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TECNOLOGIA NA PRÁTICA Durante a realização da Fimec 2017, que ocorre de 14 a de 16 de março, temos uma oportunidade única de presenciarmos e avaliarmos a aplicação prática de processos e tecnologias inovadoras na fabricação de calçados. É a maior edição da Fábrica Conceito, que chega a sua oitava edição com a maior área já ocupada e número recorde de parceiros na concepção do projeto, trazendo da teoria para prática novos componentes, processos e layout produtivos. São mais de 70 parceiros envolvidos neste momento inédito e histórico do projeto, que conta com cinco linhas de produção funcionando simultaneamente. Toda esta diversidade e grandiosidade materializa conceitos e ratifica compromissos firmados ao longo do tempo, dos quais, no momento em que está prestes a completar 45 anos de atividades, o IBTeC se sente orgulhoso de fazer parte de maneira ímpar. Investimentos em inovação, incansáveis trabalhos de pesquisa, processo de desenvolvimento colaborativo de toda cadeia e busca pela diversidade são pontos que permearam nossos trabalhos durante os dez meses de desenvolvimento do projeto e colocam a indústria calçadista em sintonia com suas realidades e necessidades. Com o foco claro e definido na busca pela produtividade e competividade, a Fábrica Conceito traz ao grande público soluções viáveis e aplicáveis para grande maioria das empresas, que podem confirmar pessoalmente todo este trabalho. Porém, mais do que o resultado final que será apresentado, o que mais nos enche de orgulho e sentimento de realização é a afirmação da capacidade de todos nós de evoluirmos de forma permanente através do trabalho conjunto, dedicação e investimentos constantes, mesmo diante de momentos adversos como os atuais. O mercado não se acaba ou se torna desastroso de um momento para outro, mas situações desafiadoras se tornam mais impactantes para os menos dispostos e preparados a enfrentá-las, e projetos como esse demonstram claramente quais caminhos e métodos devem ser trilhados e que, sim, é possível melhorar sempre. Visite, avalie, discuta, conteste, ajude a manter e propulsionar a evolução constante de tudo e de todos, este é nosso compromisso. Boa feira, bons negócios e felizes inovações a todos!
Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo
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MERCADO Show de criatividade e inovação
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EXPEDIENTE
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AGENDA
REPORTAGEM ESPECIAL Tecnologia com produtividade
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NOTAS
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CB-11
INSTITUCIONAL Adequação ao Selo Abvtex
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TECNOLOGIA O uso da linguagem universal GS1
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Abril PREVENSUL 26, 27 e 28 Porto Alegre/RS www.protecaoeventos.com.br Maio SICC 22, 23 e 24 Gramado/RS www.sicc.com.br Julho FRANCAL 2, 3, 4 e 5 São Paulo/SP www.feirafrancal.com.br
INSPIRAMAIS 3e4 São Paulo/SP www.inspiramais.com.br Agosto EXPOPROTEÇÃO 16, 17 e 18 São Paulo/SP www.protecaoeventos.com.br
Outubro MAQUINTEX 3, 4, 5 e 6 Fortaleza/CE www.maquintex.com.br Novembro ZERO GRAU 12, 13 e 14 Gramado/RS www.feirazerograu.com.br
Setembro SEINCC 12, 13 e 14 São João Batista/SC www.sincasjb.com.br
Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.
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IMAGEM LUÍS VIEIRA
MERCADO
FOTO FÁBIO MENDES/DIVULGAÇÃO
BRASIL RETOMARÁ
o crescimento Ricardo Amorim considera que o momento atual é o melhor possível em termos de oportunidade para os empresários
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urante o jantar anual da Associação Brasileira dos Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), acontecido no dia16 de janeiro, segundo dia da Couromoda, o economista Ricardo Amorim realizou uma palestra bastante otimista e motivadora, fornecendo dados estatísticos consistentes para ilustrar os motivos que o levam a acreditar que em breve o Brasil vai iniciar um novo e longo período de crescimento. Sua palestra foi recebida com entusiasmo pelas lideranças setoriais, empresários e profissionais que foram prestigiar a posse do novo presidente da entidade, Marcone Tavares. Formado em Economia e com pós-graduação em Administração e Finanças Internacionais, Amorim atua no mercado financeiro como economista e estrategista de investimentos. Também é colunista da revista Isto É e um dos ícones dentre os debatedores do programa Manhattan Connection, apresentado na Globo News. Baseado em um farto acervo de informações sobre a economia brasileira que datam desde o início do século XX, ele criou a base de argumentos que o faz afirmar com toda a convicção que as crises e também as fases de crescimento são cíclicas, e que o momento é de se acreditar que um ciclo virtuoso de crescimento está para ser iniciado. O ciclo virtuoso a que ele se refere funciona assim: as empresas, acreditando que a economia vai melhorar, começam a investir, aumentam a
produção gerando mais emprego e renda e isso repercute no mercado com a geração de negócios e a criação de novas demandas, que por sua vez motivam o setor industrial a investir ainda mais criando mais emprego e renda dando sequência a este processo positivo. Da mesma forma como tem feito nos debates em que participa, ele contextualizou que de 2006 a 2010 - os últimos cincos anos da gestão Lula, o PIB cresceu sempre mais do que o previsto - com a exceção de 2009. Por outro lado, durante o governo Dilma, a realidade foi o oposto. “Ano a ano as previsões para o crescimento do PIB foram sempre negativas e a performance ainda pior, só que desta vez sem exceção alguma”, criticou. Ele explicou que em qualquer país, independente do tipo de governo, as economias acontecem em ciclos. E o que o motiva a acreditar que este ciclo desfavorável que se instalou no Brasil esteja chegando a seu final são dados do Banco Central que mostram que estes períodos duram em torno de 3 a 5 anos, sendo que os ciclos positivos são os de maior duração. “A economia brasileira só terá mais um ano de crise se acontecer algo muito atípico, como uma guerra, mas não acredito nisso. A minha aposta é que a nossa economia var crescer mais do que se imagina”, avalia. Ele reconhece que o País tem problemas estruturais a serem trabalhados, como a limitação dos gastos públicos, a queda da inflação
e a diminuição das taxas de juros, mas afirma que o atual governo está sabendo equaciona-los. Um grande desafio para a tão desejada retomada do crescimento é vencer a barreira da aprovação da Reforma da Previdência, porém um fato positivo para o governo é que o presidente Temer tem uma boa articulação política para aprovar medidas necessárias para o País. Afirmando que “vai chover dólar” no Brasil se estes últimos entraves forem superados, o palestrante avisou que já está acontecendo uma volumosa entrada de divisas no Brasil, e a tendência é que esta situação se intensifique ainda mais. “Um dos motivos de o País estar entre os prováveis destinos de divisas internacionais é o estilo de governo do presidente norte-americano Donald Trump, que alardeou, entre outras coisas, isenção de impostos, fortalecimento da indústria local e barreiras para entrada de produtos estrangeiros. Estas medidas vão levar a uma menor arrecadação, que obriga a um maior endividamento público e leva à inflação. Este cenário tornam menos atrativos os títulos norte-americanos, o que contribui para o redirecionamento de investimentos para o Brasil. Ele finalizou a apresentação destacando que o momento é de se investir em diferenciais competitivos para desfrutar do novo cenário positivo que está para acontecer. “O momento atual é o melhor possível em termos de oportunidade para os empresários”, defendeu.
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EFICIÊNCIA, PRODUTIVIDADE tuando há 50 anos no desenvolvimento de produtos para o setor fabril, a FCC trabalha para que indústrias de diferentes mercados - como construção civil, moveleiro, automotivo, saúde, higiene pessoal e calçadista - obtenham bons resultados em aplicações diversas na área de adesivos, colas, massas etc. De acordo com Marcelo Garcia - diretor comercial da divisão Calçado - a FCC tem como metas principais para 2017 o aumento de market shared e a consolidação da tecnologia de adesivos aquosos. “Além disso, 2017 será um ano de promoção ao posicionamento da FCC, o de utilizar a ciência dos materiais para aumentar o sucesso dos clientes. Ou seja, lançarmos produtos e serviços inovadores que façam a diferença, que tenham um benefício real para as empresas”, enfatiza. Dentro dessa premissa, foi lançado o elastômero termoplástico vinílico (TVR), o primeiro composto à base de EVA da empresa que não precisa ser expandido e pode substituir o uso de TR, borracha, PVC e micro PVC na injeção de solados.
O lançamento reforça o posicionamento da FCC na busca de soluções que tragam mais eficiência, produtividade e menos custos para a indústria. * Em relação ao TR: proporciona melhor termoabrasão, resistência ao rasgo e facilidade na injeção; * Em relação à borracha: garante ciclo produtivo mais rápido. Pode fabricar solas bicolores e mais leves. Permite o reaproveitamento por ser um termoplástico; * Em relação ao micro e PVC: oferece facilidade no processamento, grip e custo competitivo. FOTO DIVULGAÇÃO
e menos custos A
Certificação 9001:2015
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Colorgraf foi recertificada na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR ISO/9001:2015. Este é o sétimo ano consecutivo que a empresa atesta sua qualidade aos padrões internacionais da norma e a comunicação da recomendação para a nova versão aconteceu após a conclusão do processo de auditoria realizada pela Det Norske Veritas Certificadora Ltda. (DNV GL). Com a certificação, a Colorgraf tornou-se uma das primeiras empresas a adequar seus processos à ABNT NBR ISO 9001 em sua versão atualizada, que foi publicada oficialmente como válida em outubro de 2015.
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A ISO 9001 registrou modificações significativas com sua publicação em 2015: aumentou as exigências para sua obtenção ao avaliar mais detalhadamente processos ligados à análise de riscos das empresas, bem como passou a exigir o envolvimento maior por parte da direção. O foco no cliente foi mantido, mas direcionado estrategicamente, garantindo através da satisfação dos clientes e partes interessadas, a geração de resultados. Busca-se agora sustentabilidade do negócio através da gestão de riscos, contemplando através desta análise a determinação dos fatores que podem impactar na obtenção
dos resultados planejados. “A nova norma exigiu uma maior participação dos líderes no processo de qualidade, demonstrando através de seus processos uma análise dos riscos e oportunidades diretamente ligados à estratégia e à direção da empresa”, relata Sabrina Arnold, da direção para qualidade. Ela explica que a empresa teria até setembro de 2018 para se adequar a nova norma, mas que decidiu fazer a revisão de imediato com objetivo de consolidar ainda mais sua imagem associada à conformidade e a padronização de processos, proporcionando aos clientes produtos e serviços com mais qualidade.
COLUNA
EPIs Água: considerada um risco
Marcos Braga de Oliveira
Técnico Químico da divisão de EPIs – Luvas e Vestimentas do IBTeC
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o fazer uma rápida lista de perigos aos quais um trabalhador pode ser exposto, riscos de impacto, cortantes, fogo, elétricos e até radiação irão surgir. Porém, dificilmente aparecerá água como algo do qual o trabalhador deva se proteger. Artigos que protegem contra a água, seja proveniente de operações de trabalho ou até mesmo da chuva, existem e possuem normas internacionais e portarias nacionais como os demais EPIs com altos requisitos de desempenho. Entender o porquê de tal fato é simples. A água é uma possível fonte de diversas contaminações. Bactérias e fungos utilizam-se dela como meio de locomoção. Porém, é claro que não se pode afirmar que ao evitar o contato com a água o usuário estará protegido de determinados patogênicos. Além disso, o enfraquecimento do sistema imunológico também pode ter como fonte o corpo do usuário molhado em locais frios, podendo causar até pneumonia. Tais problemáticas justificam a necessidade de proteção. Capas de chuva para polícia e macacões para trabalhos em redes de esgoto pluviais são exemplos de artigos submetidos à análise pelo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) e devem obter através de um processo formalizado e de ensaios laboratoriais um número de Certificado de Aprovação (CA) para ser comercializado. O CA não é uma simples autorização de venda, é um certificado que, usado corretamente, assegura a capacidade de proteção de um artigo. No caso dos macacões, esses são submetidos à norma BS EN 3546:1974 e evitam o contato da pele do trabalhador com a água que o cerca, o que pode ser uma barreira a possíveis contaminações. Já as capas de chuva, com uma área ampla de utilização, como equipes de manutenção e trabalhadores externos, é submetida à norma EN 343:2003. Essa última exige testes que avaliam a resistência da vestimenta contra óleo combustível e abrasão antes mesmo de analisar a passagem ou não de água. As normas internacionais assim como o MTE compreendem a importância de proteger o usuário contra a água e exigem a verificação de tal proteção. Desse modo, ao mesmo tempo em que a água é algo vital ao ser humano, ela também pode propiciar riscos e o papel do Equipamento de Proteção Individual (EPI), como sempre, é evitá-los ao máximow.
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especialidades A IQX é uma empresa química, de base tecnológica, que desenvolve, produz e industrializa aditivos visando a transformar materiais, adicionado valor, inovação e segurança. Dentre os produtos desenvolvidos destacam-se os sistemas IQX Renova e Regenera, que têm a capacidade de recuperar borracha vulcanizada para o reuso. O processo de recuperação pode ser realizado em banbury, cilindros ou então em autoclave. Com isso é possível eliminar desperdícios na produção de solados como aparas, refugos e borracha pré-vulcanizada. As responsáveis pela IQX, Dras. Silmara Neves e Carla Fonseca, esclarecem que os aditivos já foram testados em várias empresas, com sucesso. Solados e outros artefatos de borracha já foram produzidos com até 100% da borracha recuperada com o aditivo IQX Regenera e Renova, atingindo as propriedades exigidas pelo mercado. As empresárias esclarecem que a porcentagem de substituição da borracha virgem pela borracha recuperada dependerá da aplicação final do produto. Outra linha de aditivos é a IQX Eco-Resinas Condutivas. “Usamos glicerina bruta na formulação deste aditivo que
Couro condutivo
transforma materiais isolantes em c o n d u t o r e s, prevenindo o usuário ou o ambiente contra choques a partir da eliminação da carga estática”, define Silmara. A substância pode ser usada tanto em tecidos, soladados e calçados quanto em fios ou até mesmo em tintas, permitindo a obtenção de produtos condutivos ou antiestáticos permanentes e coloridos. “Em parceria com a Amazonas, por exemplo, desenvolvemos o primeiro piso dissipativo de carga eletrostática do Brasil”, acentuam as empresárias, que apostam em trabalhos em parceria para a obtenção de produtos inovadores e diferenciados.
Novas cores e texturas em laminados
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om o tema Summercation, a nova coleção de laminados para calçados e acessórios da Cipatex tem como proposta mostrar o lado colorido e luminoso da próxima primavera-verão. O gerente de produtos Leonardo Vieira afirma que na linha em PU para calçados femininos há propostas que combinam o craquelado e o metálico. Outras se destacam pelo brilho do glitter ou o efeito bitonado, além de produtos sofisticados com acabamento perolado que remete ao tecido de seda. Entre as estampas, os répteis se destacam pelos desenhos e cores. No segmento, a empresa também apresenta laminados que conferem maciez e elegância ao calçado. As novidades em PVC passam
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pela luminosidade do glitter e transfers com visual amassado em tonalidades como ouro e prata. Outro diferencial é a combinação do metalizado com efeito de trama de tecido e gravação em alto-relevo que remete às pirâmides do Egito. Os artigos para o segmento masculino contam com grande variedade de cores, com características que se aproximam ao couro e superfícies diferenciadas. Acabamentos nobucado, tom sobre tom, gravação com aspecto atanado, efeito de polimento e ranhuras que remetem a tecidos complementam esta linha. Para calçados esportivos, foram desenvolvidas gravações diferenciadas com a forma hexagonal dos favos de mel em meio a triângulos, proporcionando um estilo moderno e personalizado ao tênis. Com funcionalidade hot melt, o material dispensa o uso de costura, otimiza o processo fabril e diminui o peso do calçado final. Outro material, que também apresenta visual tecnológico, combina efeito semi-brilho à estampa que remete à semente.
FOTOS DIVULGAÇÃO
ADITIVOS E
OUSADIA
specializada em tecidos de forração e com tradição em dublagens com a aplicação de técnicas e tecnologias inéditas e diferenciadas - que permitem trabalhar inclusive projetos complexos e exclusivos - a JR Soluções oferece uma cartela de produtos diversificada para atender vários segmentos de mercado, dentre eles a indústria de calçados. Na ampla gama de soluções para estruturação, por exemplo, disponibiliza couraças, contrafortes, entretelas e cambrês. Além destes, oferece o desenvolvimento de estampas com materiais diferenciados. O diretor comercial Marcus Rosaboni conta que são desenvolvidas duas coleções de moda por ano, em parceria com estilistas, e em paralelo são feitas as criações mais personalizadas. Um exemplo da ousadia para encontrar novas possibilidades de uso e composição de materiais é este desenvolvimento que consiste de uma base com aplicação de tela e um efeito de queima. Foram combinadas diferentes técnicas em quatro camadas de materiais. “Aplicamos sobre a base
um produto especial que produziu um efeito enrugado que, associado a um processo de queima, proporcionou à matéria-prima um visual bem diferenciado com uma rusticidade única”, conceitua Rosaboni. FOTO LUÍS VIEIRA
e tradição E
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PROPRIEDADES
FOTOS LUÍS VIEIRA
de performance A
Jomo desenvolveu uma palmilha moldada combinando dois EVAs com diferentes densidades. O resultado dessa mistura são as propriedades de maciez e redução de impacto, além de uma aparência arrojada. A gerente adjunto, Claudia Staudt, ressalta que o produto devido a estas características de performance tratase de um desenvolvimento especialmente voltado para o uso em tênis. Outro item apresentado é a palmilha moldada com perfuros no EVA, sobre a qual foi aplicada uma lâmina de tecido Náilon Short, também perfurado, garantindo a respirabilidade do pé durante o uso do calçado. Este também é indicado para os calçados esportivos, além de atender a necessidades de alguns tipos de calçados de segurança.
Algodão desfibrado
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omprometida em oferecer produtos e serviços acima da média, com o foco no uso de matérias-primas nobres e selecionadas das mais diversas fibras têxteis existentes - a exemplo de algodão, poliéster, viscose, algodão desfibrado, ráfia e jutas -, a Innovativ atende os segmentos de calçados, artefatos e decoração. Com uma releitura de um artigo já existente na cartela, a empresa desenvolveu a Renda Eco , que se trata de um algodão desfibrado elaborado a partir de sobras de confecção. O material é coletado em parceria com cooperativas cujos participantes juntam os tecidos e os separam por cor, fazem o desfibramento gerando uma nova matéria-prima para a criação dos tecidos. “É uma jackard feito diretamente no tear, com diferenciais de textura”, descreve a supervisora de marketing, Thalita Cunha.
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Solados e palmilhas em PU e TR
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specializada na fabricação de palmilhas de PU e de solados de TR, microexpandidos e também de PU, a Meta Solados tem no segmento de calçados masculinos a grande maioria dos seus clientes, que chegam a absorver em torno de 90% do total produzido a cada mês. Os outros 10% são de desenvolvimentos para a indústria de calçados femininos. Osvaldo de Souza, do setor comercial e administrativo, salienta dentre os desenvolvimentos uma palmilha de PU com sistema massageador, que tem sido bastante solicitada. “O PU tem memória excelente, além de receber tecidos atoalhados ou quaisquer outros tecidos para a forração”, enfatiza. Outros artigos em destaque são o solado TR bicolor, que pode ser feito em qualquer combinação necessária, e o microexpandido monocolor, na cor solicitada pelo cliente, e os solados em PU que não hidrolisam.
TECIDOS
funcionais A
ITM modernizou a forma de apresentar a linha de produtos e soluções que oferece para os mercados calçadista, têxtil e de segurança. Com foco em produtos de alta tecnologia, investe em diversificação de produção e renovação constante de maquinários, garantindo produtos com a mais nova tecnologia mundial. Tendo os quatro principais processos de produção de tecido existentes: malharia circular, malharia ketten, tecelagem plano e retilínea; oferece diversos tipos de acabamento e processos de dublagem que permitem entregar ao mercado uma ampla linha de produtos. São 25 famílias de produtos comercializados mostradas na Fimec. Para facilitar a apresentação, desenvolveu material promocional ressaltando as características de cada família. Os produtos Canvas Prime são tecidos premium para cabedal de tênis que aliam o toque confortável do algodão com uma nitidez de impressão e cores. Já as linhas Resist+ e Versus trazem tecidos que oferecem resistência muito acima do esperado para calçados normais. A tecnologia exclusiva Smartec otimiza a absorção e dissorção de umidade,
gerenciando o microclima nos calçados, enquanto o Dryshield se trata de uma membrana impermeável. As soluções Sanitec e Hygienemax impedem a proliferação de fungos e bactérias nos calçados. Por sua vez, a palmilha antiperfuro Premium Protec substitui as palmilhas de aço. Na linha 3D, um tecido que já vem pronto para o uso, oferecendo de um lado a força do Resist+ e do conforto do Smartec, reduzindo o processo produtivo do calçado. O Surprise é um tecido que não desfia no corte e substitui o uso de laminados sintéticos ou couro na forração, oferecendo melhor custo para o produtor e maior conforto para o usuário.
Duas novas famílias lançadas O Expand oferece inúmeras possibilidades de criação. Com visual estruturado e elasticidade, tem duas faces que podem ser trabalhadas em diversas composições, pesos e cores, possibilitando o uso em calçados, tênis, acessórios, casacos, roupas e até biquínis. O Bidimensional oferece ao mercado um tecido com toque 3D e duas dimensões de tecido.
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ANIVERSÁRIO COMEMORADO
com lançamento de produto O
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos são constantes, sempre buscando por melhorias que além de agregar valor ao produto também propiciem eficiência nos processos produtivos de seus clientes. No estande da empresa, os visitantes também podem conhecer os serviços oferecidos pela Painel Transporte e Logística, empresa do grupo com ampla expertise no segmento de máquinas e componentes para calçados e capacitada para atendimento nacional. FOTOS DIVULGAÇÃO
Grupo Amazonas comemora 70 anos durante a Fimec com importantes lançamentos nas linhas de adesivos, placas, solados, compostos de borracha e de TR e serviços de transporte e logística. Entre as novidades em adesivos estão o Pae, um promotor de adesão em EVA, que elimina o processo de cura UV na colagem de substratos de EVA; e o Promo, um polarizador permanente em substratos de borracha TR e SBR, que possibilita a substituição do processo de limpeza e halogenação por um processo permanente e que oferece alta eficiência na colagem. Outros lançamentos são os solados de borracha para os segmentos casual e de alta performance e novas texturas em placas compactas para confecção de calçados femininos. Na área de compostos, destaca toda a linha de compostos de TR para injeção de solados. São mais de 5 mil itens que a empresa oferece, entre portfólio e produtos desenvolvidos com exclusividade para cada cliente. Os investimentos em
Pioneira em tampografia
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o Mercado calçadista desde 1993, a Maquetec iniciou sua trajetória fornecendo à cadeia coureiro-calçadista equipamentos de apoio para pintura de saltos e solados. Baseando-se no princípio de inovar para competir. Em 2000, passou a desenvolver máquinas especiais, oferecendo
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soluções práticas e inteligentes para a montagem de uma linha de produção eficiente, econômica e extremamente tecnológica. De acorco com a empresa, os produtos proporcionam a confecção de saltos e solados pintados e facetados com design diferenciado, seguindo as últimas tendências do mercado da moda. A cada ano a Maquetec busca surpreender o mercado com invenções de máquinas e equipamentos. Em 2013, recebeu um prémio nacional de inovação por reconhecimento ao esforço de sempre estar inovando. Especializada na colocação de imagens em peças irregulares e regulares, atende clientes em vários outros setores, como os de brindes, frascarias e confecções. São mais de 1.500 desenhos para aplicações diversas, e também cria todo o mês novos desenhos para disponibilizar aos
parceiros. Cada máquina, equipamento ou serviço é feito com a maior dedicação com critérios de aprovação de padrões internacionais. A máquina de tampografia modelo IGM 301, de alta resolução para saltos, palmilhas, solados, cabedais, tecidos, enfeites e peças técnicas é um dos destaques. De uso versátil e com uma área de impressão 80mm, ela imprime nomes, logos, imagens, detalhes em salto, fachetes e muito mais. “Com essa máquina o cliente consegue ter uma das melhores impressão em seus materiais”, assegura o diretor comercial, Gerson Lorscheitter. Ele complementa que a tecnologia tampográfica proporciona uma das melhores produtividades do mercado mundial além dos melhores custos dentre as outras tecnologias de impressão industrial.
RENDIMENTO
Indústria de Saltos Irmãos Montoro foi fundada em 1976, inicialmente fabricando saltos e tamancos de madeira. Em 1988, adquiriu a primeira injetora e a partir de então passou também para a fabricação de saltos e solados em plástico. Gradativamente foi se dedicando mais em solados de PVC e TR, atualmente produz também peças técnicas e enfeites para atender as necessidades de vários setores. Os solados infantis do 14 ao 36 são o principal produto na linha de produção, com uma produção diária que varia de 10 a 20 mil pares/dia. Os industriais Adriano Montoro (vendas) e Fabio Montoro (Financeiro) contam que a cor branca desponta na coleção, que vem com solados mais robustos.
FOTO LUÍS VIEIRA
com criatividade A
Destaque para este solado com efeito de pintura que parece se tratar de uma série de cubos encaixados em uma capa translúcida. Tem ainda partes insertadas e uma peça que se projeta na lateral do calçado, tornando o componente ainda mais interessante quando montada no calçado.
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FLEXIBILIDADE
na medida certa D
fica escondido para não interferir na estética do produto. Com a inovação as marcas podem oferecer produtos mais adequados para as pessoas, respeitando as características anatômicas de cada um e proporcionando mais conforto a um número muito maior de usuários. No segmento infantil, por exemplo, a durabilidade da roupa pode dobrar se ela acompanha o desenvolvimento do corpo da criança. A ideia deu tão certo que o sistema foi usado por duas delegações durante os Jogos Olímpicos que aconteceram no Rio em 2016 - a brasileira, em uniformes casuais, e a portuguesa, em uniformes de competição. A ideia é levar o conceito para outros segmentos, como a indústria de calçados e de cintos. Tanto que a Moovexx iniciou parceria com uma empresa europeia de calçados infantis para adequar um mesmo produto a diferentes perfis e também ao crescimento dos pés. FOTO LUÍS VIEIRA
estacando que a inovação não precisa acontecer apenas nas grandes corporações, e que muitas vezes o processo inicia a partir da necessidade de sobrevivência do negócio, a empresária Renata Iwamizu conta o case da Moovexx Anatomic Sistems, que usou da criatividade e do conhecimento científico para melhorar o ajuste das peças de acordo com a postura e o biótipo do usuário. Ela observa que o aumento do volume da cintura de uma pessoa pode passar de 5cm na condição sentada - comparando com a posição em pé - e que essa diferença resulta muitas vezes em desconforto na área abdominal quando a vestimenta não acompanha a elasticidade natural do corpo. “Pesquisas sobre o corpo feminino revelam que, no Brasil, se observam cinco diferentes biótipos envolvendo a cintura, a coxa e o quadril. Isso representa dificuldades adicionais para as marcas atenderem a todos estes perfis”, contextualiza Renata. Pois, segundo ela, a flexibilidade da cintura é uma das principais medidas para a definição da numeração de peças como calças, saias, bermudas e shorts. Ciente disso, a equipe de P&D idealizou um dispositivo a base de Lycra para melhorar a performance da peça, mas que não tivesse um aspecto tão informal quanto a simples aplicação de um elástico do cós, pois isso causaria o enrugamento do tecido na região. A solução desenvolvida se trata de um sistema que oferece a elasticidade necessária e ao mesmo tempo
Sistema que proporciona elasticidade já foi aplicado em roupas e cintos
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DESIGN
Antimateria é um Lab-ateliê de design que desenvolve ideias a partir de materiais garimpados, resgatados, resignificados, criados e cultivados. E só mesmo em um ambiente assim poderia surgir um material tão diferenciado como o B-cel. Trata-se de uma nova matéria-prima criada a partir de biotecnologia fermentativa, através da qual bactérias e leveduras são alimentadas com chá e açúcar. No processo de fermentação formou-se um manto, a biocelulose, que após ser coletada recebe um tratamento e pigmentos naturais pelo especialista Nelson Trindade. O processo todo demora em torno de quatro semanas, desde o início da alimentação dos micro-organismos até a coleta, o tratamento e a secagem do material. Com MBA em design estraté-
gico, a designer Irene Flesch criou a Antimateria e é a responsável por esta verdadeira alquimia. “Esse desenvolvimento está em fase de experimentação como uma nova possibilidade para a concepção de objetos, criando um diálogo entre a funcionalidade e a estética”, explica a jovem empreendedora. Esse processo criativo se materializa nesta bolsa em forma geométrica que, além do biopolímero, combina dois laminados justapostos - um deles é o Renet desenvolvido em conjunto com o Estúdio Ratoroi, feito de redes de nylon usadas para embalagens de flores e garrafas. O outro é o Bye Plastic, desenvolvido também pelo Estúdio Ratoroi é construído a partir da recuperação de plástico do lixo urbano.
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de vanguarda A
A biocelulose B-Cel se forma a partir de um processo de fermentação
Materiais diferenciados produzidos de forma artesanal agregam valor e exclusividade aos produtos
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CUSTOMIZAÇÃO
em peles exóticas C om o acúmulo de 20 anos de experiência no trabalho com couro, a Arte da Pele se especializou no curtimento e acabamento artesanal de peles exóticas genuínas para os mercados brasileiro e internacional, para os quais oferece matérias-primas com maciez pronunciada, alta resistência mecânica e desempenho em testes físicos de choque térmico, boas propriedades de adesão e fricção, e sem perdas das características do acabamento ao longo do tempo. O diretor Luis Bocchi salientou que um grande diferencial da empresa é a customização. Usando como base de cor a cartela Pantone a empresa faz a combinação de acordo com a orientação do cliente, entregando os materiais em 10 dias na cor e acabamento desejados. “Para o próximo verão, a cartela tem 20 cores inspirada na primavera gaúcha,
além das tradicionais branco e preto. Parte da coleção é em efeito estonado, mas há também metalizados”, destaca. Dentre os artigos em evidência, as peles de píton da Indonésia e Malásia, bem como as de jacarés e pirarucu de cativeiro, que podem ser utilizadas em calçados, acessórios e vestuário. “O píton é o couro mais modal e aceita muitas inovações. Os outros são mais resistentes a trabalhos manuais”, pontua.
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6º ENCONTRO
do Grupo Fleckstan C
JR Diesel, em 1985, quebrou paradigmas e transformou o segmento de desmanche de veículos, aplicando organização e inovação. Mesmo “quebrando” oito vezes, Rufino jamais perdeu a sua credibilidade e sempre colocou a família e os seus funcionários em primeiro lugar. O segundo palestrante, Eduardo Tevah, foi apresentado pelo diretor Antônio Bianchi. Tevah, além de empresário, ministra palestras e treinamentos para grandes empresas, como Gerdau, Tramontina e Banco do Brasil. Em sua palestra, Tevah salientou a importância do comprometimento com os objetivos da empresa, fazendo hoje o que os outros não fazem, resgatando a sua essência e mantendo uma mentalidade positiva perante todos os acontecimentos, sejam positivos ou negativos. Houve ainda um momento para revelar os funcionáriosdestaque de 2016, escolhidos pelos colegas como exemplos a serem seguidos em termos de dedicação e comprometimento com os valores do Grupo Fleckstan.
Vencedores: - Clóvis Alexandre Roth (Boxflex) - Jair de Alvarenga Casse (Filial da Boxflex) - Odirlei José Lasta (Pollibox) - Cássia Susana da Rosa Silveira (Fleckstan) Os vencedores foram agraciados com um prêmio e receberam um livro autografado do palestrante Geraldo Rufino.
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om a participação de mais de 400 pessoas, entre funcionários, cônjuges, diretoria e convidados, ocorreu no dia 11 de fevereiro de 2017 o 6º Encontro do Grupo Fleckstan, com o tema Coloque o coração em tudo que faz! O Grupo Fleckstan é integrado pelas empresas Boxflex Componentes para Calçados Ltda., Pollibox Indústria de Adesivos Ltda., Ecogreen Componentes para Calçados Ltda. (sediada na Bahia), Boxflex México (sediada em León-México), Hamburgo Village Incorporações Ltda., Fleckstan Administradora de Bens Ltda. e Fleckstan Participações Ltda. O diretor Martinho Fleck abriu o evento, fazendo referência ao histórico do grupo, de promover eventos que visem à educação e ao treinamento dos seus funcionários. Ele salientou como os eventos vêm se interligando, iniciando com a disseminação da visão do grupo, depois com a proposta de construir sonhos, superar os limites, fazendo da excelência um hábito. Entretanto, para termos os resultados desejados, precisamos colocar o coração em tudo que fazemos. E este lema será a bússola que orientará todas as ações da equipe no decorrer de 2017. Em seguida, a diretora Clarissa Grings Fleck apresentou o primeiro palestrante, Geraldo Rufino, que relatou a sua impressionante história de vida, iniciando como catador de latinhas na periferia de São Paulo, fazendo as suas primeiras investidas como empreendedor aos oito anos. Ao fundar a
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TECIDOS
estrutura 3D A
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Serigrafi presta serviços de estamparia e acabamentos em diversos tipos de aplicações. A diretora Nilci Torresi conta que 90% dos clientes da sua carteira são da indústria de calçados, e cerca de 80% destes são do segmento infantil. Os desenvolvimentos para o segmento adulto são em grande parte para atender o nicho de calçados esportivos. Em destaque o material estruturado em base neoprene. A textura é a partir de impressão e efeito 3D. Na verdade se tratam de dois tecidos em substituição ao metalassê. “Podemos fazer a imagem desejada. Sem o uso de linhas, o que torna o custo mais acessível”, garante Nilci.
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aprimorada A
Next é referência em abastecimento de diversas matérias-primas para a indústria, como pedras acrílicas ou em vidro, strass em metro, lantejoulas, malhas metálicas, rebites, cabedais, linhas metalizadas e enfeites em geral para os segmentos do calçado e vestuário. Também atua no mercado de máquinas para os segmentos metal-mecânico e indústria plástica. Daniel Schmitt, do setor de desenvolvimento e criação, comenta que a empresa está em constante busca de novos materiais e tecnologias para a renovação dos produtos, com a finalidade de atender e inovar quanto às necessidades dos clientes e seus mercados. Exemplo desta determinação é esta
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TÉCNICA
peça que passou por um novo processo de matrizaria e revestimento e resultou em uma espécie de encapsulamento em resina acrílica, o que proporcionou uma nova dinâmica e apresentação ao componente. “A partir desta experiência implantamos uma nova forma de produzir peças únicas”, considera Schmitt.
Método inovador para acabamento em couros
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icenciada pelos órgãos que fiscalizam as boas práticas ambientais, a Nova Kaeru é um curtume de couros exóticos, notadamente de peixes, avestruzes e jacarés, com a produção baseada em processos naturais, escala industrial e acabamento artesanal. Vocacionada para desenvolvimentos inovadores, tecnológicos e sustentáveis, a empresa, que é pioneira em curtir couros orgânicos
utilizando insumos isentos de metais pesados, especialmente o cromo, patenteou o Processo Kaeru, que permite fabricar mantas sem costura. O diretor-técnico Eduardo Filgueiras comenta que a tecnologia permite a confecção de mantas altamente resistentes, em grandes dimensões, aptas para diversas aplicações. “É um conceito inovador na indústria coureira que proporciona novas opções de uso desta matéria-prima nobre”, assinala. A união de peles acontece através de processo físico-químico. Com a ausência de costuras, a impressão é que as peças de diferentes tipos de couros foram fundidas, o que facilita a venda do produto por metro. Neste exemplo um couro de pirarucu foi unido a um couro bovino.
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DA SIMPLICIDADE
ao detalhe A
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R&S Fachetes oferece fachetes em couro, couro reconstituído e amadeirados. A próxima coleção vem com várias opções em cores naturais, como o castor e o ivory, mas também se destacam as solas em base branca para inserir a cor desejada pelo cliente. A gerente administrativa Maria Luciza Booz Sá aponta que, além de oferecer fachetes tradicionais, a empresa é reconhecida pela gama de opções com acabamentos mais detalhados. “Além da nossa própria coleção, desenvolvemos sugestões que chegam através dos clientes em busca de artigos exclusivos”, observa. Com a produção média girando em torno de 12 mil peças/dia e capacidade instalada para ampliar ainda mais a produção, a empresa tem a sua carteira de clientes composta basicamente por empresas de Santa Catarina, mas está em processo de expansão para atender também aos outros polos e para isto busca representantes.
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KLIN LANÇA
tecnologia SAV T
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udo começou quando o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) desenvolveu uma pesquisa para avaliar o impacto durante a marcha humana sobre a estrutura musculoesquelética. Através do Núcleo de Inovação Tecnológica (Nit), os pesquisadores em Biomecânica desenvolveram uma metodologia para quantificar os níveis aceitáveis de vibrações causados pela pisada, preservando o bom desenvolvimento muscular e da estrutura óssea das crianças. A partir desta definição foram testados diferentes materiais em densidades variadas usados especialmente na sola do calçado, para uma decisão sobre quais os mais apropriados para essa proteção. O estudo mostrou que a onda de choque causada por repetitivos contatos do pé com o solo provoca grande parte do desgaste e lacerações do sistema musculoesquelético, devido ao efeito cumulativo da carga dinâmica, podendo resultar em processos inflamatórios, calosidades, fissuras no osso e até mesmo fraturas. Portanto, a
A empresa demonstrou em tempo real o ensaio de acelerometria tibial, que comprova a eficiência da inovação
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atenção deve ser redobrada com as crianças, que estariam mais suscetíveis a estes problemas na medida em que acumulam reflexos do uso de calçados inadequados ao longo do seu desenvolvimento físico e motor. A Klin, que produz 28 mil pares de calçados/dia, os quais são distribuídos para todo o Brasil e exportados com marca própria para mais de 50 países, percebeu que essa informação apontava para uma oportunidade de diferenciação dos seus produtos. Buscou o apoio dos pesquisadores do instituto para aperfeiçoar ainda mais os solados usados nos seus artigos e o resultado foi mostrado em primeira mão durante a feira Couromoda, que aconteceu de 15 a 18 de janeiro em São Paulo/SP. No estande foram instalados uma esteira ergométrica e um sistema de sensores que mostram como as vibrações acontecem durante a caminhada. Os lojistas e profissionais que visitaram o espaço receberam orientações sobre o assunto e puderam conhecer a nova coleção que foi incrementada com a tecnologia.
A pesquisa De acordo com o coordenador do Laboratório de Biomecânica do IBTeC, Dr. Aluisio Avila, uma das maneiras de avaliar o impacto está associada à força de reação do solo, que gera uma onda de choque (no calcâneo, no caso da caminhada) que se propaga pelo sistema musculoesquelético, sendo transmitida do pé até a cabeça. Essa onda de choque pode trazer resultados benéficos ou danosos à saúde, dependendo da intensidade, tempo de duração e número total de impactos. O uso de plataformas de força não permite medir a força que está sendo exercida nos demais segmentos corporais (tornozelo, joelho, coluna, por exemplo). Mas por meio da acelerometria é possível realizar medidas diretamente no indivíduo, quantificando a onda de choque em diferentes partes do corpo, como tíbia, coluna ou cabeça. “A acelerometria tibial foi usada neste estudo porque é nela que ocorre a maior amplitude de aceleração em termos do sistema musculoesquelético humano”, esclarece o pesquisador. O IBTeC desenvolveu um software para coleta de dados e processamento no tempo e frequência e ainda um banco de dados, para apresentação dos resultados de maneira amigável. Durante a apresentação no estande, uma modelo calçou os sapatos da marca e caminhou sobre uma esteira ergométrica usando o sistema para medição da acelerometria tibial.
O sistema incorporado aos calçados absorve 60% das vibrações sobre a estrutura musculoesquelética
O conforto no DNA de cada produto
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preocupação da Klin com o conforto dos pequenos usuários de calçados é de longa data. O diretor da empresa, Carlos Alberto Mestriner, lembra que desde o primeiro produto que desenvolveu, em 1983, essa era uma premissa. “Não dispúnhamos ainda de um conhecimento tecnológico sobre este assunto, mas tínhamos a certeza de que deveríamos fabricar mais do que artigos com visual da moda. Na época se falava em maciez, palmilha acolchoada, altura do solado, mas era basicamente nisso que se pensava na hora de elaborar um novo produto. Porém não desanimamos ante os desafios e durante toda a nossa trajetória buscamos aumentar o nível das informações sobre como os calçados interferem na saúde e desenvolvimento das crianças e quais seriam os atributos a serem implantados para garantirmos uma melhor performance aos produtos”, contextualiza. Nesta busca de conhecimento sobre o caminhar saudável e a sua relação com os calçados a indústria
sempre buscou estabelecer parcerias, como a que mantém com o IBTeC. Prova disso é que a marca foi pioneira na certificação de conforto dos seus produtos - um atributo que poucas empresas já conquistaram. “O instituto, através da sua equipe de profissionais, mergulha no universo da tecnologia e inovação e com isso adquiriu uma expertise inigualável para ajudar as empresas a aperfeiçoarem os seus produtos e processos e aumentarem a competitividade através da tecnologia embarcada. E é disso que se trata este novo desenvolvimento realizado em conjunto. Nós, da Klin, consideramos esta tecnologia como um divisor de águas para o caminhar saudável, e isso nos emociona muito, pois consideramos os nossos calçados como se fossem filhos pelos quais temos não apenas um grande carinho, mas uma enorme responsabilidade”, contextualiza o empresário. O gestor de negócios da indústria, Otávio Facholi, conta que o principal desafio é alcançar resultados que contribuam verdadeiramente com
o desenvolvimento da criança. Mas o que talvez poucos saibam é que a Klin fabrica também os solados e parte dos componentes e acessórios utilizados nas suas coleções “A decisão tem a ver com o desejo de oferecer o melhor para nossos consumidores. Se de alguma forma encontramos soluções mais atuais e com resultados excelentes, então partimos para a implantação com olhar voltado para nosso consumidor. Os produtos projetados e fabricados pela Klin são exclusivos para a marca” conclui. Em relação a esta tecnologia recém descoberta, será aplicada em um primeiro momento nos nossos produtos Klin, e em seguida poderá ser utilizada por empresas que realmente se preocupam em oferecer o melhor para seus consumidores. O presidente executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, salienta que “o instituto vem somando esforços e competências e está se estruturando a plataforma de projetos de P&D, e este desenvolvimento faz parte deste novo alinhamento”.
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NEGÓCIOS A PARTIR DO INSPIRAMAIS
devem superar US$ 2 milhões R
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ealizado nos dias 16 e 17 de janeiro em São Paulo/SP, o Inspiramais - Salão de Design e Inovação de Componentes promoveu de forma inédita a integração das cadeias de fornecimento das indústrias de confecções e de calçados do País. Além de atrair a presença de empresários, profissionais de design, P&D e compradores dos principais polos brasileiros do sistema da moda, também reuniu compradores da América Latina, Estados Unidos e Europa. Segundo a organização, a expectativa é que, assim como na edição anterior, os negócios gerados a partir de uma série de projetos e lançamentos da mostra - que colaboram com o conceito de uma moda genuinamente brasileira agregando inovação por meio do design, tecnologia e sustentabilidade - superem a cifra dos US$ 2 milhões. O evento é realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Em sua 15ª edição, o salão - que é o único do gênero em toda a América Latina voltado à antecipação de pesquisas, referências e matérias-primas para fabricantes apresentou mais de 900 lançamentos de materiais que vão compor os calçados, bolsas, acessórios e confecções das vitrinas do verão 2018, além das propostas para o inverno do mesmo ano. “O Inspiramais é o momento em que os fabricantes, interessados em moda e em bons negócios, têm o primeiro contato com as novidades desenvolvidas pela indústria brasileira de componentes para a próxima estação”, afirma o presidente da Assintecal, Milton Killing.
Mais leveza para o inverno do ano que vem
Também foi apresentado o Preview do Couro Inverno 2018. No espaço, 19 curtumes mostraram aos visitantes couros elaborados a partir dos conceitos, inspirações e tendências para a estação fria do próximo ano. O norte para toda esta pesquisa são os temas leveza, bolhas e ar por isso todos os artigos expostos foram desenvolvidos de forma a transparecer delicadeza ao toque e ao olhar. Diversos efeitos de estamparia, volume e relevo foram aplicados em couros de vários tipos, desde os exóticos de píton, peixe e jacaré até os mais tradicionais como vacum e cabra. “A proposta é para o desenvolvimento de materiais mais leves, resistentes e funcionais alinhados a este momento que estamos vivendo, onde se deseja mais transparência, ética e responsabilidade não só na política e nas relações pessoais, mas também na moda”, considera o coordenador do Núcleo de Design da Assintecal, Walter Rodrigues. Segundo Ramon Oliveira Soares, consultor do Núcleo de Design da Assintecal e do CICB, para se chegar ao acabamento final que traduzisse toda esta preocupação foram utilizadas várias técnicas para harmonizar, por exemplo, texturas de aparência rústica em materiais leves. “Trabalhamos com impressão digital, pinturas manuais, transfers, papéis holográficos, técnicas mecânicas para proporcionar relevo, recortes e tingimentos especiais. Cada curtume apresentou texturas e lavagens diferentes, sempre com o foco na delicadeza e leveza”, contou. O consultor da Assintecal, Marnei Carminatti, ressaltou que a estamparia foi um fator muito forte para o resultado final, e este trabalho teve a parceria com o projeto + Estampa. “Monstramos que é possível aplicar a estamparia também no couro, produzindo materiais diferenciados. Unindo o conhecimento técnico com a criatividade há muitas possibilidades para o acabamento dessas matérias-primas nobres”, comenta. A próxima edição do Inspiramais acontece de 3 a 4 de julho.
Foram apresentadas mais de 900 lançamentos para o verão 2018, além de propostas de couros para o inverno do mesmo ano
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Artesanato voltado ao mercado de luxo
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m dos projetos que reflete bem a riqueza e diversidade do evento é o Saberes Manuais, que apresenta uma série de desenvolvimentos alternativos com técnicas artesanais e o uso de materiais naturais e reciclados, com o objetivo de atender com vivacidade o mercado de moda e design. O trabalho também se une ao movimento Fashion for Better, selo que tem como objetivo identificar a origem justa e sustentável dos produtos por meio do trabalho multiétnico de artesãos brasileiros, fortalecendo a cultura do trabalho manual para atender o mercado com produtos de valor agregado. Confira alguns produtos que foram expostos no espaço e os respectivos materiais utilizados. Marca do produto: Selo de Controle, RatoRói e Lúcia Higuchi Cabedal: feltro da artesã Lúcia Higuchi em parceria com a RatoRói Técnica utilizada: feltragem de lã e tecidos de reuso Solado: Aubicon Materiais utilizados para a confecção: pneu e borracha reciclada Estrutura interna: couro Adesivo: Amazonas a base de água Tingimento: Sem tingimento, apenas com as cores da lã natural Marca do produto: Insecta Shoes, Comas e RatoRói Cabedal: realizado a partir de upcycling de camisas com a marca Comas Solado: Amazonas Estrutura interna: tecido e laminado sintético do Banco de Tecido Adesivo: Amazonas em base água Enfeite (botão): preservado de camisas originais recolhidas em brechó Tingimento: não contém
Marca do produto: Suzani Bissoli, Francesca Giobbi e RatoRói Cabedal: tecido do artesão Alexandre Heberte, couro de tilápia curtido com tanino vegetal e elástico Solado: Amazonas Estrutura interna: materiais aproveitados do estoque da fábrica Adesivo: Amazonas Tingimento: vegetal de café e Urucum Tiras: tecido do artesão Alexandre Heberte e hastes de metais estruturadas na fábrica Enfeites das tiras: sobras de produção recombinadas em parceria com o grupo Fashion for Better Fivela: Metal Reuter Trançado: Grupo Fashion for Better de sobras de couro e sobras de estoque
Marca do produto: Suzani Bissoli, Francesca Giobbi e RatoRói Tira sobre os dedos: couro de tilápia natural curtido com tanino vegetal da Aguapele Leather Solado: Amazonas Estrutura interna: laminado sintético do estoque da Fábrica Suzani Bissoli Adesivo: Amazonas em base água Tira do peito do pé: fio de algodão sobre Bye Plastic feito em parceria com artesões do grupo Fashion For Better Cano da bota: tecelagem de algodão da Tati e Arte Enfeites do cano: sobras de estoque de produção recombinados e transformados em bordados pelo grupo Fashion for Better Tira para amarrar o cano: couro de tilápia natural curtido com tanino vegetal da Aguapele Leather Forro do cano: algodão (estoque da fábrica) e hastes de metal para estruturação Salto: encapado com couro de tilápia da Aguapele Leather
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COUROMODA DEVE CRESCER
de 10 a 12% em 2018 A
Certificação atesta o conforto dos calçados e componentes
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O coordenador do Laboratório de Biomecânica do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçados e Artefatos (IBTeC), Eduardo Wust, realizou na Couromoda a palestra Tecnologia do Conforto em Calçados. Além de explicar como funciona o trabalho do instituto para contribuir com o desenvolvimento de inovações nos calçados e seus componentes, o mestre em Ciências do Movimento Humano - Biomecânica destacou que o Brasil é único país a atestar cientificamente o conforto nos calçados e que a metodologia é determinada por normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
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44ª Couromoda, que foi encerrada no dia 18 de janeiro, em São Paulo/SP, apresentou as coleções de outono-inverno de mais de mil marcas de calçados, e a percepção dos organizadores é que o otimismo inicial foi confirmado. Tanto é que, de acordo com o diretor da Couromoda, Jeferson Santos, ainda na feira, a taxa de renovação de expositores para a próxima edição foi de mais de 70%. A estimativa é que o crescimento no espaço ocupado signifique em torno de 10% a 12% na feira de 2018, comparando com a realizada neste ano de 2017. “Isso é reflexo da tendência de recuperação do mercado brasileiro”, comentou Santos. Ele enfatizou também que a mostra foi visitada por lojistas que somam mais de 35 mil razões sociais e por nada menos do que 2,5 mil importadores focados na realização de negócios.
Os estudos são realizados pelo Comitê Brasileiro de Couro, Calçados e Artefatos de Couro (CB-11), que trabalha na criação e no aperfeiçoamento das diretrizes que norteiam uma série de ensaios físicos-mecânicos e análises laboratoriais realizados em ambientes controlados. “Embora o Brasil seja pioneiro e líder em pesquisas sobre os atributos de conforto no calçado, ainda são poucas as empresas que se beneficiam do potencial competitivo que este diferencial proporciona, e o IBTeC não só auxilia na realização dos testes e adequação dos produtos como criou três selos para diferenciar no mercado as empresas que investem nesta área”, enfatiza Wust. Enquanto o Selo Conforto atesta esta propriedade em um produto, o Selo Empresa que Investe em Tecnologia do Conforto é destinado às organizações que submetem seus produtos aos testes. Já o Selo Produto com Inovação Tecnológica destaca produtos com diferenciais específicos que geram patentes. Para a avaliação dos calçados foram criadas sete normas: cinco para a avaliação das propriedades relacionadas à massa, ao ângulo de pronação, à distribuição da pressão plantar, ao índice de amortecimento e à temperatura interna do calçado, além de uma norma qualitativa relacionada à percepção do usuário sobre o produto testado, e a norma geral. Existem outras três normas relacionadas aos componentes, que determinam o conforto proporcionado por palmilhas, forros e solados, além de uma específica para avaliar fôrmas.
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NOTAS CUSTOMIZAÇÃO
SNEAKERS Os franceses Christian Louboutin e Roland Mouret se reuniram para lançar a coleção ready-to-wear da marca Rouland Mouret - que completa 20 anos. Um salto customizado de Christian Louboutin complementou os looks da coleção Outono-Inverno 2017. Uma luxuosa fita envolve os tornozelos do sapato feito em mix de materiais, que incluem diferentes combinações entre couro napa, camurça e couros exóticos.
PEDRARIAS
A blogueira gaúcha Cris Azambuja assina uma linha de calçados em parceria com a Holy Walk, marca do grupo Zapatti. A iniciativa é a realização de um antigo projeto da blogger. Para desenvolver a coleção, Cris usou todo seu conhecimento e informações do mundo fashion. O resultado são modelos que trazem as principais tendências no universo dos sapatos, como mules de veludo, flats metalizadas, slides tressê e pedrarias.
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A Hardcore Footwear, marca de sneakers 100% brasileira, tem a versatilidade e a autenticidade como pontos centrais de sua nova campanha de Inverno 2017. Os cliques retratam os tênis como itens essenciais, que imprimem originalidade e praticidade a qualquer look. A linha Sport é retratada apenas em P&B, direcionando a atenção ao design inovador e funcional dos sneakers, ideais para prática esportiva ou momentos de lazer. O cano alto se une ao metalizado, aos spikes e à camurça nestes novos modelos, que garantem estilo em qualquer hora do dia.
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INSTITUCIONAL
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Certificação abrange quesitos exigidos aos fornecedores de grandes redes de varejo
PROJETO ADEQUA AS EMPRESAS
para o Selo Abvtex O Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apresentaram no dia 15 de fevereiro o projeto de adequação das indústrias de calçados, bolsas, artefatos, confecção e prestadores de serviços dessas cadeias produtivas para a conquista do Selo Abvtex. Criado pela Associação Brasileira do Varejo (Abvtex) - que representa as principais redes do varejo nacional que comercializam vestuário, bolsas e acessórios de moda, além de cama, mesa e banho -, o selo contempla questões que são cada vez mais exigidas pelas redes varejistas de grande superfície do Brasil e do exterior. Quem não cumprir os requisitos pré-determinados acaba sendo descartado como fornecedor.
Quesitos avaliados A certificação prevê a realização de auditorias independentes para o monitoramento de práticas e compromissos de gestão ligados aos temas: trabalho infantil, forçado ou análogo ao escravo, trabalho estrangeiro irregular, liberdade de associação, discriminação, abuso e assédio, saúde e segurança do trabalho, monitoramento e documentação, compensação, horas trabalhadas, benefícios, monitoramento da cadeia produtiva e meio ambiente.
O gerente regional do Sebrae, Marco Copetti, enfatizou que as novas exigências impostas pelo mercado significam mais desafios, mas também oportunidades. “É preciso se atualizar sempre, não só para atender às exigências cada vez mais presentes, mas principalmente para garantir melhores condições de aproveitar as novas perspectivas que se apresentam”, defende. O consultor do IBTeC, Paulo Model, lembra que o foco principal é a responsabilidade social e as relações do trabalho, e o projeto de qualificação, monitoramento e certificação contempla não apenas os fornecedores diretos, mas toda a rede de subcontratados, no caso os atelieres. “O IBTeC assessora no processo de adequação através de diagnóstico, realização de seminários e oficinas, consultoria industrial e pré-auditoria, mas a certificação em si é feita por outros órgãos especializados, a partir da comprovação de um atendimento mínimo das exigências”, ressalta. A gestora de projetos do Sebrae/ RS, Carolina Rostirolla, salienta que as empresas precisam cumprir pelo menos 70% dos critérios e o projeto foi criado para facilitar a adequação das MPE. “O varejo hoje disputa fornecedores que já receberam este selo e o nosso objetivo é colocar a indústria calçadista nesta vitrina”, instiga. O presidente-executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, destaca
que o instituto é reconhecido pela excelência na prestação de serviços e realização de pesquisas para capacitar e desenvolver as indústrias ante as necessidades do mercado, tendo como premissa o trabalho em conjunto com as entidades setoriais e os principais centros de ensino e parques tecnológicos, contando com o apoio dos órgãos de fomento à pesquisa e inovação tecnológica. “O Sebrae tem uma expertise como nenhuma outra agência no mundo para preparar as MPE na busca da melhoria contínua em processos, pessoal e produtos. A parceria com o IBTeC está cada vez mais alinhada no sentido de aumentar a competitividade das empresas e este trabalho de adequação ao selo vem ao encontro desta necessidade”, pontua. O projeto vai durar até dois anos, a partir de março de 2017. O Sebrae vai subsidiar 60% dos custos desta adequação (em torno de R$ 8.500,00) e os outros 40% (cerca de R$ 6.700,00) são a contrapartida das empresas. Há ainda o investimento de cerca de R$ 1.200,00 referente à certificação. “Os valores são parcelados e este é um excelente investimento, cujo valor se torna pequeno, quando se pensa nos benefícios proporcionados às empresas que vão se diferenciar no mercado a partir da certificação. Sem dúvidas, o selo se torna também uma excelente ferramenta de marketing”, conclui Carolina.
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IBTEC PROJETA CRESCIMENTO
na ordem de 100% até 2020 N o dia 22 de fevereiro o Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) realizou um café da manhã para divulgar a programação de investimentos para os próximos quatro anos, a agenda de 2017 - ano em que completa o 45º aniversário de fundação e o novo laboratório, de EPIs Luvas e Vestimentas.
Agenda diversificada Com o auditório lotado pela presença das principais lideranças do sistema coureiro-calçadista, empresários, políticos, órgãos de fomento, instituições de ensino e pesquisa e imprensa, o vice-presidente executivo do instituto, Dr. Valdir Soldi, apresentou uma programação comemorativa, que se estende até o próximo dia 7 de outubro, data da comemoração dos 45 anos do instituto. Dentre os eventos citados, enfatizou a realização de quatro edições do QuickTalk a serem realizadas nos
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polos calçadistas e têxteis com palestras de curta duração falando sobre assuntos como as substâncias restritivas e a inovação tecnológica; o Dia do Cliente (15 de setembro) com vantagens especiais para clientes do instituto e da Revista Tecnicouro; e a segunda edição da Semana do Calçado, no início de outubro, em especial o IBTeCHDAY com uma maratona de desafios tecnológicos. “Vamos qualificar ainda mais nossos eventos e ampliar o número de instituições parceiras e de profissionais e pesquisadores participantes, bem como os apoiadores”, considera.
Missão dada, missão cumprida O presidente executivo, Paulo Griebeler, antes de divulgar o plano de investimentos para os próximos quatro anos, ressaltou o incremento de 100% nos resultados da instituição no último quadriênio. Ele lembrou que, em 2008, teve início um projeto para o alinhamento
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setorial, através do qual ficou definido que o foco de atuação do instituto é ser o braço tecnológico do setor e referência em tecnologia e inovação. “Deram a nós esta missão e estamos trabalhando para cumpri-la”, contextualizou. Ele lembrou que a atual gestão iniciou em 2013 após o IBTeC ter mudado o seu estatuto e criado os conselhos Deliberativo e Fiscal e instituir a presidência do Conselho, e a presidência e vice presidência-executiva. “Criamos o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IBTeC, estabelecemos parcerias e investimos recursos para a modernização do parque tecnológico, aumentamos o escopo de ensaios e demais serviços prestados, repaginamos a Revista Tecnicouro, trabalhamos para buscar novos mercados e ampliar a carteira de clientes, conquistamos novas acreditações, inclusive no exterior, incrementamos em 67% o número de funcionários e os resultados apareceram”, lista Griebeler.
A META É REPETIR O FEITO REALIZADO NO PERÍODO DE 2013/16
IBTEC do futuro
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presidente avisou que o instituto projeta crescer mais 100% durante o próximo quadriênio e para garantir a meta foi criado o Projeto 2020, prevendo a diversificação das áreas de atuação da instituição como uma das bases para garantir os resultados projetados. “Desde 2013, foram investidos R$ 4 milhões em equipamentos, RH e na estrutura. Iniciamos agora um planejamento para investirmos R$ 8 milhões ao longo dos próximos quatro anos nas áreas de recursos humanos, incremento nos laboratórios já existentes e novos, mídias sociais e criação de novos nichos de atuação.” Uma das frentes de investimento - a ampliação do parque tecnológico para atender novos nichos - foi materializada com a inauguração do laboratório que está equipado para realizar, hoje, 35 ensaios diferentes de
EPIs luvas e vestimentas. O empreendimento foi resultado de dois anos de pesquisas e busca de equipamentos, e investimentos de mais de R$ 1 milhão. Dentre os objetivos se destaca a implantação de uma unidade do instituto no estado de São Paulo. Griebeler reconheceu que as intenções apresentadas são ousadas e comentou que o IBTeC não tem a pretensão de fazer tudo sozinho. “Para chegarmos aos resultados pretendidos precisamos do apoio de vocês. Sintam-se em casa, nos procurem, tirem seus projetos das gavetas, pois estamos preparados para ajudá-los na conquista de suas metas. Temos uma excelente estrutura física, mas acima de tudo, uma equipe qualificada, motivada e comprometida com o crescimento do nosso setor”, finaliza.
Laboratório inaugurado Em seguida, todos foram convidados a participarem da inauguração do novo Laboratório de Luvas e Vestimentas que está pronto para testar a resistência destes Equipamentos de Proteção Individual EPIs a diferentes ações, para os diversos setores de serviços e industriais.
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MARCONE TAVARES ASSUME
a presidência da Ablac A uma forte atuação política em nível nacional é um dos objetivos. O varejo de calçados é formado por cerca de 35 mil pontos de vendas exclusivos, tem receita anual estimada em 40 bilhões de reais, respondendo por 0,7% do PIB brasileiro, e emprega um milhão de pessoas quando somados todos os setores correlatos. Estes números dão a dimensão exata do varejo e por ele vamos lutar”, ressaltou. “O caminho é longo e as dificuldades certarmente serão muitas, mas não existe o impossível”, finalizou. Em nome da Couromoda, o diretor geral Jeferson Santos parabenizou Imad Esper e Marcone Tavares, assim como os demais lojistas, pela união e organização. Ele aproveitou a oportunidade para lembrar aos presentes os pesados investimentos que a Couromoda tem feito para tornar a feira ainda melhor e mais representativa para o setor, atraindo um número ainda maior de lojistas e compradores estrangeiros e criando um cenário altamente favorável para que os expositores consigam realizar bons negócios. “A Couromoda vive um momento de otimismo responsável, pois acredita no Brasil, no setor e faz tudo ao
seu alcance para que o mercado volte a ficar aquecido”, enfatizou.
Números do consumo no Brasil
Esper e Tavares apresentaram alguns números da pesquisa sobre o consumo de calçados no Brasil. Conforme os dirigentes, a coleta de dados envolveu 11.300 famílias, representando um universo de 132 milhões de pessoas, de todas as regiões brasileiras e das classes econômicas AB1, B2, C1, C2, D e E, e foi feita com leitura do código de barras e verificação do tíquete de compra. No período, 65% dos brasileiros compraram pelo menos um par de calçados, com preço médio de R$ 75,59. A frequência de compras foi de 2,8 vezes, o número médio de pares adquirido a cada visita à loja foi de 1,5 e o gasto médio a cada compra chegou a R$ 89,23. A retração em volume e valor deve-se à diminuição da frequência de compras em 12,5% e ocorreu principalmente no segmento feminino. A pesquisa da Kantar Worldpanel dá dicas às lojas físicas/ sapatarias para atrair de volta os compradores e melhorar as vendas. FOTO BRUNO KAWATA/DIVULGAÇÃO
Associação Brasileira dos Lojista de Artefatos e Calçados (Ablac) tem novo presidente. Marcone Tavares assumiu a liderança da entidade em substituição a Imad Esper, durante jantar realizado no dia 16 de janeiro, segundo dia da Couromoda 2017. Após fazer uma breve análise de sua gestão, com destaque para o investimento em capacitação, seja por intermédio dos workshops ou através da pesquisa de consumo de calçados no Brasil contratada junto a Kantar Worldpanel, Esper conclamou aos lojistas a integrarem-se à Ablac, fortalecendo a representatividade setorial. “Participem de nossos eventos e vamos unir experiências em busca de soluções que atendam às necessidades coletivas e permitam ter performance positivas nos anos vindouros”, argumentou, transmitindo oficialmente o cargo a Marcone Tavares. Tavares iniciou oficialmente sua gestão agradecendo os ensinamentos e a convivência com o Esper. Ele garantiu que pretende dar continuidade aos projetos que visam a qualificação e profissionalização do segmento e também implementar novidades. “Viabilizar
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CADEIA CALÇADISTA UNIDA
em busca de soluções C om o objetivo de entender as demandas latentes do complexo coureiro-calçadista e elaborar um plano de ação para os próximos anos, foi iniciado, no dia 9 de fevereiro, o planejamento estratégico do setor, em encontro realizado na sede da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), em Novo Hamburgo/RS. O trabalho tem relação com o programa Future Footwear, lançado no ano passado com o objetivo de aumentar a competitividade e a rentabilidade das empresas de couro, máquinas e equipamentos, componentes e calçados. A empresa responsável pelo trabalho, NovoCiclo Empresarial, é de Belo Horizonte/MG e foi contratada através de um edital do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O prazo para encerramento do planejamento está marcado para junho deste ano. Até esta data, a consultoria deverá contatar empresários de todos os elos da cadeia produtiva, além de entidades setoriais e
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órgãos de governo.
Dinâmica
Foram formados quatro grupos com representantes de diferentes entidades para a discussão de quatro temas principais: Mercado e Tendências; Eficiência Operacional; Tecnologia, Design e Gestão; e Ambiente de Negócios. Surgiram diversas ideias que serão utilizadas na formação do planejamento estratégico. “O nosso objetivo é reunir subsídios para analisar as tendências e oportunidades do mercado calçadista, validando os mesmos com as entidades realizadoras do projeto”, explicou a consultora Marcela Castro.
União de esforços O presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, destaca a união das entidades do sistema coureirocalçadista, que trabalham pela competitividade do setor. “A cocriação é uma via de várias mãos e as empre-
sas, não somente do segmento calçadista, mas de toda a cadeia de suprimentos e inclusive de outros setores, estão compreendendo isso”, avalia o executivo. Participaram do encontro representantes da entidade calçadista anfitriã; da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal); da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq); do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB); do Centro de Inovação (Citec); da Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software (Softsul); da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs); da Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo; da PucRS; do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC); do Polo de Tecnologia da Informação da Serra Gaúcha (Trinopolo); e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
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Grupo de jovens talentos participou do evento a convite do IBTeC
UMA JORNADA
pela Campus Party D e 31 de janeiro a 5 de fevereiro, foi realizada em São Paulo/SP a Campus Party Brasil. Durante cinco dias, aconteceu na metrópole uma maratona de desenvolvimento com o objetivo de encontrar soluções tecnológicas para 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização da Nações Unidas (ONU), e também como forma de fomentar o empreendedorismo inovador. Com mais de 1.300 inscrições, 51 projetos foram desenvolvidos dentro do prazo estipulado de 100 horas. Divididos em cinco macro áreas (Prosperidade, Paz, Parcerias, Pessoas e Planeta), uma comissão formada por especialistas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) selecionou as quatro melhores propostas por área e mais três menções honrosas para as ideias mais transversais, ou seja, que atendiam mais de uma ODS. “Com a experiência da maratona The Big Hackathon, o chamado foi para que os jovens também se empoderassem do seu presente para que possamos todos construir um futuro melhor. Unindo criatividade, tecnologia e inovação, foram formuladas soluções práticas para a implementação dos ODS, o que demonstra que um mundo mais justo e inclusivo em 2030 não é apenas desejável mas factível”, explica Haroldo Machado Filho, assessor sênior do PNUD. Já o diretor geral da Campus Party Brasil, Tonico Novaes, considera que “o engajamento das pessoas e as ideias que surgiram com o The Big Hackathon nos impressionaram muito e nos ajudou
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a ver que estamos no caminho certo ao aproximar mundos que teoricamente são tão distantes como o do Terceiro Setor e o da tecnologia. Esperamos que os projetos que surgiram possam ganhar escala e ajudar a tornar o mundo mais justo e sustentável”, finaliza. Um grupo de jovens talentos participou do evento a convite do IBTeC. Eles foram contemplados por terem participado da Maratona de Desafios Tecnológicos realizada no IBTeCHDAY durante a Semana do Calçado que aconteceu de 17 a 20 de outubro do ano passado e conquistado o segundo lugar na competição. Daiane Malgarin, Eduardo Sganzerla, Maicon Esteves e William Wiechorek propuseram a plataforma Shoes2B que possibilita a lojistas a aquisição de pequenos lotes através de compras coletivas. Em nome dos participantes, Eduardo Favero Sganzerla considera que quem vive no mundo da tecnologia, com certeza já ouviu falar em Hackthon, o problema é que quase nunca na região metropolitana de Porto Alegre. “No ano passado, tivemos o privilégio de ouvir que o IBTeC estava realizando seu primeiro Hackathon batizado de IBTeCHDay. Eu e um grupo de amigos aproveitamos para nos inscrever e aprendemos muito sobre a indústria do calçado (todos trabalhamos com internet) e nos divertimos muito nesse evento. Além disso tudo tivemos a honra de ganhar o prêmio de segundo lugar e com isso a viagem e entrada para a famosa Campus Party”, contextualizou. No grupo ninguém sabia ao certo o
que esperar. “Não encontramos um conceito definido do que é de fato a Campus Party, e fomos entender o porquê disso só depois de algum tempo lá”, disse Sganzerla. Quando chegaram nos Pavilhões do Anhembi, no dia 31 de janeiro, passaram por algumas filas, que avançavam com relativa rapidez e já passavam a primeira imagem do quão grande o evento seria. Depois que entraram se sentiram em uma cidade com 8 mil barracas. Registraram os equipamentos e começaram a tentar entender como seria o evento. “Já sabíamos de todas as palestras e workshops que iriam acontecer através do aplicativo, o que não sabíamos era a sensação de que estaríamos em casa, pois a impressão é que a organização do evento foi muito bem trabalhada com o público-alvo. Haviam muitas palestras e workshops ótimos (700 horas de conteúdo), sobre tecnologia, design, empreendedorismo, inovação, programação e outros assuntos que tangem estes. Além de tudo isso, tínhamos algum tempo livre e fizemos diversos amigos e contatos de várias partes do Brasil. Havia um sentimento de comunidade no ambiente. E falando em comunidade, em uma discussão que tive com algumas pessoas lá, entendi o porquê de não ter um conceito definido sobre o que é a Campus Party, e este sentimento é intencional. A Campus Party é como uma materialização da internet, que, além de ser uma grande comunidade, não é possível definir com poucas ou mesmo muitas palavras”, finalizou.
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BEIRA RIO INICIA TREINAMENTO
da cadeia de fornecedores D
FOTO LUÍS VIEIRA
ando sequência à qualificação da sua cadeia de fornecedores, a Calçados Beira Rio realizou uma nova entrega de cartilhas de substâncias restritivas a um total de 87 empresas. A distribuição aconteceu na sede do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), em Novo Hamburgo/RS, no dia 16 de fevereiro. O material didático recebeu as mais recentes atualizações das principais normas internacionais sobre o assunto e foi personalizado para o grupo de construção inferior. Contando com a expertise do IBTeC e o aporte do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Beira Rio realiza desde o ano passado um projeto para a gestão de substâncias restritivas envolvendo a totalidade da sua cadeia de base. O prazo de execução é até fevereiro de 2018 e até lá todas as empresas que fornecem materiais para a empresa terão de adequar os seus produtos. Eloi Moraes, da Beira Rio, salienta que esta preocupação não aconteceu da noite para o dia, mas é uma necessidade imposta pelo mercado que a cada dia fica mais contundente. “A Beira Rio exporta em volumes consideráveis e os importadores exigem que nossos calçados estejam adequados ao que determinam as legislações internacionais, mas isso só poderá acontecer de fato se cada um dos componentes que usamos estiver ajustado”, justifica.
Grupo de construção inferior recebeu a cartilha de substâncias restritivas
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Alinhamento da coleção
Ele comentou ainda que este aprimoramento não vai acontecer somente nos artigos embarcados para o exterior, mas em toda a coleção da empresa. “A mudança está evoluindo com a máxima seriedade e precisamos que os nossos parceiros estejam comprometidos com esta meta, pois nenhum produto da nossa empresa poderá ter qualquer substância controlada em níveis acima do permitido no país pra onde foi embarcado, e isso também vale também para os calçados a serem distribuídos no mercado interno, embora no Brasil ainda não exista uma legislação correspondente”, destaca. Uma das vantagens apontadas é que após o ajuste dos produtos, as empresas podem usar esta informação como ferramenta de marketing, destacando que são fornecedores de uma empresa de grande porte que tem como premissa a gestão das substâncias de uso restrito. “Esta é uma qualificação muito importante que será cada vez mais procurada pelas empresas que exportam”, enfatiza. O consultor do IBTeC, Paulo Model, explicou que, após receber a cartilha, técnicos do instituto vão visitar as empresas que tiverem necessidades para se ajustar e darão todo o apoio para isso. “Trata-se de um trabalho preventivo, para que a Beira Rio não tenha problemas de devolução de produtos por ter usado alguma matéria-prima em que seja detectada uma substância de uso controlado acima do limite”, detalha.
Ele lembra que se trata de um trabalho que acontece em um sistema de cascata, ou seja, a empresa calçadista orienta e cobra dos seus fornecedores de matérias-primas, que por sua vez norteiam os fornecedores de insumos. Por último o vice-presidente executivo do IBTeC, Dr. Valdir Soldi, apresentou a cartilha aos participantes e listou algumas substâncias que podem causar problemas de saúde aos usuários, e aparecem em artigos como calçados, roupas e artefatos, como o cromo VI, os ftalatos e corantes azoicos. “Considerando que muitos países e também grandes empresas criaram as suas próprias listas de controle de substâncias restritivas, o instituto assumiu o compromisso de buscar informações para atender com profundidade o mercado, através da geração e conhecimento, e a sensibilização das empresas e pessoas sobre a importância de se avaliar produtos e processos, e se necessário até mesmo substituir matérias-primas. A cartilha que hoje vocês recebem é o documento mais atual do setor calçadista sobre o assunto”, garante. As substâncias estão classificadas em cinco níveis, onde a Classe 1 corresponde àquelas com efeitos perigosos comprovados e a Classe 5 se refere a substâncias suspeitas de causar algum efeito sobre o usuário. Antes deste, 80 empresas do grupo de construção superior receberam as orientações, sendo que as capacitações das pequenas empresas foram através de projeto Sebraetec.
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UM ANO QUE PROMETE
para o Feevale Techpark O ano de 2017 chegou trazendo muitas novidades para o Feevale Techpark, que já havia encerrado 2016 com saldo positivo, somando 50 empresas instaladas. Na contramão da crise política e econômica nacional e mundial, a Universidade Feevale, por meio do seu parque tecnológico, já conta com mais de R$ 3,2 milhões de recursos oriundos de projetos aprovados pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT). Esse valor, somado a aproximadamente R$ 199 mil depositados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), ultrapassa em cerca de R$ 600 mil o aporte recebido em todo o ano passado. Os recursos recebidos, mais contrapartidas da Universidade Feevale e da iniciativa privada, serão investidos em diferentes setores.
Investimento em estrutura para inovação
ciativa conta, ainda, com a participação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/ RS). “As duas universidades desenvolverão produtos e metodologias em seus laboratórios e as empresas aplicarão a parte prática”, complementa. Também na unidade campo-bonense do parque, um terceiro projeto aprovado contempla a Incubadora Tecnológica da Universidade Feevale. “Trata-se de uma plataforma para o desenvolvimento de empresas nas áreas de games e saúde, utilizando inclusive a tecnologia da realidade virtual e aumentada”, salienta o pró-reitor.
Educar para empreender O Sebrae entrou com aporte financeiro para outra iniciativa que, por sua vez, visa a estimular o empreendedorismo, aproximando comunidade e universidade. “O recurso será aplicado em disciplinas e eventos voltados ao empreendedorismo e direcionados aos acadêmicos da instituição e à comunidade”, afirma.
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Entre as propostas aprovadas pela SDECT está a criação de um Centro Multissetorial de Desenvol-
vimento de Tecnologias Avançadas do Feevale Techpark em sua unidade de Campo Bom/RS. “Para esse projeto foi aprovado o maior recurso, de quase R$ 2 milhões, que será destinado à implantação de dois grandes laboratórios focados na prestação de serviços das empresas e, também, no desenvolvimento de produtos”, detalha o pró-reitor de Inovação da Universidade, Cleber Prodanov. Um desses espaços, um fab lab, contará com impressoras 3D que complementarão o trabalho realizado com equipamentos já existentes, possibilitando que as empresas sediadas no parque possam projetar, desenvolver e, inclusive, prototipar seus produtos dentro do laboratório. A parceria com empresas da região vai auxiliar no desenvolvimento de uma segunda proposta. “A Formas Kunz, a SS Engenharia e a Ekobio integrarão um projeto que tem dois focos de atuação: o desenvolvimento de materiais poliméricos para o setor calçadista e de perfis voltados para a construção civil, incorporando resíduo wet blue e serragem de acácia-negra”, detalha. De acordo com Prodanov, a ini-
Parque tecnológico da Universidade Feevale está na contramão da crise
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CBB SERÁ REALIZADO
em maio no RS A próxima edição do Congresso Brasileiro de Biomecânica (CBB) acontecerá de 8 a 11 de maio de 2017, na PUC/RS, em Porto Alegre/RS. Adjacente ao CBB será realizado I Encontro Latino Americano de Biomecânica. O evento prevê ainda a interface com a área da fisioterapia e das engenharias, pois traz ao debate estratégias de reabilitação, redução de lesões e instrumentação para monitorar a análise do movimento humano. Também acontecerá o VIII Simpósio em Neuromecânica Aplicada (SNA) e todos os inscritos no CBB poderão participar do mesmo. No dia 08, o pesquisador do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Dr. Rudnei Palhano, vai realizar um painel falando sobre Biomecânica do Calçado e formas da mensuração do conforto. Ele antecipa que os principais tópicos a serem abordados durante a sua apresentação serão o impacto durante o movimento versus materiais utilizados nos solados para absorção do impacto; análise dos tipos de pés e sua relação na distribuição das cargas; análise cinemática do pé durante a fase de apoio da marcha. “O IBTeC é um gerador de conhecimento e esse conhecimento é disseminado através de congressos, simpósios e workshops, como o Congresso Brasileiro de Biomecânica e o Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado que, também são formas de fomentar a pesquisa para o desenvolvimento de novos matérias, métodos aplicados ao setor coureiro-calçadista”, considera o
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palestrante. O coordenador do Laboratório de Biomecânica, Dr. Aluisio Avila, é um dos decanos da Sociedade Brasileira de Biomecânica e um dos idealizadores do congresso. Nesta ocasião ele e o pesquisador do instituto, Dr. Milton Zaro, vão participar de uma mesa redonda para debater alguns temas relacionados à biomecânica. O presidente do CBB, Rafael Reimann Baptista, salienta que o congresso é o evento oficial da Sociedade Brasileira de Biomecânica (SBB), com o objetivo de, a cada dois anos, reunir interessados em temas da biomecânica e promover um espaço de interação e debate visando ao desenvolvimento da área. É um evento internacional destinado a estudantes de graduação e de pós-graduação, professores, pesquisadores e empresas que atuam nas áreas de Educação Física, Fisioterapia, Medicina, Neurociências e Engenharia Biomédica. “A maior contribuição do debate nestes temas é a troca de experiências, a divulgação de resultados e o fomento a mais pesquisas nessas áreas”, opina o presidente. Ele cita que a área da Biomecânica do Esporte é a que tem mais evoluído mundialmente. No nosso país este segmento também evolui sob o ponto de vista científico, mas ainda precisa crescer muito em termos de inovação e desenvolvimento. “Creio que os principais desafios no Brasil são a falta de recursos e incentivo à pesquisa. Os mecanismos possíveis me parecem ser recorrer a iniciativas internacionais”, contextualiza.
IBTEC REALIZA UMA PALESTRA SOBRE O CONFORTO NO CALÇADO Os principais temas abordados durante as apresentações do CBB serão: - Biomateriais - Biomecânica Clínica - Biomecânica do Esporte - Ergonomia - Exoesqueletos - Locomoção e postura - Metodologia biomecânica - Modelamento de Elementos Finitos - Próteses - Robótica - Simulação Computacional - Tecnologias Assistivas
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OPINIÃO Colunista Investidor-anjo:
um novo personagem no cenário jurídico brasileiro
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ma nova figura jurídica considerado sócio nem terá qualquer acaba de surgir no direidireito à gerência; b) não responderá to brasileiro. Trata-se do por qualquer dívida da empresa; c) será denominado investidor-anjo, cujas remunerado por seus aportes, nos ternormas regulamentadores foram mos do contrato de participação, pelo recentemente publicadas, medianprazo máximo de cinco anos. Por óbvio, te a edição da Lei Complementar os valores de capital aportado não são 155/2016. O termo agora utilizado considerados receitas da sociedade. inspira-se na expressão “Angel In- Dr. Marciano Buffon Ao final de cada período, o investor ou Business Angel”, surgida no doutor em Direito, vestidor-anjo fará jus à remuprofessor da Unisinos início do Século XX, nos EUA, para marciano@buffonefurlan.com.br neração correspondente aos redesignar investidores que bancavam sultados distribuídos, conforme os custos de produção das peças da contrato de participação, não supeBroadway, assumindo os riscos e participando de seu re- rior a 50% (cinquenta por cento) dos lucros da sociedade. torno financeiro, bem como apoiando na sua execução O investidor-anjo somente poderá exercer o direi(https://endeavor.org.br/afinal-o-que-e-investimento-anjo). to de resgate depois de decorridos, no mínimo, dois anos Atualmente, o conceito diz respeito a “investimento do aporte de capital, ou prazo superior estabelecido efetuado por pessoas físicas, normalmente profissionais no contrato de participação, e seus haveres serão paou empresários bem-sucedidos, em empresas iniciantes (as gos na forma do art. 1.031 do Código Civil, não podenstartups), fornecendo não somente capital financeiro, mas do ultrapassar o valor investido devidamente corrigido. também intelectual, apoiando o empreendedor com sua Nada impede a transferência da titularidade do experiência e conhecimento”. Em vista disso, essa forma de aporte para terceiros, sendo que - neste caso - haveaporte de capital ficou conhecida como Smart-Money (op. cit). rá a necessidade do consentimento dos sócios, salNo Brasil, não que houvesse uma proibição para tais in- vo estipulação contratual expressa em contrário. vestimentos, porém havia uma lacuna jurídica no que diz resCaso os sócios decidam pela venda da empresa, o inpeito a uma série de implicações legais. Em vista disso, para vestidor-anjo terá direito de preferência na aquisição, incentivar as atividades de inovação e os investimentos pro- bem como direito de venda conjunta da titularidade do dutivos, a sociedade enquadrada como microempresa ou aporte de capital, nos mesmos termos e condições que empresa de pequeno porte poderá admitir o aporte de ca- forem ofertados aos sócios regulares. Vale ressaltar que pital. Nota-se, desde já, que a lei aplica-se, exclusivamente, a lei não dispõe integralmente acerca das normas conàs empresas optantes pelo denominado Simples Nacional. tratuais, razão pela qual as partes poderão pactuar livreAs finalidades de fomento à inovação e investimen- mente aquilo que não estiver previsto expressamente na tos produtivos deverão constar do contrato de partici- lei, conforme acima explicitado. Em vista disso, a elabopação, com vigência não superior a sete anos, sendo ração do contrato requer os devidos cuidados jurídicos. que o aporte de capital poderá ser realizado por pessoa Além disso, a lei não esclarece como serão tributafísica ou por pessoa jurídica, inclusive fundo de inves- dos os valores distribuídos ao investidor-anjo. O Ministétimento. Os valores respectivos não integrarão capital rio da Fazenda, ao regulamentar a lei, haverá de definir social da empresa, sendo que a atividade da empresa se os referidos valores serão entendidos como distribuicontinuará sob a responsabilidade dos sócios regulares. ção de lucros/resultados (isentos de Imposto de Renda) A legislação esclarece que o investidor-anjo: a) não será ou serão normalmente tributados pelo beneficiário.
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CB-11 CB-11: CRONOGRAMA DE ESTUDO
para 2017 A companhe as atualizações das normas brasileiras, revisões e publicações de projetos novos nas áreas: couro, componente, conforto e calçado. Para participar é simples, entre em contato pelo cb11@ibtec.org.br e solicite o cadastramento do seu e-mail no mailing de cada comissão de estudo desejada; mensalmente você receberá convites para participar das reuniões.
Comissão de estudo de Subst. Restrit. em Couro, Calçados, Componentes e Artefatos - ABNT NBR ISO 17234-1 - azo corantes - atualização da versão ISO de 2015 - Projeto 11:200.05-010 - Substâncias restritivas - Tabela orientativa - Projeto 11:200.05-012 - Substâncias restritiva - Norma geral - Projeto - Determinação de ftalatos - ABNT NBR ISO 17353 - Determinação de organoestanho Comissão de estudo do Calçado - ABNT NBR 16056 - Calçados Determinação da resistência da descolagem entre solado e cabedal - ABNT NBR 16129 – Calçados Determinação das marcações das regiões do calçado para ensaios físicos - Projeto - Etiquetas em calçados Comissão de estudo de Insumos - ABNT NBR 9232 - Insumos Substâncias graxas - Determinação da estabilidade da emulsão à água - ABNT NBR 9235 - Insumos Substâncias graxas - Determinação da estabilidade a ácidos e sais - ABNT NBR 11023 - Insumos Corante - Determinação aproximada da solubilidade - ABNT NBR 11024 - Insumos - Lacas e ligantes - Determinação de termo-
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plasticidade a 90°C - ABNT NBR11033 - Insumos - Preparação do filme de ligantes - ABNT NBR11062 - Insumos - Lacas e ligantes - Determinação do teor de sólidos totais a (102 ± 2)°C - ABNT NBR 11068 - Insumos - Corantes - Determinação do caráter iônico - ABNT NBR 11067 - Insumos - Corante - Determinação da estabilidade de solução a ácido - ABNT NBR14450 - Insumos para couro - Tensoativos - Determinação do teor de água - ABNT NBR14573 - Insumos - Tanante - Determinação do teor de ferro - ABNT NBR15167 - Insumos - Desencalante - Determinação do teor de nitrogênio - ABNT NBR15168 - Insumos Tensoativos - Determinação do ponto de turvação a frio Comissão de estudo de Ensaios Físicos e Químicos em Couro - ABNT NBR 11038 - Couros - Determinação do teor de substâncias orgânicas e inorgânicas solúveis e insolúveis em água - ABNT NBR 11057 - Couro - Determinação do pH e da cifra diferencial - ABNT NBR 11065 - Couro - Determinação de nitrogênio e de substância dérmica - ABNT NBR11129 - Couro-sola Determinação da resistência à quebra da flor - ABNT NBR 11130 - Couro-sola Determinação da passagem e absorção de água - Permeômetro - ABNT NBR11668 - Couro - Determinação da resistência do acabamento ao calor - Ferro quente - ABNT NBR11669 - Couro - Determinação da ruptura e da distensão da flor – Lastômetro
- ABNT NBR11671 - Couro - Determinação estática da fixação de substâncias extraíveis em água - ABNT NBR12829 - Couro - Determinação da propensão à eflorescência salina - ABNT NBR 12834 - Couros - Determinação da permeabilidade ao vapor de água - ABNT NBR12844 - Couro - Determinação da resistência do acabamento ao vapor de água - ABNT NBR 12845 - Couro - Determinação do encolhimento - ABNT NBR 12846 - Couro - Determinação da resistência da cor e do acabamento à fricção - ABNT NBR 13335 - Couro - Determinação da retração - ABNT NBR 13733 - Couro - Identificação de nitrocelulose em acabamento de couro - ABNT NBR 14296 - Couro - Determinação de substâncias extraíveis com hexano - ABNT NBR 14374 - Couro - Determinação do teor de água Comissão de estudo de Ensaios Biológicos em Couro - PROJETO 11:100.03 - 001, Ensaios biológicos - Palmilha, laminados sintéticos e solados - Produtos antibacterianos - Determinação da atividade antibacteriana - ABNT NBR 14237 - Peles e couros - Formulações dos meios de cultura e águas de diluição para análise microbiológica - ABNT NBR 14238 - Pele e couro - Tomada do pedaço de prova para análise microbiológica – Procedimento - ABNT NBR 14240 - Pele e couro Verificação da presença de fungos Comissão de estudo de Resíduos Líquidos em couro
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- ABNT NBR 13341 - Couro - Banho residual de curtimento e recurtimento - Determinação do teor de óxido de cromo III - ABNT NBR14242 - Couro - Banho residual e efluente líquido - Determinação da demanda química de oxigênio (DQO) - Método de dicromatometria por refluxo aberto - ABNT NBR14559 - Couro - Banho residual e efluente líquido - Determinação da dureza total - ABNT NBR15685 - Couro - Banho residual e efluente líquido - Determinação do oxigênio dissolvido Comissão de estudo de Conforto de Calçados - PROJETO 11:200.03 - 02 Conforto de calçados - Acelerometria tibial e atrito Comissão de estudo da Construção Superior do Calçado - ABNT NBR 14184 Construção superior do calçado - Couraças e contrafortes - Determinação da espessura - ABNT NBR 14185 Construção superior do calçado - Couraças e contrafortes - Determinação da gramatura - ABNT NBR 14551 Construção superior do calçado - Laminados sintéticos - Adesão da camada plástica ao substrato - ABNT NBR 14552 Construção superior do calçado - Cabedais - Determinação da resistência à tração e alongamento na ruptura - ABNT NBR 14553 Construção superior do calçado - Laminados sintéticos - Determinação da resistência à continuação do rasgo Comissão de estudo de Adesivos para Calçados e Correlatos - ABNT NBR 10456 Adesivos para calçados e correlatos - Determinação da resistência da colagem - ABNT NBR 10457 Calçados - Preparação de materiais e adesivos para ensaios de resistência da colagem - ABNT NBR 14674 Adesivos para calçados e correlatos - Procedimento de amostragem - ABNT NBR 15161 Adesivos para calçados e correlatos - Avaliação da flu-
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ência da colagem à temperatura constante - Teste de dobra - ABNT NBR 16099 Adesivos para calçados e correlatos - Verificação do envelhecimento por hidrólise Comissão de estudo da Construção Inferior do Calçado - ABNT NBR 13892 - Construção inferior do calçado - Terminologia - ABNT NBR 14098 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais para este fim - Determinação das medidas lineares - ABNT NBR 14395 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação do teor de substâncias extraíveis com solventes - ABNT NBR 14454 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da dureza Shore A e D - ABNT NBR 14456 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da flexibilidade - ABNT NBR 14458 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da resistência à continuação de um rasgo perpendicular à superfície - ABNT NBR 14459 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da resistência à tração e alongamento na ruptura - ABNT NBR 14739 - Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da deformação por compressão dinâmica - ABNT NBR 15191 - Construção inferior do calçado - Saltos - Determinação da resistência à fadiga, por impacto (Pica-Pau) - ABNT NBR 15332 - Construção inferior do calçado - Palmilha de montagem - Comportamento à água - ABNT NBR 15339 - Construção inferior do calçado - Material de planta para palmilha de montagem - Determinação da resistência à flexão - ABNT NBR 15392 - Construção inferior do calçado - Alma-de-aço - Determinação da resistência da dobra
- ABNT NBR 16070 - Reforço de palmilha - Determinação da resistência à separação de camadas (delaminação) - ABNT NBR 14742 Construção inferior do calçado - Solas, solados e materiais afins - Determinação da resistência a flexões contínuas em um ângulo de 90° - PROJETO 11:300.03-01 Construção inferior do calçado ou calçados prontos - Determinação da fixação do salto por solicitações contínuas Comissão de estudo de Componentes Metálicos - ABNT NBR 14010 - Componentes metálicos para calçados e artefatos - Compatibilidade com o couro - Determinação da resistência ao fosqueamento de peças niqueladas - ABNT NBR 14223 - Componentes metálicos para calçados e artefatos - Revestimentos protetores aplicados sobre peças injetadas de zamac e peças de aço - Determinação do grau de porosidade - ABNT NBR 14224 - Componentes metálicos para calçados e artefatos - Avaliação do grau de proteção obtido por camadas de vernizes aplicadas sobre latão, cobre e prata - Determinação de resistência a sulfetos - ABNT NBR 14369 - Componentes metálicos para calçados e artefatos Determinação da resistência ao fosqueamento de peças niqueladas com verniz - ABNT NBR 14557 - Componentes plásticos para calçados e artefatos – Terminologia - ABNT NBR 14560 - Componentes metálicos e/ou plásticos com acabamento metalizado para calçados e artefatos – Terminologia - ABNT NBR 14826 - Componentes plásticos para calçados e artefatos Identificação do material-base - ABNT NBR 15262 - Componentes metálicos para calçados e artefatos Determinação da resistência à corrosão por água salina - ABNT NBR15264 - Componentes metálicos para calçados e artefatos pintados - Determinação da aderência da tinta à ação de escova de cabelo rotativa
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IMAGEM LUÍS VIEIRA
TECNOLOGIA
MAIS EFICIÊNCIA NA GESTÃO DA LOGÍSTICA E
na troca de informações O s desafios do mercado impõem à indústria calçadista brasileira o aumento da sua produtividade e isso implica também em ter mais precisão e agilidade, tanto no fluxo de informações quanto no próprio transporte e manejo das mercadorias, abrangendo desde o recebimento da matéria-prima até a entrega do produto final ao varejista. No cenário atual, os produtos são desenvolvidos em ciclos cada vez mais curtos e com maior variedade, pois o que se verifica com relação aos pedidos vindos do varejo é que eles acontecem em volumes menores, porém com maior frequência. Para atender essa demanda a indústria precisa trabalhar com excelência em todos os elos da cadeia, iniciando na sua rede de fornecedores e se estendendo até os canais de distribuição ao consumidor final. Diante desse desafio, o Sistema de Operações Logísticas Automatizadas (Sola) - desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil) - surge como solução para padronizar e otimizar a gestão da logística no que se refere à troca eletrônica de informações,
facilitando a automatização dos processos e a integração de toda a cadeia. O uso do código de barras GS1- linguagem única e universal, que serve para o Brasil e qualquer país do mundo - permite a leitura dos produtos e volumes com organização e pleno controle da movimentação de mercadorias para gerenciar os negócios. Com os processos automatizados o registro das informações tem exatidão e é realizado em tempo real. Isso permite que os gestores monitorem os negócios e tenham autonomia e poder na tomada de decisões de maneira rápida e certeira. O sistema permite, por exemplo, cadastrar catálogos e listas de preço e trocar essas informações com seus parceiros comerciais, receber ordens de compra, gerar etiquetas com códigos de barra para produtos e unidades logísticas e gerar documentos de aviso de despacho e de faturamento. Isso aumenta a eficiência e a precisão na expedição, armazenamento e movimentação de produtos, melhorando a gestão de estoques (elimina-se contagens manuais que podem incorrer em inconsistências e perdas) e o gerenciamento das transações comerciais.
Três pilares sustentam a metodologia - Identificação: padronização da identificação do produto e unidade logística Significa utilizar uma linguagem única e inequívoca de codificação para identificar a localização (comprador ou vendedor), os produtos (item comercial) e volumes (caixas, pallets, contêiner etc.); - Processos: certificação dos processos de separação, conferência, armazenamento e movimentação do físico com a informação eletrônica (virtual) Ao produzir, expedir, receber, consumir ou vender, aquilo que se faz fisicamente deve condizer com as informações no sistema de computador da empresa. É preciso contar o que está sendo realizado fisicamente, ou seja, se há um pedido de 1.000 artigos e são produzidos apenas 999, seja por uma perda ou quebra de produção, o software tem que registrar a quantidade correta e não ser fiel à ordem de compra; - Troca Eletrônica de Informação: eliminar a digitação As transações comerciais estão embasadas em um padrão global de comunicação eletrônica. Todos os documentos, desde o catálogo de produtos até a nota fiscal de entrega estão normatizados e são entendíveis pelos sistemas de computação das empresas envolvidas. Zero digitação é o elemento-chave que sustenta a ponte entre o mundo físico e o virtual.
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Benefícios proporcionados Além de acelerar as operações e evitar erros, o sistema reduz custos para quem vende, transporta e compra. Para isso, busca-se eliminar etapas e processos que geram retrabalho e perda de tempo, como as atividades de contar, reetiquetar materiais e lançar manualmente registros em programas de computador.
Evitar erros A metodologia busca atacar possíveis desvios ou demora para: Contar a produção; realizar inventário; embarcar e receber mercadorias; prover referência da NF-e com o pedido (ordem e item de compra); movimentar as mercadorias - rastreabilidade; lançar registros nos sistemas (entrada, saída, fiscal, financeiro e contábil); manifestar o destinatário; gerar blocos H e K (Sped);
Redução de custos A - Eliminar retrabalho: a lógica é aproveitar a informação que já foi previamente gerada. O que um elo da cadeia faz tem que servir para o próximo.
vezes a mesma coisa, reduz fretes, armazenagem, seguro, entre outros. No abastecimento de insumos para a produção a matéria-prima pode ir direto para a linha de montagem e, no caso do varejo, rapidamente distribuído para as lojas.
Eficiência e precisão na expedição, armazenamento e movimentação A - Expedição e entrega correta: evita-se devoluções e erros de entregas provocados por processos manuais de reetiquetagem e contagem dos volumes. B - Crossdocking (redistribuição de carga): pode-se distribuir ou redirecionar as mercadorias sem a necessidade de armazenagem prévia, ou seja, enquanto está em trânsito (maior giro e menos estocagem). Na prática, o comprador pode definir o destino final do pedido enquanto a mercadoria está sendo transportada. C - Evitar lançamentos incorretos, eliminar reentrega e garantir o estoque exato: o operador não conta volumes. Confere-se a mercadoria de acordo com a NF-e e o pedido/ordem de compra.
Gestão Ao conferir eletronicamente o que está sendo feito (físico) com o que está no sistema da empresa (virtual), as informações para gerenciar os negócios são em tempo real e com exatidão: A - Inventário em tempo real, assertividade e precisão no estoque; B - Reposição automática e inteligência de mercado: entender as necessidades e supri-las adequadamente (marca, modelo, cor, material e tamanho), bem como possibilidade de monitorar o comportamento de consumo; C - Foco na gestão e não nos processos: a padronização busca solucionar questões repetitivas. Assim, o tempo pode ser dedicado para analisar os resultados das informações processadas para planejar e tomar decisões, e não solucionar problemas em operações do dia a dia.
B - Reduzir custos: com automação por leitura de código de barras (scanner coletor de dados), o tempo da operação é muito menor, seja para carregar, descarregar ou movimentar mercadorias. As informações são geradas automaticamente e de maneira eletrônica em tempo real. Elimina-se a necessidade de conferir várias
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Melhorar as transações e relações comerciais A - Desburocratizar: aplica-se a simplificação e automação dos fluxos de negócios: catálogos, ordens de compra, pedidos, aviso de despacho, NF-e, entre outros. Os cadastros não precisam ser repetidos, afinal, por que
digitar o que já é digital? B - Os indicadores-chave de desempenho (KPIs) das áreas de compras, vendas e estoques são impactados positivamente. A integração e automação através de um padrão logístico mundial resulta em efetividade: eficiência + eficácia. C - Reposição automática: a adoção do padrão cria uma base sólida para um modelo de negócio onde a reposição pode ser administrada pelo próprio fornecedor: Inventário Gerido pelo Fornecedor aplicado a grupos de produtos em que permitem a reposição automática ou que foram negociados neste modelo. D - Melhor busca por referência na internet: ao manter a identificação originária da fábrica (cadastro do produto com referência e código do item comercial), o consumidor consegue encontrar facilmente o produto que deseja. Há sinergia com o marketing, pois, toda vez que promover o produto publicado na internet (propaganda, rede social, website ou outro), o vendedor ganha visibilidade, já que o cliente consegue encontrar o produto que deseja e onde comprar.
Quem deve se envolver?
A opinião de quem já utiliza o padrão Sola A fabricante de calçados femininos, Via Marte, que produz seis milhões de pares/ano, é uma das empesas que utiliza o sistema. O gerente de Tecnologia da Informação, Ivair Kautzmann, ressalta que a metodologia foi implantada na empresa muito antes de se chamar Sola.
“Começamos em 2003, utilizamos 100% dos padrões logísticos globais, e hoje servimos de vitrina para as entidades que o fomentam”, assinala. Ele avalia que o sistema é uma espécie de coletânea de especificações globais que são de domínio público e qualquer indústria, fornecedor de software ou prestador de serviço/consultor pode implantá-las. A colocação de um nome (Sola) gerou força setorial, mas além do setor calçadista estas especificações logísticas são aplicáveis a qualquer segmento. “O Sola representa real diminuição de custos e aceleração pelo simples fato de fatorar o problema que afeta a todos, o retrabalho. O que um elo da cadeia faz deve servir a todos, com a aplicação do sistema alcançamos uma forte organização interna e redução de horas de trabalho envolvendo recepção, movimentação, separação e despacho de mercadorias”, opina. Com relação à recepção a Via Marte diminuiu o tempo em 2/3, isso significa, na média, que um descarregamento que levava em torno de 30 minutos passou para 10 minutos. Já no que se refere ao despacho da produção, eliminou 100% os erros logísticos e acelerou a separação e a saída da mercadoria e com isso reduziu meio milhão de reais/ano em custos. A Piccadilly, que também fabrica calçados femininos e tem uma produção estimada em 50 mil pares de calçados/dia, é outra empresa a utilizar a metodologia. O diretor de compras, Josué Leandro Kunst, explica que o sistema está em fase de implementação. “Temos pilotos em fase de desenvolvimento com fornecedores e a nossa expectativa é de que até o final da implantação possamos contar com 80% de nossos fornecedores de matéria-prima operando com o padrão Sola, e também até o final de 2017 nossa expedição de produto final sendo efetuada também através desta metodologia”, prevê. O profissional considera que os benefícios da automação através do padrão Sola são significativos. “Podemos obter melhoras desde o aumento da exatidão e velocidade na comunicação com fornecedores até o aumento da eficiência na expedição dos produtos acabados, além disto o fato de conseguir atribuir uma melhor gestão de estoques e a consequente redução de custos em processos logísticos, tornam-se aspectos de grande importância para a implementação com toda a cadeia de fornecedores”, ratifica.
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A CIÊNCIA DA FÁBRICA
E A INOVAÇÃO CAPÍTULO 6/6: AS “CAUSAS FORMAIS” DOS SISTEMAS DE MANUFATURA AVANÇADA MS Eng. Fernando Oscar Geib
1 - Os elementos essenciais da Manufatura Avançada A Nova Fábrica de Calçados (NFC) é um sistema gerador e de disponibilização de calçados estruturado pelo fundamento da simultaneidade operacional em todas as ações dos seus processos de manufatura, envolvendo a aquisição dos materiais, as operações de produção dos
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calçados, os serviços a elas agregados e a distribuição destes produtos prontos aos compradores e aos mercados. Todo este sistema é conduzido pelo fundamento essencial da Entrega Já!. Este é um sistema aberto, pois interage continuadamente com os compradores de calçados, tanto os efetivos quanto os potenciais, para avaliar os progressos de sua condição de Manufatura Avançada, a qual pres-
supõe elevados níveis de produtividade, alta qualidade de produtos, preços de venda baixos e competitivos e atualidade em moda e design. O grau de efetividade e qualificação dos seus processos produtivos é continuadamente avaliado, medido e aperfeiçoado, para promover avanços tecnológicos dos processos organizacionais manufatureiros, baseados na simultaneidade. Para desenvolver as ações anteriormente descritas, esta sapateira adota e pratica o conceito de “Causas Formais” para o seu sistema de Manufatura Avançada. Esta casualidade é impulsionada por dois fatores ou elementos essenciais e basilares para toda e qualquer organização que deseja alcançar sucesso: promover transformações para gerar demandas continuadas. Estes dois fatores são a essência para qualquer sistema de produção sapateiro que tem por objetivo transformar materiais e demais recursos em calçados e em serviços a eles agregados, voltados para atender com efetividade e pontualidade as manifestadas - reais e potenciais - dos mercados consumidores, com altos níveis de satisfação. Como tornar realidade esta condição? Suprindo demandas mercadológicas com simultaneidade às manifestações dos compradores e dos mercados! Estas exigências e o pressuposto de que o tempo é o fator essencial, identificam a qualificação de uma fábrica de calçados como uma organização operadora de uma Manufatura Avançada efetiva, pois ela se sobrepõe às “conspirações” do tempo que avança continuada e inexoravelmente, moldando e gerando, continua e rapidamente, novos desejos e necessidades dos compradores de calçados e dos mercados consumidores. A marca essencial de um Sistema de Manufatura Avançada é o envolvimento necessário dos seus fornecedores na sua rede de geração simultânea de calçados. Estes são os agentes e os elementos essenciais que permitem e oportunizam as transformações de produtos e materiais promovidos por esta fábrica em descrição no tempo certo das necessidades dos mercados e dos consumidores. Os fundamentos da Manufatura Avançada não são praticados somente nesta fábrica de calçados em descrição. Este estágio de avanço em sistemas produtivos deve ser também desenvolvido e praticado ativamente pelos fornecedores desta fábrica de calçados em descrição. Atendimento pleno e Já! de demandas altamente dinâmicas dos mercados, bem como transformações de materiais em calçados em ambientes de simultaneidade de operações, são as palavras-chave e os fundamentos da Manufatura Avançada, desenvolvidos por esta produtora de calçados foco.
Neste contexto de avanços em sistemas produtivos, uma questão aflora. Ela refere-se às “reservas de segurança” para atender plenamente os mercados, pelo fundamento da Entrega Já!, promovida pela Manufatura Avançada baseada na simultaneidade operacional dos sistemas de produção.
2 - Manufatura Avançada e Produção Simultânea A condição de Manufatura Avançada orienta o fundamento da simultaneidade, buscando continuadamente conciliar as demandas manifestadas pelos mercados e pelos consumidores, com mudanças, com adequações e principalmente com os aperfeiçoamentos das estruturas produtivas, de modo a gerar calçados que atendam no tempo exato as manifestações dos compradores. A simultaneidade operacional da fábrica deve migrar das estruturas produtivas e se expandir para os processos de atendimento dos anseios dos compradores de calçados. Deve haver simultaneidade entre a manifestação de desejos dos compradores e os atendimentos destas manifestações pelo oferecimento de calçados adequados. Se houver simultaneidade de produção e não houver simultaneidade no atendimento das necessidades dos desejos dos compradores dos calçados, não há Manufatura Avançada. A qualidade da Entrega Já! deve ser medida pela simultaneidade entre a manifestação dos desejos dos consumidores e o atendimento destes desejos e necessidades pessoais, pois esta simultaneidade sistêmica identifica a Manufatura Avançada, conforme mostrado na figura 1.
Figura 1: Elementos estruturadores da Manufatura Avançada
O fluxograma que segue na Figura 2 apresenta como atuam as causas formais dos Sistemas de Manufatura Avançada de uma fábrica de calçados. Os relacionamentos dos fatores de atendimento tanto das necessidades manifestadas quanto das ainda não manifestadas pelos compradores atuais e potenciais estruturam-se em rede e operacionalizam-se segundo dois fundamentos operacionais.
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marcados. Assim, é importante ter-se uma visão do que é um sistema de produção. Os elementos essenciais e primitivos dos sistemas de produção
Figura 2: O Fluxograma de atendimento dos desejos e necessidades dos consumidores e compradores de calçados de modo Simultâneo exige estruturas de Produção Simultânea os chamados CS–Centros de como já foi amplamente apresentado em capítulos que descreveram em profundidade os sistemas de Produção Simultânea da Nova Fábrica de Calçados-NFC
A Figura demonstra que o tradicional fundamento da sequencialidade linear de ações de atendimento das necessidades das partes interessadas compradoras dos calçados, como hoje acontece, é substituída por um atendimento simultâneo à manifestação dos desejos dos consumidores e dos mercados. O fundamento da simultaneidade entre a manifestação de desejos de consumo e o atendimento destes desejos, ou seja, a prática do fundamento do Atendimento Já! eleva os níveis de efetividade pela simultaneidade entre a manifestação de desejos de consumo e atendimento destes desejos. Esta condição consolida a Nova Fábrica de Calçados (NFC) como um grande Sistema de Centros de Simultaneidade (CS). Os Centros de Simultaneidade (CS) já foram descritos tecnicamente em capítulos anteriores e destinados a esta tarefa. A Ciência da Fábrica e a Inovação baseadas no fundamento da Simultaneidade plena expande-se em todas as ações organizacionais desta manufaturadora de calçados. É a Ciência da Fábrica e a Inovação moldando e consolidando os avanços dos Sistemas de Produção estruturados pelos Centros de Simultaneidade (CS).
3 - Elementos essenciais e primitivos dos sistemas de Produção Simultânea como um Sistema de Produção Avançada A causa formal de todo e qualquer sistema de manufatura, em termos de princípios fundamentais ou leis genéricas, deve ser totalmente conhecida e dominada pelos empreendedores que levam este sistema para posicionamentos competitivos de destaque em seus
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Toda a organização manufatureira, como a fábrica de calçados em descrição, envolve Demandas e Transformações. De uma forma mais clara e direta, a essência de qualquer sistema de produção é transformar materiais e outros recursos em mercadorias ou serviços para atender a demandas das pessoas e da sociedade. Podemos dizer também que é transformar os recursos disponíveis e fazer parte de um sistema de transformações e de ofertas destas transformações para atender as demandas existentes na sociedade e nos mercados. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) move-se por demandas e transformações oferecidas aos compradores e aos mercados de uso de calçados e serviços agregados, para o atendimento amplo das necessidades dos consumidores atuais e potenciais. Os serviços que a fábrica em descrição desenvolve e implanta pelos seus produtos devem ser também orientados pela Simultaneidade. Se esta condição não for atingida, os processos produtivos perderão a sua capacidade de desenvolver, na plenitude, a Entrega Já!. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) não distingue os processos produtivos dos calçados, dos processos de serviços de apoio à produção e serviços de atendimento das necessidades implícitas e explícitas dos clientes e dos mercados. Esta condição de complexidade dos processos de produção e do processos de atendimento das necessidades dos mercados e dos consumidores pelo fundamento da Entrega Já! formam um todo sistêmico estruturador e sustentador da condição de Manufatura Avançada. Por outro lado, a Entrega Já! só se torna possível e viável se o fundamento da Simultaneidade Operacional se disseminar por todos os ambientes onde a Nova Fábrica de Calçados (NFC) atua. A Entrega Já! é a medida tangível e real do nível de desenvolvimento da Manufatura Avançada desta geradora de calçados. A Simultaneidade Operacional da fábrica - como um sistema de alta efetividade em gerar calçados no tempo certo do atendimento das necessidades dos consumidores de calçados, com qualidade superior ao dos agentes dos mercados de oferta, com custo altamente competitivos - é o fator essencial da qualificação de Manufatura Avançada geradora da sua Sustentabilidade Plena identificada pelas dimensões política, econômica, social, tecnológica e ambiental.
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ARTIGO Científico
MEDIÇÃO DE UMIDADE E TEMPERATURA: MICROCLIMA DO CALÇADO MATTE, Livia1; BENEDETTI, Alef1; ZARO, Milton1,2 e ALMEIDA, Luis Filipe1 1 - Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) 2 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Resumo As medidas do microclima do calçado permitem fazer uma análise do conforto e higiene deste produto. Com o excesso de umidade a pele fica mais sensível, podendo resultar em fungos ou lesões, o que torna a sensação do calçado mais desconfortável. O método de medidas da temperatura no calçado já possui regulamentação. O objetivo deste trabalho é analisar um método de medida da umidade no calçado, cuja principal dificuldade deve-se ao fato do sen-
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microclima, umidade, temperatura
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sor saturar durante o teste. Os ensaios foram feitos utilizando dois pares de sensor de umidade com princípios de medida diferentes e dois sensores de temperatura. Os sensores foram fixados na (a) palmilha e (b) diretamente na pele do modelo, na região do arco plantar. As medidas realizadas se mostraram semelhantes, porém o sensor colocado na palmilha normalmente não satura em um teste de 30 minutos de caminhada.
1 - Introdução O ambiente entre o pé e o calçado forma um microclima que varia à medida que o indivíduo caminha ou pratica esportes. Para garantir o conforto e a higiene do calçado, o mesmo deve apresentar uma certa variação da temperatura aceitável de até 5,5oC e o transporte eficiente da umidade, antes que ela condense dentro deste calçado [1]. Sabe-se que a transpiração do pé é uma resposta do organismo a ambientes quentes e aos exercícios. Porém, a condensação dessa transpiração dentro do calçado torna a pele mais sensível e suscetível a lesões devido à ação abrasiva [2]. Além disso, o excesso de umidade pode causar o aumento de microrganismos e problemas na circulação sanguínea do pé [3]. Assim, medidas do microclima do calçado (temperatura e umidade) permitem uma análise do conforto e higiene deste. O trabalho tem como objetivo avaliar uma maneira de medir o microclima dentro do calçado, principalmente a umidade, já que a temperatura foi exaustivamente estudada e existe norma editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que regulamenta a variação permitida; a dificuldade de medir a umidade no calçado deve-se ao fato do sensor, quando fixado diretamente no pé do modelo, saturar durante o teste. Assim, desejase encontrar um método para realizar a medida de umidade em ensaios de 30 minutos sem que o sensor sature.
2 - Fundamentos teóricos 2.1 Revisão bibliográfica A temperatura e a umidade sobem rapidamente quando o calçado é utilizado, independentemente do tipo de calçado, ou seja, mesmo quando o modelo permaneça em repouso, estabilizando após atingir um certo valor. A temperatura e a umidade aumentam e estabilizam mais rapidamente quando o movimento realizado pelo modelo é mais rápido. Por exemplo, a umidade aumenta mais rapidamente quando se está correndo do que quando caminhando ou em repouso. Tanto a temperatura quanto a umidade máxima dependem do movimento realizado, sendo que a umidade normalmente estabiliza em menos tempo do que a temperatura. É importante saber que os dados obtidos variam com o modelo e o pé que está sendo medido, tendo uma pequena diferença entre o pé esquerdo e o direito. [4] Segundo Irzmanska, a umidade ótima dentro de um calçado estaria entre 60-65%, sendo o limite de conforto 80%, ou seja, quando a umidade ultrapassa 80% há uma maior sensação de desconforto. Ela também notou um aumento abrupto no início da medida de umidade, logo após o calçado ser colocado. Além disso, em alguns calçados há uma diminuição na umidade logo após o término do exercício (caminhada, por exemplo). O quanto a umidade e a temperatura aumentam ou diminuem durante e após a caminhada depende do material e construção do calçado. Testes com pessoas permitem uma avaliação completa dos efeitos desses dois fatores no microclima do calçado. [3] 2.2 Umidade A umidade é medida normalmente através da umidade relativa (RH). O vapor de água na atmosfera se mistura com os outros gases presentes. Quanto maior a concentração de moléculas de água, maior a umidade naquele local. A umidade relativa é determinada pela razão entre a concentração medida de umidade no ar e a concentração de saturação, ou concentração máxima, de vapor de água no ar. Para medir a umidade utilizamos sensores, que são basicamente dispositivos que a converte em sinais elétricos ou mecânicos [5]. Existem diversos tipos de sensores de umidade, dentre eles os sensores capacitivos e resistivos. Sensores de umidade capacitivos funcionam basicamente como um capacitor de placas paralelas. Sua construção é feita colocando-se um substrato base, normalmente um material cerâmico e sobre ele depositando um dos eletrodos. É colocada uma camada fina de polímero higroscópico (que absorve água), e este atuará como o dielétrico do capacitor. Sobre essa placa é depositado o segundo eletrodo, que deve ser construído com um material poroso, que permita a passagem do vapor de água. Dessa forma, moléculas de água presentes no ar entram no polímero até que a concentração nele seja a mesma do ambiente que rodeia o sensor, alterando a capacitância do sensor e o sinal de saída do mesmo, sendo possível calcular a umidade relativa a partir desse sinal [6]. Ou seja, com a mudança da umidade relativa no ambiente, há uma mudança na constante dielétrica e consequentemente uma mudança na capacitância do
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ARTIGO sensor. Esse tipo de sensor, normalmente, possui um tempo de resposta relativamente rápido (aproximadamente 10s) e um sinal de saída linear com a umidade relativa [7]. O sensor HIH4000 utilizado nesse trabalho é um exemplo de sensor capacitivo. Sensores de umidade resistivos são produzidos a partir de um material higroscópico que altera sua resistência elétrica com a variação da umidade relativa. Isso ocorre, pois com o aumento de moléculas de água dentro do material há um aumento na concentração de íons H+ [5]. Um exemplo de sensor resistivo é o sensor DHT11, utilizado neste estudo. 2.3 Temperatura Existem diversos tipos de sensores para medir temperatura, entre eles os termopares e termoresistências. Termopar é um dispositivo constituído de dois condutores metálicos diferentes (A e B) unidos em uma das extremidades. Essa extremidade é utilizada na medida da temperatura, isto é, é essa extremidade que deve ser exposta ao ambiente onde a temperatura será medida. Essa variação de temperatura gera uma força eletromotriz, que depende da diferença de temperatura e materiais utilizados no termopar. [8] Termorresistências são sensores de temperatura com alta precisão e repetibilidade que possuem como princípio de medida o fato de materiais alterarem sua resistência elétrica com a variação da temperatura do meio onde estão inseridos. Normalmente são construídos com uma resistência em forma de fio do material e encapsulados com cerâmica ou vidro [8]. Existem dois tipos de termoresistencias, os NTC ou materiais que diminuem sua resistência com o aumento da temperatura (esse é, por exemplo, o tipo de sensor utilizado no DHT11) e os RTC, ou sensores que aumentam sua resistência com o aumento da temperatura, com é o caso do sensor PT100. [9]
3 - Metodologia 3.1 Material e Equipamento Para os experimentos foram utilizados dois sensores de umidade HIH4000 da Honeywell, sensor de umidade e temperatura DHT11 e um termo-higrômetro digital, HT-208 da ICEL Manaus. Os sensores de temperatura foram soldados em cabos blindados, para evitar ruídos externos. A aquisição dos dados foi realizada utilizando um Arduino UNO. 3.2 Procedimento experimental Primeiramente os sensores de umidade HIH4000 tiveam sua curva de resposta comparada com o sensor de umidade presente no laboratório - calibrado em laboratório acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Foram adquiridos dados da tensão de saída do sensor para diferentes umidades. Como o sensor tem resposta linear, foi ajustada uma reta de calibração com os dados obtidos. Para o cálculo da precisão da medida foram consideradas a precisão na medida do sensor HIH4000 (±3,5%), a precisão na medida do sensor utilizado para calibração (±3%) e a incerteza na reta de calibração (figura 1). O
Figura 1: Reta de calibração dos sensores HIH4000
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sensor possui uma precisão de ± 6,5%. O sensor de temperatura foi calibrado no Labelo/PUCRS - Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica, Calibração e Ensaios. O DHT11 é um sensor digital, que fornece resposta em temperatura e umidade diretamente. A umidade medida por esse sensor tem uma precisão de 5% e a temperatura de 1oC. A resposta desse sensor foi comparada com os sensores já calibrados, confirmando que ele já estava devidamente calibrado. O estudo foi realizado com um modelo masculino (indivíduo) e dois modelos de calçados esportivos diferentes (calçado A e calçado B). As medidas do microclima do calçado foram realizadas fixando o sensor de umidade (HIH4000) e o sensor de umidade e temperatura (DHT11) em uma palmilha, na região do arco plantar, como pode ser visto na figura 2, a. Os outros sensores foram fixados diretamente na pele do pé do modelo, também na região do arco plantar, como pode ser visto na figura 2, b, tomando o cuidado para que não ficasse sobre os sensores fixados na palmilha. As medidas foram realizadas com intervalos de 30 segundos, sendo que para os sensores HIH4000 o intervalo era de 5 segundos. Foram realizados testes com duração entre 30 e 40 minutos, onde o modelo deveria caminhar sobre a esteira por 30 minutos a uma velocidade de 5km/h e posteriormente correr por 10 minutos a 9km/h.
Figura 2: : Fixação dos sensores (a) na palmilha e (b, c) no pé do modelo
Para minimizar a interferência de fatores externos que podem alterar o resultado dos testes, estes foram feitos em ambiente controlado, onde a umidade permanece em (50 ± 5) % e a temperatura em torno de (23 ± 2)°C. Além disso, foram adotados alguns procedimentos de climatização, como o monitoramento da temperatura do pé do modelo, que inicialmente deveria permanecer na faixa de 28-31°C. 3.3 Circuito e Software de coleta e processamento O circuito para coleta de dado foi feito utilizando um Arduino UNO, no qual foram conectados os sensores HIH4000 e DHT11. Os sensores HIH4000 foram conectados em portas analógicas do Arduino, que converte o sinal para digital. Já o DHT11 foi conectado numa porta digital. Para o software de aquisição e processamento de dados foi utilizado o programa Arduino IDE. A leitura do sinal dos sensores HIH4000 é feita em intervalos de 1 segundo, sendo feita a média de cinco medidas, para minimizar flutuações próprias do sistema. A transformação de voltagem para umidade é feita pelo programa, a partir da reta de calibração obtida anteriormente. Para o sensor digital DHT11, como é um sensor próprio para ser utilizado no Arduino, foi utilizado um programa pronto, que fornece diretamente a temperatura e umidade medidas por ele. A medida foi realizada em intervalos de 5 segundos.
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ARTIGO 4 - Resultados e discussão Medidas de temperatura e umidade foram feitas ao longo de uma rotina de exercícios que consistiu em 30 minutos de caminhada seguida de 10 minutos de corrida. Pode-se perceber na figura 3 que a medida de temperatura realizada na palmilha segue a mesma tendência da temperatura medida diretamente no pé do modelo, porém com um deslocamento em temperatura, sendo a medida no pé mais alta do que a temperatura medida no calçado, como era esperado.
Figura 3: Gráfico das medidas de temperatura, realizadas com um mesmo modelo utilizando calçados diferentes
Nas medidas de umidade, pode-se ver nas figuras 4 e 5 que as curvas geradas com as medidas na palmilha são relativamente semelhantes às das medidas realizadas diretamente no pé. Pode-se notar que as medidas realizadas com os sensores HIH4000 geram curvas que apresentam o mesmo comportamento, porém estão deslocadas em umidade, mostrando que a umidade no pé é maior do que a umidade no calçado, conforme era esperado. Assim, o sensor no pé tende a saturar antes do sensor no calçado, que normalmente não satura.
Figura 4: Medidas de umidade com o sensor DHT11 utilizando um mesmo modelo e calçados diferentes
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Figura 5: Medidas de umidade com sensores HIH4000 utilizando um mesmo modelo e calçados diferentes
Pode-se notar também que o deslocamento em umidade, das curvas medidas no pé e na palmilha é diferente para cada calçado. Isso ocorre porque os calçados têm uma permeabilidade diferente, isto é, o calçado A transporta melhor o vapor de água do que o calçado B.
5 - Conclusão Através dos resultados obtidos, foi possível perceber que a umidade e a temperatura na palmilha seguem a mesma tendência das medidas realizadas diretamente no pé do modelo. Porém, os sensores de umidade fixados na palmilha demoram mais para saturar do que os sensores fixados diretamente na pele, o que torna a posição mais aconselhável para normatização de testes.
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A ABICALÇADOS 51 3594.7011 www.abicalçados.com.br pág. 17 ABNT 11 3017.3638 www.abnt.org.br pág. 24 ADERE 0800.701.2903 www.adere.com pág. 41 ALTA TRANÇADOS 11 2618.2203 www.altatrancados.com.br pág. 33 AMPLA DIGITAL 41 3525.9300 www.ampladigital.com.br pág. 23 ASSOCIAÇÃO 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 83 B BIBI 51 3512.3344 www.bibi.com.br pág. 107 BRASEG 11 5585.4355 www.braseg.tmp.br pág. 32 C CIPATEX 15 3284.9000 www.cipatex.com.br pág. 73 COLORGRAF 51 3587.3700 www.colorgraf.com.br pág. 26 COMELZ 51 3587.9747 www.comelz.com pág. 05 CONTÊINERES 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 81 COVESTRO/BAYER 11 2526.3137 www.covestro.com pág. 02 COUROMODA 11 3897.6100 www.couromoda.com pág. 34
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BIBI PREMIA FORNECEDORES
que se destacaram N o dia 22 de fevereiro, a Calçados Bibi realizou o VI Encontro de Fornecedores. Além da premiação de 11 parceiros que obtiveram a maior pontuação de acordo com uma série de critérios (cada um em uma categoria), aconteceram diversas atividades com o objetivo de fomentar o engajamento da cadeia de base ao viés da inovação e sustentabilidade, visando ao conforto e ao caminhar saudável da criança - valores que estão presentes em todos os produtos da fabricante de calçados infantis. Foram agraciadas as empresas Alfredo Maus, AMCM, Armani Têxtil, Boxprint, Braspress, Dublauto Gaúcha, Endutex, FCC, Formax, Killing Tintas e Adesivos e Metalsinos. Os administradores e profissionais que representaram empresas e entidades setoriais foram o tempo todo instigados a serem protagonistas da missão ousada de transformar a Bibi na empresa de calçados infantis mais inovadora do planeta. O diretor-presidente Marlin Kohlrausch lembrou que há 20 anos foi estabelecido o objetivo de, até 2020, a Bibi se tornar uma marca global de desejo e durante todo este período segue, com muita disciplina e determinação, em busca deste compromisso, mas tendo sempre o cuidado de praticar o capitalismo consciente. Com uma produção em torno de 3 milhões de pares, a empresa exporta para 65 países nos cinco continentes, sendo referência em qualidade e inovação. A meta é imprimir a sua pegada em nada
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menos do que 75 nações. “Somos uma das três empresas que mais vendem na Tailândia”, exemplificou o executivo ao reafirmar a seriedade com que este projeto é tratado. Ele também falou sobre o bem-estruturado canal de distribuição que no Brasil é composto por mais de 3 mil lojas multimarcas além de 60 franquias, 16 lojas próprias e um e-commerce.
Fazendo acontecer Logo em seguida, os participantes conheceram um pouco das estratégias de marketing para tornar os produtos desejados pelos pequenos consumidores e despertar a conscientização dos pais e responsáveis com relação aos benefícios oferecidos pelos produtos que têm o propósito de estimular a criança a se divertir com os calçados da marca. O público também assistiu a uma palestra esclarecedora sobre o fato de a inovação, cada vez mais, ser concebida em um processo multiparticipativo, onde já não são as empresas que isoladamente inovam, mas é toda a cadeia de valor que trabalha conjuntamente em um processo ganha-ganha para que o produto final faça a diferença para o cliente. Também foi destacado que para ser inovador não precisa ser uma grande empresa. Pelo contrário, todos podem inovar, alguns mais e outros menos, mas o importante é sair da curva, não ter medo de pensar diferente e colocar as boas ideias em prática, e melhor ainda se puder contar com uma rede de parceiros nesta jornada.
Cases de sucesso
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utra atração foi um talkshow com três fornecedores falando sobre processos inovadores. A Boxprint apresentou um sistema para demonstrar os produtos através da tecnologia realidade aumentada, que trouxe vários benefícios, como evitar o desperdício de matéria-prima e o deslocamento para apresentar o portfólio, pois os produtos são mostrados virtualmente. A Termosoft teve a ideia de usar a estrutura que já possuía para entrar em um mercado completamente novo, de iscas artificiais para a pesca, e se tornou referência neste novo segmento. A Dublauto Gaúcha falou sobre a necessidade de inovar e a importância das parcerias, cada parte contribuindo com a sua expertise para o desenvolvimento de novas soluções desejadas pelos clientes já conquistados e os em potencial. Teve ainda a apresentação do desafio interno denominado Ninho da Inovação, que tem como propósito estimular os quase dois mil colaboradores a pensar constantemente em inovação. Sem dúvida foi uma noite inspiradora e uma excelente oportunidade para a ampliação da rede de relacionamentos, a próxima edição é só no ano que vem, sorte de quem pode participar desta.
A SUSTENTABILIDADE E A INOVAÇÃO
como protagonistas A
15ª edição do Inspiramais teve como grandes protagonistas a sustentabilidade ambiental e a inovação, que foram abordadas sobre vários aspectos no ciclo de palestras ocorrido ao longo dos dois dias do evento (16 e 17 de janeiro). Quem participou teve a oportunidade de assistir aos casos de sucesso apresentados por especialistas da indústria, do varejo e de centros de pesquisas, que também difundiram estudos sobre novas práticas serem implantadas no desenvolvimento de materiais e produtos.
Experiência do varejo
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urante o Receptivo Walk Fashion, a designer e consultora da Assintecal, Tatiana Souza, instigou um grupo de varejistas a olhar de forma mais observadora o que é feito em outros pontos de venda, que são referência no setor. Para isso, organizou uma visita guiada a lojas específicas para os participantes observarem como são trabalhadas questões como layout, exposição de produtos, iluminação, uso de cores e materiais para displays, de forma que essa experiência os ajude a pensar diferente e implantar boas ideias em seu próprio negócio. “A inovação acontece em qualquer segmento e não é preciso reinventar a roda. O segredo é fazer algo diferente que proporcione melhores resultados”, comenta. Antes de sair a campo, o grupo conheceu os projetos apresentados e recebeu orientações para que pudessem entender o porquê da existência e também da forma de apresentação de cada um deles, num exercício para desenvolverem um olhar mais sensível sobre o que acontece ao entorno. “Nada aqui é aleatório, tudo é resultado de um trabalho de vários meses, em que os expositores fazem verdadeiras introspecções para pensarem diferente, com o objetivo de desenvolverem produtos que tenham significado para quem vai comprar e possam agregar valor ao produto final - seja pela riqueza dos materiais, o ineditismo das técnicas utilizadas ou até mesmo através do apelo sustentável”, pondera. Ela conta que se trata de um ciclo que inicia com uma pesquisa de inspirações e referências de moda, e as empresas recebem curadoria para a criação e o desenvolvimento dos produtos a partir dessas informações. “Por isso os projetos que orbitam pelo Inspiramais ´conversam` entre si, embora cada um deles apresente uma grande gama de experimentações, inovação, tecnologia e criatividade. O resultado final é as empresas se beneficiando de todo este conhecimento para a criação de suas coleções”, explica.
Sustentabilidade e inovação em componentes e calçados
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designer e consultor da Assintecal, Victor Barbieratto, considerou que o projeto Inovamais, nesta edição, contou com a participação de 12 empresas de componentes e a fabricante de calçados Louloux, que tem entre as propostas de vertente social receber produtos usados, reembolsar o usuário com desconto na compra de um artigo novo, repaginar estes calçados recebidos para então fazer a doação a quem necessita de um calçado e não tem condições para comprar. Lembrando que só ganha volume de escala o que é impactante para o consumidor e a experimentação é base para se inovar, o painelista aponta que a grife prima pela autenticidade e exclusividade, com responsabilidade socioambiental, e com essa postura conquistou respeito junto ao consumidor. “É preciso perceber que o que as pessoas desejam muitas vezes está além do produto”, finalizou. Nesta parceria em torno do projeto foram usados diversos materiais sustentáveis. A caixa para a embalagem e as palmilhas, por exemplo, foram feitas de materiais reaproveitados vindos da indústria de calçados. Um laminado vegetal 100% reciclável, isento de agentes fósseis e metais pesados, além de ser biodegradável, foi feito a partir do látex de seringueira. Outro, em material sintético, eliminou os ftalatos. Uma malha com fio de linho é produzida sem o uso de produtos químicos, sendo processada somente com água e temperatura controlada. Na produção da matrizaria, a água e todo o alumínio usado em matrizes são de reuso.
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Moda sustentável: a certificação como fator de transformação dos setores têxtil/calçadista Desafios do desenvolvimento de produto em tempos de sustentabilidade
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A sustentabilidade não é para vender mais, trata-se de uma necessidade e uma oportunidade.” A frase é do designer e consultor da Assintecal, Marnei Carminatti, que assegura que a preocupação em implantar a cultura do não desperdício e do uso de energia de fonte renovável ganhou força a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Rio 92, que foi uma conferência de chefes de estado organizada na cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de debater problemas ambientais mundiais. Mas em 2006, após a propagação de um documentário sobre a poluição e o aquecimento global, cresceram vertiginosamente as pesquisas no Google sobre sustentabilidade, moda sustentável e assuntos relacionados. O palestrante fez uma comparação entre sociedade sustentável, que é mais flexível aos conceitos de reaproveitamento, reciclagem e proteção meio ambiente versus sociedade de consumo, que busca o barato e não se importa em substituir os artigos que adquire mesmo quando ainda tiverem condições de uso, levando o público à reflexão de que a mudança de comportamento de uma sociedade depende da vontade e iniciativa de cada um. “O consumidor brasileiro está em um processo de transição. Ao mesmo tempo que sabe que a sua postura reflete na capacidade de sobrevivência do planeta, reluta pra tomar algumas atitudes que, apesar de simples, são positivas, como evitar o desperdício do que quer que seja. Acredito que em torno de um terço dos brasileiros têm esta consciência, mas é preciso evoluir ainda mais”, sugere. Isso vale também para as marcas. Ele lembrou o caso de grifes mundiais, como a Zara, que passaram a sofrer pressão através de campanhas que apontam problemas contra práticas que ferem valores sociais e ambientais.
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diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima, falou que cada vez mais o varejo percebe a mudança de comportamento do consumidor, que busca a segurança de que veste e calça produtos sustentáveis. Para atender a esta demanda, a entidade - que representa um grupo formado por 23 empresas dentre as principais redes do varejo nacional que comercializam vestuário, bolsas e acessórios de moda, além de cama, mesa e banho - criou o Selo Abvtex. A certificação idealizada pelo grupo, que fatura R$ 48 bilhões por ano, gera mais de 400 mil empregos e representa em torno de 24% de todo o produto de moda comercializado no País, prevê a realização de auditorias independentes para o monitoramento de práticas e compromissos de gestão ligados a temas como trabalho infantil, forçado ou análogo ao escravo, trabalho estrangeiro irregular, discriminação, abuso e assédio, saúde e segurança do trabalho e meio ambiente. “São questões de adequação cada vez mais exigidas pelas redes varejistas de grande superfície não só do Brasil, mas também do exterior e o foco principal é a responsabilidade social e as relações do trabalho”, resume Lima. O projeto de qualificação, monitoramento e certificação contempla não apenas os fornecedores diretos, mas toda a rede de subcontratados. Desde 2010, já foram realizadas mais de 19 mil auditorias e mais de 4.200 empresas receberam a certificação através de quatro agências independentes. Porém, um fornecedor só é certificado quando toda a sua cadeia também o for. “As empresas que não conseguirem cumprir pelo menos 70% dos critérios pré-determinados acabam sendo descartadas como fornecedor”, avisa.
Selo Origem Sustentável Certificação em Sustentabilidade para a Cadeia Produtiva do Calçado
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Tendências de consumo e a nova consciência da moda
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loisa Artuso, designer e consultora da UN Moda Sustentável, observou que cresce no mundo digital a quantidade de consumidores que usam as ferramentas sociais para questionar, investigar e até denunciar marcas sobre a falta de ética e o descaso com questões ambientais e sociais. Estes internautas se engajam em várias causas, compartilham valores e se sentem como agentes de transformação. Ela identificou três perfis de pessoas que interagem desta forma - os millennials (anos 1980) que não nasceram digitais mas conseguem conviver com as tecnologias, se conectam pelas redes, discutem consumo e seguem a relação nas ruas defendendo causas e se interessam por entender mais as marcas que consomem; a IGeneration (década de 1990) que já nasceu digital, valoriza o poder que tem como consumidor, para os quais o ato da compra é comparado ao voto político, concedido a partir dos valores que cada marca representa; Lowsummerism, um estilo de vida minimalista que busca longevidade dos produtos que além de duráveis devem fazer mais sentido nas suas vidas. Para estes, a opção é pela qualidade e não quantidade. Neste contexto, a economia circular (produção em ciclo fechado) - que evita a fabricação de artigos que viram lixo e prioriza práticas como o reuso e a reciclagem como formas de prolongar a vida do produto ao máximo, ou até mesmo a biodegradação - se apresenta como um padrão aceitável de produção e consumo sustentável. “Por traz dessa consciência toda há um senso de ética como propulsora de um novo tipo de consumo. As pessoas passam a cobrar mais e as marcas começam a abrir canais de comunicação mostrandose mais transparentes, humanizando o processo”, defende.
diretora geral do Laboratório de Sustentabilidade em TI (Lassu) da Universidade de São Paulo (USP), Teresa Cristina Carvalho, após comentar que já não é mais possível discutir as questões do setor industrial sem incluir na abordagem a sua sustentabilidade, avaliou que há uma grande necessidade de transformar as cadeias produtivas em sistemas mais sustentáveis. “A sustentabilidade deve, cada vez mais, ser vista como parte do processo global das cadeias produtivas em todos os setores”, enfatiza, assegurando que empresas que se tornam efetivamente sustentáveis faturam até 40% mais que outras que não têm esta preocupação. Mas é preciso acontecer um avanço cultural para que os empresários deixem de ver este tipo de investimento como custo e percebam as possibilidades que surgem a partir da implantação de um programa ambiental. Ela citou como exemplo o Programa Origem Sustentável criado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal) para empresas da cadeia produtiva do calçado. As empresas são certificadas por seu alinhamento aos quatro pilares avaliados: ambiental, econômico, social e cultural. A certificação, que segue a escala Branco, Bronze, Prata, Ouro e Diamante, reconhece as empresas brasileiras que já incorporaram a sustentabilidade em seus processos produtivos. “O objetivo é que as empresas tenham um maior engajamento em relação ao tema e ampliem sua oportunidades de negócios no mercado interno e de exportação para países que possuem regulamentação orientada à aquisição de produtos sustentáveis”, conclui.
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A Sustentabilidade na C&A: desafios e resultados
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Economia Circular: do resíduo ao novo produto
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palestrante Guilherme Brammer, executivo da WiseWaste, destacou que a população mundial já ultrapassou a marca de sete bilhões de pessoas e daqui há 45 anos esse número provavelmente vai dobrar. Um dos problemas que virão com o crescimento é que em média a pegada ambiental de uma pessoa que vive 75 anos é de 40 toneladas de lixo. “Se realmente a população dobrar - e estudos científicos mostram que sim, isso vai acontecer -, vão crescer também o consumo e a geração de resíduos, causando ainda mais impactos na natureza, na economia e na vida das pessoas. No Brasil, mais de 500 mil pessoas vão para os lixões em busca do seu sustento diário”, exemplifica. O palestrante lembrou que o desperdício não acontece unicamente pela geração de lixo e citou vários exemplos, como o uso de materiais e energia de fontes não renováveis; a redução artificial da vida útil dos produtos pelo lançamento de novas versões com tecnologias mais avançadas; a ociosidade de bens que ficam a maior parte do tempo de vida útil sem serem utilizados ou ainda a não recuperação de materiais devido à complexidade de se fazer a separação dos mesmos na hora do descarte. “Somente no Brasil se perde em torno de R$ 8 bilhões em recursos naturais que vão para o lixo. No mundo, o valor chega a US$ 8 trilhões, mas existem formas de se reverter esta situação e a economia circular é uma delas, a exemplo da indústria de alumínio, que recicla várias vezes as embalagens descartadas, que voltam a ser matéria-prima para o mesmo produto evitando a escassez de recursos. “O modelo linear tem que ser combatido e o modelo circular cada vez mais incentivado”, destaca.
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Por que a sustentabilidade é um tema tão urgente na moda?”, questionou a gerente sênior de Comunicação & Sustentabilidade da C&A Brasil. Ela mesma respondeu que é porque a consciência sobre os impactos ambientais é cada vez maior e as pessoas querem saber a origem dos produtos que vão consumir. Para atender esta demanda do mercado, a C&A iniciou em 2004 uma discussão em torno da criação de uma plataforma global de sustentabilidade para os artigos oferecidos em sua rede de lojas, e por isso passou a investir no plantio de algodão orgânico. Outra preocupação é agregar o conceito de economia circular aos produtos no ponto de venda e este é um dos principais assuntos sobres os quais debate com os seus parceiros. As discussões passam inclusive pela forma da precificação, pois o varejo entende que os custos da melhoria dos processos e qualificação da cadeia de fornecimento não podem ser repassados ao consumidor final. “O código de conduta de fornecimento passa pelo acesso à informação, a assessoria para a adequação, o monitoramento, o reconhecimento às boas práticas. Mas não se encerra aí, também temos que qualificar o nosso colaborador interno para a adesão a este processo e aí então informar o consumidor sobre os avanços acontecidos”, relata. O grupo tem objetivos ousados a serem atingidos até o ano de 2020, dentre eles ser o maior consumidor mundial de algodão orgânico e ter 25% das coleções em materiais sustentáveis. “Este é um caminho longo e difícil que não se consegue percorrer sozinho, e o grande desafio é obter o comprometimento da cadeia de fornecedores, que precisa entender que isso tudo é feito não pelo bem da marca, mas por uma exigência da sociedade”, pontua.
Inovação para a Sustentabilidade: construindo cadeias produtivas ´do berço ao berço’
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Novos negócios, estilo e sustentabilidade
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consultora de estilo Chiara Gadaleta afirmou que a moda é um reflexo do nosso tempo e já há algum tempo sente a necessidade de uma referência para a moda que represente essa urgência de sustentabilidade, mas hoje este é um assunto em evolução e cada vez mais indústrias enxergam o processo produtivo com mais consciência. “Sustentabilidade é compartilhamento e, portanto, é absolutamente necessário que os quatro pilares - ambiental, econômico, social e cultural - estejam perfeitamente ajustados. No passado recente isso parecia uma utopia, mas hoje se fala amplamente sobre modelos de negócios criados justamente sob a ótica do ambientalmente correto e socialmente justo, porém, um desafio é incorporar também o design e o preço justo neste contexto”, considera. Ela lembra que quando se refere a negócios fala da cadeia de valor, que envolve desde as substâncias utilizadas na matéria-prima, o processo fabril, o transporte e chega ao consumo, mas aí existe um problema, que é como fazer corretamente o descarte após o consumo? “Mais de 20 toneladas de descarte têxtil são jogados no lixo a cada dia e isso é uma situação absurda, precisamos pensar para ontem a relação produção/consumo. O reaproveitamento é uma ferramenta que deve ser sempre considerada na hora de criar”, defende. Ela analisa que não existe 100% sustentável, existem atributos de sustentabilidade, pois é necessário refletir sobre questões como a rastreabilidade e as relações do trabalho, para se chegar a algum resultado que seja bom o bastante para ser considerado ecologicamente correto. Também falou sobre alguns casos de sucesso, dentre eles o da Vert que usou uniformes militares que seriam queimados como matéria-prima em produtos e obteve bons resultados, além de evitar que uma quantidade significativa de tecidos fossem queimados.
sócio-fundador da Epea Brasil, Alexandre Fernandes, afirmou que a indústria da moda, que produz bilhões de peças/ano, conta com uma cadeia completa de fornecimento instalada no País, porém os recursos para a subsistência humana e do planeta estão se esgotando e por isso todos os setores, mesmo o da moda, têm que rever suas práticas para minimizar os impactos negativos e contribuir para a desaceleração da degradação ambiental. “Pode parecer contraditório, mas a sustentabilidade não inspira mais ninguém, ela paralisa. No meu caso, que viajei de SC a SP para realizar esta palestra, se pensasse sobre o impacto de CO2 que um deslocamento como este causa, talvez ficasse em casa e apresentasse o conteúdo por videoconferência. Mas ao analisar melhor e contrabalancear com o aspecto positivo que é a troca de experiência com os profissionais que aqui se encontram, esta participação ao vivo passa a fazer todo o sentido. E é assim que devemos agir e pensar, sempre comparando os prós e contras das nossas ações, caso contrário paralisamos mesmo”, ilustra. Ele assegurou que o modelo linear de produção através do qual se extrai, fabrica, consome e descarta só daria certo se os recursos fossem infinitos e não é este o caso. “Não era a intenção chegarmos a esta situação, mas aqui estamos e precisamos fazer diferente a partir de agora. O sistema circular do berço ao berço é a solução. Se na natureza os resíduos são reaproveitados em seu próprio bioma então por que não pensar nos produtos sob esta lógica?”, questiona. Ele lembrou que as garrafas plásticas são recicláveis, mas como os anéis das tampas são feitos com uma composição diferente e por isso não podem ser misturados na hora de reciclar pra que não se percam as propriedades, e eles não saem com as tampas, é preciso que alguém faça a remoção manualmente. “Será que não tem designer para resolver esta questão?”, provoca.
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