Edição nº 297

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AGINDOEMCONJUNTOGERAMOS MELHORES RESULTADOS Fazer o necessário, mas fazer o necessário de maneira cada vez mais diferente, este é o desafio que se apresenta de uma maneira ainda mais contundente, em especial em um cenário de mercado retraído, que acaba levando o consumidor a ser ainda mais criterioso no momento de sua decisão de compra. Aspectos como o conforto, tema de uma série de reportagens que estamos concluindo nesta edição, em comemoração aos 15 anos do Laboratório de Biomecânica do IBTeC, é sem dúvida uma questão essencial que deve acompanhar de maneira natural todos os calçados que oferecemos aos consumidores finais. Mas como transformar algo essencial em um diferencial competitivo a nosso favor? Assim como o conforto, vários outros atributos que considerados requisitos básicos para tornar nossos produtos aptos a disputar mercados podem, sim, se tornar a chave do sucesso de um produto frente a seus concorrentes. Mas como fazer isso? Esta resposta não é fácil nem óbvia, exige um esforço contínuo de “pensar fora da caixa” e estarmos dispostos e preparados para sermos nosso principal crítico e incentivador. Não espere resultados fáceis, este caminho é longo e muitas vezes doloroso e frustrante, porém, será muito mais difícil de ser percorrido se isso for feito de maneira solitária ou egoísta. Cumprindo seu papel de instituição atuante e focada na inovação, o IBTeC promoveu juntamente com o Sebrae, a Abicalçados e a Assintecal, durante a Semana do Calçado, que ocorreu de 17 a 20 de outubro, seis diferentes eventos promovendo a competitividade das empresas a partir da disseminação de conhecimento, da colaboração e da geração e transferência tecnológica. O objetivo é disseminar a cultura de inovação, a fim de preparar, instigar e inspirar as empresas brasileiras do setor coureiro-calçadista para o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços, proporcionando diferenciais competitivos. Acreditamos que assim como os músculos de nosso corpo, a mente humana gera melhores resultados através do estímulo constante. Você não precisa ser o responsável pela grande inovação que vai mexer com a vida de todos, mas tem o compromisso de a cada dia melhorar o que faz e contribuir de maneira positiva e constante para a cadeia da qual faz parte, ajudando no presente a construir o futuro cada vez melhor.

Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo


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MERCADO Tecnologia e design na moda

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EXPEDIENTE

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AGENDA

REPORTAGEM ESPECIAL União pela competitividade

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NOTAS

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CB-11

INSTITUCIONAL Nanomateriais em calçados

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OPINIÃO

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ARTIGOS

TECNOLOGIA Proteção DuPont contra chamas

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GUIA

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CADERNO

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Conselho Deliberativo: Claudio Chies (Presidente) Conselheiros: Ernani Reuter, Jakson Fernando Wirth, João Altair dos Santos, Jorge Azeredo, Marcelo Fleck e Rosnei Alfredo da Silva Conselho Fiscal (Conselheiros): Eleno da Silva, Maria Gertrudes Hartmann, Renato Kunst e Ricardo Wirth Conselho Científico (Conselheiros): Dr. Alberto Carlos Amadio, Dr. Aluisio Otavio Vargas Avila, Dra. Deyse Borges Machado, Dr. Luiz Antônio Peroni, Dra. Mariliz Gutterres, Dr. Milton Zaro e Dra. Susana Cristina Domenech Presidente executivo: Paulo Griebeler Vice-presidente executivo: Dr. Valdir Soldi Institucional/Cursos/Eventos: Marcela Chaves da Silva (marcela@ibtec.org.br) Comercial - Gerente: Karin Becker (karin@ibtec.org.br) Consultorias - Consultor técnico: Paulo César Model (paulo@ibtec.org.br) Administrativo-Financeiro: Rogério Luiz Wathier (rogerio@ibtec.org.br) Projetos Especiais: Tetsuo Kakuta (projetos@ibtec.org.br) CB-11: Andriéli Soares (andrieli@ibtec.org.br) Laboratório de Biomecânica: Dr. Aluisio Avila (biomecanica@ibtec.org.br) e Dr. Milton Zaro (zaro@ibtec.org.br) Laboratório de Substâncias Restritivas: Janiela Gamarra (janiela@ibtec.org.br) Laboratórios Químico e Mecânico: Ademir de Vargas (laboratorio@ibtec.org.br) Laboratório de Microbiologia: Dr. Markus Wilimzig (markus@ibtec.org.br)

Jornalista Responsável e Editor: Luís Vieira - 8921-MTb/RS (luis@ibtec.org.br) Produtora Gráfica e Jornalista: Melissa Zambrano - 10186-MTb/RS (melissa@ibtec.org.br) Arte Final: Fábio Mentz Scherer (fabio@ibtec.org.br) Publicidade: Romeu Alencar de Mello (romeu@ibtec.org.br) Comercial: Simoni Jaroszeski (simoni@ibtec.org.br) Conselho Editoral: Ênio Erni Klein, Wanderlei Gonsalez, Milton Antônio Zaro, Luís Vieira, Ernesto Plentz, Mauro Sarmento, Janete Maino, César Bündchen e Evandro Sommer A Tecnicouro não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados ou pelo conteúdo dos anúncios, os quais são de responsabilidade dos autores. A reprodução de textos e artigos é livre desde que citada a fonte. Fundada em 1979 | www.tecnicouro.com.br Rua Araxá, 750 - Cx. Postal 450 - Telefone 51 3553.1000 - fax 51 3553.1001 Cep 93334-000 - Novo Hamburgo/RS ibtec@ibtec.org.br | www.ibtec.org.br


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2017 Janeiro COUROMODA 15, 16, 17 e 18 São Paulo/SP www.couromoda.com INSPIRAMAIS 16 e 17 São Paulo/SP www.inspiramais.com.br Março 40 GRAUS 06, 07, 08 Natal/RN www.feira40graus.com.br

FIMEC 14, 15 e 16 Novo Hamburgo/RS www.fimec.com.br

INSPIRAMAIS Data a confirmar São Paulo/SP www.inspiramais.com.br

Maio SICC 22, 23 e 24 Gramado/RS www.sicc.com.br

Setembro SEINCC 12, 13 e 14 São João Batista/SC www.sincasjb.com.br

Julho FRANCAL 2, 3, 4 e 5 São Paulo/SP www.feirafrancal.com.br

Outubro MAQUINTEX 03, 04, 05 e 06 Fortaleza/CE www.maquintex.com.br

Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.

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MERCADO


ACORDO

de parceria internacional A Retilox assinou acordo de confidencialidade, tecnológico e comercial, com a mais importante empresa produtora de compostos da Argentina, a Causer. A parceria estratégica, que foi apresentada no dia 05 de outubro, no hotel Panamericano, em Buenos Aires/Argentina, une forças mercadológicas e tecnológicas para prover a todo mercado Latino Americano, nos mais diversos segmentos, produtores/transformadores de artefatos de borracha com compostos de alto self live e com as mais avançadas soluções tecnológicas, de ato desempenho e menores custos globais. As soluções ainda mais competitivas ao mercado de borracha, a Causer apresentou em evento exclusi-

vo. No objetivo de demostrar toda a tecnologia que a Retilox desenvolve e disponibiliza ao mercado transformador de elastômeros e plastômeros, toda equipe de especialistas da Retilox, indústria 100% brasileira, líder em tecnologias para Cross Link, esteve presente no encontro, e junto com os técnicos da Causer, apresentaram as novas tecnologias e sua produtividade, qualidade e redução de custos globais, que ocorrem quando da substituição do enxofre por peróxidos orgânicos convencionais, utilizados no mercado. Estiveram no evento, aproximadamente 60 representantes das principais empresas argentinas de segmentos diversos, como calçados, peças técnicas e fios e cabos.

Lucro de R$ 151 milhões no terceiro trimestre do ano

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pesar de todos os desafios que as empresas enfrentam ao longo deste ano de 2016, a Grendene - líder nas exportações de calçados brasileiros pelo 14º ano consecutivo - encerrou o terceiro trimestre também com crescimento no lucro. De janeiro a setembro, a empresa acumulou um lucro líquido de R$ 388 milhões distribuindo R$ 203 milhões de dividendos. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Grendene, Francisco Schmitt, a empresa teve que superar muitas dificuldades para conquistar estes resultados. A queda no consumo de calçados, que segundo dados da Abicalçados caiu 11% no primeiro semestre de 2016, se refletiu na queda de volumes da empresa e o aumento de impostos, salários e inflação em geral pressionaram os custos. No mercado externo, a taxa de câmbio

menos favorável às exportações, um comércio internacional mais protecionista e a desaceleração econômica em muitos países foram os fatores negativos. Ainda assim, no terceiro trimestre de 2016, a empresa reduziu seus custos em 10,9%, as despesas operacionais em 12,8% e obteve margem líquida de 28,1%, um recorde para o período. Considerando que é sempre um desafio entregar lucros crescentes em uma conjuntura com mercado encolhendo e receitas em queda, o diretor avaliou positivamente os resultados. Nos primeiros nove meses do ano, um fator positivo foi a redução do Custo por Produto Vendido (CPV) em 10,9%, possibilitando a produção do mix de produtos com valores mais baixos, queda

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de preços em algumas matérias-primas e melhor produtividade. Por par, o CPV caiu 6,3%, passando de R$ 6,50 para R$ 6,09 neste trimestre, o que resultou em uma margem bruta de 49,3%, apenas 1 ponto percentual abaixo da margem bruta recorde de 50,3% obtida no ano passado. “Tendo em vista a conjuntura enfrentada consideramos os resultados obtidos bons, especialmente nosso desempenho no controle de custos e adaptação ao cenário econômico”, conclui Schmitt.

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CAMPANHA APRESENTA FOTO DIVULGAÇÃO

a tecnologia Impact Gel A Olympikus, marca esportiva do Brasil, lançou a campanha Impact Gel para mostrar sua nova tecnologia desenvolvida a partir do TPE, um polímero termoplástico que oferece conforto e segurança sob medida para os pés. Segundo a empresa, com o conceito “o impacto vai sumir sob os pés”. Para isso, as peças destacam o diferencial desta novidade, que traz duas lâminas de gel no solado dos tênis, garantindo uma melhor absorção no impacto. As peças publicitárias mostram um atleta correndo descalço sobre uma superfície em gel, que traduz a mesma sensação que o corredor terá ao correr com o produto que possui em seu solado a tecnologia Impact Gel. Além da TV, com filme de

30” nos intervalos comerciais do SporTV, foram produzidos materiais gráficos para anúncios, peças exclusivas de pontos de venda (ativadas em todo o Brasil) e conteúdos direcionados para as redes sociais. A tecnologia Impact Gel é oferecida em quatro produtos - dois para running (Sensation e Runway) e dois para fitness (Master e Powerfull). “Estamos sempre investindo em tecnologia e inovação para oferecer produtos de qualidade a nossos consumidores. Trouxemos a nova tecnologia Impact Gel para dois dos principais pilares esportivos da marca - o running e o fitness -, agregando mais performance aos modelos dessas linhas”, reforça Rafael Gouveia, diretor de marketing da Olympikus.

Parceria entre gigantes no segmento de insumos para couros

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Rhodia, empresa do Grupo Solvay, e a Buckman, empresa internacional de especialidades químicas, anunciam parceria na área de produtos intermediários químicos para a indústria do couro. Pelo acordo, a Buckman será a responsável pela customização e comercialização, com marca própria, dos produtos da linha Rhodiaeco®, da Rhodia, que são utilizados em diferentes etapas do processo de tratamento de couro, substituindo com van-

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tagens os produtos tradicionalmente utilizados pelos curtumes. Segundo Marlise Margaritelli, gerente comercial e de marketing da unidade de negócios Intermediários e Poliamida do Grupo Solvay, a parceria permitirá o aperfeiçoamento no atendimento às necessidades do mercado coureiro do País. “É um acordo que agregará valor ao fornecimento para a indústria couro, no qual a Buckman já possui uma forte presença técnica e comercial”, diz Marlise.

Para a Buckman, a parceria significa a ampliação da oferta de soluções de alta tecnologia e inovação, diz Luís Fernando Stertz, gerente de negócios da Divisão Couros. “Estamos muito satisfeitos em realizar esse acordo com a Rhodia, que viabiliza soluções de alto desempenho para o setor couro, totalmente alinhadas aos nossos produtos. As duas empresas têm trabalhado para o desenvolvimento sustentável da indústria do couro”, acrescenta Luís Fernando.


COLUNA

EPIs

A essência dos EPIs

Marcos Braga de Oliveira

Técnico Químico da divisão de EPIs – Luvas e Vestimentas do IBTeC

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onscientização, essa palavra poderia se enquadrar na mesma categoria de modismo da palavra “inovação”, apresentada no primeiro texto desta coluna (edição jul/ago - 2016). Contudo, modismo aqui não está sendo empregado no sentido pejorativo adquirido através das inúmeras críticas ao mundo da moda e da tendência do descartável e rapidamente substituível. Aqui se emprega o sentido de modismo conforme o dicionário, de algo que está em foco no momento, e tanto inovação quanto conscientização sem dúvida estão. Contudo, a pergunta feita é a respeito da relação entre essas duas palavras que nortearam os textos desta coluna. Quando se investe em qualidade e conforto, isso se faz através de processos de inovação na fabricação e se espera um ganho financeiro e/ou competitivo. Para cada risco existente - ou pelo menos para a maior parte deles - que o funcionário está exposto no meio de trabalho, a Portaria Nº 452 do Ministério do Trabalho (MTe) descreve os ensaios a serem realizados e as normas aplicáveis, e juntas elas determinam os níveis mínimos de proteção que devem ser oferecidos aos usuários. Mas qual a proteção que o funcionário tem quando não está utilizando o equipamento de proteção (EPI) adequado? É à luz dessa questão que entra a conscientização. Cada vez mais comum no meio midiático, quando aplicada aos EPIs, o caminho a se percorrer é longo. Vivendo às sombras, muito por parte do conforto já comentado nesta

coluna e por uma despreocupação por parte das gerências, a segurança dos trabalhadores foi, em diversos momentos da história (recente) da indústria, deixada de lado. Engana-se, porém, quem delega total responsabilidade para as gerências. A falta de consciência dos funcionários sobre os perigos aos quais estão expostos é grande. Muito disso ligado a ideia do “eu sei o que estou fazendo” ou “eu faço isso há anos”, “nada vai me acontecer, conheço cada detalhe aqui”. Relacionar os riscos submetidos no trabalho com as normas exigidas pelo MTe é simples. Isso não vai de encontro ao que já foi discutido no primeiro texto desta coluna sobre o “abismo” existente entre a realidade da tarefa e os ensaios normativos. A realidade amplia de uma forma que tende ao infinito as possibilidades de risco, e as normas caem na preocupação de avaliar o mais corriqueiro. Os números expressos abaixo de um pictograma e o número do Certificado de Aprovação (CA) no EPI não informam apenas a legalidade do produto no mercado, mas descrevem quase que um seguro de vida: ele pode ser falho, tudo sempre pode, mas sempre será superior ao nada. Investir em qualidade e conforto resulta em ganho competitivo e/ou financeiro para indústria através de um processo de inovação. Investir em conscientização (além dos ganhos financeiros com a venda de mais artigos) resulta no ganho mais importante de todos: a vida e o futuro de muitos trabalhadores e de seus postos de trabalho.

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NOVO DESIGN

e novas tecnologias A s botas e tênis ocupacionais da linha Premier da Marluvas ganharam novos modelos Plus, desenvolvidos com as mais inovadoras tecnologias. Indicados para utilizar em áreas administrativas, indústria de baixo risco e para o lazer, bem como para práticas de esportes leves e atividades ao ar livre trazem opções de calçados em couro nubuck repelente a água, disponíveis em várias cores, além do couro nubuck resistente a óleos e graxas. As forrações especiais Climatech mantêm os pés climatizados durante todo o dia enquanto a tecnologia DryOut Water Proof é 100% impermeável. O fechamento é em cadarço com ilhós e ganchos

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passadores em náilon rígido livre de metais e máxima proteção. O solado em PU bidensidade com injeção direta no cabedal garante conforto e flexibilidade, além de possibilitar amortecimento com absorção de impactos na entressola e no calcanhar. O sistema em TPU Anti Torsion oferece maior sustentação ao tornozelo, o que resulta em estabilidade evitando acidentes.

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Expectativas de recuperação da economia animam os

FOTO DINARCI BORGES/DIVULGAÇÃO

realizadores

ZERO GRAU EXIBE AS TENDÊNCIAS

para o inverno 2017 E m um cenário de expectativas de retomada da economia, os lojistas de calçados e artefatos terão na Feira de Calçados e Acessórios (Zero Grau) a primeira oportunidade para conhecerem as coleções da indústria para o outono e inverno do próximo ano e renovarem seus estoques com os produtos que vão compor as vitrinas durante a estação fria. Esse momento de retomada deve refletir em negócios durante a feira que acontece de 21 a 23 de novembro, em Gramado/RS, pois os lojistas, percebendo esta tendência, se sentirão mais confortáveis para realizarem seus pedidos e se preparar para as vendas da próxima estação. Em torno de 300 expositores, responsáveis pelo desenvolvimentos e produção de mais de 1.500 marcas, expõem suas propostas na mostra - dentre elas as principais grifes brasileiras do setor. “Segundo a Merkator, empresa realizadora da feira, a expectativa da indústria é garantir a produtividade das fábricas em um período considerado de menos volume, os primeiros três meses do ano. Isso significa garantir a rentabilidade e também os empregos de uma indústria intensiva no uso de mão de obra. “Um resultado positivo

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na Zero Grau será fundamental para a indústria, que iniciará 2017 com uma perspectiva de crescimento que fará diferença em todo o ano”, ressalta Frederico Pletsch, diretor da Merkator Feiras e Eventos, empresa realizadora da mostra.

Importadores: representantes de mais de 40 países devem visitar a feira A Zero Grau é também uma oportunidade para as empresas brasileiras interessadas em exportar. Pois, durante os três dias da mostra, compradores de mais de 40 países circularão pelos corredores dos pavilhões do Serra Park vindos a convite da promotora. Foram mais de 100 convites (41 apenas a compradores de países da América do Sul, como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia e Equador. Foram convidados ainda 25 razões sociais da América Central e três da América do Norte, que representam o principal mercado consumidor dos calçados e acessórios brasileiros no exterior). Fora das Américas, a organização da feira convidou seis comerciantes africanos, dois asiáticos, 15 europeus e outros 17 do Oriente Médio.

Países como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que vêm aumentando seus pedidos das empresas brasileiras, também estão representados. “Queremos dar a oportunidade para que o empreendedor brasileiro possa exportar para mais países, conhecendo novos mercados, e também aqueles que já vêm exportando possam solidificar parcerias”, destaca Pletsch. Cerca de 60 empresas brasileiras interessadas em exportar aderiram ao projeto da Merkator. “O mercado internacional tem sido uma ótima alternativa para as marcas brasileiras, que estão se consolidando lá fora. Esse é um projeto que cresce a cada edição da feira”, ressalta Pletsch. Parceiros - A Zero Grau conta com o apoio do Sindicato da Indústria de Calçados de Estância Velha (Sicev), Sindicato da Indústria de Calçados de Ivoti (Sici) Sindicato da Indústria de Calçados de Igrejinha (Sindigrejinha), Sindicato da Indústria de Calçados de Novo Hamburgo (Sic-NH), Sindicato da Indústria de Calçados de Parobé (Sindicap), Sindicato da Indústria de Calçados de Sapiranga (Sics) e Sindicato da Indústria de Calçados, Componentes para Calçados de Três Coroas (Sictc).


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FÁBRICA CONCEITO TERÁ RHODIA E BASF

como patrocinadoras máster A

FOTO LUÍS VIEIRA

41ª edição da Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes (Fimec) vai acontecer de 14 a 16 de março nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo/RS, tendo como destaques novidades nos projetos Fábrica Conceito e Estúdio Fimec, que visam à produtividade e à sustentabilidade das indústrias através da tecnologia e transferência de conhecimento. Os detalhes foram apresentados à imprensa pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Coelho Assessoria Empresarial, Studio 10 e Fenac durante coletiva com a imprensa realizada no dia 26 de outubro. O diretor-presidente da Fenac, Roque Werlang, destacou que os projetos valorizam a feira e são oportunidades para a potencialização de negócios “especialmente por serem ferramentas de divulgação, uma vez que apresentam produtos e processos inovadores dos expositores”. A Fábrica Conceito oportunizará aos visitantes acompanhar em tempo real o funcionamento de linhas de produção de calçados (masculinos e femininos), tendo ainda o privilégio de visualizar em primeira mão a apli-

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cabilidade de diversas inovações tecnológicas nos materiais e equipamentos usados nos processos e interagir com os respectivos técnicos para obter informações adicionais. Ampliado em 25% da sua área num comparativo com o espaço da edição do ano passado, e tendo a Rhodia e a Basf como patrocinadoras, o projeto terá como foco a tecnologia como fator para o aumento da produtividade. O presidente do IBTeC, Paulo Griebeler, destacou que esta é uma grande oportunidade para os parceiros do projeto, pois o estande é sempre muito bem visitado por empresários e técnicos, o que garante a visibilidade das tecnologias e materiais utilizados ante um público realmente qualificado, que vem para a feira focado em ver as novidades apresentadas pelos expositores e acabam se certificando como elas se comportam ao longo da linha de produção, o que potencializa as chances de negócios. “A Fábrica Conceito é uma ação única nas feiras do setor, nenhum outro evento no mundo conta com algo semelhante”, afirmou Griebeler. Luís Coelho acrescentou que o aumento na área física do projeto facilitará aos realizadores mostrar as etapas da produção dos calçados, e consequentemente o funcionamento das máquinas, equipamentos e serviços, bem como o uso de materiais. Em torno de 60 profissionais

trabalharão nas esteiras de montagem para a produção de duas linhas de calçados femininos - uma em couro e outra em PU, uma linha de calçados masculinos em couro, sendo que parte deles terá a sola de PU injetada diretamente no cabedal. Haverá ainda uma linha com calçados femininos com cabedal de alta frequência. Parte destes colaboradores são profissionais que estão fora do mercado de trabalho e recebem uma oportunidade para mostrar o seu conhecimento e desempenho. Uma novidade é a presença também de alunos do curso de técnico em calçados, do Senai, como incentivo para os jovens que escolheram se profissionalizar para atuar no setor. A Fábrica contará com a parceria da Usaflex para desenvolver os modelos femininos, e da Pegada para criar as peças masculinas, além de mais de 60 marcas de máquinas e componentes.

Estúdio Fimec Assinado por Studio 10 e Coelho Assessoria Empresarial, é o espaço dedicado à experiência de moda, projetando as novidades para 2018 e criando momento de interação e experiência ao visitante, que terá contato com produtos construídos a partir de pesquisas de moda baseadas no comportamento do consumidor. O tema central será o comportamento do grupo denominado Essenciais que busca a representação do ser e não do ter, e ainda valoriza o tempo, a desconexão do mundo digital e consumo consciente. Segundo o estilista e diretor do Studio 10, Christian Thomas, existe um anseio pela sustentabilidade, tranquilidade e qualidade de vida e as marcas precisam perceber o que os consumidores estão querendo.


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O salão acontecerá nos dias 16 e 17 de janeiro em São Paulo/SP

15º INSPIRAMAIS ANTECIPA O QUE O

mercado verá na moda 2018 A 15ª edição do Inspiramais - Salão de Design e Inovação de Componentes ocorre nos dias 16 e 17 de janeiro, no centro de eventos Pro Magno, em São Paulo/SP, trazendo as novidades em materiais e componentes para indústria confeccionista e de calçados, com a presença de compradores da América Latina, Estados Unidos e Europa. Junto com os negócios, que na última edição somaram mais de US$ 2 milhões, uma série de projetos e lançamentos colaboram com o fortalecimento do conceito de uma moda genuinamente brasileira, que agrega inovação por meio de design, tecnologia e sustentabilidade - além de auxiliar as empresas de uma forma global: desde a pesquisa conceitual até a comercialização de produtos - motivo de resultados e posicionamento internacional de nossas empresas. Os profissionais da indústria de toda a cadeia ligada à produção de moda brasileira (calçados, acessórios, couros, têxtil, joalheria, móveis e ar-

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tefatos, entre outros) terão a oportunidade de conhecer os mais de 700 lançamentos de matérias-primas que irão compor os produtos das vitrines do verão 2018, além da antecipação para o inverno do mesmo ano. Milton Killing - presidente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal) - conta que o Inspiramais é o único salão na América Latina a suprir esta lacuna no mercado: a antecipação de pesquisas, referências e matérias-primas para fabricantes. “É o espaço em que fabricantes, profissionais e interessados em moda têm o primeiro contato com as novidades desenvolvidas pela indústria brasileira de componentes para as próximas estações”, considera.

Têxteis A edição de janeiro contará com um espaço exclusivo para os expositores têxteis e a ampliação do projeto + Estampa, com seis estúdios de estamparia, agregando também oportuni-

dade para que produtores de componentes têxteis participem da próxima edição. A parceria da Assintecal com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) tem, entre os objetivos propostos, que ambas as entidades desenvolvam juntas projetos que beneficiem e fortaleçam a indústria da moda em todos os seus elos, unindo, desta forma, a expertise de dois diferentes setores – o de componente e o têxtil.

A sustentabilidade ganhará um espaço especial O tema sustentabilidade, cada vez mais em pauta no dia a dia das empresas, recebe destaque no evento. A proposta é difundir as ideias sustentáveis em todo o processo de desenvolvimento de materiais dos fabricantes de componentes. Mix by Brasil, Origem Sustentável, EcoDesign e Saberes Manuais são alguns dos projetos que ganham destaque e novos olhares dentro do tema sustentável.


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FISP: PLATAFORMA DO SETOR DE SAÚDE E

segurança no trabalho A seg, Animaseg e Sindiseg. O diretor comercial da Cipa Fiera Milano, Rimantas Sipas, destacou que o objetivo é disseminar a cultura prevencionista. “A prevenção é a variável mais importante quando avaliamos os acidentes de trabalho. Nossa atuação, como organizadores, é fazer com que o mercado tenha acesso às melhores práticas e tecnologias disponíveis para que as empresas possam se conscientizar e implementar políticas eficientes. Só assim teremos, de fato, uma redução nos acidentes de trabalho no Brasil”, destacou.

IBTeC realizou palestra no Techshow A programação do Techshow apresentou palestras com o objetivo de proporcionar aos visitantes conhecimento sobre produtos em exposição e atualização tecnológica. Eduardo Wüst, coordenador do Laboratório de Biomecânica do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), destacou a impor-

FOTO DIVULGAÇÃO

21ª edição da Feira Internacional de Segurança e Proteção (Fisp) aconteceu entre os dias 05 e 07 de outubro, em São Paulo/SP. Visando ao fortalecimento de vínculos entre saúde, segurança ocupacional e a conscientização das políticas de prevenção a acidentes, a mostra proporcionou aos visitantes ocasiões para a atualização e o aprimoramento profissional, além de oportunidades de negócios para os representantes do mercado de equipamentos de proteção individual (EPI). Nos três dias, foram apresentadas novidades e tecnologias voltadas à prevenção de acidentes para trabalho com risco de queda, risco elétrico, risco de corte e em local confinado, além de inovações para o segmento de vestimentas especiais retardantes à chama, tecidos ecológicos, luvas de segurança e calçados especiais para diversos setores e aplicações, entre outros. O evento bianual é promovido pela Cipa Fiera Milano, com realização de três entidades setoriais: Abra-

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tância do conforto em EPIs calçados para a saúde e a performance dos trabalhadores. Ele lembrou que o Brasil é pioneiro na criação de normas técnicas para quantificar o nível de conforto proporcionado pelos calçados, e as mesmas são atualizadas pelo comitê CB-11 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). São cinco normas qualitativas para a avaliação das propriedades relacionadas à massa, ao ângulo de pronação, à distribuição da pressão plantar, ao índice de amortecimento e à temperatura interna do calçado, além de uma norma qualitativa relacionada ao feedback do usuário sobre o produto testado. Também enfatizou que o calçado de segurança e proteção deve ser confortável e funcional, em qualquer circunstância, e que além destas normas para avaliar os calçados, existem outras três relacionadas ao conforto proporcionado por palmilhas, forros e solados e outra específica para fôrmas. “As características antropométricas dos pés dos homens são diferentes dos das mulheres, e mesmo dentre os gêneros masculinos ou femininos existem pés delgados, normais ou robustos e o ideal é que se tenha diferentes perfis de fôrmas para cada numeração contemplando o maior número possível de pessoas”, sugeriu o palestrante. O IBTeC congrega o mais completo complexo de laboratórios em benefício de todo o sistema coureiro-calçadista nacional e atende a diversos setores. A área de EPI tem sido uma das que mais recebem investimentos na atual gestão, que tem como política a modernização do parque tecnológico para aumentar cada vez mais o escopo de serviços de forma a antecipar as demandas do mercado com o ojetivo de oferecer as soluções necessárias.


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NOTAS MAGIA E A ARTE A Preciosa Crystal Components se destacou na passarela de Samuel Cirnansck no SPFWtransN42 lançando sua primeira coleção resort com peças bordadas com cristais. Os looks do criador se complementaram por acessórios exclusivos, desenvolvidos pelo shoe designer Jorge Bischoff. A linha trouxe desde sandálias de salto alto até ofuscantes clutches valorizadas pelo cristal.

RELEITURA

EDIÇÃO ESPECIAL Depois do sucesso da edição limitada dos tênis metalizados, a Olympikus agora se une à estilista Carol Bassi para lançar uma nova cor do modelo, que já virou hit. O Cool Yo, aparece na cor rosa, um dos tons mais quentes da temporada.

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Massimo Giorgetti, diretor criativo da Emilio Pucci, vem trazendo a cada coleção ares mais fresh para a marca sem deixar a sua forte essência de lado. Em seu Pre Fall não é diferente e as famosas estampas da grife italiana passam por uma releitura, ganhando novas grafias e ainda mais personalidade. Inspirada nos mosaicos da Catedral Monreale, localizada perto de Palermo, na Itália, a estampa Monreale se destaca na coleção. Com variações de cores, o desenho aparece em saias, tops, vestidos e até mesmo nos desejados acessórios da marca: bolsas, carteiras, sapatos e sneakers.


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COLUNA Moda Tendências casuais no look masculino:

cada vez mais um híbrido para a primavera-verão

ALDO BRUE

Gabriella Laino

Foto Shoe Group/Itália

ANTONIO MARRAS

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ara a temporada quente no Hemisfério Norte em 2017, o tênis se torna mais sofisticado com a combinação de diferentes materiais, como couros requintados e o uso de detalhes clássicos como franjas inspiradas nos mocassins. Tanto os mocassins clássicos quanto os calçados esportivos surgem em solados de borracha de aparência única, numa reinterpretação do estilo casual para os homens.

GIANFRANCO LATTANZI

GIANFRANCO BUTTERI

NAZARENO CARELLI FENDI

BOTTEGA VENETA

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FOTO SHOE/DIVULGAÇÃO

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IMAGENS LUÍS VIEIRA

REPORTAGEM


setor unido pelo aumento da competitividade das indústrias

SEMANA DO CALÇADO A

Colaboraram Melissa Zambrano, Raquel Guimarães, Diego Rosinha (assessoria de imprensa da Abicalçados) e Agência Cápsula (assessoria de imprensa da Assintecal)

de; - FF Meeting encontro de parceiros; - Conexão Inspiramais Verão 2018; - 2º Fórum IBTeC de Inovação. Na avaliação do presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, a iniciativa - que contou com o apoio da cadeia de fornecimento e empresas de base tecnológica, de universidades e parques tecnológicos, de órgãos governamentais de incentivo a pesquisa e inovação tecnológica e das demais entidades setoriais - foi bem recebida pelos empresários e profissionais. “O setor percebe que, independentemente do modelo de negócio, para vencer os desafios e aproveitar as novas oportunidades que começam a surgir com a economia brasileira dando sinais de recuperação é necessário buscar parcerias para se atualizar e investir em pesquisa e inovação. Os eventos ofereceram tudo isso e possibilitaram aos participantes adquirir novos conhecimentos, além de ampliar a rede de contatos e a troca de experiências”, considera.

FOTOS LUÍS VIEIRA

Semana do Calçado, que aconteceu de 17 a 20 de outubro em Novo Hamburgo/RS, teve como principal propósito promover a competividade e a sustentabilidade do setor, repensando a matriz produtiva na busca de soluções para lacunas tecnológicas existentes. Durante o período, o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), uniram suas expertises para realizarem seis diferentes eventos promovendo a competitividade das empresas a partir da disseminação de conhecimento, da colaboração e da geração e transferência tecnológica: - IBTeCHDAY maratona de desafios tecnológicos; - FF Exchange rodadas de negócios; - Seminário Desafios e Oportunidades da Produtivida-

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IBTeCHDAY maratona de desafios tecnológicos

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o dia 17, aconteceu na sede do instituto o IBTeCHDAY, que visa a potencializar a geração de produtos, processos e serviços inovadores por meio da metodologia Maratona de Desafio Tecnológico, a partir da integração de empresas de base tecnológica incubadas nos principais parques tecnológicos do RS, programas de pósgraduação, escolas técnicas e demais pesquisadores. O objetivo do Núcleo de Inovação Tecnológica do IBTeC (NIT) com a idealização deste evento é identificar gargalos tecnológicos e propor soluções aos mesmos, mapear projetos inovadores, estruturar redes colaborativas para desenvolvimento de inovações, integrar profissionais e empresas de diversas áreas do conhecimento e estruturar um consistente banco de projetos. Mais de 20 desafios foram lançados por 10 empresas. Deste total, nove - relacionados à produtividade, funcionalidade de calçados, novos modelos de negócios e sustentabilidade - se adequaram à proposta original e foram apresentados aos nove grupos inscritos formados por 37 pessoas. Os grupos se dedicaram a desenvolver as soluções aos os desafios escolhidos e em seguida cada um defendeu a sua proposta para a banca julgadora, que avaliou quesitos como: - consistência do projeto; - possibilidade do projeto se replicar para diferentes mercados; - capacidade de geração de novas receitas; - grau de impacto; - experiência e competência técnica do grupo e parceiros do projeto. Das nove soluções apresentadas, seis foram classificadas como finalistas. Os grupos selecionados tiveram até o dia 20 para aprimorar os projetos, chegando até a apresentação de protótipos funcionais e apresentá-los para uma nova banca, que determinou as três propostas a serem premiadas.

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Projetos vencedores

* O grupo Stepping.on conquistou o primeiro lugar e recebeu passagens ao Vale do Silício, Califórnia/USA, com visitas técnicas às empresas Facebook, Google e Apple, acompanhados da aceleradora Outsource Brazil. Participantes: Gabriela Schaab da Silva, Natalia Martins e Kevin Figur. Resumo: desenvolvimento de forro de palmilha com tecnologia de medida de pressão plantar acoplada por bluetooth a aplicativo para monitoramento de durabilidade do calçado e diagnóstico da pisada. * O segundo lugar foi para o grupo CW 304, que recebeu como prêmio passagens e inscrição para participação ao Campus Party, maior maratona tecnológica do Brasil (de 31 de janeiro a 5 de fevereiro em SP). Participantes: Daiane Malgarin, Eduardo Sganzerla, Maicon Esteves e William Wiechorek. Resumo: a plataforma Shoes2B possibilita a lojistas a aquisição de pequenas quantidades de produtos através de compras coletivas. * O grupo Lebio-UCS ficou com o terceiro lugar e garantiu seis meses de incubação no Feevale Techpark ou Tecnosinos. Participantes: Janaína Junges, Marcelo Godinho e Suelem Ferreira. Resumo: O grupo propôs o Biogastech como solução em energia renovável para empresas, substituindo fontes de energias não renováveis.


FF Exchange - rodadas de negócios

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o dia 18, também na sede do IBTeC, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) promoveu, através do FF Exchange, rodadas de negócios. Na primeira, envolvendo unidades de fornecimento, prestadores de serviços de tecnologia/gestão e empresas de calçados, a entidade aproximou 27 prestadoras de serviços nas áreas de tecnologia e gestão com 14 empresas dos setores de calçados, máquinas e couros: Arezzo/Schutz, Sugar Shoes, Grupo Priority (West Coast/Cravo e Canela), Bibi, Terra & Água, Axi Ambiental, NBN Automação Industrial, Mecsul Máquinas e Equipamentos, BKS Indústria e Comércio de Máquinas, Soubach Special Leathers, Courovale, Couros Bom Retiro, Orisol e Dublauto. Trazendo um conceito de speed dating para a rodada, cada fornecedor tinha 90 segundos para oferecer seus serviços. “O ambiente mais informal e a preparação prévia dos prestadores de serviços convidados surpreenderam positivamente a associação e as âncoras”, avalia a gestora de Projetos da Abicalçados, Roberta Ra-

mos. Segundo ela, o propósito de aproximar as empresas de calçados das áreas de tecnologia e inovação, gerando um ambiente de negócios inovador e eficiente, foi alcançado. “Este foi um projeto piloto que a partir de agora poderá ser replicado com fornecedores de outras áreas e também em outros grandes polos calçadistas brasileiros”, ressaltou. Para a gerente comercial da Terra & Água, Miucha Sinhor, o evento foi produtivo, tendo rendido contatos importantes com fornecedores das áreas de inovação e tecnologia. “Certamente, após esse primeiro contato, teremos desdobramento com reuniões e possíveis parcerias”, conta. Logo após, foi realizada uma rodada de negócios entre as cinco empresas calçadistas presentes - Arezzo/Schutz, Sugar Shoes, Grupo Priority (West Coast/Cravo e Canela), Bibi e Terra & Água - e seis unidades de fornecimentos que fazem parte do Programa Desenvolver o Arranjo Produtivo do Calçado, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Future Footwear As rodadas fazem parte do programa Future Footwear, que foi lançado no último mês de agosto e conta com uma série de ações no intuito de aproximar os conceitos da Indústria 4.0, ou Manufatura Avançada, do setor calçadista. Além da Abicalçados, o programa é conduzido pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para Couros, Calçados e Afins (Abrameq), com o apoio do Instituto By Brasil (IBB), do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

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Seminário Desafios e Oportunidades da Produtividade

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inda no dia 18, a sede do IBTeC foi escolhida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para a realização do Seminário Desafios e Oportunidades da Produtividade, que busca proporcionar às empresas conhecimentos acerca dos desafios e oportunidades para o aumento da produtividade por meio de ferramentas de fácil implantação no processo produtivo. O consultor Salvatore Puglia, especialista em engenharia de produção, fez duas palestras. A primeira trouxe como tema Desafios da Produtividade e a segunda abordou o assunto Linha Flexível de Produção. Ao final de cada painel, um caso de empresa. Para encerrar as atividades, o consultor Ademir Hansen falou sobre Qualidade no Processo Visando à Redução do Retrabalho.

Desafios da Produtividade Em sua fala inicial, Puglia considerou que uma das características das empresas é gerar lucro e, no que se refere às pequenas empresas, a única saída concreta para que estas se mantenham no mercado é através do aumento da produtividade, que por sua vez pressupõe mudanças de hábito. “Mais do que a aquisição de máquinas e sistemas, é necessário investir na capacitação das pessoas para que elas tenham, por exemplo, a habilidade de perceber as diversas perdas que acontecem diariamente durante a realização do trabalho, entender como estas perdas impactam negativamente na produtividade da empresa e se comprometer a evitar que isto volte a acontecer, pois para a empresa lucrar, primeiramente, ela precisa parar de perder” defendeu. Para o palestrante, a gestão da produtividade passa pelo profundo entendimento das reais necessidades do cliente e da tecnologia disponível para atender a tais expectativas, bem como pelo investimento na

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capacitação das pessoas e na otimização dos processos visando a este objetivo. “O segredo para tornar uma empresa produtiva é deixar de fazer as coisas com o ‘jeitão brasileiro’ e sistematizar todo o processo para que os profissionais passem a receber o serviço da maneira certa, para fazer corretamente a sua tarefa e então entregar o produto da forma certa. Mas para que isso aconteça todos têm que ter as suas tarefas bem definidas e se comprometer a executá-las com o máximo grau de profissionalismo. Dono tem que ser dono, gerente tem que ser gerente e funcionário tem que ser funcionário”, enfatizou.

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Case Sola Pré Logo após a sua apresentação, Elton Marques e Algemir de Oliveira, da Sola Pré Componentes para Calçados, falaram sobre a flexibilização implantada no sistema de esteira com fita dupla, visando a aumentar a produtividade que estava em torno de 50% abaixo da capacidade instalada. A partir da mudança, a empresa passou a utilizar uma esteira para a produção de solas em couro, outra direcionada para as solas injetadas e uma terceira para realizar pequenos consertos. Com isso garantiu melhores condições para produzir desde pequenos e médios até grandes lotes, pois, quando necessário, as três esteiras podem produzir o mesmo produto o que garante o aproveitamento dos recursos com melhorias na produtividade. A medida também significou evitar desperdícios de materiais e perda de tempo por defeitos. “Diminuímos os índices de retrabalho, melhoramos o tempo dos processos e aumentamos o nível de satisfação dos operários”, asseguraram.


Case JHR

Linha Flexível de Produção Na sua segunda palestra, o consultor Salvatore Puglia detalhou ainda mais a adoção da linha flexível na produção como forma de melhorar indicadores de desempenho e processos de produção, além de eliminar desperdícios. “A linha flexível impacta diretamente na elevação dos índices de produtividade, entre elas o aumento da velocidade da esteira, a otimização do plano de abastecimento, a redução do retrabalho, a diminuição do desgaste físico dos funcionários e a otimização da área produtiva ocupada”, pontuou. Outra dica foi para que se adote o hábito de fazer checklist de todo o sistema, contemplando a produção, o total de paradas planejadas e não planejadas, a disponibilidade das máquinas, o desempenho e a performance dos funcionários além do padrão da qualidade do produto acabado. “Adotar um sistema para acompanhar cada etapa melhora a eficiência das operações, possibilita identificar e quantificar os problemas e eliminar desperdícios, que são inimigos da produtividade. Mas se a equipe não estiver envolvida nada vai acontecer”, lembrou.

Miqueias da Silva e Diego Ribeiro, durante o segundo caso de empresas, falaram sobre o Atelier de Calçado JHR que, sentindo a necessidade de evoluir buscando os melhores recursos para aumentar a produtividade e a qualidade, implantou o sistema 5S como base para a qualidade total, e o checklist para o acompanhamento da qualidade durante todo o processo de manufatura. A metodologia 5S tem origem japonesa e se refere ao senso de utilização, senso de organização, senso de limpeza, senso de disciplina e senso de higiene/saúde no ambiente. O programa tem como objetivo mobilizar, motivar e conscientizar para a qualidade total na empresa, e possibilita desenvolver um planejamento sistemático com vistas a aumentar a produtividade, a segurança, o clima organizacional e a motivação dos funcionários, tendo como consequência a melhoria da competitividade.

Os principais benefícios da metodologia são: - Maior produtividade pela redução da perda de tempo procurando por objetos (só ficam no ambiente objetos necessários, e ao alcance da mão); - Redução de despesas e melhor aproveitamento de materiais (acumulação excessiva de materiais estimula a desorganização); - Melhoria da qualidade de produtos e serviços; - Redução de acidentes do trabalho; - Maior satisfação das pessoas com o trabalho. Entre outros benefícios, a adoção do sistema 5S e da prática do checklist possibilitaram à empresa reduzir o retrabalho (de 5% para 2%), obter melhorias no quesito das entregas (fechamento de lotes), capacitar os trabalhadores e agilizar as trocas de modelos nas esteiras. “Na crise, mais do que nunca, é preciso investir nos pontos certos para obter melhores resultados”, pontuaram os apresentadores.

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Qualidade no processo visando à redução do retrabalho

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O consultor em gestão da produção e implantação de processos de produção enxuta, Ademir Hansen, comentou que, se por um lado o retrabalho representa para a fábrica um vilão difícil de ser solucionado, por outro existem ferramentas para evitá-lo, e o checklist é uma delas. Salientando que o mercado consumidor exige qualidade total no produto ou serviço, bem como respostas rápidas e preço justo, o painelista observou que é preciso também mostrar ao cliente o real valor do que está

de uma costura mal feita ou de um solado mal colado, por exemplo, para então buscar uma solução adequada”, contextualizou. O retrabalho, lembra o palestrante, nada mais é do que uma ação para a melhoria de um produto que já passou pela linha de produção e apresentou defeito. Mas o fator que causou a falha pode estar ainda na fase do projeto ou na modelagem e não necessariamente nas etapas da montagem, podendo ainda ser causada pela falta de quali-

sendo oferecido. “As empresas de moda fazem oito lançamentos por ano e elas têm que entregar todos eles no tempo certo do consumo, ao preço justo e com a qualidade esperada. Este é a regra”, pontuou. Ele destacou que as empresas, para garantir o seu espaço no mercado, precisam não apenas controlar os custos, mas ter atitudes proativas para vencer os desafios inerentes à produção. “É necessário enfrentar os problemas, mas para isso precisamos encontrar as causas. Porém, no dia a dia, se observa que para as empresas a contratação de conserteiros é muito mais usual do que tomar a decisão de procurar as causas

ficação da mão de obra ou pela baixa qualidade do material utilizado, por exemplo. Portanto, como as variáveis são muitas, é preciso rastrear o processo de ponta a ponta para que, quando um problema é detectado, se consiga descobrir as causas o mais rápido possível e então buscar a solução mais adequada. Dentre os prejuízos, alguns podem passar despercebidos - como o tempo perdido durante a realização de reparos a defeitos que deveriam ter sido evitados. “O tempo é um recurso que não se recupera, pois ele avança continuamente, sem interrupção, e este desperdício impacta negativamente no índice da

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produtividade”, alerta. Existem no mercado muitas ferramentas à disposição das empresas para auxiliar nesta luta para eliminar o retrabalho na linha de produção e elas têm algo em comum: a necessidade de se identificar não apenas o problema, mas também as suas causas. É justamente aí que entra o checklist, que permite o não esquecimento de qualquer detalhe. Mas esta prática não elimina outros cuidados a serem tomados.

Conhecer a realidade Os gestores devem, na opinião do palestrante, realizar periodicamente caminhadas pela área da produção com o objetivo de conhecerem melhor os processos realizados e as condições do trabalho, pois desta forma terão mais subsídios para identificar as causas do retrabalho, elaborar planos de ação mais assertivos, perceber oportunidades de melhoria e de redução os índices de retrabalhos, bem como os custos da produção. “Para fazer o necessário e obter melhores resultados é preciso ter conhecimento atitude e disciplina”, finalizou.


FF Meeting encontro de entidades

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ois eventos aconteceram no dia 19: enquanto o FF Meeting encontro de entidades ocorreu durante o período da tarde na sede da Abicalçados, a Conexão Inspiramais Verão 2018 aconteceu a partir da 19h no Espaço Decora Festas e Eventos. A primeira edição do FF Meeting, encontro de entidades representativas do setor calçadista e de setores afins, teve como objetivo criar engajamento e debater a Indústria 4.0 no Brasil e no mundo. Ao longo de seis horas, 15 entidades presentes, entre setoriais e universidades com foco em inovação e tecnologia, apresentaram seus projetos na área e alinharam expectativas para os próximos passos da ação conjunta. Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, o encontro foi salutar por demonstrar alto engajamento dos agentes em prol da competitividade da indústria brasileira através da adoção de conceitos modernos de produção que levem em consideração

novos modelos de negócios e novos processos. Em seguida, a gestora de Projetos da entidade calçadista, Roberta Ramos, apresentou o programa Future Footwear que tem o intuito de aumentar a competitividade do setor calçadista nacional. Além da apresentação das entidades presentes, das gestoras do Future Footwear e das associações de setores afins e universidades, foram realizadas duas palestras de especialistas em processos industriais e conceitos de Indústria 4.0. A primeira apresentação (foto abaixo), conduzida pelo Dr. em Engenharia, Alexandre Baroni, tratou das inovações agregadas pelo modelo Indústria 4.0. “Os conceitos trazidos pela Indústria 4.0 não são novos, já estão aí, mas estão sendo intensificados. Ainda não temos claro se será uma 4ª Revolução Industrial ou uma Evolução Industrial”, destacou. Segundo ele, o aumento da eficiência é uma condição fundamental para a sobrevivência da indústria e ela

só será possível com a adoção de novos sistemas de negócios que interliguem cada vez mais os sistemas físicos e cyber físicos - para autoajuste -, conceitos muito presentes na Indústria 4.0. Na sequência, o mestre em Automação Industrial, João Peixoto, falou sobre a aplicação da Indústria 4.0. Ele ressaltou que não adianta ter um sistema preparado para a adoção do conceito se não tivermos “pessoas 4.0”, preparadas para esse novo momento. Segundo ele, as principais estratégias da Indústria 4.0 devem ser a interoperabilidade, a virtualização, a descentralização e o controle da produção em tempo real para autoajuste. Participaram do encontro as seguintes entidades: Abicalçados, Abinee, Abrameq, Assintecal, CICB, Feevale, IBB, IBTeC, PUCRS, Senai Bahia, Senai RS, Softsul, Trinopolo, Unisinos e cada representante fez uma breve apresentação sobre os serviços disponíveis correlatos ao tema.

Próximos passos Do encontro foi criado um comitê de trabalho, formado por representantes das entidades presentes. A próxima reunião, quando poderá ser definida a governança do Future Footwear, ficou marcada para o início do próximo mês de dezembro, também na sede da Abicalçados, sendo o dia 8 sugerido como a data para a realização.

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Conexão Inspiramais Verão 2018

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Conexão Inspiramais Verão 2018 é um ciclo que tem início com uma pesquisa de inspirações e referências de moda, cuja finalidade é promover o desenvolvimento de materiais inovadores capazes de transmitir valores essenciais e verdadeiros ao consumidor - algo fundamental para que as empresas obtenham sucesso. Nas palestras realizadas na noite de 19 de outubro, o gestor de marketing André Carvalhal e o estilista e coordenador do Núcleo de Design da Assintecal, Walter Rodrigues, transmitiram informações sobre o mercado da moda e os conceitos e inspirações para a temporada das estações quentes de 2018. O primeiro palestrante da noite, André Carvalhal, falou sobre a nova era da moda. “Estamos vivendo em um novo mundo. O celular, por exemplo, mudou a nossa forma de trabalho, nossa relação com o dinheiro e com a felicidade. Isso vai acontecer também na indústria da moda”, salientou, citando as impressões 3D e questionando: “Como ficarão as fábricas e as lojas quando pudermos imprimir nossas roupas e sapatos?”. Ele enfatizou que vivemos em uma grande rede e estamos todos conectados. “Precisamos de uma nova forma de produzir, vender, comunicar a moda. Fizemos muito, antecipamos demais e esgotamos os trabalhadores, o meio ambiente e o desejo das pessoas”, disse. Desta forma, a moda do jeito que a gente conhece, segundo ele, está com os dias contados. Carvalhal abordou também a transformação no comportamento de consumo, com as pessoas, por sentirem o seu poder de compra diminuir, sendo mais criteriosas com

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o que vão comprar. “As pessoas têm preferido viver experiências do que acumular coisas, e valorizam mais aquelas marcas que tenham propósito. Não é apenas fazer produtos, mas servir à vida das pessoas e aos seus sonhos, não fazer delas escravas da moda”, finalizou. Em seguida, Walter Rodrigues apresentou os conceitos e as inspirações para o verão 2018, através da pesquisa do Fórum de Inspirações, que antecipa em mais de dois anos o que estará nas vitrines. Ele detalhou a metodologia da pirâmide, ressaltando que os 10%, que estão no topo são criações autorais, mas também precisam ser comercialmente viáveis, passando por todas as etapas propostas. “Moda é poesia, mas também é cálculo. É preciso planejamento, pois as pessoas estão trocando o simples consumo por uma viagem ou um livro, por exemplo. As empresas de componentes precisam entender a sua importância na cadeia, pois sem elas não existiriam os produtos.” Nos 60% da pirâmide, o Cotidiano, aparecem os temas Científico - com aspectos celulares -, Minimalismo - com looks total black ou white -, Bicolor, Camuflado e Artes Gráficas. Os 30%, o Movimento, trazem os temas Primitivo - que remete à África -, Provocante - com a importância da pele -, Rotação, Cadência, Flexível e Labirinto. Já nos 10%, as grandes novidades para a estação, têm como mote a Apropriação. “Fazemos tudo a partir do olhar do outro, é um ato de descoberta e um desafio, além de ser uma maneira de expandir estilos de vida”, destacou Walter. Com os temas Adaptação e Subversão, as palavras de ordem são reconstruir, reformar e ressignificar.

André Carvalhal

Walter Rodrigues


Paulo Griebeler

2º Fórum IBTeC de Inovação Andrea Paiva

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Semana do Calçado se encerrou com o 2º Fórum IBTeC de Inovação. O objetivo é disseminar a cultura de inovação, a fim de preparar, instigar e inspirar as empresas brasileiras do setor coureiro-calçadista brasileiro para o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços, proporcionando diferenciais competitivos para a indústria nacional. O sucesso alcançado em cada um dos seis eventos acontecidos ao longo da programação (17 a 20 de outubro) confirma o que fica cada vez mais evidente no setor: as entidades representativas, os institutos de pesquisa e os parques tecnológicos - com o apoio dos órgãos de fomento e universidades - estão cada vez mais unidos, comprometidos e capacitados para oferecer as mais eficazes ferramentas para impulsionar as empresas ao desenvolvimento através da pesquisa aplicada, da inovação, da tecnologia embarcada e dos quatro pilares da sustentabilidade (ambiental, econômico, social e cultural). O presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Paulo Griebeler, manifestou na aber-

tura do Fórum a sua felicidade com relação à maciça participação do público em todas as atividades criadas especialmente para promover a competitividade das empresas através da disseminação de conhecimento, colaboração, geração e transferência tecnológica. “O nosso País está iniciando um processo de recuperação da economia. Aproveitem esse momento para investir em pesquisa e inovação, pois quem estiver melhor preparado vai largar na frente quando este equilíbrio estiver consolidado. Portanto, sintam-se estimulados a nos provocar com novas ideias e demandas. Temos ‘café no bule’ e muita disposição para ajudar”, instigou o executivo.

Neurobusiness e inovação A professora da Fundação Getulio Vargas, Andrea Paiva, mostrou descobertas da Neurociência sobre o cérebro humano, a partir de avanços tecnológicos que permitem observar o funcionamento do órgão através de imagens em tempo real. Com isto, foi possível mapear como cada região cerebral reage a diferentes necessidades

e estímulos. O domínio dessas informações permite aos indivíduos aprimorar suas capacidades, e aos gestores reunir diferentes tipos de pessoas, que se complementam pela forma de trabalhar, montando times completos. Além de usar as técnicas para formar equipes, o sistema permite a cada um o autodesenvolvimento melhorando pontos fracos, aumentando, por exemplo, o desempenho como líder. Uma das descobertas com estes estudos é de que o cérebro humano obedece a padrões que são definidos a partir das vivências pessoais, porém estes mesmos padrões podem servir como obstáculos inibindo capacidades como as de criação e inovação. Sendo assim, como quebrar estes padrões? Submetendo os grupos a dinâmicas que estimulem o desenvolvimento de tarefas que exigem novas posturas diante da necessidade de solucionar um problema que esteja fora de suas rotinas. “O processo instintivo de sobrevivência, que usamos para o dia a dia, pode atrapalhar nosso processo de criação interferindo na capacidade das empresas para apresentar inovações”, assegurou a palestrante.

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consultor de gestão da inovação, Maximiliano Carlomagno, sóciofundador da Innoscience Consultoria em Gestão da Inovação, destacou a velocidade com que as mudanças tecnológicas acontecem hoje, lembrando que se no passado as empresas líderes mantinham o posto por uma média de 60 anos, hoje, uma empresa se mantém na liderança por no máximo 10 anos. Esta mudança é porque hoje, para permanecer no mercado, é preciso não apenas acompanhar as tendências, mas antecipá-las. Uma das dificuldades para as empresas inovarem se deve ao fato de que, para fazer algo novo, precisa-se de tempo dedicado. Porém as necessidades do dia a dia para manter o funcionamento da empresa acabam dificultando essa dedicação de tempo para pensar no novo. O palestrante também considerou que inovar é transformar novas ideias em resultados. “Inovação é melhoria e não adequação”, ressaltou fazendo uma alusão às confusões que pessoas e empresas fazem a respeito do tema. Lembrou ainda que inovação não é necessariamente criatividade, e tampouco se limita ao produto, citando como exemplo o caso da Ford, que inovou

com a criação de linhas de montagem, e não nos carros em si. Carlomagno, que atua junto a organizações dos mais diferentes segmentos, comentou que o trabalho da consultoria é auxiliar as empresas a buscarem inovação de forma sistematizada, mas este é o primeiro grande obstáculo a ser transposto. “Os gestores precisam saber que a inovação para acontecer demanda processo com gerenciamento e sistematização”, salientou. Ele lembrou que o grande desafio para as empresas hoje é como ser eficiente no dia a dia, dando conta da produção, das vendas, das entregas, e ao mesmo tempo inovar. “O grande risco é as empresas se prenderem no hoje sem pensar o seu amanhã e este é um erro que seguramente será fatal para qualquer empresa”, alertou. O processo de inovação também não é barato porque - além de exigir dedicação e consequentemente tempo - é preciso ter recursos para testar as criações antes de colocá-las no mercado. Os testes indicam se a inovação está acertada ou não. “Em 95% dos casos as inovações que são colocadas no mercado passaram por transformações até chegarem à versão final”, contextualizou.

Gestão estratégica da inovação: mitos, métodos e melhores práticas

Maximiliano Carlomagno

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Estratégias do Governo Federal de incentivo à inovação

Álvaro Prata

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ara finalizar, o secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Álvaro Prata, relatou as políticas de apoio à inovação no País. Ele abriu sua palestra afirmando que quando falamos em inovação no campo tecnológico, o Brasil não está bem. Salientou ainda que a falta de investimentos no desenvolvimento tecnológico se tornou um grande de desafio para o País. Apresentando números que mostram o Brasil como um grande exportador de commodities e de produtos de pouca tecnologia embarcada, ele demonstrou que 50% do faturamento com exportações brasileiras se apoiam em produtos como cereais, minerais metálicos e petróleo. Por conta desta realidade, a nação está empobrecendo e ocupa hoje o 64º lugar no Índice Global de Inovação. O Brasil é um país desigual e de contrastes e a origem dos nossos problemas passa pela educação. Enquanto países como o Vietnã têm 74% dos jovens saindo do ensino médio para a universidade, aqui apenas 15% dos jovens ingressam em um curso universitário. Em contrapartida, o nosso país estabeleceu sistemas de pós-graduação, mestrado e doutorado muito bons. Mas somente os 15% que ingressam na faculdade terão acesso a este ensino qualificado. Ele também apontou que o País tem o terceiro maior fabricante de aviões do mundo e produção de conhecimento cien-

tífico superior a nações desenvolvidas em áreas como odontologia, veterinária, meio ambiente, biomédica, genética e biologia, imunologia e microbiologia. Entretanto os pesquisadores brasileiros estão nas universidades e pouco interagem com as empresas. “Apesar de investirmos apenas 1,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento nós produzimos um grande volume de conhecimentos científicos que beneficiam países de todo o mundo”, enfatizou o secretário. Prata opinou que o Brasil, para evoluir, precisa investir mais na formação de cientistas e engenheiros. “As empresas precisam mudar sua cultura e investir em pesquisa e desenvolvimento”, preconiza o secretário. No final da palestra, apresentou os programas de incentivo do Governo Federal para a área de inovação e lamentou o momento econômico vivido pelo País, que destina apenas 40% dos recursos previstos para este setor. Mesmo assim, conclamou os empresários para que façam sua parte e invistam mais no desenvolvimento de inovações. O secretário lembrou ainda que um dos mais importantes feitos brasileiros na área recentemente foi a criação da Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma Organização Social pelo Poder Público Federal criada em 2013 com o objetivo de promover a sinergia entre instituições de pesquisa tecnológica e empresas industriais, em prol do fortalecimento da capacidade de inovação brasileira.

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LABORATÓRIO DE BIOMECÂNICA completa 15 anos

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esta última edição de 2016, quando o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) comemora os 15 anos da instalação do seu Laboratório de Biomecânica, a Revista Tecnicouro encerra a série O Conforto Passo a Passo, que aborda ao longo de seis reportagens a certificação de calçados e componentes. Nesta última parte, contamos como foi o processo para a criação do laboratório que testa os produtos a serem certificados e como as empresas se beneficiam dessa tecnologia para agregar valor da marca junto ao consumidor final. O Brasil é pioneiro na criação de normas técnicas para quantificar o conforto oferecido por um calçado e da metodologia para fazer esta medição. Para que as normas sejam atendidas, os testes são realizados em ambiente preparado, em condições que abrangem desde a climatização do ambiente até a calibragem dos equipamentos. Já na década de 1980, técnicos ligados ao instituto percebiam que o consumidor buscava um diferencial nos calçados, e desse desejo surgia uma oportunidade para as indústrias brasileiras oferecerem mais do que qualidade de acabamento. O conforto seria o caminho para esta diferenciação, mas na época não havia dados e tampouco uma metodologia para quantificar com precisão o nível de conforto proporcionado pelos calçados. No ano de 1988, o engenheiro Fernando Geib, reponsável pelo departamento de Automação Industrial do CTCCA, conheceu o trabalho que o Dr. Aluisio Avila desenvolvia como coordenador do Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e tratou de aproximar o pesquisador do Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA). Em 1990, sob a orientação do então superintendente do centro, Ênio Klein, e do presidente, José Nilton Dias Forte, foi organizada uma

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visita técnica de 18 empresários à instituição de ensino para discutirem a viabilidade de se estabelecer uma metodologia científica visando à avaliação das características funcionais dos calçados. Fruto desta iniciativa, em 1992, aconteceu a primeira parceria entre a universidade, o CTCCA e a empresa Fôrmas Kunz para a realização de um estudo antropométrico dos pés brasileiros. Para isso, foi instalado um laboratório na universidade com a capacidade de realizar análises dos calçados e a sua interação com os pés dos usuários. O passo seguinte foi a criação de normas técnicas para nortearem o processo de avaliação das propriedades dos calçados visando ao conforto. Em 1995, o Dr. Avila se aposentou pela UFSM e passou a trabalhar na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), que tinha o mais completo laboratório de biomecânica do calçado de toda a América Latina. Essa estrutura, aliada ao conhecimento científico acumulado pelo pesquisador, possibilitou a conclusão dos trabalhos para a elaboração das normas técnicas para a avaliação do conforto nos calçados. Em 2001, Martinho Fleck - que havia assumido a presidência em 1996 - tomou duas decisões fundamentais para consolidação do Selo Conforto e Saúde do Pé: a criação do Centro Brasileiro de Engenharia do Calçado Nestor Herculano de Paula (o Laboratório de Biomecânica do CTCCA) e a contratação do pesquisador Dr. Aluisio Avila para assumir a coordenação do projeto. Em 2002, o sonho se tornou realidade e o novo laboratório foi apresentado para os empresários do setor. Os testes de conforto passaram a ser realizados nesse novo local. A estruturação completa levou três anos para ser concluída, sendo inaugurada oficialmente em 2005, equipada com o que havia de mais avançado em tecnologia para a realização de ensaios em calçados.


As normas técnicas de conforto são uma conquista As regulamentações de conforto foram aperfeiçoadas através Comitê Brasileiro do Couro, Calçados e Artefatos de Couro (CB-11) e, a partir de 2004, a Norma Geral e os ensaios de Massa, Pressão, Temperatura Interna, Amortecimento de Impacto, Índice de Pronação e Percepção de Calce passaram a ser publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), significando uma conquista para o setor. Posteriormente foram criados os selos de Tecnologia do Conforto e de Inovação Tecnológica. Em 2005 o CTCCA, ainda sob a presidência de Martinho Fleck, muda o nome para Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC). Em 2012, no último ano da gestão do presidente Dr. Rui Guerreiro, foram criadas as normas para a certificação de componentes solados, palmilhas, forros e fôrmas. Em 2013, com mudanças no estatuto para a profissionalização da gestão, Cláudio Chies assume a presidência do IBTeC e o Conselho Deliberativo decide pela contratação de Paulo Griebeler como presidente-executivo. Sob esta nova gestão, em 2015, os selos de Tecnologia do Conforto e de Inovação Tecnológica recebem nova identidade visual e os termos de utilização passam a fazer parte dos procedimentos ISO, oferecendo mais valor junto às empresas certificadas.

SELO TECNOLOGIA DO CONFORTO É utilizado pelas empresas que investem continuamente na análise, em pesquisas e na busca de soluções que agreguem atributos de performance, saúde e conforto aos seus produtos. SELO INOVAÇÃO Destaca empresas que através de pesquisa desenvolveram produtos que contêm componentes com atributos de inovação, gerando registro de patente para os mesmos. SELO CONFORTO Utilizado individualmente no produto testado e certificado com os atributos de conforto. Tem prazo de validade de um ano e é concedido unicamente aos modelos de calçados e componentes testados e aprovados em todos os quesitos que determinam o nível de conforto proporcionado. Após este período, só mantém a certificação a empresa que submete o modelo certificado a novos testes, e a performance é novamente comprovada durante os ensaios. CONCEITO Um calçado é confortável quando: - permite à pessoa se concentrar na sua performance; - oferece um bom calce sem pressões excessivas sobre os pés;

- é leve e flexível para economizar energia e poupar a musculatura; - transpira e mantém os pés secos e levemente aquecidos; - evita a pronação excessiva do calcâneo na fase do impacto do calçado com a superfície de apoio, protegendo de lesões as articulações; - oferece tração suficiente prevenindo contra escorregamento e queda, permitindo um pisar com segurança e estabilidade; - oferece amortecimento na fase de impacto do calçado com as superfícies de apoio, minimizando as vibrações transmitidas para o corpo, protegendo as estruturas músculoesqueléticas; - promove a satisfação do usuário. ACREDITAÇÕES O IBTeC é acreditado internacionalmente pelo instituto inglês Satra e pela agência de importação CPSC dos Estados Unidos, além de ter o reconhecimento junto a rede americana Sears. Prestando anualmente em torno de 30 mil atendimentos entre os testes laboratoriais e as consultorias externas, é ainda acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCR) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e conta com as certificações BSI (ISO 9001/2008) e Rede Metrológica RS, bem como o reconhecimento junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTe).

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omeçamos a série O Conforto Passo a Passo na edição 292 (Janeiro/Fevereiro) enfatizando que o atributo de conforto não se trata de um mero detalhe, mas uma ferramenta com potencial para aumentar a competitividade do calçado brasileiro pelo bem-estar proporcionado ao usuário. A metodologia adotada durante os ensaios foi estabelecida a partir de estudos realizados pelo CB-11, com ampla participação de todas as partes envolvidas - desde a cadeia de fornecedores, as indústrias fabricantes, os canais de distribuição e também o consumidor final. Inicialmente, a determinação do conforto no calçado era relacionada somente ao produto acabado, mas posteriormente sentiu-se a necessidade de avaliar também os materiais componentes isoladamente. Na publicação 293 (Março/Abril) mostramos as três normas para a avaliação de palmilhas, forros e solados, que regulamentam uma série de testes de caracterização não apenas dos materiais, mas também das substâncias neles utilizadas. O objetivo, neste caso, é, além de avaliar as propriedades mecânicas, detectar se existe na composição do componente alguma substância restrita e, quando constatado o surgimento, definir se a mesma está dentro dos limites aceitáveis, segundo as mais importantes legislações internacionais. A preocupação é garantir que, além das propriedades biomecânicas que asseguram o conforto, o componente analisado não representa riscos à saúde do usuário e nem ao meio ambiente. A partir da edição 294 (Maio/Junho) começaram a ser divulgadas as normas relacionadas ao calçado pronto, primeiramente sendo citados a Norma Geral e os ensaios de Massa, Pressão e Temperatura. Na edição 295 (Julho/Agosto) foram mostradas as normas referentes ao Amortecimento de Impacto, ao Índice de Pronação e à Percepção de Calce. Na quinta reportagem (edição 296 de Setembro/Outubro) enfatizamos a importância deste atributo para a saúde e proteção do usuário, bem como relacionamos alguns problemas que podem surgir devido à falta de tais propriedades nos calçados. Para encerrar, nesta edição 297 (Novembro/ Dezembro) passamos a palavra para quem tomou a iniciativa de aplicar nos seus produtos a tecnologia do conforto, para que comentem como isso repercutiu na imagem das respectivas marcas e nas vendas ao consumidor final.

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Klin

Referência em qualidade de calçados anatômicos para crianças e bebês, e tendo como parte da sua missão contribuir para o caminhar saudável e o bom desenvolvimento dos pezinhos, a Klin, desde 2009, desenvolve, em parceria com o IBTeC, produtos baseados em estudos que comprovem e certifiquem os atributos de conforto, sempre agregando inovações e design que também agradem os consumidores. “É de fundamental importância sermos reconhecidos por meio da certificação. Temos a maior cautela no desenvolvimento de produto e isso, consequentemente, nos leva a ter ótima credibilidade e aceitação”, pontua a supervisora de Laboratório e Qualidade da empresa, Sandra Estrada. Destacando a palmilha especial Anatômico Plus, que é recomendada para fortalecer a estrutura dos pés e auxilia na formação do arco plantar e no desenvolvimento natural decorrente do crescimento, a empresa também utiliza solados flexíveis, bem como materiais que proporcionam transpiração aos pés e forros com tratamento antibacteriano. “Em um mercado como o nosso, as empresas precisam se diferenciar e buscar inovação constantemente, sem perder sua essência. Os resultados positivos são importantíssimos e temos que criar alternativas para alcançá-los”, considera Sandra. Em 2016, a empresa lançou o Calce Fácil, um modelo para bebês (15 ao 20), que tem uma abertura para permitir o encaixe perfeito dos pezinhos agitados, facilitando a vida dos papais e das mamães. Já a linha Urban Flex traz papetes cujos cabedais podem ser trocados, mudando a cor do calçado. “Com estratégias bem definidas, permeadas pela proposta de levar produtos impecáveis para as casas das famílias, podemos criar produtos diferentes, inovadores e extremamente funcionais”, finaliza Sandra, destacando ainda que institutos de pesquisas como o IBTeC ajudam a transformar ideias em realidade. “São fundamentais para o crescimento profissional de nossos colaboradores e nos certificam de que juntos podemos ser melhores”, considera.

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Dakota

A Dakota tem o conforto como uma chancela da qualidade, sendo esta uma característica que acompanha a empresa há anos. Mesmo tendo um laboratório próprio que testa todos os seus produtos, nos últimos 10 anos, a empresa busca a certificação dos seus calçados, com a experiência do IBTeC. “Hoje, todo atributo adicionado ao calçado faz muita diferença para o consumidor, que percebe valor na marca devido à preocupação com o seu bem-estar, porém precisamos também buscar a comprovação desses valores com instituições especializadas, que é o caso do selo do instituto”, contextualiza a diretora de Marketing, Melissa Lehnen. Dentre os principais atributos oferecidos se destacam solados flexíveis e abrasivos, o uso de couro macio, e forros transpirantes e absorventes. Além destes, trabalha com espumas com densidades apropriadas, tanto no forro quanto na palmilha, e tecnologias desenvolvidas especificamente para o público que visa ainda mais ao conforto. A marca própria Campesi, elaborada desde sua concepção visando ao conforto e ao bem-estar sem abrir mão da beleza e estilo, evidencia essa dedicação. O modelo L5381, que foi lançado na coleção Outono/inverno 2016, por exemplo, possui lycra nas regiões do joanete e do calcanhar. Essa tecnologia, somada a uma forma sutilmente mais larga, proporciona o melhor ajuste aos pés durante o calce. “Esse modelo foi um dos produtos mais vendidos da coleção Campesí. O casamento dos atributos de conforto nele empregado somado às cores da estação num modelo jovem e bonito deixou as consumidoras mais felizes”, assegura Melissa.

Ramarim

“O conforto está no DNA do grupo Ramarim. Então todos os nossos produtos, independente da marca, primam por este atributo como uma das principais características em nossas coleções.” A afirmação é do gerente-técnico da empresa, Sergio da Silva. Ele explica que as coleções buscam entender as necessidades das mulheres, oferecendo inovações em seus calçados. A comprovação de produto confortável atesta, perante os lojistas e as consumidoras, que a marca realmente entrega o que está prometendo. Os solados flexíveis, que proporcionam segurança durante o caminhar e absorvem o impacto, os cabedais em neoprene (para pés sensíveis), as palmilhas de conforto e o forro absortec são exemplos deste cuidado. A linha 16-65400 lançada no mês de junho pela marca Comfortflex, por exemplo, conseguiu unir em um único produto a tecnologia do neoprene para pés sensíveis, e a absorção de impacto com o solado com bolha de hidrogênio. “É uma sandália com cabedal de neoprene e solado soft line com bolha de hidrogênio, que apresenta um nível de conforto e absorção de impacto equivalente a de um calçado esportivo”, explica Silva, salientando que as clientes reconheceram a tecnologia empregada neste produto, e isso aumentou gradativamente as vendas. Desde 2006 a empresa trabalha a tecnologia do conforto com o IBTeC.

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INSTITUCIONAL


NANOTECNOLOGIA EM CALÇADOS E

componentes O

os quais abordam questões importantes relacionadas à proteção dos trabalhadores, usuários e do meio ambiente”, explicou. A pesquisadora da Nanoplus Ltda., Gabriela Schaab da Silva, falou sobre Incorporação de substâncias ativas em micro e nanopartículas: efeitos antimicrobianos. A Nanoplus é uma empresa do Grupo Dublauto que, deste 2005 trabalha com nanotecnologia em tecidos visando, principalmente, ao mercado de saúde e conforto do usuário. Para isso, estabeleceu parcerias com universidades e institutos de pesquisas unindo conhecimento acadêmico à prática empresarial. Hoje, disponibiliza ao mercado diversos produtos têxteis com nanotecnologia. Uma das técnicas desenvolvidas são as nanocápsulas poliméricas que revestem um núcleo oleoso. Os óleos são extraídos de plantas da biodiversidade brasileira e agregam várias propriedades, que abrangem desde efeitos aromáticos até analgésicos e cicatrizantes. “Ancorados nos poros dos tecidos, os polímeros protegem os óleos fitoterápicos contra a ação da luz, da temperatura e da evaporação, proporcionando maior durabilidade dos efeitos, e ainda são responsivos a estímulos externos como o atrito, fazendo com que o óleo só seja liberado durante o uso”, esclareceu.

Em seguida, os engenheiros Mateus Carlesso e Felipe Monteiro mostraram algumas propostas da TNS Nanotecnologia para o combate a microorganismos. Entre os destaques, foi citado o sistema antimicrobiano baseado no contato direto das nanopartículas com a membrana celular das bactérias, liberando íons (Ag+) que afetam funções respiratórias das bactérias e impedem a sua reprodução e com isso as eliminando. Além de proporcionar o controle de odores e a sensação de bem-estar do usuário, a tecnologia aumenta a vida útil de produtos como travesseiros, carpetes, assentos sanitários e até mesmo maçanetas de porta. No segmento de calçados, pode ser aplicada, por exemplo, em tecidos para forros e palmilhas, em couros ou em peças plásticas. Para cada situação é usado um tipo de aditivo. “Basta o cliente querer este diferencial que a empresa desenvolve a solução”, assegurou Carlesso. Monteiro complementou destacando que “a proposta é ajudar as empresas a se diferenciarem no mercado atuando em portfólios específicos”. O Happy Hour com Tecnologia é um evento mensal do instituto. A entrada é 1kg de alimento não perecível e todo o montante arrecadado é doado para uma instituição de assistência social.

FOTO LUÍS VIEIRA

Happy Hour com Tecnologia realizado no dia 28 de setembro pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) teve como tema Micro e nanopartículas aplicadas a calçados e componentes. O vice-presidente executivo do instituto, Dr. Valdir Soldi, antecipou que o mercado mundial de produtos nanotecnológicos gira em torno de 15% do total de itens industrializados no planeta, mas no caso do Brasil este índice é de apenas 1%, e isto significa que existe nicho muito grande para ser explorado neste segmento. “A nanotecnologia estará presente em todos os setores da economia e ficará mais acessível na medida em que for disseminada no mercado. Esta já é uma realidade do calçado, principalmente relacionada ao conforto e à saúde do usuário”, comentou. O responsável pelo Laboratório de Microbiologia do instituto, Dr. Markus Wilimzig, lembrou que ainda não temos no Brasil uma legislação que trate da segurança do trabalho em nanotecnologia, mas já são realizados estudos sobre este tema. “Como a concentração das nanopartículas é muito baixa, comparando com o volume de materiais e substâncias usados para a fabricação dos produtos, a sensação é que há segurança. Mesmo assim, existem estudos sobre o assunto,

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INVESTIMENTOS EM P&D E GESTÃO AUMENTAM

enquanto em inovação diminuem A indústria brasileira deve investir R$ 6,8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) este ano, 4,9% a mais do que os R$ 6,5 bilhões de 2015. Também se espera um crescimento de 5,6% no investimento em gestão, de R$ 8,5 bilhões para R$ 9 bilhões e redução de 8,6% no investimento em inovação, de R$ 11,5 bilhões para R$ 10,5 bilhões. Somando os três itens, estima-se queda de 0,8%, de R$ 26,5 bilhões em 2015 para R$ 26,3 bilhões em 2016. Os resultados são da Pesquisa Fiesp de Intenção de Investimento em Inovação 2016, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da entidade (Decomtec), José Ricardo Roriz Coelho avalia que, diferentemente do que se esperava para um cenário de grave crise econômica, que era uma redução dos investimentos em todas essas modalidades, os investimentos em gestão e P&D mostraram o contrário. “Isso é positivo, pois reforça o aprendizado das empresas quanto à importância desses investimentos para a competitividade”, explica. A queda de 8,6% no investimento em inovação está relacionada tanto ao caráter mais flexível das atividades que a compõem quanto ao fato de ter o maior investimento absoluto dentre as três modalidades, o que permite trabalhar com corte de custos. A pesquisa foi realizada com a participação de 1.120 empresas, sendo 534 pequenas, 405 médias e 181 grandes. Todos os setores da indústria de transformação foram considerados, exceto fabricação de coque e produtos derivados do petróleo. Os resultados foram expandidos pela Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE), que permite a

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análise nacional. De acordo com o levantamento, os investimentos em gestão deverão aumentar em 23,6% nas grandes empresas, mas serão reduzidos em 31,8% pelas pequenas e 48,6% pelas médias. Já em inovação, serão reduzidos em todos os portes: 17,7% nas pequenas, 38,6% nas médias e 1,4% nas grandes. E os investimentos em P&D deverão aumentar 25% nas pequenas e 11,3% nas grandes, mas serão reduzidos em 31,4% pelas médias. Pela primeira vez, a pesquisa foi dividida em duas partes. A primeira, divulgada em junho, contemplou o investimento fixo da indústria de transformação (máquinas, equipamentos e instalações). Esta parte avalia exclusivamente o investimento em gestão, inovação e P&D. Segundo o estudo, os R$ 9 bilhões que serão investidos em gestão serão compostos por 69% de recursos próprios, 24% de recursos de terceiros privados e 7% de recursos públicos. Com relação a 2015, isso significa uma queda de 17 pontos percentuais (p.p.) na utilização de recursos próprios, um aumento de 16 p.p. nos recursos de terceiros privados e de 1 p.p.nos recursos públicos. Os R$ 10,5 bilhões investidos em inovação serão compostos por 71% de recursos próprios, 17% de recursos de terceiros privados e 12% de recursos públicos. Com relação a 2015, isso representa a manutenção do nível de utilização dos recursos próprios, a redução de 5 p.p. do uso de terceiros privados e aumento de 5 p.p. de recursos públicos. Os R$ 6,8 bilhões que serão investidos em P&D serão compostos por 72% de recursos próprios, 13% de recursos de terceiros privados e 15% de recursos públicos. Com relação a 2015, isso representa uma queda de 12 p.p.

na utilização de recursos próprios, um aumento de 5 p.p. de terceiros privados e 7 p.p. de recursos públicos. Segundo Roriz, é preocupante o aumento esperado para os recursos de terceiros privados e públicos, pois, no tocante ao crédito privado, os recentes aumentos na taxa de juros, acompanhados da restrição de crédito e escassez de recursos, representam grandes obstáculos a serem superados. “E o processo de austeridade fiscal, que aos poucos é implementado no governo, já impacta sobremaneira as principais agências de fomento do país”, afirma. Em 2015, os desembolsos do Banco Nacional de desenvolvimento (BNDES) para inovação diminuíram 9% comparados a 2014, saindo de R$ 6,5 bilhões para R$ 6 bilhões. Na Finep, os desembolsos foram reduzidos em 50%, saindo de R$ 5,3 bilhões para R$ 2,6 bilhões. Acompanhando essa tendência, a demanda por crédito para inovação na Finep despencou de R$ 19 bilhões em 2013 para R$ 3,6 bilhões em 2015. Outro instrumento de apoio que também se tornou vulnerável em razão da crise econômica é o incentivo fiscal à inovação previsto na Lei do Bem (Lei nº 11.196/2015). De 2013 a 2015 seu crescimento se manteve estável na casa de 1% ao ano. Além disso, a Medida Provisória nº 694/2015, que tentou suspendê-lo, caducou, mas deixou como legado o aumento da insegurança jurídica, e, por consequência, um desincentivo ao investimento em P&D. “Para reverter esse cenário, é preciso reconhecer a necessidade de se construir uma agenda de longo prazo combinada com o uso estratégico dos recursos públicos”, afirma Roriz, ressalvando que não se pode desconsiderar o contexto atual de austeridade econômica.


ECONOMISTA ANALISA CENÁRIO

para calçadistas D urante a Análise de Cenários - evento realizado no dia 13 de outubro pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) - o economisa Marcos Lélis ressaltou que o ciclo de baixo crescimento da economia mundial teve inicio com a desaceleração da China a partir de 2010 e, consequentemente, a menor demanda por commodities. “Os ajustes que estão sendo discutidos agora deveriam ter começado há muito tempo, antes da desvalorização

brusca dos produtos básicos. Quando a crise da China finalmente chegou ao Brasil, em 2014, pegou um país com as contas todas desorganizadas”, apontou. Segundo ele, a economia mundial ensaia uma estabilização, com a China tendo encontrado o ponto de equilíbrio na sua taxa de crescimento, na casa de 6%. “No Brasil, existe uma questão política e econômica. Primeiramente, é preciso que a demanda interna volte, o que será impossível com uma taxa de juros real que está entre as mais altas do mundo”, comentou. Para o economista, o Brasil caiu na armadilha do câmbio baixo e dos juros elevados como forma de conter a inflação. “A nossa inflação não é de deman-

da, então isso perde o sentido. Estamos fazendo com que a saída, que se dá pelo aumento das demanda interna, caia ainda mais, sem créditos e com juros elevadíssimos”, ressaltou. Lélis considera que a saída seria flexibilizar a meta da inflação, abrindo espaço para uma taxa de juros menor, possibilitando o aumento da demanda. O evento teve o apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav), Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq) e Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC).

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UMA CELEBRAÇÃO AO DESIGN BRASILEIRO

de calçados A terceira edição da Maratona MUDE sediou uma batalha criativa e uma maratona de palestras e oficinas com informações sobre moda, design e inovação. O evento foi realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), nos dias 14 e 15 de outubro, no BarraShoppingSul, em Porto Alegre/RS. Vencedora da batalha criativa de 24 horas, a equipe Rosa, composta por Rômulo Henrique da Silva, William Raí da Luz, André Cézar Gossler e Paula Raquel da Silva Flores, apresentou três protótipos de calçados inspirados na ideia de liberdade, representada pela polifonia das diversas vozes da sociedade brasileira. Com cores neutras, amarrações e spikes, a equipe contou uma história que vai do inconformismo, das vozes contidas representadas por spikes escondidos, até a disrupção, quando eles ficam aparentes e as amarrações são soltas. A equipe

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levou para a casa um cheque de R$ 20 mil como premiação. O estilista e mentor da batalha criativa, Dudu Bertholini, comentou que foram levados em consideração o tema da polifonia, a brasilidade, a estética e a usabilidade do calçado. Ele também elogiou a experiência que viveu nos dois dias de maratona. “Foi difícil saber se eu estava ensinando ou aprendendo”, relatou. O gestor de projetos da Abicalçados, Cristian Schlindwein, destacou que o propósito de colocar o design brasileiro de calçados em destaque foi cumprido. “Estimular profissionais com conteúdo inspirador e experiências criativas compõe uma parte dos dois dias do evento, mas com certeza o ponto alto é o estímulo ao empreendedorismo e ao foco sobre o processo criativo da indústria calçadista” comentou. Tendo início às 10 horas do dia 14 a batalha criativa só terminou 24 horas depois com a apresentação das equipes aos jurados Dudu Bertholini, Fabia Bercsek, Renan Serrano, Divina Raio Laser e Paulo Borges.

A vida como inspiração O evento também contou com palestras, oficinas, exposição, discotecagem, ações de live painting e realidade virtual. A programação de conteúdo, que teve 13 palestras e sete oficinas práticas, foi ministrada concomitantemente à batalha criativa. A estilista Patricia Viera foi a primeira a entrar na arena da Maratona MUDE. Ela falou contou a sua trajetória de dificuldades e sucessos decorrentes da abnegação e paixão pelo trabalho criativo como forma de inspiração. O segundo palestrante foi Victor Apolinário, criador da marca Cem Freio. Ele considerou vestuários como microarmaduras para que as pessoas se munam das suas verdades. Consultor na M360 consultoria de marketing e varejo, Mario Vianna foi o próximo palestrante. Ele destacou a importância de se adotar um plano de marca que leve em consideração os aspectos de comunicação contemporânea, sempre com autenticidade. O primeiro dia de palestras ainda contou com exposições da designer Juliana Jabour, que destacou sua experiência na área, da diretora de redação da revista Glamour, Mônica Salgado, que discorreu sobre a importância cada vez maior do engajamento online, da consultora de moda e apresentadora Maria Prata, que contou casos ocorridos na sua carreira e como ela se transformou com o correr dos anos, e um bate-papo com empreendedores Anthony Nathan (da ÖUS), Vinicius Dapper (de marca homônima) e Vinícius Pinto (da Elef Shoes). O primeiro dia foi brindado com a realização da quarta edição da Art Battle, vencida pelo artista Celo Pax.


FOTOS DIVULGAÇÃO/ABICALÇADOS

Segundo tempo

H

á 11 anos à frente da redação da Vogue Brasil, Daniela Falcão abriu os trabalhos do segundo dia da Maratona MUDE. A profissional contou sobre os bastidores da rotina de uma jornalista de moda de grande veículo. “Você precisa estar em muitos lugares ao mesmo tempo, muitos desfiles, saber fazer a própria maquiagem e dormir cinco horas por noite. É uma boa rotina, mas cansativa”, destacou. Segundo ela, outro pré-requisito fundamental para uma jornalista de moda de sucesso é ter boa memória. “A cada temporada, são mais de 13 mil looks apresentados”, contou. Daniela também falou sobre as mudanças que ocorreram na última década: de slides (que levavam um mês para chegar) até a era das câmeras digitais, “a revolução tecnológica é transformadora”. Na sequência, Sandra Boccia, diretora da marca Pequenas Empresas & Grandes Negócios, falou sobre o empreendedorismo feminino. “As mulheres ainda sofrem muita discriminação numa sociedade machista. Quando empreendedoras; em muitos casos, têm dupla jornada de

trabalho”, destacou. Segundo ela, a mulher tem muitas vantagens sobre os homens quando o assunto é empreendedorismo, mas ainda mistura muito a pessoa física com a jurídica. “É um erro que precisa ser corrigido”, destacou. A maratona de palestras contou ainda com intervenções do estilista da Trendt e Biosoftness, Renan Serrano, do criador do São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, da drag Queen Divina Raio Laser e da estilista Fábia Becsek. Durante os dois dias também foram ministradas oficinas práticas do Istituto Europeo di Design (IED), Usefashion, Nelly Rodi, e ÖUS. A Maratona MUDE teve patrocínio da Couromoda, Francal Feiras, Colorgraf, BarraShoppingSul e Burn Energy Drink. A parceria foi do Centro de Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Usefashion, Koralle, Paxart, IED, ArtBattle, Mespper e Camaleoa.

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BEIRA RIO QUALIFICA SUA CADEIA

de fornecedores A Beira Rio realiza, em parceria com o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), um projeto para a gestão de substâncias restritivas em toda a sua cadeia de fornecimento. Com prazo de execução até dezembro de 2017, entre as ações está o desenvolvimento de cartilhas de substâncias restritivas personalizadas para cada grupo de materiais componentes dos calçados. No dia 3 de novembro, foi realizada a entrega do material didático para o primeiro grupo de fornecedores em treinamento, contemplando indústrias de tecidos, não tecidos, laminados e processos de dublagem. O presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, agradeceu o apoio do Sebrae e parabenizou a Beira Rio por ter sido a pioneira no segmento feminino a realizar esta qualificação das empresas de base, podendo fornecer calçados com o uso controlado das substâncias restritivas também para o mercado interno. “O consumidor brasileiro também merece esta atenção e a Beira Rio está de parabéns pela iniciativa, que vai qualificar ainda mais os seus produtos, trazendo benefícios para a saúde das consumidoras”, pontuou. O consultor Paulo Model informou que o objetivo é adequar o produto final para atender os padrões internacionais quanto à presença de substâncias restritivas, e permitir à Beira Rio uma ex-

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portação segura para qualquer lugar do mundo. “Ainda que no Brasil não haja legislação sobre o assunto, o produto ofertado ao mercado nacional também atenderá todas as exigências estabelecidas para o mercado externo, gerando um produto único, independente do destino”, comentou Model. Além da elaboração e entrega de cartilhas com limites para as substâncias, o projeto consta de várias etapas, entre elas sensibilização dos fornecedores sobre o tema substâncias restritas, acompanhamento para adequação dos fornecedores ao projeto e consultorias/ auditorias. Mais de 60 empresas que fornecem materiais para cabedais compareceram ao evento, que foi realizado na sede do instituto. No total, em torno de 150 empresas de base terão recebido as orientações para se adequarem às necessidades da empresa. O diretor de pesquisa/produto da Beira Rio, Neomir Grando, destacou que estar adequado às principais legislações internacionais é uma necessidade para os exportadores e a empresa não conseguirá conquistar este objetivo sem a participação de todos os fornecedores. “Este alinhamento, além de manter a empresa como fornecedora da Beira Rio, vai proporcionar uma importante vantagem competitiva no mercado, contribuindo para melhorar a qualidade do calçado brasileiro. Mas quem ficar de fora vai acabar restringindo a sua atuação no mercado, pois esta necessidade será cada vez maior no nosso segmen-

to”, contextualizou. O gerente da Regional do Sebrae/ RS, Marco Copetti, comentou que o setor calçadista passa por um processo de melhoria de toda a cadeia produtiva e o Sebrae promove a qualificação e o desenvolvimento das MPE a partir de recursos oriundos de contribuições das empresas. “Nenhuma cadeia de valor vai se desenvolver sem o fortalecimento de todos os elos. É muito importante que empresas âncoras como a Beira Rio proporcionem oportunidades como esta para trazermos tecnologia e conhecimento aos fornecedores de pequeno porte, pois o mercado vai acabar por excluir aqueles que, independentemente do seu tamanho, não se alinharem de forma a suprir as suas reais necessidades”, considerou. O vice-presidente executivo do IBTeC, Dr. Valdir Soldi, explicou que existem várias legislações realizadas por diferentes países, e destacou algumas das mais abrangentes, como a europeia Reach e a americana AAFA. “São muitas as substâncias listadas com potencial para causar danos à saúde humana ou ao meio ambiente, e elas abrangem desde alergias até a possibilidade de causar câncer, e a tendência é que os limites permitidos sejam cada vez menores. Existem muitos exemplos de problemas causados pelo uso excessivo de algumas substâncias e o melhor sempre é prevenir. Nós estamos aqui para orientá-los repassando o nosso conhecimento”, concluiu.


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CB-11 PARTICIPE,

é gratuito! A

tualmente, o Comitê Brasileiro de Couro, Calçados e Artefatos de Couro (ABNT/CB-11) tem 263 normas publicadas, e mensalmente ocorrem as reuniões das comissões de estudo na sede do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), em Novo Hamburgo/RS, onde também está instalada a secretaria do CB11. Essas reuniões são abertas para a participação do público em geral, e todos são bem-vindos para trazer à discussão suas necessidades e ideias para novos projetos. É uma oportunidade também para se esclarecer dúvidas e compartilhar conhecimentos. Para acompanhar cada revisão e estarem atualizadas, é de extrema importância que as empresas autorizem e incentivem seus funcionários a participar dessas comissões de estudos, levando assim melhorias para as suas respectivas empresas. Cada reunião dura em torno de duas horas e abrange os mais diversos assuntos referentes ao sistema coureiro-calçadista. Outro objetivo do CB-11 é normatizar a realidade das empresas, ajudar, orientar e fornecer melhorias e padronização através das normas brasileiras. Encaminhem a nós as suas dúvidas e sugestões, pois estamos projetando o cronograma de estudos do ano de 2017 e com certeza tua participação agregará em

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conhecimento. Vale lembrar as comissões de estudo existentes no setor: - Comissão de estudo de Insumos; - Comissão de estudo de Ensaios Físicos e Químicos e Couro; - Comissão de estudo de Ensaios Biológicos em Couro; - Comissão de estudo de Resíduos Líquidos em Couro; - Comissão de estudo do Calçado; - Comissão de estudo de Limpeza e Conservação de Calçados e Artefatos; - Comissão de estudo de Conforto de Calçados; - Comissão de estudo de Artefatos; - Comissão de estudo da Construção Superior do Calçado; - Comissão de estudo de Adesivos para Calçados e Correlatos; - Comissão de estudo da Construção Inferior do Calçado; - Comissão de estudo de Componentes Metálicos; - Comissão de estudo de Subst. Restrit. em Couro, Calçados, Componentes e Artefatos; - Comissão de estudo especial de processos de Produção de Couros Sustentabilidade. Em dezembro, realizaremos o nosso tradicional café da manhã de encerramento das atividades anuais e você é nosso convidado. Entre em contato pelo e-mail: andrieli@ibtec. org.br e solicite o convite.


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OPINIÃO Colunista Tributação e gasto público: as duas faces da mesma moeda

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primavera chegou, o verão se tralmente oposta ao princípio que baavizinha e pouca coisa ainda liza o sistema constitucional tributário, nos faz lembrar do chuvoso o Estado Brasileiro não vem obtendo outono e não tão frio inverno de 2016. êxito na inarredável tarefa de adotar Parece que tudo foi há muito tempo, políticas públicas eficazes na realizanestes apressados dias, vividos no limição de um gasto social progressivo e, te da ansiedade. Há pouco tempo para portanto, tendencialmente inclusivo. reflexão, mas sobram convicções arraiEntre os entraves que obstam um gadas, como se fosse possível compatigasto público efetivamente inclubilizar a superficialidade com a certeza. sivo pode-se elencar elementos de Como se a dúvida, lembrando uma veordem ilícita, como os desvios perlha canção dos Engenheiros, não fosse petrados pela corrupção ou a próo preço a ser pago pela pureza. Como pria evasão fiscal. Não bastasse isso, se a condição humana pudesse pres- Dr. Marciano Buffon o destino orçamentário dos recursos cindir da humildade contida na célebre doutor em Direito, arrecadados não tem sido pautado professor da Unisinos frase socrática “tudo que sei é que nada marciano@buffonefurlan.com.br por uma lógica inclusiva, uma vez sei”. Neste cenário, que continua visceque o Estado Brasileiro ainda consoralmente conturbado e imprevisível, me uma parcela expressiva de seus passa-se a discutir uma temática que é central para qualquer recursos com a rolagem da dívida pública, especialmenprojeto de nação. Como gastar os recursos públicos? Isso se te com o pagamento de juros em níveis incomparáveis no faz mediante a propositura de uma Proposta de Emenda cenário mundial (mais de 45% do orçamento de 2014). Constitucional (PEC 241) que, primordialmente, pretende Não bastasse isso, pretende-se agora realizar um congelar o gasto público federal pelos próximos vinte anos. severo ajuste fiscal, congelando, entre outros, investiVale lembrar que, dentro de uma concepção que pode mentos em áreas carentes e muito sensíveis ao subfiser entendida como Estado Democrático de Direito, a razão nanciamento (como saúde e educação). Isso se faz sem pela qual este arrecada tributos decorre da necessidade de que haja um grande debate nacional acerca das “duas recursos para que possa atingir os seus fins. Isto é, mediante faces da mesma moeda” - referidas no título - mediana arrecadação de tributos, o Estado tem meios para garan- te o inoportuno mecanismo de uma PEC e com uma vitir o seu custeio e buscar a concretização do “bem comum”, gência que ultrapassará cinco mandatos presidenciais. sendo que essa busca constitui, em última análise, a razão Não se ignora, pois, a existência de um imenso déficit púde existir do próprio Estado. Isso se faz mediante a concre- blico (170 bilhões em 2016). Todavia, não se combate déficit tização dos objetivos e princípios constitucionalmente pos- de uma maneira eficaz sem atacar suas verdadeiras causas. tos, especialmente com a realização dos direitos fundamen- Tampouco, é admissível que o debate seja guiado pela intais (educação, saúde, proteção à infância, a velhice etc.). gênua comparação entre orçamento público com o privado. Não obstante a Constituição Brasileira preconize a obVamos, sim, discutir e enfrentar este problema meservância do princípio da capacidade contributiva, a carga diante um profundo e qualificado debate nacional - sem fiscal brasileira vem recaindo, prioritariamente, sobre o a imposição de uma fórmula pronta e acabada - na qual consumo - com seus notórios efeitos regressivos e com- se possa pensar em uma reforma estrutural, tanto da triplexidade - além de tributar diferenciadamente a renda, butação como do gasto público. O setor produtivo da ecoproveniente do capital, em detrimento àquela oriunda nomia (indústria em especial), os trabalhadores em geral, do trabalho, culminando na pífia incidência sobre o pa- enfim, todos nós que pretendemos o rótulo de cidadão trimônio. Estas escolhas políticas, que invertem a pirâ- não podemos aceitar que boa parte do resto de nossas vimide lógica tributária, já seriam suficientes para torná- das e a vida de nossos filhos (vinte anos!) seja decidida por -la um mecanismo antitético ao apregoado pela Carta. técnicos e políticos, afoitos, despreparados e pouco conOcorre que, além de exigir tributos de uma forma diame- fiáveis. Sem exageros, é muito sério o que está ocorrendo!

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OPINIÃO

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A conta vai chegar

É necessário preparar nossas empresas Flávio Vieira

Diretor da TOTVS Consultor em Obrigações Legais

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uito se discute sobre as obrigações legais estabelecidas pelo Governo Federal nos últimos anos. Algumas delas já estão em vigor, como a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e), o SPED Fiscal e o Contábil, entre outras. As próximas serão o eSocial, incluindo os blocos referentes ao REINF, e o Bloco K, que devem entrar em vigor em 2017. A primeira, mais relacionada às questões de Departamento Pessoal e folha de pagamento, e a segunda, à estrutura, produção e estoque de uma companhia. As duas obrigações afetam todos os processos da empresa, desde a operação até os colaboradores, com possíveis mudanças em atividades, processos e sistemas. Nos últimos dois anos, com a deterioração da economia, muitas empresas passaram por processos de redução de custos e até mesmo de operações, eliminando, em muitos casos, boa parte da força de trabalho. Qual o reflexo dessas alterações nos processos envolvidos nas obrigações legais? As empresas colocaram estas questões nas contas de redução? O cronograma de implantação destas obrigações tem sofrido constantes atrasos, o que impacta nos projetos internos de mudanças. Porém, sabemos que cedo ou tarde entrarão em vigor. O projeto SPED, iniciado com a Nota Fiscal Eletrônica, também era desacreditado e hoje tem força e relevância para as empresas e a União. As notificações dos outros SPEDs também começam a chegar. O Governo precisa de receitas novas e o SPED pode ajudar nisso. As obrigações que entrarão em vigor no ano que vem, junto com um possível cenário de mudança para uma agenda de crescimento do País, atingirão, principalmente, as empresas que não se preocuparam com elas. É necessário preparar nossas empresas para atender às exigências de forma ampla, evitando multas pelo não cumprimento de algumas informações ou da obrigação completa. Processo que exige bastante atenção - de quase todas as instâncias de uma companhia e reestruturação de inúmeras rotinas. Outro desafio é a manutenção dos SPEDs atuais, pois, o Governo tem liberado atualizações constantemente, o que exige adequações frequentes das rotinas das organizações. Portanto, além de se preparar para as novas regras, as companhias precisam se dedicar, ao mesmo tempo, ao cumprimento das leis que já estão em vigor. A duração e a complexidade para se adaptar ao eSocial e ao Bloco K variam conforme o porte da empresa, porém, em muitas delas, a discussão e a estruturação das rotinas e sistemas existentes estão em andamento. Se a sua empresa ainda não iniciou essa trajetória, está mais do que na hora de dar o primeiro passo. Mais do que dar início a essa etapa, as instituições precisam prever os gastos para se adaptar às legislações no orçamento de 2017, que já está em discussão. Isso porque, embora os primeiros passos devam ser dados imediatamente, boa parte do investimento ficará para o próximo ano. Portanto, é importante ter em mente que a conta vai chegar seja o custo de adaptação às regulamentações ou a multa pelo não cumprimento delas. Diante do atual cenário, em que os investimentos estão sendo feitos de forma cautelosa, nenhuma empresa quer gastar dinheiro com multas. Por isso, a hora de organizar a casa é agora!


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PHYS.ORG/DIVULGAÇÃO

TECNOLOGIA


DUPONT DEMONSTRA A EFICÁCIA DA TECNOLOGIA NOMEX NA

proteção contra chamas D urante a última edição da Feira Internacional de Segurança e Proteção (Fisp), que aconteceu em São Paulo/SP de 5 a 7 de outubro, a DuPont realizou testes ao vivo com a tecnologia Thermo-Man para comprovar a eficácia de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em acidentes de trabalho provocados por fogo intenso e repentino. O sistema trata-se de um exclusivo manequim de tamanho real no qual são acoplados 122 sensores de calor (com exceção das mãos e pés) que, além de oferecerem dados sobre a qualidade da resistência de vestimentas de proteção ao fogo, possibilitam a medição do percentual de queimaduras que um trabalhador pode sofrer quando exposto ao fogo, de acordo com sua roupa de proteção utilizada. O equipamento - que foi trazido do Centro de Inovação da DuPont em Paulínia/SP e atende toda a América Latina - resulta de um investimento de R$ 8 milhões e é usado em ensaios obrigatórios para a emissão do Certificado de Aprovação (CA) dos EPIs desenvolvidos para a proteção térmica. Segundo a DuPont só existem mais quatro sistemas como esse no mundo. Os testes com o Thermo-Man aconteceram em uma área externa do pavilhão da São Paulo Expo, dentro de uma câmara instalada em um container. O ambiente também possuía uma sala de controle, onde se mediu o tempo de exposição à chama de acordo com normas internacionais, bem como a eficácia dos trajes feitos de Nomex. A cada novo teste, o manequim era revestido

com a roupa feita neste material especial, sendo em seguida totalmente engolido por chamas geradas por queimadores de gás propano, com labaredas que podiam atingir até a temperatura de 1.000o C. Através de uma vitrina transparente, o público pôde assistir em tempo real a tudo o que acontecia no ambiente controlado durante a realização de cada um dos ensaios. Enquanto os sensores de calor coletavam o aumento da temperatura na superfície do manequim um programa de simulação de computador calculava fatores como a porcentagem prevista de queimaduras de segundo e de terceiro graus que uma pessoa poderia sofrer no corpo em condições semelhantes; a posição das queimaduras e a porcentagem de queimaduras em comparação com o corpo total; a evolução da queimadura durante o tempo de medição, bem como a possibilidade (em %) da pessoa sobreviver ao incidente.

Resultados do teste O desempenho dos trajes feitos de Nomex nesta situação extrema foi comparado com o de outros EPIs feitos de algodão e misturas de algodão tratados com produtos químicos retardantes de chamas. De acordo com o gerente de tecnologia da DuPont para a América Latina, Julio Tabegna, os resultados apontaram que o uso de roupas de proteção em Nomex resultou na mais baixa porcentagem do total de queimaduras corporais, aumentando consideravelmente a possibilidade de sobrevivência de uma vítima de calor ou chamas.

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A CIÊNCIA DA FÁBRICA

E A INOVAÇÃO CAPÍTULO 4/6: O QUE MOVE A NOVA FÁBRICA DE CALÇADOS? A BUSCA DA MANUFATURA AVANÇADA COMPETITIVA E INOVADORA, ORIENTADA POR UMA VISÃO SISTÊMICA FUNDAMENTADA NA SIMULTANEIDADE MS Eng. Fernando Oscar Geib

1 - A Simultaneidade sistêmica da Nova Fábrica de Calçados(NFC) é o fator essencial para a geração e a estruturação de um sistema competitivo e sustentável de Manufatura Avançada O fundamento da Simultaneidade torna os sistemas produtivos altamente racionais e de elevada capacidade competitiva. Deste modo, ao serem estruturados e alavancados por este princípio operacional essencial, estes sistemas desenvolvem uma linha de pensamento organizacional-empresarial e um modo de operar, geradores contínuos de comportamentos estratégico-competitivos de elevadíssima efetividade. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) persegue tenazmente o fundamento da simultaneidade operacional, incorporando de modo absoluto este fundamento e este modo de operar, ao qual também se somam uma inteligência e uma visão de fábrica extrema-

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mente avançada, voltadas para aperfeiçoar constantemente o seu fundamento operacional essencial de modo contínuo ao longo do avançar do tempo. Ao assim atuar, esta organização geradora de calçados incorpora e aplica continuamente o conceito de Manufatura Avançada. Esta condição de perseguir tal qualificação resulta da aplicação e da sustentação continuada de um pensar e agir dos seus gestores e dos seus operadores baseados no seu princípio essencial, que é a simultaneidade operacional, desenvolvida a partir de uma visão ampla e sistêmica aplicada em toda a fábrica e igualmente às suas ações nos mercados, tanto os de fornecimento de insumos e de materiais de fabricação, quanto os de consumo dos calçados produzidos. Estas afirmações anteriormente colocadas não têm nada de novidade, pois esta condição e comportamento - de aplicar o fundamento da simultaneidade a todas as ações da fábrica - estão amplamente demonstrados


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e detalhados nesta longa série de fundamentos e de colocações tecnológicas já apresentadas em capítulos anteriores, que dão estrutura para esta fábrica. Porém, é necessário ir ainda mais adiante, pois estamos operando com um sistema produtivo que traz consigo e, de modo inerente, o fundamento da complexidade. A simultaneidade e a complexidade são irmãs gêmeas inseparáveis. A capacidade de competir com efetividade nos mercados com a visão de simultaneidade em tudo o que esta fábrica faz tem o seu preço, que é a busca e a manutenção incessante e continuada da estabilidade desse fundamento, que proporciona aos sistemas produtivos a condição de manufatura avançada. Estas colocações mostram como se desenvolve e se aperfeiçoa a Ciência da Fábrica, como se implantam inovações amplas e sistêmicas nesta produtora de calçados e como esta ciência gera um cenário de contínuas ações e fundamentos operacionais inéditos para manter estável o seu sistema de produção. Não é demasia colocar que o fundamento essencial da simultaneidade operacional identifica o sistema de produção desta fábrica em descrição como um sistema de manufatura não somente avançada, como já tem sido colocado, mas igualmente dotado de uma elevada capacidade de competir em níveis incomuns em todos os seus mercados consumidores, pela flexibilidade em criar estruturas produtivas que competem pelo baixo custo dos calçados, pelos curtos tempos de atendimento das demandas dos mercados e dos consumidores, com alta qualidade de seus produtos. É por esta condição que esta fábrica tem o total domínio do fundamento da Entrega Já! Quanto mais se aperfeiçoa este fundamento de encurtar prazos de entrega, mais se consolida a sua condição de ser uma Manufatura Avançada aperfeiçoando a sua Ciência da Fábrica. O fundamento da simultaneidade expande-se em todas as dimensões estruturadoras e sustentadoras dos componentes do negócio de produzir calçados para atender impecavelmente os desejos dos consumidores no tempo certo. Este expandir continuado e sistêmico da fábrica em descrição facilita a compreensão de ser ela uma organização estrategicamente operada por uma visão de manufatura não somente avançada, mas também inteligente. Ao darmos passos ainda mais adiante na qualificação do seu sistema de manufatura dos calçados, pode-se também identificar ser o poder competitivo destas estruturas de produção o resultado da difusão e implementação do fundamento da simultaneidade, não somente nas operações de produção, mas também em todos os demais processos operacionais de apoio à manufatura, desenvolvidos por esta organização em descrição. Temos então uma simultaneidade sistêmica e ampla, envolven-

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do a aquisição de todos os materiais de fabricação, o desenvolvimento e o projeto/modelagem de novas linhas de calçados e os sistemas de produção dos calçados. Se por um lado as estruturas em rede dos processos de geração e distribuição dos calçados aos mercados e aos consumidores são alimentadas através de sistemas em rede de aquisição de matérias-primas e demais insumos para a fabricação dos calçados, com simultaneidade às necessidades do sistema produtivo, por outro a fábrica em descrição - para consolidar e levar a simultaneidade às entregas dos calçados produzidos - se vale da estruturação de sistemas de logística para a entrega e distribuição dos calçados fabricados nos seus pontos de venda, os quais são pensados e estruturados também como uma rede de disponibilização dos calçados aos mercados, qualificando, ainda mais, os sistemas operacionais da fábrica em descrição, como uma real e efetiva Manufatura Avançada e Inteligente (MAI). A Nova Fábrica de Calçados (NFC) é na verdade uma “apagadora do tempo” de fornecimento dos calçados produzidos, em função dos seus curtíssimos prazos de geração e disponibilização destes produtos aos mercados consumidores. Ela antecipa o tempo de atendimento das necessidades pessoais dos compradores, na forma de datas de disponibilização dos calçados, percebidos então como um bem simbolizando a materialização do atendimento ímpar de desejos e de necessidade por estes produtos, no tempo certo da manifestação dos desejos e necessidades dos consumidores. Esta organização calçadista persegue sistematicamente os fundamentos de Manufatura Avançada e Inteligente (MAI) pela efetividade do fundamento da simultaneidade total na geração e entrega dos calçados aos seus mercados e aos consumidores. Se em décadas passadas buscava-se a qualidade total nas organizações, a Nova Fábrica de Calçados (NFC) persegue a simultaneidade total como seu fundamento essencial, de suas ações, da efetividade de seus processos gerenciais e produtivos, dos custos efetivamente competitivos e do cumprimento total dos prazos de entrega dos calçados produzidos.

2 - Os Sistemas de Produção Simultânea constituem efetivamente uma Manufatura Avançada e Inteligente (MAI) Quando falamos em Manufatura Avançada e Inteligente (MAI) para a geração/produção de calçados, isto representa dizer que é inerente a estes sistemas produtivos a condição de estar muito à frente dos convencionais sistemas produtivos baseados na sequencialidade linear das operações produtivas. A Nova Fábrica de Calçados


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(NFC) é, portanto, uma Manufatura Avançada e Inteligente (MAI) porque ela foge da operacionalidade linear e sequencial para produzir calçados e, mais ainda, incorpora o fundamento da simultaneidade de todos os seus processos, sejam eles de produção ou administrativos. Como se identifica e se reconhece a sua condição de Manufatura Avançada e Inteligente? A condição de Manufatura Avançada da Nova Fábrica de Calçados (NFC) é caracterizada pelo fundamento da simultaneidade operacional, o qual impulsiona e capacita a estruturação de sistemas produtivos que competem pela qualidade das operações, pela produtividade das operações e pela redução efetiva e sensível dos ciclos de produção, gerados pelo fundamento da simultaneidade. Lembramos que a qualidade não é somente aplicável aos produtos - os calçados. A qualidade estende-se e aplica-se também para a análise intrínseca das operações, para que estas tenham como resultado uma alta produtividade. A qualidade na execução das operações é um fator essencial de sustento da produção simultânea. Mas para se obter esta qualidade das operações a fábrica em descrição vale-se da engenharia de processos, que gera as condições mais adequadas de trabalho para os operadores. Esta condição mantém os operadores em um continuado nível de qualidade operacional, o que resulta em maior produtividade. A engenharia de processos adequadamente desenvolvida e aplicada é, portanto, geradora e promotora da qualidade da execução das operações, constituindo-se em um fator operacional essencial da Manufatura Avançada e identificador da produção avançada. Igualmente, a simultaneidade operacional exige um conhecimento e aplicação de fundamentos de grande profundidade. Os sistemas de produção simultânea são,

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na sua essência, não somente avançados, mas principalmente inteligentes. Pois a manutenção continuada da simultaneidade operacional requer uma inteligência operacional aguda para gerenciar a estabilidade deste fator de produção.

3 - Fatores garantidores da Manufatura Avançada e Inteligente nos níveis operacionais Os operadores dos processos de fabricação dos calçados são chamados para desenvolver duas tarefas: (desenvolver processos de fabricação dos calçados e desenvolver esforços para manter estável o fundamento da simultaneidade das operações de fabricação dos calçados). Assim colocado, os operadores da produção simultânea de calçados são chamados para: I - Desenvolver as suas tarefas - operações de produção de calçados - com precisão nos tempos operacionais estipulados; II - Desenvolver a inteligência do sistema produtivo pela manutenção da simultaneidade das operações e dos processos de produção; III - Estarem continuamente cientes e convencidos de que estão operando um sistema de produção avançado e inteligente que exige uma postura de gestão pessoal das operações de produção dos calçados para promoverem a efetividade do fundamento da Entrega Já!. Estas colocações demonstram claramente que sistemas produtivos baseados na simultaneidade operacional exigem tanto uma visão de sistemas produtivos adequada a este fator essencial quanto uma gestão operacional da simultaneidade de elevada competência e de rapidez na tomada de decisões com relação aos fatores perturbadores do fundamento da simultaneidade.


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ARTIGO Técnico

O USO DA NANOTECNOLOGIA NA INDÚSTRIA TÊXTIL Gabriela Schaab da Silva Bacharel em Química e pesquisadora da empresa Nanoplus

Introdução Nanopartículas são definidas como partículas sólidas e coloidais com diâmetros na faixa de 10 a 1000nm1. A nanotecnologia é, portanto, o estudo dos materiais que se encontram nesta escala e de suas aplicações. Embora o uso de materiais em dimensões próximas ao nível atômico tenha sido mencionado ainda em 1959 por Richard Feynman, foi apenas com o advento de microscópios muito potentes, como o Microscópio Eletrônico de Varredura, e com a publicação do livro Engines of Creation - The Coming Era of Nanotechnology (1986) por A. Drexler, que os estudos na área da nanotecnologia passaram a avançar significativamente. Desde então, o crescimento no número de publicações, patentes e produtos envolvendo nanotecnologia cresceu exponencialmente. Este significativo aumento do interesse pela nanotecnologia se deve às diversas aplicações que podem ser dadas a materiais tão pequenos, capazes de serem impregnados em inúmeros itens, melhorando sua eficácia ou até provendo a eles novas características. Os nanomateriais caracteristicamente exibem propriedades físicas e químicas diferentes da estrutura na macroescala. A explicação para este fenômeno reside no fato de que nanopartículas apresentam grande relação superfície/volume, o que aumenta sua energia superficial, tornando-as mais reativas.²

Nanopartículas poliméricas O campo de nanopartículas poliméricas está expandindo rapidamente e desempenhando um papel essencial na inovação em diversos segmentos, dentre as quais se destacam as nanoesferas e as nanocápsulas. Nanoesferas são partículas cuja massa é inteiramente sólida, em que moléculas podem ser adsorvidas superficialmente ou encapsuladas no seu interior. Em geral, apresentam forma esférica, porém nanoesferas com outros formatos já foram descritas na literatura.3 Já as nanocápsulas são sistemas vesiculares, agindo como reservatórios, em que as substâncias confinadas encontram-se em uma cavidade que consiste em um núcleo líquido (óleo ou água), revestido por uma parede de material sólido.4 Os polímeros mais comumente empregados são poliésteres biodegradáveis, especialmente PLA (poliácido lático), PLGA poli(ácido lático-co-ácido glicólico) e PCL (polímero policaprolactona).3 A crescente atenção que as nanopartículas poliméricas têm recebido na indústria se deve ao fato de que elas podem conter, como reservatórios, uma vasta gama de substâncias (em geral, óleos essenciais com as mais diversas propriedades), proporcionando sua liberação controlada e, portanto, a otimização das suas propriedades para cada aplicação.

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Têxteis funcionalizados com nanotecnologia Na indústria têxtil, uma das principais estratégias para o desenvolvimento de produtos inovadores é a funcionalização de fibras já existentes, que se mostra muito mais simples e versátil do que a alternativa de desenvolver novas fibras para cada funcionalidade desejada. Neste contexto, a nanotecnologia se destaca como alternativa bastante interessante para esta funcionalização, visto que nanopartículas têm uma elevada relação superfície/volume e alta energia de superfície, apresentando, portanto, boa afinidade com as fibras sem afetar aspectos como respirabilidade e sensação ao toque.5 O primeiro trabalho a respeito do uso de nanotecnologia em têxteis foi realizado pela Nano-Tex, uma subsidiária das empresas Burlington/EUA. A partir deste início, muitas outras empresas passaram a investir nesta linha de pesquisa.5 O método mais utilizado de incorporação de nanopartículas em têxteis é a impregnação, em que são utilizados banhos que contêm as nanopartículas, muitas vezes estabilizadas na dispersão por surfactantes, aditivos e um meio de dispersão (como a água, por exemplo). Há diversos métodos de impregnação, entre eles spray, lavagem e foulardagem. Destes métodos, a foulardagem é o mais comum.5 As nanopartículas são aderidas às fibras com o uso de calandras com pressão ajustada, seguidas de secagem e cura. A Figura 1 é uma representação deste método.

Figura 1 - Esquema de impregnação de nanopartículas e tecidos pelo método de foulardagem Fonte: WONG, 2006

As propriedades agregadas aos tecidos utilizando nanotecnologia incluem repelência a líquidos, atividade antimicrobiana, antiestática e anti-UV, retardação de chamas6, entre outras, como representa a Figura 2.

Figura 2 - Possíveis propriedades agregadas a têxteis pela impregnação de nanopartículas às fibras do tecido Fonte: SAWHNEY, 2008

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ARTIGO Como exemplos de substâncias que podem trazer estes efeitos aos tecidos quando em escala nanométrica tem-se: prata, dióxido de titânio e óxido de zinco, que conferem atividade antimicrobiana (por conterem metais e alta área superficial, são capazes de esterilizar o meio, transformando parte do oxigênio em oxigênio ativo; e são capazes de interferir no metabolismo celular de microrganismos, inibindo seu crescimento)5; dióxido de silício, que confere resistência e retardo de chamas; hidroxiapatita, dióxido de titânio, óxido de zinco e óxido férrico que, juntos, conferem resistência à abrasão, repelência a líquidos, resistência UV e proteção a raios IV6; entre outros.

Nanopartículas poliméricas em têxteis Além de tratamentos com nanopartículas inorgânicas, há uma série de tratamentos que podem ser realizados envolvendo nanopartículas poliméricas. Dentre estas, destacam-se para a aplicação em têxteis as nano e microcápsulas e as nano e microesferas.6 No caso específico das nanopartículas poliméricas utilizadas na funcionalização de tecidos, destaca-se a possibilidade de encapsular um agente com a propriedade desejada (por exemplo, aromas, ativos antimicrobianos, retardantes de chama) protegido por um material polimérico que possa fornecer liberação controlada (constante ou através de um gatilho, como temperatura ou atrito) e que também desempenhe o papel de adesão às fibras. No ramo têxtil, é unânime que a incorporação de propriedades através do uso de nanopartículas poliméricas dará origem à nova geração da tecnologia têxtil.7 No entanto, há um fator limitante expressivo a este tipo de tecnologia, no que tange ao seu uso: a resistência a lavagens.8 Há diversos relatos na literatura e no meio industrial a respeito deste aspecto. É possível obter tecidos com propriedades muito interessantes comercialmente em uma forma de apresentação adequada, mas têxteis impregnados com nano e micropartículas poliméricas não tendem a resistir a mais do que 5-10 ciclos de lavagem.8,9 Rodrigues et al (2009), por exemplo, descreve o sucesso no desenvolvimento de microcápsulas de limoneno e sua aplicação em algodão, obtendo um tecido bastante funcional com liberação controlada de aroma; no entanto, após o primeiro ciclo de lavagem já havia sido detectada uma perda de 38% de limoneno, e este valor chegou a 87% após apenas cinco ciclos de lavagem.

Estudo de caso A Dublauto Gaúcha é uma empresa do ramo de componentes para calçado que atua no setor desde 2003 e investe extensivamente em pesquisa de aplicações da nanotecnologia, em conjunto com a unidade de P, D & I do grupo Dublauto, Nanoplus. A título de exemplo das possibilidades que a nanotecnologia oferece para o setor calçadista, pode-se citar o desenvolvimento, pela Dublauto Gaúcha e a Nanoplus, de um forro com propriedade antimicrobiana natural, conferidas pela impregnação, às fibras têxteis, de nanocápsulas poliméricas contendo óleos essenciais de melaleuca, cravo, cedro, tomilho, capim limão e lavanda, que juntos apresentam potencializada ação contra a proliferação de microrganismos, além de agradável aroma10 e de outras propriedades dos óleos essenciais empregados, conforme a tabela 1. A funcionalização do forro com nanotecnologia proporciona ao usuário do calçado um aumento significativo de conforto.

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Materiais e Métodos Para o desenvolvimento deste forro foi utilizado tecido 100% poliéster de 110 g/m². Para a obtenção das nanocápsulas com efeito antimicrobiano natural, a equipe de P&D da empresa definiu, com base em estudo bibliográfico de propriedades, o blend de óleos de interesse (neste caso, melaleuca, cravo, cedro, tomilho, capim limão e lavanda) e encomendou a encapsulação de uma empresa especializada no ramo, dentro das diretrizes de haver liberação controlada por gatilho (atrito). A impregnação das fibras têxteis foi realizada através de método de foulardagem em adaptação de laboratório, sendo testadas as seguintes concentrações de suspensão de nanocápsulas diluídas em água: 2%, 5%, 7% e 10% (m/v). Para melhorar a fixação das nanocápsulas no tecido, a empresa empregou um componente polimérico desenvolvido especialmente para este fim e protegido por confidencialidade. Foram realizadas amostras com e sem este componente com o objetivo de testar sua ação no material. As pesagens foram realizadas com balança Marte AD 3300. O tecido foi imerso na suspensão diluída de nanocápsulas e em seguida submetido à passagem entre duas calandras para remoção do excesso de líquido. O equipamento utilizado para este procedimento foi construído pela própria empresa para simular o processo executado por uma máquina rama. A pressão entre as calandras foi ajustada de modo a obter-se pick up de 100% na impregnação. O tecido foi seco a 110°C por 10min em estufa Fanem 520 (São Paulo). No processo industrial, os procedimentos de imersão, calandragem e secagem são realizados em sequência e o tecido é em seguida disposto como rolo na extremidade final da máquina. A tabela 2 indica as amostras realizadas para este desenvolvimento.

A avaliação das amostras para escolha de condição ideal foi feita com base em: a) testes de efeito antimicrobiano conforme norma ABNT NBR 15275:2005, realizados pelo Instituto Senai de Novo Hamburgo/RS; b) análise sensorial das propriedades aromáticas do material antes e após cinco ciclos de lavagem no modo lavagem delicada a frio da máquina Lavadora Automática Brastemp Whirlpool BWU 11A; c) teste com usuários - questionário qualitativo ao fim de um dia de uso de palmilha cujo forro fora impregnado com antimicrobiano natural. Neste teste, foram consideradas aprovadas as amostras cujos usuários descreveram ter percebido redução do mau cheiro nos pés, em comparação com amostra de palmilha sem tratamento algum. Os testes de análise sensorial e de percepção de conforto com usuários são de essencial importância neste tipo de desenvolvimento, pois traduzem o real incremento que o tratamento pode trazer ao consumidor - principal objetivo de um desenvolvimento comercial.

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ARTIGO Resultados e Discussão Após realizadas as impregnações das amostras, estas foram submetidas, inicialmente, às análises sensoriais das propriedades aromáticas dos óleos encapsulados. As amostras aprovadas nesta análise foram submetidas a cinco ciclos de lavagem e avaliadas novamente quanto às propriedades sensoriais. Aquelas em que as propriedades ainda se encontravam presentes foram então submetidas a testes com usuários. A tabela 3 exibe estes resultados.

É possível constatar, a partir da análise dos resultados obtidos, que a concentração de 2% da suspensão de nanocápsulas não é suficiente para conferir percepção de aroma agradável no material impregnado, enquanto que as concentrações a partir de 5% se mostraram suficientes. Outra constatação é que as amostras em que não foi acrescentado componente polimérico desenvolvido pela empresa para melhorar a fixação não apresentaram resistência alguma a ciclos de lavagem, perdendo suas propriedades, enquanto que as amostras com adição deste componente mantiveram suas propriedades. Com base nos resultados, e levando em consideração a necessidade de otimização do processo para fins industriais (consumo da menor quantidade possível de material, mantendo-se a eficácia), a amostra escolhida como ideal nesta pesquisa foi a amostra f. Desta amostra foi realizado laudo de resistência contra a bactéria S. aureus, que indicou resultado positivo, sem crescimento de microrganismos no corpo de prova, conforme Relatório Técnico CTC Senai LM 308/14. As imagens a e b na figura 3 representam o resultado positivo obtido para a amostra f.

Figura 3 - Fotos dos corpos de prova ao fim do teste de resistência microbiana com a bactéria S. aureus: a) tecido sem tratamento; b) tecido tratado com nanocápsulas de óleos essenciais com atividade antimicrobiana Fonte: CTC SENAI LM 308/14

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Conclusão O advento da nanotecnologia trouxe inúmeras novas possibilidades para todos os setores da indústria, dentre estes o setor de tecnologia têxtil, em que fibras podem ser funcionalizadas e adquirir novas propriedades, gerando produtos inovadores. Em especial, as nanopartículas poliméricas apresentam aspectos de interesse para a aplicação em materiais têxteis, como biodegradabilidade e liberação controlada de ativos, além de uma gama bastante extensa de possibilidades, através do encapsulamento de óleos com as mais diversas propriedades. No exemplo do desenvolvimento de forro para palmilhas com atividade antimicrobiana natural, realizado pela Nanoplus e a Dublauto Gaúcha, a impregnação de substratos têxteis com nanocápsulas contendo óleos essenciais de melaleuca, cravo, cedro, tomilho, capim limão e lavanda se mostrou uma alternativa interessante para a obtenção de um produto biodegradável, com apelo natural, de agradável odor e, principalmente, com comprovada eficácia na inibição da proliferação de bactérias. É possível constatar, no entanto, que a simples impregnação das nanocápsulas em tecido não supre as necessidades de mercado para este tipo de produto, pois não confere resistência a poucos ciclos de lavagem. Desta forma, faz-se necessária a adição do componente polimérico desenvolvido pela empresa Nanoplus, que confere melhor aderência e fixação das partículas à fibra. Cabe ressaltar que a impregnação de nanopartículas a materiais têxteis pode conferir, além da atividade antimicrobiana aqui mencionada, uma vasta gama de outras propriedades, a serem exploradas pelo setor de componentes para calçado para o desenvolvimento de produtos inovadores e diferenciados.

Referências 1 Kreuter J. Nanoparticles. In: Kreuter J, editor. Colloidal drug delivery systems, vol. 66. New York: Marcel Dekker; 1994. p. 219–342. 2 Arsenault A., Ozin G. Nanochemistry: A Chemical Approach to Nanomaterials. Toronto: Editora RSC Publishing, 2005. 3 J. Prasad Rao, Kurt Geckeler: Polymer nanoparticles: preparation techniques and size-control parameters. Progress in Polymer Science 2011; 36, 887-913. 4 Ferranti V, Marchais H, Chabenat C, Orecchioni AM, Lafont O. Primidone-loaded poly- ε -caprolactone nanocapsules: incorporation efficiency and in vitro release profiles. Int J Pharm 1999; 193, 107–11. 5 Wong, Yuen, Leung, Ku, Lam: Selected applications of nanotechnology in textiles. Autex Research Journal 2006; 6, 1-13. 6 Liu, Liang, Zheng, Li: Preparation and characteristics of nanocapsules containing essential oil for textile application. Flavour and Fragrance Journal 2015; 30, 295-301. 7 Sawhney, A., Condon, B., Singh, K., Pang, S., Li, G., Hui, D.: Modern Applications of Nanotechnology in Textiles. Textile Research Journal 2008; 78, 731–739. 8 Hu, J., Xiao, Z., Zhou, R., Ma, S., Wang, M., Li, Z.: Properties of Aroma Sustained-release Cotton Fabric with Rose Fragrance Nanocapsule. Chinese Journal of Chemical Engineering 2011; 19, 523-528. 9 Rodrigues, S.N., Martins, I.M., Fernandes,I.P., Gomes, P.B., Mata, V.G., Barreiro, M.F., Rodrigues, A.E.: Microencapsulated perfumes for textile application. Chem. Eng. J. 2009; 149, 463-472. 10 Xavier, Vanessa: Análise Cromatográfica/Olfatométrica do Potencial Aromático de Extratos Naturais Livres e Incorporados a Materiais por Impregnação Supercrítica. Tese de Douturado, PUC, 2016.

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A ABNT 11 3017.3638 www.abnt.org.br pág. 56 ADERE 19 2104.0700 www.adere.com pág. 23 ALTA TRANÇADOS 11 2618.2203 www.altatrancados.com.br pág. 53 ASSINTECAL 51 3584.5200 www.assintecal.org.br pág. 43 ASSOCIAÇÃO 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 77 B BIBI 51 3512.3344 www.bibi.com.br pág. 98 BOXFLEX 51 3598.8200 www.boxflex.com.br pág. 02 C COLORGRAF 51 3587.3700 www.colorgraf.com.br pág. 61 COMELZ 51 3587.9747 www.comelz.com pág. 07 CONFORTO AGORA É MODA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 78 CONSULTORIA INDUSTRIAL 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 76 COUROMODA 11 3897.6100 www.couromoda.com pág. 59 D DÜRKOPP 11 3042.4508 www.durkoppadler.com pág. 19 E EPIs 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág.73 F FÁBRICA CONCEITO 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 71 FIMEC 51 3584.7200 www.fimec.com.br pág. 63 FISP 11 5585.4355 www.fispvirtual.com.br pág. 69 FLEXNYL 15 3414.1300 www.flexnyl.com.br pág. 05 FOAMTECH 19 3869.4127 www.foamtech.com.br pág. 100 G GUIA ASSOCIADOS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 86

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I ISA TECNOLOGIA 51 3595.4586 www.isatecnologia.com pág. 21 L LAB. BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 79 LAB. CALOR E CHAMAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 75 LAB. LUVAS CIRÚRGICAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 74 LAB. MICROBIOLOGIA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 96 LAB. SUBST. RESTRITIVAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 97 LINHANYL 15 4009.8700 www.linhanyl.com.br pág. 05 M MÁQUINAS MORBACH 51 3066.5666 www.morbach.com.br pág. 25 MARLUVAS 32 3693.4096 www.marluvas.com.br pág. 15 METAL COAT 54 3215.1849 www.metalcoat.com.br pág. 17 P PARCEIROS BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 48 POLLIBOX 51 3587.3502 www.pollibox.com.br pág. 02 PROAMB 54 3085.8700 www.proamb.com.br pág. 72 R RETILOX 11 4705.9460 www.retilox.com.br pág. 09 REVISTA TECNICOURO 51 3553.1000 www.tecnicouro.com.br pág. 64 RHODIA 11 3741.7505 www.rhodia.com.br pág. 99 S SELOS BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.tecnicouro.com.br pág. 65 STICK FRAN 16 3712.0450 www.stickfran.com.br pág. 10 Z ZERO GRAU 51 3593.7889 www.feirazerograu.com.br pág. 29

ENTIDADES DO SETOR ABEST (11) 3256.1655 ABIACAV (11) 3739.3608 ABICALÇADOS (51) 3594.7011 ABINT (11) 3032.3015 ABLAC (11) 4702.7336 ABQTIC (51) 3561.2761 ABRAMEQ (51) 3594.2232 ABRAVEST (11) 2901.4333 AICSUL (51) 3273.9100 ANIMASEG (11) 5058.5556 ASSINTECAL (51) 3584.5200 CICB (61) 3224.1867 IBTeC (51) 3553.1000 FEIRAS DO SETOR BRASEG (11) 5585.4355 COUROMODA (11) 3897.6100 EXPO EMERGÊNCIA (11) 3129.4580 EXPO PROTEÇÃO (11) 3129.4580 FEBRAC (37) 3226.2625 FEIPLAR (11) 3779.0270 FEMICC (85) 3181.6002 FENOVA (37) 3228.8500 FIMEC (51) 3584.7200 FISP (11) 5585.4355 FRANCAL (11) 2226.3100 GIRA CALÇADOS (83) 2101.5476 HOSPITALAR (11) 3897.6199 INSPIRAMAIS (51) 3584.5200 PREVENSUL (51) 2131.0400 40 GRAUS (51) 3593.7889 QUÍMICA (11) 3060.5000 SEINCC (48) 3265.0393 SICC (51) 3593.7889 ZERO GRAU (51) 3593.7889


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FOTOS LUÍS VIEIRA

As alunas Amanda e Camila tiveram o seu trabalho reconhecido pelo instituto. Na foto acima, comemoram com a professora orientadora.

UMA NOITE DE CELEBRAÇÃO AO

ensino qualificado N

a noite de 28 de outubro, o Teatro Feevale, com capacidade para receber mais de 1.800 pessoas, estava lotado por uma plateia formada, em sua grande maioria, por jovens pesquisadores que foram os finalistas na premiação dos melhores trabalhos apresentados na Mostratec 2016. Também estavam ali professores orientadores e os representantes das empresas e instituições que distribuíram prêmios em reconhecimento ao talento e à competência dos estudantes na execução das pesquisas e apresentação dos resultados. Enfatizando que a Liberato é uma instituição pública que busca a formação qualificada dos seus estudantes, o diretor-executivo da fundação, Leo Weber, disse ser impossível não se emocionar com a qualidade dos trabalhos apresentados e o brilho percebido nos olhos de cada um dos jovens pesquisadores ao falarem sobre seus projetos. Ele saudou a todos os finalistas e às respectivas instituições de ensino, agradeceu aos patrocinadores e parceiros, aos professores e também aos pais dos alunos que, através do seu incentivo, possibilitam ao projeto se renovar ano após ano. “Obrigado por este relacionamento profícuo, que é a base para viabilizar

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cada edição deste projeto que se tornou um verdadeiro show de talentos. Quanto aos alunos, sintam que tudo isso é feito para vocês”, ressaltou. O coordenador da Mostratec, Paulo Renato Thiele, falou do sentimento de gratidão por toda a equipe de profissionais e professores que se dedicam diariamente para tornar possível cada edição do projeto. “Faltam palavras para expressar todo o sentimento com relação ao esforço de cada um para realizarmos um evento como este, que hoje é o maior da América Latina voltado ao reconhecimento dos jovens cientistas. Isso só é possível por termos uma equipe que acredita muito na Mostratec, na educação dos jovens e no potencial dos estudantes, é isso o que faz com que essa ideia dê muito certo. A todos vocês, o nosso muito obrigado”, agradeceu.

Prêmio IBTeC O Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro Calçado e Artefatos (IBTeC) participou como instituição premiadora oferecendo passagens para a participação da próxima edição da Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), que acontecerá de 21 a 23 de março de 2017, em São Paulo/SP. As vencedoras foram as

alunas da escola técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, Amanda Miranda de Souza e Camila Maurer que, sob orientação da professora Schana Andreia da Silva e o apoio da empresa Lamiclas, realizaram o Estudo da introdução de esponjas de louça pós-uso na fabricação de placas à base de EVA. Quem entregou o prêmio foi o vice-presidente executivo do instituto, Dr. Valdir Soldi. Ele comentou que foram escolhidos seis trabalhos cujas pesquisas estavam de alguma forma relacionadas com o sistema coureiro-calçadista, e estes foram avaliados por uma comissão formada por colaboradores e técnicos do instituto, tendo como base para a pontuação uma série de quesitos pré-estabelecidos. “Para nós foi uma grande satisfação oferecer este prêmio e participarmos deste momento tão importante para estes jovens, que estão cheios de ideias para contribuir com a sociedade e o nosso País. Todos os finalistas são merecedores do nosso reconhecimento e o instituto vai aprofundar esta parceria que visa a incentivar aqueles estudantes que almejam, através dos seus estudos, fazerem a diferença na busca de um futuro melhor para si e para todos nós”, considerou.


Estudo da introdução de esponjas de louça pós-uso na fabricação de placas à base de EVA

Método acelerado para teste de biodegradação de polímeros

Autoras: Amanda Miranda de Souza e Camila Maurer Orientadora: Schana Andreia da Silva Apoio: Empresa Lamiclas

Pesquisadoras: Thainá Lisboa, Victória Selistre e Eduarda Hinkel Orientadora: Schana Andreia da Silva

Resumo

Resumo

Este trabalho consiste na pesquisa sobre a introdução de esponjas de louça pós-uso na produção de materiais à base de EVA, encontrando assim uma alternativa sustentável de reaproveitamento para um produto que ainda não apresenta forma de reciclagem. Anualmente são produzidas 360 milhões de esponjas multiuso, que acabam sendo descartadas e que, por não serem biodegradáveis, permanecem na natureza por tempo indeterminado. A fim de confirmar a hipótese de que é possível desenvolver produtos a partir de uma mistura de EVA e esponjas já usadas, foram realizadas algumas misturas em diferentes proporções. A partir das práticas, foi constatado que as placas que continham as esponjas tinham um aspecto visual homogêneo e apresentavam menor expansão com relação às placas feitas apenas com EVA. Após a fabricação e reticulação dos compostos, foram realizados testes mecânicos a fim de verificar a qualidade do produto. As placas com incorporação de esponjas são mais rígidas e resistentes do que as placas feitas somente com EVA e apresentam menor grau de elasticidade. Com base nos resultados obtidos, o grupo conclui que é possível criar uma placa de EVA com esponjas de louça pós-uso que apresente propriedades mecânicas suficientes para algumas aplicações em que as placas de EVA são utilizadas atualmente no mercado, como: tapetes, tatames, brinquedos e solados.

O trabalho visa a propor um novo método de teste de biodegradação de polímeros para facilitar o desenvolvimento industrial desta linha de produtos, utilizando o método respirométrico com o auxílio de bioestimuladores. O teste atual, Teste de Sturm, obedece à norma ASTM D-5338 que descreve que a compostagem dos recipientes contendo o polímero deve ser incubada por 45 dias, podendo ser estendido e chegar até seis meses. Este teste pode se tornar inviável, pois se sabe que no ramo industrial fatores como tempo, custo e praticidade são de grande importância. A redução na duração do mesmo e a simplificação no método seriam grandes incentivos para que as indústrias investissem mais no desenvolvimento de produtos biodegradáveis, visando à melhoria das condições ambientais. O método proposto, assim como no convencional, simula a compostagem, porém o principal diferencial é o uso de um bioestimulador, que faz com que os microrganismos do solo se multipliquem e se fortifiquem, o que resulta numa biodegradação acelerada do polímero testado. A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, concluiu-se que o método respirométrico com a bioestimulação é eficaz, pois foi possível realizá-lo com aparelhagem simples - o tempo do teste foi reduzido aproximadamente em três vezes e o custo foi diminuído em quase 10 vezes, podendo ser minimizado ainda mais.

Camila Maurer e Amanda Souza

Thainá Lisboa, Victória Selistre e Eduarda Hinkel

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Copex - Isolante térmico e acústico a partir da fibra de coco II

Prófut prótese ortopédica para prática de futsal

Autores: Bianca Fogaça Moretto e Gustavo Dalarosa Misturini Orientador: Jefferson Luís da Silva Coorientadora: Schana Andreia da Silva

Pesquisadores:Yuri Alves, Sírio de Paula Júnior e Gabriel Cazakevicius Orientador: Fábio Ricardo Oliveira de Souza

Resumo

Resumo

A produção de cocos no Brasil é alta, chegando a três milhões de toneladas, o que gera grande volume de resíduos. Analisando as propriedades das fibras da fruta, observou-se que o material tem boa capacidade de isolamento térmico e acústico. Portanto, optou-se por desenvolver um compósito a partir da fibra - variando a quantidade de resina na composição - tendo como objetivo dar um fim nobre ao resíduo. Foram selecionadas três resinas para efetuar a conformação junto à fibra: breu, éster de breu e hidrocarbônica, com as quais se realizou 12 misturas, para determinar a melhor opção. Foram desenvidas chapas contendo 25% e 40% de resina. O coco foi desfibrado mecanicamente, as fibras foram lavadas e passaram pelo processo de remoção de umidade em estufa. Posteriormente, foram pesadas, separadas e prensadas junto à quantidade de resina correspondente para o compósito em desenvolvimento. Foram realizados cinco ensaios para determinar o compósito que melhor cumpre a função: condutividade térmica, absorção de água, análise microscópica, isolamento sonoro e isolamento ao ruído aéreo. Constatou-se que o compósito que possui 40% de éster de breu na composição apresentou melhores resultados; no ensaio de isolamento sonoro, a redução foi de aproximadamente 28 decibéis comparada à caixa sem isolante; no ensaio de isolamento ao ruído aéreo, obteve-se o índice de redução sonora ponderado Rw (dB): 47. Os resultados sugerem que o material pode ser aplicado como isolante térmico e acústico.

O projeto consiste no dimensionamento e criação de um protótipo virtual de uma prótese ortopédica para amputações transtibiais, que tenha sua função voltada especificamente à prática do esporte futsal. A prótese deve oferecer conforto e disponibilidade de movimentos a seu usuário, assim como segurança a ele e aos demais jogadores durante a partida. A importância do formato da mesma deve-se também à necessidade de haver uma integração entre amputado e prótese, podendo calçar uma chuteira comum, vestir o meião e usar caneleira, pois dessa forma conquista-se a aparência de uma perna biológica, trazendo conforto e bem-estar ao usá-la. De início os movimentos selecionados para o dimensionamento foram os quatro básicos do esporte: corrida, passe, mudança de direção e chute. Para esses movimentos foram encontrados testes realizados, com diferentes tipos de chuteiras de futsal, que continham os picos de pressão plantar para cada um deles e divididos em nove partes do pé. Após isso foi construído no software Inventor Professional 2016 protótipos virtuais e testados no ambiente de análises de tensões denominado CAE, com o o objetivo de suportar os picos de pressão dos movimentos para que a prática do esporte seja possível. Dessa forma, chegou-se ao formato e material (fibra de carbono) que atendem aos requesitos estabelecidos, analisando que a resistência à tração da fibra de carbono é de 4150,000 MPa e a maior tensão encontrada nas análises é de 135,200 MPa, comprovando o não rompimento.

Gustavo Misturini e Bianca Moretto

Yuri Alves, Sírio de Paula Júnior e Gabriel Cazakevicius

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Sistema retardante de chamas para poliuretano: incorporação de compostos de alumínio e nanoargilas

DBeco - Desvulcanização da borracha SBR, uma alternativa ecológica

Autor: Cassiano Moehlecke Orientadora: Schana Andreia da Silva

Autoras: Luíse Herber Ballardin e Sara Einsfeld Altenhofen Orientadora: Schana Andreia da Silva

Resumo

Resumo

O uso de polímeros na construção civil vem se tornando uma tendência nos dias de hoje, uma vez que trazem um material de características únicas, associado com um baixo custo. Um destes polímeros que é amplamente utilizado, não só na construção civil, é o poliuretano. Porém, ocorreram alguns incidentes nos últimos anos que vieram a questionar a utilização deste, uma vez que a sua queima produz gases tóxicos para a saúde dos indivíduos presentes no ambiente. Portanto, têm-se a necessidade da implantação de cargas retardantes de chamas a este material, mas muitas destas são compostos halogenados que, ao se ter a queima e volatilização do material, acabam poluindo a atmosfera com a liberação de gases poluentes. Uma alternativa que vêm sendo desenvolvida nos últimos anos é a utilização de nanocompostos e de compostos inorgânicos para se obter um resultado semelhante aos métodos convencionais. Tendo em vista isto, esta pesquisa visa obter uma espuma de poliuretano utilizando uma alternativa aos compostos halogenados usados atualmente. Para isso, se preparou diferentes espumas com diferentes tipos de materiais com potencial retardante de chama, uma nanoargila, hidróxido de alumínio e óxido de alumínio. Para comprovar que estes podem propiciar um material retardante de chama com resultados satisfatórios, foram feitos testes comparativos de queima e de densidade da espuma deste polímero.

O projeto desenvolveu um método alternativo para a desvulcanização da borracha SBR - Poli (estireno-co-butadieno) - proveniente de resíduos de solados de calçados. A metodologia se deu da seguinte maneira: a) delimitação da matéria-prima (borracha SBR) e do tratamento químico alternativo para a regeneração; b) prática para teste dos métodos em diferentes tempos e concentrações dos componentes; c) análise dos resultados; d) conclusão preliminar e discussão dos resultados; e) melhora no tratamento e observação dos novos resultados. Os métodos existentes apresentam desvantagens econômicas ou ecológicas para a indústria, pois alguns processos não apresentam preços de mercado competitivos ou podem utilizar reagentes químicos tóxicos. Podemos apontar que o tratamento químico proposto, com pouco tempo de aquecimento e com concentração mais baixa (diluição de 50%), apresentou melhores resultados em comparação com as demais amostras, acarretando economia de reagentes e energia. A partir dos resultados satisfatórios com a desvulcanização de solas de borracha SBR vulcanizadas (que entram novamente no processo produtivo como matéria-prima), o projeto pretende melhorar o processo da desvulcanização e reduzir os custos, bem como expandir a atuação para os resíduos de pneumáticos, que também representam um grande problema com relação à deposição destes em locais inadequados e à reciclagem.

Cassiano Moehlecke

Luíse Ballardin e Sara Altenhofen

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