Edição nº 294

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OS RESULTADOS SÃO PROPORCIONAIS À PROATIVIDADE A busca pela competitividade talvez nunca tenha alcançado um patamar tão desafiador para a indústria nacional. O Brasil caiu 18 posições no ranking mundial, descendo do 57º para 75º lugar, sendo esta a sua pior posição desde que passou a ser avaliado em 1990. As piores quedas foram em quesitos básicos, como ambiente econômico e institucional, saúde e educação. Vivendo em um ambiente altamente globalizado, em um mundo que passa por um dos maiores desafios econômicos das últimas décadas, a notícia não poderia vir em pior hora. Se já era desafiador para nossa indústria em um cenário econômico favorável, diante do atual quadro se torna um desafio hercúleo. Os gargalos do País são muitos e vêm se agravando. Os atuais escândalos de corrupção, o déficit dos governos que travam investimentos e congelam o crescimento, fazem com que a indústria de base fique estagnada e a roda da economia pare de girar. Mas não cabe a nós ficarmos sentados e calados à espera de que tudo se resolva de maneira natural. Precisamos agir e esta ação se dá em todos os âmbitos de nossas organizações. Como cidadãos, devemos requerer o direito de um Estado justo e protetor. Como empresas, precisamos unir forças junto as nossas entidades representativas e cobrar ações efetivas do governantes, e por fim, como administradores e gestores, desenvolver um ambiente que estimule a busca da melhoria constante dentro de nossas organizações. Em todas estas esferas existem pontos em comum: estímulo à inteligência e criatividade construtivas, sinergias entre todos envolvidos na cadeia, proatividade e clareza sobre onde queremos chegar. A construção e produtividade de um ambiente competitivo e transformador é diretamente proporcional à quantidade de pessoas que estão focadas no objetivo final e trabalhando de maneira sinérgica para alcançar este objetivo. Ideias inovadoras ou transformadoras podem vir de uma pessoa em particular, mas só se tornarão realidade quando um conjunto de pessoas acreditar nela e toda cadeia a entender e aceitar. Nunca talvez o esforço e o trabalho coletivos tenham sido tão importantes para garantir a sobrevivência e diferenciação dos negócios. O espaço é cada vez menor, e quem conseguir multiplicar suas convicções terá uma chance muito maior de sucesso. Em momentos como este pelo qual estamos passando, mais do que nunca o coletivo sempre falará mais alto e será agente determinante de transformação.

Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo

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MERCADO Criatividade nos materiais

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EXPEDIENTE

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AGENDA

REPORTAGEM ESPECIAL Produtividade é a bola da vez

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NOTAS

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CB-11

INSTITUCIONAL Oportunidades para as MPEs

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OPINIÃO

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ARTIGOS

TECNOLOGIA Solado hi-tech Rhodia/Basf

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GUIA

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CADERNO

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Conselho Deliberativo: Claudio Chies (Presidente) Conselheiros: Ernani Reuter, Jakson Fernando Wirth, João Altair dos Santos, Jorge Azeredo, Marcelo Fleck e Rosnei Alfredo da Silva Conselho Fiscal (Conselheiros): Eleno da Silva, Maria Gertrudes Hartmann, Renato Kunst e Ricardo Wirth Conselho Científico (Conselheiros): Dr. Alberto Carlos Amadio, Dr. Aluisio Otavio Vargas Avila, Dra. Deyse Borges Machado, Dr. Luiz Antônio Peroni, Dra. Mariliz Gutterres, Dr. Milton Zaro e Dra. Susana Cristina Domenech Presidente executivo: Paulo Griebeler Vice-presidente executivo: Dr. Valdir Soldi Institucional/Cursos/Eventos: Marcela Chaves da Silva (marcela@ibtec.org.br) Comercial - Gerente: Karin Becker (karin@ibtec.org.br) Consultorias - Consultor técnico: Paulo César Model (paulo@ibtec.org.br) Administrativo-Financeiro: Rogério Luiz Wathier (rogerio@ibtec.org.br) Projetos Especiais: Tetsuo Kakuta (projetos@ibtec.org.br) CB-11: Andriéli Soares (andrieli@ibtec.org.br) Laboratório de Biomecânica: Dr. Aluisio Avila (biomecanica@ibtec.org.br) e Dr. Milton Zaro (zaro@ibtec.org.br) Laboratório de Substâncias Restritivas: Janiela Gamarra (janiela@ibtec.org.br) Laboratórios Químico e Mecânico: Ademir de Vargas (laboratorio@ibtec.org.br) Laboratório de Microbiologia: Dr. Markus Wilimzig (markus@ibtec.org.br)

Jornalista Responsável e Editor: Luís Vieira - 8921-MTb/RS (luis@ibtec.org.br) Produtora Gráfica e Jornalista: Melissa Zambrano - 10186-MTb/RS (melissa@ibtec.org.br) Arte Final: Fábio Mentz Scherer (fabio@ibtec.org.br) Publicidade: Romeu Alencar de Mello (romeu@ibtec.org.br) Comercial: Simoni Jaroszeski (simoni@ibtec.org.br) Conselho Editoral: Ênio Erni Klein, Wanderlei Gonsalez, Milton Antônio Zaro, Luís Vieira, Ernesto Plentz, Mauro Sarmento, Janete Maino, César Bündchen e Evandro Sommer A Tecnicouro não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados ou pelo conteúdo dos anúncios, os quais são de responsabilidade dos autores. A reprodução de textos e artigos é livre desde que citada a fonte. Fundada em 1979 | www.tecnicouro.com.br Rua Araxá, 750 - Cx. Postal 450 - Telefone 51 3553.1000 - fax 51 3553.1001 Cep 93334-000 - Novo Hamburgo/RS ibtec@ibtec.org.br | www.ibtec.org.br

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Junho FRANCAL 26, 27, 28 e 29 São Paulo/SP www.feirafrancal.com.br

Setembro SEINCC 20, 21 e 22 São João Batista/SC www.sincasjb.com.br

INSPIRAMAIS 27 e 28 São Paulo/SP www.inspiramais.com.br

Outubro FISP 5, 6 e 7 São Paulo/SP www.fispvirtual.com.br

Agosto PREVENSUL 10, 11 e 12 Curitiba/PR www.protecaoeventos.com.br

Novembro ZERO GRAU 21, 22 e 23 Gramado/RS www.feirazerograu.com.br

2017 Janeiro COUROMODA 15, 16, 17 e 18 São Paulo/SP www.couromoda.com INSPIRAMAIS Data a ser confirmada São Paulo/SP www.inspiramais.com.br Março 40 GRAUS 06, 07, 08 Natal/RN www.feira40graus.com.br

Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.

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HOTFIX COM GANHO á 17 anos, a Stamptron iniciou suas atividades, voltada para a confecção de brindes. Pouco tempo depois, agregou um novo serviço, já no ramo calçadista, atendendo as necessidades do segmento da moda de todo o Brasil e também do exterior. Hoje, conta com três setores distintos em suas instalações: de brindes, de enfeites de calçados (hotfix) e o mais novo - de impressão rotativa para flexíveis - confeccionando sacolas para presentes, sedas para calçados, entre outros, todos fabricados em TNT. O diretor Marcelo Pires assegura que a técnica especial para a aplicação de hotfix permite que os apliques termocolantes fiquem mais próximos uns dos outros, o que resulta em efeitos tridimensionais, proporcionando alta durabilidade da colagem e maior valor agregado. “As peças são em metal e

Mudança de cor conforme a luz no ambiente

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Couro & Arte se destaca pela visão inovadora em beneficiamento de couros (curtimento e recurtimento), reunindo conhecimento técnico e alta tecnologia, a começar pela seleção criteriosa da matéria-prima utilizada. Cuidados estes que a credenciam a comercializar seus produtos para mais de 20 países, além de todo território nacional. Um exemplo dessa tradição é este artigo elaborado a partir de uma pele vacum que foi processada com uma técnica especial para retirar partes selecionadas do pelo com a utilização de ácido. Depois da pelagem, o material recebeu tingimento de carnal. Em seguida foi feita uma aplicação de papel metalizado holográfico com tela. Cernaide Hubler, do setor de desenvolvimento, salienta que “a técnica proporciona um efeito de mudança na cor, conforme a luz incidida na peça e o ângulo a partir do qual o produto é observado”.

cristal, todas importados da Coreia, utilizadas em vários segmentos - especialmente em almofadas, calçados, artefatos e confecções”, enfatiza Pires. FOTOS LUÍS VIEIRA

na qualidade H

fios multicoloridos para calçados e artefatos

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Dini Têxtil, que se dedica à produção de tecidos destinados principalmente a mercados industriais - dentre eles os segmentos calçadista, automotivo e moveleiro - desenvolveu, com tecnologia nacional, o tecido com fio multicolorido Space Dye. A gerente de conta Lucimara Mafra detalha que este componente, ao ser usado nos sistemas de malharia circular, Rashel ou Ketten, e tear, proporciona um efeito de mistura de cor que parece se tratar de estamparia. No exemplo do cabedal deste calçado, a linha foi aplicada em tecido com dupla frontura. Lucimara enfatiza a propriedade de transpirabilidade do produto. “É ideal para calcados esportivos”, garante. Outro exemplo é o tecido em malharia circular plush com fio longo, que proporcionou a esta bota um aspecto rústico.

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EFEITO 3D

em solados femininos C

Da edificação para o pé

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enfeite com aparência de metal para adornar a parte dos calçados que cobre o peito do pé foi elaborado em ABS pela Vogue Metais, que teve como inspiração algo bastante incomum: vãos de construções. A gerente comercial Etiele Steffen comenta que a ideia era construir uma peça minimalista, mas fazendo algo diferente tendo este conceito como ponto de partida. “Ao observarmos o ambiente urbano, percebemos potencial nas imperfeições das superfícies de edificações em construção, com suas dobras, ranhuras e demais texturas, que para a maioria das pessoas são algo sem graça alguma, mas para os nossos profissionais de design representaram uma possibilidade de diferenciar o produto”, pontuou. O resultado da pesquisa foi este delicado enfeite que se destaca pela sofisticação com uma boa dose de robustez. Como opções de acabamento tem o grafite, o ouro light, o níquel e o ouro velho, com brilho ou fosco. Há ainda a possibilidade de personalizar a peça modificando o strass de acordo com a vontade do cliente.

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foi elaborada com detalhes em alto relevo que, combinado com a pintura, proporciona um efeito ondulado 3D. FOTOS LUÍS VIEIRA

riada em 1983, como representação comercial de componentes para a indústria calçadista, a Tacosola se transformou em 1996 em uma indústria de componentes de borracha, passando, a partir daí, a ampliar a sua carteira de clientes, chegando ao segmento de solados para a linha esportiva, que se tornou um de seus grandes mercados. Em 1999, inaugurou uma fábrica somente para a produção de solados, e dois anos depois iniciou a fabricação de EVA. Para complementar a linha de produtos, começou a manufaturar placas de borracha laqueadas em 2006, e se consolidou como uma das maiores indústrias do setor no Brasil. Na sua cartela de produtos, uma das novidades é a sola laqueada pintada, criada para sapatos femininos. O assistente de vendas Saulo Jardim esclarece que a matriz

Texturas com naturalidade

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ara a primavera-verão 2016/17, a Cipatex lançou a coleção Patchwork para calçados femininos, com novidades em laminados em PU e PVC. A linha proporciona personalidade aos produtos, abusando das cartelas de cores e texturas. O gerente de produtos Leonardo Vieira comenta que os materiais seguem tendências internacionais e variam de foscos a envernizados, passando por estampados, acamurçados e metalizados. “Além da multiplicidade de texturas, as tonalidades vibrantes, como laranja, turquesa e vermelho aparecem com força”, afirma. Ele também ressalta a linha Femminilità, com destaque para as texturas de répteis, cujos acabamentos texturizados proporcionam mais naturalidade ao visual.

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SITE ATUALIZADO COM

moda e tecnologia R

por assuntos. Outro diferencial é o espaço Minha Seleção, onde os usuários podem navegar pela coleção e escolher suas peças preferidas. Após finalizarem, é possível enviar por e-mail a lista de produtos selecionados ou imprimir para conversar com um representante ou visitar a loja mais próxima. FOTO LUÍS VIEIRA

eferência em moda e tecnologia, a Altero quer inspirar também quem navega pelo novo site www.altero. com.br. Totalmente reformulada, a ferramenta ganha destaque pela modernidade, rapidez e facilidade na navegação. A nova presença digital da marca segue a tendência do design responsivo, que adapta a página e as suas imagens a um formato compatível com a tela utilizada. Essa tecnologia permite a integração de várias plataformas, além de proporcionar uma experiência ainda mais agradável e dinâmica de navegação. Com mais de cinco mil produtos inseridos, o site contempla em um único espaço conteúdos sobre a linha moda e casa, com objetivo de facilitar o acesso às informações e à buscas

Satisfação de ponta a ponta

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Artecola Química desenvolveu um pacote de serviços para garantir melhores resultados de ponta a ponta a todos os clientes. De acordo com a diretora-executiva da empresa, Lisiane Kunst, o conceito AQ 180° é consistido de cinco etapas de atendimento que observam todas as oportunidades para que os produtos se transformem efetivamente em resultados para os parceiros. “Com essa filosofia empresarial voltada à inovação, o objetivo é construir com o cliente soluções que farão a diferença no mercado”, observa Lisiane. A primeira etapa desse processo é o Diagnóstico, que se trata de uma completa análise para oferecer o melhor produto e serviço ao cliente. O próximo passo é a Otimização, com processos estabelecidos exclu-

sivamente para cada empresa, visando ao melhor rendimento. A partir disso é oferecido o pacote de Serviços que abrange acompanhamento com visitas preventivas, suporte telefônico à distância, testes in loco, recolhimento de aparas, análises e testes, visitas para troca de informações sobre boas práticas, sala do cliente para discussão de projetos futuros e oportunidades, workshops em grupos e customização de produtos. Já a etapa de Ganha-Ganha representa melhorias para obter o máximo de desempenho das inovações, com a indicação do melhor produto de acordo com os objetivos do cliente. O Produto Final fecha este ciclo de confiança e qualidade percebida desde o processo interno do cliente até o consumidor final.

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com precisão e rapidez P

ara otimizar o processo de fabricação de moldes para injeção de plásticos termorrígidos, a Assistemaq propõe o uso de um scanner de mão. O técnico Luciano Correa destaca que a tecnologia gera um arquivo universal que pode ser manipulado em qualquer sistema CAD. Dentre as principais vantagens se sobressai a alta fidelidade da superfície, com dimensional real de três centésimos de milímetros de precisão. “Outra vantagem é o ganho de tempo. Enquanto o sistema manual, com scanner de mesa, leva em torno de quatro dias, neste novo processo o trabalho é realizado em três horas”, compara o técnico. O equipamento tem duas lentes que captam sete cruzamentos de laser que, combinados com a colocação de targets (no mínimo três para cada campo de visão) mapeiam o objeto a ser escaneado.

Detalhes que valorizam

Inspirando marcas

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Baxmann foca seus esforços na busca pela satisfação tanto de seus clientes quanto de seus colaboradores. Desta forma, tornou-se referência no fornecimento de peças metálicas para as indústrias de calçados, confecções, cartonagens, dentre outros importantes segmentos do mercado nacional, contando com um moderno parque industrial de mais de 12.000m². Com máquinas importadas da Europa e todo o ferramental necessário, a empresa possui altos níveis de produtividade e qualidade, que permite distribuir para todo o Brasil uma vasta linha de produtos para as mais diversas necessidades, como ilhoses, rebites, botões de pressão, dentre outros, em várias cores e acabamentos. Para cumprir sua missão, realiza investimentos em tecnologia e avaliações constantes dos processos, tanto para melhoria dos produtos quanto para a garantia de qualidade em lotes com grande repetibilidade, levando em consideração a preocupação com o meio ambiente, com destaque para o reuso da água nos processos.

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USINAGEM

aseada em constantes pesquisas realizadas nos centros mundiais de moda, a Intexco, mais do que fornecer materiais com qualidade internacional para a fabricação de calçados, oferece aos seus clientes orientações para o desenvolvimento e a confecção de novos produtos. O gerente comercial Jairo Korndoerfer explica que além de representar três marcas globais de matérias-primas, a indústria de tecidos tecnológicos Brisa, a Texon e a Prodotti Alfa, a empresa se destaca pela capacidade criativa e a sintonia com os clientes, o que possibilita inclusive a personalização de produtos. Na ampla coleção alguns destaques como o Ecopele Due, uma linha de PU em tonalidade constante com acabamento que proporciona a dualidade de cores. “É uma evolução da tecnologia a laser que faz o corte sem queimar o material, o que proporciona maior nitidez do acabamento”, sintetiza.

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ALINHAVANDO

ortalecer o relacionamento com os clientes de base, oferecer soluções inovadoras e informar como obter o melhor rendimento dos produtos fornecidos foram propostas da Linhasita, fabricante de linhas e fios, na Fimec 2016. Durante a mostra de máquinas e componentes para calçados realizada no mês de março, a empresa apresentou no seu estande as cartelas de cores das três marcas responsáveis pela fixação da identidade dos produtos junto aos clientes. Vinicius Cardoso, do marketing, destaca que as linhas estão distribuídas entre as grifes Encerado, Bonderizado e Dalila, que apresentam ao mercado produtos criados com as especificações necessárias para assegurar a melhor costura de cada produto. Encerado - linha de poliéster de alta tenacidade, proteção contra raios UV e propriedades à prova d´água, sendo propícia, por exemplo, para produtos artesanais e calçados. Bonderizado - mais usada no setor do couro e calçado, traz linhas e codornês com alta qualidade e resistência

para a costura de cabedais. Dalila - com artigos em poliéster trilobal, tem apresentado grande crescimento no faturamento da empresa, sendo utilizado em bordados de mercados variados, como bonés, jeans, calçados e confecções. FOTOS LUÍS VIEIRA

inovações F

Nanotecnologia para solados

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TPE Nano é a nova tecnologia da FCC para ajudar a indústria calçadista a ser mais competitiva. O diretor comercial Marcelo Garcia conta que o lançamento é uma proposta exclusiva de elastômero termoplástico expandido estável, a partir da manipulação de nanocélulas. O material é menos denso e já sai pronto da injetora, sem a necessidade de uma etapa de expansão, o que agiliza o processo de produção de solados. Tendo

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como principais atributos as características semelhantes às do PU e do PVC expandido, com a possibilidade de ser processado em injetoras convencionais, o novo produto visa a atender principalmente o segmento de solados leves, como plataformas, anabelas e chinelos macios. “Pesando 15% menos que o TR e 50% menos que o PVC, oferece ainda a vantagem de proporcionar menor desgaste e apresentar excelentes propriedades de resistência térmica”, garante Garcia. O gerente salienta também que baixo peso do material aumenta as possibilidades para a utilização de palmilhas com propriedades especiais, que garantam maior performance e qualidade ao calçado. “A formulação possibilita ainda o desenvolvimento de solados bicolores, que têm maior valor agregado, com ganho de tempo, se comparado às outras soluções normalmente aplicadas para a mesma finalidade”, pontua.

Reconhecimento

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pós mais de seis meses de intensos trabalhos entre auditorias de documentos e ensaios físicos dos produtos, a Colorgraf recebeu certificação do Inmetro e renovação da ISO 9001. Segundo a empresa, o selo do Inmetro garante que os produtos são produzidos de acordo com as normas internacionais de segurança e qualidade e aptos pra o uso. Já a recertificação ISO confirma o completo amadurecimento do sistema de gestão pautado nos requisitos da qualidade, além de garantir que todos os trabalhos sejam produzidos dentro das melhores práticas, comprovando a eficácia de todos os processos que fazem parte da rotina de trabalho da empresa.

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REDUÇÃO NO CUSTO

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cabedal em um único movimento, reduzindo o tempo de trabalho em cada pé de sapato, o que também reflete na composição de custos”, resume Juli, lembrando que a precisão do procedimento automatizado reduz a quantidade de matéria-prima usada no cabedal. O equipamento permite ainda a redução de investimentos em maquinário por dispensar a utilização de máquinas de montar bico, enfranque ou traseiro e pelo fato de ser utilizado para a montagem de diferentes calçados, como sapatilhas, tênis escarpins. A tecnologia é pneumática, não utilizando energia elétrica para seu funcionamento, apenas para alimentar o compressor.

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Grupo Sazi e a Isa Tecnologia uniram expertises para trazer ao mercado a 200-Isa Sazi com foco na inovação em processos, a partir do sistema String de montagem integral do cabedal. A gerente de negócios, Juli Crasnhak, destaca que a nova versão contribui para o ganho de tempo e redução dos custos de produção de calçados, que podem implicar em 20% do valor total do calçado. “A tecnologia reinventa este método unindo técnicas próprias de modelagem e costura a um equipamento que exerce a tração do cordão, promovendo qualidade e rapidez ao processo. O resultado é a montagem integral do

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uniformidade A

Fuga Couro apresenta o Flother Cinderela, um couro bovino que, apesar da grossa espessura, tem como destaques a leveza, a maciez e a uniformidade na quebra. Sadi Rissardo, do setor da Qualidade, aponta que essas características se tornaram possíveis com a utilização de óleos sintéticos nas etapas do recurtimento e acabamento. O material foi desenvolvido tanto para ser usado na fabricação de bolsas e artefatos, quanto para calçados. Com este novo processo, as empresas têm menos necessidade de recortes, e isso proporciona a diminuição do volume de resíduos gerados e da perda do material. Ao consumidor final os benefícios também são percebíveis. “O usuário adquire um produto com a aparência mais bonita e com toque agradável”, diz Rissardo.

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Divulgando produtos e serviços

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isando a fortalecer a participação no mercado e a realização de novos negócios, a Metal Coat, representada pela gerente comercial técnica do Rio Grande do Sul, Ma-

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rilene dos Passos, e o supervisor técnico de São Paulo, Daverson Toniato Martins, participaram da 7ª edição da Fiema Brasil 2016 - Feira de Negócios e Tecnologias em Resíduos, Águas, Efluentes e Energia, que aconteceu de 5 a 7 de abril, na cidade de Bento Gonçalves/RS. Segundo os profissionais, a feira trouxe a possibilidade de a empresa estar ainda mais próxima dos seus clientes, fornecedores e parceiros, para quem divulgou produtos e novas tecnologias ecológicas, que solidificam o portfólio e consolidam a marca no mercado. “Os aspectos mais importantes nesta participação foram, sem dúvida, a concretização e o encaminhamento de novos negócios e a oportunidade de divulgar as novidades no setor de tratamento de superfície”, ressalta Marilene.

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MODA, NEGÓCIOS

Salão Internacional do Couro e do Calçado (Sicc), realizado em Gramado/RS de 23 a 25 de maio, completa a sua 25ª edição como referência em relacionamento e negócios para o setor coureiro-calçadista. Além de vitrina da moda nacional para lojistas brasileiros e importadores, e ponto estratégico para o intercâmbio entre fabricantes e compradores, a feira conta com um atrativo a mais para o visitante - o projeto Fábrica Modelo de Artefatos. Realizado pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), o espaço demonstra em tempo real as etapas da montagem de bolsas femininas em couro. Para esta edição, a empresa escolhida como parceira é a Drizza que, além dos modelos em produção, vai mostrar a sua nova coleção em um estande com 270m2 anexo ao projeto. “Nossa intenção é levar em torno de 30 modelos para exposição na feira, porém, para montagem no projeto, a ideia é produzir 20 modelos”, conta o diretor da empresa, Eduardo Driessen de Souza. De acordo com ele, as peças montadas durante a feira já fizeram parte de coleções anteriores, mas as outras - que estão em exposição no estande são modelos exclusivos. Esta participação faz parte de um pacote de serviços entre o IBTeC e a Drizza, que teve início com um projeto de consultoria técnica em controle da qualidade e produtividade iniciado há um ano. Driessen conta que sua empresa conhece o instituto há bastante

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tempo, mas o contato mais próximo veio com a necessidade da realização de testes químicos e físicos nas matérias-primas e no produto final destinados à exportação. “Já tínhamos recebido o convite para participar deste projeto em edição anterior. Porém nos preparamos um pouco mais e essa parceria na feira é uma forma de retribuirmos um pouco ao apoio recebido. Acreditamos que juntos faremos um trabalho bacana”, considera. O empresário ressalta que o salão é o momento oportuno para fazer contatos com os clientes e parceiros. “A participação do projeto poderá nos trazer contatos importantes durante a feira. Além disso, é uma oportunidade para colocar nossos colaboradores em contato com alguns clientes e, certamente, eles terão um feedback direto sobre o trabalho que vêm desempenhando. Portanto, é também uma estratégia para a auto avaliação e o amadurecimento da equipe”, pondera. Criada em 1992 e inicialmente projetada para atender com exclusividade ao mercado externo, a marca Drizza tem se disseminado tanto no mercado brasileiro quanto no cenário internacional com produtos criados para encantar e valorizar o cliente pelo alto padrão de qualidade e design. A evolução tecnológica e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento são características marcantes da empresa, o que ajuda a manter o alto conceito da grife no mercado.

Modelos desenvolvidos no projeto

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e informação O

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ntecipando aos lojistas e importadores as tendências em calçados e artefatos made in Brazil para a primavera-verão 2016/2017, a 48ª Francal proporciona oportunidades de negócios para os 800 fabricantes que expõem em torno de duas mil marcas na feira que acontece de 26 a 29 de junho em São Paulo/SP. Nos pavilhões do Parque Anhembi são esperados em torno de 40 mil visitas profissionais. Dentre eles, é estimada a presença de 1,5 mil importadores de cerca de 70 países. O presidente Abdala Jamil Abdala conta que, em sua edição de 2016, a feira está mais conectada, interativa e alinhada com a agilidade da moda em calçados e acessórios. “Nos quatro dias acontecerão cerca de 100 palestras rápidas e interativas (20 minutos cada) distribuídas em quatro auditórios e ministradas por especialistas, consultores e influenciadores”, enfatiza. Para garantir também uma maior visitação de lojistas, foram ampliadas as ações junto aos lojistas. De acordo Abdala, o Projeto Comprador financia a visita de compradores vindos de toda parte do Brasil, especialmente das regiões Norte e Nordeste; as Caravanas serão ampliadas, com inclusão de mais cidades e mais lojistas de pequeno e médio portes, com o apoio das associações comerciais locais. Com o cenário econômico favorável às exportações, a Francal promove uma série de ações para potencializar também a visita de importadores. Nos primeiros meses do ano, a feira brasileira foi divulgada nas mostras internacionais, onde fez marketing direto com importadores de todos os continentes. A feira vai ainda oferecer cortesia de hospedagem para compradores indicados pelos expositores exportadores e criou uma área exclusiva para fabricantes que já exportam ou querem começar a exportar. De olho no enorme potencial do mercado árabe, a promotora associou-se à Câmara de Comércio Brasil-Árabe, que congrega mais de 20 países, para trazer compradores dessas regiões e incrementar as exportações brasileiras de calçados.

FRANCAL

mais conectada

Espaços para convivência Os novos Lounges Design vão proporcionar aos visitantes

momentos de descanso, relaxamento, interação com informações de moda e ambientação assinada por decoradores, além do Lounge Bem-Estar, que oferece serviços de beleza e massagem.

Investimentos em tecnologia Dentro da proposta de se conectar com quem faz e consome moda, a Francal investiu fortemente em ações nas redes sociais (Instagram, Periscope, Twitter e Facebook), por meio de várias ferramentas, como os webinars (pequenos seminários realizados pela internet) com foco em moda, comportamento do consumidor e novidades do varejo. Muitas dessas ações envolvem influenciadores nacionais e internacionais para potencializar a visibilidade da feira para os mais diversos públicos, e a transmissão das novidades e lançamentos dos expositores em todos os canais disponíveis

Novo local em 2017 Em busca de melhor adequação ao atual momento do mercado de calçados e acessórios de moda e visando a oferecer mais conforto para seus expositores e visitantes, a Francal vai se mudar para o pavilhão do Expo Center Norte, em São Paulo, a partir da edição de 2017. A mostra está marcada para 2 a 5 de julho daquele ano.

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LOJISTAS BUSCARAM CONFORTO, VISUAL aracterísticas de bem-estar durante o calce, bom acabamento e custo acessível se destacaram entre as prioridades dos lojistas durante a feira 40 Graus, que aconteceu em Natal/RN durante o último mês de março. Entre o fechamento de um negócio e outro, Renner Gomes, da rede de lojas Rival - com 17 pontos em Goiás e Brasília -, contou que os atributos de conforto são decisivos para a venda. “Procuro orientação do fabricante sobre as propriedades oferecidas pelo produto para proporcionar o bem-estar durante o calce”, revelou, lembrando que, além disso, o preço intermediário é decisivo para a compra. “Calçados com estas características geralmente não são os mais baratos, mas também não podem ter o valor de venda elevado ao ponto de dificultar a venda ao consumidor”, avaliou. Visitando a feira pela primeira vez, Thamires Carvalho, da loja Muricato, partiu de Petrolina/PE em busca de calçados com solado rasteiro, mas com algum arrojo no visual. Embora tenha encontrado poucas opções que atendessem ao estilo idealizado, garantiu a renovação do seu ponto de venda. “Senti falta principalmente de calçados em couro. Minha loja é uma boutique e as clientes buscam artigos com este material, porém estou satisfeita com as compras, que vão incrementar o nosso mostruário”, salientou.

nossa. É dos empresários e profissionais que estão nos estandes”, disse Fredão, lembrando que, embora esta edição em especial tenha acontecido em meio a dificuldades que o mercado atravessa devido ao momento político e econômico do País, era perceptível a satisfação dos vendedores e compradores no pavilhão. Avaliações de expositores confirmam o otimismo. O gerente comercial da Jota Pe, José Alves Silva, salientou que a grife trabalha com produtos diferenciados, tendo como prioridades o conforto, o design e o acabamento. As regiões do Norte e do Nordeste representam em torno de 30% das vendas da empresa para o mercado interno, e a feira é, no seu entendimento, um eficiente canal de negócios com os lojistas locais, para os quais a empresa desenvolveu produtos diferenciados. Dentre as novas opções, calçados com detalhes em jeans e também em couros diferenciados, além de modelos bicolores. “A empesa projeta expandir em torno de 30% as

vendas para a região e a feira auxilia na concretização desta meta”, considerou. De acordo com José Bezerra, gerente da Klin, a feira possibilitou a superação das metas de vendas da empresa para o período na região. “Geralmente os negócios despontam no segundo e terceiro dia, mas desde a abertura da feira o volume de pedidos efetuados está bem interessante”, pontuou. A região, de acordo com Bezerra, é responsável por cerca de 60% das vendas no mercado doméstico. O gerente comercial da Usaflex, Eduardo Santos, contou que devido ao retorno proporcionado ao expositor, a feira já faz parte do calendário anual da empresa. “Os períodos do Dia das Mães e as festas juninas são motivações extras para a comercialização de calçados na região Nordeste, para onde vendemos em torno de 40% do produtos”, revelou. A próxima edição está confirmada para os dias 6, 7 e 8 de março de 2017 em Natal/RN.

FOTO LUÍS VIEIRA

e preço C

Expectativas confirmadas Na avaliação de Frederico Pletsch, diretor da Merkator Feiras e Eventos, promotora da 40 Graus, a mostra cumpre o seu objetivo ao auxiliar na consolidação de negócios, tornandose essencial ao calendário nacional de eventos do setor. “Esta afirmação não é

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CALÇADOS SÃO DOADOS

para projetos sociais N

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para despertar a consciência na sociedade de que é preciso ajudar as pessoas menos favorecidas. “Doando estes sapatos, estamos também incentivando toda a sociedade a fazer a sua parte”, pontuou. O diretor-presidente da Fenac, Elivir Desiam, destacou que esta é uma parceria que vem dando certo. “Além de mostrar o potencial tecnológico dos expositores da Fimec, tem esse aspecto social, que é a doação dos calçados produzidos durante a feira”, ressaltou. Lembrando que o mercado coureiro-calçadista é a principal atividade da região, a primeira-dama hamburguense, Jorgia Seibel, comentou que “é gratificante administrar essas doações enviando para projetos que precisam”. Em torno de 50 profissionais trabalharam no projeto, sendo que 90% deles buscavam recolocação no mercado de trabalho. “Neste sentido, a ação se torna social ainda durante a feira, já que muitos desses profissionais podem ter feito contatos com possíveis empregadores”, enfatizou o presidente da Coelho Assessoria Empresarial, Luís Coelho.

FOTO TALENTTARE

o dia 2 de maio, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), a Fenac e a Coelho Assessoria Empresarial doaram ao gabinete da primeiradama de Novo Hamburgo/RS 500 pares de calçados produzidos no projeto Fábrica Conceito. O objetivo é que os sapatos casuais masculinos, as sapatilhas, os scarpins e as botas femininas sejam convertidos em benefícios para pessoas carentes através de projetos sociais de entidades do município. Além desta pegada social, o projeto - que realizou em 2016 a sua sétima edição com a parceria da West Coast e da Calçados Zenglein - tem como principal objetivo mostrar aos visitantes da Fimec as etapas da produção de calçados, bem como apresentar novas tecnologias e materiais oferecidos pelos expositores. A Fábrica Conceito contou ainda com a parceria de 70 empresas expositoras de máquinas, componentes, insumos e serviços. O presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebler, destacou que ações como esta são importantes

IBTeC, Fenac e Coelho Assessoria empresarial entregam 500 pares ao gabinete da primeira-dama de Novo Hamburgo

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FOTO HYGOR STONA

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m torno de 35 mil visitantes profissionais circularam pelos corredores e estandes da 40ª edição da Fimec, em busca de soluções para o setor, especialmente no que se refere à inovação e otimização de processos e resultados. Dentre os visitantes estrangeiros, os países mais representativos foram Argentina, Colômbia, Equador, Peru, México, Itália, Alemanha e EUA. Boa parte desses visitantes, especialmente latino-americanos, conheceu o projeto e pode interagir com os técnicos para esclarecer suas dúvidas quanto à funcionalidade dos equipamentos e materiais. Além do projeto, o IBTeC participou da feira em estande institucional onde apresentou os produtos e serviços oferecidos ao mercado e realizou o já tradicional coquetel de confraternização da Revista Tecnicouro, recebendo seus parceiros em clima de descontração. A próxima edição da feira acontecerá de 14 a 16 de março de 2017, das 10h às 19h, nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo/RS.

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IX SBBC: NANOMATERIAIS E TECNOLOGIA DO CONFORTO

foram destaques O

rismo, Carlos Fink, assegurou que a região produz calçados de alta qualidade, que são enviados para além do Brasil, mas o futuro do setor depende da constante atualização da mão de obra, e o evento vem ao encontro desta necessidade. Kalil Sehbe, diretor financeiro do Banco de Desenvolvimento Badesul, salientou a importância de se compartilhar o conhecimento, pois isso proporciona o crescimento de todo o setor. Destacou ainda que o banco acredita na inovação como o caminho para o desenvolvimento e comentou que o IBTeC exerce papel relevante para o sistema coureiro-calçadista. O pró-reitor de Inovação da Feevale, Cleber Prodanov, apontou que eventos como este ajudam na convergência de uma agenda para buscar soluções que levem ao desenvolvimento não só a cadeia setorial, mas de toda a região. Considerou também a ocasião como uma oportunidade para se dialogar sobre novas ideias e melhores oportunidades. Paulo Griebeler, presidente-executivo do IBTeC, analisou que o momento é de aprendizado e que todos deveriam aproveitar a expertise dos palestrantes para agregar valor aos seus produtos. Comentou que o setor já passou por muitos momentos desafiadores e mais uma vez os empresários estão fazendo a parte para que o País volte a crescer. FOTOS LUÍS VIEIRA

IX Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado (SBBC) ocorrido no mês de abril em Novo Hamburgo/RS, numa parceria entre o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e a Universidade Feevale, apresentou avanços tecnológicos em materiais e processos, além de uma série de estudos para a produção de calçados com conforto, realizados pelos maiores conhecedores do assunto. O vice-presidente executivo do IBTeC, Dr. Valdir Soldi, fez a saudação inicial e lembrou que o objetivo do evento, que acontece bianualmente, é promover a troca de conhecimento e disseminar pesquisas sobre a biomecânica do calçado e temas conexos, com vistas a melhorar a performance do calçado brasileiro através de atributos de conforto e saúde para os pés. Logo em seguida, o gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Marco Copetti, destacou que a inovação é pauta recorrente para micro e pequenas empresas, e que o SBBC acontece em um momento oportuno, quando o setor precisa ser mais competitivo para enfrentar os desafios do mercado. Representando o prefeito Luis Lauermann, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Tu-

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Presença dos mais renomados pesquisadores internacionais

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primeira palestra de especialistas estrangeiros foi a do Dr. Ewald Hennig. Ele destacou que o uso de tecnologias para medições e avaliações biomecânicas são essenciais para desenvolver e aperfeiçoar calçados esportivos. Com 30 anos de experiência no assunto, falou sobre as principais mudanças nas propriedades dos calçados de corrida nas últimas três décadas. “Pronação excessiva, altos impactos durante a marcha, surgimento de bolhas e dor são características que a indústria evita utilizando-se de conhecimentos da biomecânica para isso”, pontuou. O pesquisador advertiu que as avaliações de percepção de calce são igualmente importantes, mas é preciso fazer também testes às cegas e mascarar os calçados durante os ensaios, pois as pessoas costumam se influenciar pelas marcas ao avaliarem os produtos. Lembrou que os níveis de pressão plantar mudam de acordo com os movimentos dos atletas, como arrancadas, paradas, dribles e saltos, e conhecer esta dinâmica é fundamental para os fabricantes de calçados minimizarem desconfortos.

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importância da tração nos calçados para a prática de esportes e como esta propriedade influencia também na avaliação de lesões em atletas, principalmente em situações sem contato físico, foi assunto para o Dr. Darren Stefanyshyn. De acordo com ele, muitas lesões podem estar associadas a esta característica do calçado, principalmente durante a realização de movimentos rotacionais. Comentou ainda que os coeficientes de atrito são medidos em diversos tipos de equipamentos, visando a identificar os picos de tração em determinadas partes dos calçados, em variados tipos de superfícies, nas diferentes fases do movimento. “Um grande desafio é entender como a carga da rotação interfere no sistema biométrico humano e de que maneira o calçado pode contribuir para proteger as articulações em tais situações”, considerou.

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Dr. Stefan Grau apresentou o método da digitalização dinâmica, usado como forma de proporcionar mais segurança e conforto nos calçados de segurança. Ele assegurou que para otimizar o calce é necessário fazer medições de todo o pé (larguras, ângulos, alturas, comprimentos, circunferências, diâmetros), levando em consideração as diferentes morfologias dos pés. O problema é que os fabricantes realizam essas medidas em pés na situação estática, enquanto o uso é em situação dinâmica, e essa movimentação implica em modificações no membro inferior. Ele mostrou um estudo comparando características dos pés em situação dinâmica ou estática, constatando que na situação dinâmica algumas áreas do pé diminuem sua largura, diâmetro ou comprimento enquanto outras aumentam, quando comparadas com o pé estático. Demonstrou, então, mudanças pontuais realizadas em partes de calçados de proteção para que os EPIs acompanhem esta movimentação e proporcionem um calce mais apropriado.

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utro painelista internacional foi Alex Granero. Ele falou sobre inovação em palmilhas esportivas produzidas pela empresa espanhola Flexor, que no Brasil tem parceria estratégica com a Palmiarte. A organização exporta para mais de 50 países e garante no mercado externo 80% do faturamento. Tem tecnologia própria em diversos materiais, como látex, PU e resinas rígidas e seus produtos são baseados na biomecânica do pé, sendo avaliados por esportistas de elite, em diferentes modalidades. Especialista em sistemas para aumentar o rendimento e proporcionar conforto ao calce de calçados de performance, implementa em seus artigos tecnologias para otimizar propriedades de absorção e dissorção de umidade, anti-impacto, bactericidas e antifúngicas, entre outras.

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Pesquisas de conforto e cases de inovação

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entre os brasileiros, o Dr. Luis Michizuki foi o primeiro a compartilhar o seu conhecimento. Ele mostrou que o tipo de calçado usado na corrida pode interferir na forma da colocação do pé no chão e, com isso, afetar o desempenho esportivo e até mesmo causar lesões. Considerando que existem condições da corrida em que as pessoas conseguem se manter mais íntegras e outras em que os riscos aumentam, ele comentou que é preciso entender como a coordenação motora afeta o tipo de pisada e vice-versa, considerando diferentes grupos e subgrupos de pessoas. Ele considerou que ao correr em velocidades mais rápidas e em distâncias longas, por exemplo, a forma de pisar no chão se modifica. “Se a colocação do pé é importante para a performance, então é necessário construir calçados que levem isso em conta para facilitar esse processo e torna-lo mais seguro” enfatizou.

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Dra. Isabel Sacco afirmou que se por um lado os consumidores buscam no calçado cada vez mais as propriedades de conforto, por outro, estatísticas apontam que provavelmente em torno de 94% dos corredores de longa ou média distância vão apresentar lesões em um ano em decorrência da prática esportiva, pois este índice vem se repetindo por quatro décadas. “Isso faz pensar se os calçados estão atendendo aos desejos dos usuários”, questionou. Ela divulgou três estudos. Um deles, realizado no ambiente universitário, consiste na avaliação de um calçado estruturado, que tem sido indicado para idosos com osteoartrose. O estudo revelou que tal calçado pode ser prejudicial em alguns aspectos, enquanto outro modelo, bem mais simples, apresenta benefícios consideráveis. Ela lamentou a falta de sintonia entre as empresas e os centros de pesquisas, pois julga ser este um caminho natural para a implantação de inovações.

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designer Victor Barbieratto enfatizou que a crise mundial fortaleceu a tendência minimalista. “Isso deve gerar impactos permanentes na criação e produção de calçados, pois a tendência é que se use cada vez menos componentes nos cabedais e solados, para baratear a produção”, contextualizou. Comparando a situação do Brasil perante o mundo, falou que é preciso agregar valor, aumentar a qualidade, profissionalizar a produção e substituir matérias-primas de uso restrito nos nossos produtos, pois lá fora o mercado aposta cada vez mais em inovação, especialização e materiais amigáveis. Também comentou sobre a velocidade da rede espanhola Zara, que coloca seus produtos no mercado em três semanas. “21 dias, muitas vezes, é o tempo que se demora no Brasil para responder a um e-mail”, alfinetou. Também comentou que os calçados de Portugal têm o segundo maior valor médio em calçados, mas planejam para, em 20 anos, estarem na primeira colocação.

Dr. Luis Michizuki

Dra. Isabel Sacco

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impacto da nanotecnologia em vários setores foi o tema da palestra do Dr. Oswaldo Luiz Alves. Ao observar que a física e a química mudam substancialmente quando trabalhadas na escala manométrica, ele advertiu que “esta é uma área multidisciplinar e quem não domina materiais não faz nanotecnologia”. Entre as aplicações já usadas em solados de chuteiras, constam nanotubos de carbono, altamente resistentes e leves. Já o grafeno, que é 200 vezes mais resistente que o aço, desponta em sapatilhas de ciclismo. Para o futuro próximo, ele vê a possibilidade de surgirem novas tecnologias contra umidade e micro-organismos, proteção térmica, propriedades de autolimpeza e acabamentos oleofóbicos ou hidrofóbicos. Outras possibilidades vêm da eletrônica, seja a partir da impressão 3D, ou em sistemas para a produção de energia para carregar baterias e dispositivos que funcionem como rádio, GPS e telefones, por exemplo.

Victor Barbieratto

Dr. Oswaldo Luiz Alves

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r. Aluisio Avila falou sobre problemas nos calçados e a importância das avaliações biomecânicas antes do lançamento dos produtos no mercado. Lembrou que já na década de 1980, a indústria pensava na quantificação do conforto. Desde lá foram publicadas sete normas para medir os níveis de conforto do calçado e mais três para componentes. Mas apesar deste esforço ainda chegam ao ponto de venda calçados que causam danos à saúde do consumidor. A falta de perfis é um dos problemas, acompanhada de erros de engenharia e do uso de componentes com qualidade inadequada. “Os resultados vão desde a sensação de desconforto pela umidade ou temperatura interna até o surgimento de bolhas ou torções das articulações”, listou. Avila considera que muitos problemas estão associados à fôrma, que normalmente não considera a morfologia dos pés brasileiros e nem os movimentos dos membros inferiores durante a marcha. “Não dá para lançar no mercado um calçado sem saber antecipadamente como ele interfere na biomecânica do pé e quais as consequências dessa relação”, determinou o pesquisador, complementando que sem conhecer os problemas é difícil pensar em soluções.

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plicações da termografia (imagem por infravermelho) para a análise do calor emitido pelo corpo foi o tema da palestra do Dr. Milton Zaro. Ele falou sobre possibilidades de aplicação da tecnologia nas indústrias e em segmentos da medicina como forma para detectar problemas de saúde e lesões. No segmento calçadista, o sistema informa com precisão e em tempo real a dinâmica da transferência de calor, ajudando, por exemplo, a detectar problemas em componentes ou áreas em que acontece atrito no pé. Outra possibilidade é acompanhar a atividade muscular durante a marcha com ou sem o uso de salto. “Essa tecnologia, apesar de toda a sua versatilidade, ainda é pouco utilizada e merece receber mais atenção dos calçadistas”, pondera.

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Dr. Reginaldo Furuchi falou sobre efeitos do envelhecimento na biomecânica da corrida. Ele destacou que a busca por uma melhor qualidade de vida

tem despertado interesse por atividade física, especialmente a corrida de rua, em pessoas de todas as idades, inclusive as idosas. Com isto, as lesões musculoesqueléticas têm sido frequentes, pois o envelhecimento biológico resulta em alterações estruturais e funcionais que podem predispor os indivíduos a este tipo de problema. “Ao envelhecer as pessoas têm sua mobilidade e força diminuídas, e isso pode ser a explicação para algumas lesões. Mas são necessários estudos mais aprofundados para que se construa calçados que supram necessidades específicas deste grupo de pessoas, como redução das cargas nas articulações”, comentou.

Dr. Aluisio Avila

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onsiderando que as técnicas para quantificação do conforto têm sido impulsionadas pela exigência do consumidor em adquirir produtos com tal propriedade, o Dr. Rudnei Palhano detalhou como o IBTeC tem focado em pesquisas sobre as características do pé durante o movimento humano e a relação do calçado com a marcha, principalmente quanto aos níveis de conforto oferecidos. Ele citou as normas criadas para avaliar os níveis de massa, a temperatura interna e a absorção de impacto. “Os materiais têm relação direta com os resultados nos testes laboratoriais”, pontuou.

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encurtamento muscular em mulheres, provocado pelo uso contínuo de calçados de salto alto, foi abordado pelo Dr. Rafael Baptista. Um grupo de mulheres que não usavam salto habitualmente passou a usar saltos por um determinado período. Durante o estudo, foi constatado que ocorreu encurtamento na musculatura. Diante do resultado, foi verificado se este encurtamento estava associado ao formato das fibras musculares e se essa transformação modificou a funcionalidade dos músculos. A constatação é que não houve modificações significativas nas variáveis estudadas (potência versus força e força versus velocidade). “Os músculos parecem se adaptar a esta transformação, mantendo suas principais funcionalidades, porém, as mulheres sentiram certo desconforto ao final da pesquisa, quando passaram novamente a não usar calçados com salto”, concluiu.

Dr. Milton Zaro

Dr. Reginaldo Furuchi

Dr. Rudnei Palhano Dr. Rafael Baptista

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Natura, a Rhodia/Solvay, a Usaflex e a Dublauto Gaúcha apresentaram cases de inovação. De acordo com Luciana Ashiba, a Natura investe 3% de toda a sua receita líquida em inovação e isso representa 221 milhões de reais. Com isso, em torno de 30% do portfólio é renovado a cada ano, com um índice de inovação que chega a 68%. “É pela inovação que substituímos produtos em declínio, nos mantemos competitivos, geramos valor compartilhado e criamos necessidades para o consumidor”, garante. Ela apresentou o case do hidratante natural Ucuuba, no qual, a partir do conhecimento tradicional indígena sobre o uso da semente para a preparação da pele, foi criada toda uma metodologia de extração, preservação do meio ambiente, beneficiamento e uso sustentável do material, bem como o desenvolvimento da comunidade.

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om 30 mil funcionários, presente em 53 países e 12,4 bilhões de euros em vendas líquidas, a Rhodhia/Solvay atende a mercados variados. No Brasil, o centro de pesquisa e inovação fica em Paulínia/SP, com 14 laboratórios dedicados ao desenvolvimento de soluções inovadoras. A Dra. Cristina Schuch contou que a empresa tem comitês de gestão de projetos e de portfólio de produtos, com avaliação profunda em cada fase de implementação. “Os projetos têm que gerar resultados e agregar valor, principalmente em tempos desafiadores”, comentou, lembrando que durante a última edição da Fimec, a empresa foi premiada como o produto mais inovador para o processamento de couros.

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case da Usaflex foi apresentado por Alex Junior. Ele explicou que a empresa, reconhecida pelo diferencial de conforto, teve como ponto de partida questionar como deveria ser um calçado ideal. Buscou parceria com centros de pesquisa e fornecedores e, além dos testes externos, também tem laboratório próprio onde avalia cada nova criação. Com a produção girando em torno de 24 mil pares/dia, tem 111 lojas fidelizadas e três franquias. A empresa mantém um comitê de inovação para

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pensar novas possibilidades para agregar valor percebido pelo consumidor, a exemplo da linha Usaflex Care, que atende a diferentes necessidades. Care Diabetes é para pés sensíveis ao atrito; Care Hidratante proporciona conforto e hidratação aos pés; Care Joanete tem tecnologia exclusiva que se molda ao pés e Care Pró-Conforto mantém o bem-estar mesmo usando o calçado por um longo período.

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vandro Wolfart falou sobre a trajetória da Dublauto Gaúcha, que vem se destacando pelo lançamento de produtos com tecnologia embarcada, visando ao conforto e à saúde dos usuários. Dentre os desenvolvimentos, a Palmilha Sequinha - que foi o primeiro produto da linha Du Confort e tem como objetivo manter os pés secos e livres de odores. O componente recebe tratamento antimicrobiano e tem propriedades de absorção e dessorção de umidade. A empresa recebeu o Prêmio Primus Interpares Assintecal/Braskem 2016 na categoria Média e Grande Empresa com o case Inovação em flexibilidade, design, leveza e saúde.

O simpósio foi patrocinado por: Arteflex, Badesul Desenvolvimento, Bibi, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fenac Centro de Eventos e Negócios, Flexor, Foamtech, Grendene, Killing, NKS, Palmiarte, Rubras e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Foram apoiadores: Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados); Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul (Aicsul); Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq); Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal); Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) e Sociedade Brasileira de Biomecânica (SBB).

Luciana Ashiba

Dra. Cristina Schuch

Alex Junior

Evandro Wolfart

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NOTAS MOVIMENTO

A fim de deixar os consumidores por dentro do que estará em alta a LYCRA® se reuniu com diversos artistas e criou o Moves Your Dreams – um vídeo conceitual, que mostra as próximas tendências por meio de cores, texturas e figurinos. As macrotendências são Artisan, Elemental, OffBeat e ReMaster para Outono/Inverno 2016 – e Encounter Culture, Edgelands, Digital Wave e Pause – para Primavera/Verão 20162017.

EXPRESSÃO

A coleção Schutz Vibes é grande aposta da temporada trazendo a tendência da customização, dessa vez alinhada à pegada tech e fun que domina o cenário fashion internacional. Os emojis invadem tênis, bolsas totes, clutches e backpacks, podendo ser personalizados expressando por meio dos patches seu estado de humor. Cada bolsa já vem com 5 pares de olhos, ou ícones vibes, que podem ser presos à bolsa por meio de botões de pressão.

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ESPORTE A Olympikus abriu o desfile da Triya na São Paulo Fashion Week com uma coleção cápsula de peças beachwear e fitness, desenvolvidas em parceria pelas duas marcas. O desfile contou com a presença da modelo Renata Kuerten. A edição limitada foi inspirada nas estampas do novo uniforme das seleções brasileiras de vôlei para o ano de 2016 e remetem ao conceito do Big Bang, a explosão gerada a partir da união dos atletas brasileiros, considerados grandes estrelas do esporte e que levam toda essa energia para dentro das quadras. Os modelos para prática de exercícios possuem tecidos com tecnologia e absorção, que garantem conforto e bem-estar, já a parte de moda praia é feita a partir da estamparia digital em shapes que se adaptam bem ao corpo.

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COLUNA Moda

WE ARE THE ORIGINAL

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FOTOS DIVULGAÇÃO FOTO SHOE

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omo se viu durante a theMICAM (que apresentou as coleções de calçados para o outono-inverno de 2017) botas, sim, mas estritamente acima do joelho, ou ainda subindo em direção à coxa. A partir dos anos 1600, as botas com canos pronunciados saíram do vestuário de mosqueteiros e lordes da corte, e ultrapassaram séculos chegando ao guarda-roupa feminino. São usadas tanto sob minissaias quanto sobre leggings, transmitindo um estilo extremamente elegante. Com uma dobra na parte superior na altura da coxa, e dividida na parte de trás, alia estilos como folk e chique. Com franjas ou num visual mais agressivo trazendo uma extensão sobre o joelho, podem ser usadas tanto na parte da manhã quanto no período da noite transmitindo um look irônico ao estilo casual ou ainda seduzir com bom humor. Tudo depende da atitude da mulher!

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Foto Shoe Group

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Alturas suntuosas

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MONTAGEM LUÍS VIEIRA/FOTOLIA

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O aumento de produção pode ser obtido de diversas maneiras, entre elas: - Aquisição de máquinas e equipamentos; - Aumento da estrutura física; - Contratação de funcionários; - Implantação de segundo e terceiro turnos de trabalho; - Utilização de horas extras.

O aumento da produtividade é consequência otimização dos recursos, como: - Estrutura organizacional da empresa: evitar burocracia e agilizar o fluxo das informações; - Gerenciamento do estoque e produção: utilizar ferramentas para a informatização e controle das informações, das matérias-primas e tempos de produção; - Insumos: eliminar os desperdícios de materiais; - Layout da fábrica: eliminar cruzamento de processos e produtos, utilizar ferramentas adequadas ao processo de produção e montar linhas de produção mais enxutas; - Metodologia de trabalho: adequar a capacidade produtiva de acordo com a demanda, estabelecimento de metas, mensuração dos resultados; - Pessoal: capacitação, motivação e otimização dos horários de trabalho.

O DESAFIO DE ELEVAR a produtividade • Luís Vieira e Melissa Zambrano

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a pauta de economia, a produtividade vem ganhando destaque cada vez maior. Mas o que é realmente este conceito e como interage com a gestão empresarial? Considerada como uma das melhores medidas para avaliar a performance organizacional, está intimamente ligada à utilização dos recursos produtivos disponíveis, os quais contribuem na formação, movimentação e comercialização dos produtos - tais como mão de obra, horário de trabalho, técnicas de gestão do negócio, máquinas e equipamentos, gerenciamento de materiais e insumos, informatização,

nas empresas

espaço físico, meios de transporte interno e externo, entre outros fatores. Com tantas variáveis a se considerar, nem sempre aumentar a produção significa ser mais produtivo e lucrativo. Em algumas situações isso pode justamente representar o oposto, caso aconteça mal utilização dos recursos. Um exemplo que tem sido citado por especialistas neste assunto, por facilitar o entendimento dessa definição, é o caso de uma empresa que - já sendo ineficiente no turno normal e por não compreender seus índices de produtividade - decide adotar a implantação de um segundo ou terceiro turno de trabalho para

aumentar a produção com o propósito de atender a demandas pontuais. Acontece que com esta estratégia, em vez de estar fazendo algo positivo, ela pode acelerar o agravamento da sua ineficiência. Como se o panorama já não fosse ruim o bastante, a situação pode ficar ainda pior, pois esta decisão precipitada geraria mais custos, como a necessidade de contratar mais profissionais. O que esta empresa precisaria na verdade é criar mecanismos para otimizar os processos no mesmo turno de trabalho já implantado, sem aumentar suas estruturas e recursos de forma desnecessária.

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Melhoria continuada é o caminho para deixar indústria mais produtiva

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urante a última edição da Feira Internacional de Couros, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec), que aconteceu em Novo Hamburgo/RS no mês de março, foi realizado o Meeting CICB de Produtividade, numa iniciativa do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Pedro Guimarães, sócio da McKinsey & Company - que presta serviços à alta gestão de grandes empresas nas áreas de estratégia, organização, tecnologia e operações - foi um dos palestrantes, abordando o tema Alavancas e Programas de Desenvolvimento Econômico para o Brasil. Mostrando uma série de dados estatísticos, o especialista comentou que a produtividade do Brasil tem se deteriorado nos últimos três anos, mas a estagnação não é um desafio só para o nosso país, e sim para a América Latina como um todo. “O PIB per capta caiu fortemente no período e o cenário é de pressão sobre os custos, busca pelo aumento da lucratividade e aproximação dos clientes”, contextualizou. A situação das empresas no Brasil, onde a taxa de juros é alta, e, assim como a inflação, tende a crescer ainda mais, é muito desafiadora na visão do palestrante, que destacou os setores de transformação e varejo como os que mais vêm sofrendo ao longo do triênio. Ele apresentou uma pesquisa com

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dados de 2000 a 2009 sobre o PIB por pessoa empregada, a qual aponta que de 15 setores avaliados, 11 falharam em aumentar a produtividade no Brasil e a perda de postos de emprego teve forte relação com esta realidade. Falou ainda que dentre os vilões da produtividade brasileira estão os altos índices de informalidade, a precariedade da infraestrutura e a falta de qualificação dos trabalhadores. “O gap de infraestrutura é enorme e o Estado não tem capacidade financeira, mas isso não é por falta de arrecadação. A arrecadação vem crescendo, porém é consumida pela folha de pagamento”, avaliou, lembrando que as parcerias com o segmento privado podem diminuir a demanda de capital público. Ainda sobre a relação entre os setores público e privado, advertiu que não dá para ter um negócio sustentado por subsídios. Se por um lado é preciso que os poderes públicos fomentem a produtividade, por outro as empresas não devem depender do governo para serem mais eficientes.

Pessoal Sobre a qualidade da mão de obra, ele observou que o nosso modelo de educação não é apropriado para as necessidades do País com relação à produtividade, e que um funcionário nos Estados Unidos chega a ser até seis vezes mais produtivo que um brasileiro, apontando dados

de uma pesquisa para justificar esta afirmação. Também apontou que o gestor empresarial deve liderar pelo exemplo. “Uma coisa é o significado da estratégia para a direção e outra coisa é o que isso significa para o funcionário, que quer saber o que ele próprio vai ganhar com isso: maior capacitação, menos trabalho, valorização salarial, caso contrário não fará sentido para ele”, sinalizou.

Fornecedores Quanto ao papel do setor industrial, ele afirmou que as empresas precisam incrementar seus indicadores de produtividade através da melhoria continuada e lamentou que cada vez mais as organizações estejam olhando para a cadeia de fornecedores fazendo pressão sobre os preços. O foco deveria ser outro: ajudar o fornecedor a ser mais eficiente, para que este possa desenvolver produtos e serviços que acabem impactando na produtividade de ambos. “Cada vez mais é necessário trabalhar em conjunto com os fornecedores formatando parcerias a longo prazo, discutindo a lucratividade de cada um”, considerou. Dentre medidas a serem adotadas, Guimarães destacou que é necessário reduzir as fontes de complexidade nos produtos. “O que não tem valor para o cliente e gera custos deve ser discutido. Será que isso compensa?”, questionou.

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T - Na sua avaliação, com que grau de prioridade a produtividade é tratada no Brasil: pelos empresários, pelos órgãos públicos e pelos organismos de fomento? M - A cultura empresarial voltada para gestão de indicadores de produtividade em níveis de excelência ainda é insipiente no Brasil para a micro e pequena indústria. O empresário ainda está muito preocupado com o processo de sobrevivência do negócio, controlando indicadores básicos de gestão, envolvendo-se fortemente no financeiro e no mercado. Embora percebendo que exista um importante movimento de setores da indústria que vêm promovendo ações de engajamento no tema, a produtividade da indústria brasileira continua como uma das menores entre os países em desenvolvimento. Com relação aos órgãos públicos, percebe-se nos últimos anos que o tema vem dominando as pautas das agendas de políticas públicas com propostas de programas avulsos de apoio tecnológico. Estes programas de modo geral possuem pouca aderência e reduzido aprofundamento técnico. São programas genéricos e que sofrem de descontinuidade pela ausência de uma efetiva política industrial de longo prazo que efetivamente enfrente o problema. As agências de desenvolvimento e os institutos tecnológicos, por sua vez, dependem de recursos públicos para investirem em tecnologias de intervenção para melhorar a produtividade das indústrias brasileiras, dependem de estratégias governamentais que sustentem uma política de longo prazo onde se possa estruturar ações desde a educação técnica, investimentos em tecnologia e inovação, capacitação, treinamento e melhoria de processos. T - Neste cenário quais, na sua visão, são os principais entraves para o aumento da produtividade nas micro e pequenas empresas? M - São eles qualificação de mão de

obra, ausência de processos mais eficazes, poucos programas da qualidade, escassez de investimentos em máquinas mais modernas - mecanização de processos produtivos - falta de uma política de crédito com recursos aderentes à realidade das empresas, carências adequadas, longo prazo para pagamentos, taxas de juros compatíveis com o mercado, falta da cultura de indicares de desempenho, administração da gestão por níveis de competitividade, entre outros. T - São estas as necessidades também do setor calçadista? M - As carências no setor calçadista são semelhantes, o grande agravante é que esta indústria passa por um processo de transformação agudo, gerando um prazo de adequação mais curto, exigindo do empresário investimentos em melhoria de processos, mecanização, inovação, tecnologia de ponta em equipamentos, estratégias de posicionamento bem definidas. Uns significativos percentuais destas indústrias operam para marcas de ponta no mercado, terceirizadas na produção do calçado. Este desafio de produzir uma marca consolidada no mercado é ainda maior. T - Se o problema não é falta de recursos e também existe uma cadeia de prestadores de serviços credenciados a diagnosticar problemas e apontar soluções, o que falta para que os empresários percebam estas oportunidades e invistam mais no seu negócio?

Marco Aurélio Copetti gerente-regional do Sebrae/RS

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Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançaram em março um pacote de serviços com o objetivo de apoiar as micro e pequenas empresas (MPEs) do sistema coureiro-calçadista a aumentarem a produtividade e implantarem a inovação no seu negócio, através de consultorias com crédito subsidiado. O gerente-regional do Sebrae, Marco Aurélio Copetti, foi convidado pela reportagem para falar sobre a visão da agência sobre a produtividade no setor.

M - Possuímos uma excelente rede tecnológica de instituições especializadas no setor calçadista na região. Todas devidamente habilitadas a fornecer insumos, instruções técnicas, melhorias no setor produtivo. Não há uma normatização de recursos para esta atividade, são projetos estruturantes propostos por entidades governamentais, ou privadas que fomentam este processo. Estes projetos são importantes mas não atendem a totalidade das demandas das mais variadas empresas deste setor.

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NORMAS PARA A CERTIFICAÇÃO

de calçados

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esta série de seis reportagens que foi iniciada no último mês de janeiro e acontecerá até o próximo mês de dezembro, a Revista Tecnicouro vem detalhando as normas técnicas criadas para a avaliação do conforto nos calçados e seus componentes. Além de caracterizar produtos e materiais, as regulamentações auxiliam na qualificação do calçado brasileiro, que passa a competir com igualdade frente a produtos de outros players reconhecidos mundialmente pelo alto padrão. Nas duas matérias iniciais, foi enfatizado que o Brasil é pioneiro tanto na criação de normas técnicas para quantificar o conforto oferecido por um calçado e seus componentes quanto na metodologia para fazer esta medição. Os testes seguem as normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e são realizados em ambientes preparados tecnicamente para esta finalidade, com a utilização de equipamentos calibrados. Estes ensaios são acreditados pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O laboratório conta ainda com certificação da BSI (ISO 9001/2008) e acreditação pelo instituto inglês Satra (ISO 17025/2005). As primeiras normas para certificação de conforto em calçados foram publicadas em 2004. No decorrer destes 12 anos, já são 10 regulamentações em uso para a avaliação do conforto em calçados e seus componentes (sete referentes a calçados e três para a avaliação de palmilhas, forros e solados). A metodologia a ser adotada durante os ensaios foi estabelecida a partir de estudos realizados pelo Comitê Brasileiro do Couro, Calçados e Artefatos de Couro (CB-11), com ampla participação de todas as partes envolvidas - desde a cadeia de fornecedores, as indústrias fabricantes, os canais de distribuição e também o consumidor final. A secretaria deste comitê fica em Novo Hamburgo/RS, na sede do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), que congrega o mais completo complexo de laboratórios da América Latina para a avaliação de calçados e os seus materiais, utilizando-se de tecnologia de ponta e de capital humano com elevado padrão de qualificação.

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Selo Conforto

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instituto também criou o Selo Conforto para destacar os produtos aprovados em todas as respectivas normas. O pesquisador do Laboratório de Biomecânica do IBTeC, Dr. Eduardo Wust, observa que quem recebe o Selo Conforto é sempre o produto testado e não a marca. “O selo tem prazo de validade de um ano, passado este período a empresa deve submeter o modelo certificado a novos testes, caso tenha a pretensão de continuar a usar o selo”, avisa. O pesquisador lembra ainda que para a realização dos ensaios é necessário que o laboratório contemple também a norma NBR ABNT 17025 de controle laboratorial. “Entre as principais variáveis controladas estão a temperatura e a umidade do ambiente, a climatização das amostras, entre outras”, explica. CALÇADOS - O conforto é um conceito bastante complexo e significa muito mais do que as percepções de calce do consumidor durante a experimentação de um produto no ambiente da loja. Abrange desde a regulagem da temperatura interna do calçado, a estabilidade ao caminhar, a capacidade de respiração do pé, a impermeabilidade e a absorção do suor, bem como a massa (peso) final do produto. COMPONENTES - As normas para a determinação do conforto nos componentes regulamentam uma série de testes de caracterização dos materiais e das substâncias neles utilizadas. O objetivo é, além de avaliar as propriedades mecânicas, detectar se existe na composição alguma substância restrita e, caso apareça, definir se a mesma está dentro dos limites, segundo as mais importantes legislações internacionais. A preocupação é garantir que, além das propriedades de conforto, o componente não represente riscos à saúde do usuário e nem ao meio ambiente. Este cuidado facilita a seleção dos materiais para o desenvolvimento de calçados confortáveis.

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Normas e Aplicações

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s pesquisas sobre o conforto nos calçados vêm sendo desenvolvidas nas últimas décadas, mas, até onde se sabe, o Brasil continua como o único país que possui normas certificadoras publicadas para avaliar cientificamente este atributo nos calçados. Os ensaios para a determinação do conforto nos calçados consideram a massa (peso), o ângulo de pronação (conjunto de movimentos realizados durante a marcha humana que envolve o pé,

o tornozelo, o joelho e o quadril), a temperatura interna, a percepção do calce, a absorção do impacto e a distribuição de pressão plantar. A norma NBR ABNT 14834/2015 Conforto do Calçado determina que cada uma das outras seis normas apresenta o nível de conforto proporcionado pelo calçado, que é classificado como confortável, normal ou desconfortável. O somatório da pontuação de todas as normas equivale ao índice de confor-

to do calçado. Porém, caso alguma norma apresente nível desconfortável, o produto é automaticamente reprovado. Nesta terceira parte da reportagem são apresentados detalhes sobre os ensaios de Determinação da Massa do Calçado (peso), Determinação Dinâmica da Distribuição de Pressão Plantar e Determinação da Temperatura Interna do Calçado. As outras três normas serão abordadas na próxima edição da Tecnicouro.

NBR ABNT 14835/2013 - Determinação da Massa do Calçado - Através de uma balança digital, verifica-se a massa (peso) do calçado. São realizadas três medidas para cada pé, em cada numeração. É feita a média entre o calçado direito e esquerdo. Os parâmetros para a determinação dos níveis de conforto do calçados são pela numeração 35 para o feminino, numeração 40 para o masculino e o infantil é determinado conforme a grade utilizada pela empresa.

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NBR ABNT 14836/2014 - Determinação Dinâmica da Distribuição de Pressão Plantar - Para mensurar a pressão plantar são utilizadas palmilhas sensorizadas que são acopladas na região interior do calçado. Desta forma, são determinados os picos de pressão plantar dinâmico para as regiões dos metatarsos e do calcanhar, definindo seus níveis de conforto.

a)

b)

Média dos picos de pressão plantar a) 3D e b) 2D durante a marcha

Um calçado é confortável quando: - permite à pessoa se concentrar na sua performance; - oferece um bom calce sem pressões excessivas sobre os pés; - é leve e flexível para economizar energia e poupar a musculatura; - transpira e mantém os pés secos e levemente aquecidos; - evita a pronação excessiva do calcâneo na fase do impacto do calçado com a superfície de apoio, protegendo de lesões ao sistema músculo esquelético; - oferece tração suficiente prevenindo contra escorregamento e queda, permitindo um pisar com segurança e estabilidade; - oferece amortecimento na fase de impacto do calçado com as superfícies de apoio, minimizando as vibrações transmitidas para o corpo, protegendo as estruturas musculoesqueléticas; - promove a satisfação do usuário.

NBR ABNT 14837/2011 - Determinação da Temperatura Interna do Calçado - Realizado através de sensores de temperatura fixados diretamente no pé do modelo de calce. A determinação da variação da temperatura interna do calçado é realizada durante trinta minutos de caminhada em esteira instrumentalizada.

Cronograma das matérias A quarta parte desta reportagem será publicada na próxima edição de julho/agosto da Tecnicouro e detalhará as outras três normas criadas para medir o conforto proporcionado pelos calçados (Determinação do Índice de Amortecimento do Calçado; Determinação do Índice de Pronação do Calçado e Determinação dos Níveis de Percepção do Calce). O caminho percorrido pelos produtos submetidos aos testes de conforto para a obtenção do Selo Conforto será demonstrado na edição de setembro/outubro, na quinta matéria desta série. Na última parte da reportagem (edição de novembro/dezembro) serão relatados casos bem sucedidos de conforto em calçados, explicando quais foram as inovações implantadas por diferentes marcas e como isso repercutiu na imagem da marca e nas vendas ao consumidor final.

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Fixação do sensor de temperatura na região superior do pé

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FOTO SECCTRADE

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CRÉDITO SUBSIDIADO

para as MPEs O

Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) lançaram em março um pacote de serviços com o objetivo de apoiar as empresas do sistema coureirocalçadista a aumentarem a produtividade e implantarem a inovação no seu negócio, através de consultorias com crédito subsidiado. O gerente-regional do Sebrae, Marco Aurélio Copetti, explicou que o que está sendo oferecido às empresas é uma oportunidade para que elas se beneficiem dos projetos Sebraetec, que oferece 65% de subsídios ante 35% de contrapartida, e Rede de Serviços Tecnológicos (RTS), com 80% de subsídios e 20% de contrapartida - este último exclusivo para empresas do sistema coureiro-calçadista. “Com os fortes desafios do mercado, observamos que as empresas estão mais reativas a procurar consultoria e a nossa intenção é apoiar aquelas que buscam se desenvolver a partir

de estratégias mercadológicas, de ciência e produção, mas não têm recursos para fazer isso sozinhas”, pontuou. “O setor empresarial sempre soube dar respostas positivas em momentos desafiadores e esta é uma oportunidade para que acreditem ainda mais nos seus negócios e busquem a parceria do IBTeC e do Sebrae para implantar ações de melhorias que as deixem mais fortalecidas no mercado”, disse o presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler. O consultor do instituto, Paulo Model, responsável pelas consultorias técnicas, considerou que a partir dessa iniciativa os micro e pequenos negócios terão mais oportunidades para investir na modernização de seus processos, na implantação de inovações e até mesmo em certificações dos produtos. “Esta é uma facilidade adicional para quem busca por consultorias bem fundamentadas e o apoio de profissionais realmente qualificados, e ainda por cima contando com o incentivo do Sebrae”, pontuou Model.

FOTO LUÍS VIEIRA

Pacote de benefícios lançado pelo IBTeC e Sebrae visa a estimular a competitividade das empresas do setor

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PREMIAÇÃO

nacional

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eportagem publicada na Revista Tecnicouro foi a escolhida na categoria Imprensa do Prêmio Primus Inter Pares Assintecal/Braskem como a melhor matéria jornalística publicada em 2015 sobre o setor de componentes. Desde 2010, esta foi a sexta vez que uma reportagem da publicação técnica do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos recebe o reconhecimento, que tem o objetivo de promover e estimular o setor de componentes, destacando soluções criativas e inovadoras que contribuam para a competitividade das empresas no mercado. O então presidente da Assintecal, William Marcelo Nicolau, ressaltou que através da premiação foram conhecidas empresas e empreendedores que fizeram acontecer em 2015. “Gente que, de uma forma ou de outra, soube, em meio ao escorregadio cenário econômico, driblar o pessimismo e mostrar que somos mais fortes e criativos que a crise. Hoje seus esforços serão coroados neste palco”, destacou. Além do troféu, foi entregue a importância de R$ 3.000,00 para o autor da melhor reportagem sobre o setor de componentes. “Este reconhecimento é um grande estímulo para avançarmos no cumprimento do nosso papel enquanto imprensa setorial, disseminando informações que sejam relevantes para o crescimento do sistema coureiro-calçadista nacional.” Luís Vieira - editor da Revista Tecnicouro.

Reportagem Vencedora Publicada na edição 290, de setembro de 2015, a reportagem Menos é mais? O paradoxo de fazer calçados para quem busca a sensação de estar descalço considerou que para os adeptos do minimalismo - princípio que se refere a uma série de movimentos artísticos, culturais e tecnológicos e busca reduzir ao

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mínimo o uso de elementos ou recursos como base de expressão - provavelmente a resposta mais óbvia para a pergunta-título talvez fosse um contundente SIM. Mas quando se pensa em aplicar este conceito ao design de calçados de performance, a conclusão não é tão simples.

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CB-11 ATUALIZE-SE COM AS NORMAS

ABNT/CB-11 C onfira a listagem de publicações disponíveis para compra pelo site: www.ibtec. org.br/normas para sua empresa não perder as atualizações. ABNT NBR 13525:2016 Ensaios físicos e químicos em couro - Valores orientativos para aceitação de couros Esta norma estabelece valores máximos e/ou mínimos aceitáveis de couro quanto à análise química e física. ABNT NBR 14067:2015 Insumos - Corante - Preparação de soluções analíticas. A norma estabelece o procedimento para a preparação de soluções de corantes a serem utilizados nos ensaios analíticos. ABNT NBR ISO 2420:2015 Couro - Ensaios físicos e mecânicos - Determinação da densidade aparente. Especifica um método para determinação da densidade aparente do couro e é aplicável a todos os tipos de couro. ABNT NBR 14823:2015 Construção superior do calçado Laminados sintéticos - Determinação da resistência do acabamento à fricção com lixa. Define o método para determinação da resistência do acabamento ou da camada superficial de laminados sintéticos à fricção, utilizando-se para isto uma lixa como elemento abrasivo. Este método de ensaio determina a ocorrência da remoção do acabamento do material. ABNT NBR ISO 17072-2:2015 Couro - Determinação química do teor de metais. Esta parte da ABNT NBR ISO 17072 especifica um método para a indicação do teor de metal total no couro utilizando a digestão do couro e posterior determinação com espectrometria de emissão de plasma/ótica acoplado

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(ICP/OES), ou espectometria de emissão de plasma/massa acoplado (ICP/MS), espectometria de absorção atômica (AAS) ou espectrometria de fluorescência atômica (SFA). ABNT NBR ISO 17072-1:2015 Couro - Determinação química do teor de metais. Esta seção da ABNT NBR ISO 17072 especifica um método para a determinação de metais extraíveis em couro utilizando extração com uma solução artificial ácida de suor e posterior determinação com a espectrometria de emissão óptica por plasma acoplado indutivamente (ICP-OES), espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP/AES), espectrometria de massa com plasma acoplado indutivamente (ICP/ MS) ou espectrometria de absorção atômica (AAS) ou espectrometria de fluorescência atômica (SFA). ABNT NBR ISO 2418:2015 Couro - Ensaios químicos, físicos e mecânicos e de solidez - Local da amostragem. Indica a localização de uma amostra de laboratório dentro de um pedaço de couro e do método de etiquetagem e marcação das amostras de laboratório para identificação futura. ABNT NBR ISO 2417:2015 Couro - Ensaios físicos e mecânicos - Determinação da absorção estática de água. Especifica um método para a determinação da absorção de água do couro sob condições estáticas. O método é aplicável a todos os couros, particularmente os couros pesados. ABNT NBR ISO 2781:2015 Borracha vulcanizada ou termoplástica - Determinação da densidade. Esta norma especifica dois métodos de ensaio para a determinação da densidade de sólidos vulcanizados e

borrachas termoplásticas. ABNT NBR 16453:2016 Calçados - Valores orientativos. Estabelece os valores máximos e/ou mínimos aceitáveis para uma boa qualidade do calçado pronto, referente aos itens do processo de união de fabricação da montagem (costura, colagem, fixação de enfeites e salto). ABNT NBR 14182:2016 Insumos - Desencalante - Determinação do índice de tamponamento. A norma estabelece o método para determinação do índice de tamponamento. ABNT NBR 15171:2016 Calçados - Determinação da resistência à flexão. Indica o método para determinação da resistência à flexão de calçados. ABNT NBR 13348:2016 Banho residual e efluente líquido Determinação do teor de óleos e graxas totais, minerais e vegetais. Estabelece o método para determinação do teor de óleos e graxas totais, minerais e vegetais em banhos residuais de processo e em efluentes líquidos. ABNT NBR 14548:2016 Couro - Ensaios físicos e químicos - Terminologia. Regra os termos e definições utilizados nas normas de ensaios físicos e químicos em couros. ABNT NBR 11125:2016 Insumos - Tanantes - Determinação do teor de sólidos totais. Descreve o método para determinação do teor de sólidos totais em tanantes no estado sólido ou líquido. ABNT NBR 14099:2016 Construção superior do calçado Laminados sintéticos - Determinação da espessura. Estabelece o método de ensaio para determinação da espessura de laminados sintéticos por meio de apalpadores mecânicos. ABNT NBR 16473:2016 Conforto em calçados escolares - Requisitos e

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ensaios. Aponta os requisitos mínimos de conforto e qualidade para os calçados escolares. ABNT NBR 11070:2016 Insumos para couro - Corantes - Determinação da estabilidade das soluções à água dura. Esta norma estabelece o método de determinação da estabilidade de uma solução de corante, utilizada em couro, na presença das soluções à água dura. ABNT NBR 11059:2016 Insumos - Ligantes - Determinação do pH em suspensão aquosa. Estabelece o método para determinação do pH dos ligantes solúveis ou emulsionáveis em água. ABNT NBR 14547:2016 Couros - Insumos líquidos - Determinação da densidade de massa. Indica as condições para determinação da densidade de massa em insumos líquidos para couros pelos seguintes

métodos: a) método A - por picnômetro; b) método B - por densímetro. ABNT NBR 14743:2016 Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da resistência ao flexionamento por solicitações contínuas. Regulamenta o método para a determinação da resistência de solas, solados e materiais afins à formação de rasgos e quebras, quando submetidos ao flexionamento por solicitações contínuas. ABNT NBR 14824:2016 Construção inferior do calçado Unissolas e entressolas Determinação da densidade em peças inteiras - Método hidrostático. Esta norma estabelece o método para determinação da densidade de unissolas e entressolas para calçados, utilizando toda a peça como corpo de

prova. ABNT NBR 15686:2016 Calçados - Determinação da adesão rápida à sola. Institui o método para determinação da adesão rápida da sola e do cabedal, na área do bico e do salto do calçado pronto. É, principalmente, aplicável às construções coladas ou vulcanizadas com uma borda estendida. ABNT NBR 15377:2016 Calçados - Determinação da resistência ao arrancamento de saltos. Estabelece o método para a determinação da resistência ao arrancamento de saltos em calçados prontos e para a determinação da deformação do enfranque. ABNT NBR 11117:2016 Insumos - Tanante - Determinação do teor de umidade indireta. Fixa o método para determinação do teor de umidade em extratos tanantes no estado sólido ou líquido.

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OPINIÃO Colunista O papel do juiz

no (conturbado) Brasil do século XXI

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ive-se tempos conturbados. plicar a razão pela qual se vive em um Dias estranhos, outrora iniEstado - Rio Grande do Sul - no qual magináveis. As tensões nos o número de processos em andamenmovem incessantemente, enquanto Dr. Marciano Buffon to excede ao número de habitantes. em Direito, o tempo inexoravelmente flui a uma doutor Espera-se, de qualquer forma, que professor da Unisinos velocidade imperceptível. Quer-se marciano@buffonefurlan.com.br o Judiciário dê respostas às mais ditudo para o hoje e, se possível, para versas demandas sociais, chamando-o o ontem. Uma espécie de paranoia a resolver as mais inusitadas causas, coletiva, na qual assume-se a condição de verdadeiros colocando-o no centro de questões políticas alheias a sua “tudólogos”, no insano dever ter opiniões definitivas so- essência e reconhecendo-o em seus membros uma figura bre as coisas mais incompreensíveis. Assim prosseguem paternal, a qual tudo poderá garantir ao filho que cresceu, as vidas, em busca de um rápido consumo do tempo, mas continua infantilizado. Alçado a tal condição, fica dicomo se este não fosse algo finito, como a própria vida. fícil ao juiz da contemporaneidade resistir à tentação de Quando as tensões sociais se agudizam, quan- transformar-se em “super-herói”, quando há uma multidão do cada qual exerce o seu individualismo exacerba- clamando para isso; é desagradável submeter-se às nordo no limite do patológico e, no momento que “o ou- mas democraticamente elaboradas, quando basta invocar tro” não só é desconsiderado, mas tido como inimigo, um argumento retórico, para o deleite do grande público. seria previsível pensar que o papel antes desempenhaDiante disso, não seria melhor julgar com a própria do pelos juízes sofresse uma transmutação irreversível. consciência, do que conforme as normas jurídicas? Não A Constituição Brasileira de 1988, que fundou nes- seria aceitável invocar um princípio qualquer e decidir tes trópicos o Estado Democrático de Direito, repre- como quiser? Não pareceria mais adequado deixar as sentou um marco histórico de reafirmação da cidada- regras jurídicas de lado e fazer a justiça quase que “com nia, embora muitas vezes essa esteja restrita à ingênua as próprias mãos? Afinal de contas, a dita “opinião púcrença de que o cidadão é aquele que tem apenas di- blica” assim o quer! Quem é a opinião pública mesmo? reitos, exigíveis de um ente sobrenatural (Estado). PouResistir! Este, pois, é o grande desafio que se impõe cos compreendem que viver em sociedade implica, an- ao juiz neste conturbado Brasil do Século XXI. Atar-se ao tes de tudo, reconhecer-se como “titulares” de deveres mastro da Constituição e tapar os ouvidos, como fizera o inerentes à coexistência, sem os quais não há direitos. mitológico Ulisses, para proteger-se do canto das sereias. Em vista disso, como já exposto em texto anterior, o Compreender que algumas demandas, embora possuam processo judicial tornou-se, em larga medida, mero ins- o verniz da justiça, nada mais são do que um instrumentrumento para alcançar uma situação diferenciada, social to de enriquecimento sem causa. Ter a devida coragem ou economicamente, transformando-se, no jargão popu- para algumas decisões que desagradem ensandecidos lar, no meio de “obter algum de alguém”, como se este de plantão. Humildemente, submeter-se à Constituição e “alguém” não fosse, em muitas vezes, a mesma figura que às leis que estejam conforme a Carta. Por fim, ser imparestá a buscar o “algum” (toda sociedade). Isso parece ex- cial (e depois deste termo só resta escrever “ponto final”).

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UP GRADE

endo em seu DNA a inovação e a globalização, a Orisol do Brasil traz melhorias em seus projetos e máquinas de alta tecnologia, confirmando sua expertise no atendimento a empresas com alto grau de exigência, que buscam inovações para avançar em mercados competitivos. Nesta direção, um dos destaques é o processo de corte em alta frequência para calçados femininos. O sistema é fruto de uma parceria iniciada há 10 anos com a empresa Maus, que resultou em um conceito criado há seis anos, mas que começou a dar resultados mais contundentes a partir de 2014 e hoje está presente em calçados embarcados para vários mercados no exterior. O diretor comercial, Jeferson Mauro, observa que uma das grandes vantagens é que a alta frequência é um sistema que agrega valor visual com baixos custos, combinando molde, processo, material e máquina. Já o diretor André da Rocha explica que se trata de um sanduiche de materiais, onde o efeito acabado congrega forro, reforço e

FOTOS LUÍS VIEIRA

em tecnologia T

componente de cabedal, sendo todos dublados. “Criamos uma nova demanda para as empresas que buscam soluções com valor adequado e o mercado aprovou, considera Rocha, complementando que a tecnologia pode ser usada tanto em calçados abertos quanto em modelos fechados.

Solado de performance

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ara atender as demandas por inovações e maior produtividade do setor calçadista do País a Rhodia, empresa do Grupo Solvay, e a Basf criaram um solado composto de entressola de poliuretano e estabilizador de TPU para aplicação em calçados esportivos (tênis, sapatênis etc.). O desenvolvimento permite a produção de um solado de menor peso, maior absorção de impacto e aumento do conforto do usuário. O desenvolvimento foi utilizado no protótipo de tênis de alta performance X-System, que reúne tecnologias de impacto destinadas a calçados esportivos. Segundo a gerente comercial e de marketing da Rhodia para a América Latina, Marlise Margaritelli, esta é uma resposta às necessidades do setor por soluções com alta tecnologia

e inovação, capazes de gerar valor ao produto final. “A cadeia produtiva do setor no Brasil, desde as indústrias de matérias-primas até o fabricante do produto final, é altamente qualificada para a criação de produtos que atendam aos desejos dos consumidores finais tanto no Brasil quanto no Exterior”, diz ela. No Brasil, o setor coureiro-calçadista representa em torno de 7% do total das vendas da empresa. De acordo com Letícia Mendonça, gerente de Transportes e Bens de Consumo da divisão de Materiais de Performance da BASF para América do Sul, a dinâmica do setor exige dos fornecedores de insumos o desenvolvimento de soluções que sejam inovadoras e representem ganhos de produtividade para toda a cadeia industrial. “Nosso foco são os sistemas de TPU e os sistemas

de PU. O primeiro se destaca pelos materiais de alta performance que conferem a melhor maciez do mercado brasileiro para o conforto ao calçado e o segundo, pela liberdade ilimitada de design em termos de forma, cor e textura para sistemas de calçados”, afirma.

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A CIÊNCIA DA FÁBRICA

E A INOVAÇÃO CAPÍTULO 1/6: A CIÊNCIA DA FÁBRICA E A INOVAÇÃO: ENTENDENDO O CONTEÚDO E A ABRANGÊNCIA DESTE TEMA PARA A NOVA FÁBRICA DE CALÇADOS (NFC) MS Eng. Fernando Oscar Geib

1 - Em todas as organizações de produção de bens, os Princípios da Ciência da Fábrica e a Inovação são fatores essenciais. Para a Nova Fábrica de Calçados (NFC) esta condição não é diferente A Ciência da Fábrica e a Inovação, como uma unidade de conhecimentos e de melhorias descontínuas das organizações, é estruturada por um conjunto de tecnologias,

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conhecimentos e de diretrizes científicas básicas, que nos chamam a atenção por estes fundamentos procurarem sistematizar e dar uma base científica a todos os processos produtivos das fábricas de calçados, de modo as tornarem altamente efetivas, ágeis, produtivas e inovadoras e, por consequência, competitivas em elevados e incomparáveis níveis nos seus mercados atuais e nos potenciais. Cada fábrica ou organização de processos produtivos

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de bens materiais, independentemente dos tipos e finalidades dos produtos e serviços por elas gerados e disponibilizados para os mercados e os consumidores, busca sempre a sua sustentabilidade plena, baseada e consolidada por uma Ciência da Fábrica. Esta ciência intrínseca às fábricas se estrutura e sistematiza por um conjunto de fundamentos constituidores e essenciais, os quais são denominados de Princípios da Ciência da Fábrica. São eles: 1 - Lei do Melhor Desempenho; 2 - Lei do Pior Desempenho; 3 - Definição do Melhor e do Pior Desempenho na prática; 4 - Lei da Capacidade da Mão de Obra; 5 - Lei da Flexibilidade da Mão de Obra; 6 - Lei da Variabilidade; 7 - Lei de Reservas da Variabilidade: em um sistema de produção, a Variabilidade formará suas reservas de segurança, a partir de alguma combinação de Estoques e Capacidades; 8 - Corolário da flexibilidade de reservas de segurança: em um sistema de produção, a flexibilidade reduz a necessidade de reservas de variabilidade; 9 - Lei da Conservação dos materiais: em um sistema de produção estável em longos prazos de operações, a taxa de saída dos materiais operados é igual à taxa das entradas destes materiais na fábrica, menos quaisquer perdas de rendimento de materiais, e menos qualquer peça produzida inadequadamente no sistema produtivo; 10 - Lei da Capacidade: em uma situação ou condição de constância dos fatores, qualquer fábrica terá que liberar os trabalhos a uma taxa média estritamente menor do que a taxa média de sua capacidade produtiva; 11 - Lei dos Lotes em Processamento - nos Centros de Simultaneidade de Produção com operações em lotes de calçados, onde é significante o tempo de operação dos lotes: A - O tamanho mínimo de um lote de processamento, que resulta em um sistema estável de produção, deve ser perseguido e praticado continuamente, para dar estabilidade necessária à simultaneidade das operações. B - À medida que o tamanho dos lotes de processamento aumenta, o ciclo de tempo de processamento também aumenta. C - O Tempo do Ciclo de uma estação - centro de produção simultânea - será minimizado para um determinado meio de movimentação da produção tamanho de lote de processamento. 12 - Lei da Movimentação em Lotes: os Tempos do Ciclo em um roteiro de produção são proporcionais ao tamanho dos lotes de transferência em produção usados naquele segmento do sistema de produção, consideran-

do que não há necessidade de se esperar pelos meios de transporte; 13 - Lei das operações de montagem: o desempenho de uma estação de montagem é prejudicado pelo aumento dos seguintes fatores: - Quantidade dos componentes a serem montados. - Variabilidade das chegadas dos componentes. - Falta de coordenação entre as chegadas de componentes. Observação importante: A simultaneidade das operações de montagem torna-se crescentemente mais complexa nestas condições. 14 - Lei da Definição do Tempo do Ciclo de uma estação de trabalho ou centro de simultaneidade de produção (O Tempo do Ciclo sob a visão da Simultaneidade = Tempo de Movimentação + Tempo das Filas Eventuais + Tempo de Setup + Tempo de Processamento + Tempo de Espera para em um Lote + Tempo de Espera por Outras Peças) e torna-se crescentemente complexo quando o fundamento operacional é a simultaneidade; 15 - Definição do Tempo do Ciclo do Centro ou Sistema de Produção Simultânea: o Tempo do Ciclo em um Sistema de Produção Simultânea é o Tempo de Duração da Operação mais longa deste Centro de Simultaneidade; 16 - Lei do Retrabalho: Para determinado nível de produtividade, o retrabalho aumenta tanto a média quanto o desvio padrão do Tempo do Ciclo de um processo, mesmo em ambientes de simultaneidade operacional; 17 - Lei do Ciclo Total de Produção: o Tempo do Ciclo Total de Produção de um Sistema de Produção Simultânea é a duração do processo mais longo de um Centro de Simultaneidade de um Sistema de Produção Simultânea; 18 - Lei do Interesse Pessoal: as pessoas, e não a organização, que podem melhorar a si mesmas; 19 - Lei do Gênio: para quase todos os programas de produção dos calçados, sempre há um especialista que pode fazer dar certo o equilíbrio e a harmonia da simultaneidade do centro de produção por longos prazos de tempo, chegando também à estabilidade permanente; 20 - Lei do Esgotamento: as pessoas se esgotam, e este esgotamento coloca em risco a simultaneidade operacional dos sistemas produtivos; 21 - Lei da Responsabilidade: a responsabilidade, sem a respectiva autoridade, é desmoralizante e contraproducente para os sistemas de produção. Estes princípios constituem e organizam os fundamentos básicos e essenciais dos diversos temas constituidores da Ciência da Fábrica, aplicáveis, na nossa condição, à Nova Fábrica de Calçados (NFC). Estas Leis devem ser cumpridas com disciplina total, para assegurar o fundamento essencial desta fábrica de calçados em descrição: a Simultaneidade das suas operações. Se este

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elenco de regras básicas e essenciais não for atendido rigorosamente, a simultaneidade operacional da Nova Fábrica de Calçados (NFC) estará ameaçada ou não se efetivará. Isto representa uma queda significativa de sua capacidade competitiva, pela baixa inovação de suas estratégias operacionais de atender os mercados pelo fundamento essencial da Entrega Já!.

2 - Por que uma Ciência da Fábrica para a manufatura de calçados? Certamente a expressão Ciência da Fábrica traz uma sensação de surpresa e uma percepção de que se deseja transformar esta fábrica em descrição em algo surrealista e somente entendida por gestores altamente qualificados e técnicos em operações de produção de calçados com uma larga experiência nesta atividade. Não é este o propósito da qualificação da Ciência da Fábrica para todas as considerações tecnológicas e científicas desenvolvidas para desenhar a sua capacidade em inovar estratégias competitivas. A Simultaneidade de operações de produção dos calçados exige a ação de Inovar continuamente as estratégias competitivas, requerendo mentes abertas e conhecimentos consolidados para construir soluções operacionais impulsionadoras de sua capacidade de competir em mercados atuais e potenciais, a partir de estratégias de produção simultânea dos seus calçados, otimizadoras do fundamento básico da simultaneidade operacional. De igual maneira, em qualquer atividade manufatureira, a necessidade de uma Ciência é mais do que óbvia, quando se deseja ser esta manufatura a mais longeva possível. A Ciência da Fábrica tem o objetivo de compreender, descrever e tornar útil o universo físico onde as empresas manufatureiras atuam. Uma ciência suporta muitos campos de aplicação, onde a fabricação de calçados é uma delas. Se a fábrica destes produtos avança e se estrutura pelo fundamento da Simultaneidade Operacional, uma Ciência da Fábrica torna-se intrínseca e absolutamente necessária e mais do que isto, obrigatória, pois ela é a diretiva sustentadora e a aglutinadora de toda a tecnologia operacional e estratégica descrita na longa série de capítulos que descreveram a Nova Fábrica de Calçados (NFC). O sentido e conceito de Ciência da Fábrica é voltado para dar continuidade à Nova Fábrica de Calçados (NFC). De maneira bem específica, a Ciência da Fábrica estrutura e fornece um sistema organizado de usos e de utilidades, utilizável no contexto, tanto da administração quanto das operações das fábricas de calçados, para torná-las flexíveis, competitivas e vencedoras nos seus mercados, por muitos anos.

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Como comprovar e tornar efetivas estas afirmações? Como uma primeira consideração, coloca-se que a Ciência da Fábrica oferece um fator esquecido com bastante frequência nos sistemas produtivos de nossas fábricas de calçados: A Precisão das Ações. Uma das razões para desenvolver a Ciência da Produção é fornecer uma definição mais precisa de como os sistemas produtivos funcionam e se desenvolvem operacionalmente. A linearidade e a sequencialidade dos atuais sistemas de produção de calçados intrinsecamente pouco trazem de Precisão Científica em suas ação produtivas, porque elas são uma pilha horizontal de operações (o termo pilha deriva do termo empilhar objetos e coisas). Se colocássemos estes sistemas produtivos em uma condição vertical, perceberíamos com mais exatidão porque as operações empilham-se umas sobre as outras. Nos sistemas de produção de calçados baseados no fundamento da Simultaneidade, esta constatação jamais acontece. Os relacionamentos sistêmicos das operações produtivas nos Sistemas de Produção Simultânea têm a capacidade de fornecer estimativas de alta precisão de resultados da produção de calçados, pois estes sistemas produtivos são a base da Ciência da Fábrica. De uma forma prática, vejamos as seguintes considerações: Na Física temos a seguinte relação entre E=Energia, M=Massa e a=velocidade. Relação esta representada pela fórmula básica da Física E=Ma2, que é totalmente aplicável à produção dos calçados, pela analogia que fazemos entre esta e os processos produtivos. Deste modo temos: M: a Massa de conhecimentos e de tecnologias de produção, aplicáveis aos sistemas produtivos dos calçados. a: a velocidade na disponibilização dos calçados nos mercados para satisfazer, no momento certo, as necessidades e desejos dos mercados e consumidores. E: Energia emitida pelos calçados para atraírem e promoverem/gerarem os desejos e as aspirações de compra dos clientes e dos mercados, pela sua adequação/ atualização e pontualidade com a moda. Esta curta e objetiva descrição da sistematização dos processos das estruturas de geração e produção de calçados fornece uma conceituação clara e materializada da Ciência da Fábrica. A Ciência da Fábrica manifestase, portanto, por trazer e consolidar uma ciência efetiva, real e necessária, ou seja, uma Ciência da Fábrica de Calçados, aplicável a todos os processos desta fábricas, elevado assim, a níveis inimagináveis, a Assertividades das fábricas - dar certo no tempo certo com a velocidade certa-, aperfeiçoando a sua capacidade de inovar continuamente as suas estratégias competitivas nos seus mercados.

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MUDANÇA NÃO GARANTE UMA MELHORIA, MAS PARA MELHORAR

é preciso mudar

Denis Leite Rodrigues - gerente de produto da Adere Produtos Autoadesivos

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ada mais antigo e conhecido que a cola de contato, comumente conhecida como cola de sapateiro. Durante décadas, este material tem sido a solução mais utilizada para posicionar partes de um calçado ou acessório, antes da realização da costura. Apesar de ser um material conhecido e largamente utilizado, ele apresenta algumas desvantagens como a periculosidade (por inalação do solvente ou risco de incêndio) sujeira e improdutividade. Para percebê-las, basta observar, em algumas empresas, a frequência de relatos sobre princípios de incêndio, mal-estar causado em funcionários que manuseiam o produto sem usar EPIs, restrições da quantidade de cola na estação de trabalho do operador, enrijecimento de materiais porosos, falhas de acabamento como manchas e bordas sujas, atos inseguros como reativação da cola com outro solvente e/ou temperatura, grande número de funcionários dedicados à remoção de resíduos em pincéis e calçados e, por último, a obrigatoriedade da empresa ter locais específicos para armazenamento. Essas desvantagens geram muitos custos, que nem sempre são “visíveis” ou facilmente mensuráveis, e causam um transtorno considerável aos funcionários e à empresa. É mais comum que a liderança foque sua rotina no controle dos custos de fatores como tempo de secagem do adesivo, preços de seguro, custos adicionais por insalubridade ou por processos trabalhistas, energia elétrica para exaustão de solventes e, por último, a análise do preço do quilo que, a princípio, é atrativo. Fazer o controle dos custos “visíveis” é algo imprescindível, porém não suficiente. Ao se aprofundar nos custos não aparentes é possível concluir-se que eles são tão, ou mais, vultosos que o esperado.

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Com tantos problemas e custos por que a tecnologia ainda é usada? O hábito de focar somente nos custos aparentes somado à falta de tempo e conhecimento, são importantes para responder este pergunta, mas há algo muito mais difícil de administrar que pode estar sedimentado em toda a organização: a resistência à mudança, a inércia, a aversão ao risco, ou até ao trabalho que o aprendizado impõe a todos. Para saber a intensidade desta resistência na sua empresa, basta lembrar quantas vezes você ouviu comentários como “Ah... sempre fiz assim, porque mudar?”, “em time que está ganhando não se muda...”, “sempre fiz assim e sempre deu certo” e outras frases do gênero. Mas como o principal passo para incentivar a mudança é descrever um novo cenário que soluciona antigos problemas, vamos apresentá-lo a seguir. Esta mudança é uma solução simples, segura e econômica. É tão simples que nos faz questionar como alguém nunca pensou nisso antes.

Que mudança é esta? Nada mais do que trocar a cola de contato por fitas transferíveis. É claro que não se trata de uma fita qualquer, ela possui um adesivo especial desenvolvido para este mercado de calçados e acessórios. Mas agora você pode estar se perguntando o que é uma fita transferível? Trata-se de uma massa seca e flexível de adesivo (sem solventes ou água) depositada sobre um papel com tratamento antiaderente que a faz funcionar como uma fita dupla face.

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A principal vantagem de uma fita transferível em relação a uma fita dupla face é que a primeira se molda a qualquer tipo de irregularidade de superfície, enquanto uma fita dupla face, por ser menos flexível, não se adapta à superfície, e assim, deixa áreas do substrato (couro, vinil ou tecido) sem contato com adesivo. Logo, não ocorre adesão adequada e a adesão da fita pode falhar.

Vantagens da fita de adesivo transferível em relação à cola de contato - A primeira, mais fácil de ser mensurada, é que não é preciso tempo de secagem. Ao contrário da cola de contato, basta pressionar as duas superfícies que deseja-se unir e pronto. Assim, a produtividade aumenta muito com o fim do gargalo da secagem. - A segunda vantagem está mais ligada à segurança. Não é preciso usar EPIs, local reservado para armazenamento ou restrições de quantidade na estação de trabalho do funcionário. Isto implica em lugar mais confortável, simples e seguro para toda a empresa. - A terceira está ligada ao acabamento dos produtos. Imagine como é hoje adesivar com cola de contato telas de tramas abertas, como bordados. Uma grande sujeira e péssimo acabamento. Com a fita, nada vai escorrer ou melar, e o acabamento será superior. Sem falar que uma fita para peças delicadas ou pequenas, onde a aplicação de adesivo de contato significa aplicação do material fora da área desejada, não há possibilidade de haver erros de aplicação deste gênero. Outro ponto que vale citar é a aplicação de adesivo em peças porosas. Quando o adesivo líquido seca, muitos materiais perdem a flexibilidade ou aparecem manchas. Com a fita adesiva isto não ocorre. - A quarta está ligada à redução de custos. Com fitas haverá redução de seguro, gastos com exaustores, custos com causas trabalhistas, EPIs, menos perdas e mais produtividade.

Cuidados a serem tomados Porém, apesar do uso de fita ser tecnicamente simples, existem cuidados a serem tomados antes de aplicá-la. São eles: 1 - Garanta que a fita foi pressionada. A maioria absoluta das fitas possuem tecnologia PSA (Pressure Sensitive Adhesive), ou seja, são adesivos sensíveis à pressão. Logo, eles não funcionarão devidamente, sem pressionamento; 2 - Verifique se o substrato (couro, vinil ou tecido) está limpo e sem contaminação de desmoldantes e outras substâncias que podem interferir na adesão. Se necessário, remova um eventual contaminante como uma leve abrasão;

3 - Verifique se a fita será utilizada para segurar, mesmo que temporariamente, dobras de materiais espessos e pouco flexíveis. Eles têm memória (tendência de voltar à posição original) e podem fazer com que a fita perca coesão (se transformar numa espécie de chiclete). Os técnicos de alguns fabricantes de fita podem auxiliar nesta solução ao propor outros tipos de fita com formulações de adesivos adequados à aplicação; 4 - Verifique a área de contato. Quando a superfície de contato onde a fita será aplicada for muito rugosa, é melhor trabalhar com espessuras maiores; 5 - Manuseie a fita com cuidado. Muitas vezes, vemos operadores colocarem as mãos, geralmente sujas ou contaminadas com substâncias, que inibem/diminuem o funcionamento da fita; 6 - Armazene a fita corretamente. Sempre em locais arejados, devidamente embaladas em sacos plásticos, em temperaturas amenas (de 20ºC a 25ºC). Não que temperaturas extremas podem estragar o adesivo da fita, mas podem aumentar ou diminuir a adesão inicial do produto. Se isto acontecer, basta aquecê-la ou resfriá-la que suas propriedades voltarão ao normal. A fita transferível usada no lugar da cola de contato ainda é algo muito novo, mas é possível perceber a rápida adesão desta aplicação nas empresas com limitações de mão de obra ou infraestrutura. Mas através de treinamentos e comunicação fornecidos pelos fabricantes de fitas, a projeção é que em pouco tempo ela substitua boa parte das aplicações de cola de contato que conhecemos. Quando observamos o uso de peças estampadas já adesivadas, este potencial de mudança aumenta ainda mais. Mas se você ainda não conhece a estampagem de peças adesivas com fitas transferíveis, não se preocupe, é simples. Basta que, através de uma calandra a quente, a fita seja transferida ao substrato (laminado sintético, tecido ou couro) e depois enviá-los ao processo de corte ou estampagem. Ou seja, no momento da montagem, não será preciso adesivar nada, apenas retirar o liner (papel protetor do adesivo da fita) e pronto. Você poderá economizar uma etapa no processo da sua empresa. Ao resumirmos o que foi dito acima, e com o apoio de especialistas, é possível que o processo na indústria de calçados ou artefatos entre em um novo nível de produtividade e segurança, mas para isto é preciso quebrar paradigmas, arriscar e inovar. São atitudes mais difíceis de se por em prática do que muitos desafios técnicos na linha de produção, mas são elas que, quando realizadas constantemente, criam as empresas mais resistentes às crises e preparadas ao crescimento. Por fim, para enfrentar o período turbulento que vivemos e nos prepararmos para o futuro, nada melhor que mudar e evoluir.

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ARTIGO Técnico

APLICAÇÕES DA TERMOGRAFIA Dr. Milton A. Zaro1; Dr. Aline Faquin; Luis Rosa Vieira; Dr. Rudnei Palhano1, Dr. Eduardo Wust1 e Dr. Felix Albuquerque2 1 - Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) 2 - Clínica Rodrigo Tagliari

Resumo O presente trabalho apresenta os princípios básicos de transferência de calor que são fundamentais para o entendimento da termografia e algumas aplicações industriais e médicas. São discutidos os fenômenos de condução, convecção e radiação, bem como parâmetros como a emissividade e sua importância para a correta interpretação da medida de temperatura por técnica de infravermelho (termografia). Como aplicações médicas é discutido, primeiramente, a aplicação da termografia na quiropraxia, uma vez que a temperatura variou antes e depois da manobra quiroprática, de modo a ser significativa esta variação em termos estatísticos. Também são apresentados casos de lesões em esportes, onde a variação de temperatura pode chegar a 3°C, mostrando um processo inflamatório significativo.

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Introdução Temperatura e calor são grandezas associadas, porém, distintas. Temperatura é uma variável difícil de definir rigorosamente do ponto de vista físico/matemático e, portanto, vamos trabalhar com fatos empíricos, ou seja, o quê ela representa e ao quê está associada, principalmente em termos do objetivo principal: a termografia e suas aplicações. A temperatura está associada a uma maior ou menor agitação dos átomos ou moléculas de um corpo. A noção de quente ou frio tem que ser usada com muito cuidado, e muitas vezes nos leva a interpretações errôneas, porque os nossos sentidos nem sempre são uma fonte confiável de informação. Também é comum encontrar-se a definição errônea de que calor é a energia térmica que transita de um corpo para outro, como decorrência natural da diferença de temperatura entre eles. Se isso fosse correto, durante uma mudança de estado (gelo para água, por exemplo), não haveria troca de calor, porque a mudança de estado ocorre sem mudança de temperatura, mas sabe-se que, nesse caso, calor latente está sendo produzido, para que esta mudança de estado possa ocorrer. O fluxo de calor ocorre do corpo de maior para o de menor temperatura. Todo corpo emite calor, exceto se sua temperatura for -273,15ºC, que corresponde ao zero absoluto. Nós necessitamos de calor para nosso conforto térmico, para fazer girar nossas indústrias e para preparar nossos alimentos. Contudo, em todos estes processos não medimos a quantidade de calor envolvido, sempre medimos a temperatura. A importância da temperatura é tal que um objeto pode ser avaliado por uma ampla gama de características físicas tais como dimensões, formato, peso, tipo de material empregado, aparência, densidade, condutividade elétrica etc. Contudo, nos processos industriais, a variável mais importante é a temperatura. Desta forma, podese dizer que a temperatura é uma das informações mais necessárias para a maioria das atividades envolvendo processo industrial, avaliação técnica ou mesmo um diagnóstico médico. Na medicina, uma variação inesperada na temperatura de um corpo pode ser indicativa de anomalia. Na engenharia, uma variação inesperada na temperatura de um equipamento pode indicar sobrecarga, mau desempenho ou ser prenúncio de falha iminente. Por outro lado, sabe-se, desde os primórdios da medicina, que temperaturas elevadas sugerem a presença de doenças e temperaturas localizadas, mais altas ou mais baixas do que o restante do corpo, são indicativos de anomalias localizadas (ADAMS, F, 1939). Sabemos, também, que a temperatura interna do corpo humano é 36,7ºC e a temperatura do corpo de um cão adulto situa-se ao redor de 39ºC. Na periferia do corpo dos seres vivos de sangue quente, pontos com temperaturas acima da média podem ser indicativos de inflamações localizadas ou tumores, e pontos mais frios podem ser indicativos de fratura, deficiência circulatória periférica ou necrose, além de outras tantas alterações prejudiciais ao organismo. A transmissão de calor entre locais diferentes, situados no mesmo meio ou não, é um dos fenômenos físicos mais comuns. Basicamente, ela acontece em três modos distintos: - Condução - Ocorre no interior do meio. O calor passa de um ponto para outro sem movimentação desse meio. É o caso comum da transmissão através de sólidos. - Convecção - O calor se transmite por partículas (moléculas etc.) do meio, que se movimentam de um local para outro. Ocorre com líquidos e gases. Convecção natural (ou convecção livre) é a que acontece sem ação de agentes externos. O movimento se dá pela diferença de temperatura entre partículas. Na convecção forçada o movimento é provocado predominantemente pela ação de agentes externos, como ventiladores, por exemplo. - Radiação - A transmissão ocorre sem contato físico entre os corpos, através de ondas eletromagnéticas de comprimentos de onda na faixa de 0,75 a 400μm (1μm= 10-6m = 0,000001m). Em muitos casos práticos, a transmissão de calor acontece com a ação simultânea dos três modos citados.

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ARTIGO A lei de condução do calor (ou lei de Fourier), mostrada na Fig. 1, estabelece que o negativo do fluxo de calor entre essas faces é diretamente proporcional à diferença de temperatura e inversamente proporcional à espessura:

Fig. 1 - Lei de condução do calor, onde Φq é o fluxo de calor (calor por unidade de tempo), ∆T é a diferença entre as temperaturas respectivas, Ta e Tb nas faces paralelas onde ocorre o fluxo de calor e k é a condutividade térmica, uma característica de cada material (pode ser facilmente encontrada em tabelas)

A Lei da Convecção pode ser expressa matematicamente da seguinte forma: o fluxo de calor (quantidade de calor por unidade de tempo) é dada pela equação 2:

*onde Tf é a temperatura final, Ti a inicial e o tempo está implícito no fluxo.

No caso de sua casa ou apartamento, qual é a posição mais eficiente para o seu ar condicionado no verão? E no inverno? E como fica o caso de uma lareira? Será que os dois fenômenos estudados, condução e convecção são suficientes para explicar o que está acontecendo em termos de troca de calor? Fenômenos naturais, do tipo brisas marítimas e terrestres, bem como ventos, além do fenômeno das correntes oceânicas, podem ser explicados pela convecção, como mostra a Fig. 2.

Fig. 2 - “Convecção é o tipo de transmissão de energia térmica em que essa energia é transmitida por massas fluidas que se deslocam de uma região para outra em virtude da diferença de densidade dos fluidos existentes nessas regiões”.

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Apesar de trabalharem com calor, produzirem máquinas térmicas, que por sua vez foram adaptadas para escala industrial, os cientistas (principalmente, físicos e engenheiros), não se deram conta de que o calor era um tipo de radiação eletromagnética. Ou seja, hoje o estudo da radiação térmica é apresentado nos livros de Física como parte do Eletromagnetismo. A Fig. 3 mostra o calor do Sol sendo transmitido no espaço e chegando a um planeta (Terra, por exemplo). Neste caso, o calor não precisa de um meio material para se propagar, seja um sólido ou um fluído. Esta é uma característica importante das radiações eletromagnéticas - elas se propagam no vácuo.

Fig. 3 - Propagação da luz do sol por radiação

Desde os tempos da antiga Grécia a natureza da luz havia sido motivo de grandes debates. Os filósofos gregos acreditavam que a luz ia dos olhos para os objetos, no entanto essa conceituação não permitia explicar a mudança da forma aparente dos objetos. Foi Anaxágoras (500 - 428 a.C.) a primeira pessoa que comprovadamente propôs que a Lua brilha por refletir a luz solar, explicando assim, suas fases e eclipses. Acreditava também que o Sol a as estrelas eram compostos de rocha incandescente e que não sentimos o calor das estrelas por estarem muito distantes. Seus manuscritos, considerados perigosos e radicais por desmitificarem o caráter divino dos astros celestes, eram distribuídos em segredo. Por volta do ano 1000 d.C., um matemático árabe chamado Alhazen reconheceu que a visão de um objeto se devia à reflexão e direcionamento da luz incidente em cada ponto do mesmo. Em sua explanação fica esclarecido que os raios emergentes do contorno de um corpo diminuem de diâmetro à medida que o mesmo se afasta dos olhos do observador. Também Leonardo da Vinci (1452-1519) fez observações envolvendo a luz e o calor. “Todos os corpos emitem raios. Isto é visto no Sol, que emite duas espécies de raios, primeiro os luminosos e segundo os de calor...” e “Se você colocar uma cuba cheia de água na fresta de uma janela, de maneira que a luz do Sol penetre nesta, você verá adiante cores formadas pela impressão da luz que passou pela água...”. Isaac Newton descreveu em carta à Royal Society sua experiência realizada em 1666, sobre a decomposição da luz solar ao atravessar um prisma de vidro, produzindo uma sucessão de raios coloridos: violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. A imagem alongada e colorida obtida foi por ele denominada “espectro” em alusão ao fato de que as cores estão presentes, mas escondidas, na luz branca. A existência da região infravermelha supõe-se ter sido descoberta por Landriani um pouco antes do ano de 1777, ele foi o primeiro a examinar um espectro solar correlacionando-o com a temperatura indicada por um termômetro. Investigações similares foram conduzidas por Rochon em 1776, e Senebier em 1785. Rochon encontrou um pico térmico na região laranja do espectro visível, e Senebier reportou ter encontrado no espectro amarelo. Uma referência explicita e clara da região do infravermelho coube ao astrônomo Frederick Willian Herschel (1732-1822) no ano de 1800. Herschel trabalhou a decomposição da luz branca. Detectou o infravermelho com termômetros (radiação infravermelha).

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ARTIGO A Fig. 4 mostra o espectro eletromagnético na faixa de luz visível e a correspondente faixa de comprimentos de onda; note que, após o vermelho, tem-se a região do infravermelho que corresponde à radiação térmica, invisível ao olho humano (certos animais podem ver nesta faixa, como as cobras – ou seja, as cobras “veem o calor” e com isso podem atacar suas presas). A radiação visível que conseguimos perceber corresponde a uma estreita faixa do espectro eletromagnético. Para cada “cor” do espectro, está associado um número chamado comprimento de onda.

Fig. 4 - Espectro eletromagnético na faixa da luz visível

Para o espectro eletromagnético este número varia desde alguns poucos décimos de bilionésimos de metro, para os Raios Gama e Raios-X, até várias dezenas de quilômetros para ondas de rádio. Isto mostra o quão pequena é a faixa que conseguimos ver. Na Fig. 4, 1nm equivale a 1 bilionésimo do metro, isto é, 1nm = 0,000 000 001m ou ainda 0,000 001mm. Quando energia radiante incide sobre um corpo, a energia é parcialmente absorvida, parcialmente refletida e parcialmente transmitida; considerando que somente a energia absorvida seja transformada em calor, caso não haja mudança de estado, ocorrerá um aumento de temperatura. Um corpo negro é aquele que absorve toda a energia que incide nele (você certamente já ouviu falar de buracos negros - corpos celestes que absorvem tudo que passa perto deles, devido ao seu campo gravitacional ser imenso e, portanto, a própria luz apresenta um comportamento que pode ser considerado idealizado, já que os materiais que conhecemos não se comportam dessa forma. A relação entre a temperatura e a radiação começou a ser descoberta em 1860 com Gustav Robert Kirchhoff, que propôs o conceito teórico de corpo negro, e em 1879 Joseph Stefan apresentou relações empíricas, que posteriormente foram validadas em 1884 por Ludwig Edward Boltzmann, ficando conhecidas estas relações como a Lei de Stefan-Boltzmann, que apresenta a distribuição de poder emissivo total de um corpo negro sobre todas as direções e em todos os comprimentos de onda, e que tem a forma (Eq.3). Ou seja, a energia irradiada pode ser escrita da forma:

*onde, σ = Constante de Stefan-Boltzmann = 5,670 x 10-8 W/m2. K4 é uma constante universal e ε é a amissividade do corpo (varia de 0 a 1)

Quando a radiação térmica incide num corpo, parte é refletida e parte absorvida. De um modo geral, corpos com cores mais claras tendem a absorver menos, ou seja, refletem mais a radiação; já os corpos escuros tendem a absorver mais a radiação. Como pode ser observado na equação de Stefan-Bolzmann (Eq.4), a radiação térmica absorvida é proporcional à área do corpo e à quarta potência da temperatura no entorno do corpo. Quando um corpo que se encontra a uma alta temperatura for colocado num envoltório a menor temperatura, ele emite radiação mais do que absorve e, consequentemente, sofre resfriamento, enquanto a vizinhança aquece com o calor recebido deste corpo. Passado um certo tempo, corpo e vizinhança tendem a um equilíbrio térmico, quando então a taxa de energia liberada será igual à taxa de energia absorvida. Se o corpo estiver numa temperatura T e o entorno numa temperatura To, pode-se escrever a energia irradiada Eir, segundo a equação:

Conforme já foi salientado, um corpo que absorve toda a radiação que incide nele, inclusive a luz visível por isso fica complicado visualizar buracos negros no caso dos astrônomos (já que a luz não é refletida como no

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caso da lua, por exemplo, nem emitida como no caso de estrelas convencionais), é chamado de corpo negro e, por convenção, atribui-se a ele uma emissividade igual a 1. Desta forma, um corpo negro pode ser considerado um irradiador ideal. Na prática, no nosso cotidiano aqui na Terra, diversos corpos possuem um comportamento muito próximo ao de um corpo negro. É o caso do veludo negro, de corpos de aço de baixo carbono pintados com negro de fumo (algo parecido com a fumaça preta emitida por uma vela ou por queima de óleo, por exemplo). No livro Experimental Methods for Engineers (Ed. Mc-Graw-Hill), J.P. Hollman propõe, entretanto, um dispositivo que se aproxima ainda mais de um corpo negro: uma cavidade com orifício cônico de aproximadamente 15˚, pintada internamente com negro de fumo. O fenômeno da radiação prevalece acima dos 600˚C, quando, então, a radiação emitida torna-se visível; abaixo de 600˚C, a radiação térmica encontra-se na faixa não visível - os comprimentos de onda da radiação estão na faixa do espectro não visível. É importante lembrar que a luz visível é uma onda eletromagnética, cujo comprimento de onda situa-se entre 400 e 700nm. Quando um corpo recebe energia e sua temperatura aumenta, sua energia emitida também aumenta - a energia irradiada está associada a comprimentos de onda cada vez menores à medida que a temperatura vai aumentando. Na faixa de 600°C a 700°C o corpo vai ficando com uma coloração vermelho escura. À medida que a temperatura aumenta, as cores vão se alterando, passando para o amarelo e em altas temperaturas (antes de fundir - no caso do aço, por exemplo) a cor torna-se praticamente branca.

Considerações sobre a emissividade A emissividade é a medida de quão bem um corpo real pode irradiar energia comparado com um corpo negro. A habilidade de emitir radiação pode depender de vários fatores como a temperatura do corpo e o ângulo em que a energia é emitida. Uma curiosidade interessante é que a emissividade da pele humana, independente de raça ou cor, é aproximadamente 0,98, ou seja, um valor muito próximo a 1, que corresponde a um corpo negro ideal. A emissividade é usualmente medida experimentalmente na direção normal à superfície e em função do comprimento de onda. No cálculo da energia irradiada por um corpo real, a emissão em todas as direções é necessária, e a emissividade é normalmente calculada fazendo-se uma média nas direções e comprimentos de onda. A seguir estão as diversas convenções para emissividade segundo Siegel e Howell, 1972.

Aplicação da termografia na quiropraxia Termografia infravermelha é a técnica que envolve o uso de dispositivos ópticos/eletrônicos para detectar e medir a radiação na faixa do infravermelho e correlacioná-la com a temperatura da superfície do corpo que está emitindo essa radiação. É uma modalidade de imagem que permite a investigação e o diagnóstico médico por meio da análise das alterações de temperatura na superfície do corpo. Trata-se de um método diagnóstico não invasivo, não radioativo e totalmente indolor, pois pode ser comparada a uma simples fotografia, onde se captura a radiação emitida ou refletida pelo corpo em estudo. O controle da temperatura corporal (termo-regulação) resulta numa distribuição simétrica de temperaturas nos dois hemisférios e qualquer assimetria térmica entre pontos distintos da pele (0,5 a 0,9°C) deve ser considerada como atípica e indicativa de uma possível disfunção do sistema nervoso central. Imagens termográficas consideradas anormais podem auxiliar no diagnóstico específico sem o auxílio de outros métodos, mas certamente, dependendo do caso em avaliação, pode constituir uma técnica combinada, para um diagnóstico mais preciso, consequentemente, contribuindo na compreensão da fisiopatologia associada. A quiropraxia é uma profissão da área da saúde que lida com o diagnóstico, tratamento e prevenção das desordens do sistema neuro-músculo-esquelético e dos efeitos destas desordens na saúde em geral. Dentre os tratamentos manuais, há uma ênfase em manipulação articular, para a qual o termo ajustamento é tradicionalmente usado. Através do ajustamento, o quiropraxista busca remover a subluxação vertebral, uma lesão ou

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ARTIGO disfunção em uma articulação ou unidade motora na qual o alinhamento, movimento, integridade e/ou função fisiológica estão alterados, embora o contato entre as superfícies articulares esteja intacto. Diversas pesquisas apontam para a hipótese de que diferenças de temperatura (assimetria) de um lado para outro na coluna vertebral podem ser indicativo de uma alteração somato-espinhal, condição essa que pode se beneficiar do ajuste quiroprático. Uma vez que a quiropraxia procura resolver as perturbações biomecânicas das articulações, e que a termografia é uma técnica que pode tornar mais preciso o diagnóstico e a evolução destas desordens, buscou-se nesse contexto identificar se as possíveis alterações termográficas observadas na coluna lombar pré e pós ajuste quiroprático são significativas. A amostra foi composta por 22 sujeitos do sexo masculino com idade média de 30 anos ±10 anos com histórico de lombalgia, selecionados de forma aleatória pelo pesquisador responsável. Os critérios de exclusão foram: histórico de doença grave, procedimento cirúrgico, trauma ou fratura recente e não concordância com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os sujeitos foram divididos em dois grupos: (a) grupo da intervenção, composto por 14 indivíduos, onde os sujeitos eram submetidos a manipulação vertebral lombar entre as análises termográficas e (b) grupo controle, composto por oito indivíduos, onde os sujeitos eram submetidos apenas à análise termográfica. Os sujeitos foram informados e convidados a participarem da pesquisa pelo autor desta pesquisa, de forma aleatória, em uma clínica de quiropraxia localizada em uma cidade do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul. Os procedimentos foram realizados no Laboratório de Biomecânica do IBTeC, em Novo Hamburgo/RS, que possui controle de temperatura (23±2)°C e umidade (50±5)%. Após a termalização, foi realizada a primeira coleta: uma imagem termográfica (Fig. 5 (a)) da região lombar de cada sujeito. Foi levado em conta o valor máximo da temperatura na região. O termógrafo estava posicionado sobre um tripé, a 1,0m de distância e ângulo de 90° do alvo (conforme sugestão do fabricante do termógrafo, em função das características do seu sistema focal). Em seguida, foi solicitado aos sujeitos que deitassem de bruços na maca de quiropraxia, onde o autor da pesquisa realizou o exame quiroprático da coluna lombar do paciente e, após identificação da área afetada, corrigiu as subluxações encontradas nos segmentos, utilizando o ajuste quiroprático.

Fig 5 - (a) antes do ajuste, (b) Imediatamente após ajuste quiroprático de um dos pacientes e (c) 20 minutos após ajuste quiroprático do mesmo paciente

Finalizado o processo de ajustamento quiroprático, foi realizada a segunda coleta de imagem termográfica (Fig. 5 (b)) da coluna lombar dos sujeitos da pesquisa. Após esse procedimento, os sujeitos da pesquisa retornaram para a posição inicial da coleta (sentado no banco sem encosto, com ambos os braços apoiados sobre uma mesa com as palmas das mãos viradas para baixo), aguardaram mais 20 minutos para realização da segunda imagem termográfica da coluna lombar (Fig. 5 (c)). O grupo controle foi submetido a duas aquisições: uma logo após o período de termalização e outra 30 minutos após esse período, sempre respeitando a posição inicial da coleta (sentado no banco sem encosto, com ambos os braços apoiados sobre uma mesa com as palmas das mãos viradas para baixo). Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS™ Versão 20.0. Através do teste Kolmogorov-Smirnov verificou-se distribuição normal para os resultados e logo após foi aplicado o Teste-t de Student com nível de significância de 95%.

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Os dados apresentados na Tabela 01 demonstraram uma diminuição média na temperatura lombar dos sujeitos do grupo controle (0,6°C), sendo que a média da temperatura dos sujeitos pré-intervalo de 20 minutos foi de 30,5°C e a média pós foi de 29,9°C. Na comparação estatística não foram encontradas diferenças significas (p=0,062).

Tabela 01- Medidas de temperatura pré e pós intervalo de 20 minutos

A Tabela 02 apresentou os valores de temperatura obtidos antes e depois do ajustamento quiroprático. Os valores médios da temperatura do pré-ajuste quiroprático foi de 30,7°C e pós-ajuste foi de 30,1°C. Na comparação estatística foi verificada diferença significativa entre as médias (p=0.009). Nota-se, ainda, uma diminuição da temperatura lombar na maioria dos casos. Verificou-se que os sujeitos número 1 e 4 não apresentaram qualquer variação de temperatura, fugindo do padrão apresentado pelo grupo da intervenção.

Tabela 02

Observou-se através dos dados da Tabela 01 diminuição entre as médias de temperatura pré e pós-período de 20 minutos, no entanto não foram encontradas diferenças significativas entre as médias (p= 0,062). Este comportamento era esperado, visto que os sujeitos da pesquisa do grupo controle não sofreram intervenção. Esta diminuição da média de temperatura dos sujeitos está relacionada com a perda de calor para o meio, visto que

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ARTIGO o ambiente laboratorial apresentava temperatura de 23°C e os sujeitos não estavam com vestimenta na parte superior. Em relação aos resultados da Tabela 02, verificou-se o mesmo comportamento do grupo controle, no entanto foi encontrada diferença significativa entre as médias de temperatura (p=0,009). Desta forma, através da análise estatística pode-se afirmar que o ajuste quiroprático apresenta influência na diminuição da temperatura superficial da pele da região lombar. Esse tipo de comportamento era esperado, porque, conforme ROY, 2006, diversos pesquisadores apostam na hipótese de que diferenças de temperatura de um lado para outro na coluna vertebral podem ser um indicativo de uma alteração somato-espinhal, condição essa que pode se beneficiar do ajuste quiroprático. Com base nos resultados obtidos, verificou-se que a terapia de ajuste articular foi efetiva porque a diminuição da temperatura da pele da região lombar em sujeitos com lombalgia foi significativa, o que indica o uso da quiropraxia em sujeitos com alteração somato-espinhal. Entretanto, é necessário ampliar a pesquisa para um número maior de sujeitos, a fim de obter resultados mais conclusivos.

Outros exemplos da termografia aplicada à área médica

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Ortopedia

Traumatologia

Fig. 6 - Imagem de paciente portadora de aparelho para correção de escoliose. A termografia sugeriu um processo inflamatório nos pontos onde se encontravam os parafusos de imobilização das barras. Imagem dos autores colhida em outubro de 2002, utilizando termógrafo de alta resolução. Diagnóstico do médico Felix de Albuquerque Drummon, na época chefe da medicina desportiva do Departamento de Educação Física, da Universidade Luterana do Brasil, LAFIMED/ULBRA

Fig. 7 - Imagem de paciente com distúrbios na região cervical, evidenciados por pontos gatilho ativados e manifestando queixa de enxaqueca. A imagem é dos autores e o diagnóstico é do médico Antônio Quintanilha, diretor da Clínica Quintanilha, de Porto Alegre. Foi feita em dezembro de 2002, durante a coleta de dados para pesquisa, no curso de especialização, da fisioterapeuta Clarice Sperotto dos Santos Rocha, na época, aluna da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEF/ UFRGS)

Traumatologia

Traumatologia

Fig. 8 - Imagem da região cervical do mesmo paciente mostrado na Fig 7, feita 15 minutos após aplicação de bloqueio anestésico. A imagem é dos autores e o procedimento foi do médico Antônio Quintanilha, diretor da Clínica Quintanilha, de Porto Alegre.

Fig 9 - Imagem da região lombar de paciente de 72 anos de idade, submetida à cirurgia de hérnia de disco. Pode-se observar, também, acúmulos de celulite evidenciadas pela coloração verde. A imagem é dos autores e o procedimento e diagnóstico é do médico Antônio Quintanilha, diretor da Clínica Quintanilha, de Porto Alegre. Foi feita em dezembro de 2002, para a pesquisa, no curso de especialização, da fisioterapeuta Clarice Sperotto dos Santos Rocha, na época, aluna da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEF/UFRGS)

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Medicina do Esporte

Fig. 10 - Termograma em atleta de judô, do Departamento de Esportes da Universidade Luterana do Brasil, ULBRA, com entorse de tornozelo. Podese observar ainda a assinatura térmica no ponto onde o atleta tinha apoiado o pé antes de se posicionar melhor para o exame. Imagem dos autores colhida em outubro de 2002. Diagnóstico do médico Felix de Albuquerque Drummon, na época chefe da medicina desportiva do Departamento de Educação Física, da Universidade Luterana do Brasil, LAFIMED/ULBRA

Medicina do Esporte

Fig. 11- Atleta de vôlei submetida à cirurgia reparadora de ligamentoplastia, do ligamento cruzado anterior do joelho. Imagem dos autores colhida em outubro de 2002. Diagnóstico do médico Felix de Albuquerque Drummon, na época chefe da medicina desportiva do Departamento de Educação Física, da Universidade Luterana do Brasil, LAFIMED/ULBRA

Referências bibliográficas Hodge Jr.S. Thermography and Personal Injury Litigation. Wiley Law Publications, 1987. Dillemburg JA. Avaliação do Sistema de Medição de Temperatura e do Campo Térmico Sob Forjamento a Quente em Condições de Oxidação Severa. 1999. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, PROMEC) - Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Halliday D, Resnick R, Walker J. Fundamentos da Física: gravitação, ondas e termodinâmica. v. 2, 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. Holst GC. Common Sense Approach to Thermal Imaging. Bellingham: JCD Publishing, 2000. Ring EFJ. The Historical Development of Temperature Measurement in Medicine. Infrared Physics & Technology, Workshop on Advanced Infrared Technology and Applications. v. 49, n.3, p. 297-301, 2007. Balbinot LF. Termografia computadorizada na Identificação dos Trigger Points Miofasciais. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2008. Fluke. Introdução aos Princípios da Termografia. Illinois: ATP, 2009. Sanches IJ. Sobreposição de Imagens de Termografia e Ressonância Magnética: Uma nova Modalidade de Imagem Médica Tridimensional. 2009. Tese (Curso de Doutorado em Engenharia Elétrica e Informática Industrial) - Engenharia Biomédica, Universidade Tecnológica do Paraná, Curitiba. Uematsu S. Quantification of Thermal Asymetry. Part 1: Normal Values and Reproducibility. Journal of Neurosurgery. v. 69, n.4, p. 552-555, 1988. Di Benedetto M. Foot evaluation by Infrared Imaging. Military Medicine. v. 167, n.5, p. 384-392, 2002. OMS. Diretrizes da OMS sobre a formação e a segurança em Quiropraxia. Organização Mundial da Saúde. Novo Hamburgo: Feevale, 2006. Chapman-Smith DA. Quiropraxia uma profissão na área da saúde: educação, prática, pesquisa e rumos futuros. São Paulo, SP: Anhembi Morumbi, 2001. Roy RA, Boucher JP, Comtois AS. Digitized Infrared Segmental Thermometry: Time Requirements for Stable Recordings. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. v. 29, n. 6, p. 468.e1-468.e10, 2006.

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ARTIGO Técnico

ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE COURO RECONSTITUÍDO EM UMA FORMULAÇÃO DE BORRACHA SBR Bruna Letícia Schneiders e Fernanda Carolina Froelich alunas do 3° ano do Curso Técnico de Química Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha (FETLSVC) Orientador: André Luis Viegas Professor do Curso Técnico de Química (FETLSVC) Coorientadora: Maria Angélica Thiele Fracassi Auxiliar de Ensino do Curso Técnico de Química (FETLSVC)

Resumo O presente artigo apresenta a pesquisa desenvolvida para viabilizar a confecção de compostos elastoméricos com Copolímero de Estireno-Butadieno (SBR), utilizando resíduos de couro reconstituído (RCR), oriundos do processo de reconstituição do couro, realizado em uma empresa do Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, a fim de proporcionar uma possível alternativa aos mesmos, já que estes não têm um sustentável fim atualmente. Na indústria do couro, há grande geração de resíduos curtidos ao cromo, elemento com grande potencial de toxicidade, quando descartado inadequadamente. A empresa estudada reaproveita esses resíduos. Porém, no processo, é gerado outro resíduo, que tem granulometria extremamente fina e, por isso, não pode ser reaproveitado simplesmente retornando ao processo de reconstituição do couro. Logo, para evitar que esse “resíduo do resíduo” seja armazenado em aterros especiais, foram desenvolvidas formulações em diferentes proporções de carga (caulim e RCR) na borracha SBR, sendo de 0, 25, 50, 75 e 100% em quantidade de massa e volume. Posteriormente, os produtos foram comparados à formulação controle de borracha SBR (100% caulim) por meio de testes físico-mecânicos e químicos, com o intuito de caracterizar e comprovar a possibilidade de substituição da carga nesta formulação. O RCR se apresentou compatível com a borracha SBR, mostrando que o mesmo pode estar presente em novas formulações desta. Verificou-se, ademais, que a formulação contendo 25% de RCR em volume pode ser aplicada na produção de lençóis de borracha. Esse destino representa uma alternativa, que torna o processo de reaproveitamento de resíduos de couro já desenvolvido por uma indústria ainda mais abrangente, além de causar a diminuição do seu descarte e gasto de envio à empresa especializada. Também, é importante enfatizar a importância de se evitar a extração de um mineral, o caulim, para posterior confecção da borracha.

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Introdução O desenvolvimento de produtos, assim como o aperfeiçoamento dos processos para maior produtividade e rentabilidade de indústrias em nosso país, estão em constante crescimento. Contudo, esses aspectos precisam estar alinhados com processos mais limpos, evitando ou minimizando os impactos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. O setor coureiro, que representa um expressivo segmento socioeconômico no Brasil, vem sendo cada vez mais aperfeiçoado e expandido. No entanto, este rápido crescimento acarreta, também, no aumento da poluição, devido ao cromo, que é utilizado em 90% do couro produzido no mundo, que pode ser oxidado e se transformar em um elemento extremamente tóxico (AMARAL, 2008), além de resultar no acúmulo de resíduos em aterros industriais com custo elevado. Pensando nisso, uma empresa da região do Vale do Sinos/RS, realiza, há aproximadamente 10 anos, um projeto, que atua no desenvolvimento de soluções para os resíduos sólidos de couro, provenientes de curtumes, resultando em um processo sustentável e rentável para ambas as empresas envolvidas. A empresa em questão destina os resíduos de couro cromado para um processo de reconstituição do couro, sendo este destinado, como por exemplo, para: solas de sapato, palmilhas, revestimentos de elementos decorativos (SOLUS TRENDS, p. 04, 2015). Nesse processo de reaproveitamento, o couro reconstituído passa por uma lixadeira, originando um resíduo, aqui denominado resíduo de couro reconstituído (RCR), que, devido a sua granulometria extremamente fina, não pode ser incorporado novamente ao processo, porque não apresenta as características de fibra, necessárias ao produto. É importante destacar que são geradas cerca de sete toneladas por mês desse resíduo, e que, para o seu correto descarte em um Aterro de Resíduos Industriais Perigosos (ARIP), é necessário gastar cerca de R$ 1.200,00 mensalmente e aproximadamente R$ 15.000,00 por ano (COSTA, 2015). Na produção da borracha SBR, uma das mais utilizadas no mundo, é empregado o uso de cargas (ELASTOTEC, 2015). A mais comum é o caulim, um mineral extraído da natureza (BRANCO, 2012). O entendimento da importância de encontrar um destino para o RCR e a minimização da extração do caulim foi a força motivadora deste projeto, cuja finalidade é o desenvolvimento de uma nova borracha com a incorporação desse resíduo, em substituição da carga original, que tenha uma aplicação e que seja capaz de se atingir o máximo de aproveitamento deste, de forma que se obtenha a mínima contaminação possível do ambiente por cromo. Dessa forma, foi desenvolvida uma pesquisa, buscando avaliar a possibilidade de utilização de resíduos de couro reconstituído (RCR), como carga, para produção de uma borracha à base de SBR, com aplicação em diferentes segmentos industriais. Com base nisso, foram determinadas algumas proporções da substituição da carga da borracha, para verificar a rentabilidade que o uso do RCR poderia gerar sendo utilizado como carga, substituindo o caulim em uma formulação de borracha, nas quais foram realizados testes comparativos com a formulação original.

Metodologia O delineamento da pesquisa foi: pesquisa bibliográfica, definição das formulações a serem produzidas, coleta e preparação dos materiais, processo de mistura dos componentes da borracha, vulcanização (e, consequentemente, fabricação dos corpos de prova), análise das propriedades dos produtos e, por fim, a conclusão da pesquisa. As proporções utilizadas para a substituição da carga foram de 0, 25, 50, 75 e 100% em quantidade de massa e volume, considerando a quantidade de carga na formulação original. Deve-se ressaltar que os demais componentes da mistura (borracha SBR, ativadores de vulcanização, antioxidante, pigmento, plastificante e agente de vulcanização) não sofreram alteração nas suas quantidades. Para evitar que o produto apresentasse bolhas ou imperfeições durante o processo e no produto, devido ao fato de que o RCR absorve umidade com facilidade, este foi seco em estufa, colocado em um dessecador e, após, armazenado em um pote de vidro. Como o resíduo ficou em forma de aglomerados, foi peneirado com uma abertura de 1,18mm. Após isso, foi feita a pesagem dos reagentes, os quais, posteriormente, foram submetidos ao processo de mistura em um Misturador Aberto. As borrachas cruas foram encaminhadas à uma Prensa Hidráulica FKL, durante um período de tempo de seis minutos, a temperatura de 175ºC e pressão de 150 lbf/pol² para vulcanização e moldagem nos corpos de prova, de acordo com cada teste a ser realizado. Os ensaios realizados foram: Teor de umidade do RCR por gravimetria, Densidade (em um Medidor de Densidade da marca Gehaka), Dureza Shore A (com base na norma BS EN ISO 868:2003), Deformação Permanente a Compressão (DPC, pela norma ISO 815-1), Resistência à Tração (segundo a norma ASTM D-412, sendo a velocidade do ensaio de 500mm/min). Ademais, foram feitos testes químicos e de absorção de água e óleo.

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ARTIGO Resultados e discussão Durante o processo de mistura, notou-se que as formulações que continham maior concentração de RCR em massa tornavam a coloração da borracha mais escura. Ademais, o resíduo se incorporava mais facilmente à borracha do que o caulim, fato observado através dos resquícios que caiam logo abaixo dos rolos do Cilindro. A umidade no RCR foi determinada em 3,72% em massa. Com o ensaio químico, foi possível perceber que nenhuma formulação reagiu com Acetona P.A., Éter Etílico P.A., Álcool Etílico P.A., Ácido Clorídrico P.A., Ácido Nítrico P.A., Permanganato de Potássio 1%, Ácido Fosfórico 85% P.A., Formaldeído P.A. e Acetato de Etila. Todas as borrachas confeccionadas reagiram ao Clorofórmio, amolecendo-se, com exceção das formulações 1, 2 e A. Também reagiram com o Ácido Sulfúrico P.A., tornando-se escuras e com o Tolueno P.A., elas incharam. Na presença de água e óleo de cozinha, não se observou nenhuma reação ou absorção da borracha por essas substâncias.

Tabela 01: Resultados obtidos através dos ensaios realizados Fonte: Schneiders e Froelich, 2015

A Tabela 01 apresenta os resultados obtidos nos testes de Densidade, Dureza Shore A, Deformação Permanente a Compressão, Tensão Máxima de Ruptura e Deformação Específica na Ruptura. Com os resultados das densidades, foi possível calcular mais precisamente a densidade do RCR. Foi encontrado o valor de 0,97g/cm³, aproximadamente. Pode-se perceber também que, quanto maior a quantidade do RCR, em massa na formulação, menor fica a densidade da borracha obtida. De acordo com a Escala de Dureza para Borrachas e Elastômeros (FINOCCHIO, 2015), a dureza de 40-60 Shore A mostra que um elastômero ou borracha é macio. Logo, pode-se concluir que as formulações realizadas apresentam maciez, com exceção da formulação C (que é considerada muito macia). Além disso, pode-se destacar que, à medida em que a quantidade de RCR aumenta, a dureza aparentemente tende a diminuir, embora o resultado para a dureza em 100% de RCR tenha sido mais elevado do que para 75%. Em relação ao teste de DPC, nota-se que, com a adição, em massa, do RCR na formulação, a deformação tende a ser maior, segundo as formulações 1, 2, 3 e 4, as quais consideravam a massa como proporção. Porém, com 100% RCR, a deformação foi menor que a comparada com a formulação de 75% RCR e 25% caulim em volume. Nota-se que nas formulações A e B, as quais consideravam o volume, obtiveram os resultados mais próximos à formulação original (P) do que as demais. As formulações A e B apresentaram desempenho na deformação específica na ruptura bastante superior em relação à formulação P (original), sugerindo que as formulações testadas apresentam melhoria nesse aspecto. As demais formulações foram inferiores nessa característica. Em relação à tensão máxima de ruptura, observou-se que a formulação A foi a que mais se aproximou da formulação original, sugerindo que o uso do RCR na proporção testada nesta formulação implica em menor alteração dessa característica, considerando o conjunto de testes realizados. Percebe-se, também, que nas formulações em que foi considerado o volume como proporção, isto é, as formulações A, B, C e D, há uma relação entre a dureza com a tensão de ruptura e a deformação específica na ruptura, isto é, quanto menor a dureza da borracha, menor o valor de tensão máxima de ruptura e maior a porcentagem de deformação específica sofrida na ruptura dos materiais. Os corpos de prova da formulação 3 e 4 não foram testados no ensaio de resistência à tração, pois eles mostraram ser, aparentemente, menos flexíveis

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e de fácil rompimento, caso tracionados. Isso pode ser notado e foi comprovado pelos resultados obtidos, posteriormente, pois as formulações anteriores a essas tinham uma deformação específica que regrediam.

Considerações finais

Chegou-se à conclusão de que pode haver uma diminuição de impactos ambientais, caso este resíduo seja reaproveitado, já que este deixará de ser acumulado em aterros industriais e, ainda, adquirirá valor, quando incluído a outro processo. A resposta da pergunta norteadora é positiva, já que os testes físicos e químicos realizados com o RCR demonstram que o material pode ser usado como carga em substituição ao caulim na formulação de SBR testada, pois ele é compatível com a mesma, comprovado no ensaio de resistência à tração. E este novo material poderá ser direcionado a diversos setores industriais, através da confecção de lençóis de borracha, material este que pode ter diversos fins, conforme as propriedades que possui, como, por exemplo, revestimento de bancadas, tapetes, cortinas industriais, entre outros usos. A partir dos demais ensaios realizados, foi comprovada a viabilidade do material obtido, isto é, a substituição do caulim pelo resíduo de couro reconstituído é viável, já que formulações com diferentes proporções de RCR, mesmo um composto com 100% em massa ou em volume de sua carga com RCR, possuem propriedades semelhantes ao composto original, mostrando que, dependendo de sua aplicação, este material poderá ser substituído em uma formulação original de borracha SBR. Os compostos de SBR da formulação A (25% de RCR e 75% de caulim em volume) apresentaram resultados físico-mecânicos semelhantes ou até mesmo superiores em relação à formulação original (P) como, por exemplo, no quesito de deformação específica na ruptura. Economicamente, a utilização do RCR como carga é viável. Considerando a formulação descrita, é possível afirmar que, para cada quilograma de borracha, podem ser incorporadas aproximadamente 30 gramas de RCR. Dessa forma, produzindo, aproximadamente, 218 toneladas de borracha SBR com o RCR mensalmente, todo o resíduo em estudo será devidamente destinado e, aproximadamente, 60 toneladas de caulim deixarão de ser extraídos da natureza. Além de que haverá a diminuição do gasto com a compra do caulim, sendo de R$ 1.640,00 mensais, e não será necessário gastar cerca de R$ 1.000,00 para destinar o RCR ao ARIP. Deve-se destacar, ademais, até o presente estudo, que o RCR deve estar isento de umidade acima de 3,72%, para ser adicionado na formulação, pois esta pode causar imperfeições e bolhas, danificando o produto. O máximo valor de umidade que pode estar presente no resíduo de couro reconstituído, para que este possa ser direcionado à indústria da borracha, necessita ainda ser determinado. Sendo assim, a produção destes lençóis de borracha será uma alternativa viável à empresa, já que esta deixa de gastar com o descarte dos resíduos gerados, aproximando-se ainda mais do aproveitamento total de resíduos coletados em curtumes e lucrar com a produção de um novo material, a borracha SBR.

Referências AMARAL, Luciani Alano, 2008. Alternativas para o tratamento de resíduos de couro curtido ao cromo - Hidrólise enzimática e ação bacteriana. (Dissertação de Mestrado), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em: <https:/ /www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/21255/000735085. pdf?sequence =1>. Acesso em: 26 abr. 2015. BRANCO, Renata, 2012. Usos do caulim na indústria. Disponível em: <http://www.manutencaoesuprimentos. com.br/conteudo/6849-usos-do-caulim-na- industria/>. Acesso em 23 ago. 2015. COSTA, Régis, 2015. Conhecendo o Projeto Solus. Rio Grande do Sul. Empresa estudada, 08 jul. 2015. Visita à empresa estudada sobre projeto proposto. ELASTOTEC, 2015. Borracha estireno-butadieno: características, compostos, aplicações. Disponível em: <http://www.elastotec.com.br/publicacoes_tecnicas/ELASTOTEC_ESTIRENO_BUTA DIENO.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2015. FINOCCHIO, Marco Antonio Ferreira. Dureza (escala para borrachas e elastômeros). Disponível em: <http:// paginapessoal.utfpr.edu.br/mafinocchio/disciplinas-da-graduacao/et35p-materiais-e-equipamento-eletricos/et35p-materiais-e-equipamento- eletricos/DUREZA.pdf>. Acesso em: 06 set. 2015. SOLUS TRENDS, 2015. Inspirações para o verão 2016. Portão, v. 2, n. 2, p. 01- 04, jan. 2015. Disponível: <https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF8#q=mk+qu%C3%ADmica+revista+n%C2%BA2+janeiro+2015>. Acesso em: 07 set. 2015.

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A ABNT 11 3017.3638 www.abnt.org.br pág. 67 ABRAMEQ 51 3594.2232 www.abrameq.com.br pág. 17 B BOXFLEX 51 3598.8200 www.boxflex.com.br pág. 02 C COLORGRAF 51 3587.3700 www.colorgraf.com.br pág. 51 COMELZ 51 3587.9747 www.comelz.com pág. 07 CONFORTO AGORA É MODA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 68 CONSULTORIA INDUSTRIAL 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 69 COUROMODA 11 3897.6100 www.couromoda.com pág. 63 D DÜRKOPP 11 3042.4508 www.durkoppadler.com pág. 15 F FEEVALE 51 3586.8800 www.feevale.br pág. 93 FIMEC 51 3584.7200 www.fimec.com.br pág. 66 FISP 11 5585.4355 www.fispvirtual.com.br pág. 45 FLEXNYL 15 3414.1300 www.flexnyl.com.br pág. 05 FOAMTECH 19 3869.4127 www.foamtech.com.br pág. 100 FRANCAL 11 2226.3100 www.francal.com.br pág. 36 G GUIA ASSOCIADOS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 86 I INSPIRAMAIS 51 3584.5200 www.inspiramais.com.br pág. 35 ISA TECNOLOGIA 51 3595.4586 www.isatecnologia.com pág. 31

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K KILLING 51 3586.8110 www.killing.com.br pág. 13 L LAB. CALOR E CHAMAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 71 LAB. LUVAS CIRÚRGICAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 70 LAB. MICROBIOLOGIA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 97 LAB. SUB. RESTRITIVAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 98 LINHANYL 15 4009.8700 www.linhanyl.com.br pág. 05 M METAL COAT 19 3936.8066 www.metalcoat.com.br pág. 23 MORBACH 51 3066.5666 www.morbach.com.br pág. 09 P PARCEIROS BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 56 POLLIBOX 51 3587.3502 www.pollibox.com.br pág. 02 PRÊMIO TOP DE ESTILISMO 11 2226.3122 www.francaltopdeestilismo.com.br pág, 46 PROAMB 54 3085.8700 www.proamb.com.br pág. 21 R RETILOX 11 4156.5460 www.retilox.com.br pág. 19 O OCM COUROS 51 3596.1057 www.ocmleathers.com pág. 99 S SEINCC 48 3265.2529 www.sincasjb.com.br pág. 55 SICC 51 3593.7889 www.sicc.com.br pág. 33 U UNDERCORP 51 3036.6080 www.undercorp.com.br pág. 53

ENTIDADES DO SETOR ABECCA (51) 3587.4889 ABEST (11) 3256.1655 ABIACAV (11) 3739.3608 ABICALÇADOS (51) 3594.7011 ABINT (11) 3032.3015 ABLAC (11) 4702.7336 ABQTIC (51) 3561.2761 ABRAMEQ (51) 3594.2232 ABRAVEST (11) 2901.4333 AICSUL (51) 3273.9100 ANIMASEG (11) 5058.5556 ASSINTECAL (51) 3584.5200 CICB (61) 3224.1867 IBTeC (51) 3553.1000 FEIRAS DO SETOR BRASEG (11) 5585.4355 COUROMODA (11) 3897.6100 EXPO EMERGÊNCIA (11) 3129.4580 EXPO PROTEÇÃO (11) 3129.4580 FASHION SHOES (16) 3712.0422 FEBRAC (37) 3226.2625 FEIPLAR (11) 3779.0270 FEMICC (85) 3181.6002 FENOVA (37) 3228.8500 FICANN (11) 3897.6100 FIMEC (51) 3584.7200 FISP (11) 5585.4355 FRANCAL (11) 2226.3100 GIRA CALÇADOS (83) 2101.5476 HOSPITALAR (11) 3897.6199 INSPIRAMAIS (51) 3584.5200 PREVENSUL (51) 2131.0400 40 GRAUS (51) 3593.7889 QUÍMICA (11) 3060.5000 SEINCC (48) 3265.0393 SICC (51) 3593.7889 ZERO GRAU (51) 3593.7889

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OPINIÃO Colunista Numa crise a oportunidade bate à porta

Rogério da Cruz Carvalho

Habitus Consultoria contato@habitusconsulting.com.br

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uitos daqueles que estão lendo este texto jamais passaram por uma crise econômica, financeira e de empregos como esta que estamos vivendo neste momento. Portanto, pode até parecer absurdo pensar que existem oportunidades em um momento de crise, mas exatamente no momento de desespero é que surgem propostas criativas que permitem que achemos alternativas viáveis para sobrevivermos e até mesmo muitas vezes crescermos. Ao repensarmos nossos negócios e tentarmos torná-los mais enxutos e sustentáveis estamos não apenas tentando salvá-los, mas também indiretamente nos tornando mais fortes e eficientes, mesmo com encolhimento e retração se necessário. Com a diminuição do ritmo produtivo e dos negócios, as ineficiências ou deficiências ficam mais claras e evidentes, as fragilidades do negócio e principalmente da administração se tornam transparentes e a falta de planejamento passa a ser muitas vezes uma situação evidente. As alternativas e oportunidades igualmente passam então a ser avaliadas. Somos capazes de identificar os consumos elevados de recursos como água e energia, os

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desperdícios no processo como produtos retrabalhados e descartados, e trabalhos desnecessários e ociosidade de colaboradores. A sustentabilidade do negócio passa a ser a razão primordial e o principal foco dos gestores. Eis que surgem então as alternativas. Sugestões de novos processos, novas fontes de energia e recursos. Desde que a atual e grave crise se avolumou, temos presenciado em clientes nossos algumas situações que deixaram claras as afirmações feitas acima. A identificação de vazamentos de água em volumes absurdamente elevados, por exemplo, permitiu a uma empresa de serviços a redução de 50% dos custos com o recurso. A análise de um processo produtivo de uma indústria de insumos permitiu a identificação do absurdo desperdício não contabilizado de 30% de retrabalho diário dos produtos, bem como a ineficiência da operação logística no carregamento da ordem de 80% puramente por problemas no processo. A necessidade permite que a criatividade aflore, que as deficiências possam ser corrigidas e que possamos, mesmo em muitos momentos regredindo, nos encolher e proteger até que o “tsunami” da crise se vá e um novo dia de sol surja no horizonte.

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PROJETOS

a edição anterior, divulgamos os três projetos vencedores dentre os 10 trabalhos de pesquisa realizados pelos alunos do curso técnico de curtimento da Escola de Curtimento Senai, de Estância Velha/RS apresentados na 39ª Fecurt - Feira de Ciência e Mostra Tecnológica, realizada pelo IST Couro e Meio Ambiente. Nesta edição, a Tecnicouro complementa a apresentação, exibindo o resumo de mais seis projetos exibidos.

mostrados na Fecurt Utilização de enzima e comparação de performance no artigo estofamento (I proc.) Autores: Rafael Noetzold, Henri Moreira Nogueira Orientadores: Felipe Santarini, Gerusa Giacomoll

Aplicação de técnicas de acabamento geral em superfície de couros Autora: Alessandra Schneider Lumertz Orientadoras: Gerusa Giacomolli, Tatiana Link

Avaliação da toxicidade do processo de curtimento ao cromo e ao tanino utilizando Allium cepa como organismo bioindicador Autores: Jackson Cardoso, Tuane Oliveira Orientador: Horst Mitteregger Júnior

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Resumo Cada etapa do processo de pós-curtimento tem sua respectiva importância. A lavagem dá inicio à fabricação dos couros favorecendo as etapas posteriores do processo. Neste trabalho foi feito o uso da purga ácida nessa etapa a fim de se obter algumas vantagens como limpeza da estrutura, abertura fibrilar, ganho de área e também proporcionar uniformidade aos couros produzidos. A purga ácida é elaborada através

Resumo A fim de utilizar diferentes técnicas de decoração na superfície do couro, foi realizado um trabalho que traria novas formas de se obter um bom aspecto visual. Desse mesmo modo, foi possível perceber como ocorre o desenvolvimento de uma estampa, seu processo de criação e fabricação. São inúmeras as técnicas envolvendo o processo de acabamento, com diferentes tipos de tecnologias aplicadas. Seja o efeito de queima com parafina, o splash com a pistola, ou até mesmo o tie-dye. Tendo em vista que muitos curtumes não têm tempo de criar ou desenvolver efeitos no acabamento, o trabalho apresenta algumas demonstrações de como as superfícies do couro podem ser trabalhadas de diversas formas. Um dos atributos e requisitos para um bom aspecto visual é

Resumo O uso de Allium cepa como organismo bioindicador tem sido descrito como de elevada confiabilidade, baixo custo e de fácil manuseio, sendo amplamente utilizado na avaliação do quadro de poluição ambiental e contaminação de efluentes por substâncias químicas oriundas de processos industriais, entre estes os produzidos pela indústria coureira. Neste contexto destacam-se o uso de produtos tóxicos como o cromo, utilizado para o curtimento de peles e formaldeído utilizado em sua conservação. O trabalho realizado avaliou a toxicidade entre banhos de curtimento mineral e curtimento vegetal utilizando A. cepa como organismo bioindicador, sendo avaliada a toxicidade das amostras uti-

de uma enzima e pode trazer consigo risco, quando não controlada, de degradação fibrilar, gerando com isso perda de resistência nos testes físico-mecânicos. O artigo testado requer grandes resistências em função do segmento ao qual se destina. Portanto serão aplicadas comparativamente as formulações com e sem a enzima ácida da purga. Após serão feitos testes de resistência e avaliados os resultados para evidenciar ou não a utilização deste insumo no artigo sugerido. a utilização de corantes e pigmentos. Para isso é necessário saber suas características e efeitos, afinal é perceptível a grande influência que uma boa estampa causa no aspecto visual do couro. Dessa forma, devese perceber a diferença entre os corantes e os pigmentos. Enquanto um proporciona a cor e mantém a naturalidade do couro, o outro apresenta um poder de cobertura e um aspecto mais artificial. É perceptível que desde a antiguidade o homem já possuía uma preocupação quanto a estética, seja nos detalhes das roupas, ou no enfeite do cabelo. Atualmente, a moda é um dos recursos utilizados para movimentar a economia mundial. Dessa forma, a moda também está presente nos acabamentos de couro, influenciando nos aspectos visuais e artísticos, buscando aproximar o artigo do cliente. lizando-se a medida do crescimento das raízes, além de determinações físico-químicas de diferentes elementos presentes em banhos de curtimento. Os resultados obtidos evidenciam a toxicidade das amostras analisadas e elevados valores de Demanda Química de Oxigênio (DQ0), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), nitrogênio amoniacal, nitrogênio total, óleos e graxas, formaldeído, alumínio total e um pH ácido. Os valores encontrados corroboram com os resultados encontrados nos testes de toxicidade com A. cepa e evidenciam a elevada carga poluente encontrada nas amostras analisadas, assim como a necessidade de tratamento deste efluente antes do lançamento em corpos hídricos, os quais devem obedecer a um enquadramento legal.

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Atuação das enzimas nos processos de ribeira (I Proc.) Autores: André Rogério da Silva, Carlos Viníccius Mendes Vieira de Lima e Vitor Guilherme Fogaça Orientadores: Horst Mittereger Júnior e Antônio Pederzolli

Gerando Energia com Efluentes (PA) Autores: Ediley Pimenta Evangelista, Fabio Araujo dos Santos e Wesley Dall da Silva Orientador: Antônio Pederzolli

Estudo preliminar de reaproveitamento de água em curtumes Autora: Caroline Finkler Orientadores: Antônio Pederzolli e Janete Schneider

Resumo Com a procura por tecnologias que minimizem o impacto ambiental da indústria coureira, vem aumentando constantemente a utilização de enzimas em seus processos. A utilização de produtos auxiliares é uma alternativa cada vez mais comum que, além de ser uma tecnologia mais limpa, acelera o processo produtivo. No trabalho buscouse avaliar a eficiência de enzimas utilizadas nos processos de remolho, depilação/caleiro e purga, sendo elaboradas formulações idênticas em percentual de produtos. Com este objetivo foram utilizadas cinco formulações: processo sem o uso de enzimas, enzima apenas no remolho, na depilação/ caleiro, na etapa de remolho e depilação/ caleiro e no processo de purga. Todas as amostras foram processadas até o curtimen-

Resumo O objetivo desse trabalho foi desenvolver um projeto de construção de um sistema rotativo acionado através da água da vazão de fluentes que vá auxiliar na geração de energia elétrica em um sistema de tratamento de efluentes. O gerador transformará a energia mecânica em energia elétrica que será armazenada para ser usada posteriormente no tratamento de efluentes. Com uma tubulação de PVC de 100mm de diâmetro para escoamento da vazão de água em curtumes de ribeira. Foi projetado um dispositivo rotativo com diâmetro de 1,5m x 0,30m de espessura, contendo 46 pás com 10° de angulação. A velocidade angular do eixo da roda é de

Resumo Há no planeta 70% de água, sendo que menos de 3% são adequadas para o consumo humano. A escassez de água é um dos maiores problemas ambientais iminentes da vida moderna. É por este motivo que a discussão acerca da busca por meios alternativos para o reaproveitamento do recurso é pauta cada vez mais recorrente na agenda do mundo empresarial, de órgãos ambientais e do próprio cidadão. O problema de escassez já é bem perceptível em várias regiões, para contornar essa situação é preciso diminuir o desperdício. No curtume, indústria que utili-

to. No processo de remolho foram utilizadas enzimas proteolíticas de origem bacteriana com 1200 a 1500 ULV/g de atividade enzimática. Na etapa de depilação/caleiro 50.000 ± 2.500 ULV/g e na etapa do processo de purga enzimas proteolíticas de origem pancreática de 5000 ULV/g. Após a aplicação dos processos, foi realizada a análise da estrutura fibrilar das diferentes amostras. Os resultados demonstram que os processos de remolho e depilação/caleiro com enzimas obtêm uma maior eficiência na remoção da camada epiderme e pelos em relação ao processo convencional (cal e sulfeto de sódio). Também foi observado a possibilidade de redução da concentração de sulfeto de sódio em relação à formulação tradicional, a qual ocorre sem o uso de enzimas no processo.

15 RPM, causada por uma vazão volumétrica de 4,1 L/s. O gerador transformará a energia mecânica em energia elétrica que será armazenada em baterias estacionárias, que em seguida o inversor de frequência converterá voltagem (V) em watts (W), podendo ser usada em voltagem 110W ou 220W. Foi calculada uma potência diária de produção de energia de 66,000W. Definidos os itens do projeto, calculou-se o valor de R$ 13.000,00 para custear todas as instalações. Conclui-se que a execução do projeto é economicamente viável uma vez que a geração de energia limpa e renovável indicará a redução de consumo de energia elétrica a partir da rede pública em curtumes de ribeira.

za grandes quantidades de água, o volume médio é de aproximadamente de 20 a 40m3 por tonelada processada. Reutilizando o efluente tratado como água nos processos, fazendo um ciclo dentro do próprio curtume, diminui-se consideravelmente o consumo de água potável, com isso gerando menos impacto ambiental e custo. O projeto consiste em verificar através de comparações entre empresas que fazem o reuso do efluente tratado no curtume, assim como empresas que não fazem essa reutilização, para comprovar as vantagens de fazer o reuso do efluente tratado dentro do curtume.

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COLUNAS proamb

feevale

25 anos oferecendo soluções ambientais

Pesquisas em couro visam à sustentabilidade

Comunicação Proamb

Patrice Monteiro de Aquim

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Fundação Proamb dissemina conhecimento, desenvolve tecnologias e gera soluções ambientais seguras capazes de transformar o mercado. Com esse compromisso, a entidade compartilha a comemoração de seus 25 anos de atuação. Fruto do voluntariado de um grupo de cerca de 30 empresários idealizadores, a entidade surgiu, de forma pioneira no estado do Rio Grande do Sul. Hoje, a Proamb opera com cinco negócios. O primeiro está localizado em Pinto Bandeira - a central de resíduos sólidos industriais, que há mais de 14 anos recebe resíduos classe I e classe IIA. Certificada com a ISO 14001, tornou-se modelo no Brasil devido ao seu processo operacional e controle ambiental. Projeto inovador e pioneiro no RS, a unidade de coprocessamento está instalada no município de Nova Santa Rita. A partir de resíduos sólidos industriais, produz a blenda que serve como combustível nos fornos de fabricação de cimento. A técnica disponibiliza uma alternativa nobre ao mercado com o aproveitamento energético dos resíduos e a não geração de passivos ambientais. Na área de assessoria técnica ambiental, a entidade auxilia empresas a melhorarem seus processos produtivos, minimizando seus impactos e garantindo uma gestão ambiental mais eficaz. Além disso, a Proamb promove seminários, workshops, oficinas e cursos, levando aos participantes capacitação técnica na área da sustentabilidade. Entre seus destaques está a organização da Fiema Brasil - Feira de Negócios e Tecnologia em Resíduos, Águas, Efluentes e Energia, que reúne o que há de mais atual em equipamentos, produtos, tecnologia e serviços. A próxima edição está marcada de 10 a 12 de abril de 2018 em Bento Gonçalves/ RS.

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Coordenadora do mestrado em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais da Universidade Feevale

O

grupo de Tecnologias Aplicadas ao Setor Couro, vinculado ao mestrado em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais da Universidade Feevale e liderado pela pesquisadora Patrice Aquim, vem desenvolvendo pesquisas que visam à sustentabilidade. Dentre essas, destacam-se: - Estudo de distintos processos de curtimento - uma alternativa para minimizar o impacto ambiental: com fomento do CNPq, a pesquisa visa à inovação no processo de curtimento de peles, por meio de novas propostas de curtimento que possam manter características fundamentais ao couro. - Otimização no processo de couros através de um sistema de gestão baseado no chemical leasing: o projeto propõe alternativas para tornar o processo de couros mais eficiente e sustentável. O objetivo é estudar os processos convencionais de curtumes, nos quais serão analisadas as correntes de entrada e saída do processo e, assim, propostas alternativas menos impactantes ao meio ambiente. A pesquisa também propõe a aplicação de tecnologias limpas em indústrias do ramo curtidor, por meio da otimização da formulação, da redução do uso da água, do reuso de água e da análise de produtos utilizados nas formulações. - Estudo da viabilidade técnica do resíduo de farelo de couro wet blue para formação de compósitos: o trabalho tem como objetivo avaliar a viabilidade técnica de agregar o resíduo de couro contendo cromo em outros materiais, com o intuito de encapsular o resíduo Classe I. Como esse mestrado é profissional, a Feevale estabeleceu um programa de incentivos para empresas interessadas em subsidiar pesquisas e estudos de seus funcionários. As pesquisas são desenvolvidas por alunos e docentes, que contam com uma moderna infraestrutura e laboratórios de ponta. Interessados podem obter informações pelo email pgmateriais@feevale.br.

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