresentado na Figura 1, aumenta significativamente a capacidade competitiva da fábrica em descrição, bem como das organizações que adotarem os fundamentos propostos por este ciclo. São inegáveis os avanços, na medida em que as organizações - entre as quais está a Nova Fábrica de Calçados (NFC) - se orientem por este instrumento de desenvolvimento organizacional apresentado na Figura 1, principalmente quando o seu uso e implementação gere inovações voltadas ao Ciclo de aperfeiçoamento do atendimento das necessidades dos consumidores e dos mercados, pois abrem-se as oportunidades para a geração de inovações das estratégias competitivas da fábrica em descrição.

2 - As Inovações das estratégias competitivas da Nova Fábrica de Calçados (NFC) e o fundamento quântico desta fábrica As organizações calçadistas e a fábrica de calçados em descrição não podem esquecer de que são os mercados de consumo e os seus componentes - os compradores - os efetivos geradores e apresentadores das manifestações dos desejos de consumo dos calçados. Isto é, tudo acontece como se estas manifestações de necessidades a serem atendidas estivessem sendo apresentadas em um palco de teatro. Sim, estas “apresentações dos atores”, os consumidores (efetivos e potenciais) anunciam e comunicam, nos seus scripts, as suas mensagens desenhadoras dos ambientes de consumo que estão estruturando, não somente no hoje, mas também no futuro que está por vir. Eles, como atores, desenvolvem os seus scripts descritores dos desejos de consumo, transmitindo aos mercados fornecedores de calçados que estão assumidos da condi-

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ção de atores-consumidores atuais e potenciais, indicando serem suas necessidades, cada vez mais instáveis, de um imediatismo crescente, de serem continuamente mutantes e de vida cada vez mais curta, constantemente difusas e intensivamente voltadas para o atendimento imediato dos seus desejos tanto manifestados quanto latentes, sem se desligarem do futuro que está por vir. São estes atores-consumidores, por suas ações e manifestações, os desenhistas e aperfeiçoadores contínuos dos cenários da evolução da competitividade nos ambientes de fornecimento de calçados pelas fábricas. As fábricas de calçados deverão ser, portanto, crescentemente geradoras de inovação das suas estratégias competitivas, ações estas desenvolvidas como um hábito e prática continuada de todos os membros da fábrica. As fábricas deverão estar simultaneamente atentas à condição de que, com o avançar do tempo, as “exigências de consumo” tornar-se-ão aceleradamente mais inéditas e de pouco ou quase nada terem a ver como as necessidades e desejos já apresentados e colocados nos ambientes de consumo, em tempos recentemente passados. Deste modo, as “causas” do diagrama de causa e efeito das fábricas e da Nova Fábrica de Calçados (NFC), na medida em que os cenários de consumo tornam-se crescentemente competitivos, como descrito anteriormente, precisam propor e implantar ações efetivas e inéditas, com visão de futuro-agora, utilizando fundamentos ainda não pensados e praticados para avançar em suas estratégias de competitividade, ou seja, inovando-as continuamente - inovações contínuas das suas estratégias competitivas - alinhando-as com os fatores comportamentais dos ambientes de consumo futuros, ambientes estes identificados se tornarem cada vez mais segmentados, isto é, extremamente variados e desconectados entre si, com os consumidores e compradores dos calçados comportando-se como geradores e emissores contínuos de informações de desejos, na forma de “partículas informativas” representadoras dos seus anseios consumistas e desdenhadoras de suas satisfações, promovendo por este comportamento um “bombardeio de partículas de desejos de consumo - tanto atual quanto de futuro”, simultaneamente sob o ponto de vista temporal. É importante colocar que todas estas meticulosas e enfáticas considerações devem fazer parte e estar intrinsicamente contidas no espaço das causas do diagrama de causa e efeito apresentado na Figura 1. Os consumidores, pelos seus comportamentos “emissores de partículas de seus desejos”, conforme o anteriormente descrito, estão sendo cada vez mais levados

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a pensar no futuro imediato de suas necessidades. Surge então o questionamento: por que este modo de comportar-se? Certamente por ação da internet! Esta é, hoje, a principal fonte geradora e estruturadora de ambientes indutores da universalização da emissão destas “partículas quânticas de desejos de consumo”, criando e formando por esta condição ambientes virtuais dos desejos e de consumo atuais e, principalmente, do futuro - que está, por esta emissão de partículas quânticas de desejos, logo ali para se tornarem os desejos do hoje. Estas micropartículas informativas energizadas são promotoras de um “bombardeio” contínuo de múltiplas microinformações, criando aspirações e desejos inéditos pessoais dos consumidores incomuns e avançados no tempo, e também “bombardeando” as organizações geradoras de bens e de serviços, entre as quais estão as fábricas de calçados e igualmente a Nova Fábrica de Calçados (NFC). Estas partículas energéticas, informativas e inéditas promovem as oportunidades para a geração das inovações das estratégias competitivas. Estas partículas imateriais e energético-informativas são denominadas cientificamente de quantum. Tratam-se de partículas eminentemente imateriais, somente energéticas, e o seu estudo e conhecimento intrínseco é desenvolvido pela Física Quântica. Esta denominação de partículas quânticas indica que elas contêm múltiplas informações de desejos e aspirações de consumo, ou seja, uma energia representadora exata destas manifestações de consumo e das rápidas mudanças destas. Por estas condições e fundamentos, podemos concluir e afirmar terem os mercados, no seu todo, igualmente um comportamento quântico. Daí o porquê do seu comportamento de instabilidades e de rápidas e dinâmicas mudanças. A Produção Simultânea, fundamento básico e essencial da Nova Fábrica de Calçados (NFC), é impulsionada e operacionalizada pelo comportamento quântico dos ambientes que a cercam, envolvem e a impulsionam. As pessoas que nela atuam também são igualmente conduzidas por este fundamento quântico. O ser humano, desde os seus primórdios, sempre viveu nesse ambiente quântico, onde mais recentemente as organizações fabris surgiram, se desenvolveram e cresceram. Porém a simultaneidade das operações de produção (produção simultânea) somente se tornará uma realidade se os seus fundamentos quânticos forem conhecidos, dominados e operacionalizados. A inovação das estratégias competitivas será contínua, e esta é a contribuição mais efetiva desta visão quântica da Nova Fábrica de Calçados (NFC).

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ARTIGO Científico

AVALIAÇÕES DE CONFORTO PARA CALÇADOS DE CORRIDA FAQUIN, Aline1 1 Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) Resumo Atualmente é visível o crescimento do número de adeptos da corrida e, embora a corrida continue sendo praticada da mesma forma, os tênis para corrida vêm evoluindo progressivamente. Contudo não há normas específicas que avaliem a qualidade destes calçados no que se refere ao seu conforto. Desta forma este estudo traz resultados preliminares para avaliação de conforto em calçados de corrida. Participaram quatro sujeitos e foram utilizados três modelos de calçado. As avaliações incluíram distribuição de pres-

Palavras-chave:

são plantar e ângulo de pronação através de corrida em esteira a 9km/h. Os resultados indicaram maiores pressões na região do antepé e maior ângulo de pronação para o calçado com característica minimalista. O calçado para corrida neutro foi o que apresentou maior estabilidade e menores cargas sobre a superfície plantar. Novas modalidades de avaliação também vêm sendo estudas pelo laboratório de biomecânica do IBTeC para aprimorar as avaliações destinadas ao calçado de corrida.

corrida, tênis, biomecânica, conforto, avaliação

Abstract Nowadays is visible the growth of the recreational runners. Although the running continuous to be practiced in the same way, the running shoes has been gradually evolving. However there are no specific standards to assess the quality of the running shoes with respect to comfort. This study provides preliminary results for comfort evaluation in running shoes. Four subjects participated and were used three models of footwear. The evaluations included plantar pressure distribution and kinematic (pronation angle)

during running in treadmill at 2.5m/s. The results indicated higher pressures in the forefoot region and elevated pronation angle for shoes with minimalist attribute. The shoe with neutral feature revealed the most stability (pronation angle) and the lowest peak pressure on the plantar surface. New forms of assessment running shoes are also being studied by IBTeC Biomechanics lab to improve the analyze in running shoe.

Keywords: running, shoe, biomechanics, comfort, evaluation

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Introdução A disseminação da corrida por todo o mundo se deu a partir da década de 1970 e atualmente é visível o crescimento do número de adeptos deste esporte. Um exemplo é a maratona de São Silvestre, criada em 1924 e disputada até os dias atuais e que em 2014 teve 24 mil inscritos (Dallari, 2009). A corrida continua sendo praticada em sua essência da mesma forma, contudo os aparatos utilizados pelo corredor, nisto inclui-se também o tênis de corrida, vêm evoluindo em uma taxa acelerada. O propósito inicial do calçado esportivo para corrida era proteger o indivíduo de possíveis lesões, variações de temperatura e proteger a superfície plantar (Squadrone e Gallazoni, 2009). Em virtude do crescimento de participantes e concomitantemente aumento no número de lesões em corredores os estudos nesta área se tornaram necessários. As exposições prolongadas a repetitivas forças de impacto e movimentos rápidos e excessivos de pronação do pé e rotação interna da tíbia têm sido apontadas, nas últimas décadas, como uma das maiores razões para o desenvolvimento de lesões (Milner et al., 2006; Ryan et al., 2011). Neste contexto o tênis de corrida passou a ter um papel de controlar o movimento do pé e tornozelo e amortecer os impactos gerados pela corrida (Nigg et al., 1987; Nigg, 2001). Estas circunstâncias incitaram a indústria de calçados esportivos a desenvolver calçados cada vez mais específicos à prática da corrida, com novas tecnologias e materiais, o que promoveu um aumento substancial em modelos e marcas no mercado do calçado para corrida. Associado ao forte apelo de marketing das empresas, tal cenário dificulta a escolha pelo usuário e, ao mesmo tempo, estimula o corredor a procurar por mais informações técnicas sobre o produto, para comprar calçados mais confortáveis ou que propiciem a melhora na performance. Para calçados destinados à corrida, há uma grande oferta de modelos e marcas, todos com apelo de novas tecnologias, contudo, ainda não há normas específicas que avaliem a qualidade destes calçados no que se refere ao seu conforto. Preocupado com tais premissas o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) visa a desenvolver junto ao seu Laboratório de Biomecânica normas técnicas destinadas a avaliar o conforto de calçados de corrida, cujos resultados preliminares são expostos neste estudo.

Material e Métodos Este projeto está em desenvolvimento no Laboratório de Biomecânica do IBTeC, cujo objetivo é realizar avaliações de diferentes modelos de calçado de corrida, com intuito de nortear os parâmetros de normatização. Para este estudo preliminar foram utilizados três modelos de calçados, assim especificados: a) Modelo A: calçado com características de calçado minimalista, solado de EVA, massa do calçado de 181 gramas; b) Modelo B: calçado casual com arquitetura no solado modifica para absorção de impacto. Massa do calçado de 457 gramas; c) Modelo C: calçado com característica de um calçado intermediário (neutro), solado de EVA, massa de 234 gramas. Participaram do estudo quatro sujeitos com média de idade de 33±6 anos, estatura de 170±3,0cm e massa 73,6±5,4kg. Todos possuíam experiência com corrida em esteira e não apresentavam lesões musculoesqueléticas que impossibilitassem sua participação. Todos foram orientados quanto aos procedimentos e concordaram com sua participação. Os sujeitos foram orientados inicialmente a correr por 5 minutos na esteira na sua velocidade habitual de corrida com os calçados testados. Em seguida os procedimentos de coleta foram iniciados da seguinte forma: a) ângulo de pronação: foi fixado um marcador triangular na região posterior-central do calcâneo, a 2,0cm do solo, no calcâneo do pé direito do participante, estando ele descalço (Figura 1). Seguindo os procedimentos descritos na NBR 14839/2015. Em seguida foi solicitado ao mesmo que corresse descalço na esteira na velocidade de 9,0km/h durante o intervalo de 3 minutos. Foram coletados dados durante 30 segundos. Na sequência o sujeito vestiu o tênis e o mesmo marcador foi fixado na região posterior central do calçado do pé direito e o mesmo procedimento de corrida foi adotado (Figura 1). As imagens foram coletadas através de duas câmeras de alta velocidade (200qps) posicionadas posteriormente e lateralmente (45°C) à esteira. Os parâmetros foram processados pelo software do sistema.

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ARTIGO

Figura 1 - Exemplificação de marcador usado para cálculo do ângulo de pronação

b) distribuição de pressão plantar: palmilhas sensorizadas do tipo capacitivas da marca Pedar System® foram dispostas sobre a palmilha interna do calçado e foi então solicitado ao sujeito que vestisse o tênis. O sistema foi fixado através de um cinto na cintura do participante e foi orientado ao mesmo para correr na esteira na velocidade de 9,0km/h durante 3 minutos. Foram coletados dados durante o intervalo de 30 segundos. Os dados foram processados via software do sistema, sendo analisados os picos de pressão plantar e área de contato de três regiões plantares, assim definidas: retropé, médiopé e antepé conforme exemplificado na Figura 2.

Figura 2 - Determinação esquemática das regiões plantares analisadas

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c) Percepção de conforto: para avaliar o conforto, foi solicitado aos participantes que dessem uma nota de 1 a 10 para diferentes itens relacionados ao calçado (estabilidade, flexibilidade, adaptação aos pés e sensação de bem-estar). A média das notas dos itens foi considerada a nota de percepção de conforto do calçado, conforme procedimentos da NBR 14840/2015. Os dados foram analisados através de estatística descritiva, considerando os valores médios e desviospadrão das variáveis analisadas.

Resultados Os valores médios dos picos de pressão plantar encontram-se na Tabela 1, e os valores médios para a área de contato na Tabela 2. Tabela 1 - Valores médios de pico de pressão plantar (kPa) para as diferentes regiões do pé para os calçados A, B e C

A comparação entre os valores os valores médios (média da soma do lado esquerdo e direito) para os três calçados estão expostos na Figura 3.

Figura 3 - Valor médio do Pico de pressão plantar (kPa) para as três regiões do pé dos três modelos de calçado

Os valores médios de pico de pressão plantar indicam que o calçado C foi aquele em que foram geradas as menores pressões para todas as regiões plantares examinadas. O calçado B, definido como calçado casual, mas com característica de amortecimento, foi aquele que apresentou maior pico de pressão plantar na região do retropé (202kPa), ligeiramente superior ao calçado A (197kPa). Enquanto o calçado A, com modelo próximo ao minimalista, foi aquele que apresentou o maior valor médio de pico de pressão na região do antepé (269kPa).

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ARTIGO Tabela 2 - Valores médios de área de contato (cm²) para as diferentes regiões do pé para os calçados A, B e C

Os valores médios para as área de contato (média dos lados direito e esquerdo) foram iguais para o retropé (39cm²) e antepé (66cm²) para os três calçados. Na região do médio pé os valores foram ligeiramente diferentes, sendo para o calçado A (43cm²) a menor área de contato, para o calçado B a área foi de 46cm² e para o calçado C a maior área de contato (48cm²). Os valores médios do ângulo de pronação para as condições avaliadas encontram-se expostos na Figura 4.

Figura 4 - Valores médios de ângulo de pronação (em graus) para as condições avaliadas

O menor ângulo de pronação encontrado foi para o calçado C (5,77°) com característica de calçado neutro e o maior ângulo obtido foi para o calçado A (8,19°) com característica de calçado minimalista. Já para o calçado B o ângulo foi de 7,51°. O Índice de pronação, calculado da diferença entre os ângulos obtidos nas condições descalço e com calçado, foi de 3,04° para o Calçado A, de 2,37° para o calçado B e de 0,62° para o calçado C. Indicando que o calçado C foi aquele com menor diferença entre as duas condições. Sugerindo ser o calçado que ofereceu maior estabilidade durante a corrida. Para a percepção de conforto a média final do calçado A foi de 7,0, para o calçado B foi de 5,5 e para o calçado C de 8,3. Indicando o calçado C ser considerado o que proporcionou melhor percepção de conforto de acordo com os participantes. Os participantes referiram sentir o calçado A instável e o calçado B rígido o que diminui a percepção de conforto destes calçados. Os resultados obtidos indicam que o calçado com característica de minimalista é aquele, como esperado por ser menos estruturado, que apresenta a menor estabilidade durante a corrida, gerando maiores ângulos de pronação. O calçado B, sendo um calçado casual, apresentou características de não estabilizar o pé durante a corrida, e maiores picos de pressão no calcanhar. Indicando não ser este um calçado apropriado para a prática da

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corrida, embora seja observado em algumas condições seu uso para tal fim. Já o calçado C, com características de um calçado neutro, apresentou todas as características necessárias para um calçado de corrida, principalmente para os iniciantes nesta atividade. Foi possível obsevar com controle do movimento de pronação, redução das cargas na superfície plantar e leveza. E concomitantemente foi o calçado indicado como o mais confortável pelos participantes. Os dados obtidos indicam que é possível através das análises de distribuição de pressão plantar e índice de pronação diferenciar modelos de calçados que, observa-se, serem utilizados com frequência na prática da corrida. Os resultados finais sugerem que os parâmetros biomecânicos de avaliação das cargas plantares (distribuição de pressão plantar) e estabilidade (ângulo de pronação) estão associados à percepção de conforto do usuário do calçado e podem ser utilizados como variáveis para avaliações de conforto em calçados para a prática de corrida (Dannemann, et al. 2015).

Conclusão Os resultados, embora preliminares, apontam diferenças entres os três modelos de calçado. Indicando, que apesar de definidos como calçados de corrida, eles apresentam características diferenciadas em materiais, tecnologias e confecção que repercutem sobre o sistema músculo-esquelético e geram respostas biomecânicas diferenciadas. Novas modalidades de avaliação também vêm sendo estudas pelo Laboratório de Biomecânica do IBTeC para aprimorar as avaliações destinadas ao calçado de corrida, entre estas estão incluídos o uso de acelerômetros para distinguir a redução de impactos no corpo durante a corrida, avaliações de temperatura e de rotação tibial, todas estas associadas a lesões e desconforto. E que, portanto, precisam ser delineadas para os calçados de corrida. A grande oferta de modelos para calçados de corrida pode dificultar a escolha do consumidor. Os resultados indicam que modelos de calçados diferentes geram respostas biomecânicas também diferenciadas, fato que impulsiona ainda mais a necessidade de parâmetros mínimos de avaliação para os calçados de corrida que possam nortear o consumidor bem como auxiliar a indústria na inovação de seus produtos.

Referências Bibliográficas Dannemann A. et al. Footwear Sci. 2015. 7 (1):167-168. Milner C. et al. Med Sci Sports and Exercise. 2006. 38:323-328. Nigg B. J Biomech. 1987. 20(10):951-959. Nigg B. J Biomech. 2001. 36(4): 570-575. Ryan M. et al. Br J Sports Medicine. 2011. 45(9):715-721. Squadrone R, Galozzi C. J Sports Med Phys Fitness. 2009. 49(1):6-13.

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ARTIGO Técnico

REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO DA BORRACHA DE SILICONE VULCANIZADA Autores: Amanda Bresolim Machado e Matheus Brasil da Silva Orientadora: Rosane Catarina dos Santos Coorientadora: Lucinara de Souza Linck

Resumo O uso de resíduos industriais para o reaproveitamento na composição de novos materiais é um esforço mundial. Um desses resíduos responsáveis por gerar enormes preocupações é o de compostos de borrachas/ elastômeros vulcanizados, que sem um destino para reutilização acabam em aterros sanitários ao ar livre, contribuindo para a poluição de solos e águas. A borracha vulcanizada, depois de acabar sua vida útil, não pode ter sua função recuperada e ser utilizada para o mesmo processo na indústria. Uma parcela ainda consegue ser moída e reutilizada como carga em outros processos, mas em sua maioria vira um resíduo problemático para a empresa. A busca por novas alternativas de aproveitamento da mesma pode minimizar o impacto ambiental e gerar novos produtos com maior valor agregado. Tem-se como objetivo a reutilização de um resíduo industrial da borracha de silicone vulcanizada para ser comparado com uma matéria-prima utilizada na formulação da borracha SBR, a sílica, que atualmente serve como carga de reforço e possui custo elevado no mercado. Para estudo dos efeitos do resíduo agregado às misturas de borracha de SBR, como carga de reforço em substituição da sílica, são criadas formulações com diferentes percentuais do material a ser reaproveitado. Procede-se com a vulcanização da borracha e criação de corpos de prova para testes físicos de deformação permanente a compressão, dureza, densidade, resistência à tração e resistência ao rasgo. Completados os testes e análises físicas nas novas formulações da borracha de SBR com diferentes proporções do resíduo como carga, fica claro que o resíduo não influencia negativamente nas propriedades do material já que nos testes os resultados foram muito parecidos ou até melhores do que a formulação básica utilizando 100 % da carga tradicional de sílica.

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Introdução A produção de resíduos derivados das diversas atividades econômicas desenvolvidas pelo ser humano cresce cada dia mais. Isso implica em enormes impactos negativos diretos ao meio ambiente e a vida que nele existe. Dentre os resíduos gerados pelas atividades nas indústrias, existe a borracha de silicone vulcanizada, um elastômero bastante utilizado nas empresas de galvanoplastia para a produção de peças ricamente trabalhadas em detalhes compostas principalmente por uma liga metálica constituída de alumínio, cobre, magnésio e zinco, conhecida como Zamac. Por se tratar de um processo efetuado em condições extremas, de elevadas temperaturas, trabalhando-se com a liga metálica em estado fundido, o molde formado pela borracha de silicone vulcanizada tem o seu período de vida útil diminuído com a utilização nos processos e não pode ser recuperada, tendo de ser encaminhado ao descarte. Por meio de uma entrevista informal com o proprietário de uma galvanoplastia de pequeno porte, localizada em Novo Hamburgo/RS, na região do Vale do Sinos, coletou-se a informação de que a empresa, operando com dois funcionários e dois sócios, é capaz de processar cerca de 1.100 quilos em peças de Zamac por ano. Foi informado que cada matriz de borracha é capaz de suportar uma faixa de 100 a 200 injeções da liga de metal fundido, tal valor variando de acordo com as condições do processo, como a temperatura do metal e as características das peças, por exemplo a quantidade de detalhes e o tamanho das mesmas. Nessas operações são gastos em torno de 78 discos do molde composto pela borracha de silicone por mês, correspondendo a uma massa de resíduo gerado de aproximadamente 390 quilos ao mês e por volta de 4,5 toneladas/ano. As borrachas já usadas são armazenadas em um setor da empresa, uma peça de menor tamanho composta por piso e cobertura de laje. Apesar de a forma ideal de destinação do molde já utilizado ser os aterros industriais, o custo é alto e a empresa continuaria respondendo legalmente por qualquer fato que ocorresse envolvendo o resíduo. Portanto, o material é armazenado com fiscalização e licença em dia dos bombeiros e órgão ambiental responsável. Dessa forma, esses grandes discos de molde se acumulam nos locais destinados ao resguardo dos resíduos nas empresas não podendo ser reaproveitados em outros processos, originando problemas de manutenção de espaço físico na empresa e a poluição ao meio ambiente. Devido ao fato de ser um elastômero vulcanizado, a borracha de silicone não pode ser fundida, dificultando seu reaproveitamento, mas ainda assim mantém importantes qualidades físicas devido à sua composição estrutural em níveis de cadeia polimérica. Logo, o problema investigado neste trabalho é: “seria possível substituir, ao menos parcialmente, a sílica das formulações de SBR pelo resíduo em pó da borracha de silicone vulcanizada, sem prejuízo das propriedades do produto final?”. Esse trabalho tem como objetivos a utilização do resíduo da borracha de silicone previamente moído, que compõe os moldes, como substituto parcial da sílica usada como carga de reforço em formulações básicas de mistura de borracha SBR e o monitoramento de sua influência nas propriedades físicas da mesma. Para isso a metodologia do trabalho desenvolve-se na produção da borracha de SBR, em sua formulação básica, utilizando a sílica como carga de reforço tradicional e outras formulações com a substituição de percentuais da carga de reforço tradicional pelo resíduo moído, enfoque do estudo. Uma análise comparativa entre as propriedades dessas diferentes formulações através de ensaios físicos é a etapa final desse trabalho.

Aplicação do resíduo Após o resíduo ser moído em um equipamento chamado moinho de facas, foi possível aplicá-lo na formulação da borracha SBR. Foram feitas quatro formulações de borracha SBR, variando em cada uma delas o percentual do pó do resíduo em substituição da carga de reforço original, conforme a tabela abaixo.

Fonte: os autores (2015)

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ARTIGO Resultado de alguns testes físicos Teste de deformação permanente à compressão (DPC)

Fonte: os autores (2015)

Nota-se que no teste de Deformação Permanente à Compressão as propriedades foram alteradas. A Formulação 2, que contém 5% de resíduo e 95% de sílica, obteve uma deformação maior à compressão se comparado a Formulação 1 e a Formulação 3, que tiveram pouca diferença nos resultados. E para completar, verifica-se que a Formulação 4, contendo 85% de sílica e 15% do resíduo na carga de reforço, é a que resulta em uma porcentagem menor de deformação. Resistência à tração Resultado do teste de resistência à tração para formulação com 0% do resíduo como carga de reforço

Fonte: os autores (2015)

Resultado do teste de resistência à tração para formulação com 5% do resíduo como carga de reforço

Fonte: os autores (2015)

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No teste de resistência à tração nota-se que a Formulação 2 (5% de resíduo e 95% de sílica) obteve uma tensão maior do que a Formulação 1, que só possui sílica como carga.

Resistência ao rasgo Resultado do teste de resistência ao rasgo para formulação com 0% do resíduo como carga de reforço

Resultado do teste de resistência ao rasgo para formulação com 5% do resíduo como carga de reforço

Resultado do teste de resistência ao rasgo para formulação com 10% do resíduo como carga de reforço

No teste de resistência ao rasgo percebe-se que, no sentido transversal (Sentido B) da formulação que possui 10% de resíduo, a força para continuar o rasgo foi maior do que a das formulações que possuem 0% e 5% de resíduo.

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ARTIGO Conclusão A quantidade de resíduos sólidos gerados pelas indústrias cresce cada vez mais, por isso nota-se a importância da pesquisa e desenvolvimento tecnológico nesse ramo. A dificuldade no seu reaproveitamento e tratamento é, sem dúvida, maior do que a de resíduos líquidos. A partir da análise dos dados obtidos nos diferentes ensaios desenvolvidos até o momento, pode-se conferir que a agregação do resíduo como carga de reforço em substituição da sílica não contribui negativamente para com as propriedades físicas da borracha de SBR depois de vulcanizada. Nos testes de deformação permanente à compressão, destaca-se a formulação com parcela de 15% do resíduo na substituição da carga de reforço, que obteve uma porcentagem menor de deformação do que à formulação tradicional utilizando somente a sílica como carga de reforço. Dessa maneira, até aqui, entende-se que o emprego da borracha de silicone vulcanizada como carga de reforço em formulações de borracha de SBR é uma boa alternativa para o reaproveitamento da mesma, já que consegue se manter muito próxima das propriedades originais e até melhorando algumas características da formulação tradicional, utilizando somente a sílica como carga de reforço. Além disso, eliminaria esses restos decorrentes de operações da indústria contribuindo para melhoria do meio ambiente. Na sequência do projeto, após a conclusão de todos os testes físicos, pretende-se buscar parcerias para realização de novos testes e sugerir aplicações para este tipo de formulação, além de investigar o quanto se pode reduzir o custo da formulação original usando este resíduo.

Referências bibliográficas GHOSH, Arun., RAJEEV,R. S. A. K., BHA’ITACHARYA, S. A. K., BHOWMICK , A. K. , DE, S. K. Recycling of silicone bubber waste: effect of ground silicone rubber vulcanizate powder on the properties of silicone rubber. Polymer Engineering and Science, 2003, Vol. 2003.43, p. 279-296, 2003. GRISON, Élyo Caetano; BECKER, Emilton Juarez; SARTORI, André Francisco. Borrachas e seus Aditivos – Componentes, Influências e Segredos, Rio Grande do Sul, v.1, p. 23-34, 2010. INTERNACIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 1382: Rubber – Vocabulary. 1996. JACINTHO, Ana Elisabete; BARBOSA, Luisa Andréia; LINTZ, Rosa Cristina; VERZEGNASSI, Emerson. Concreto convencional com adição de borracha reciclada de pneus: estudo das propriedades mecânicas. Estudos Tecnológicos, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 98-108, mai./dez. 2011. OLIVEIRA, Josiane Machado; CUNHA, Claudio. Produção mais limpa no Setor de Peças Brutas. SENAI-RS Centro Nacional de Tecnologias Limpas, Rio Grande do Sul, p. 3-40, nov. 2007. PACHECO, V. Elen; HEMAIS, A. Carlos; FONTOURA, A.T. Geraldo; RODRIGUES, A. Fernando. Tratamento de Resíduos Gerados em Laboratórios de Polímeros: Um Caso bem Sucedido de Parceria Universidade-Empresa. Polímeros: Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 14-21, outubro. 2003. ROCHA, C. J. Tereza; SOARES, G. Bluma; MANO, Eloisa; COUTINHO, M. B. Fernanda. Principais Copolímeros Elastoméricos à Base de Butadieno Utilizados na Indústria Automobilística. Polímeros: Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, v. 17, n. 4, p. 299-307, abr. 2007. RUBBERPEDIA. Fórmula estrutural genérica da borracha de Silicone. Disponível em: <http://www.rubberpedia.com>. Acesso em: 20 agosto 2015. SIMPSON, B. Richard. Rubber Basics - Rapra Technology Limited, United Kingdom, p.88-89, 2002. WIEBECK, Hélio, HARADA, Júlio. Plásticos de Engenharia – Tecnologia e Aplicações. Artliber Editora, São Paulo, p252-263, 2005.

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A ABNT 11 3017.3638 www.abnt.org.br pág. 59 ACREDITAÇÃO CPSC 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 55 ASSOCIADOS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 82 B BAXMANN 11 2818.6959 www.baxmann.com.br pág. 09 BOXFLEX 51 3598.8200 www.boxflex.com.br pág. 02

L LAB. LUVAS CALOR 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 67 LAB. LUVAS CIRÚRGICAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 81 LAB. MICROBIOLOGIA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 95 LAB. SUB. RESTRITIVAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 98 LASER 51 3525.2139 www.lasernh.com.br pág. 17 LINHANYL 15 4009.8700 www.linhanyl.com.br pág. 25

C CAMPANHA CONFORTO 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 45 CEBEC 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 68 COLORGRAF 51 3587.3700 www.colorgraf.com.br pág. 37 COMELZ 51 3587.9747 www.comelz.com pág. 07 COUROMODA 11 3897.6100 www.couromoda.com pág. 46

M MAQUETEC 51 3524.8033 www.maquetec.com.br pág. 15 METAL COAT 54 3215.1849 www.metalcoat.com.br pág. 27 MORBACH 51 3066.5666 www.morbach.com.br pág. 38

D DÜRKOPP 11 3042.4508 www.durkoppadler.com pág. 05

P POLLYBOX 51 3587.3502 www.pollibox.com.br pág. 02 PROAMB 54 3085.8700 www.proamb.com.br pág. 16

F FEEVALE 51 3586.8800 www.feevale.br pág. 97 FEIRA 40 GRAUS 51 3593.7889 www.feira40graus.com.br pág. 29 FGV 51 3065.6437 www.fgvrs.com.br pág. 14 FIMEC 51 3584.7200 www.fimec.com.br pág. 53 FISP 11 5585.4355 www.fispvirtual.com.br pág. 31 FLEXNYL 15 3414.1300 www.flexnyl.com.br pág. 25 FOAMTECH 19 3869.4127 www.foamtech.com.br pág. 100 FRANCAL 11 2226.3100 www.francal.com.br pág. 60

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O OCM 51 3596.1057 www.ocmleathers.com pág. 99

S SIMPÓSIO BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 55 STICKFRAN 16 3712.0450 www.stickfran.com.br pág. 10 U UNDERCORP 51 3036.6080 www.undercorp.com.br pág. 51

ENTIDADES DO SETOR ABECCA (51) 3587.4889 ABEST (11) 3256.1655 ABIACAV (11) 3739.3608 ABICALÇADOS (51) 3594.7011 ABINT (11) 3032.3015 ABLAC (11) 4702.7336 ABQTIC (51) 3561.2761 ABRAMEQ (51) 3594.2232 ABRAVEST (11) 2901.4333 AICSUL (51) 3273.9100 ANIMASEG (11) 5058.5556 ASSINTECAL (51) 3584.5200 CICB (61) 3224.1867 IBTeC (51) 3553.1000 FEIRAS DO SETOR BRASEG (11) 5585.4355 COUROMODA (11) 3897.6100 EXPO EMERGÊNCIA (11) 3129.4580 EXPO PROTEÇÃO (11) 3129.4580 FASHION SHOES (16) 3712.0422 FEBRAC (37) 3226.2625 FEIPLAR (11) 3779.0270 FEMICC (85) 3181.6002 FENOVA (37) 3228.8500 FICANN (11) 3897.6100 FIMEC (51) 3584.7200 FISP (11) 5585.4355 FRANCAL (11) 2226.3100 GIRA CALÇADOS (83) 2101.5476 HOSPITALAR (11) 3897.6199 INSPIRAMAIS (51) 3584.5200 PREVENSUL (51) 2131.0400 40 GRAUS (51) 3593.7889 QUÍMICA (11) 3060.5000 SEINCC (48) 3265.0393 SICC (51) 3593.7889 ZERO GRAU (51) 3593.7889

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REAPROVEITAMENTO DO RESÍDUO

da borracha de silicone vulcanizada Resumo

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uso de resíduos para o aproveitamento na composição de novos materiais é um esforço mundial. Um desses resíduos responsáveis por gerar enormes preocupações é o de compostos de borrachas/ elastômeros vulcanizados, que sem um destino para reutilização acabam em aterros sanitários ao ar livre, contribuindo para poluição de solos e águas, ou da atmosfera através da liberação de gases. A borracha, depois de vulcanizada, não pode ter sua função recuperada e ser utilizada para o mesmo processo na indústria. Uma parcela ainda consegue ser moída e reutilizada como carga em outros processos, mas em sua maioria vira um resíduo problemático para a empresa. A busca por novas alternativas de aproveitamento da mesma pode minimizar o impacto ambiental e gerar novos produtos com maior valor agregado. Tem-se como objetivo a reutilização de um resíduo industrial

para ser comparado com uma matéria-prima utilizada na formulação da borracha SBR, a sílica, que atualmente serve como carga de reforço e possui custo elevado no mercado. Para estudo dos efeitos do resíduo agregado às misturas de borracha de SBR, como carga em substituição da sílica, são criadas formulações com diferentes percentuais do material a ser reaproveitado. Procede-se com a vulcanização da borracha e criação de corpos de prova para testes físicos de deformação permanente a compressão, dureza, densidade, resistência à tração e resistência ao rasgo. Completados os testes e análises físicas nas novas formulações da borracha de SBR com diferentes proporções do resíduo como carga fica claro que o resíduo não influencia negativamente nas propriedades do material já que nos testes os resultados foram muito parecidos ou até melhores do que a formulação básica utilizando 100% da carga tradicional de sílica.

O estudo foi realizado a partir da borracha de silicone vulcanizada utilizada nas empresas de galvanoplastia para a produção de peças ricamente trabalhadas em detalhes compostas principalmente por uma liga metálica constituída de alumínio, cobre, magnésio e zinco, conhecida como Zamac. Por se tratar de um processo efetuado em condições extremas, de elevadas temperaturas, trabalhandose com a liga metálica em estado fundido, o molde formado pela borracha de silicone vulcanizado tem o seu período de vida útil diminuído com a utilização nos processos e não pode ser recuperado, tendo de ser encaminhado ao descarte. Os objetivos foram a utilização do resíduo da borracha de silicone previamente moído, que compõe os moldes, como substituto parcial da sílica usada como carga de reforço em formulações básicas de mistura de borracha SBR e o monitoramento de sua influência nas propriedades físicas da mesma.

Autores: Amanda Bresolim Machado e Matheus Brasil da Silva Orientadora: Rosane Catarina dos Santos Coorientadora: Lucinara de Souza Linck Instituição: Fundação Escola Técnica Liberato Saldanha da Cunha

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CALÇADO

nanotecnológico Resumo

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nanotecnologia pode ser vista como a criação de materiais funcionais, dispositivos e sistemas através do controle da matéria na escala de nanômetros, implicando em sistemas que apresentem novos fenômenos e propriedades, que são dependentes do tamanho. Neste contexto, os sistemas de liberação controlada, frequentemente descritos como drug delivery systems, se enquadram perfeitamente e se valem destes novos fenômenos dependentes do tamanho e oferecem algumas vantagens quando comparados a outros de dosagem convencional. Neste projeto, a nanotecnologia auxiliou na criação de mecanismos de eliminação de bactérias e fungos causadores de infecções, maus odores e degradação precoce do calçado. Foram desenvolvidos calçados cujos couros, forros e palmilhas fo-

ram produzidos com nanopartículas cuja função é tratar e prevenir a micose dos pés, chulé e rachaduras. A micose dos pés, também conhecida como pé-de-atleta, é uma doença infecciosa frequente, causada principalmente por fungos dermatófitos. As áreas mais afetadas são as regiões entre os dedos e sob as unhas, podendo também aparecer no dorso, solas ou outras áreas dos pés. As pessoas saudáveis também são afetadas pela micose nos pés, no entanto determinados grupos de pessoas são mais sensíveis a esta doença, como: atletas, diabéticos, pessoas com problemas circulatórios, imunodeprimidos ou pessoas que tomam medicamentos a base de cortisona. Estresse, má alimentação, queda do estado imunológico e falta de cuidados com a higiene também podem agravar os problemas. O tratamento é prolongado e

persistente, levando um mês ou mais, com aplicação de antimicóticos. Como as pessoas passam a maior parte do dia com os pés fechados em calçados, os calçados nanotecnológicos realizaram o tratamento dos pés mediante o contato direto e contínuo com as substâncias antimicrobianas presentes nos materiais componentes. Antes de serem adicionadas nos couros, forros e palmilhas, as substâncias antimicrobianas foram encapsuladas em escala nano para a formação de complexos hóspede-hospedeiro. Ao andar, as nanocápsulas liberaram os antimicrobianos para os pés, fazendo com que a micose, o chulé e as rachaduras fossem tratados, ativando a circulação do sangue, absorvendo a umidade dos pés deixando-os completamente secos, promovendo conforto, bem-estar e saúde.

Autora: Keysla Araújo de Paulo Orientadora: Profa. Dra. Joana D’Arc Félix de Sousa Coorientadora: Joyce Carolina de Sousa Barreto Instituição: Etec Prof. Carmelino Corrêa Júnior (Franca/SP)

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OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FILMES POLIMÉRICOS PARA FINS AGRÍCOLAS A PARTIR DE AMIDO E DE GELATINA EXTRAÍDA

de resíduos de couro curtido ao cromo Resumo

O

uso excessivo e não consciente de fontes não renováveis na fabricação de materiais poliméricos e a produção e descarte inadequado de resíduos considerados perigosos configuram duas grandes problemáticas a serem estudas e trabalhadas no meio científico. Dessa maneira, diferentes técnicas vêm sendo desenvolvidas. Entre elas pode-se citar a utilização de recursos naturais, como o amido, para a produção de materiais poliméricos. Também o reuso de resíduos de couro vem demonstrando bons resultados. No presente trabalho, gelatina obtida a partir de hidrólise alcalina de resíduos de couro curtido ao cromo (RCCC) é incorporada a amido de milho para a produção de filmes

poliméricos. Os filmes são produzidos a partir da técnica de casting. O material foi caracterizado em termos de sua solubilidade, espessura, gramatura, teor de cromo, degradação e utilização como cobertura de solo. Obteve-se um filme com baixo teor de cromo (2,87mg/kg de filme), solubilidade de 30% em água por 24h, gramatura de 207,74g/m2 e espessura de 0,130mm. O filme foi completamente degradado após oito semanas enterrado no solo. Mudas de rúcula tiveram desenvolvimento semelhante em solo coberto pelos filmes produzidos neste trabalho e em solo coberto por filmes de polietileno. A produção destes filmes poliméricos, além de recuperar um resíduo que seria descartado e criar um polímero com degradação mais rápida, fornece um material com aplica-

ções no meio agrícola. O objetivo geral do trabalho foi a obtenção e caracterização de filmes poliméricos a partir de amido e gelatina extraída de resíduos de couro curtido ao cromo, visando a posterior aplicação na agricultura na forma de cobertura de solo. Os objetivos específicos foram: a) Hidrolisar resíduos de couro curtido ao cromo para obtenção de gelatina; b) Obter filmes poliméricos a partir de gelatina e amido; c) Caracterizar os filmes obtidos quanto a propriedades físico-químicas e de degradação; d) Implantar os filmes produzidos em meio agrícola como cobertura de solo; e) Testar a qualidade dos filmes em meio agrícola; f) Observar a degradação do filme em meio ao solo; g) Observar a qualidade do vegetal cultivado com solo coberto pelos filmes produzidos.

Autora: Júlia Mascarellol Orientadoras: Bianca Santinon ScopeI2 e Fabiane Mascarellol Coordenadoras do projeto: Aline Dettmer2 e Camila Baldasso2 1 Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael 2 Universidade de Caxias do Sul Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos e Tecnologias

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APLICAÇÃO DE PARA-CHOQUES AUTOMOTIVOS

em saltos de calçados Fase II Resumo

O

s para-choques fora de uso no Brasil são um grande fator de poluição ao meio ambiente, gerando acúmulo de material, uma vez que a reciclagem de para-choques não é realizada no País. Tratase de um processo muito demorado e de alto custo, não sendo vantajoso para as empresas. Entende-se por para-choque um dispositivo encontrado na região dianteira de automóveis para a absorção de energia em caso de impactos. Atualmente são feitos de polímeros, basicamente o polipropileno (PP), devido a suas propriedades e custo-benefício. A partir do problema exposto, o objetivo deste trabalho é a reciclagem de para-choques fora de uso, devido a algum rasgo ou dano durante sua vida útil, aplicando-o, assim, em saltos de calçados femininos, visan-

do à substituição da poli (acrilonitrila-butadienoestireno) (ABS), que é o polímero utilizado atualmente no mercado. O projeto contou com uma primeira fase, onde foi realizada a caracterização do para-choque reaproveitado. Após constatar seu comportamento químico e suas propriedades mecânicas, como alta resistência e boa absorção de energia ao impacto, deu-se início à segunda fase, quando se buscou a aplicação no salto de calçado. O processo de reuso realizado consistiu, primeiramente, no corte do para-choque, seguido da moagem, injeção dos saltos, e por fim, ensaios mecânicos realizados nos saltos injetados, entre eles o ensaio de fadiga e de deformação dinâmica, e ensaios químicos realizados nas amostras de para-choque moído, tais como a análise termogravimétrica (TGA), a calorimetria diferencial

de varredura (DSC) e espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). A partir dos ensaios realizados no salto, concluiu-se que ele apresenta valores dentro das normas exigidas (ABNT NBR 14739:2010, SATRA TM 21:2001 e ABNT NBR 15191:2012), podendo-se, assim, ser fabricado e utilizado sem que ocorram danos. Os ensaios químicos confirmaram que o para-choque utilizado é constituído apenas por polipropileno, aditivos e cargas. Ao comparar o preço pago pelas empresas de injeção pelo quilograma do composto de ABS e o que seria pago pelo para-choque moído, foi possível concluir que o projeto é viável às empresas calçadistas, pois apresenta boa funcionalidade e um custo-benefício vantajoso. As empresas teriam uma economia de, no mínimo, 74% ao optar pelo material reciclado.

Autoras: Gabriella Marianna de Oliveira Salvador, Rafaela Graff Rodackievicz e Tayná Aparecida Kieser Orientadora: Lucinara de Souza Linck Coorientadora: Tatiana Louise Ávila de Campos Rocha Instituição: Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha

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ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE COURO RECONSTITUÍDO

em uma formulação de borracha SBR Resumo

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pesquisa trata da confecção de compostos elastoméricos com copolímero de estireno-butadieno (SBR), utilizando resíduos de couro reconstituído (RCR), oriundos do processo de reconstituição do couro, realizado em uma empresa do Rio Grande do Sul, a fim de proporcionar uma possível alternativa aos mesmos que são gerados, e não têm um sustentável fim atualmente. Na indústria do couro, há o inadequado descarte de resíduos curtidos ao cromo. Assim, esse cromo, quando exposto a determinadas condições, pode sofrer oxidação e obter uma forma mais tóxica do mesmo, o Cromo VI. Isso pode gerar problemas de contaminação ao meio ambiente, tendo como possíveis consequências

intoxicações e até mesmo o desenvolvimento de câncer em seres vivos. A empresa estudada reaproveita esses resíduos. Porém, no processo é gerado outro resíduo, que tem granulometria extremamente fina e, por isso, não pode ser reaproveitado simplesmente retornando ao processo de reconstituição do couro. Logo, para evitar que esse “resíduo do resíduo” seja armazenado em aterros especiais, foram desenvolvidas formulações em diferentes proporções de carga (Caulim e RCR) na borracha SBR, sendo de 0, 25, 50, 75 e 100% em quantidade de massa e volume. Posteriormente, os produtos foram comparados à formulação controle de borracha SBR (100% Caulim) por meio de testes físicomecânicos e químicos, seguindo normas, como as da ASTM, com o intuito de caracterizar e comprovar a

possibilidade de substituição de um dos componentes da formulação. O RCR se apresentou compatível com a borracha SBR, mostrando que o mesmo pode estar presente em novas formulações da mesma. Verificou-se, ademais, que a formulação A (25% RCR em volume) pode ser aplicada em lençóis de borracha. Esse destino representa uma alternativa, que torna o processo de reaproveitamento de resíduos de couro já desenvolvido por uma indústria ainda mais abrangente, além de causar a diminuição do seu descarte e gasto de envio à empresa especializada. Também, é importante enfatizar a importância de se evitar a extração de um mineral, o Caulim, da natureza para posterior uso na fabricação de borracha, com consequentes prejuízos ao meio ambiente e custos adicionais à empresa colaboradora.

Autoras: Bruna Letícia Schneiders e Fernanda Carolina Froelich Orientador: André Luis Viegas Coorientadora: Maria Angélica Thiele Fracassi Instituição: Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha

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ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA A COURAÇA

da indústria calçadista II Resumo

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roduzida com resinas poliméricas, a couraça calçadista é um componente utilizado para reforçar o bico dos sapatos, no qual acaba gerando resíduos durante a produção. Estes resíduos processuais são classificados como um passivo ambiental e como nocivos ao meio-ambiente, conforme as normas N BR 15515 e N BR 10004, respectivamente. Portanto, o descarte dos resíduos da couraça calçadista acaba se tornando uma tarefa amplamente complexa, ocasionando prejuízos financeiros às empresas envolvidas. No ano de 2014, na primeira etapa desta pesquisa, foi verificado que o reprocessamento destes resíduos ge-

rou um produto de baixa qualidade para a produção de uma couraça reciclada. Logo, esta pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de avaliar o comportamento dos resíduos dessa couraça, descartados durante a produção de calçados, quando utilizados como material aditivo em produtos injetados, a fim de reduzir o custo do item final, sem alterar significativamente as propriedades mecânicas, o procedimento utilizado e os parâmetros de processamento. Para isso foram produzidas blendas a base de polipropileno (PP), de polietileno de alta densidade (PEAD) e de poli (cloreto de vinda) flexível (PVC) utilizando quantidades prédeterminadas dos resíduos da couraça. Com a finalidade de analisar

a compatibilidade das resinas com os resíduos da couraça e qualidade das blendas produzidas, foram empregados os ensaios de resistência à tração, realizado através da norma ASTNI D 638, resistência ao impacto lzod, por meio da norma ASTM D 256, e resistência à dureza Shore, mediante a norma ASTNI D 256. A partir da caracterização das amostras produzidas, através dos ensaios mecânicos citados, foi comprovado que as blendas de polietileno de alta densidade e de polipropileno produzidas com os resíduos da couraça calçadista apresentaram excelentes propriedades para a produção de produtos injetados, mantendo a mesma qualidade das resinas originais, no qual houve, portanto, uma redução de custo do produto final.

Autor: Felipe Schaefer Bairros da Silva Orientadora: Lucinara de Souza Linck Instituição: Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha

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OPINIÃO Colunista

Mariana, uma tragédia anunciada

Rogério da Cruz Carvalho

Habitus Consultoria contato@habitusconsulting.com.br

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uando uma tragédia de grandes proporções surge, a mídia mergulha “em peso” sobre o tema, buscando exaustivamente explorá-lo e esmiuçar todos os detalhes possíveis da situação e dos envolvidos. São inúmeras horas sobre a vida de cada personagem até então anônimo e que após o tema esfriar certamente voltará ao anonimato. O que mais se sobressai no andamento dos desdobramentos das informações nas mídias são sem dúvida as noticias “bombásticas” e as teorias da conspiração por detrás de todo o evento. Agregamos a isto ainda personagens que surgem aproveitando-se da situação para ter o seu minuto de glória no horário nobre da TV, estes tão obscuros e anônimos quanto as vitimas, diferem pelo fato de serem em parte protagonistas, ou seja, autoridades, pessoas no escalão dos órgãos ambientais, governos, empresas ou mesmo ONGs. No caso da cidade mineira Mariana, o rompimento de uma barragem de estocagem de rejeitos soterrou vilas e destruiu o meio ambiente em toda a bacia do Rio Doce, até sua foz. Esta tragédia, tida e “discursada” pela Exma. Sra. Presidente do Brasil no encontro mundial da COP em Paris, não é de responsabilidade exclusiva da empresa proprietária da barragem, a mineradora Samarco, mas sim uma responsabilidade compartilhada. Segundo se afirma, a empresa estava sem a licença de operação válida para a barragem. Acontece que a legislação brasileira ambiental, mesmo com suas quase 20.000 leis, é muito clara em afirmar que cabe à empresa dar entrada dentro dos prazos legais (em geral 120 dias de antecedência ao vencimento) nos documentos

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de renovação, no entanto cabe à agência ambiental responsável pelo licenciamento atender a este dentro dos prazos e, enquanto não o fizer, a empresa estará legalmente operando, pois não possui pendências junto à agência. Agora, querer jogar a culpa pela incompetência generalizada das agências ambientais de praticamente todos os estados brasileiros, as quais não liberam os documentos dentro dos prazos pelas mais diversas razões, é “tapar o sol com a peneira”. O Rio Doce é extremamente importante no contexto de Minas Gerais, Espirito Santo e em nível nacional, no entanto um rio que já agonizava, vítima de dezenas de lançamentos de esgotos por parte das cidades ao longo de suas margens. Vítima do total desmatamento de suas margens e várzeas, bem como da ocupação desenfreada em toda a sua extensão. Desta forma os limites de responsabilidades deveriam ser claramente estabelecidos e definidos. O que não se pode permitir é que seja utilizada uma tragédia, da qual certamente vários são os culpados, como pano de fundo para que diversos oportunistas e oportunismos sejam desenterrados da lama de Mariana e uma empresa responsabilizada por toda a situação. Certamente, a empresa é responsável, mas igualmente o são o Governo, em todos os seus níveis, as agências ambientais e reguladoras e a própria população. Cada qual tem sua parcela de responsabilidade pela tragédia em maior ou menor nível e certamente contribuiu ao longo dos anos com peças para a construção deste castelo de cartas que foi a tragédia de Mariana.

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COLUNAS proamb

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Política Nacional de Resíduos Sólidos:

Os desafios do próprio negócio

Elisandra Fabris

Cleber Prodanov

mudanças na gestão de resíduos

Coordenadora da Central de Disposição de Resíduos Sólidos

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população do Brasil aumentou 9,65% nos últimos dez anos, enquanto no mesmo período o volume de resíduo cresceu 21%. Devido a este crescimento desenfreado, um dos maiores desafios da sociedade é dar destinação correta aos materiais gerados. O problema do gerenciamento de resíduos sólidos tornou-se uma emergência nacional, fazendo com que após 21 anos de tramitação, o poder público estabelecesse e assinasse, através da Lei n° 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Um dos grandes ganhos que a legislação trouxe é o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, em cooperação com estados, municípios e empresas particulares, visando à gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. O Brasil está começando a construir um cenário alternativo, após o surgimento da Lei 12.305. Ao contrário do modo que o País sempre tratou seus resíduos, destinando para lixões e bota-foras. Prioriza como objetivo a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental pelo fechamento dos lixões, retorno dos resíduos recicláveis ao sistema produtivo pela gestão compartilhada entre poder público e setor produtivo, feito com catadores de materiais recicláveis, e a disposição final de rejeitos em aterros que seguem normas ambientais. Incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental é um dos obstáculos da PNRS, aplicada esta responsabilidade a todos os agentes da cadeia produtiva. O poder público, além de ter o dever de criar os planos de gerenciamento de resíduos sólidos que viabilizem seu cumprimento, tanto pelo setor empresarial quanto pelos consumidores, tem a obrigação de fiscalizar as práticas de concretização que efetivem as diretrizes de não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, obedecendo esta ordem de prioridade.

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Pró-reitor de Inovação da Universidade Feevale

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Brasil é um país de empreendedores e grande parte deles tem vocação para montar seu próprio negócio. Mas a realidade tem se mostrado duríssima com os empreendedores e apresenta uma distância entre montar e manter um negócio. Além disso, parece que sobra empreendedorismo, arrojo e interesse, mas falta preparo e condições de montar e gerir as empresas que nascem. Os novos empreendimentos que surgem convivem com fatores que trabalham para impedir o sucesso das pequenas e micro empresas. A problemas como crédito, atratividade exercida pela informalidade, taxas e tributos e Custo Brasil, soma-se talvez o de maior relevância, o despreparo do empreendedor para enfrentar os desafios de um novo negócio. Não basta apenas ter iniciativa; são fundamentais, também, o foco no mercado, a capacidade gerencial, uma estrutura logística e uma divulgação de seus produtos e serviços. Se isso não bastar, é necessário ao empreendedor, ainda, ousar e, com criatividade, explorar nichos desprezados ou desconhecidos pela concorrência. Finalmente, procurar ter tanto espírito competitivo como também cooperativo, privilegiando o trabalho em grupo, unindo suas habilidades com as de outros e desenvolvendo um trabalho em rede, e não isoladamente. Essa é uma pequena análise, seguida de recomendações, a fim de ajudar àqueles que, em uma economia em dificuldades, estão em busca de alternativas para montar seu próprio negócio. De qualquer forma, é importante que o empreendedor pesquise bastante sobre o mercado antes de iniciar um novo empreendimento.

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