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A TRAJETÓRIA É REESCRITA DIARIAMENTE Estamos comemorando 45 anos de atividades do IBTeC, uma marca como essa não pode acontecer sem que sejamos arrebatados pelos mais diversos sentimentos e reflexões, afinal 45 anos por si só já dizem muita coisa. Construir uma história tão longa e sólida demonstra que nossa trajetória teve muito mais acertos que erros, e que ideias, planejamentos e convicções se mostraram coerentes e atenderam às expectativas daqueles que depositaram confiança em nossa instituição ao longo deste quase meio século de atuação. Nunca tivemos o objetivo de sermos perfeitos ou senhores da razão, pois acreditamos que os erros e frustrações são tão ou mais fortes que os acertos e comemorações. Somos sedentos pelo aprendizado do novo, por explorar o até então desconhecido ou dúbio, pois acreditamos que inquietude, coragem e determinação são cruciais para movimentar a razão de nossa existência. Tampouco somos obcecados por construir nossa história, pois sabemos que a trajetória de uma instituição voltada à pesquisa e inovação é escrita e reescrita todos os dias, e precisamos ter a humildade de estarmos prontos para aprendermos a cada dia e a velocidade de acompanhar as mudanças cada vez mais rápidas do mundo em que vivemos. Somos feitos de doutores que são eternos alunos do aprendizado contínuo, de pesquisadores que iniciam cada dia como se fosse o primeiro de suas carreiras, com o espírito livre, jovem e aventureiro. Queremos ser desafiados, questionados, instigados, é um combustível que nos dá força e reforça nossa razão de existir. A história que foi construída até aqui fica para ser contada e ser motivo de orgulho a todos que dela participaram, mas nosso pensamento e dedicação está no amanhã, no que está por vir, no que faremos de novo amanhã e que já será passado depois de amanhã, alimentando um ciclo interminável mas recompensador, que nos faz voltar para casa com a sensação do dever cumprido e nos faz acordar no dia seguinte como se fosse o primeiro. Obrigado a todos que nos ajudaram e continuam ajudando, e tenham certeza que faremos tudo que nos for possível para estarmos mais jovens a cada dia!
Claudio Chies Presidente do Conselho Deliberativo
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caderno
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MERCADO Tecnologia,confortoesustentabilidade
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EXPEDIENTE
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AGENDA
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REPORTAGEM IBTeC completa 45 anos
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NOTAS
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OPINIÃO
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INSTITUCIONAL Ações para o desenvolvimento setorial
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ARTIGO
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GUIA
TECNOLOGIA Maisqualidade,rendimentoeagilidade
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CADERNO
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Outubro MOSTRATEC 23, 24, 25 e 26 Novo Hamburgo/RS www.mostratec.com.br
INSPIRAMAIS 16 e 17 São Paulo/SP www.inspiramais.com.br
Novembro ZERO GRAU 12, 13 e 14 Gramado/RS www.feirazerograu.com.br
Março 40 GRAUS 5, 6 e 7 Natal/RN www.feira40graus.com.br
2018 Janeiro COUROMODA 14, 15, 16 e 17 São Paulo/SP www.couromoda.com
FIMEC 6, 7 e 8 Novo Hamburgo/RS www.fimec.com.br
Abril SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA DO CALÇADO 25 e 26 Novo Hamburgo/RS www.ibtec.org.br Maio SICC 21, 22 e 23 Gramado/RS www.sicc.com.br Julho FRANCAL 16, 17, 18 e 19 São Paulo/SP www.feirafrancal.com.br
Obs.: o calendário de feiras é elaborado com informações obtidas através dos sites das organizadoras e pode sofrer alterações.
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IMAGEM LUÍS VIEIRA
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PREMIAÇÃO NACIONAL
de inovação N o último mês de junho, a empresa Ambiente Verde foi vencedora do Prêmio Nacional de Inovação, na categoria Inovação de Produto da modalidade Empresas de Médio Porte. O reconhecimento é uma iniciativa da Mobilização Empresarial da Inovação (MEI), realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo é incentivar e reconhecer os esforços bem sucedidos de inovação
e gestão da inovação nas organizações que atuam no Brasil. Com cinco anos de história, a Ambiente Verde foi criada para transformar em matéria-prima ou novos artigos resíduos de materiais utilizados na indústria calçadista. Modeladores plásticos para manter a forma original do calçado, palmilhas, embalagens, reforço para malas e bolsas, abas de bonés, pufes e até mesmo brinquedos são alguns produtos gerados a partir dessas sobras reutilizadas. Segundo o diretor da empresa, Al-
berto Wanner, a conquista é um reconhecimento ao trabalho de pesquisa e persistência da equipe para transformar e otimizar o processo produtivo, em busca da autossustentabilidade do setor coureiro-calçadista. “Nosso processo aproveita resíduos, reduz a utilização de recursos naturais escassos, gera emprego e renda em uma economia instável e traz benefícios ambientais imensuráveis por não haver o descarte incorreto no meio ambiente”, afirma.
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FOTOS LUÍS VIEIRA
COUROS INSPIRADOS
em tecidos E
ntre as atividades do Curtume Partner estão o curtimento e o acabamento de couros para vestuários, calçados e artefatos, para os quais atua tanto como prestador de serviços quanto na criação de couros próprios. A gerente de projetos Cristina Steiner enfatiza que o carro-chefe é o segmento de vestuário, e a linha de produtos que mais se sobressai é a de estonados, que são sucesso de longa data na cartela. Logo em seguida se destacam os estampados, e dentre eles um grande sucesso é a linha com impressão digital com opções para todos os segmentos. “Os florais ganharam muita evidência, saindo um pouco da tendência animal print que vem sendo usada já há algum tempo”, salienta Cristina. Um exemplo é o floral Bauer, numa referência ao artesanal alemão, que além da estampa
Técnicas diferenciadas e parcerias
Couros com
grupo italiano SRS lançou nove produtos com técnicas diferenciadas para o inverno 2018 - três têxteis e seis em couro - todos em parceria com clientes. Ao segmento têxtil apresentou estampas rotativas e localizadas a partir de pesquisas. A empresa possui tecnologia como scanner de alta resolução medindo 100x150cm, com sistema a vácuo e que possibilita o escaneamento de tecidos sem dobras. Também tem equipamentos que permitem a gravação de telas planas e gravação de cilindros de níquel, além de separação de cor. As técnicas para o setor de couro possibilitam desenvolver desenhos e incisão em resina fenólica para a prensagem, substituindo as placas feitas em CNC, scanner 3D e sistema a vácuo - facilitando ainda mais a troca de relevo em produção. A coordenadora de design, Tatiane Geremias, destacou que uma das organizações do grupo, a Studio desenvolve artes para qualquer matéria-prima. “São mais de 4 mil estampas para os segmentos fitness, moda praia e casual”, conta.
Curtume Tropical sempre teve como objetivo atender o mercado mundial. Por isso, investe constantemente na mais alta tecnologia para curtir e fazer o acabamento do couro. A seleção de peles é feita com rígidos critérios de qualidade para que o produto final não apresente imperfeições. Na área química, trabalha apenas com produtos de alta tecnologia comprovada, e tem o compromisso de não comprar ou industrializar peles animais cuja procedência seja de áreas desmatadas. Benedito Franco Souza, do setor de desenvolvimento, salienta os couros vacum rústicos, como a linha Arizona - artigo semelhante aos mais tradicionais couros americanos desenvolvidos para a moda Country e abotinados. “Utilizamos ceras e processos de lixamento para trazer o aspecto da rusticidade neste produto, que é oferecido em várias tonalidades”, destaca. Paula Lopes, que atua no departamento comercial, complementa as informações observando que o couro também pode ser usado em calçados da linha casual e em artefatos, devido à maciez. “Oferecemos mais ou menos 15 linhas que são diferenciadas pelo toque e pela espessura e vários processos que vão dos caseinados a técnicas de queima”, conclui.
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singular, é apresentado em uma textura que lembra o linho material originalmente usado para o desenvolvimento desta técnica. A linha do vestuário inspirou ainda a criação de outros artigos, dois deles - o Ranger Riste e o Destroyer - que são valorizados pelo aspecto envelhecido, com manchas, craquelados e lixamento.
aspecto rústico
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COLUNA EPIs Um olhar para além dos EPIs Marcos Braga de Oliveira
Técnico químico da divisão de EPIs - Luvas e Vestimentas do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC)
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or vezes, dedicou-se nesta coluna a abordar temas relacionados diretamente ao equipamento de proteção (EPI) propriamente dito. Contudo é fundamental em algum momento tratar sobre o colaborador nas empresas e suas condições de trabalho. Proteger o trabalhador com EPIs de qualidade é apenas uma das responsabilidades da gestão de pessoas em uma indústria. Muitas vezes, os esforços devem estar voltados a minimizar os riscos aos quais os colaboradores estão submetidos. Atualmente, a tecnologia empregada nos materiais utilizados na confecção de EPIs é bastante avançada, porém questões relacionadas ao conforto, tanto dos artigos quanto dos ambientes de trabalho, são algumas vezes pouco contempladas. Desconfortos causados por ambientes com temperaturas elevadas, má visibilidade devido a vapores e cansaço causado pela jornada de trabalho excessiva podem interferir, tanto na atenção quanto no desempenho do trabalhador. Problemas emocionais, derivados da vida pessoal ou profissional, também causar instabilidade. Essa instabilidade emocional e/ou física pode facilmente ocasionar erros profissionais gerando graves acidentes, não só penosos aos envolvidos diretos, como também à empresa. A conduta inadequada, resultante ou não de descuido na gestão de pessoas, pode resultar em casos no qual o EPI sozinho não será capaz de evitar graves lesões e até
mesmo a morte. Logo, tem-se que a proteção do ser humano é muito mais complexa do que o uso de EPIs e depende da atenção a um conjunto de fatores. Um ambiente bem controlado, construído por pessoas que se sentem apoiadas pela organização será sempre mais seguro e produtivo. Antes e tão ou mais importante que os EPIs, em ordem prioritária, estão as bases da segurança no ambiente industrial. Os EPCs - equipamentos de proteção coletiva - são essenciais na construção de tais bases. Aliados a normas de convivência simples e uma direção que preze o ser humano, eles reforçam um local seguro, estável e produtivo. Atentar-se às necessidades das massas trabalhadoras é como fortalecer a terra na qual a árvore da organização prospera. Sem terra, não há árvore. As normas de segurança do trabalho e do ambiente de trabalho exigem condições mínimas, mas a direção deve, por vezes, apoiar e aprimorar tais requisitos, investindo em condições para uma mão de obra mais motivada e produtiva. Muitas vezes, gestores concedem altos salários, contudo a frase que se escuta é “só estou aqui porque pagam bem, senão já tinha ido embora”. Por isso, investimentos no ambiente de trabalho, reconhecimentos profissionais e a atenção dedicada ao funcionário, além de diminuírem o número de acidentes, consolidam o nome da empresa como um bom lugar para se atuar profissionalmente.
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LAMINADOS
Cipatex, líder em revestimentos sintéticos, pioneira na produção de laminados free ftalatos, investe em tecnologia de ponta para garantir mais eficiência no controle dos níveis dessa substância restritiva, oferecendo ao mercado inovação e alta performance. De acordo com o gerente de inovação, pesquisa e tecnologia da empresa, Fernando Brandão, a aquisição de um cromatógrafo a gás acoplado com espectrômetro de massa de última geração permite a identificação de compostos do início ao fim da produção, desde as matérias-primas até o produto acabado. “O equipamento amplia a sensibilidade na análise de traços, aumenta a precisão e exatidão dos resultados, trazendo mais eficiência ao processo e garantindo que os níveis de ftalatos fiquem bem abaixo do permitido”, destaca Brandão. A medida visa a atender diversos segmentos de atuação da Cipatex, com destaque para o calçadista e o moveleiro. No Brasil, a empresa possui a maior capacidade produtiva para materiais sem ftalato. Agora, com o novo equipamento, a companhia poderá atender com maior controle da qualidade. “A aquisição do cromatógrafo significa um grande avanço tecnológico e um importante passo para aumentar a capacidade da empresa de atender às necessidades de clientes nacionais ou internacionais”, destaca. O gerente explica que os ftalatos são uma família de compostos, ésteres do anidrido ftálico com álcoois de baixo peso molecular. Alguns destes compostos são utilizados como
plastificantes para as resinas de PVC, para torná-las flexíveis e macias. No setor calçadista, os ftalatos são usados para conferir maleabilidade e flexibilidade ao cabedal e forro. Conforme Brandão, em alguns casos as substâncias são aceitas por determinado país, mas encontram barreiras no cliente/comprador. Também existem situações em que produtos aceitos por continentes podem ser proibidos pela legislação de um único país, criando um cenário complexo. A lista de restrições é dinâmica e talvez o mercado mais rígido seja o europeu, que segue o Reach, regulamento relativo ao registro, avaliação, autorização e restrição de produtos químicos. Pelo regulamento, existem restrições em relação a alguns tipos de ftalatos, como DEHP, BBP e DBP. Para exportar para Europa, por exemplo, o nível de DEHP presente no produto final deve ser abaixo de 0.1 %. FOTO DIVULGAÇÃO
free ftalatos A
Expandindo a estrutura
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Líder mundial na produção de índigos e brins, Vicunha Têxtil, anunciou a expansão da fábrica de San Juan, na Argentina. A empresa investe 220 milhões de pesos (aproximadamente R$ 35 milhões) na compra de terrenos e maquinário para ampliação da estrutura atual, que passará a contemplar o processo de tingimento de índigo. O governo apoiou o empreendimento através da linha de crédito disponibilizado para o setor privado, em conjunto com o Banco San Juan. A fábrica agregará à sua estrutura atual 3.300m2. Além disso, investiu na aquisição de maquinário moderno
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importado da Itália, com capacidade para tingir um milhão de metros por mês. Para operar a máquina, que será a mais moderna do grupo e deve começar a funcionar em fevereiro de 2018, a empresa pretende contratar e treinar 50 novos colaboradores. Atualmente, a unidade conta com 377 funcionários e produz cerca de 950 mil metros de tecido comercializados. Para consolidar as novas contratações no país, a empresa busca uma linha de financiamento. O governador de San Juan, Sérgio Uñac, se mostra animado com o compromisso da empresa em expandir a
produção e defende a parceria entre o poder público e a iniciativa privada. “Acho que este é o caminho, que o Estado forneça subsídios para permitir o crescimento da produção industrial e a geração de novos postos de trabalho na região”, afirma. O presidente da Vicunha Têxtil, Ricardo Steinbruch, considera que a planta da Argentina tem um papel estratégico para a expansão da empresa na América do Sul. “Temos investido continuamente no mercado externo, que hoje representa um volume importante de nossa receita líquida”, finalizou.
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TECNOLOGIA
undada em 1977, a Máquinas Morbach nasceu com o propósito de fornecer equipamentos para indústria calçadista e moveleira com qualidade e tecnologia de ponta. Situada em Novo Hamburgo/RS, em uma unidade fabril com área de 10 mil m², é líder no mercado calçadista, atuando ainda em diversas áreas da indústria. Aprimoramento constante e investimentos em tecnologias são a base de trabalho da empresa, onde o alto investimento em capital intelectual origina equipamentos que revolucionam o mercado de calçados e facilitam o processo de fabricação de peças, garantindo mais agilidade e qualidade. Tendo como missão ampliar e consolidar continuamente a área de atuação na indústria calçadista e nas indústrias em geral, a diretoria da Morbach ressalta que o objetivo é contribuir para o desenvolvimento industrial, através de novas tecnologias e inovações que permitam uma evolução sustentável para o ser humano, a indústria, a sociedade e o meio ambiente.
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para o setor industrial F
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UMA HISTÓRIA
m agosto de 2017, a Baxmann completou 70 anos de história. Tudo começou com Helmuth Hermann Hans Louis Baxmann: visionário, empreendedor, líder, determinado e incansável. Sob seu comando, a Metalúrgica Baxmann nasceu e se consolidou com posição de destaque no segmento industrial brasileiro. Fundada em 1947, tem pautado sua atuação no mercado pela constante busca da satisfação total dos clientes e colaboradores. Contando com um moderno parque industrial de mais de 12.000m2, consolidou-se como ícone no fornecimento de peças metálicas para as indústrias de calçados, confecções, cartonagens entre outros importantes segmentos do mercado nacional. Ao chegar aos seus 70 anos, a Baxmann segue vigorosa na busca incansável da evolução e do aprimoramento de uma empresa feita para durar. Os investimentos seguem em sua constante modernização. Assim, a empresa possui disposição para evoluir sempre e chegar muito bem ao seu centenário. Inquieta, não para e
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de sucesso E
nem desanima, pelo contrário, a integração e o comprometimento de sua equipe, junto com seu otimismo característico, impulsionam-na a seguir na busca da evolução contínua, no aprimoramento de seus processos, na melhoria dos produtos e na construção de seu futuro.
Seminário de crosslinking, via peróxidos
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m comemoração aos seus 25 anos, a Retilox vai realizar em São Paulo/SP o 1º Seminário de crosslinking, via peróxidos. O evento, que acontecerá no próximo dia 13 de novembro, no Milenium Centro de Eventos, terá um dia inteiro de painéis apresentados pelos palestrantes Antonio D´Angelo, Antonio José Colombo Jr., Marco Antonio Cardello; Pietro Pulici e
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Valdemir José Garbim. De acordo com os organizadores, o seminário é focado nas possibilidades de aplicação da tecnologia de cura base peróxidos e quebra de mitos paradigmas relacionadas à mesma. O networking que ocorrerá, será uma oportunidade única para troca de informações, entre os participantes, transformadores de elastômeros e plastômeros, com divulga-
ção de cases de sucesso. As Vagas são limitadas e já estão abertas pelo site: www.seminarioretilox. eventize.com.br Promoção: Borracha Atual Apoio Institucional: Associação Brasileira de Polímeros (ABPOL), Associação Brasileira de Tecnologia da Borracha (ABTB) e Sociedad Latinoamericana de Tecnologia Del Caucho (SLTC)
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24 ANOS
reafirmando conceitos A companhando o desenvolvimento do setor gráfico, componentes para calçados, brindes, embalagens e materiais de ponto de venda (PDVs), a Colorgraf comemorou, no dia primeiro de setembro, 24 anos de mercado. A gerente do setor comercial da empresa, Uana Gaspar, lembra que foram anos de muito trabalho e também muitas dificuldades, mas nada que desanimasse ou fizesse mudar o foco. “Comemoramos 24 anos de vida da nossa empresa através de muito trabalho e de muito respeito às pessoas e ao meio ambiente, razão maior do nosso existir”, pontua. Segundo ela, apesar das dificuldades econômicas que o País vem enfrentando, a Colorgraf trabalha e avança para ampliar sua presença no mercado e fortalecer ainda mais sua participação dentro das operações do Mercosul. Uana explica que a empresa utiliza práticas sustentáveis no seu processo produtivo, procurando minimizar ao máximo os impactos ambientais. “Para alcançar esse resultado, trabalhamos na promoção de nossas ações de gestão ambiental internamente, utilizando os recursos naturais com a máxima consciência e responsabilidade. Adotamos práticas de sustentabilidade como requisito e trabalhamos o sistema de gestão ambiental de forma ampla e integrada e não mais como uma questão isolada”, afirma. A gerente frisa, ainda, que um dos objetivos para os próximos anos não é ser a maior empresa do mercado, mas sim ser um excelente local para se trabalhar. Essa ideia também é compartilhada pela coordenadora da qualidade, Sabrina Arnold. “A empresa existe porque têm pessoas, e um bom ambiente de trabalho foi o que buscamos nesses 24 anos, e com certeza vamos seguir mantendo este foco sempre”, diz. A Colorgraf, que tem sua história estreitamente ligada em soluções gráficas para os mercados nacional e internacional, vive um novo momento com crescimento nos seus negócios na região e no Mercosul, sempre inovando em tecnologia e lançamento de produtos, para os mercados de calçados e bolsas, vestuário, alimentos, móveis, entre outros segmentos. Hoje, possui a certificação ISO 9001:2015, conferida pela Det Norske Veritas Certificadora Ltda (DNV GL). “É o sétimo ano consecutivo que a Colorgraf atesta sua qualidade aos padrões internacionais da norma”, frisa Sabrina do setor de qualidade. Ela também explica que a empresa teria até setembro de 2018 para se adequar à revisão, mas que decidiu fazer de imediato com objetivo de consolidar
ainda mais sua imagem associada à conformidade e a padronização de processos, proporcionando aos clientes, produtos e serviços com mais qualidade. “A certificação demonstra que a empresa almeja estar continuamente em sintonia com as expectativas dos clientes, buscando aperfeiçoar processos sempre no intuito de melhor atender e oferecer os serviços,” conclui Sabrina.
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PALMILHAS
diferencial tecnológico das palmilhas de conforto visco-injetadas TechPur está na metodologia de fabricação por injeção - a mesma utilizada na produção de travesseiros com tecnologia lançada pela Nasa, que são mundialmente conhecidos por se adequarem ao biotipo da pessoa. Utilizando matérias-primas da mais alta qualidade e seguindo parâmetros orientados por conhecimentos e fundamentação da biomecânica do calçado, o resultado é uma palmilha com performance que proporciona 60% de absorção de impacto durante a marcha e redução de aproximadamente 12% e 35% dos picos de pressão plantar na região do calcâneo e metatarsos, respectivamente. A versatilidade das palmilhas TechPur proporcionam qualquer tipo de modelagem de calçado e ajustando-se a qualquer biotipo de pé. Os sócios-diretores da empresa, Jonas Nascimento e Rogerio Altenhofem, salientam que os produtos são aferidos pelo IBTeC e seguem os mais altos padrões de qualidade e eficácia”. Além dos testes realizados pelo instituto, os produtos passam pela avaliação de postura e ergonomia do nosso fisioterapeuta e mestre em tecnologias de materiais, André Rocha”, salientam os administradores, complementando que a tecnologia já é encontrada em grandes marcas que se destacam pelo conforto.
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visco-injetadas O
Conforto bem tramado
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onforto bem tramado é a novidade da Comfortflex para a coleção primavera-verão 2018. A linha de tênis casual, chega como opção versátil para a composição de looks para o dia a dia. A marca traz tênis em materiais tecnológicos, extremamente leves, que proporcionam a sensação de conforto único, que estará entre os itens must have na temporada. O Softknit, malha de elastano especial utilizada para tênis de performance, é o material escolhido pela marca para seus tênis casuais. A elasticidade deste tecido permite um calce muito confortável, com fechamentos ajustáveis, dando a sensação de vestir o pé. Para completar a sensação de bem-estar, os tênis são produzidos com solado de EVA que proporciona leveza ao caminhar. As cores do verão são suaves - diferentes tons de cinza e branco, além do preto, uma das cores tendência para o verão. O solado é branco, e os modelos são muito delicados, valorizando a feminilidade de uma mulher cada vez mais focada em aliar moda e conforto.
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FEEVALE SEDIA ENCONTRO
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erão dois eventos simultâneos, com o intuito de promover a discussão sobre a nanotecnologia e suas aplicações, e fomentar o desenvolvimento nanotecnológico em níveis regional, nacional e internacional Sob a coordenação da professora Luciane Rosa Feksa, a Universidade Feevale reunirá, em dois eventos simultâneos, pesquisadores de renome internacional, estudantes e profissionais para uma discussão sobre a nanotecnologia e suas utilizações. O II Congresso Internacional de Nanotecnologia e o V Simpósio de Nanobiotecnologia e suas Aplicações (II CINA) acontecem de 25 a 27 de outubro, no Câmpus II da Instituição, em Novo Hamburgo/RS. As inscrições podem ser feitas pelo site www.feevale.br/ cina2017 até o dia 20 de outubro. Outras informações, como investimento, podem ser obtidas no site de inscrição ou pelo telefone (51) 3586.8822.
Confira a programação
Quarta-feira, 25 de outubro 8h45min - Abertura com professora Luciane Rosa Feksa 9h - Nanotecnologia e área médica, com Grégory Svetlichny 10h - Lipid - core nanocapsules: a safe and efficient formulation for drug delivery, com Silvia Guterres 11h - Nanoemulsões contendo óleos essenciais com estratégia para combate de microorganismos resistentes, com Aline Ferreira Ourique 14h - Nanotoxicidade, com Solange Cristina Garcia 15h - Biossensores nanoestruturados para detecção de glicose, com Carlos Ferreira 16h - Nanotecnologogia e a aplicação na inteligência forense, com perito criminal Fernando de Jesus Souza Quinta-feira, 26 de outubro 9h30min - Particulate delivery systems containing Quillaja brasiliensis saponins, com Fernando Ferreira (Uruguai) 10h30min - Engenharia de tecidos e bioimpressão, com Luís Alberto Loureiro dos Santos 11h30min - Emprego de produtos de origem vegetal na produção de nanopartículas, com Karina Paese
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14h - Gold nanoholes as nanomaterials for early medical diagnosis com MsC, com Chiara Valsecchi (University of Victoria, Canadá) 15h - Stem cells and nanotechnology in regenerative medicine, com Patrícia Pranke 16h - Nanotecnologia aplicada ao agronegócio, com Cristiana Lima Dora 17h - Avaliação de pôsteres e apresentação oral/premiação Sexta-feira, 27 de outubro 9h30min - Nanopartículas funcionalizadas de óxido de ferro como agentes de contraste multimodal em imageamento biomédico, com Ricardo Meurer Papaléo 10h30min - Nanocompósitos poliméricos funcionais, com Griselda Barrera Galland 11h30min - Desafios jurídicos na nanotecnologia, com Wilson Engelmann 14h - Nanoemulsões catiônicas peguiladas como sistemas de liberação de ácidos nucleicos, com Michelle Fraga 15h - Controle de qualidade em nanotecnologia, com Cristiane Bastos de Mattos
Programação sujeita a alterações, sem aviso prévio
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ntidades da cadeia coureiro-calçadista realizam eventos integrados para encontrar soluções tecnológicas, oportunizar a realização de negócios, fomentar o relacionamento entre fornecedores, prestadores de serviços e fabricantes, discutir a aplicação dos conceitos da Indústria 4.0 no setor e segmentos afins e apresentar tendências do mercado
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e 1º a 5 de outubro acontece a segunda edição da Semana do Calçado, que tem a Inovação Colaborativa como tema central norteando uma série de atividades. A iniciativa é do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em conjunto com as entidades setoriais Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas para Couro e Calçados (Abrameq), Centro das
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IBTeC realiza o primeiro evento da Semana. No domingo, dia 1º de outubro, das 8h às 21h acontece, na sede do instituto, o IBTeCHDAY - maratona de desafios tecnológicos voltados ao setor calçadista. O evento visa a potencializar a geração de produtos, processos e serviços inovadores, por meio de
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Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e as feiras Couromoda e Fimec. A ação visa a promover atividades de integração de todas as áreas do setor coureiro-calçadista, como forma se repensar da matriz produtiva, quebrar paradigmas e buscar soluções para lacunas existentes, com especial atenção para a busca de soluções inovadoras em cada elo da cadeia de valor. Durante os cinco dias acontecem diversas atividades em diferentes locais, trazendo à tona temas estratégicos para as organizações, como produtividade, inovação, sustentabilidade, moda e design, cenários do mercado e novas tecnologias.
metodologia de maratona de desafios tecnológicos, com a integração de empresas de base tecnológica incubadas nos principais parques tecnológicos - startups, programas de pós-graduação, escolas técnicas e demais instituições de pesquisa. Os desafiadores são empresas interessadas em investir em projetos inovadores a partir de desafios tecnológicos previamente elencados. Os solucionadores formam grupos para desenvolver soluções aplicáveis aos desafios apresentados. Haverá premiação para os dois melhores projetos: os in-
tegrantes do grupo que conquistar o 1º lugar recebem passagens para uma viagem ao Vale do Silício, local onde estão instaladas as empresas Facebook, Google e Apple. Já os que alcançarem a segunda colocação recebem passagens e inscrição para o Campus Party, a maior maratona tecnológica realizada no Brasil.
Data: 1° de outubro (domingo) Horário: 8h às 21h Idealizador: IBTeC Parceiros: Sebrae/RS, Tecnosinos, Feevale Techpark, Tecnopuc Local: IBTeC - Salão de Eventos Rua Araxá, 750 - Bairro Ideal Novo Hamburgo/RS Investimento: Empresas desafiadoras (isentas), solucionadores (R$ 100,00 por pessoa)
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Gil Giardelli
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a segunda-feira, dia 2, é vez do Seminário Comercial. No evento, que é realizado pela Couromoda e o Sebrae/RS, os palestrantes Gil Giardelli e Julio Takano abordam a indústria 4.0 e os desafios do varejo para o futuro no segmento. A ideia é oportunizar aos profissionais da indústria e do varejo de calçados do Vale do Sinos o acesso a informações sobre novos conceitos que estão mudando o perfil do segmento produtivo e da venda do calçado, no Brasil e em outros países. Das 18h às 18h45h, Gil Giardelli, professor nos cursos de PósGraduação e MBA na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e no Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad) da Universidade de São Paulo (USP), aborda o tema a indústria 4.0 e o futuro da indústria do calçado. A digitalização da indústria tem sido tópico de interesse em eventos mundiais. Esse movimento, também chamado Quarta Revolução Industrial, coloca no centro dos debates pontos como os prazos para entrega ao mercado, que se reduz drasticamente, com os clientes exigindo produtos mais específicos e que atendam às suas necessidades exclusivas.
Na segunda palestra da noite, entre 18h50min e 20h, Julio Takano, fundador e CEO da KT Retailing e que há 24 anos atua no segmento de varejo na América Latina desenvolvendo arquitetura de negócios e conceitos de store design, apresenta tendências e novas soluções para o varejo a partir da Euroshop 2017, o maior e mais importante evento mundial sobre varejo, realizado em Düsseldorf, na Alemanha. A partir das 20h, será servido coquetel e os participantes terão oportunidade de realizar ações de networking.
Julio Takano
Data: 2 de outubro (segunda-feira) Horário: 18h às 20h Idealizador: Sebrae Executores: Sebrae e Couromoda Local: Locanda Hotel - Rua Wendelino Henrique Klaser, 35 - Bairro Ideal, Novo Hamburgo/RS Investimento: 1 kg de alimento não perecível
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a terça-feira, dia 3 de outubro, acontecem dois eventos. O primeiro deles é o FF Exchange, das 14h às 17h, na sede da Abicalçados. Trata-se de uma rodada de negócios que tem o objetivo de fomentar relacionamento entre empresas e fornecedores do setor coureiro-calçadista, visando à geração de negócios que solucionem os gargalos do setor. Organizadas em um formato bastante dinâmico, as rodadas têm a duração de três minutos, e durante este tempo cada empresa fornecedora apresenta-se a uma das empre-
Data: 3 de outubro (terça-feira) Horário: das 14h às 17h Idealizador: Abicalçados Executores: Abicalçados, Abrameq, CICB e Assintecal Local: IBTeC - Salão de Eventos - Rua Araxá, 750 - Bairro Ideal / Novo Hamburgo-RS Investimento: empresas compradoras (isentas), empresas fornecedoras (R$ 55,00)
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partir das 18h30min acontece no Locanda Hotel a Análise de Cenários, através da qual a economista Patrícia Palermo conduz um debate sobre o cenário econômico, político e social para o mercado em 2018. Formada na Ufrgs e reconhecida com o prêmio de Melhor Desempenho no Curso pelo Corecon/RS, a palestrante é mestre e doutora em economia aplicada pela mesma universidade. Foi duas vezes vencedora do prêmio Jovem Pesquisador Ufrgs/CNPq, na área de sociais aplicadas. É uma das autoras do livro A crise econômica internacional e os impactos no Rio Grande do Sul, primeira
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publicação em língua portuguesa a estimar os impactos da crise financeira internacional 2008/2009 e do livro O Rio Grande tem Saída?, publicado em 2014. Desde 2011 atua como economista-chefe do Sistema Fecomércio-RS. Dia: 3 de outubro (terça-feira) Horário: 18h30min às 20h30min Idealizador: Abicalçados Executores: Abicalçados, Assintecal e CICB Apoio: IBTeC Local: Locanda Hotel - Rua Wendelino Henrique Klaser, 35 - Bairro Ideal, Novo Hamburgo/RS Investimento: 1 kg de alimento não perecível
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sas compradoras, agilizando o processo e tornando a informação mais objetiva. Participam do evento empresas âncoras, que são associadas das entidades realizadoras desta ação, e empresas fornecedoras de web design, e-commerce e branding/ comunicação digital.
Patrícia Palermo
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urante o dia 4, também acontecem dois eventos: o primeiro deles é o FF Meeting um encontro de entidades representativas do setor coureiro-calçadista e de setores afins e parceiros, com o objetivo de criar engajamento e debater a Indústria 4.0 no Brasil. Esta edição será liderada pela Abrameq, tendo como foco
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de discussão o setor de máquinas para calçados. No evento, que acontece no Senai Metalmecânico, em São Leopoldo/RS e terá ainda a participação de empresários do setor, serão apresentados direcionamentos práticos para a implantação de alguns conceitos de Indústria 4.0 factíveis para o cenário brasileiro.
do as empresas participantes do projeto para o desenvolvimento de produtos que contenham elementos únicos e ao mesmo tempo globais, dessa forma, tornando-as mais competitivas no mercado. Os materiais desenvolvidos com as empresas participantes são lançados no Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Componentes, cuja próxima edição ocorre nos dias 16 e 17 de janeiro, em São Paulo/SP. Dia: 4 de outubro (quarta-feira) Horário: 19h às 22h Idealizador: Assintecal Executor: Assintecal Local: Bourbon Shopping Novo Hamburgo - Cine Espaço Cinema Sala 1 - Av. Nações Unidas, 2001 - 1° piso - Bairro Rio Branco, Novo Hamburgo/RS Investimento: 1 kg de alimento não perecível
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s atividades deste dia se encerram com a realização do Conexão Inspiramais, um ciclo de palestras que tem início com a pesquisa de inspirações e referências de moda. Esta pesquisa é desenvolvida com as empresas participantes do Inspiramais, contando com a coordenação do coordenador do núcleo de Design e Pesquisa da Assintecal, Walter Rodrigues, e com curadoria para criação e desenvolvimento de materiais inovadores em design e tecnologia nas empresas participantes através de consultores. A finalidade do projeto é promover o desenvolvimento de materiais inovadores que tenham a capacidade de transmitir valores essenciais e verdadeiros ao consumidor, algo fundamental para que as empresas obtenham sucesso. O projeto conta com uma equipe de profissionais amplamente capacitados em suas áreas de atuação, que realizam consultorias orientan-
Dia: 4 de outubro (quarta-feira) Horário: 13h30min às 17h30min Idealizador: Abicalçados Executores: Abicalçados, Assintecal, Abrameq, CICB e IBTeC Local: Senai de Inovação Metalmecânica Av. Getúlio Vargas, 3239 Vicentina, São Leopoldo/RS Investimento: gratuito
Walter Rodrigues
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genharia de Materiais e MBA em Gestão Industrial, Fadul Corrêa Alves. Tem mais de 20 anos de experiência na condução de projetos na área de manufatura, atuando como gestor e especialista na implantação de projetos de desenvolvimento e inovação de novas unidades fabris e de linhas de produção que envolvam a introdução e garantia da qualidade e de novos produtos tecnológicos no processo fabril. É especialista no estudo de viabilidade técnica, econômica e comercial de novos processos industriais/unidades fabris. Na Fundação CERTI, atualmente exerce o cargo de diretor executivo do Centro de Inovação em Processos Produtivos e também de Diretor do LABelectron – Laboratório-Fábrica para o Desenvolvimento e Testes de Processos e Produtos Eletrônicos. Na Produza S/A, empresa de manufatura eletrônica, exerce o cargo de diretor-presidente/CEO.
Painel sobre Inovação na prática Em seguida será realizado um painel de debates com a participa-
ção da doutora em Química Medicinal, Alessandra Mascarello, coordenadora de Inovação Radical do Aché Laboratórios, do presidente da Calçados Bibi, Marlin Kohlrausch, formado em Administração de Empresas com especialização em administração financeira, marketing, gestão de produção e recursos humanos, do presidente executivo do IBTeC, Paulo Griebeler, e do gerente da Regional Vale do Sinos, Caí e Paranhana do SEBRAE/RS, Marco Copetti. A mediação será realizada pela jornalista e editora do Jornal Exclusivo, Roberta Pischichholz.
Dia: 5 de outubro (quinta-feira) Horário: 17h às 21h Idealizador: IBTeC Executores: Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do IBTeC e Sebrae/RS Local: Locanda Hotel - Rua Wendelino Henrique Klaser, 35 - Bairro Ideal, Novo Hamburgo/RS Investimento: Associado IBTeC, MPE ou estudantes (com apresentação do comprovante de matrícula) = R$ 30,00 ; público em geral = R$ 60,00
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Semana do Calçado 2017 é concluída com a realização do 3º Fórum IBTeC de Inovação. A proposta é disseminar o conceito de inovação através de palestras, debates e casos de sucesso, agregando novos conhecimentos, perspectivas e inspirando as empresas brasileiras dos setores de calçado, couro, materiais, confecção, têxtil e EPI para o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços, proporcionando diferenciais competitivos para a indústria nacional. O primeiro palestrante é o mestre em Administração de Empresas, Felipe Ost Scherer. Sócio-fundador da Innoscience Consultoria em Gestão da Inovação, o palestrante é professor na ESPM/Sul, consultor empresarial e autor dos livros Gestão da Inovação na Prática (vencedor do Troféu Cultura Econômica 2011 - melhor livro de Administração), Práticas dos Inovadores e O Time dos Sonhos da Inovação. Também é mentor de inovação na Endeavor Brasil, além de escrever para o Portal Exame, StartSe Infomoney e Administradores.com. A segunda palestra é do engenheiro de produção, mestre em En-
Felipe Sherer
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Carlos Alberto Alves
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FIMEC TERÁ
Salão de Logística E ntre os dias 6 e 8 de março, a Fenac em Novo Hamburgo, promove a 42ª edição da Fimec trazendo atualidades para o setor calçadista, em termos de produtos químicos, componentes, máquinas e equipamentos para calçados e curtumes. Dentre as novidades na edição de 2018, está o Salão de Logística: desmistificando a integração logística para acelerar a cadeia produtiva. A proposta é apresentar aos visitantes um espaço dedicado a soluções em logística. Aliado ao projeto Sola (Sistema de Operações Logísticas Automatizadas), esse espaço dará conta de processos que reduzem os custos, integram ações, permitem rastreabilidade, possibilidade de crossdocking e reposição automática, controles e organização para gestão dos negócios e inventário em tempo real. Indo muito além do transporte, a logística é indispensável para administrar os recursos da empresa, fazendo desde a gestão de compra, planejamento, armazenamento, transporte, bem como a distribuição dos produtos e o monitoramento.
“A logística é um processo muito complexo e de extrema importância dentro das empresas do setor. Por isso, avaliamos a relevância de fazer um espaço dedicado a essa especialidade. Contamos com a parceria da Abicalçados, que está à frente do projeto Sola, que já faz parte da Fábrica Conceito há algumas edições”, afirmou o diretorpresidente da Fenac, Márcio Jung. O projeto Sola é um sistema baseado na codificação, processo e troca eletrônica de dados (EDI) que contribui para o controle total dos insumos e matériasprimas adquiridos pelas indústrias calçadistas, como também, o controle das mercadorias expedidas, melhorando a organização e reduzindo a praticamente zero os custos com problemas na expedição e entrega de produtos aos lojistas. A 42ª Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes acontece entre os dias 6 e 8 de março, das 13 às 20 horas, no pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo/RS.
EM 2018, O ESPAÇO APRESENTARÁ NOVAS SOLUÇÕES PARA AS EMPRESAS DO SETOR
Ilustração da Cadeia Integrada projeto Sola
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NOTAS UNIVERSO FEMININO
PASSARELA A coleção de verão 2018 da Shoestock faz referência ao universo feminino e aos elementos da natureza em suas novas peças. O resultado é uma coleção moderna e repleta de hits e tendências. Os modelos de slides e espadrilles com e sem salto são as grandes apostas da marca para a temporada mais quente do ano. Os saltos também variam entre finos, blocos, altos ou médios, oferecendo opções para todos os gostos.
SNEAKER NACIONAL
A estilista Helo Rocha apresentou suas apostas para o Verão 2018 na SPFW44. Na passarela, a marca eleita pela estilista para assinar os sapatos foi a Wirth. Tradicional e forte, a parceria entre Wirth e Helo Rocha representa o empoderamento feminino, por meio de modelos que são tendências da próxima estação.
A Hardcore Footwear, marca de sneakers nacional do empresário Junior Lopes, acaba de lançar uma edição limitada em mais uma parceria com Marcos Mion. São apenas 500 pares numerados que traduzem o mix perfeito entre o DNA inovador da Hardcore Footwear e o lifestyle do Mion, um sneakerhead assumido: trazem o design esportivo, fundo azul marinho de lona, estampa de estrelas arrematada pelo velcro e cadarços brancos.
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Paulo Griebeler Presidente-executivo
O IBTeC DO FUTURO A partir da profissionalização da gestão, iniciada em 2013, o IBTeC passou a se aproximar ainda mais das entidades setoriais, instituições de ensino e pesquisa e parques tecnológicos para a identificação de oportunidades de melhorias no sistema coureiro-calçadista e a implantação de ações conjuntas, no sentido de atender as demandas existentes. O instituto também busca ampliar o acesso das empresas a recursos oferecidos pelas agências de fomento através da formatação de projetos e a participação de editais e demais mecanismos voltados a promover o desenvolvimento das organizações não só do setor, mas também de outras áreas afins. Além disso, está em um processo gradativo de instrumentalização e capacitação da equipe visando à modernização do seu próprio parque tecnológico para aumentar a velocidade das respostas ao mercado, mas sem perder a qualidade e a confiabilidade já reconhecidas. A descentralização da tomada de decisões é outro processo que tem avançado em várias áreas do instituto, principalmente com a introdução de novas tecnologias, e esses investimentos terão como resultado a instrumentalização do IBTeC para a antecipação das necessidades das empresas, tendo como base também o comportamento dos consumidores, que estão cada vez mais conectados e bem informados e exigem das empresas uma nova postura baseada na ética e no compromisso com os aspectos socioambientais. As linhas de pesquisas também terão forte incremento, com foco na tecnologia embarcada nos produtos, que caminham para uma nova evolução, onde a funcionalidade passa a ter um significado ainda mais importante do que somente o viés da moda. Não há saída fácil, a indústria do calçado precisa avançar. Mas isso não significa necessariamente um problema, pois diariamente o mercado oferece novas oportunidades para a inovação. Muitas vezes elas surgem através de soluções criadas para outros segmentos, mas podem ser também aplicadas nos calçados. Para que isso aconteça precisamos crescer juntos - as empresas, as instituições de pesquisa, os canais de distribuição, enfim, unir todos os elos da cadeia, o que já vem ocorrendo com relação às entidades setoriais. As equipes passam a ser cada vez mais multidisciplinares, agregando novos saberes que se complementam objetivando a melhoria contínua em todos os processos. Esta é uma realidade crescente no IBTeC, onde o capital humano aglutina várias áreas de conhecimento e dessa interação surgem novas ideias que são aplicadas, por exemplo, em empresas que desejam agregar diferenciais nos seus produtos, principalmente com novas tecnologias. Setores tradicionais como o agronegócio, têm crescido muito nos últimos anos com base no conhecimento gerado através de pesquisas aplicadas e também nos novos recursos tecnológicos, que por vezes surgem em outros segmentos completamente diferentes, como o caso dos drones, que hoje são usados largamente para resolver uma série de situações da lida no campo, a partir da transmissão de imagens e outras finalidades. Vivemos em um país onde 97% das empresas ainda são tradicionais e as startups significam apenas 3% do PIB. No caso dos calçados, somente 2% das compras são online. Cabe ao IBTeC também provocar o setor a pensar sobre estas questões e estimular o debate ao longo da cadeia produtiva, trazendo à luz casos que apontem novos caminhos a serem percorridos, como a questão da indústria 4.0, que ainda precisa ser entendida no setor mas já avança em outras áreas. Mas com certeza, por mais tecnologia que se implante em um calçado, algumas questões vão permanecer sempre na pauta do nosso segmento e uma delas é o caminhar saudável. O conforto e a gestão das substâncias restritivas são propriedades que estarão sempre presentes dentre os desejos do consumidor que busca produtos mais consistentes. Os desafios são muitos e vão aumentar, mas o IBTeC trabalha diariamente para poder oferecer todo o apoio necessário, tendo o respaldo de sua equipe interna e também de seus parceiros, a quem não podemos deixar de agradecer neste momento tão marcante. Também fica o agradecimento a todos os ex-presidentes que contribuiram para esta história tão rica, e aos membros dos conselhos que nos ajudam na gestão do instituto. setembro | outubro •
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A ORIGEM DA INDÚSTRIA CALÇADISTA
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devido ao aumento da população, os artesãos sentiram a necessidade de dominar novas técnicas de sapataria para melhorar a qualidade do calce e diversificar a modelagem. Para atender às solicitações, os sapateiros mediam o comprimento, a altura e a largura do pé do cliente objetivando a entrega de um produto o mais adequado possível. A partir dos novos conhecimentos adquiridos começam a surgir as primeiras empresas especializadas, o que acabou por conferir ao RS o status de berço da indústria coureiro-calçadista no País, embora, quando os primeiros alemães desembarcaram em São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos, no dia 24 de julho de 1824, já houvesse na cidade de Franca/SP uma indústria embrionária voltada ao curtimento de peles. O mestre em Gestão de Empresas, Cleon Gostinski, relata em seu livro Brazilian Footwear que quatro anos depois da chegada dos colonizadores, 10 curtumes já estavam estabelecidos no RS beneficiando as peles do gado para transformá-las em couros destinados para a fabricação de artefatos variados, como bainhas de facas, arreios e celas. Das sobras resultantes dessas produções começou a fabricação de chinelos para abastecer o mercado regional. Nesse processo caseiro era comum famílias inteiras se dedicarem à atividade. A distribuição da produção acontecia através de caixeiros-viajantes, que se tornaram os primeiros representantes.
FOTO PINEREST.COM
surgimento do sistema coureiro-calçadista no País está intimamente ligado ao início da atividade de criação de gado da região da campanha no Rio Grande do Sul, uma vez que o couro dos animais era usado para a fabricação de calçados que, embora fossem ainda bastante rudimentares (tiras de couro eram usadas como se fossem linhas para unir peças), cobriam as pernas e os pés dos homens que faziam o manejo dos rebanhos e demais atividades no campo. Da mesma forma, os soldados que atuavam nas batalhas que aconteciam na fronteira gaúcha com os países do Prata também precisavam de proteção aos seus pés contra o frio no Sul do País e se valiam dos ainda precários calçados feitos na região. A partir de 1824, com a chegada dos imigrantes europeus, vindos inicialmente da Alemanha, e anos mais tarde da Itália, novos conhecimentos foram adquiridos. As técnicas de curtimento começaram a se desenvolver, o couro do gado passou a ter melhor aproveitamento e os calçados aos poucos eram aprimorados. Naquela época, a matéria-prima não tinha valor agregado e era vista como sobra do processo de abate para a obtenção de carne. Com a influência dos colonos, boa parte da produção era de tamancos, para serem usados no dia a dia. Mas,
No início, tiras de couro eram usadas como linhas para unir as peças que protegiam os pés e as pernas dos gaúchos nas lidas campeiras
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O início das exportações Conquistando o mercado externo
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e acordo com Gostinski, os conflitos armados, que foram um dos propulsores para o desenvolvimento da indústria do calçado, também acabaram por impulsionar as primeiras exportações do setor: durante a Primeira Guerra Mundial, o exército africano encomendou um modesto volume de perneiras de couro para seus soldados e as linhas de produção, que já eram realidade em algumas regiões, deram um passo além voltando-se à confecção de coturnos. Anos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, os imigrantes alemães estabelecidos na região novamente fornecem perneiras e botas a tropas militares, mas desta vez a solicitação é para equipar os soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que foram lutar na Itália contra as fileiras nazistas de Hitler. Nesse mesmo período, o exército da Venezuela também encomendou um volume considerável de calçados para os seus soldados. A entrega dos pedidos tinha que ser rápida, o que contribuiu para o desenvolvimento de técnicas de linha de produção industrial. A partir da década de 1940, a indústria coureiro-calçadista brasileira passou por processos de aperfeiçoamento permanente, e começou a ser reconhecida pela sua competência e a qualidade dos produtos. Na década de 1960, abalos na economia freiam o consumo interno e o setor, que já trabalhava com produção em escala, viveu um período de grandes desafios. Lideranças empresariais e políticas ligadas à região do Vale do Sinos, onde concentrava-se o maior volume da produção de calçados no País, iniciaram então um trabalho voltado à pesquisa de novos mercados e contaram com apoio do Governo para visitarem feiras estrangeiras em busca de clientes internacionais. O objetivo era tornar os produtos brasileiros conhecidos
no exterior, especialmente nos Estados Unidos que, além de ter sua capacidade de consumo mundialmente reconhecida, também se situa no Continente Americano, o que facilitaria o acesso. Nomes importantes, a exemplo de Pratini de Moraes, atuavam politicamente para sensibilizar o Governo quanto à importância dessas exportações. Depois de ser aplicado no País um programa federal de incentivos fiscais e de crédito, bem como o aumento das verbas para a divulgação dos sapatos nacionais no exterior, o Ministério das Relações Exteriores fretou, em junho de 1969, um avião para trazer um grupo de norte-americanos em visita à Feira Nacional de Calçado (Fenac) realizada em Novo Hamburgo/RS, então considerada a Capital Nacional do Calçado. O resultado desse investimento foi a formação de um consórcio de empresários brasileiros, que assinaram o primeiro contrato de exportação para a América do Norte. No início, foram exportadas pequenas quantidades, mas o sucesso da transação fez com que os compradores americanos se sentissem seguros com relação à seriedade dos novos parceiros e aumentassem o volume de pedidos. Isso exigiu a produção em escala, que foi prontamente atendida pelas empresas gaúchas. Surgiu, então, o boom das exportações de calçados, e com ele um processo migratório do interior do Rio Grande do Sul rumo a Novo Hamburgo e cidades vizinhas. O estado se transformou em uma potência industrial com intensa mão de obra empregada, e esse sucesso motivou outros estados a também apostarem na produção de calçados. Surgiram então polos calçadistas em diferentes regiões do Brasil, especialmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
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A criação do IBTeC: 45 anos promovendo pesquisa, inovação e tecnologia
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mercado externo exigia volume de produção e alta qualidade, o que levou a indústria nacional a sentir a necessidade de utilizar técnicas mais modernas para os processos. Os empresários voltaram o olhar ao renomado modelo de fabricação da Europa, de onde buscaram informações, equipamentos e tecnologias para suprir as carências do setor, principalmente relacionadas à qualidade dos produtos. Foi pensando nessa necessidade que, no início dos anos de 1970, um grupo de técnicos e empresários, liderados por Cláudio Strassburger, decidiu que era hora de qualificar a mão de obra e atestar tecnicamente a qualidade dos produtos para oferecer maior credibilidade aos importadores. Então, no dia 07 de outubro de 1972, após uma série de estudos e projetos, foi fundado o Instituto Brasileiro do Couro, Calçado e Afins (IBCCA) como um núcleo do Sistema Fiergs e o empresário Strassburger assumiu como o primeiro presidente da instituição. No início a sede era junto da Escola Técnica de Curtimento de Estância Velha/
RS. Mais tarde, para estar mais próxima dos empresários, a instituição foi transferida para o prédio da Associação Comercial Industrial de Novo Hamburgo/RS. Em 1976, o nome foi mudado para Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA), que passa a ser uma entidade independente. Em 1984, o Centro conquista sede própria, na rua Araxá, 750 - Novo Hamburgo/RS, onde funciona até hoje. O CTCCA foi estruturado para atuar em três frentes - o departamento técnico buscava informações sobre novos equipamentos e processos e apoiava as empresas associadas fazendo adequações em sua estrutura operacional, para garantir ganhos de competitividade. Ao mesmo tempo, a entidade criava um laboratório da qualidade, para a realização de ensaios físicos e químicos nos calçados e nas matérias-primas, fornecendo laudos técnicos como garantia da qualidade dos produtos brasileiros - uma exigência dos importadores americanos. A outra linha de atuação era a disseminação de informações através da Revista Tecnicouro, que foi criada em 1979 para atualizar os empresários e técnicos do setor sobre o que de mais importante acontecia no mundo em termos de novidades tecnológicas e sistemas de fabricação.
NOME MUDA PARA IBTeC A necessidade de ampliar o reconhecimento junto aos organismos nacionais e internacionais fez com que o centro tecnológico mudasse a sua razão social mais uma vez. Assim, em dezembro de 2005, foi apresentada a nova marca - Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), levando a instituição de volta às origens - ser novamente reconhecido como um instituto -, porém agora alinhado com um novo posicionamento no mercado, condizendo com as exigências do século XXI. Desde a sua criação, o IBTeC contribui significativamente para o desenvolvimento do setor coureiro-calçadista, através da prestação de serviços, do acesso a informações e, principalmente, coordenando pesquisas aplicadas que levem à implantação de inovações nos produtos aumentando a competitividade dos seus parceiros. Hoje, são realizados anualmente em torno de 30 mil procedimentos, somando as consultorias e os ensaios nos laboratórios de biomecânica do calçado, caracterização de materiais, análises de substâncias restritivas e de microbiologia.
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A história contada pelo primeiro presidente láudio Strassburger visitou a sede do IBTeC para uma entrevista, durante a qual falou sobre a sua experiência como o empresário que tomou frente nas primeiras exportações bem sucedidas de calçados no Brasil e também lembrou detalhes sobre o surgimento do IBTeC, instituição da qual foi idealizador e o primeiro presidente empossado. Na década de 1960, a economia brasileira passava por uma grande crise, que afetou também o setor calçadista. Os empresários buscaram então apoio junto a lideranças políticas, no sentido de fomentar os negócios, e a saída imaginada seria pelo viés das exportações. O governador gaúcho de 1959 a 1962, Leonel Brizola, foi sensível à situação e viabilizou a ida de uma comitiva de empresários, imprensa e políticos aos EUA, em uma missão para divulgar o calçado brasileiro. Vale lembrar que, no ano de 1959, as forças rebeldes comandadas por Fidel Castro, Che Guevara e Raúl Castro haviam derrubado o então presidente de Cuba, Fulgencio Batista Zaldívar, e rompido as relações diplomáticas e comerciais com os Estados Unidos, o que criou uma situação favorável para os brasileiros, visto que Cuba era o maior abastecedor de calçados dos Estados Unidos. Além disso, a mão de obra nos EUA encareceu, levando ao fechamento um grande número de fábricas. Tudo isso deixou os norte-americanos apreensi-
FOTO LUÍS VIEIRA
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Presidente-executivo do IBTeC - Paulo Griebeler (E), primeiro presidente do instituto - Cláudio Strassburger (M) e presidente do Conselho Deliberativo - Cláudio Chies (D)
vos com a possibilidade de desabastecimento de calçados. “A cada ano, em torno de 50 a 60 fábricas deixavam de existir na América. Aproveitamos esta ocasião para nos apresentarmos como possíveis novos parceiros, o que resultou em embarques ao novo mercado”, revelou.
A CONQUISTA DA EUROPA
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próximo passo foi a conquista do mercado europeu, e para isso os empresários brasileiros participaram de várias feiras em países como França, Itália e Espanha, nos quais faziam contatos com fabricantes e associações locais. Na Espanha as relações aconteceram de forma mais orgânica, devido ao reconhecimento que o estilista José Maria Carrasco Mena (que era espanhol, mas atuava já há algum tempo no Brasil) tinha por lá. Por sua influência aconteceram várias visitas a fábricas e, inclusive, alguns empresários chegaram a dar dicas aos brasileiros sobre como operar no estrangeiro. “O ano era 1962 e, durante um dos jantares dos quais participamos, tive a oportunidade de conhecer um empresário que atuava fortemente
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na Inglaterra e a apontou como um mercado bastante promissor. Decidi verificar a indicação e rumei sozinho para o país, que na época exportava moda para o mundo, em parte devido ao surgimento dos Beatles. Vivenciar toda aquela efervescência me encheu de entusiasmo”, ressaltou. Já em território inglês, o primeiro passo foi procurar o consulado brasileiro, que era o órgão a cuidar das questões comerciais. Strassburger conseguiu agendar encontros importantes com empresários locais e um deles foi com o dirigente da Britsh Shoe Corporation. Porém, ao fazer a demonstração dos calçados que produzia, ouviu do executivo que aqueles modelos não serviam para o consumidor inglês. O que num primeiro momento parecia
ser um enorme balde de água fria logo se tornou uma oportunidade de negócios, quando o mesmo empresário que rejeitou seus produtos lhe apresentou alguns pares de sandálias que comercializava e o desafiou a reproduzi-los, mas com a ressalva de que, além da modelagem e qualidade idênticas, os produtos deveriam ter preço mais competitivo do que o praticado pelos habituais fornecedores. “De posse daquelas sandálias voltei para o Brasil, comecei pelo desenvolvimento do couro, principalmente com a parceria do Curtume Fasolo. Coloquei o corpo técnico a trabalhar para podermos atender às novas exigências de calce. Em poucos dias aprontamos as amostras e conseguimos o primeiro pedido”, destacou.
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Apoio político Já em 1965, aconteceu uma reunião entre lideranças para estabelecer novas diretrizes setoriais e se decidiu que a estratégia para o desenvolvimento seria redobrar os esforços para aumentar o volume das exportações. Veio então novamente à tona a necessidade de ajuste na modelagem para atender as exigências do mercado externo. Com a assiduidade das exportações, as indústrias passaram a ter contato mais estreito com o Governo, que manifestava interesse em exportar mais produtos manufaturados e semimanufaturados e menos produtos primários, além de aprimorar a mão de obra, que em nosso país era muito abundante. Delfim Neto, que exerceu o cargo de ministro da Fazenda de 1967 a 1974 com o objetivo de promover o crescimento industrial da economia brasileira, e Benedito Moreira, que de 1964 a 1966 ocupou os cargos de secretário do comércio e secretário-geral da Comissão de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria e do Comércio, e de 1968 a 1983, foi diretor da Carteira de Comércio Exterior (Cacex), além de ter sido membro do Conselho Nacional do Comércio Exterior (Concex), se destacaram como figuras públicas atuantes para o desenvolvimento setorial. Pratini de Moraes, que foi ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo do Brasil, de 1970 a
1974, e da Agricultura e Abastecimento entre 1999 e 2003, foi outro importante político aliado do setor. Se interessando, inclusive, em criar um modelo de exportação para o couro, que era visto como um setor com mão de obra especializada e abundante, tendo expertise em trabalhar com tecnologia avançada. Graças ao seu envolvimento pessoal, o Congresso se mobilizou no sentido de viabilizar a criação de incentivos fiscais visando ao desenvolvimento das exportações. Tamanho envolvimento de Pratini com o setor lhe rendeu o título de Ministro do Calçado.
O surgimento do instituto Assim como a Calçados Strassburger, as demais empresas já tinham consciência de que, para ganhar definitivamente o reconhecimento no mercado externo, seria necessário ajustar o calce, o que demandava conhecimento técnico e novas tecnologias. Dessa percepção aflorou a ideia de se criar uma instituição cujo objetivo seria auxiliar as empresas na caracterização das matérias-primas, no aprimoramento dos processos e também na qualificação da mão de obra. A ideia tomou forma no dia 7 de outubro de 1972 com a fundação do IBCCA. Entusiasmado pelo crescimento do instituto que ajudou a criar e presidiu, Strassburger destacou que os fundadores tiraram dinhei-
ro do próprio bolso para comprar a caneta e o papel para fazerem as primeiras anotações do esboço daquela instituição que anos mais tarde se transformaria no IBTeC. “O instituto está fabuloso e todos os gestores que passaram por aqui merecem os maiores elogios”, brindou. Ele lembra que depois de o instituto ser criado, o Governo sempre apoiou novos projetos, mas o maior desafio no início foi traçar as primeiras estratégias. “Sabíamos o que queríamos, mas não como chegar lá, e aprendemos na base da persistência a formatar os projetos, dos quais a instituição dependia para ser reconhecida como tal”, ponderou. Para finalizar, Strassburger enfatizou que, apesar dos grandes desafios do mercado, a corrida das exportações não está perdida. “É preciso que os empresários, agora com o apoio das instituições, façam novamente um grande esforço para encontrar o caminho que leve o setor de volta ao mercado externo, com força. Não tenho a receita de como fazer isso hoje, mas é preciso agregar valor aos produtos, buscar o apoio das entidades e cobrar do Governo o comprometimento em criar uma pauta voltada para a exportação. No passado éramos recebidos pelo primeiro escalão do Governo, hoje os ministros são inacessíveis para maioria dos empresários e lamentavelmente estão muito menos comprometidos em apoiar o setor industrial”, finalizou.
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IBTeC: sustentação tecnológica para o segmento
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sistema coureiro-calçadista brasileiro convive hoje com um consumidor cada vez mais atualizado e que, além de buscar design, conforto e tecnologia, exige que as indústrias sejam ecologicamente responsáveis, garantindo a qualidade de vida das futuras gerações. Atento a esta realidade o IBTeC busca proporcionar a sustentação tecnológica necessária para as empresas atingirem os seus objetivos, superando as expectativas dos clientes finais. Referência mundial em pesquisas voltadas ao conforto em calçados e componentes, o instituto tem o respaldo de uma equipe formada por pós-doutores, doutores, mestres e técnicos na busca pela melhoria constante na qualidade dos produtos acabados e o aprimoramento dos processos fabris. Estruturado com o mais completo complexo de laboratórios do sistema coureiro-calçadista do País, conta com sistemas modernos para ensaios de caracterização de materiais, avaliações biomecânicas e análises microbiológicas e de substâncias restritivas. Toda esta estrutura visa a aumentar o potencial competitivo dos seus parceiros através do desenvolvimento de calçados e equipamentos de proteção individual (EPIs) com diferenciais tecnológicos e mercadológicos, atribuindo valor ao produto e à marca. O instituto é acreditado internacionalmente pelo instituto inglês Satra e pela agência de importação CPSC dos Estados Unidos, além de ter
o reconhecimento junto à rede americana Sears. É ainda acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCR) do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e conta com as certificações BSI (ISO 9001:2008) e Rede Metrológica RS, bem como o reconhecimento junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTe). Em 2012, quando completou 40 anos de fundação, o IBTeC deu início a uma nova fase na consolidação como referência na oferta de soluções para o desenvolvimento do sistema coureiro-calçadista brasileiro. Esse processo começou com a alteração do seu estatuto, buscando fortalecer ainda mais a representatividade dos associados. A estratégia se concretizou com a eleição do Conselho Deliberativo, tendo Claudio Chies na presidência, que na época enfatizou que os maiores desafios da instituição seriam manter o alto padrão técnico conquistado ao longo da trajetória agregando novos serviços, sustentar a boa imagem já conquistada pela instituição junto ao mercado e aproximar o IBTeC da cadeia produtiva do calçado. O mandato teve início no dia 1º de janeiro de 2013 e a partir de então a atual gestão soube não apenas aperfeiçoar o que já vinha dando certo, como protagonizou uma série de novas conquistas, tendo como presidente executivo Paulo Griebeler e vice-presidente executivo Dr. Valdir Soldi.
Composição do Conselho Deliberativo Presidente: Claudio Chies - Grendene Carlos Alberto Mestriner - Klin Ernani Reuter - Representações e Participações Excelsior Jakson Fernando Wirth - Ramarim João Altair dos Santos - Conforto Artefatos de Couro Marcelo Fleck - Plínio Fleck Rosnei Alfredo da Silva - Bibi
Composição do Conselho Fiscal André da Rocha - Orisol João Paulo Mendel - Calbrás Renato Kunst - Artecola Ricardo Wirth - Calçados Wirth
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Os presidentes que conduziram o IBTeC
Cláudio Ênio Strassburger (1972-1974)
Ernani Erni Reuter (1975-1976)
Odyr Fonseca (1977-1978)
Roberto Luiz Sieler (1979-1980)
Helio Augustin (1981-1984)
Celso Kraemer (1985-1986)
Celso Brochier (1987-1988/1995-1996)
José Nilton Forte (1989-1992)
Marcos Aurélio Macedo (1993-1994)
Martinho Fleck (1997-2006)
Rui Guerreiro 2007/2012
Claudio Chies 2013
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Criação de normas e introdução do CAD-CAM
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empresário Celso Kraemer participou da história do IBTeC desde o momento em que Claudio Strassburger, que tinha idealizado o Instituto Brasileiro do Couro e Calçado, decidiu transformar a entidade em Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA). De acordo com ele, Strassburger o convidou para mobilizar os engenheiros e técnicos do setor para que participassem do CTCCA. Nesta época, foram feitas modificações no estatuto da entidade, que passou a ter uma vice-presidência de cada área abrangida pelo CTCCA - couro, calçados e afins. Foi assim que ele passou a fazer parte da diretoria, sempre na vice-presidência de Afins (como empresário do setor de componentes), durante dez anos. Mas somente em 1985 assumiu a presidência da entidade, por um mandato de dois anos, concluído em 1986. Uma de suas ações como presidente foi produzir um projeto pedindo a inclusão do setor coureiro-calça-
dista no 3º Plano Estratégico Nacional, que estava sendo elaborado pelo Ministério da Indústria e Comércio. Sabendo que o ministro estaria em Novo Hamburgo para um encontro na ACI, Celso Kraemer passou dias elaborando o plano, com a equipe de técnicos do então CTCCA. Naquela época o setor coureiro-calçadista não era visto pelo Governo Federal como uma indústria de potencial tecnológico. Graças à inclusão obtida com o projeto do CTCCA, o setor pôde prospectar recursos junto aos órgãos de fomento. Do seu mandato, Kraemer salienta com uma das mais importantes realizações a busca por novas tecnologias. Atento ao crescimento do uso da informática em diferentes setores das empresas, enviou o engenheiro Fernando Geib, que atuava como técnico do instituto, para conhecer o CAD-CAM, sistema que só existia ainda nos Estados Unidos, Inglaterra e Áustria, e era a primeira inserção do computador no processo
de criação de máquinas e calçados. Foi assim que chegou o primeiro equipamento ao Brasil, vindo da Inglaterra, trazendo um avanço que revolucionava os processos de criação e modelagem em calçados. Outra preocupação que norteou os dois anos de mandato de Celso Kraemer foi o início da implantação de normas para a produção de calçados. Nesta época foram criados os comitês de estudo para a formatação de normas de qualidade de produtos. Paralelamente, crescia a importância dos laboratórios de ensaios físicomecânicos, que tiveram investimentos substanciais, com aumento da capacidade de atendimento, e com implantação de novos ensaios. Também em sua gestão, Celso Kraemer implantou o sistema de reuniões técnicas, com a participação dos profissionais que faziam parte do dia a dia das indústrias, para discutir os principais gargalos da produção, e buscar soluções para necessidades que eram coletivas.
FOTOS RAQUEL GUIMARÃES
Celso Kraemer
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Primeiros contatos com Biomecânica, primeira Fábrica Modelo e duplicação do prédio
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elso Osmar Brochier foi presidente do IBTeC em dois períodos - de 1987 a 1988 e de 1995 a 1996. No primeiro mandato, o foco esteve na prestação de serviços, especialmente na área da qualidade, com os laboratórios físico-mecânicos dando apoio aos exportadores brasileiros. O setor vivia o final do auge das exportações, e os certificados emitidos pelos laboratórios davam garantia da qualidade aos calçados aqui produzidos. Foi neste período que o então presidente investiu na compra do cromatógrafo, um avanço muito importante para a prestação de serviços às indústrias de calçados e componentes. Ainda no primeiro mandato, foram idealizadas cartilhas técnicas para a disseminação de conhecimento. A primeira foi sobre adesivos, para os técnicos de calçados. A segunda publicação foi o Manual do Lojista, com todas as informações que os vendedores de calçados deveriam ter nas lojas para apoiar suas vendas de calçados. Foi a primei-
ra ação da indústria voltada para o varejo. Brochier também elenca como uma de suas mais importantes realizações que marcaram as suas ações como presidente do CTCCA, os primeiros contatos com o Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Santa Maria, que acabaram por culminar em um estudo sobre o tamanho do pé dos brasileiros. No segundo mandato, foi feita a duplicação da sede da instituição. Foram dois anos de trabalho para a construção, permitindo que a entidade pudesse iniciar o processo de diversificação de suas atividades. A meta era buscar novos laboratórios, para ter outros serviços para oferecer ao setor calçadista. A realização da primeira edição da Fábrica Modelo, que na época teve o nome de Fábrica High Tech, aconteceu durante a Couromoda 1995, no segundo período em que esteve à frente do IBTeC, e também está entre as realizações que Brochier destaca na sua permanência à frente da entidade.
Celso Osmar Brochier
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Investimentos em equipamentos e recursos para a duplicação
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os dois anos em que foi presidente do IBTeC 19931994, Marcos Aurelio Macedo lembra que o setor ainda vivia uma situação de plenitude das exportações, embora internamente o País vivesse as consequências dos confiscos feitos pelo governo de Fernando Collor de Mello. As exportações brasileiras de calçados movimentavam a economia da região do Vale do Sinos, que vendia praticamente toda a sua produção para o exterior. Ele lembra que foi um tempo de muitos investimentos nos laboratórios, e na diversificação de serviços para o setor. Uma das preocupações era buscar no exterior as inovações que pudessem trazer novos horizontes para os nossos calçadistas. Nes-
te período foram adquiridos novos equipamentos para os laboratórios físico-mecânicos do IBTeC. Uma das conquistas mais importantes foi a máquina de corte a laser, trazida por uma empresa portuguesa, para introduzir a inovação tecnológica nas indústrias brasileiras. A negociação para a compra do equipamento foi feita em troca de mídia na Revista Tecnicouro. Com este equipamento foi possível oferecer cursos de preparação da mão de obra para o uso da novidade que trazia ganhos de tempo e diminuição de perdas de matéria-prima. Neste mesmo período, o instituto recebia o sistema de CAD-CAM para o desenvolvimento de calçados. Este sistema vinha há anos
sendo pesquisado pelos técnicos do então CTCCA, e a implantação era a finalização de um processo que se estendeu por mais de três anos. O aumento das demandas fez com que a diretoria iniciasse o processo de busca de recursos para aumentar as instalações físicas. Foi na gestão de Macedo que a linha de financiamento para a construção do prédio que duplicaria a sede do CTCCA foi viabilizada. Ele deixou os recursos e o projeto prontos para serem executados pela próxima diretoria. O objetivo da duplicação da área física era ampliar a assistência aos associados e buscar o reconhecimento mundial como a entidade que trabalhava a capacitação do setor.
Marcos Aurelio Macedo
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Laboratório de Biomecânica, transformação em instituto e acreditações internacionais
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anear as finanças foi o primeiro grande desafio de Martinho Fleck como presidente do IBTeC, que ainda era CTCCA quando ele assumiu. Foram dez anos de engenharia financeira para deixar as contas em dia, sem esquecer de atuar para o crescimento da entidade. A instalação do Laboratório de Biomecânica é uma das marcas dos cinco mandatos que Martinho Fleck cumpriu como presidente do IBTeC, de 1997 a 2006. Foi nos primeiros anos à frente da entidade que convidou o professor Aluisio Avila, que já vinha trabalhando em projetos, através da UDESC, para que ele passasse a responder pelo laboratório em Novo Hamburgo. A primeira etapa do trabalho foi elaborar um projeto para buscar recursos, e em 2001 finalmente abrir oficialmente o laboratório que tem contribuído para o desenvolvimento de novas tecnologias e materiais, além de certificar o conforto em calçados. O Laboratório de Biomecânica atua ainda na pesquisa e ensaios para calçados de performance para os fabricantes de esportivos e em calçados de segurança. Também é realização de Martinho Fleck a transformação do CTCCA em IBTeC. Ele explica que como instituto a entidade adquiriu habilitação para solicitar recursos junto a órgãos de fomento. Além disto, com a nova estrutura, foi possível buscar as acreditações que hoje a instituição exibe - como Satra, ABNT, Inmetro, ISO e Rede Metrológica. As certificações emitidas pelo IBTeC, acreditadas por estas instituições, são ponto importante de apoio para que os produtos nacionais continuem sendo reconhecidos no mercado internacional. Para Martinho Fleck, esta mudança colocou o instituto no seu lugar de direito.
O resgate do CB-11, comitê da ABNT que trabalha as normas para a produção de couros e calçados, foi outra conquista do período de Martinho Fleck à frente do IBTeC. Para o empresário que dedicou uma década ao instituto, uma das maiores realizações do seu período foi a concretização da união de todas as entidades do setor, com a participação de cada uma delas na diretoria. Para o então presidente, não fazia sentido ter um instituto que trabalha para o setor sem a participação ativa de todas as entidades. Em 2003, Martinho Fleck assinou a parceria com os representantes da Fundação Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul, para a instalação de uma unidade da instituição de pós-graduação mais reconhecida no país dentro da sede do IBTeC. Ele lembra que a região precisava de uma instituição que oferecesse cursos de pós-graduação voltados para negócios, e com esta parceria o instituto contribuiu para que esta lacuna fosse preenchida. A implantação do primeiro planejamento estratégico da entidade também é uma conquista de Martinho Fleck. Foi a primeira vez em sua história que o instituto reuniu toda a equipe para definir as bases de atuação para curto, médio e longo prazos. A última realização importante da gestão de Martinho Fleck foi a conquista de recursos a fundo perdido junto ao Finep, para a implantação do Laboratório de Substâncias Restritivas, permitindo que o IBTeC pudesse realizar ensaios que certificam que as indústrias brasileiras cumprem as exigências internacionais quanto ao uso de substâncias químicas em seus produtos. Com a retomada das exportações, observada especialmente a partir do segundo semestre de 2016, este laboratório hoje é permanentemente demandado.
Martinho Fleck
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Preparo para a profissionalização da gestão
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advogado Rui Guerreiro presidiu o IBTeC no período de 2007 a 2012. Foram seis anos de um dos melhores períodos da economia brasileira. Só que o setor calçadista não surfava esta onda, porque sentia a concorrência absurda da China, que já estava consolidada no mercado internacional como fornecedora de calçados baratos e de qualidade. Foi nesta época que as entidades do setor conseguiram junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) o reconhecimento da prática de dumping pela China, criando barreiras tarifárias para os produtos chineses. Pressionado pelos empresários, o governo brasileiro atuou fortemente para garantir a ação antidumping contra os produtos chineses. A perda de espaços no mercado internacional obrigava os calçadistas a voltarem-se para o mercado doméstico. E este momento deman-
dou em maior volume o Núcleo de Consultoria, com solicitações de apoio na otimização da produção e dos resultados, para garantir competitividade aos produtos finais. Um dos destaques de sua gestão, segundo Rui Guerreiro, foi o início do processo de internacionalização do IBTeC, com a participação em feiras internacionais, e a circulação da Revista Tecnicouro em espanhol, na Colômbia. Os primeiros anos de mandato foram um período de investimentos em organização da gestão, afirma Guerreiro. Ele elenca como uma das principais realizações de sua gestão a preparação para a profissionalização da diretoria do instituto. Para isto, encaminhou a modificação do estatuto, permitindo que a entidade fosse dirigida por um presidente-executivo, um profissional de mercado, com um conselho presidido por um empresário.
Outra realização importante, segundo Guerreiro, foi a implementação do projeto de implantação do Laboratório de Substâncias Restritivas. Ele lembra que a gestão anterior obteve os recursos a fundo perdido, com um projeto junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), sendo que o laboratório foi posto em funcionamento durante seu mandato. A instalação deste laboratório foi um marco muito importante para o instituto, que passou a certificar produtos e componentes livres de substâncias restritivas, fator fundamental no processo de retomada das exportações brasileiras. O setor de EPIs também ganhou importância a partir dos investimentos feitos nas gestões de Rui Guerreiro - além de aumentar os ensaios para os calçados de segurança, o IBTeC passou a atender outros segmentos, como o de luvas, por exemplo.
Rui Guerreiro
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Linha do Tempo
1970-1979 Desde 1964, o Brasil estava sob o Regime Militar. Na década de 1970, o capitalismo convive com uma crise, mas os polos calçadistas brasileiros passaram a adotar o mesmo modelo de associativismo ao se organizarem com o apoio das entidades de classe que começaram a ser instituídas. Esse fato foi um grande passo para toda a cadeia setorial, que começou a atuar de forma sinérgica à frente do mercado competitivo. Iniciamse as exportações de calçados, principalmente pelas indústrias instaladas no RS. Essa nova realidade exigiu investimentos em modernização tecnológica, causando também o crescimento da indústria de máquinas. O setor de couros e componentes cresceu abastecendo a indústria nacional e se destacou pelo potencial exportador. O fortalecimento do design
1980-1989 O Brasil se consolida como exportador de calçados, e a qualificação da mão de obra é uma necessidade para suprir as exigências do mercado. Em 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente do País, marcando assim o fim do Regime Militar. Na década foram implantados diversos planos de combate à hiperinflação (Plano Cruzado I e II, Plano Bresser, Plano Verão), mas todos fracassaram, e ao fim do governo Sarney - que assumiu a presidência, pois o presidente eleito faleceu antes de tomar posse - o País estava mergulhado na recessão. Na política externa, o Brasil reaproximou-se de países comunistas (como China e a antiga União Soviética), reatou relações com
no calçado brasileiro foi reflexo das exportações. 1972 - Fundação do Instituto Brasileiro do Couro, Calçado e Afins (IBCCA); Cláudio Strassburguer, um dos idealizadores, foi o primeiro presidente (1972-74) 1975 - Ernani Reuter assume a presidência do instituto (1975-76) 1976 - IBCCA passa a se chamar Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA) 1977 - Odyr Fonseca assume a presidência do CTCCA (1977-78) 1979 - Roberto Sieler assume a presidência do CTCCA (1979-80); tendo como inspiração a revista Technicuir, do Centro Tecnológico do Couro de Lion/ França, a Revista Tecnicouro é criada para difundir informações técnicas e científicas para as empresas e profissionais do setor
Cuba e estreitou laços com Argentina e Uruguai, com a assinatura do protocolo do Mercosul. 1981 - Helio Augustin assume a presidência do CTCCA e atua por dois mandatos consecutivos (1981-82/1983-84) 1985 - Celso Kraemer assume a presidência do CTCCA (1985-86); a produção nacional de calçados cresce 5% e as exportações superam US$ 1 bilhão 1987 - Celso Osmar Brochier assume a presidência do CTCCA (1987-88) 1989 - José Nilton Forte assume a presidência do CTCCA (1989-90); foi estabelecida a paridade entre moeda nacional e dólar; foi lançado o Plano Verão com congelamento dos preços
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1990-1999 Foi um período de grande incerteza na economia brasileira e novamente sucessivos planos econômicos afetaram a indústria. O Plano Brasil Novo confisca a poupança e os investimentos. Muitas empresas sucumbiram, resultando em recessão setorial. As indústrias precisaram se reestruturar, visando a manter a competitividade e a própria sobrevivência. Teve início o deslocamento de plantas fabris para o Nordeste do Brasil, com forte política de incentivos fiscais para atraí-las. O calçado brasileiro chegou ao apogeu de produção de pares e de volume financeiro com as exportações. Começou-se a trabalhar produtos com maior valor agregado. O crescimento da produção dos países asiáticos, notadamente da China, é acentuado. 1991 - Fernando Collor de Mello preside o Brasil e cria programas de reformas para o comércio externo e de privatizações; José Nilton Forte é novamente presidente do CTCCA (1991-92); a inflação bate na casa dos 1.200% ao ano; o Brasil perde espaço para a China no mercado internacional; a União Soviética é dissolvida 1992 - Collor sofre processo de impeachment por corrupção e renuncia ao mandato, deixando o cargo para o vice, Itamar Franco, o que não impede o andamento do processo e a cassação. No governo de Itamar Franco foi elaborado o mais bem-sucedido plano de controle
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inflacionário da Nova República: o Plano Real, montado pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso 1993 - Aurélio Macedo assume a presidência do CTCCA (1993-94); as exportações de calçados atingem recorde histórico, chegando a US$ 1,84 bilhão 1995 - Fernando Henrique Cardoso é o novo presidente do Brasil, cujo governo se destacou pela política de estabilidade e da continuidade de reformas para a finalização do Plano Real; Celso Brochier assume pela segunda vez a presidência do CTCCA (1995-96); Foi criado o projeto Fábrica High Tech, que aconteceu na feira Couromoda, tendo a Arezzo como parceira; acontece o credenciamento do CTCCA junto ao Ministério do Trabalho; credenciamento do laboratório da Qualidade na Rede Metrológica do Rio Grande do Sul 1996 - O projeto Fábrica High Tech passa a se chamar Fábrica Modelo e a Brochier foi a primeira parceira com esta denominação 1997 - Martinho Fleck assume a presidência do CTCCA dando início a uma gestão de cinco mandatos consecutivos (1997-98/1999-00/2001-02/200304/2005-06); o CTCCA sedia o Comitê Brasileiro de Couro e Calçado (CB-11) - órgão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 1999 - foi criado o Projeto Passo a Passo pelo Conselho Técnico de Máquinas, a primeira edição aconteceu na sede do CTCCA. Mais tarde o projeto passou a acontecer durante a Francal
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2000-2009 A estabilidade econômica aquece o mercado interno, com reflexos positivos na produção de calçados. Porém, o câmbio livre instaurado no final da década de 1990 e a valorização do real frente ao dólar na segunda metade dos anos 2000 interferiram negativamente nas exportações do setor. Com as consequentes crises de variações cambiais, e a entrada cada vez maior dos chineses na produção de calçados para o mercado mundial, o Brasil teve que se reposicionar e com isso buscar novos mercados e de maneira diferente, com marcas próprias. Mas para isso necessitou agregar valor ao calçado, empregando melhores materiais e técnicas de produção. Em 2001, foi criado o termo Bric, sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China, que se destacam no cenário mundial como países em desenvolvimento. Posteriormente, a África do Sul passa a integrar o bloco 2001 - Martinho Fleck, assume também a superintendência do CB-11; o CTCCA conquista o Destaque Exportação-Tecnologia Abicalçados 2002 - É lançado o Selo Conforto para calçados; o CTCCA é a primeira instituição na América reconhecida como representante do instituto inglês Satra - a acreditação junto a organismos nacionais e internacionais coloca laboratórios do CTCCA entre os melhores da América Latina; foi criado o Centro Brasileiro da Engenharia do Calçado (Cebec)/Laboratório de Biomecânica; aconteceu o 1º Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado (SBBC); matéria publicada na Tecnicouro recebe o Prêmio Primus Inter Pares Assintecal Categoria Imprensa 2003 - Luiz Inácio Lula da Silva assume a presidência do Brasil; o instituto passa a sediar a secretaria da FGV/Decision, para a realização de cursos MBA; na área econômica, inicia-se um período de estabilidade econômica, com balança
comercial superavitária; o endividamento interno cresceu e a dívida externa teve queda; foi realizada no Sicc a primeira edição do projeto Fábrica de Artefatos 2004 - Acreditação junto ao Inmetro; com o Euro valorizado, o Brasil se destaca como uma alternativa em couros, componentes e máquinas 2005 - O CTCCA troca o nome para Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e assume um papel cada vez mais importante na pesquisa científica e inovação tecnológica do sistema coureiro-calçadista; conquista do Prêmio Reconhecimento dos Consultores Sebrae 2006 - IBTeC e Tecnicouro conquistam recomendação para a certificação ISO 9001:2000; o instituto implanta, em parceria com a Dublato, o primeiro projeto de pesquisa em nanotecnologia para o sistema calçadista; aprovação de verba Finep para modernizar laboratório químico; o instituto adquire sistema de Cinemetria para avaliar os movimentos da marcha humana; conquista do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica; IBTeC passa a qualificar também o ponto de venda de calçados e artefatos 2007 - Rui Guerreiro assume a presidência do IBTeC, dando início a três mandatos consecutivos (2007-08/ 200910/2011-12); conquista do Troféu Expressão de Excelência Tecnológica Sebrae 2008 - Inauguração do Laboratório de Substâncias Restritivas; o IBTeC é agraciado com o Destaque Institucional Couromoda 2009 - Inauguração do Memorial Nestor de Paula, espaço que abriga o acervo pessoal de um dos maiores líderes do setor; o instituto estabelece seu Reposicionamento Estratégico, tendo como propósito oferecer soluções tecnológicas diferenciadas para aumentar a competitividade internacional e o desenvolvimento sustentável da cadeia calçadista brasileira; foi aprovado o antidumping contra calçados chineses
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2010-2017 O Brasil elege pela primeira vez uma mulher para presidente: Dilma Rousseff; a inflação começa a subir e preocupa o mercado; as expectativas oficiais de crescimento foram abaixo do previsto; inicia-se um período de grande incerteza na economia brasileira com reflexos negativos na indústria. Mesmo assim, o Brasil ocupa a sexta posição na economia mundial, com a inclusão de 40 milhões de pessoas no mercado de consumo; com o mundo em crise, a âncora é o mercado interno, mas o setor é atingido por consecutivas quedas nas exportações e aumento das importações, principalmente de calçados da Ásia. Em 2016, o País vive um momento de crise econômica e política; com acusações sobre desrespeito à Lei Orçamentária e à Lei de Improbidade Administrativa, a presidente Dilma teve o mandato presidencial cassado por um processo de impeachment; quem assumiu em seu lugar foi o vice, Michel Temer, que prometendo recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento 2010 - Conquista do Prêmio Top Ser Humano, promovido pela ABRH/RS; foi realizada a primeira edição do Projeto Fábrica Conceito na Fimec, matéria publicada na Tecniocuro conquista o Prêmio Primus Interpares Assintecal/Braskem na categoria Imprensa 2011 - O IBTeC foi convidado para ser membro efetivo da União Internacional dos Técnicos da Indústria de Calçados (UITIC); matéria publicada na Tecnicouro é agraciada com o Prêmio Primus Interpares Assintecal/Braskem na categoria Imprensa; inauguração do Laboratório de
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Microbiologia 2012 - O IBTeC aprova novo estatuto e regulamento eleitoral, determinando a criação de um Conselho Deliberativo e a implantação da presidência executiva para profissionalizar a gestão; matéria publicada na Tecnicouro vence o Prêmio Primus Interpares Assintecal/Braskem na categoria Imprensa 2013 - início da gestão profissionalizada do instituto; Cláudio Chies é o presidente do Conselho Deliberativo e Paulo Griebeler assume a presidência-executiva. Com a participação dos colaboradores, foi reestabelecido o Planejamento Estratégico; o foco foi a intensificação dos trabalhos com vistas a promover melhorias bem como o aumento do escopo dos serviços e produtos oferecidos ao mercado, alinhando essa estratégia com uma maior aproximação junto às entidades setoriais e aos órgãos de fomento, no sentido de estabelecer uma atuação mais conjunta nas áreas de interesses em comum, além de se fazer mais presente nos diversos polos calçadistas; o instituto recebe o parecer positivo do Governo do RS para tornar-se uma Instituição Científica e Tecnológica (ICT); o IBTeC recebeu do PGQP diploma em reconhecimento pelo seu trabalho de autoavaliação em busca do aperfeiçoamento da qualidade; matéria publicada na Tecnicouro recebe o Prêmio Primus Inter Pares Braskem/ Assintecal Categoria Imprensa 2014 - O IBTeC conquista medalha no Prêmio Qualidade RS do PGQP e inaugura equipamentos para testes em EPI luvas; a ABNT publica as primeiras normas de substâncias restritivas criadas pelo CB-11, cuja secretaria está estabelecida na sede do instituto
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2015 - O instituto investe em treinamento da equipe, modernização das instalações e em equipamentos para a ampliação dos testes em EPI luvas; foi criado o Núcleo de Inovação Tecnológica - NIT do IBTeC, para apoiar as empresas na geração de soluções inovadoras; aconteceu o lançamento do primeiro Edital Inovação IBTeC; foi realizado o primeiro Fórum IBTeC de Inovação; nova acreditação conquistada junto ao CPSC transformou o IBTeC na primeira instituição nacional a ter os seus laboratórios credenciados pela agência para emitir laudos para a certificação de produtos a serem comercializados nos EUA; o instituto passa a integrar o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, que tem como objetivo instituir mecanismos de coordenação e planejamento das atividades do setor, contribuindo para a definição dos novos conceitos em termos de inovação, empreendedorismo, ciência e tecnologia; matéria publicada na Tecnicouro recebe o Prêmio Primus Inter Pares Braskem/ Assintecal Categoria Imprensa; outra matéria publicada na Tecnicouro recebe o prêmio Direções Abicalçados, na categoria jornalista 2016 - O IBTeC e o Sebrae lançam um pacote de serviços com o objetivo de apoiar as empresas do sistema coureirocalçadista aumentarem a produtividade e implantarem a inovação através de consultorias com crédito subsidiado; a Rede Sears credenciou os laboratórios do IBTeC a realizarem os testes de calçados que importa do Brasil; o IBTeC e o
Sebrae, em conjunto com a Abicalçados e a Assintecal, realizaram a Semana do Calçado, tendo como principal motivo promover a competitividade e sustentabilidade do setor, repensando a matriz produtiva na busca de soluções para lacunas tecnológicas; o IBTeC, em parceria com o Sebrae, inicia um programa para a gestão das substâncias restritivas na indústria calçadista, qualificando a cadeia de fornecimento; durante o Top Qualidade - promovido pela ACI-NH/CB/EV, através do Comitê Regional Qualidade RS Vale do Sinos, o IBTeC recebeu diploma em reconhecimento pelo seu trabalho na busca do aperfeiçoamento da qualidade; matéria publicada na Tecnicouro recebe o Prêmio Primus Inter Pares Braskem/ Assintecal Categoria Imprensa 2017 - Na Couromoda, o IBTeC demonstra tecnologia para a absorção de vibrações que foi aplicada em calçados da Klin a partir de estudos realizados por pesquisadores do instituto; projeto em parceria com o Sebrae possibilita às empresas se adequarem ao Selo Abvtex de sustentabilidade; foi reinaugurado o Laboratório de Luvas e vestimentas, com a apresentação de equipamentos para a realização de novos testes nos EPIs; novos auditores internos foram formados para preparar o instituto para a recertificação ISO 9001, já na versão 2015; Happy Hour com Tecnologia ganha novo fôlego e apresenta uma continuidade de assuntos de alta relevância para o desenvolvimento do setor; foi criado o workshop Clínica Tecnológica, com apoio do Sebrae para qualificar as MPE
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Laboratório de Biomecânica
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Brasil é pioneiro na criação de normas técnicas para quantificar o conforto oferecido por um calçado e da metodologia para fazer esta medição. Para que as normas sejam atendidas, os testes são realizados em ambiente preparado, em condições que abrangem desde a climatização do ambiente até a calibragem dos equipamentos. Já na década de 1980, técnicos ligados ao instituto percebiam que o consumidor buscava um diferencial nos calçados, e desse desejo surgia uma oportunidade para as indústrias brasileiras oferecerem mais do que qualidade no acabamento. O conforto seria o caminho para esta diferenciação, mas na época não havia dados e tampouco uma metodologia para quantificar com precisão o nível de conforto proporcionado pelos calçados. No ano de 1988, o engenheiro Fernando Geib, reponsável pelo departamento de Automação Industrial do CTCCA, conheceu o trabalho que o Dr. Aluisio Avila desenvolvia como coordenador do Laboratório de Biomecânica da
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Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e tratou de aproximar o pesquisador do Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins (CTCCA). Em 1990, sob a orientação do então superintendente do centro, Ênio Klein, e do presidente, José Nilton Dias Forte, foi organizada uma visita técnica de 18 empresários à instituição de ensino para discutirem a viabilidade de se estabelecer uma metodologia científica visando à avaliação das características funcionais dos calçados. Fruto desta iniciativa, em 1992, aconteceu a primeira parceria entre a universidade, o CTCCA e a empresa Fôrmas Kunz para a realização de um estudo antropométrico dos pés brasileiros. Para isso, foi instalado um laboratório na universidade com a capacidade de realizar análises dos calçados e a sua interação com os pés dos usuários. O passo seguinte foi a criação de normas técnicas para nortearem o processo de avaliação das propriedades dos calçados visando ao conforto. Em 1995, o Dr. Avila passou a trabalhar na Universidade do Esta-
do de Santa Catarina (Udesc), que tinha o mais completo laboratório de biomecânica do calçado de toda a América Latina. Essa estrutura, aliada ao conhecimento científico acumulado pelo pesquisador, possibilitou a conclusão dos trabalhos para a elaboração das normas técnicas para a avaliação do conforto nos calçados. Em 2001, o presidente Martinho Fleck tomou duas decisões fundamentais para consolidação do Selo Conforto e Saúde do Pé: a criação do Centro Brasileiro de Engenharia do Calçado Nestor Herculano de Paula (o Laboratório de Biomecânica do CTCCA) e a contratação do pesquisador Dr. Aluisio Avila para assumir a coordenação do projeto. Em 2002, o novo laboratório foi apresentado para os empresários do setor e os testes de conforto passaram a ser realizados nesse local. A estruturação completa levou três anos para ser concluída, sendo inaugurada oficialmente em 2005, equipada com o que havia de mais avançado em tecnologia para a realização de ensaios em calçados.
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Conforto em componentes Inicialmente, a determinação do conforto no calçado era relacionada somente ao produto acabado, mas posteriormente sentiu-se a necessidade de avaliar também os materiais componentes isoladamente. Hoje, são três normas para a avaliação de palmilhas, forros e solados, que regulamentam uma série de testes de caracterização não apenas dos materiais, mas também das substâncias neles utilizadas. O objetivo, neste caso, é, além de avaliar as propriedades mecânicas, detectar se existe na composição do componente alguma substância restrita e, quando constatado o surgimento, definir se a mesma está dentro dos limites aceitáveis, segundo as mais importantes legislações internacionais. A preocupação é garantir que, além das
propriedades biomecânicas que asseguram o conforto, o componente analisado não representa riscos à saúde do usuário e nem ao meio ambiente. O Brasil é o único país a ter publicado normas que quantificam o conforto oferecido pelos calçados e seus componentes. Com a publicação das normas técnicas, as indústrias avançam na busca da excelência, tendo ao seu dispor diretrizes confiáveis para o desenvolvimento de produtos com os atributos técnicos necessários ao conforto e à saúde do usuário, e a sustentabilidade ambiental. As normas do sistema coureiro-calçadista são publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e elaboradas através do Comitê Brasileiro do Couro, Calçados e Artefatos de
Couro (CB-11), cuja secretaria funciona na sede do IBTeC e é custeada com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Com a participação efetiva de todos os segmentos interessados produtores, consumidores e órgãos neutros -, as comissões de estudos do CB-11 se reúnem periodicamente para tratar da criação, revisão, consulta pública e publicação das normas técnicas relativas a produtos, processos e procedimentos em testes e ensaios laboratoriais. O resultado deste trabalho é o constante aperfeiçoamento dos produtos brasileiros e o aumento da competitividade das empresas no mercado interno e em nível mundial.
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FOTO LUÍS VIEIRA
O conforto também passa pela fôrma Outra norma relacionada ao conforto é a que determina diferentes perfis em fôrmas para o mesmo número de calçado. A medição é feita através de tabelas de referência, padronizando a numeração dos calçados e apresentando o comprimento e o perímetro das fôrmas para cada numeração de calçados masculinos, femininos e infantis. São levados em consideração três aspectos: comprimento do pé, perímetro da fôrma e perímetro do pé. Essa norma determina que para atender ao
calce de uma determinada população a fôrma deve ser desenvolvida no mínimo com três perfis para cada numeração: fôrma delgada, para atender aos pés delgados; fôrma normal, para pés médios; fôrma robusta, para pés robustos. Como durante a fase de apoio o pé recebe um incremento de em média 4mm a 8mm, a fôrma deve representar o pé na sua forma dinâmica, ou seja, contemplar no seu comprimento um valor maior do que o comprimento do pé que ela representa.
O instituto criou três selos para destacar aquelas empresas que investem em inovações nos seus produtos:
Selo Conforto Utilizado individualmente no produto testado e certificado com os atributos de conforto. Tem prazo de validade de um ano e é concedido unicamente aos modelos de calçados e componentes testados e aprovados em todos os quesitos que determinam o nível de conforto proporcionado. Após este período, só mantém a certificação a empresa que submete o modelo certificado a novos testes, e a performance é novamente comprovada durante os ensaios. Selo Tecnologia do Conforto Disponibilizado para as empresas que investem continuamente na análise, em pesquisas e na busca de soluções que agreguem atributos de performance, saúde e conforto aos seus produtos. Selo Inovação Destaca empresas que através de pesquisa desenvolveram produtos que contêm componentes com atributos de inovação, gerando registro de patente para os mesmos.
Conceitualmente um calçado é confortável quando: - permite à pessoa se concentrar na sua performance; - oferece um bom calce sem pressões excessivas sobre os pés; - é leve e flexível para economizar energia e poupar a musculatura; - transpira e mantém os pés secos e levemente aquecidos; - evita a pronação excessiva do calcâneo na fase do impacto do calçado com a superfície de apoio, protegendo as articula-
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ções de lesões; - oferece tração suficiente prevenindo contra escorregamento e queda, permitindo um pisar com segurança e estabilidade; - oferece amortecimento na fase de impacto do calçado com as superfícies de apoio, minimizando as vibrações transmitidas para o corpo, protegendo as estruturas musculoesqueléticas; - promove a satisfação do usuário.
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Laboratório de substâncias restritivas dá suporte aos exportadores esde sua criação, o IBTeC vem agregando novos serviços, à medida que o setor coureiro-calçadista vai demandando. Em 2008 foi inaugurado o Laboratório de Substâncias Restritivas, uma necessidade que passou a ser primordial, especialmente para as empresas que exportam. Com as regulamentações internacionais sobre o uso de produtos químicos em insumos e componentes de calçados, as indústrias brasileiras passaram a necessitar de laudos que garantissem sua adequação às exigências de cada mercado. Depois de dois anos de planejamento, pesquisas e busca por recursos, finalmente foi inaugurado o primeiro laboratório de substâncias restritivas do Rio Grande do Sul. A engenheira química Carmen Buffon era a diretora técnica dos laboratórios à época. Ela conta que foi enviado projeto à Finep, em parceria com algumas empresas da região, o que possibilitou o início do processo de estruturação de um conjunto de laboratórios que suprissem a demanda apresentada, e principalmente, facilitasse aos exportadores de couros, componentes e calçados, obter laudos técnicos confiáveis para acompanhar os produtos exportados. “Buscamos recursos através de edital, pois tínhamos certeza de que o atendimento desta demanda por análise de substâncias restritivas iria abrir caminhos para a
exportação dos nossos produtos”, lembra Carmen. Para que o projeto se tornasse realidade, o instituto contou com a participação de seis indústrias calçadistas que aportaram os recursos de contrapartida que a Finep, através do CNPQ/Ministério da Ciência e Tecnologia, exigia para liberar a verba de instalação a fundo perdido. Em troca de sua participação na estruturação do laboratório, estas empresas receberam créditos em serviços futuros. Na mesma época, o crescimento da preocupação com a sustentabilidade ambiental fez com que o IBTeC buscasse recursos para a estruturação do seu laboratório de Microbiologia. A luta para a conquista dos dois laboratórios tinha como objetivo dar acesso rápido às industrias do cluster calçadista a ensaios que se tornavam cada dia mais importantes para o setor, em função das exigências internacionais, cada vez mais rígidas. O controle das substâncias restritivas entrou na pauta do segmento há mais de 10 anos e a urgência dessa gestão cresce na mesma medida que novas regulamentações são criadas mundo afora, aumentando a listagem dos elementos controlados com a diminuição dos limites permitidos. Na última década, não apenas os países, mas também as empre-
sas passaram a estabelecer listas próprias e cada uma é diferente das outras, tanto no rol das substâncias quanto nos limites autorizados, o que torna o monitoramento ainda mais complexo. Essa é uma situação que tem causado preocupação entre empresários da cadeia produtiva - compreendendo desde a rede de suprimentos até os fabricantes de produtos acabados. Se por um lado precisam investir recursos para oferecer aos mercados compradores garantias de que cumprem todas as exigências, por outro querem evitar o aumento do preço final dos seus artigos, pois com isso perderiam em competitividade. Diante deste dilema, os gestores são provocados a transformar tais exigências em valor percebido pelos clientes, e a busca pela atualização é o mecanismo mais adequado para o enfrentamento do desafio. FOTO RAQUEL GUIMARÃES
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Carmen Buffon
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O Regulamento Reach é o mais abrangente
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riado pela União Europeia (UE) em 2007 para substituir um conjunto de 40 diretivas e regulamentos comunitários, o Regulamento Reach - Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Substâncias Químicas - é o mais abrangente instrumento legislativo neste assunto, com mais de 45 mil substâncias registradas na sua base de dados, sendo que essa listagem deve ser finalizada em 2018. A resolução é aplicada a todas as substâncias químicas, incluindo, além das utilizadas na indústria, as presentes no cotidiano das pessoas - produtos de limpeza, tintas, vestuário, calçados, mobiliário, eletroeletrônicos, brinquedos etc. A exigência é que os produtores e importadores europeus de substâncias químicas, produtos ou artigos que contenham substâncias químicas cumpram as determinações com relação à segurança, meio ambiente e saúde. Como nem sempre há o contato da substância com a pele, uma grande preocupação é como os produtos químicos podem se acumular na natureza, principalmente na água e no solo, e depois - de uma forma indireta - afetar o ser humano, pelo consumo de água ou alimentos. Esta avaliação é feita por institutos de competência comprovada, baseados em testes laboratoriais e pesquisas científicas. Quando detectado algum dano às pessoas, os organismos
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internacionais listam o elemento, determinando as concentrações máximas toleradas. Em relação ao Reach, um dos pré-requisitos é a correta identificação e registro das substâncias químicas, em sua forma isolada ou em componentes e artigos manufaturados, com amplo acesso às informações. Desta forma, o regulamento impacta em todas as partes da cadeia de abastecimento dos países membros da UE (fabricantes, importadores, distribuidores, varejistas e até os usuários). Consequentemente, os países que, assim como o Brasil, exportam para membros da UE também são afetados.
Regulamentação brasileira O Laboratório de Substâncias Restritivas é coordenado pelo vice-presidente executivo do IBTeC, Dr. Valdir Soldi. Ele ressalta que o objetivo central das diretrizes é estabelecer limites ou proibições para o uso de substâncias perigosas preservando a saúde da população e o meio ambiente. Porém, as legislações também servem como uma espécie de barreira técnica para a entrada de produtos nos mercados. Por não ter ainda uma lei específica sobre este assunto, o Brasil permite que produtos potencialmente nocivos às pes-
soas e à natureza entrem livremente pelas nossas fronteiras e concorram com produtos nacionais no mercado interno, o que significa prejuízos para empresas que investem na adequação dos seus produtos. Independente desta situação é importante salientar que a preocupação com o controle das substâncias não deve ser uma exclusividade para quem importa ou exporta. Esta é uma responsabilidade também para as empresas brasileiras que desenvolvem produtos para o mercado interno. O sistema coureiro-calçadista foi pioneiro, iniciando em julho de 2013 os primeiros estudos para a criação de uma legislação para as substâncias químicas restritivas no País As Comissões do CB-11 estudam normas internacionais, os membros discutem a formulação da norma brasileira, o texto é submetido à Consulta Nacional e somente após a aprovação a norma é publicada. Este é um trabalho voluntário e está aberto à participação de todos os interessados. As normas da ABNT têm caráter voluntário em sua utilização, o que não obriga as empresas a utilizarem. Essa situação pode mudar caso o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) adote uma resolução, determinando o caráter obrigatório.
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A cadeia de fornecedores passa por ajustes
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té o fechamento desta edição, o Comitê Brasileiro de Couro, Calçados e Artefatos de ouro (CB-11), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), já havia publicado 10 normas relacionadas a substâncias de uso restrito utilizadas no setor. Na primeira reunião do grupo responsável pela normatização das substâncias restritivas em 2017, realizada no último mês de abril, os participantes determinaram o estudo de mais duas normas (Azo corantes e Organoestanhos) baseadas em Satras e ISO. Até final de 2017 está previsto a publicação de mais quatro normas - a Tabela Orientativa/Norma Geral e a norma para o uso de Ftalatos, além dessas duas já em estudo. Ao lado, a listagem das normas já publicadas.
- ABNT NBR 16268:2014 Determinação de cádmio - Método decomposição úmida; - ABNT NBR ISO 17075:2014 Couro - Ensaios químicos - Determinação do teor de cromo VI; - ABNT NBR ISO 13365:2014 Couro - Testes químicos - Determinação do teor de conservantes (TCMTB, PCMC, OPP, OIT) em couro por cromatografia líquida; - ABNT NBR ISO 17070:2014 Couro - Testes Químicos - Determinação do teor de pentaclorofenol; - ABNT NBR ISO 17234-1:2014 Couro - Testes químicos para determinação de certos azo corantes em couros tingidos Parte 1: Determinação de certas aminas aromáticas derivadas de azo corantes; - ABNT NBR ISO 17072-1:2015 Couro - Determinação química do teor de metais Parte 1: Metais extraíveis17226-1; - ABNT NBR ISO 17226-1:2014 Couro - Determinação química do teor de formaldeído Parte 1: Método de cromatografia líquida de alta performance (HPLC); - ABNT NBR ISO 17072-2:2015 Couro - Determinação química do teor de metais Parte 2: Teor total do metal; - ABNT NBR ISO 14184-1:2014 Têxteis - Determinação de formaldeído Parte 1: Formaldeído livre e hidrolisado (método de extração em água); - ABNT ISO/TS 16186:2016 Calçados - Substâncias críticas potencialmente presentes em calçados e componentes para calçados - Método de ensaio para determinação quantitativa do dimetilfumarato (DMFU) em materiais de calçado.
A exemplo de organizações globais como Adidas, Nike, Asics e Puma, que têm determinações próprias a serem cumpridas pelos seus fornecedores, algumas empresas nacionais também iniciaram o ajuste da sua rede de suprimento, tendo como base as diretrizes internacionais adotadas pelos respectivos mercados compradores. A Bibi é exemplo de gestão completa dos materiais usados nos calçados, sendo a primeira a treinar toda a cadeia de fornecedores. Com essa atitude preserva não apenas a saúde dos consumidores, mas também dos colaboradores internos, que manuseiam os materiais durante os processos de fabricação. Tudo começou a partir de uma estratégia da marca para reforçar as exportações, mas como o sucesso dependia do cumprimento das rigorosas barreiras técnicas de mercados como Europa, EUA, Coreia, Canadá e Turquia, buscou apoio junto ao IBTeC para a formatação do programa. Em seguida foram produzidos manuais técnicos e realizados treinamentos específicos para os fornecedores de cada tipo de matéria-prima. Além desse trabalho, também foi feita a capacitação da própria equipe de P&D para escolher materiais que, acima do apelo de moda, sejam elaborados com o controle das substâncias. O processo levou um ano e o resultado é percebido desde a coleção de 2015. A Alpargatas, a Arezzo, a Beira Rio e a Usaflex também iniciaram o processo para aprimorar os materiais por elas utilizados, através da qualificação dos parceiros. Os projetos abrangeram a formatação de manuais específicos para atender as necessidades das respectivas marcas, que estão tratando da adequação das indústrias de base.
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Apoio do Sebrae viabiliza a conformação
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IBTeC estabeleceu uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae RS), o que facilita este alinhamento entre os fornecedores, devido ao subsídio de parte dos custos. A Beira Rio foi a primeira grande empresa a utilizar este recurso para a gestão de substâncias restritivas em toda a sua rede de suprimentos (em torno de 400 empresas). Com prazo de execução até dezembro de 2017, o projeto abrange sensibilização sobre a importância desta conformidade, entrega de manuais personalizados para os diferentes grupos de componentes, consultorias e auditorias para a adequação dos fornecedores. A Usaflex é a mais nova empresa a iniciar a adequação nesta modalidade, firmando contrato no último dia 3 de maio. O IBTeC desenvolverá a capacitação de apro-
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ximadamente 150 empresas, trabalhando a preparação e o treinamento dos fabricantes de componentes, a validação dos produtos, além de desenvolver um manual com orientações técnica para processos operacionais de aquisição e gestão de materiais. O trabalho do Sebrae é apoiar os fornecedores que se enquadram como MPE. O gerente regional do Sebrae, Marco Copetti, comenta que o setor calçadista passa por um processo de melhoria de toda a cadeia produtiva. “Nenhuma cadeia de valor vai se desenvolver sem o fortalecimento de todos os elos. É muito importante que as empresas âncoras proporcionem oportunidades como esta aos seus parceiros para trazermos tecnologia e conhecimento ao setor, pois o mercado vai excluir aqueles que, independentemente do seu tamanho, não se alinharem para suprir essa necessidade”, considera.
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Caracterização de Materiais, Produtos e Equipamentos Laboratório de ensaios físico-mecânicos foi o primeiro a ser instalado no IBTeC, e a sua estruturação remonta ao próprio nascimento do instituto, quando da aquisição dos primeiros equipamentos para as avaliações em calçados e seus respectivos materiais, visando a garantir a qualidade dos produtos brasileiros. Por um bom tempo os testes tiveram como propósito ajudar as empresas a adequarem seus calçados para atender às exigências do mercado externo, tendo como base demandas repassadas, principalmente, pelas companhias de exportação. Paulatinamente, o laboratório passou também a contemplar as necessidades das empresas fabricantes de equipamentos de proteção individual (EPIs), pois muitos dos equipamentos usados para testar os calçados de moda e casuais eram os mesmos para avaliar os calçados ocupacionais, de segurança e proteção. Na metade dos anos 2000, houve uma queda significativa nas exportações, e no mesmo período aconteceram mudanças nas normas de EPIs, tornando os testes mais abrangentes, o que acabou por revelar este como um mercado bastante promissor. No caso das luvas, por exemplo, a exigência era que os testes de avaliação da qualidade do produto também levassem em conta o risco real a que o profissional estava exposto. As normas brasileiras foram adequadas, equiparando-se com as europeias. Uma profissional que se envolveu
muito com esta questão foi Viviane Trespach, que na época trabalhava como técnica do instituto e se interessou em estudar as normas. Ela trabalhava sob coordenação de Carmen Buffon que, em 2008, fez um projeto para adquirir equipamentos específicos para testes de riscos mecânicos em luvas, dando origem a um novo laboratório, que é um dos que mais têm crescido no IBTeC nos últimos anos, devido à grande procura por empresas que precisam atestar a funcionalidade dos seus produtos. Enquanto os ensaios em luvas para riscos químicos implantados se referem à penetração e permeação de produtos químicos, os de riscos térmicos avaliam as luvas diante à propagação de calor e chamas, bem como a resistência da luva ao contato com calor e a transmissão de calor por contato com chama. Já os ensaios para riscos mecânicos avaliam a resistência das luvas contra perfuração, corte, abrasão e rasgos, todos eles conforme normas internacionais. “O próximo passo foi investir em testes para riscos químicos e calor térmico, por indicação de uma das empresas que já atendíamos”, lembra Viviane. Após a saída da coordenadora Carmen do IBTeC, Viviane passou a se inteirar ainda mais com a questão dos EPIs. “Eu já estava estudando as normas e sabia quais eram os próximos encaminhamentos a serem feitos, o que facilitou o processo. Após ter implantado os testes
de calor térmico, passamos a equipar o IBTeC com um novo laboratório para testes de calor radiante. A ação foi concretizada já no primeiro mandato da gestão de Paulo Griebeler, no biênio 2013/14, que investiu na modernização do espaço físico, a capacitação humana e a aquisição e instalação dos equipamentos”, salienta Viviane. Além de atender as indústrias de calçados e de EPIs, o Laboratório Físico-Mecânico do IBTeC também presta serviços a uma série de outros setores, como análises de couros e componentes de calçados e artefatos, laudos de conforto térmico em banheiros químicos e em contêineres (que são necessários para a liberação de licença junto aos órgãos competentes), ensaios para avaliação de chupetas, mamadeiras e materiais escolares em conformidade com as normas exigidas.
FOTO LUÍS VIEIRA
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Viviane Trespach
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Novo laboratório, de Luvas e Vestimentas
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os últimos quatro anos foram investidos R$ 4 milhões e a projeção é investir na ordem de R$ 8 milhões ao longo dos próximos quatro anos. As áreas de recursos humanos, incremento nos laboratórios já existentes e criação de novos nichos de atuação estão entre as prioridades da administração. Uma das frentes é apostar em novos nichos de mercado. A ampliação do parque tecnológico inicia-se com o Laboratório de Luvas e Vestimentas. Resultado de dois anos de pesquisas e busca de equipamentos, e investimentos de mais de R$ 1 milhão, o Laboratório está equipado para realizar diferentes ensaios para testar a resistência dos EPIs a diversas ações, para variados setores
de serviços e industriais. “Fomos disponibilizando os ensaios aos poucos e tivemos a grata satisfação de ter uma procura muito superior à nossa expectativa”, comenta o presidente-executivo, Paulo Griebeler. Com este laboratório, o IBTeC diversifica sua atuação para atender segmentos que vão do médico, passando por construção civil, metalmecânico, entre outros. Griebeler, salienta que “o primeiro ano de funcionamento nos surpreendeu muito, pelo volume de procura e pela fidelização dos clientes que estão usando nossos serviços”. O vice-presidente executivo do IBTeC, Valdir Soldi, doutor em Química, que coordenou a estruturação do laboratório, comenta que a decisão de fazer o investimento
ocorreu a partir do trabalho feito pelo IBTeC para as indústrias fabricantes de calçados de segurança, que são atendidos pelo laboratório de caracterização de materiais do IBTeC há muitos anos. O relacionamento com empresas deste setor fez com que a equipe técnica do IBTeC percebesse um novo nicho dentro do segmento de saúde e segurança do trabalho - os fabricantes de luvas e de vestimentas para o trabalho necessitam de Certificado de Aprovação (CA) fornecido pelo Ministério do Trabalho para EPIs. O CA é emitido a partir de ensaios que confirmam a qualidade do equipamento para atender parâmetros específicos para cada uso. O IBTeC tem autorização do Ministério do Trabalho e Emprego para emitir estes CAs.
Ensaios realizados em luvas e vestimentas - Luvas para risco mecânico: resistência ao corte; resistência a abrasão; resistência ao rasgo; resistência ao perfuro. - Luvas para risco químico: todas as resistências de risco mecânico; resistência a àgua; resistência a produtos químicos (ácidos, base, solventes, orgânicos). - Luvas para riscos térmicos e/ou soldagem: todas as resistências de risco mecânico; resistência a calor de contato; resistência à chama; resistência a calor convectivo; resistência a calor radiente; resistência a respingos de solda; resistência a grande quantidade de metal fundido. - Vestimentas para riscos mecânicos: resistências à tração; resistências ao rasgo; resistência ao estouro; resistência à lavagem (encolhimento); - Vestimentas para riscos térmicos e/ou soldagem: todas as resistências de risco mecânico; resistência ao calor em ar circulante; resistência à chama; resistência a calor de contato; resistência a calor convectivo; resistência a calor radiante; resistência a respingos de solda; resistência a grande quantidade de metal fundido. - Vestimentas para riscos de umidade: resistência ao rasgo; resistência ao frio; resistência à penetração de líquidos; resistência á blocagem; gramatura.
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Laboratório de microbiologia testa a qualidade da biodegradação dos materiais
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biodegradabilidade tratase de uma característica presente em substâncias químicas naturais, permitindo que as mesmas sejam usadas como substratos por micro-organismos - que as usam para se alimentar, produzir energia e criar outras substâncias. Esse processo oferece vantagens ambientais por possibilitar a eliminação de alguns contaminantes, tanto de origem orgânica quanto inorgânica. Entretanto o tratamento pode não ser tão efetivo se o contaminante apresentar elementos tóxicos, como metais pesados ou se o meio ambiente apresentar um pH extremo. Nesses casos, é necessário um tratamento prévio que ofereça condições para que as bactérias e fungos executem o processo sem serem destruídos ou deixar resíduos que possam causar danos às pessoas ou ao meio ambiente. A preocupação com a qualidade da biodegradação dos materiais tem
aumentado na medida em que as empresas cada vez mais lançam no mercado produtos anunciados com esta propriedade como diferencial. Atendendo a esta necessidade, desde 2011, o IBTeC disponibiliza o seu Laboratório de Microbiologia onde são realizados ensaios para as organizações que buscam desenvolver materiais e produtos que gerem menor impacto ambiental quando descartados ao meio ambiente. Durante as análises, é verificado, por exemplo, se o produto é biodegradável ou oferece resistência à biodegradação e, inclusive, o período de tempo que o material leva para biodegradar. Também é possível realizar testes para alterar materiais de forma a aumentar ou diminuir a deterioração do mesmo a partir da ação de micro-organismos. A identificação da quantidade e dos tipos de micro-organismos que podem deteriorar materiais específi-
cos é outra análise que tem por finalidade facilitar o desenvolvimento de novas soluções. O coordenador do laboratório é o pesquisador Dr. Markus Wilimzig. Segundo ele, todas as análises podem ser acompanhadas de avaliação visual relativa às mudanças físicas dos materiais. “Os ensaios podem ser rápidos (uma semana) ou se prolongar por mais tempo. Normalmente, quando um material não deteriora dentro de um período de seis meses, podese considerá-lo não biodegradável”, aponta o especialista. Ele explica que alguns ensaios podem, inclusive, durar de 12 a 24 meses, e que é possível adicionar à análise de biodegradabilidade ensaios para evitar que esse processo aconteça, através do uso de diversos produtos auxiliares - como desinfetantes e antibióticos ou ainda por intermédio da variação da temperatura ou umidade do meio ambiente.
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Apoio técnico para otimizar resultados Consultoria empresarial A área de consultoria técnica para as empresas é hoje, como sempre foi ao longo da história do instituto, uma das mais solicitadas pelos clientes do IBTeC, que atende indústrias de todo o Brasil. Os consultores desenvolvem um amplo trabalho de consultoria que abrange a organização do leiaute da empresa, passando por todos os estágios da produção, de forma a otimizar os resultados através do ajuste dos processos, auxiliando na implantação de metodologias de trabalho e programação de produção, visando
a diminuição de perdas e o aumento da produtividade. Os técnicos fazem uma verdadeira imersão na empresa e, em conjunto com a equipe interna, identificam os gargalos, elaboram o diagnóstico da situação operacional e encaminham sugestões de melhorias nos produtos e processos, que impactam positivamente sobre a produtividade da organização contratante do serviço. As consultorias são realizadas a partir de duas situações: - por solicitação das empresas - pela identificação de problemas nos produtos testados nos laboratórios do instituto
FOTO WORLDPRESS.COM
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Qualificação do varejo O IBTeC oferece um programa para a qualificação dos profissionais da área de vendas que atuam no varejo calçadista. Dentre os conteúdos são fornecidas informações técnicas sobre a construção do sapato, instrumentalizando tanto os atendentes quanto a gerência para fazerem a venda dos produtos atendendo às necessidades e exigências de consumidores cada vez mais informados. Durante o programa são repassados assuntos fundamentais para que os participantes tenham o conhecimento correto sobre o calçado que está oferecendo ao cliente. Dentre os aspectos abordados estão a classificação dos calçados, o detalhamento sobre partes dos calçados, materiais utilizados e processos de fabricação. Também são destacadas informações sobre os atributos de conforto, a engenharia do calçado, os cuidados necessários com os pés e características e controle da qualidade. Os profissionais em treinamento aprendem ainda sobre como experimentar e escolher o modelo ideal, cuidados para a conservação, principais problemas e reclamações sobre calçados, legislação, vitrinismo e logística.
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Desenvolvimentos em parceria com empresas
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o longo da sua história, o IBTeC realizou vários projetos em parceria com empresas de diferentes segmentos do calçado, no intuito de agregar mais funcionalidade e inovação, visando ao conforto e à saúde do usuário final. Estes são alguns dos projetos com impacto no mercado, surgidos a partir desses estudos.
2017 - Produto ou sistema desenvolvido: forros (em andamento) - Empresa parceira: Brisa /Intexco - Finalidade: melhoras na relação do material com o tipo de fixação (colagem) - Atributos conferidos: clareza na definição sobre qual material e método de colagem são os mais eficazes para controle da temperatura interna - Envolvimento do IBTeC: realização dos testes e consultorias em relação à melhoria do material - Outra empresa ou instituição envolvida: posteriormente (ainda não foi realizado por completo) estes forros serão inseridos em calçados de uma marca feminina 2017 - Produto ou sistema desenvolvido: metodologia de medida de absorção de vibrações mecânicas por parte de calçados infantis - Empresa parceira: Klin - Finalidade: evitar que as vibrações mecânicas - resultados do impacto no caminhar - sejam prejudiciais ao sistema musculoesquelético da criança - Envolvimento do IBTeC: desenvolvimento de um índice para classificar os calçados, realização dos testes e promover alterações nos calçados, principalmente nos solados 2017/16 - Produto ou sistema desenvolvi-
do: botas imobilizadoras (em andamento) - Empresa parceira: Mercur - Finalidade: testes e criação de um novo material (bota imobilizadora) - Atributos conferidos: função de imobilizar, sem trazer consequências lesivas para o usuário - Envolvimento do IBTeC: realizar os testes e consultorias em relação à melhorias no produto - Outra empresa ou instituição envolvida: empresas de solados, palmilhas e modelistas 2016 - Produto ou sistema desenvolvido: palmilha (concluído) - Empresa parceira: Bibi - Finalidade: funcionalidade/conforto/ saúde - Atributos conferidos: melhoria das funcionalidades de um modelo de palmilha para calçado infantil - Envolvimento do IBTeC: realização dos testes e consultorias em relação à melhoria do material - Outra empresa ou instituição envolvida: posteriormente aos testes foi requerida patente do produto através da empresa Guerra IP 2009 - Produto ou sistema desenvolvido: sistema anti-impacto para calçados de salto alto - Empresa parceira: Ramarim - Finalidade: filtrar as vibrações mecânicas decorrentes do impacto do calçado no caminhar, evitando lesões no sistema musculoesquelético. - Envolvimento do IBTeC: desenvolveu conjuntamente com a empresa dois sistemas de absorção de impacto, a serem colocados no salto e realização dos testes de conforto, com ênfase do impacto, resultando em duas patentes geradas. 2007-08/2015-16
- Produto ou sistema desenvolvido: Palmilha Sequinha – palmilha tecnológica em três camadas com sistema de absorção de suor e antimicrobiano (nanotecnologia da prata) - Ano em que foi realizado: 20072008 nesta primeira fase houve o desenvolvimento do componente tecnológico e seu lançamento em 2008; 2015-2016 houve um aprimoramento do produto - Empresa parceira: Dublauto Gaúcha - Finalidade: desenvolver uma palmilha voltada ao conforto e saúde dos pés - Atributos conferidos: propriedades de ultra absorção e dessorção de suor, além do tratamento antimicrobiano, utilizando a nanotecnologia. Foi aprimorado com a incorporação de um blend contendo óleos essenciais nanoencapsulados que conferem a propriedade antimicrobiana de forma natural contendo o sistema de absorção de suor. Além do tratamento antimicrobiano natural, o tecido de acabamento também recebe a incorporação de ativo natural que melhora a hidratação da pele dos pés - Envolvimento do IBTeC: na primeira fase a parceria, análise e sugestões para a busca de propriedade de absorção e caracterização do não tecido, assim como medições de sua eficiência, além de testes de biomecânica do produto completo para comprovar o aumento do conforto e microclima interno. Na segunda fase, caracterização e aprimoramento da tecnologia aplicada ao produto com a comprovação da eficiência do antimicrobiano natural com óleos essenciais nano encapsulados - Outra empresa ou instituição envolvida: a Unicamp, no desenvolvimento do produto - Subsídio e a partir de órgão de fomento: Finep - Patenteado: sim
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Projetos em feira são destaque
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IBTeC sempre acreditou no potencial das feiras brasileiras como fomentadoras de negócios e relacionamentos, impulsionando a competitividade da indústria nacional através do acesso a novos mercados. Esse reconhecimento é reforçado através da realização de projetos especiais em parceria com os organizadores das feiras mais destacadas. Durante os 45 anos de fundação do instituto, foram consolidados diversos modelos de projetos, configurados para funcionar como linhas de produção trabalhando em tempo real. Tudo começou em 1995, com a realização do projeto Fábrica High Tech, realizado na feira Couromoda, em São Paulo/SP, tendo como parceira a Arezzo. No ano seguinte, o projeto passou a chamar Fábrica Modelo e a Brochier foi a primeira parceira com esta denominação. Quatro anos mais tarde, em 1999, foi criado o Projeto Passo a Passo pelo Conselho Técnico de Máquinas. A primeira edição aconteceu na sede do CTCCA, e mais tarde o projeto
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passou a acontecer durante a Francal. Esses empreendimentos demonstram as principais etapas na montagem de calçados e artefatos, além de apresentar ao público visitante o funcionamento de máquinas e equipamentos e a aplicabilidade de materiais. Devido ao caráter didático, os expectadores têm a oportunidade de esclarecer in loco eventuais dúvidas sobre os componentes ou as diversas tecnologias demonstradas. Com o avanço do tempo, novas exigências e adaptações foram sendo incorporadas, e hoje a responsabilidade socioambiental e atributos de inovação tecnológica e performance são priorizados dentre as empresas interessadas em participar.
Viés social Além da preocupação em demonstrar soluções voltadas à preservação do meio ambiente, os projetos enfatizam o compromisso social do instituto, através da seleção de pro-
fissionais que se encontram fora do mercado de trabalho, para que eles tenham a oportunidade de demonstrar aos empresários visitantes a sua qualificação, aumentando assim as chances de admissão. Os projetos são tradicionalmente um dos principais focos de visitação dos eventos, atraindo a atenção de profissionais, pesquisadores e formadores de opinião, que têm a vantagem de poder acompanhar o resultado final de todo esse complexo sistema. Outra ação neste sentido é a doação de parte da produção para entidades de assistência social. Hoje, dois projetos desta magnitude acontecem regularmente nas feiras setoriais - a Fábrica Conceito, que é montada desde 2010, em parceria com a Fenac e a Coelho Assessoria, na maior feira de máquinas e componentes do ocidente (Fimec), em Novo Hamburgo/RS, e a Fábrica de Artefatos que desde 2003 ocorre durante o Salão Internacional do Couro e Calçado (Sicc), que apresenta, em Gramado/RS, as tendências em calçados e artefatos.
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Instituição tem um papel cada vez mais relevante para o desenvolvimento do setor
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rogressivamente, as entidades desempenham um papel fundamental para o aumento da produtividade, ajudando as empresas a se tornarem mais competitivas na busca por novos mercados. As empresas, por sua vez, buscam maior representatividade através dessas instituições que - além de serem o grande elo entre o Governo, os centros de ensino e pesquisa e a iniciativa privada - também atuam no sentido de garantir o acesso a informações, serviços e tecnologias para a implantação de melhorias e inovações nos produtos. Além de investir constantemente na modernização e ampliação do seu parque tecnológico, o IBTeC tem como uma das suas prioridades fortalecer e ampliar as alianças com as agências de fomento, universidades, parques tecnológicos, bem como as entidades de classe, para melhorar sempre mais a qualidade e a agilidade no atendimento às demandas do setor. Outra forma de aprimorar a prestação de serviços é fazer parte dos sistemas criados para identificar gargalos e oportunidades, bem como habilitar as empresas ao aumento da sua competitividade. No Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec - Serviços Tecnológicos), desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por exemplo, o instituto coordena a Rede de Setores Tradicionais (Resetra), que atende aos segmentos de couro, calçado, madeira, móveis e têxtil, para a qualificação da oferta de serviços tecnológicos para as empresas. Outro mecanismo para a qualificação
empresarial é o Sibratec - Extensão Tecnológica, um projeto criado para prestar assistência especializada, visando a promover a inovação em produtos e processos, contribuindo para a competitividade das empresas que atuam em setores alinhados às estratégias dos governos Estadual e Federal, dentre eles, o sistema coureiro-calçadista. Participam deste programa micro, pequenas e médias empresas, um setor que tem extrema urgência de soluções efetivas e inovadoras para o seu crescimento. Desde 2015, o instituto passou também a integrar o Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, que tem como objetivo instituir mecanismos de coordenação e planejamento das atividades do setor, contribuindo para a definição dos novos conceitos em termos de inovação, empreendedorismo, ciência e tecnologia. A partir deste convite, o IBTeC representa todo o sistema coureiro-calçadista no RS. Tais parcerias envolvendo diferentes esferas governamentais e instituições privadas para encontrar novas alternativas ao modelo produtivo e à gestão empresarial tem um objetivo muito maior que é aumentar a competitividade do País no mercado internacional. E todo esse esforço acaba por beneficiar o consumidor final, através da oferta de produtos com diferenciais tecnológicos, que no caso do calçado repercute, por exemplo, em produtos voltados à saúde e ao conforto dos usuários e à proteção do meio ambiente.
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Sebrae
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Parcerias com agências de fomento
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a sua missão de fomentar o aumento da competitividade das empresas, o IBTeC estabelece uma série de parcerias com instituições que facilitam o acesso aos recursos necessários disponíveis. ABDI A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, entidade ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), tem a missão de promover a execução da Política Industrial do Brasil, em consonância com as políticas do Comércio Exterior e de Ciência e Tecnologia. Projetos voltados para a certificação de Conforto do calçado brasileiro e calçados de segurança já foram encaminhados pelo IBTeC à agência. CNPq O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), é destinado ao fomento da pesquisa científica e tecnológica e à formação de recursos humanos para a pesquisa no País e financia através de editais, o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. O IBTeC participa dos editais aplicáveis no sistema coureirocalçadista. Dentre os projetos com o apoio do conselho, podemos citar o Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado (SBBC), o Laboratório de Biomecânica do Instituto e o Laboratório para Análises de Substâncias Restritivas.
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Fapergs A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) tem a finalidade de fomentar a pesquisa em todas as áreas do conhecimento. É sua atribuição promover a inovação tecnológica do setor produtivo, o intercâmbio e a divulgação científica, tecnológica e cultural; estimular a formação de recursos humanos, o fortalecimento e a expansão da infraestrutura de pesquisa no Estado. Dentre os projetos apoiados pela fundação, um dos mais importantes foi o apoio em 2011 para a implantação do Laboratório de Microbiologia. Finep O IBTeC participa de todos os editais abertos à participação de empresas e/ou entidades do sistema coureiro-calçadista, seja com projetos próprios ou com a participação da iniciativa privada. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) é um dos órgãos que cria oportunidades para as empresas investirem em pesquisas para melhorar sua estrutura, produtos ou processos e já contemplou alguns projetos com autoria ou participação do IBTeC, a exemplo disso, o Laboratório de Substâncias Restritivas.
ma parceria que tem crescido muito nos últimos anos é a estabelecida com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O objetivo é viabilizar o acesso a serviços que fazem diferença para os negócios de micro e pequeno porte que buscam alcançar maior competitividade no segmento do couro e calçado, tais como consultorias para implantar melhorias em produtos e processos ou a realização de testes para a caracterização dos calçados e seus componentes. Prova desse estreitamento na relação das duas instituições é o programa Novas Soluções Sebrae IBTeC, através do qual foram homologadas sete novas soluções no portfólio do Sebrae. O técnico e coordenador do programa Sebraetec, Alexandre Zigunovas Júnior, explica que o propósito é proporcionar o atendimento rápido e diferenciado, como forma de estimular a procura por orientações que levem à melhoria não só dos calçados e seus componentes, mas também do sistema de manufatura. Lembrando que o Sebrae investe constantemente em projetos que oportunizam às MPE o acesso à inovação e tecnologia - ferramentas fundamentais para o desenvolvimento do setor -, ele considera esta aproximação com o instituto como uma união perfeita. “O instituto já atua com excelência há décadas na capacitação das MPE, que são o foco do Sebrae. Essa parceria ganhou força a partir de 2012, com a realização de uma série de ações conjuntas e agora o acesso ficou mais rápido, prático e personalizado”, pontua Júnior. Esta modalidade prevê a realização de serviços de curta duração, mas com grande impacto, com o oferecimento de 70% de subsídios. “É uma grande oportunidade de acesso a uma lista de serviços oferecidos pelo IBTeC, os quais são adquiridos através da central de atendimento Sebrae, sem burocracia”, garante.
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IBTeC estrutura seu Núcleo de Inovação Tecnológica
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novar virou uma necessidade para a sobrevivência das empresas, que cada vez mais necessitam se diferenciar no mercado através de produtos com valor percebido pelos clientes. Buscando ampliar a oferta de soluções tecnológicas para o mercado, o IBTeC desenvolveu, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), um projeto para a criação do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), o qual iniciou suas operações em 2015. No primeiro ano, o foco voltou-se para a profissionalização da gestão da inovação e a consolidação da política de propriedade intelectual. Em março de 2016, foi implantado o Comitê de Inovação, que passou a integrar todas as áreas de conhecimento do instituto, visando ao desenvolvimento de produtos de maior valor agregado, funcionais e inovadores. A partir da identificação de necessidades apontadas pelo mercado, o comitê delibera com os demais membros do NIT para juntos encontrarem as melhores soluções a serem oferecidas, abrangendo desde as áreas de P&D até tecnologia de ponta. O compromisso é fomentar a competitividade das empresas brasileiras pelo viés da transferência de tecnologia e conhecimento e
da disseminação da cultura inovadora no ambiente empresarial. Através da articulação entre os setores público e privado, bem como de centros de ensino e pesquisa, contando ainda com a expertise de profissionais com especialistas no desenvolvimento de soluções de impacto no mercado, o ponto de partida dos projetos são as necessidades dos clientes, principalmente relacionadas a tecnologias de conforto, saúde, sustentabilidade, performance, segurança e proteção. Muitas vezes as empresas pensam em inovar, mas deixam de dar sequência ao assunto por estarem ainda mais preocupadas com outras questões que envolvem a sua lucratividade e subsistência, ou ainda por não deterem a tecnologia ou os recursos humanos específicos para desenvolver seu projeto. Pois é aí que o NIT se encaixa, a ideia é justamente aproximar a cadeia de fornecimento e os centros de pesquisa e desenvolvimento das empresas, oportunizando que o conhecimento e a tecnologia se materializem em produtos e serviços inovadores, em todos os elos do sistema produtivo.
A confiabilidade é fundamental Uma questão central para o
funcionamento dessa metodologia é a confiabilidade. O IBTeC é referência na preservação do sigilo e proteção da propriedade intelectual, oferecendo esta garantia legal aos parceiros que expõem as suas necessidades, com a finalidade de se desenvolver a solução mais adequada. Dentre as vantagens deste modelo de compartilhamento, por exemplo, é que, além do acesso mais rápido aos resultados, as empresas ganham uma nova sistemática para acessar os serviços dos laboratórios de biomecânica, caracterização de materiais, microbiologia e substâncias restritivas. Também é facilitado o acesso a projetos e consultorias que, através dos seus técnicos e pesquisadores, buscam não apenas avaliar produtos e seus componentes, mas trabalhar efetivamente no desenvolvimento de soluções para os principais gargalos, proporcionando vantagens competitivas, tanto no mercado interno quanto no externo. Outra vantagem é que as empresas não precisam mais esperar pelos lançamentos dos seus fornecedores para terem acesso a materiais e sistemas inovadores. Elas próprias indicam ao NIT o que necessitam e participam de todo o processo de desenvolvimento das soluções desejadas.
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Agenda voltada para a disseminação do conhecimento
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m dos instrumentos usados pelo IBTeC para a disseminação e capacitação de empresas e profissionais é a realização de eventos. E a agenda anual do instituto oferece várias opções de atualização durante o ano todo.
SBBC Realizado bianualmente desde 2002, o Simpósio Brasileiro de Biomecânica do Calçado se trata de um ciclo de painéis de conteúdo técnico-científico, com a participação dos maiores nomes da Biomecânica em nível mundial. Direcionado a empresários e profissionais que atuam em áreas como engenharia de calçados, controle da qualidade, P&D, design e marketing, o evento divulga estudos realizados por pesquisadores, em parceria com empresas e instituições internacionais. A tecnologia voltada ao conforto nos calçados é tema central, com a disseminação de informações que possibilitem às empresas agregarem valor aos seus produtos. A próxima edição acontecerá em 2018. Semana do Calçado Durante cinco dias, são realizadas várias ações por meio de um esforço conjunto das entidades governamentais, entidades de classe, ICTs, setor produtivo, cadeia de fornecimento e empresas de base tecnológica, com foco na discussão, oxige-
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nação, geração de inovação e difusão de novas tecnologias. Ao IBTeC cabe realizar dois eventos: o IBTEcH DAY e o Fórum IBTeC de Inovação. IBTeCHDAY O objetivo é potencializar a geração de produtos, processos e serviços inovadores, através de uma maratona de desafios tecnológicos, submetidos por empresas do setor. Desse modo, visa-se a integração do setor com as empresas de base tecnológica incubadas nos principais parques tecnológicos, startups, escolas técnicas e pesquisadores. Fórum IBTeC de Inovação Criado para disseminar o conceito de inovação através de palestras e debates, agregando novos conhecimentos, perspectivas e inspirando os setores envolvidos, a fim de promover a inovação como um diferencial competitivo para as empresas. Happy Hour com Tecnologia Visa a promover o acesso ao conhecimento, por meio de debate acerca de temas relacionados a no-
vas tecnologias, inovações e sustentabilidade em processos, produtos ou serviços. A cada mês, painelistas apresentam cases aos convidados, tendo a inovação tecnológica como foco. QuickTalk Nessa proposta, o IBTeC realiza anualmente uma série de workshops nos diferentes polos espalhados pelo Brasil, onde são abordados temas de interesse do setor calçadista. Além de assistirem às palestras, os participantes são estimulados a discutir assuntos que impactam no dia a dia dos profissionais e das empresas da cadeia produtiva, como conforto, pesquisa e desenvolvimento, certificação de produto, inovação e adequação de produto ao mercado externo. Dia do Cliente Trata-se de um café da manhã oferecido aos associados, clientes e principais parceiros do IBTeC durante o qual é divulgada uma série de ações e vantagens comerciais para a utilização dos produtos e serviços.
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Tecnicouro divulga o conhecimento gerado em todo o sistema
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esde 1979, o instituto edita uma das mais importantes revistas do segmento - a Tecnicouro. A ideia de lançar no Brasil uma publicação técnica com o foco no segmento coureiro-calçadista surgiu durante uma visita do então superintendente, Davino Tomazoni, ao Centro Técnico do Couro de Lion, na França, quando conheceu a revista Technicuir. Ao voltar, ele defendeu a criação no País de um veículo de informação que, assim como a publicação europeia, difundisse novos conhecimentos e tecnologias para a cadeia produtiva brasileira, que até então recorria a reproduções em mimeógrafos para divulgar as informações técnicas disponíveis. Após a primeira edição ter circulado, houve uma reunião para deliberar sobre a continuidade ou não do projeto e prevaleceu a decisão de continuar a editá-la, em reconhecimento à sua importância como canal para a difusão do conhecimento. Nestes últimos 38 anos, o mundo passou por muitas mudanças, tanto no aspecto político quanto geográfico, bem como na área da ciência e tecnologia, causando transformações profundas no comportamento da sociedade. Vários regimes autoritários caíram e outros tantos se formaram, formou-se a comunidade europeia e o euro, o genoma humano foi decodificado, conhecemos o conceito de sustentabilidade e fomos conectados pela internet.
A Tecnicouro não só acompanhou a essas e tantas outras mudanças, mas comprova a cada nova edição que jamais se tratou de um projeto para curta duração, mas sim de uma proposta sólida de disseminação do conhecimento. Em suas seis edições anuais, oportuniza aos leitores o acesso a artigos técnicos, científicos, reportagens especiais, apresenta tendências de mercado, divulga feiras e eventos do setor, além de contar com diversos colaboradores para a realização de artigos sobre os mais variados temas, sendo ainda o veículo oficial para a divulgação do próprio instituto. Prova de que este reconhecimento não se trata apenas de retórica, é a conclusão de uma pesquisa de opinião pública encomendada pelo IBTeC realizada por empresa independente e especializada. Os resultados destacam a credibilidade da publicação, a pluralidade do conteúdo e a utilidade das informações veiculadas. O nível cultural e a qualificação técnica dos leitores que avaliaram a publicação valorizam ainda mais o resultado positivo da pesquisa. Dentre os respondentes, 71,3% possuem graduação superior, especialização, mestrado ou doutorado. Técnicos ou tecnólogos correspondem a 27,7%, enquanto 0,9% têm nível de ensino fundamental. A faixa de idade varia de 18 até 61 anos, sendo que 69% correspondem ao sexo masculino.
PREMIAÇÕES - Outra comprovação da alta relevância do conteúdo publicado na Tecnicouro é o reconhecimento do mercado, e que tem se materializado nos últimos anos através de premiações nacionais e internacionais. A revista já teve sete reportagens agraciadas pelo Prêmio Primus Inter Pares Assintecal/Brasken (2002, 2010-13 e 2015-16). Em 2015, também recebeu o prêmio Direções Abicalçados na categoria jornalista. Além desses, conquistou em 2012 a terceira colocação do Prêmio ISWA de Jornalismo, organizado pela International Solid Waste Association, de Viena/Áustria, com uma matéria sobre a sustentabilidade ambiental no setor.
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Lideranças do setor reconhecem a FOTOS DIVULGAÇÃO
importância do instituto
Mário Frassati
Heitor Klein
Marcone Tavares
Valmor Trevisan
Mário Frassati - diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Couro e Artigos de Viagem (Abiacav) “O IBTeC sempre foi uma instituição que contribuiu para a inovação da cadeia produtiva de couro, calçados e artefatos no Brasil. Suas pesquisas e certificações levam esta indústria a um patamar superior de qualidade e desempenho. Se relacionando com todos os segmentos da cadeia, desde fornecedores até os mais diferentes fabricantes de produtos finais, o IBTeC é também um agregador das empresas desses importantes setores empresariais. A composição da diretoria traduz esta visão, com todos os segmentos representados. Desta convivência em cooperação, visando sempre ao desenvolvimento do setor, resulta uma trajetória de 45 anos de contribuição e inspiração para todos aqueles que se utilizam de seus serviços.” Heitor Klein - presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) “O IBTeC, ao longo dos 45 anos de atividade, tem prestado serviços essenciais não somente para a indústria de calçados, mas para toda a cadeia de fornecedores do segmento. Como entidade representativa de um setor tão importante para a economia nacional, que gera mais de 300 mil postos diretos e outros tantos indiretos, a Abicalçados agradece a excelência do trabalho do instituto que, sempre com o olhar voltado para a inovação e tecnologia, certamente teve - tem e terá - papel fundamental no desenvolvimento da cadeia coureiro-calçadista brasileira. Neste momento de celebração, também ressaltamos a parceria formada pelas principais entidades da cadeia, que deu origem do programa Future Footwear e que tem no IBTeC um participante de extremada relevância, especialmente porque o mesmo possui todo o know-how necessário para se pensar no futuro do setor com todo o aporte tecnológico e inovações necessárias para o seu desenvolvimento.” Marcone Tavares - presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) “O IBTeC é um importante aliado da indús-
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tria e do varejo para desenvolvimento, teste e certificação de componentes e calçados que atendam às exigências do consumidor, cada vez mais seletivo e exigente em suas compras. Tem sido assim, aliás, ao longo dos últimos 45 anos, período em que o IBTeC consolidou-se como um dos mais importantes centros de especialidades do complexo coureiro-calçadista brasileiro, responsável por diversas inovações que beneficiaram a empresas e consumidores. A Ablac desenvolveu projetos em parceria com o IBTeC há alguns anos, levando aos profissionais do varejo informações relevantes para o atendimento das exigências do mercado. Isso mostra que o trabalho conjunto das entidades conduz o setor ao um patamar superior de desenvolvimento, do qual derivam condições favoráveis ao bom andamento das atividades das empresas que o integram, sejam elas produtoras, varejistas ou prestadoras de serviços. Saudamos a todos os dirigentes, colaboradores e parceiros do IBTeC, desejando que sua atuação conjunta e determinada produza resultados tão ou mais expressivos que os já conquistados.” Valmor Trevisan - presidente da Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (ABQTIC) “Cumprimentamos o IBTeC pela trajetória de 45 anos vitoriosos de sua história e vemos nele uma instituição em permanente transformação, sempre em busca de novos desafios e soluções para nossa área coureiro-calçadista. A busca incessante por novas tecnologias e conhecimento e o engajamento em projetos e ações direcionados à qualidade, excelência e conforto do calçado e artefatos é a marca do instituto, agora também direcionado aos EPIs. Admiramos e louvamos a constante adequação e renovação desta instituição em atender ao setor com laboratórios, cursos, seminários, eventos técnico-científicos, bem como a realização da Semana do Calçado e a Fábrica Conceito. Sua publicação, a Revista Tecnicouro é significativo instrumento de abordagem sobre a tecnologia e a informação técnica, itens relevantes para a implantação de inovação e a garantia da transformação em projetos vencedores.”
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Marlos Schmidt - presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins (Abrameq) “Representamos um setor que se orgulha de fornecer tecnologia para os segmentos de couro e calçados do Brasil, que se destacam no mundo todo. E o desenvolvimento de tecnologias exige a parceira de instituições dinâmicas, em permanente atualização, que contribuem na geração do conhecimento que as novas demandas do mercado exigem. O IBTeC, que há 45 anos vem contribuindo com relevante prestação de serviços, informações e desenvolvendo pesquisas aplicadas ao setor coureiro-calçadista, é um parceiro fundamental para o nosso setor e toda a nossa cadeia produtiva. Cumprimentamos a todos que fizeram a sua história e quem conduz esta instituição com tanta qualidade.” Moacir Berger - presidente executivo da Associação das Indústrias de Curtumes do Rio Grande do Sul (Aicsul) “O Rio Grande do Sul se destaca mundialmente pela sua capacidade de agregar valor a uma matéria-prima nobre, que é o couro. Uma das razões para a conquista deste conceito e a sua manutenção ao longo de décadas está no conhecimento concentrado nesta região brasileira. O IBTeC, em seus 45 anos de atividades, tem fornecido contribuição fundamental para esta posição destacada que nós, gaúchos, desfrutamos como referência em tecnologia e design no desenvolvimento de produtos de couro. Nós, da Aicsul, reconhecemos e cumprimentamos a todos que construíram a história do IBTeC, bem como aos que seguem nos trazendo orgulho de termos em solo gaúcho um espaço tão relevante de desenvolvimento de conhecimento direcionado ao couro e aos produtos que o utilizam como matéria-prima.”
Milton Killing - presidente da Associação Brasileira das empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) “O IBTeC é a referência do setor calçadista quando falamos de pesquisa, tecnologia e aplicação de processos para a indústria coureirocalçadista. Um instituto que garante que os produtos cheguem com qualidade, conforto e a aplicação correta das tecnologias aos consumidores. O instituto traz à indústria a certificação de empresa séria e envolvida com a excelência de sua produção. Neste atual momento do setor, onde as entidades da cadeia coureiro-calçadista buscam trabalhar mais unificadas em prol de melhores desempenhos e resultados, a instituição torna-se ainda uma ferramenta mais agregadora, pois dependemos, cada vez mais, que todos os processos estejam dentro das melhores normas e eficiência de inovação e desempenho na qualidade. É um momento especial e um motivo propício para se comemorar junto a IBTeC. Vida longa ao instituto.” José Fernando Bello - presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) “O setor de couros do Brasil tem no IBTeC um importante parceiro na busca de soluções através de seu amplo portfólio de serviços técnico-científicos. Por meio do trabalho do instituto, profissionais e toda a indústria curtidora nacional podem assegurar a qualidade dos produtos feitos no País, garantindo o reconhecimento mundial e o crescimento de toda a cadeia de produção. O CICB parabeniza o IBTeC pela passagem de seus 45 anos, cuja longevidade reitera a eficiência e o compromisso que são marcas de seus gestores e colaboradores. Como resultado desta parceria, temos a união de entidades e empresas fortalecendo de forma constante o conhecimento e os resultados da produção nacional.”
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Moacir Berger
Milton Killing
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Conselhos são essenciais para a boa gestão
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esse novo modelo de gestão profissionalizada adotado pelo IBTeC a partir de 2013, os conselheiros têm um papel fundamental. O Conselho Deliberativo é o órgão de decisão e orientação superior do IBTeC, lhe cabendo essencialmente fixar os objetivos e políticas adequadas, e sua ação se exerce pelo estabelecimento de diretrizes fundamentais e normas gerais de organização, operação e administração. Já o papel do Conselho Fiscal é fiscalizador, independente da diretoria e administração, e busca, através dos princípios da transparência, equidade e prestação de contas, contribuir para o melhor desempenho da organização. Trata-se de trabalho voluntário, realizado pessoas que são convidadas em virtude da conduta exemplar e pela relevância no setor como profissionais e empresários, com comprovada capacidade para assumir as responsabilidades atribuídas à função de conselheiro. Conheça um pouco mais sobre alguns desses colaboradores que dedicam seu tempo para que o IBTeC avance cada vez mais como uma instituição de apoio tecnológico ao desenvolvimento de todo o sistema coureiro-calçadista brasileiro.
Com formação escolar técnica em contabilidade, Ernani Reuter começou a trabalhar em 1951, na empresa Reichert & Cia, como Auxiliar na Expedição. Depois de algum tempo passou para o escritório até que, em 1962, foi nomeado diretor - cargo que ocupa até hoje. Ao se reportar sobre o sistema coureiro-calçadista, em especial à indústria de calçados, ele avalia que hoje uma grande preocupação ou necessidade é se preparar ou estar preparada para ser competitiva. Para isto a empresa deve ter um planejamento estratégico, inovar design, qualidade, materiais apropriados, conforto, durabilidade, custos reduzidos e pontualidade nas entregas e os empresários, se possível, devem encontrar um nicho no mercado para o qual determinam seu produto. “Trabalhando com este objetivo e para facilitar o alcance do mesmo os empresários, se for o caso, devem assessorar-se de especialistas na área e de órgãos tecnológicos e entre eles o IBTeC - que entre os muitos projetos sito o da Nova Fábrica de Calçados, que é uma arquitetura estratégica para se identificar no futuro pelo seu princípio operacional competitivo”, observa. Outro projeto elencado pelo conselheiro é o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), que tem por objetivo a transferência de conheci-
mento e tecnologia a seus associados e clientes. “Quanto a este projeto quero destacar o que disse o Dr. Cleber Pradanov, pró-reitor de Inovação do Centro Universitário Feevale, à revista Tecnicouro nº 288, ele enfatiza que uma das maiores virtudes deste sistema de trabalho é que as ideias saem da retórica e são convertidas em resultado prático e isto só se faz com a aproximação de quem gera conhecimentos e a empresa que produz, e estas por sua vez devem ser receptivas a novas informações mantendo um planejamento estratégico de administração no seu todo”, contextualiza. Ressaltando que o IBTeC mantém convênios de cooperação tecnológico e científica com universidades no Brasil e no exterior, que confrontam suas pesquisas, tornando-as um centro de referência, Reuter opina que o instituto está em desenvolvimento “galopante”, e credita às pessoas do presidente executivo, Paulo Griebeler, e do vice, Dr. Valdir Soldi, bem como ao quadro técnico os resultados alcançados. “Sei que o que estou mencionando não é nenhuma novidade e também que muitos empresários já estão muito além ao que estou me referindo e isso enobrece o empreendedorismo dos administradores”, conclui.
Ernani Reuter
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Carlos Alberto Mestriner
Formado em Direito, Carlos Alberto Mestriner iniciou sua vida profissional em 1976, tendo ingressado no setor em 1983, como diretor comercial. Dentre os principais cargos ocupados na vida profissional, foi presidente do Sindicato das Industrias do Calçado e Vestuário de Birigui (Sinbi); vice presidente da Abicalçados; delegado da Fiesp; conselheiro da ACI de Birigui; vice-presidente do Sinbi; conselheiro titular Regional do Ciesp (Araçatuba); membro da Câmara Setorial do Calçado (São Paulo); coordenador do Grupo Temático Mercado Consumidor. Ele considera que o principal desafio hoje, não só para o setor calçadista, como para toda a economia, é a instabilidade em que o País está vivendo. “Qualquer notícia, qualquer movimento, tem sido suficiente para estagnar ainda mais o mercado. Sendo assim, nosso maior desafio é manter o setor em movimento e recuperar o crescimento. Para isso, só um caminho: da criatividade e da inovação”, considera. Ele complementa que as empresas que não tiverem um modelo de gestão consciente, mas que impulsione a criatividade da equipe, dificilmente sobreviverão. Para o executivo, as maiores virtudes dos empresários brasileiros são a persistência, o otimismo e a capacidade de se reinventar. “Os empresários do nosso setor conseguem ser flexíveis e se moldarem às necessidades do mercado com maestria, mas precisam ainda
ganhar mais velocidade em seus movimentos”, pontua. Neste contexto, o conselheiro avalia que a atuação do IBTeC é fundamental para as empresas que querem ir muito além do que fazer sapatos, e um parceiro indispensável para quem quer diferenciar-se e oferecer serviços plenos a seus clientes. “O instituto oferece inúmeros serviços que podem ajudar as empresas a se destacarem tanto no cenário nacional, quanto no internacional, ajudando as marcas a adequarem-se às normas e exigências do mercados importadores. A equipe do IBTeC participa ativamente de todos os projetos, inclusive contribuindo até em como comunicar as conquistas obtidas”, destaca. O IBTeC, na visão de Mestriner, é uma instituição respeitada e de extrema credibilidade. “Além de avanços tecnológicos, já que o mundo exige isso de todos nós, o mercado encontrará no IBTeC toda a garantia e aval necessários que irão respaldar as escolhas dos futuros consumidores”, resume ele, salientando que participar do conselho do instituto representa mais conhecimento. “Estamos sempre em constante aprendizado e estar próximo de pessoas que fazem a história do setor calçadista, de especialistas e técnicos em estudos sobre calçados e anatomia humana é privilégio, pois a troca constante é um exercício e uma experiência onde todos saem ganhando”, conclui.
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FOTO RAQUEL GUIMARÃES
João Paulo Mendel
O empresário João Paulo Mendel conhece bem a história do IBTeC. Hoje membro do Conselho Fiscal, ele participou das primeiras reuniões do Conselho de Técnicos de Calçados e fala sobre essa primeira experiência no instituto. O Conselho Técnico era um grupo aberto à participação de profissionais de toda a região, criado com o objetivo de discutir as principais dificuldades do dia adia das indústrias, e buscar soluções para questões bem práticas, como processo de colagem, pesquisa de novos componentes e materiais que resultassem em melhoras na qualidade dos calçados produzidos aqui. “Das discussões deste grupo surgiram as maiores transformações na produção das indústrias da região”, assegura. Na época, início da década de 70, as indústrias de calçados estavam concentradas basicamente no Vale do Sinos. Citando o advento dos tacos de PU, comenta que era uma dificuldade fixar os tacos nos saltos, e eles não duravam. Mendel comenta que “naquela época, para encontrar soluções para questões que aparentemente eram pequenas, a gente precisava viajar - a pesquisa não ocorria com as facilidades que se tem hoje”.
Luís Andre Hamester da Rocha
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Sobre a importância do então CTCCA para o crescimento do setor, afirma que “o Centro esteve sempre muito próximo das indústrias, sendo o local onde todas as respostas eram encontradas, porque era onde o setor concentrava todo o conhecimento”. Entendendo que o IBTeC segue sendo muito importante para o desenvolvimento do setor, ele conta que um dos papéis mais importantes do CTCCA era o de articulador para que as pessoas que geriam as questões técnicas trocassem informações em busca de melhorias que representavam a segurança das indústrias calçadistas junto ao mercado internacional. Mendel destaca ainda os seminários técnicos que o IBTeC realizava. Houve encontros com a participação de mais de 500 técnicos. O IBTeC trazia para a região técnicos do mundo inteiro, especialmente da Europa, para apresentar as novidades tecnológicas para a produção de calçados. Sobre essa nova fase junto ao IBTeC, agora como membro do Conselho Fiscal, João Mendel diz sentir-se gratificado em poder contribuir novamente com o instituto, que tem apresentado um crescimento considerável nestes últimos
anos, em especial a partir da gestão profissionalizada. “O IBTeC recebeu uma nova oxigenação e soube se reposicionar, estando mais próximo das empresa e das demais instituições setoriais, cumprindo o seu papel como um vetor de inovações na indústria calçadista e também de novos nichos de mercado. Cabe a nós, conselheiros, colaborar naquilo que pudermos para que esta evolução seja continuada, trazendo ainda mais benefícios para o sistema calçadista”, comenta.
Com formação superior em Tecnologia Mecânica - Habilitação Calçados, Luís Andre Hamester da Rocha iniciou a vida profissional em 1986 como estagiário de técnico em Mecânica da Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha. Em 1989, começou a trabalhar na Indústria de Calçados Azaléia como projetista de máquinas. Além deste cargo, durante a sua vida profissional foi supervisor de Controle da Qualidade, gerente de vendas e diretor regional, tendo também assumido a vice-presidência de Inovação do Instituto By Brasil (IBB). Compreendendo que o principal desafio hoje para o setor calçadista é criar e desenvolver produtos com foco no mercado mundial e aumentar a competitividade da indústria brasileira, ele considera como ponto positivo dos empresários - em especial no sistema
coureiro-calçadista, a velocidade de adaptação e a agilidade para desenvolver produtos de moda. Especificamente sobre o IBTeC, Rocha destaca que o instituto é uma da entidade importante e que tem contribuído para o desenvolvimento do setor coureiro-calçadista, mas há ainda muito conhecimento acumulado a ser transmitido. “O instituto precisa criar maneiras de fazer chegar ao mercado o conhecimento que possui. Há muita informação dentro das paredes do IBTeC que precisam ser divulgadas”, pondera. Ressaltando que o IBTeC tem potencial para liderar na geração e divulgação do conhecimento para a evolução continuada do setor, Rocha enfatiza que é uma satisfação estar no conselho do instituto podendo colaborar para o desenvolvimento setorial.
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Formado como técnico em Contabilidade e graduado em Administração de Empresas, Renato Kunst preside o Conselho de Administração das Empresas Artecola. A companhia - uma organização familiar fundada por seu pai, Francisco Xavier Kunst - é uma das mais internacionalizadas do País, com unidades no Brasil, Chile, Argentina, Peru, Colômbia e México. Quase toda sua carreira profissional, iniciada em 1955, foi exercida nas Empresas Artecola. Dos 15 anos até os 22 anos, trabalhou em empresas não ligadas à família. Aos 19 anos, assumiu a diretoria de uma empresa de médio porte e em paralelo, nas horas vagas, participava da empresa da família. Conforme Kunst, o segmento empresarial passa por um momento de grandes desafios, em um cenário de crises econômica e política, associado à mudança de comportamento do consumidor - que passou a contar com novos canais eletrônicos de compra, gerando reflexos na forma de vender e no perfil de produto que está sendo comprado. “Somente uma gestão muito eficiente, capaz de identificar gargalos, combater desperdícios e trabalhar com canais de venda adequados será capaz de amenizar os efeitos dessas mudanças. Por trás de tudo isso, deve estar a inovação. No caso do setor calçadista, em processos e produtos, associado a fortes investimentos em novos materiais, para permitir que a competitividade siga entre nossas empresas, na concorrência com a indústria mundial”, comenta. Citando que a maior virtude do empresário brasileiro é a disposição de empreender, ele destaca que o Brasil é um país que tem alta carga tributária sem devolver a arrecadação em serviços, além de não oferecer a estrutura necessária para o crescimento da produção e ainda atravessa uma crise política com fortes reflexos na economia. “É um país que segue produzindo por conta de um perfil empreendedor muito forte de seus empresários. E isso
ao lado de uma população que também se dispõe a trabalhar dia após dia, com muita dedicação, mesmo com tantos escândalos e roubos já comprovados”, contextualiza. Em um cenário como este, aponta Kunst, o apoio de instituições como o IBTeC é fundamental para que a indústria brasileira possa seguir inovando e se diferenciando em diferentes mercados. Dentre os aspectos elencados, dos quais as empresas podem se beneficiar tendo o instituto como parceiro, são as certificações oferecidas pelo instituto, os testes que apoiam o desenvolvimento de novos produtos, a tecnologia para o desenvolvimento do conforto, a troca de experiências em atividades com outras empresas e pesquisadores, há um conjunto de serviços que o IBTeC oferece e são de grande importância para o crescimento das empresas. “O mercado pode esperar, e tenho certeza que espera isso, um parceiro permanente, uma referência em informação e diretrizes para o constante desenvolvimento da nossa indústria”, comenta. Sobre a sua participação no Conselho do instituto, ele diz acreditar que cada um tem que fazer a sua parte para que a sociedade possa sempre melhorar, se aperfeiçoar. “Acredito que, se hoje temos o IBTeC, é porque outras pessoas fizeram sua parte antes. Por isso, me orgulho desta oportunidade, de também poder contribuir e aprender um pouco mais a cada dia, para que novas gerações também possam contar com essas estruturas de apoio para o desenvolvimento da indústria. Estar no conselho do IBTeC é uma oportunidade e razão de muito orgulho também”, destaca. Além do IBTeC, Kunst participa e participou de várias instituições, como Assintecal, ACI-NH/CB/EV, Aspeur/ Feevale, Adce, Abicalçados, Companhia Riograndense de Participações, Câmara Brasil-Alemanha, Sindiquim, Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha, Fundação Semear, Fundação Pescar, Fiergs e Sesi/NH. Renato Kunst
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PARCERIA PARA REDUZIR CUSTOS COM
energia elétrica em lojas A Associação Brasileira dos Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac) e a empresa CPLux, com sede em São Paulo/SP e integrante do Acqua Group, firmaram uma parceria que oportuniza aos associados da entidade o desenvolvimento de projetos de redução de até 25% no consumo de energia elétrica às lojas graças ao projeto Sharp Brite, desenvolvido pela empresa e implantado em cerca de 1,2 mil clientes em todo o mundo, entre eles redes de varejo, shoppings e bancos. O diretor da empresa, Gerson Guimarães, afirma que a economia total deve ser suficiente para custear o projeto e gerar caixa positivo ao cliente. Algumas premissas do projeto de eficiência energética são a utilização de equipamentos de qualidade, entregues instalados e funcionando, a garantia total dos equipamentos durante todo o prazo contratual, a instalação por equipe técnica especializada e capacitada, o acompanhamento técnico por engenheiros e arquitetos, a atenção às normas técnicas e aos requisitos do cliente e o descarte ambientalmente correto dos resíduos. Conforme ele, uma loja bem ilumina torna-se mais atrativa aos clientes e vende mais. É o exemplo da rede Seven Eleven, dos Estados Unidos, onde o Acqua Group tem sede e atua fortemente, que registrou aumento de 30% nas vendas após implantar o projeto de eficiência energética em suas unidades, além de reduzir o consumo e os gastos. “Uma boa iluminação vai muito além da economia. Tem impacto positivo sobre os negócios do varejo”, afirma Guimarães.
Fases do projeto 1 - Pré-proposta São apresentados ao cliente o modelo de negócios, a metodologia
do processo e os cálculos e definido um percentual mínimo de economia líquida a ser proporcionada ao cliente sobre as intervenções e investimentos que serão feitos pela CPLux. Caso a empresa não atinja a meta definida, os estudos serão apresentados ao cliente sem quaisquer custos. Caso seja atingida ou superada, serão apresentados os cálculos e validados pelo cliente para que então seja celebrado o contrato. Nessa fase, constam as principais informações de cálculos do projeto e garantias sobre equipamentos e serviços, que constarão no contrato. 2 - Levantamento
técnico de in-
formações
São apuradas e auditadas as informações necessárias à composição dos cálculos de investimento e economia. Além das informações fornecidas pelo cliente, a CPLux poderá visitar as unidades elencadas para o projeto com sua equipe técnica especializada, para avaliar instalações, cenários de consumo e condições técnicas para implementação do projeto.
do investimento, pesquisadas as melhores taxas de remuneração de capital de que deverão ser empregadas e verificada se a meta de economia líquida ao cliente, assumida na pré-proposta, foi atingida. 5 - Apresentação
Apresentação dos resultados ao cliente, demonstrando como foram alcançados os percentuais de economia e o valor do contrato. Com as informações validades pelo cliente na fase 3 e a comprovação de que as soluções adotadas são técnica e economicamente viáveis e sendo ainda atingida ou superada a meta definida na pré-proposta, é apresentado o contrato para análise e assinatura pelas partes.
da proposta eco-
6 - Planejamento e implantação A sexta e última fase do projeto consiste em planejar a implantação do projeto, fazer a aquisição dos equipamentos, treinar a equipe às condições específicas exigidas pelo cliente e, por fim, executar as melhorias, instalando equipamentos, revisando instalações e circuitos (quando aplicáveis), medindo as conformidades analisadas na fase de elaboração da proposta técnica, promovendo os descartes ambientalmente corretos dos itens substituídos (conforme definição do cliente) e fazendo a entrega dos sistemas completamente operacionais. Durante a fase de entrega e quando aplicável (sistemas de iluminação), é disponibilizada ao cliente uma quantidade de itens para composição do estoque para eventuais necessidades de reposição.
São lançados os melhores custos de investimentos, calculada a economia gerada com a adoção das soluções, projetado o período de retorno
Para saber mais sobre a parceria, os associados da Ablac devem entrar em contato com a secretaria executiva, através do número 62 99669-0133 ou do e-mail wesley.barbosa@ablac.com.br.
3 - Composição
da proposta téc-
nica
Nesta fase, são lançados os dados obtidos na fase de levantamento técnico para comparar com as soluções de sistemas, equipamentos e/ou processos que promoverão a eficiência no consumo de energia. A CPLux atua sobre sistemas e componentes de iluminação, automatização de circuitos e equipamentos e geração ou cogeração de energia. 4 - Composição nômico-financeira
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de projeto e
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BNDES: APROVAÇÃO DE CRÉDITO PARA
máquinas e equipamentos O
desempenho operacional do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos quatro primeiros meses deste ano reforça sinais de recuperação da economia com aumento das aprovações de crédito para o setor industrial e para a aquisição de máquinas e equipamentos. A Finame, linha de financiamento de bens de capital, acumulou R$ 6,7 bilhões em aprovações entre janeiro e abril, alta de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. Apenas em abril aprovou R$ 2,1 bilhões em crédito, 50% a mais do que no mesmo mês de 2016. Sem considerar máquinas agrícolas, ônibus e caminhões, as aprovações de crédito para demais bens de capital saltaram 159% nos quatro primeiros meses do ano, também na comparação com o mesmo período do ano passado. As operações aprovadas neste segmento somaram quase R$ 2,3 bilhões no primeiro quadrimestre de 2017. Entre os setores demandantes, a Indústria de Transformação totalizou R$ 1,4 bilhão em empréstimos da Finame aprovados entre janeiro e abril. O valor é quase três vezes maior que os R$ 468,8 milhões registrados nos primeiros quatro meses do ano passado. O crescimento de 197% foi o mais expressivo, mas também houve alta de 31% para projetos de Infraestrutura, Comércio e Serviços. A Agricultura teve R$ 2,6 bilhões aprovados na Finame, 12% a mais do que no primeiro quadrimestre do ano passado, a maior parte para a aquisição de máquinas agrícolas. Só a Indústria Extrativa teve queda, de 49%, nesse indicador.
BNDES Finame As aprovações da Finame servem de termômetro dos investimentos que serão feitos na economia no curto prazo, já que costumam se converter em desem-
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bolsos rapidamente: a média é de menos de duas semanas. As operações dessa linha são indiretas, com o crédito do BNDES repassado por bancos credenciados, que são os responsáveis pela análise e o risco dos contratos. O crescimento das aprovações nessa linha sugere um movimento de retomada da ocupação da capacidade instalada das empresas por meio de modernização de maquinário. O total de crédito já desembolsado pela Finame em 2017 somou R$ 5,5 bilhões até abril, ainda 10% abaixo do registrado nos quatro primeiros meses do ano passado.
Dados agregados A Indústria se destacou com alta de 34% nas aprovações do primeiro quadrimestre de 2017, somando R$ 4,6 bilhões, considerando os dados globais do Banco. O total aprovado pelo BNDES nos primeiros quatro primeiros meses do ano ficou em R$ 18,2 bilhões, apresentando estabilidade em comparação com o mesmo período de 2016. O indicador de aprovações antecipa os investimentos que ainda vão ingressar na economia, uma vez que os desembolsos são feitos apenas após a contratação do empréstimo, ao longo do desenvolvimento dos projetos. Os demais indicadores operacionais do BNDES seguem refletindo o contexto econômico do país de recuperação lenta e gradual, que não se distribui uniformemente entre os setores. No consolidado do primeiro quadrimestre, o Banco registrou R$ 27,5 bilhões em consultas e R$ 24,6 bilhões em enquadramentos. As cifras significaram queda de 27% e 22%, respectivamente, na comparação com o mesmo período de 2016. No entanto, houve altas expressivas nas consultas de setores relevantes como Celu-
lose e Papel (370%), Mecânica (192%), Química e Petroquímica (136%), Alimentos e Bebidas (52%) e Têxtil e Vestuário (39%). Entre os enquadramentos, etapa em que os pedidos de financiamento são encaminhados para análise nas áreas operacionais do BNDES, os setores de Mecânica, Celulose e Papel e Alimento e Bebida também se destacaram com fortes altas: 541%, 321% e 70%, respectivamente.
Desembolsos Os desembolsos do BNDES ainda refletem o quadro recessivo dos últimos anos, registrando queda de 15% no primeiro quadrimestre deste ano contra o mesmo período do ano anterior. Nos quatro primeiros meses do ano, o BNDES desembolsou R$ 21,4 bilhões. Apenas em abril, o Banco distribuiu R$ 6,3 bilhões, queda de 11% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Desde o segundo semestre do ano passado, há uma redução no ritmo de queda dos desembolsos do banco. Na primeira metade de 2016, as liberações caíram 42% ante o mesmo período do ano anterior. O segundo semestre mostrou retração mais amena, de 28%, também em relação ao mesmo período de 2015. Agora, a queda de 15% nos quatro primeiros meses de 2017 mantém a tendência de desaceleração. No recorte regional, é possível verificar que a queda dos desembolsos do BNDES no primeiro quadrimestre foi concentrada no Sul (-31%) e Sudeste (-27%). No Centro-Oeste, Norte e Nordeste houve alta expressiva das liberações: 36%, 32% e 14%, respectivamente. É importante observar que os desembolsos são um retrato do passado, uma vez que a tramitação dos pedidos de financiamento direto ao BNDES, apresentados como consultas, pode le-
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var mais de um ano nas fases de enquadramento, aprovação e contratação até se converterem em desembolso. Por isso, não são adequadas comparações entre consultas e desembolsos no mesmo período, por exemplo.
Infraestrutura A maior parcela dos desembolsos do primeiro quadrimestre foi para a Infraestrutura, que respondeu por quase 37% do total com R$ 7,9 bilhões liberados. Apesar da queda de 9% em relação ao mesmo período de 2016, segmentos de Infraestrutura tiveram forte expansão. Com uma concentração de investimentos em modernização de redes, o setor de Telecomunicações segue com liberações em alta desde o início do ano, acumulando R$ 703 milhões entre janeiro e abril. A cifra representa crescimento de 504% em relação ao desembolsado em igual período do ano passado. Transporte Ferroviário e Energia Elétrica também se destacaram com altas de
106% e 40%, respectivamente, na mesma comparação. O setor de Comércio e Serviços ficou com pouco mais de 22% dos recursos liberados pelo BNDES no primeiro quadrimestre, somando R$ 4,7 bilhões. A Agropecuária ficou com R$ 4,3 bilhões, equivalente a 20% do total de desembolsos. Já a fatia da Indústria foi de quase 21%, somando R$ 4,5 bilhões.
Capital de giro e MPMEs Ainda em consequência da conjuntura econômica recente, a linha BNDES Progeren seguiu como principal destaque nos desembolsos no primeiro quadrimestre de 2017. A linha, criada para oferecer capital de giro para que as empresas atravessem a crise preservando atividades e empregos, desembolsou R$ 2,2 bilhões entre janeiro e abril. O montante é 339% maior que o liberado no mesmo período do ano passado. No acumulado em doze meses, a linha BNDES Progeren soma R$ 4,4 bilhões
emprestados em mais de dez mil operações, alta de 147% em relação aos doze meses imediatamente anteriores. Outro destaque do primeiro quadrimestre foi a alta nas liberações para projetos de Inovação, que somaram quase R$ 700 milhões entre janeiro e abril deste ano. Frente ao mesmo período do ano passado, a alta foi de 13%. Entre janeiro e abril deste ano, micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) ficaram com pouco mais de 38% de tudo o que o BNDES desembolsou, o equivalente a R$ 8,2 bilhões. O montante é 13% menor do que o desembolsado para o segmento no mesmo período do ano anterior, resultado influenciado principalmente pela queda de 35% entre microempresas. Houve recuo bem mais ameno entre pequenas empresas, de 1%, e alta de 25% entre médias. As liberações para grandes empresas caíram 16% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2016, somando R$ 13,2 bilhões entre janeiro e abril deste ano.
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CLÍNICA TECNOLÓGICA TREINA PARA A
gestão de substâncias restritivas N o dia 2 de agosto, foi realizada a entrega das cartilhas para gestão das substâncias restritivas aos fornecedores de couros da Usaflex. O vice-presidente executivo do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Dr.Valdir Soldi, reforçou que é muito importante discutir o tema no setor, pois as legislações internacionais são muitos complexas e as normas mudam de um país para outro, o que dificulta ainda mais o entendimento sobre como proceder para se enquadrar às diferentes normas existentes. “Felizmente tudo indica que se caminha para, no futuro, haver uma padronização destas exigências. No Brasil, por exemplo, já buscamos estabelecer um padrão nacional abrangendo as principais substâncias, tendo como base as principais legislações internacionais, de forma que as empresas possam adequar os seus produtos para que não ofereçam riscos ao usuário e nem à natureza, um quesito básico, principalmente para a exportação”, pontuou. Ele lembrou que o IBTeC tem uma equipe técnica extremamente capacitada e uma infraestrutura sólida para atender as empresas nas suas demandas, oferecendo apoio para o desenvolvimento de pesquisa e ino-
vação, bem como para melhorar a produtividade através da transferência tecnológica. Os laboratórios para a análise e caracterização dos produtos e seus materiais também foram citados por Soldi, que evidenciou as acreditações, os reconhecimentos e as certificações nacionais e internacionais que garantem a qualidade dos serviços realizados. Além de muitos países terem legislações próprias, grandes empresas passaram a criar suas próprias listas de substâncias restritivas e todas elas se relacionam com a saúde humana e o meio ambiente. O IBTeC busca permanentemente essas informações para poder informar as empresas sobre as atualizações mais recentes. “O principal objetivo é sensibilizar as organizações sobre a importância de se adequar os produtos a estes regulamentos”, enfatizou o pesquisador. O Regulamento Reach - legislação europeia criada em 2007 - é atualmente a mais abrangente e contempla todos os setores. Em sua base já somam-se mais de 18 mil substâncias registradas, sendo que destas, 174 são consideradas de preocupação muito elevadas devido aos riscos que oferecem, cujos efeitos são bastante variáveis. Algumas podem causar alergias e outras até mesmo resultar em câncer,
mutações ou infertilidade. No manual entregue às empresas estão listadas tanto as substâncias restritivas compulsórias em calçados (aquelas que dificilmente um avaliador vai deixar de verificar), quanto as suplementares (que nem todos os importadores avaliam). Esta listagem é apresentada de forma didática, com a associação das substâncias aos materiais onde elas são usadas e os respectivos limites máximos permitidos. Elas também estão divididas por classes, de acordo com a periculosidade oferecida. O consultor do IBTeC, Paulo Model, explicou que esse aprimoramento é uma necessidade que o mercado importador impõe não apenas aos fabricantes de calçados, mas de todos os tipos de produtos e artigos, e que as empresas podem solicitar consultorias como auxílio para a implantação das mudanças necessárias para a adequação das matérias-primas utilizadas pela marca. “A Clínica Tecnológica é um treinamento que vai contemplar a todos os fornecedores não só da Usaflex, mas também de outras marcas, e é realizado através de um convênio estabelecido com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS) para a capacitação das MPE do setor”, destacou.
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Fornecedores de couros da Usaflex vão adequar os seus materiais de acordo com as legislações internacionais
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DEBATENDO O CONFORTO
como diferencial A
Clínica Tecnológica Conforto do Calçado realizada no dia 18 de agosto, na sede do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), em Novo Hamburgo/RS, foi apresentada pelo coordenador do Laboratório de Ensaios em Biomecânica do instituto, Ms Eduardo Wüst. Ele abordou aspectos gerais sobre anatomia e biomecânica dos pés e as suas relações com os calçados; medidas antropométricas e seu vínculo com as fôrmas, e também como avaliar e medir o conforto em calçados e seus componentes. Logo após a palestra, aconteceu uma visita guiada ao laboratório onde são realizados os ensaios. Wüst salientou que independentemente do tipo de calçado que se faz é possível implantar a tecnologia do conforto, mas para isso é necessário conhecer a biomecânica do pé, que é um membro muito complexo, com várias estruturas flexíveis e que se comporta de maneira diferente, de acordo com a atividade a que está sendo submetido. Quando na posição estática, tem um determinado comprimento, o qual aumenta na situação de movimento, e o calçado tem que ter um suplemento no seu tamanho para contemplar a variação. Existem pontos no pé que naturalmente são mais sensíveis e demandam um cuidado especial para evitar lesões, como a lateral do tornozelo - conhecida como maléolo - e os metatarso. “É preciso aliar funcionalidade ao design, pois às vezes uma saliência de costura pode ser o suficiente para machucar”, comentou. Além disso, os pés dificilmente vão ser simétricos, ou seja, existem diferenças entre o nosso pé direito e o esquerdo. “Mas há também outras variantes que precisam ser pensadas durante todas as etapas de desenvolvimento de um calçado: a característica
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anatômica do pé masculino é diferente do feminino e esse conhecimento é muito importante, por exemplo, para as empresas que se propõem a fazer calçados unissex. Será que é recomendável fazer o mesmo calçado para os dois públicos sabendo que existem estas diferenças?”, questionou o painelista. Com relação ao calçado infantil, a atenção durante a fabricação deve ser ainda maior, pois se trata de um pé em desenvolvimento. “Os cuidados com a proteção dos pés das crianças são diferentes daqueles relacionados aos dos adolescentes, que também se diferem dos adultos ou dos idosos, e ainda há que se considerar que os pés dos indivíduos são caracterizados também por outros fatores como tipo de pisada (neutra, pronada ou supinada), formato (cavo, normal ou plano) ou perfil (robusto, normal ou delgado), então dá para imaginar o quanto de cuidado é necessário para colocar no mercado um calçado com qualidade, e como isso está relacionado com as fôrmas e os componentes”, pontuou. O pesquisador salientou que as medidas dos calçados são baseadas, principalmente, no comprimento, na largura e na circunferência dos pés e que existem maneiras de se atender a grande maioria dos consumidores. Uma delas é oferecer diferentes perfis para uma mesma numeração, uma prática que é adotada no exterior, mas que não acontece no País, embora empresas que exportam costumam oferecer essa vantagem para os consumidores internacionais. “O oferecimento de três perfis numa mesma numeração é comum no mercado externo, mas há casos em que o consumidor tem um número ainda maior de perfis para escolher aquele que mais se ajusta ao seu pé”, assegurou.
Design Quando caminhamos, temos dois pontos de apoio (no calcanhar e na região dos metatarsos) e um ponto de propulsão (a ponta dos dedos) que recebem maior carga de durante a movimentação e isso deve ser considerado pelos fabricantes de saltos, palmilhas e solados.Um dos problemas relacionados ao conforto do calçado é o salto alto, que impulsiona o pé para frente, sobrecarregando os metatarsos. É comum que empresas, pensando em aumentar o conforto, introduzam um sistema de acolchoamento para o calcanhar, mas isso nem sempre é recomendado, pois vai elevar ainda mais a altura e, ao invés do conforto, pode afetar o ponto de equilíbrio do pé. “Uma solução seria implantar uma cavidade na região onde o calcanhar é apoiado. Outra seria o uso de uma palmilha não muito lisa para evitar que o pé escorregue para a frente”, observou.
Normas O conforto não é subjetivo e pode ser medido através de testes qualitativos (percepção de calce) e quantitativos (testes com o uso de equipamentos e tendo como base normas técnicas específicas). São seis testes para se fazer estas avaliações e para cada ensaio há uma norma específica para medir o nível de conforto oferecido: - Massa: leveza do calçado; - Distribuição de pressão plantar: materiais que contribuem para o equilíbrio das pressões nos pés; - Temperatura interna: aquecimento do calçado; - Índice de amortecimento: absorção dos impactos durante os movimentos;
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- Índice de pronação: estabilidade do calçado; - Percepção do calce: percepção do usuário + avaliação de marcas e lesões nos pés. As avaliações também contemplam três componentes - forros, solados e palmilhas, que passam por uma série de testes que determinam o quanto cada componente pode contribuir para o conforto do calçado.
Selos O palestrante também apresentou os três selos que o IBTeC criou para destacar as empresa que investem na diferenciação dos seus produtos. - Selo Conforto: é utilizado individualmente no produto testado e certificado
com os atributos de conforto. Tem prazo de validade de um ano e é concedido unicamente aos modelos de calçados e componentes testados e aprovados em todos os quesitos que determinam o nível de conforto proporcionado. - Selo Tecnologia do Conforto: usado pelas empresas que investem continuamente na análise, em pesquisas e na busca de soluções que agreguem atributos de performance, saúde e conforto aos seus produtos. - Selo Inovação: destaca empresas que através de pesquisa desenvolveram produtos que contêm componentes com atributos de inovação, gerando registro de patente para os mesmos. Ao finalizar a apresentação, Wüst lembrou que de nada adianta esses cuidados se a empresa não transmitir essa
informação para o mercado. “É preciso divulgar isso nos materiais promocionais, nas feiras do setor, em congressos, para que o mercado tenha o conhecimento de que a empresa investiu para obter esse diferencial que vai proporcionar benefícios aos usuários”, concluiu. Em seguida, aconteceu a visita ao Laboratório de Biomecânica onde foram repassadas mais orientações sobre a estrutura envolvida neste processo e os detalhes dos procedimentos e ainda puderam esclarecer eventuais dúvidas.
A Clínica Tecnológica é um evento que acontece através de um convênio entre IBTeC e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RS) para a capacitação das MPE do setor.
Micro e pequenas empresas receberam orientações sobre a implantação da tecnologia nos calçados
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O PAPEL
da liderança N o Happy Hour com Tecnologia realizado no dia 23 de agosto, o palestrante engenheiro Leonardo Cataldo abordou o tema Liderança na indústria calçadista. Com um estilo e linguagem bem-humorados, destacou que a liderança é um processo evolutivo e a busca por profissionais com este diferencial começou a se intensificar ainda na década de 1970, porém há muito menos líderes natos disponíveis do que se necessita. A boa noticia é que tal habilidade pode ser aprendida. “É indispensável formar mais líderes nas empresas, uma vez que através do exemplo e da capacidade de gerenciar pessoas eles não apenas mobilizam os funcionários, mas também despertam neles princípios como visão e missão, que geram valor para o negócio”, pontuou. Ele salientou que em torno de 85% do que é acordado entre as pessoas não é compreendido da mesma forma pelas diferentes partes envolvidas, e isso pode representar um problema no ambiente do trabalho. “A direção, às vezes, espera algo do funcionário que ele talvez nem desconfie que se trata de uma responsabilidade sua”, apontou o painelista, que logo em seguida listou algumas necessidades para a capacitação das pessoas ao trabalho: direcionar corretamente o funcionário, oferecer treinamento qualificado, dar o apoio necessário e ter a habilidade para perceber quando chega a hora de delegar. As pessoas, segundo Cataldo, esquecem a maioria das informações que lhes são passadas através da fala, e isso compromete o aprendizado.
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É necessário, portanto, adotar diferentes técnicas para a fixação das informações mais importantes. “As pessoas costumam lembrar mais facilmente o que elas próprias verbalizam, do que aquilo que ouvem dos outros, então é muito importante fazê-las falar sobre as suas responsabilidades”, instigou. Apontando que um dos maiores problemas nas organizações é a falta ou a baixa qualidade dos treinamentos, lembrou que treinar é diferente de ensinar. “Treino é um ensinamento mais aprofundado, contextualizou. Com relação ao apoio, enfatizou a importância do líder se fazer presente em todos os ambientes, pois isso aumenta a confiança do trabalhador. Todavia, é preciso dar ao funcionário espaço para que ele possa crescer e ser independente. “Manter a disciplina é muito difícil, e a presença do líder é uma forma de fazer as coisas acontecerem da forma certa. O problema é que alguns têm muita facilidade em ver e apontar problemas, mas se esquecem de reconhecer o bom trabalho”, disse. Sobre o aspecto da delegação, observou que uma das dificuldades é saber a hora certa para incumbir responsabilidades, pois se acontecer antes do profissional estar pronto, isso pode se tornar um fardo maior do que ele consegue suportar, mas se deixar o tempo passar pode causar o sentimento de frustração naquele que já se sente pronto e deseja receber uma chance para evoluir. “É importante, ao delegar responsabilidades, procurar dentre os profissionais aqueles que já não sofrem pressões
externas, pois assimilaram a sistemática do trabalho, compreendem as suas responsabilidades e fazem a autocrítica, pois pessoas com este perfil costumam lidar bem com novos desafios”, ponderou. Cataldo finalizou a apresentação lembrando que a equipe é reflexo do líder. “Se a equipe não está se desenvolvendo como o esperado o líder deve procurar avaliar o seu próprio desempenho”, concluiu, complementando que é fácil perder um bom funcionário, para isso, ás vezes, basta dizer algo que o magoe ou que lhe pareça injusto. Após a palestra aconteceu uma seção de autógrafos do livro Liderança, lançado pelo palestrante. O Happy Hour com Tecnologia é uma realização do Núcleo de Inovação tecnológica do IBTeC e a inscrição é mediante a doação de 1kg de alimento. A alimentação arrecadada é doada a uma instituição de assistência social.
Leonardo Cataldo
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vitória a favor do comércio legal
FABRICANTES DE CALÇADOS
buscam se adaptar ao mercado russo A
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) na Rússia realizaram um estudo do mercado russo. O objetivo do material, produzido em vídeo e que faz parte do escopo do Brazilian Footwear - programa mantido em parceria pelas duas entidades -, é orientar os fabricantes nacionais sobre as peculiaridades de um dos mais importantes mercados do mundo, que somente em 2016 movimentou mais de US$ 10 bilhões. No vídeo são detalhados dados sobre o mercado russo e constatado, por meio de entrevistas com representantes do varejo local, que os calçadistas brasileiros ainda engatinham na adaptação dos produtos de acordo com o gosto e necessidades do consumidor daquele país. “É um grande mercado consumidor e que deve crescer de forma constante nos próximos cinco anos, tendo uma dependência cada vez maior por calçados importados - hoje 75% dos calçados consumidos na Rússia são de fora do país”, explica a coordenadora de Promoção Comercial da Abicalçados, Letícia Sperb Masselli, acrescentando que existe um interesse muito grande pelos calçados brasileiros, mas que o Brasil é percebido apenas como fornecedor de calçados de verão. “O verão russo tem duração curta, de dois meses. O restante do ano é inverno, mais ou menos rigoroso, condição climática que exige diferenciais como impermeabilização, isolamento térmico e solado antiderrapante para uso no gelo e na neve”, aponta a coordenadora. Letícia comenta que ainda são poucas as empresas brasileiras que adaptam seus produtos para mercados com a ca-
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racterística climática da Rússia. “No vídeo, o fabricante nacional interessado naquele mercado recebe dicas preciosas para a confecção de um produto que resista a temperaturas entre 20 e 25 graus celsius negativos”, conta. Segundo Letícia, o mercado local exige um investimento de longo prazo, um desafio, mas envolve muitas oportunidades. “O varejista local reconhece o produto brasileiro, em termos de qualidade, mas ainda se ressente de uma flexibilidade maior do fabricante nacional para adaptação de materiais”, conclui.
Showroom A mais recente ação do Brazilian Footwear na Rússia foi uma missão comercial realizada entre os dias 5 e 7 de junho e que gerou mais de US$ 4 milhões para 34 marcas participantes. Na oportunidade, além de reuniões de prospecção, foi realizado num showroom com os participantes em Moscou.
Dados - Rússia * 146 milhões de habitantes; * Consumo de calçados geraram US$ 10 bilhões em 2016; * 75% dos calçados consumidos na Rússia são importados, especialmente da Itália, Turquia, Espanha e Portugal; * As encomendas russas seguem a ordem: Jan/Fev/Mar/Abr (Meia Estação e Outono-Inverno); Mai/Jun/Jul/ Ago/ Set (Inverno rigoroso); * Segundo consultoria russa, cerca de 50% do total de calçados consumidores no país são para o inverno rigoroso; * Em 2016 os calçadistas brasileiros exportaram 1 milhão de pares para a Rússia, 31% mais do que em 2015. A Rússia responde por 0,8% do total exportado pelo Brasil.
C
om a conclusão de uma investigação de processo aduaneiro contra a importação de calçados prontos - de couro - e partes de calçados - cabedais, pré-formas, polainas e palmilhas - proveniente de uma empresa do Paraguai, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) obteve uma importante vitória em prol do comércio leal de calçados. O período de investigação foi de 2012 e 2016, ínterim no qual a empresa não conseguiu comprovar o certificado de origem para continuar exportando ao Brasil com a preferência tarifária do Mercosul (0% de imposto de importação). As exportações dos calçados de couro e partes para calçados, realizadas fora do acordo comercial, são de 35% e 18%, respectivamente. Como o processo foi aberto por iniciativa da própria Receita Federal, sem interferência da Abicalçados, o mesmo correu em sigilo, não sendo possível identificar a origem real dos materiais e calçados importados pela empresa paraguaia. “A legislação brasileira prevê que para o produto ser considerado de determinado país precisa ter um custo local – insumos e mão de obra - de, no mínimo, 60%, o que não foi o caso”, explica o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein. ALERTA - O executivo ressalta que a Abicalçados vem alertando que, desde a adoção da sobretaxa antidumping aplicada contra o calçado chinês em 2010 - tarifa hoje em US$ 10,22 por par -, passaram a ocorrer as chamadas triangulações/circunvenções das importações. “Os mesmos exportadores, muitas vezes, enviavam os seus produtos para que fossem reexportados para o Brasil por meio de outros países, assim burlando a sobretaxa. No caso do Mercosul, o caso é ainda mais grave, pois o imposto é zero”, comenta. Por outro lado, segundo ele, como o processo correu em sigilo, não se pode afirmar que os produtos utilizados eram asiáticos. Klein frisa que a Abicalçados não é contra a importação de calçados, mantendo uma posição pró livre mercado. “Mas não podemos tolerar a concorrência desleal, que tira empregos e competitividade das nossas indústrias”, conclui.
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INPI DIMINUI 90% DO PRAZO
para registro de marcas e patentes O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) anunciou recentemente que pretende reduzir em 90% o prazo para registro de patente na área de Ciência e Tecnologia. A proposta visa a passar esse período de registro de 10 anos, prazo atual, para 10 meses. Um dos principais incentivos para a realização dessa diminuição é um programa semelhante aplicado em patentes verdes - para produtos e serviços voltados ao meio ambiente -, que provou ser possível a redução do período de análise dos pedidos. O exame prioritário voltado para produtos e serviços inovadores desenvolvidos pelas instituições de ciência e tecnologia (ICTs) foi lançado pelo INPI no dia 22 de junho. O texto prevê que os pedidos aceitos no projeto-piloto tenham decisão final divulgada no prazo de oito a dez meses, em média - o mesmo aplicado no programa das patentes verdes, que se tornou permanente. A diretora da Brand It, empresa focada em soluções de marcas e patentes, Priscila Galvão, explica que os benefícios da medida ultrapassam a questão da velocidade do registro. “Como a resolução tem foco na área de ciências e tecnologias, é possível que empresas façam mais investimento no setor, gerando novos empregos na área e desenvolvimento tecnológico e econômico”, aponta. O objetivo da resolução é fazer com que mais companhias procurem o INPI para registrarem formalmente suas marcas e patentes. “A morosidade do INPI para analisar um pedido de patente inibe as empresas brasileiras de dar entrada no processo”, explica. O projeto-piloto que tem como objetivo as patentes ICTs terá duração de
um ano ou, então, até que 200 pedidos de patentes desse segmento sejam considerados aptos. “O teste irá verificar a adesão ao programa do Instituto e a capacidade em analisar pedidos da área.” De acordo com dados do INPI, em junho deste ano estavam na fila de patentes pendentes de decisão cerca de 6,2 mil pedidos somente de ICTs. O instituto encerrou 2016 com prazo médio de 10,8 anos para registrar uma patente. “A demora em analisar uma patente é também um agrave para a economia, pois a falta do registro traz uma fragilidade e exposição ao negócio”, explica Priscila.
Benefícios do registro Priscila Galvão afirma que, além da proteção à marca, o registro junto ao INPI traz outros benefícios. “A valorização do negócio e a facilidade em exportar e conseguir novos contratos são ganhos atrelados ao registro e proteção da marca”. De acordo com o tipo de patente, uma empresa garante a exclusividade na exploração do produto ou serviço no prazo de 15 a 20 anos. “O risco de não ter uma patente é a empresa criar um
produto ou serviço de grande valor mercadológico e inovador e, ao colocá-lo para venda, estar exposto a que outra pessoa ou empresa o explore”, explicou. Para requerer o exame prioritário de patente ICTs, o interessado deve consultar o passo a passo do processo no link do Projeto Piloto Patentes ICTs, na página do INPI. Na página do instituto há informações sobre as demais linhas que contam com exame prioritário.
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OPINIÃO Colunista Reforma Política:
é preciso mudar para que nada mude
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gislativo, permaneçam num limbo juríSe quisermos que tudo contidico aguardando o esquecimento dos nue como está, é preciso que efemeramente indignados ou o provitudo mude.” Esta famosa frase dencial transcurso do prazo prescriciocontida na obra de Tomasi di Lamnal. Paradoxalmente, quanto maior for pedusa - Il Gattopardo, publicado a corrupção e as acusações formalizaoriginalmente na Itália há mais de das, maior será a possibilidade de imsessenta anos, constitui a síntese perpunidade no campo penal, bem como feita do momento político brasileia absolvição por parte da seletiva mero (Tomasi di Lampedusa, Giuseppe. mória dos “cidadãos anticorrupção”. O Leopardo. Trad. Mauricio S. Dias Dr. Marciano Buffon doutor em Direito, Com a manutenção da maio- São Paulo: Companhia das Letras professor da Unisinos ria dos atuais mandatos legislati2017). A referida frase foi proferida marciano@buffonefurlan.com.br vos, não importará quem for eleito pelo personagem Tancredi, sobrinho presidente da República em 2018. do Príncipe de Salina - um aristocrata decadente - durante o processo de unificação da Itália, A certeza que eles têm é que, mesmo que venham a por volta de 1860, em um dos diálogos da célebre obra. perder a eleição para o Executivo, a atual base goverEnquanto esse texto está sendo escrito, articula-se, “a nista integrará o novo governo, ocupando os cargos toque de caixa”, no Congresso Nacional a aprovação de que ao longo do tempo vêm ocupando, não obstante uma Emenda Constitucional, com o intuito de realizar um a alternância de partidos na presidência da República. Isso ocorrerá, porque, diante do crescente e incontroarremedo de reforma política. Entre os principais pontos da reforma, encontra-se o denominado “distritão”, segundo lável déficit fiscal será impossível para o futuro presidente o qual os candidatos ao legislativo com maior número de governar sem que tenha que alterar a Emenda Constituvotos em seus Estados seriam eleitos, independentemente cional que criou o denominado “teto do gasto público” (EC dos votos dos partidos, combinado com a criação de um 95/2016). Ou altera-se isso, ou o “novo/velho” Congresso bilionário fundo de financiamento das eleições em 2018. terá motivos/pretextos para, menos de um ano depois, casEmbora numa análise superficial a ideia possa ser sedu- sar o mandato do presidente que for eleito, pois esse não tora, ela constitui a antítese do que ser poderia entender escaparia de praticar as consagradas “pedaladas fiscais”, as como necessário, neste dramático e crucial momento da quais - segundo a “jurisprudência” consistiriam razão sufihistória do Brasil. Isso demonstra, pois, a propriedade da ciente para novo impeachment. Uma vez que a aprovação frase: “para todo problema complexo existe uma solução de uma Emenda exige a concordância de 3/5 do Congressimples, elegante e completamente errada” (H.L. Mencken). so, em duas votações, torna-se óbvio prever que, ou o novo O distritão, combinado com o financiamento bilionário, presidente reparte o poder com quem aí está (e lá estará garantirá, simplesmente, a manutenção dos mandatos de com, na sua maioria, a partir de 2019), ou seu mandato dumais de setenta por cento dos atuais deputados federais e rará menos do que os quatro anos para os quais será eleito. Portanto, aprenderam bem a lição de Lampedusenadores. Afora isso, favorece a eleição de celebridades mais compromissadas com a badalação midiática do que sa, estão fazendo uma reforma política para se perpecom o interesse coletivo. De quebra, assegura a manu- tuarem no poder e continuar a contemplar seus obstenção do denominado “foro privilegiado”, o qual tem se curos e ilícitos interesses. Será preciso mudar, para constituído garantia de que as incontáveis acusações de que nada mude e o governo continue a servir aquecorrupção, que atingem os atuais membros do Poder Le- les que, historicamente, serviram-se de todos nós.
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IMAGEM LUÍS VIEIRA
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A MENTE E A IMAGINAÇÃO COMO GERADORAS DE INÉDITOS ESPAÇOS DE SATISFAÇÃO PLENA
DOS MERCADOS E DOS CONSUMIDORES
CAPÍTULO 3/6 - O PENSAMENTO COMPLEXO É O FATOR ESSENCIAL PARA ASSEGURAR A SIMULTANEIDADE PLENA E A COMPETITIVIDADE DA NOVA FÁBRICA DE CALÇADOS (NFC)
MS Eng. Fernando Oscar Geib
1 - O domínio do Pensamento Complexo e o domínio da Simultaneidade Como resultado do título proposto para a primeira abordagem do capítulo em descrição, uma pergunta nos vem à mente de imediato: A Simultaneidade é um princípio organizacional e operacional que, mesmo com a complexidade que lhe é inerente, pode ser acessível e aplicável às organizações desejosas de serem as líderes em seus mercados, onde se incluem as fábricas de calçados? A resposta é Sim! Esta afirmação está ligada ao modo de pensar das pessoas e dos executivos envolvidos em desafios para manter vivas as suas organizações, ou seja, há uma abertura de suas mentes para as mudanças continuadas, e por saltos dos fatores competitivos desenvolvidos por estas fábricas, exigidos pelos mercados. Estas afirmações e colocações descrevem com fidelidade e clareza o comportamento e o modo de pensar dos executivos da Nova Fábrica de Calçados (NFC). E mais ainda, eles devem ao mesmo tempo cultivar fortemente um desejo férreo de superar as barreiras de dificuldades encravadas e consolidadas em suas mentes e de eliminar os medos das mudanças, construtores e consolidadores de um poderoso negativismo. Esta forma equivocada de pensar identifica um Pensamento Cartesiano resistente a mudanças, que afoga as organizações, levando-as ao desaparecimento, muitas vezes precocemente. Contrário a este comportamento acima descrito, os gestores e operadores devem ser desejosos de transformações e de avanços organizacionais, tendo arraigado em suas mentes o que se denomina de Pensamento Sistêmico. A Visão Sistêmica promove, consolida e internaliza uma mente aberta e flexível, voltada continuamente e sem descanso para identificar e mapear fatores perturba-
dores do funcionamento e da operacionalização dos sistemas de produção de calçados. O fundamento da Simultaneidade, já exaustivamente detalhado, requer uma mente propositiva e receptiva à Complexidade, ou seja, uma mente aberta e praticante do Pensamento Complexo. Este modo de raciocinar é uma manifestação do Pensamento Sistêmico. O Pensamento Complexo é flexível e aberto a qualquer avanço e progresso das ciências e é igualmente o maior inimigo de expressões como “isto não dá para se fazer” ou “isto não vai dar certo porque é muito complicado”. Sem abusar da repetição, sempre é válida a afirmação de serem os atuais sistemas de produção praticados na maioria das fábricas de calçados, sistemas produtivos cartesianos identificados por contemplarem, sem questionamentos, a Sequencialidade Linear das operações de produção. As mentes dos gestores e operadores destes sistemas produtivos, abrigam hoje insuperáveis dificuldades e barreiras para promover mudanças, por mais importantes e necessárias que estas sejam. As atuais fábricas de calçados são, na sua maioria esmagadora, Fábricas Cartesianas identificadas pela sequencialidade linear de seus sistemas de produção. Em função destas características, estas fábricas têm grandes dificuldades em lidar e conviver harmonicamente com a Complexidade - tanto da produção dos calçados, quanto dos mercados e dos consumidores, exigindo estarem estes produtos e os serviços inerentes, inseridos nos conceitos de moda atualizados, de forma integral e crescente. Estas fábricas não abrigam e muito menos praticam o Pensamento Complexo. A linearidade sequencial de seus processos produtivos “abafa” e sacrifica a Complexidade, e esta condição afeta negativamente e de modo intenso a sua capacidade competitiva em estar presente nos mercados com destaque continuado.
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As considerações apresentadas deixam claro ser a Simultaneidade um princípio organizacional que envolve toda a fábrica, como uma aplicação ampla e sistêmica, indo além do sistema produtivo, identificando por estas condições uma Complexidade Organizacional. Os gestores dispostos a implantar uma Simultaneidade Organizacional devem estar preparados e conscientes para conviver, gerenciar e dominar este fator essência. Para isto, devem desenvolver e aceitar o Pensamento Complexo.
2 - Não há Simultaneidade Organizacional consolidada na Nova Fábrica de Calçados (NFC) sem o domínio pleno do Pensamento Complexo As colocações apresentadas a seguir são de vital importância para a fábrica de calçados em descrição, pois abordam um tema raramente considerado pelos gestores, gerentes, técnicos e operadores das atuais fábricas de calçados, moldadas pelo fundamento da Sequencialidade Linear dos seus sistemas de produção. O atual ambiente empresarial da produção de calçados adota e pratica fundamentos organizacionais e produtivos identificados como: Princípios da Disjunção, da Redução e da Abstração pela Linearidade Sequencial que em seu conjunto é denominado de “Paradigma da Simplificação dos Sistemas de Produção e Organizacionais”. Foi o filósofo Descartes o criador deste fundamento da Linearidade Sequencial que se incorporou de modo pleno no mundo ocidental. O que propõe o Princípio da Disjunção? A separação do sujeito pensante do sujeito e da coisa externa pelo fundamento da Sequencialidade. Este pensamento dominou e continua a dominar em larga escala o mundo ocidental, que entendeu e aderiu ao fundamento da eliminação da Complexidade. Também iluminou a mente de Henry Ford, quando da criação das Linhas de Produção em suas fábricas de automóveis. Estas estruturas produtivas lineares e sequenciais identificam-se por: - Um agente externo que projeta e estrutura o Sistema de Produção Linear Sequencial, ou seja, ele aplica a sua inteligência para estruturar a Linha de Produção; - Um grupo executando operações as quais obedecem o princípio da Sequencialidade Linear. Nesta Sequencialidade Linear, os operadores estão concentrados em suas atividades e pouca atenção dão para a operação subsequente. A Linha de Produção foi, sem dúvida, um grande invento, que reinou por dezenas de anos e chegou até os dias de hoje. O Princípio da Disjunção rejeita a Complexidade! Estas estruturas operacionais são soberanas nas
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fábricas de calçados de hoje e o que podemos concluir sobre estes sistemas, os quais já por muito tempo têm se mostrado serem superados e nada competitivo. Estes sistemas produtivos representam uma Patologia do Saber gerenciando uma Inteligência Cega!. Cega porque esconde a Complexidade tornando os operadores em operadores sem cérebro e não pensantes. Esta afirmação identifica igualmente os Princípios da Disjunção, da Redução e da Abstração, formando e estruturando o Paradigma da Simplificação, de efeitos mortais para as organizações geradoras de bens materiais, como são as fábricas de calçados. Estes sistemas de produção hoje em uso na quase totalidade das fábricas de calçados, por praticarem intensamente a Linearidade Sequencial das Operações nos seus sistemas de produção, são afetados pelo Princípio da Disjunção, o qual isola e rejeita três campos do conhecimento, essenciais aos sistemas produtivos: A Física, a Biologia e as Ciências Humanas. As atuais fábricas de calçados, praticantes e usuárias, na sua maioria absoluta, dos Sistemas de Produção Lineares e Sequenciais, sofrem a doença da Patologia do Saber e da Inteligência Cega. Este conjunto de mazelas foi assim denominada pelo cientista Edgar Morin. Esta cegueira é tão forte e intensa que as atuais fábricas de calçados estão sempre perseguindo locais onde os custos da mão de obra são o menor possível. Toda vez que estes custos chegam a um determinado patamar, a inviabilidade do negócio (produzir calçados) está presente e se manifesta intensamente. A Patologia do Saber e a Inteligência Cega As Fábricas de Calçados atuais, baseando-se estruturalmente pelo Pensamento Sequencial, movem-se por fundamentos que cegam os seus gestores. A mudança da forma de pensar inerente ao Pensamento Complexo exige um esforço pessoal e intelectual de grande envergadura e de persistência dos gestores e dos condutores da fábrica de calçados em descrição. A Nova Fábrica de Calçados (NFC) é uma organização conduzida pelo Pensamento Complexo, para produzir e disponibilizar bens e serviços aos mercados consumidores: Os bens são os calçados de qualidade invulgar, enquanto os serviços são representados pela atualidade da moda dos calçados gerados, bem como pela rapidez e imediatismo de acesso dos consumidores aos calçados disponibilizados. Estas colocações chamam a atenção para os desafios inerentes a esta organização sapateira em descrição e aos seus gestores. A palavra desafios confunde-se com Complexidade.
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Perguntarão, então, os interessados no tema Produção Simultânea: “O que eu ganho com esta mudança na forma de pensar e de agir que esta produtora de calçados impõe aos que desejam adotar os seus princípios operacionais”? A resposta é a longevidade de sua empregabilidade somada à habilidades pessoais incomuns e de elevado conteúdo tecnológico, assegurando por esta condição uma empregabilidade de longuíssimo prazo. Para introduzir e disseminar esta habilidade - Pensamento Complexo - essencial para a condução da Nova Fábrica de Calçados (NFC) fundamentada na Simultaneidade Plena de suas atividades de gerar calçados, é necessário o conhecimento dos fundamentos desenvolvidos por Edgar Morin sobre este tema, colocados por ele na abertura de sua obra Introdução ao Pensamento Complexo: Adquirimos Conhecimentos espantosos sobre o mundo físico, biológico, psicológico, sociológico. A ciência impõe cada vez mais os métodos de verificação empíricos e lógicos. As luzes da Razão parecem rejeitar nos antros do espírito mitos e traves. E, no entanto, por todas as partes, o erro, a ignorância, a cegueira progridem ao mesmo tempo que os nossos conhecimentos. É-nos necessária uma tomada de consciência radical: 1 - A causa profunda do erro não está no erro de fato (falsa percepção) ou no erro lógico (inocência), mas no modo de organização, do nosso saber em sistemas de ideias (teorias, ideologias); 2 - Existe uma nova ignorância ligada ao desenvolvimento da própria ciência; 3 - Existe uma nova cegueira ligada ao uso degradado da razão; 4 - As ameaças mais graves em que a Humanidade incorre estão ligadas ao progresso cego e descontrolado do Conhecimento (armas termonucleares, manipulação de todas as espécies, desequilíbrio ecológico e demais). Eu pretendia mostrar que estes erros, ignorâncias, cegueiras, perigos têm um caráter comum que resulta de um modo mutilador de organização do Conhecimento, incapaz de reconhecer e aprender a Complexidade do real. Vivemos sob o império do princípio de disjunção, da redução, e da abstração, cujo conjunto constitui o que eu chamo de o “paradigma da simplificação”. Descartes, o filósofo, formulou este paradigma mestre do Ocidente, ao separar o sujeito pensante (ego cognitans) e a coisa externa (res extensa), quer dizer, filosofia e ciência, e ao colocar como princípio de verdade as ideias claras e distintas, ou seja o próprio pensamento disjuntivo. Este paradigma, que controla a verdade do pensamento ocidental desde o século XII, permitiu sem dúvida grandes progressos do conhecimento científico e de reflexão filosófica; as suas consequências nocivas últimas só começa-
ram a revelar-se no século XX. Uma aplicação dos conceitos emanados de Descartes (Pensamento Cartesiano) é a estruturação dos sistemas produtivos baseados na linearidade sequencial desenvolvida por Henry Ford e aplicados em suas fábricas de automóveis. Estas estruturas se disseminaram pelo mundo afora e foram igualmente aplicadas às fábricas de calçados aqui no Brasil, onde continuam em plena atividade. Henri Ford, seguindo Descates, pensou que a Complexidade da Simultaneidade que dirige e comanda o nosso universo poderia ser esquecida, deixada de lado. É recente a crise da indústria automobilística americana, pois concorrentes - Alemanha e China- se reestruturaram e seguem o fundamento da Simultaneidade em suas linhas de produção, ou seja, optaram pelo Pensamento Complexo para a estruturação de suas fábricas de automóveis. O Universo cobra das organizações os desvios de seu princípio fundamental e básico: O Pensamento Complexo como gerador e estruturador de organizações calçadistas igualmente complexas por suas estruturas produtivas baseadas na Simultaneidade. Os gestores das fábricas de calçados devem se conscientizar para evitar a Patologia do Saber Sequencialidade Operacional e abandonar a Inteligência Cega da Linearidade dos Sistemas Produtivos. As mentes e a imaginação dos líderes das fábricas devem adotar um desafio e uma capacidade de lidar com a Complexidade e saber e abandonar e descartar efetivamente uma inteligência cega promovidos pelo fundamento da Sequencialidade. As fábricas de automóveis americanas nos ensinam muito: Estas praticamente desapareceram! O Pensamento Complexo foi deixado de lado em nome de uma simplificação “traiçoeira e destruidora” foi e continuou a ser praticado. Resultado disso foi o desaparecimento do maior parque automotivo do mundo em Detroit. Infelizmente, uma visão unidimensional e sequencial de Sistemas de Produção abraçadora da Linearidade Sequencial das operações de produção que busca enfaticamente a Simplificação, está condenada a desaparecer. Prevalecerá o fundamento da Complexidade aplicada aos Sistemas de Produção Simultânea. Competitividade, Simultaneidade e Complexidade são irmãs gêmeas inseparáveis, abrigadas por uma Mente Imaginativa e Criativa.
Referência bibliográfica Introdução ao Pensamento Complexo. Autor: Edgard Morin. 5ª. Edição. Instituto Piaget Coleção Epistemologia e Sociedade
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MAIS QUALIDADE, RENDIMENTO E AGILIDADE NA
produção dos calçados A
Killing traz para o mercado soluções exclusivas, que garantem alta qualidade, com maior rendimento e agilidade no processo de produção dos calçados, com destaque nas linhas de adesivos de PU base água e filmes adesivos que substituem a costura no cabedal.
Kisafix PU 14001 SM3 Empregado para colagem de componentes de sola e união de sola e cabedal dos sapatos, o adesivo Kisafix apresenta sua terceira geração, para aplicação em spray, garantindo aumento no rendimento do produto, com mais pares produzidos por quilo, velocidade no processo de secagem e produção e melhor aplicabilidade, além de assegurar melhor resistência de colagem e à hidrólise.
Maior rendimento Os adesivos PU base água rendem até três vezes mais que adesivos PU base solvente. Mas o comparativo dentro da mesma família de adesivos PU base água é recente e mais sensível às condições da aplicação. A empresa afirma que o novo produto apresenta rendimento de 5 a 10% superior aos adesivos de segunda geração - ambos por spray. O percentual se mostra mais significativo quando multiplicado pelo volume total consumido pelos clientes, e muito relevante considerando o produto final onde centavos fazem diferença na lucratividade. Para ilustrar, a Killing relata o caso de um cliente fabrican-
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te de calçado casual feminino. “Após três meses de implantação do adesivo, substituindo o equivalente de segunda geração na aplicação em solas, o consumo de adesivo caiu de 2,10 gramas por par de solas colado para 1,95 gramas (-7%), que significou redução de custo da ordem de R$ 5.000,00/mês, considerando o volume de calçados produzidos, garante a gestora de projetos, Cenira Verona.
Ganhos na secagem A evolução de adesivos da primeira para segunda geração (aplicação pincel para spray) apresenta redução da ordem de 15% em tempo de secagem. Já o avanço da segunda para terceira geração traz outro ganho da ordem de 10 a 15%. Assim, a soma total de ganho é de até 30% em tempo de secagem, dependendo das variáveis do processo - forma de aplicação, operador, substratos, temperatura, umidade e ventilação.
Melhor aplicabilidade Se aplicado por pincel, o adesivo desliza melhor e possibilita maior vida útil do pincel por não aglutinar as cerdas em curto intervalo de tempo de uso e apresentar maior facilidade de limpeza. Por spray, flui melhor através do bico da pistola, sem entupir ou apresentar grumos no filme aplicado. A aplicação por spray é indicada apenas para adesivos no tipo monocomponente, linha Kisafix PU 14001, o que ressalta ainda mais a maior aplicabilidade do
produto no universo de adesivos PU base água do mercado. Uma melhor aplicabilidade aumenta a produtividade e reduz custos. “Numa linha de produção de 2.000 pares/dia é possível ter apenas um operador para aplicação de adesivos nas solas por spray, enquanto que linhas convencionais precisam de dois operadores para a mesma produção. Isso gera vantagem financeira, considerando o custo e a disponibilidade da mãode-obra”, explica o formulador especialista de adesivos, Daniel Jaeger.
Aumento da resistência A evolução nos adesivos base água também resultou em maior resistência à hidrólise do filme seco aplicado, garantindo uma melhor colagem. Isso é observado de forma mais significativa na colagem de substratos porosos, onde umidade e calor tem contato com o filme seco de adesivo (interface dos dois substratos colados), bastando um dos lados ser permeável à agua.
Kisafix Nasa A linha de filmes adesivos Kisafix Nasa é aplicada em cabedais de calçados através de prensagem a quente ou alta-frequência, constituindo assim o processo sem costura ou fusão. No caso de prensagem, os substratos podem ser colados diretamente na prensa em uma única etapa ou um deles pode ser previamente dublado. Tratam-se de compostos exclusivamente por TPU termoplástico, o que os diferencia no mercado.
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Resistência superior O gerente de serviços, Márcio Lino de Souza, conta que os filmes 100% TPU proporcionam maior resistência de colagem em laminados sintéticos e tecidos que compõem o cabedal de calçados do que os filmes de composição mista, como mescla de TPU e EVA, ou outros polímeros como poliamida, poliolefina amorfa e EVA, devido à sua natureza química. “A propriedade de resistência de colagem diz respeito a substratos que normalmente compõem o cabedal de calçados, mas filmes TPU podem ser aplicados à colagem de outros componentes, como forros, enfeites, palmilhas”, destaca Souza complementando que filmes adesivos que não 100% TPU podem apresentar resistência de colagem equivalente em aplicações e/ou substratos de menor exigência, como tecido-EVA de palmilhas, onde os próprios materiais limitam a performance.
Redução de tempo e custo O termofilme adesivo permite a substituição da etapa de preparação e costura de cabedais de calçados de alto valor agregado considerando o tempo necessário, a mão de obra empregada e o próprio equipamento máquina de costura e linhas. Uma única etapa de prensagem ou aplicação de alta-frequência sobre todos os componentes de um cabedal (processo de 1 a 2 minutos já considerando o tempo necessário para posicionamento das peças) substitui todas as etapas de preparação com pré-colagem e posterior costura, etapas que podem somar até mais de 10 minutos de processo, dependendo
da complexidade do modelo, especialmente em cabedais esportivos mais complexos. “Mesmo contando com máquinas de costura programada, o tempo para a produção de um cabedal complexo costurado excede o tempo necessário para a mesma construção com filmes adesivos”, salienta.
Sem costura A etapa de costura geralmente é realizada manualmente, através de manipulação das peças pelos operadores de costura, e assim está sujeita a erro humano. Uma linha de costura passada em local errado ou mesmo um pouco torta descaracteriza o cabedal em construção, devendo ser refeita ou até mesmo tornando inutilizando esta peça, sem conserto gerando refugo e quebra do talão de produção. Com a construção por prensagem ou alta-frequência, este tipo de falha é eliminada, garantindo maior uniformidade peça a peça produzida e controle da sequência de produção. Outra vantagem da ausência de costura é o conforto. Sem apresentar qualquer saliência ou relevo que possa ser sentido pelo pé do usuário, o produto se propõe como uma alternativa para calçados desenvolvidos para diabéticos. Pequenas lesões podem evoluir para casos sérios de necrose e até mesmo amputações devido à dificuldade de circulação e cicatrização das extremidades do corpo. “A construção de cabedais com filmes adesivos pelo sem costura ou fusão evita a existência destas zonas pois, além da união de substratos se dar de forma flexível e sem saliências significativas, evitam a ne-
cessidade de aplicação de substratos mais espessos necessários para resistência da costura”, reforça Verona. A construção por filmes também permite maior liberdade de design das peças, sem necessidade de apresentar zonas de costura, e assim o estilista/designer pode gerar calçados com zonas de atrito e flexão livres de sobreposições.
Kisafix Silk Outro desenvolvimento são as tintas de serigrafia base água, da linha Kisafix Silk, que se destacam por serem monocomponentes, prontas para uso, e dispensar a remoção das áreas de colagem para garantir união das partes, simplificando o processo produtivo. A água em sua composição substitui solventes oxigenados, o que resulta em um material mais saudável para a equipe de produção trabalhar, não poluente e equivalente às de base solvente nos quesitos poder de cobertura, estabilidade das cores, flexibilidade e resistência à fricção. Seu uso dispensa aplicação prévia de primer promotor de adesão, oferece maior garantia de cobertura sem prejudicar outras propriedades como flexão, colagem ou resistência à fricção e requer menor temperatura de secagem e cura em comparação aos produtos concorrentes base água. Para demonstrar as propriedades dos materiais, a Killing desenvolveu dois modelos de calçados - um esportivo e outro feminino. O projeto contou com a parceria do Estúdio Compor, para o design, a seleção e aquisição de materiais e a construção dos modelos.
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Cabedal: termofilmes adesivos Kisafix Nasa-T 0.2mm e Kisafix Nasa-SC Black 0.5mm, laminado sintético PU azul royal metálico (Sintético Satinato cor crepúsculo / Caimi Lyason), Lycra (Lycra Neo Stretch ncor Eclipse / Caimi Lyason), laminado sintético PU preto verniz brilhante (Verniz Gamboa preto / Caimi Lyason), serigrafia base água Kisafix Silk Laranja Kisafix, tira traseiro de gorgurão náilon 15mm preto (Cristal Textil), ilhós oval 9mm preto (Lojão Metais) Solado: sola inserto de borracha preta, entressola de EVA expandido cor Off White (Atta solados) Palmilha: EVA conformado preto dublado com favinho royal (estoque da Estúdio Compor) Forro: náilon favinho preto (estoque da Estúdio Compor) Peso total: 272g (número 40)
FOTOS EDUARDO DEFFERRARI
Modelo esportivo (running)
Modelo feminino Cabedal: termofilmes Kisafix Nasa-T 0.2mm, Kisafix Nasa-SC Black 0.5mm e Kisafix Nasa-V Bluechip 0.4mm, laminado sintético PU linhaça (Sintético New Mestiço cor linhaça / Caimi Lyason), suede linhaça (Caimi Lyason), enfeite de strass sobre manta de silicone (montagem Estúdio Compor / RR Componentes), serigrafia base água Kisafix Silk Laranja Kisafix, velcro marrom Solado: PVC expandido preto com inserto chocolate (Planeta Pé) Palmilha: EVA conformado preto dublado com cacharel preto (estoque da Estúdio Compor) Forro: cacharel preto dublado com espuma e Jersey Peso total: 428g (número 35)
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ARTIGO Técnico APLICATIVO DE BIOMECÂNICA PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS VISANDO A LOJISTAS E CLIENTES Lucas Ricardo Graeff, IBTeC; Luis Fellipe Almeida, IBTeC; Milton A. Zaro, UFRGS/IBTeC Os telefones celulares estão muito populares, principalmente no Brasil, segundo pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datada de 29 de Abril de 2015 (1), apontando que três quartos da população brasileira acima de dez anos possui telefone celular, assim como dados de 2014 (2) mostram que pelo menos 80,4% dos brasileiros usam seus celulares para se conectar à internet. Uma preocupação do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC) e de seus parceiros diz respeito ao fato de que existe uma grande dificuldade das informações geradas pelos testes de laboratório do instituto chegarem aos lojistas e ao consumidor, para que este último perceba a importância das avaliações biomecânicas no calçado. Em outras palavras, o consumidor tem uma vaga noção do que é conforto. Como ele pode ser medido, deixa de ser, portanto, uma estimativa pessoal e qualitativa e passa a ser determinado quantitativamente por uma soma de testes. Muitas vezes os nossos sentidos nos enganam sobre a realidade. O mesmo pode ocorrer com o calçado, uma vez que o consumidor pode considerar confortável determinado modelo, mas medindo os parâmetros que quantificam o conforto, esse produto pode não ser aprovado quando testado. Distribuição de pressão plantar, ângulo de pronação, microclima (temperatura e umidade) e absorção de impacto não são conceitos fáceis de assimilar, por exemplo. Pensando nisso, o IBTeC iniciou o desenvolvimento de um aplicativo próprio voltado para os telefones celulares, inserindo o instituto no contexto desta tecnologia. O aplicativo foi desenvolvido através do software Intel XDK, usando a linguagem HTML+ Cordova, e traz diversas facilidades, tanto para os colaboradores do instituto (funcionários das indústrias e lojistas), bem como para alunos da área da saúde (medicina, fisioterapia, quiropraxia, enfermagem e educação física) e a população em geral que pretende comprar um calçado confortável. Um dos objetos do aplicativo é o conteúdo em biomecânica básica, abrangendo de textos introdutórios que podem servir de ponto de partida, a conteúdos mais avançados, os quais são apresentados por textos, imagens e vídeos, mostrando as normas de conforto, os testes relativos, como eles são realizados e o que representam. A primeira versão comercial do aplicativo está prevista para ser publicada ainda neste mês de outubro de 2017, disponível para dispositivos Android. Inicialmente, o aplicativo foi desenvolvido no software Corona SDK, com a linguagem de programação LUA, e por meio deste foram criadas três versões distintas, as quais foram evoluindo tanto no visual quanto na praticidade, buscando sempre avançar para uma interface cada vez prática e agradável. Por conta de pequenas dificuldades e limitações do Corona SDK, o desenvolvimento passou a ser elaborado no Intel XDK, o qual trabalha com recursos mais visuais, assim facilitando um bom design, bem como oferecendo agilidade no desenvolvimento. O aplicativo, após o lançamento, continuará com suporte contínuo, tanto para correções de erros quanto para a inserção de novos conteúdos. Em sua versão mais recente, o aplicativo inicia-se com uma tela no qual o usuário deve efetuar login para ter acesso ao conteúdo da aplicação. Caso o mesmo ainda não possua cadastro, pode fazê-lo acessando a tela de cadastro apertando o botão cadastro. Após ter efetuado login, o usuário é redirecionado para a tela principal (cursos), onde são apresentados os conteúdos inseridos em cada assunto: Biomecânica (histórico da biomecânica) onde é descrito a origem deste estudo; o Pé, seu funcionamento e importância diante da estrutura muscu-
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loesquelética do ser humano; o Calçado, que mostra de forma detalhada e interativa as partes de um calçado masculino e feminino e o Conforto (critérios de conforto), que aborda critérios e métodos determinantes para um calçado de qualidade. Em todas as telas há um botão de menu (canto superior esquerdo), que ao ser pressionado abre um menu que contém seis opções: Cursos (direciona o usuário para a tela de cursos); Explorar (direciona o usuário para a tela de explorar, no qual contém uma barra de pesquisa, ainda em desenvolvimento); FeedBack (direciona o usuário para a tela de feedback, onde é possível enviar sugestões de melhorias através de um formulário a ser preenchido); Configurações (em desenvolvimento); Sobre (mostra informações referentes a versão da aplicação), Deslogar (desloga o usuário que está conectado). O conteúdo de Biomecânica Básica envolve noções de Cinética e Cinemática, bem como das principais técnicas de Biomecânica: Antropometria, Cinemetria, Dinamometria, Baropodometria, Termometria, Acelerometria.
Conforme explicitado anteriormente, mostra-se na Fig. 1 a tela onde é realizado o Cadastro; a Fig. 2 mostra a tela para realizar o Login e a Fig. 3 mostra a tela de escolha Feedback
A Fig. 4 mostra a tela de escolha dos cursos ou textos: (a) Biomecânica, (b) Pé, (c) Calçado e (d) descrição das normas que permitem chegar ao Índice de Conforto. É esse índice que irá dizer se o calçado foi aprovado ou reprovado. Caso tenha sido escolhido o item (a), aparece um texto sobre aspectos da evolução do ser humano e porque a marcha humana tem certas características
Caso tenha sido escolhido o item (b), irão aparecer detalhes do pé, do ponto de vista de análise estática (pé cavo, neutro, plano) e dinâmica (pronado, supinado, neutro). No item (c) abordam-se tópicos pertinentes às partes do calçado (gáspea, forro, biqueira, solado, entressola, palmilha, dentro outros componentes) tanto masculino quanto feminino; no item (d) são descritas as normas para quantificação do conforto.
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ARTIGO As normas testam o calçado quanto a: - Massa: leveza do calçado; - Distribuição de Pressão Plantar: materiais que contribuem para o equilíbrio das pressões nos pés; - Temperatura interna: aquecimento do calçado; - Índice de amortecimento: absorção dos impactos durante os movimentos; - Índice de Pronação: estabilidade do calçado; - Percepção do Calce: percepção do usuário; - Avaliação de marcas e lesões: machucados ou ferimentos nos pés.
A Fig. 7 mostra detalhe do teste de massa, ou seja, o momento em que o calçado é levado à uma balança digital com a incerteza prescrita pelo teste; também é mostrado um pequeno trecho do texto de teste de distribuição de pressão plantar, realizado com palmilhas sensorizadas, que permitem saber o valor da pressão em 99 pontos da palmilha, identificando picos de pressão e local onde ocorrem. A Figura 8 mostra detalhe da tela – plantigrama -, onde é possível ter uma ideia sobre como é realizado o teste (modelo caminhando), com palmilhas introduzidas no calçado e um sistema wi-fi que manda sinais para o computador que a partir de software apropriado constrói o gráfico mostrado na tela do computador.
O Brasil é o único país no mundo com normas técnicas publicadas para avaliar o conforto, e o IBTeC a única instituição que emite uma certificação para estes produtos aprovados através do Selo Conforto, que traz ainda mais confiabilidade aos produtos e muito mais valor agregado a todo setor calçadista. Os profissionais do Laboratório de Biomecânica do instituto também ministram cursos, palestras e treinamentos sobre os temas relacionados à biomecânica do calçado, conforto, inovação e performance, contribuindo com o crescimento contínuo das empresas do setor calçadista e do setor de varejo.
Referências UOL Tecnologia. São Paulo (SP); citado em 2015 Abr 29. Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/ redacao/2015/04/29/tres-quartos-da-populacao-brasileira-tem-telefone-celular-aponta-pnad.htm Gomes H. S. G1 Globo. São Paulo; citado em 2016 Abr 06. Disponível em : http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/04/smartphone-passa-pc-e-vira-aparelho-n-1-para-acessar-internet-no-brasil.html
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A ABNT 11 3017.3638 www.abnt.org.br pág. 53 ADERE 0800.701.2903 www.adere.com pág. 33 ALTA TRANÇADOS 11 2618.2203 www.altatrancados.com.br pág. 13
L LAB. BIOMECÂNICA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 12 cad. LAB. MICROBIOLOGIA 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 63 LAB. SUBST. RESTRITIVAS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 56
B BIBI 51 3512.3344 www.bibi.com.br pág. 75
M MÁQUINAS MORBACH 51 3066.5666 www.morbach.com.br pág. 02 MARED 51 3559.6666 www.maredtextil.com.br pág. 39 MARLUVAS 32 3693.4096 www.marluvas.com.br pág. 15 METAL COAT 54 3215.1849 www.metalcoat.com.br pág. 21
C CIFA TÊXTIL 19 3808.7777 www.cifafioselinhas.com.br pág. 06 cad. CIPATEX 19 3808.9000 www.cipatex.com.br pág. 07 cad. COFRAG 51 3568.2044 www.cofrag.com.br pág. 25 cad. COLORGRAF 51 3587.3700 www.colorgraf.com.br pág. 34 COMELZ 51 3587.9747 www.comelz.com pág. 05 CONFORTO ART COUROS 51 3561.2801 www.conforto.com.br pág. 02 cad. COUROMODA 11 3897.6100 www.couromoda.com pág. 54 COVESTRO 11 2526.3137 www.covestro.com.br pág. 23 D DÜRKOPP 11 3042.4508 www.durkoppadler.com pág. 09 F FIMEC 51 3584.7200 www.fimec.com.br pág. 49 FISP 11 5585.4355 www.fispvirtual.com.br pág. 50 FOAMTECH 19 3869.4127 www.foamtech.com.br pág. 84 FRANCAL 11 2226.3100 www.francal.com.br pág. 42 G GUIA ASSOCIADOS 51 3553.1000 www.ibtec.org.br pág. 69 I INSPIRAMAIS 51 3584.5200 www.inspiramais.com.br pág. 57 ISA TECNOLOGIA 51 3595.4586 www.isatecnologia.com pág. 47 ITM 54 3261.0700 www.itmtextil.com.br pág. 07
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O ORISOL 51 3036.4774 www.orisol.com.br pág. 31 P PAULINHO PILATTI 51 3581.5343 pilatti.nh@terra.com.br pág. 51 PRIME CHEMICAL 16 3720.7330 www.primechemical.com.br pág. 19 PROAMB 54 3085.8700 www.proamb.com.br pág. 20 R RAMARIM 51 3565.8100 www.ramarim.com.br pág. 30 cad. RETILOX 11 4705.9460 www.retilox.com.br pág. 17 RHODIA 11 3741.7505 www.rhodia.com.br pág. 83 S SMS METAIS 51 3587.8787 www.smsmetais.com.br pág. 35 STICK FRAN 16 3712.0450 www.stickfran.com.br pág. 10 Z ZERO GRAU 51 3593.7889 www.feirazerograu.com.br pág. 29
ENTIDADES DO SETOR ABEST (11) 3256.1655 ABIACAV (11) 3739.3608 ABICALÇADOS (51) 3594.7011 ABINT (11) 3032.3015 ABLAC (11) 4702.7336 ABQTIC (51) 3561.2761 ABRAMEQ (51) 3594.2232 ABRAVEST (11) 2901.4333 AICSUL (51) 3273.9100 ANIMASEG (11) 5058.5556 ASSINTECAL (51) 3584.5200 CICB (61) 3224.1867 IBTeC (51) 3553.1000 FEIRAS DO SETOR BRASEG (11) 5585.4355 COUROMODA (11) 3897.6100 EXPO EMERGÊNCIA (11) 3129.4580 EXPO PROTEÇÃO (11) 3129.4580 FEBRAC (37) 3226.2625 FEIPLAR (11) 3779.0270 FEMICC (85) 3181.6002 FENOVA (37) 3228.8500 FIMEC (51) 3584.7200 FISP (11) 5585.4355 FRANCAL (11) 2226.3100 GIRA CALÇADOS (83) 2101.5476 HOSPITALAR (11) 3897.6199 INSPIRAMAIS (51) 3584.5200 PREVENSUL (51) 2131.0400 40 GRAUS (51) 3593.7889 QUÍMICA (11) 3060.5000 SEINCC (48) 3265.0393 SICC (51) 3593.7889 ZERO GRAU (51) 3593.7889
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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM MÁQUINAS E
processos de curtumes N ovas tecnologias, adequações e exigências de mercado e de práticas sustentáveis, bem como o papel da indústria do couro foram algumas das questões abordadas entre os participantes do XXII Encontro Nacional Abqtic. O evento foi realizado no dia 10 de agosto pela Associação Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro (Abqtic), em Novo Hamburgo/RS, antecedendo ao Fórum CSCB de Sustentabilidade realizado pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Na abertura do encontro, o presidente da Abqtic, Valmor Trevisan, destacou a atuação da associação e sua constante mobilização em promover eventos, parcerias e ações para disseminação de conhecimento, troca de experiências e projetos destinados a encontrar novas diretrizes para o constante desenvolvimento do setor. Destacou ainda a importância da união de entidades setoriais, para fortalecer a busca por resultados e conquistas do segmento.
Produtos probióticos para produção sustentável de couros - Stahl
O palestrante Joan Carles Castell salientou que o processamento de peles para transformá-las em couro envolve a geração de quantidades muito elevadas de águas residuais e resíduos sólidos, muitos deles valiosos para outras aplicações se não estiverem contaminados com produtos químicos. Atualmente, a biotecnologia é capaz de dar apoio aos curtidores para melhorar os efluentes e aumentar o valor dos subprodutos, reduzindo a necessidade de produtos químicos sintéticos. A aplicação de tecnologia probiótica melhora a qualidade do couro assim como rendimento de área. Com o principal objetivo de reduzir impactos ambientais e se ajustar cada vez mais ao universo sustentável, a empresa apresentou avaliações da aplicação de produtos probióticos e os benefícios nas várias etapas do processamento do couro. Castell detalhou o uso destes produtos em diferentes etapas do processo bem como a qualidade dos couros no resultado final, além de apresentar a linha de produtos Proviera Probiotics
for Leather utilizada na ribeira, que tem garantido os resultados mais expressivos. O objetivo principal da palestra foi destacar a importância de pesquisa e desenvolvimento de produtos que venham ao encontro com as exigências de mercado e da sustentabilidade. A mediação foi realizada por Etevaldo Zilli, diretor executivo da Abqtic.
Inovação em máquinas para acabamento de couros com baixo impacto ambiental Os palestrantes Júlio Bresolin - diretor comercial da Gemata do Brasil, e Guilherme Gallas - gerente industrial, abordaram uma nova geração de máquinas a rolo, apresentando vantagens econômicas e ambientais para o acabamento de couros. Destacando esta visão sustentável no futuro, os convidados listaram uma série de vantagens. No decorrer da palestra, foram apresentados as ações e os resultados, bem como comparativo entre o ciclo de trabalho com cabine de pintura e com máquinas a rolo. O mediador foi o engenheiro André Nodari, diretor da NBN Tecnologia e conselheiro da Abrameq.
Retorno para o curtume para cada 1,000,000 pé2 de couros acabados com o revolucionário sistema de acabamento a rolo
• Economia de 21.600 kg de produto químico (50%) • Economia de 5.980 kW (80%) • Economia de 31.400 litros de água (95%) • Economia de 58.200.000 litros de ar comprimido (95%) • Economia para limpar, estocar e escoar os resíduos sólidos relativos a 21.000 kg de produtos químicos dispersos (100%) • Melhor qualidade do couro com eliminação dos defeitos devidos ao pó, com ganho de percentual de metragem no corte
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Tannery 4.0 as perspectivas para a indústria do couro
O palestrante destacou ainda dois pontosespecialista mudança de mentalidade e a inovação. A moderação foi realizada por Gustavo Fink, integrante do Conselho Técnico-Científico da Abqtic e gerente técnico regional da Lanxess.
Mesa redonda O encontro se encerrou com uma mesa redonda tendo como pauta o futuro da indústria do couro. Contando com a participação do presidente da The International Union of Leather Technologists and Chemists Societies (Iultics), Dr. Dietrich Tegtmeyer; Luis Eduardo Fuga (Fuga Couros); Ramon Souza Della Torres (JBS Couros); André Nodari (Abrameq) e Joan Carles Castell (Stahl), a mesa redonda teve como mediador José Fernando Bello, presidente executivo do CICB.
FOTO FÁBIO WINTER
O Dr. Dietrich Tegtmeyer (Lanxess) comentou em sua palestra que a sustentabilidade e uma nova geração tecnológica - definida como a Indústria 4.0 - determinarão as grandes mudanças nas ações futuras. Novos processos, conceitos produtivos e indicadores de desempenho têm o potencial de criar uma verdadeira revolução industrial. A indústria curtidora deve observar cuidadosamente as novas oportunidades e reavaliar todos os velhos métodos operacionais. Nesta apresentação, um novo conceito produtivo foi apontado como um exemplo desta radical mudança nas tradicionais funções e responsabilidades e também nas oportunidades em transformar subpro-
dutos de baixo valor em recurtentes, dentro do próprio setor produtivo e sob demanda. Em seu relato, Tegtmeyer primeiramente fez um comparativo com a evolução industrial, que hoje se encontra na Indústria 4.0, da mesma forma passou por uma cronologia iniciada nas décadas de 1960 e 70, destacando quatro etapas da sustentabilidade, os avanços tecnológicos e de mentalidade que hoje nos colocam num patamar de sustentabilidade 4.0, no qual mostra o envolvimento da indústria nas práticas sustentáveis agora no Século 21. O palestrante apresentou toda a pesquisa, a preocupação da empresa em buscar os ajustes necessários para o Tannery 4.0 que em sua concepção deverá focar-se nos quesitos: química sustentável e soluções técnicas; novos papéis e responsabilidades para fornecedores e curtidores; e novos modelos de negócios.
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A indústria do couro do futuro Mesa Redonda Durante a Mesa Redonda, Joan Carles Castell destacou a necessidade da indústria do couro de buscar adaptação à atualidade, adequando-se às exigências e mudanças da cadeia de valor. Em seu ponto de vista as novas tecnologias do processo de curtimento devem procurar parcerias em novas ciências, como a biotecnologia e a nanotecnologia, reforçando sua fala no início da manhã sobre os produtos probióticos. Dietrich Tegtmeyer, por sua vez, destacou a necessidade de mudança de mentalidade e de atitude. Retomou o destaque da Indústria 4.0 com suas oportunidades e características, deixando claro que é hora de agir. Alguns novos processos e tecnologias serão a virada necessária para o setor. E neste caso a inovação será imprescindível para se manter no mercado e seguir em frente. Entre as diversas questões pontuadas por Dietrich, a mais crucial é a necessidade de mudança de mentalidade, o fundamental engajamento de todas as esferas da indústria, manterse focado nas questões sustentáveis, nas novas tecnologias e nos novos modelos de empreendedorismo. Luis Eduardo Fuga destacou as iniciativas tomadas pelo Grupo Fuga, em busca de manter-se ativo e apto
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a atender as demandas de mercado, ressaltando a dificuldade encontrada pelo setor em conviver com constantes exigências de adequação a normas e questões ambientais, os desafios de se enquadrar em certificações, na Indústria 4.0, mas lembrando sempre que se trata de um setor que sobressai às dificuldades e instabilidades político-econômicas que afetam o país e se mantém em constante transformação para atender às demandas. André Nodari destacou mais diretamente a Indústria 4.0, fazendo alguns enfoques no cronograma histórico da evolução industrial. Destacou a apresentação de Tegtmeyer durante sobre sua palestra sobre o tema, e conclui falando das diretrizes e do que se espera das empresas, dos empreendedores nesta fase em que o setor encontra-se - a busca pela Indústria 4.0, que é um conjunto de princípios e tecnologias para atingir novos patamares de eficiência e produtividade. Ramon Souza Della Torres enfatizou as ações e programas de gestão da JBS totalmente voltados à sustentabilidade e de acordo com exigências do mercado. Fortaleceu a questão de que é necessária uma mudança de mentalidade e de atitude nos curtumes brasileiros, para que se enquadrem nos
preceitos da Indústria 4.0, nas práticas sustentáveis e em projetos que unifiquem as entidades setoriais representativas da cadeia produtiva, para que se unam em ações destinadas a garantir o desenvolvimento e o crescimento do setor. Somente com a união e todos falando a mesma língua, que se pode vir a adquirir bons resultados. Para Ramon, os primeiros passos estão sendo dados pela indústria do couro, que ainda precisa mudar muito seu posicionamento de gestão, para se enquadrar nos novos modelos de negócios que surgem. O mediador José Fernando Bello pontuou ações de projetos realizados pelo CICB, como a implantação da Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB), alimentou o debate com questões relevantes para o assunto e instigou os participantes com perguntas da plateia. O Encontro Nacional Abqtic de 2017 encerrou com os objetivos alcançados, tendo reunido cerca de 300 participantes, que acompanharam ativamente a programação, e na parte da tarde permaneceram no Salão de Atos para seguir o cronograma do Fórum CSCB de Sustentabilidade. Fonte: Leila Ermel (Revista do Couro/ABQTIC)
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Desafios e estímulos ante um mundo disruptivo Na sequência do Encontro Nacional Abqtic, foi realizado pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) o Fórum CSCB de Sustentabilidade, que apresentou oportunidades e possíveis caminhos para o setor de couros. As ideias, experiências e tendências foram transmitidas por especialistas através de palestras e debates com os participantes. A atividade curtidora foi discutida a partir da pecuária, passando pela moda, avaliação de processos e a indústria 4.0. As apresentações tiveram como norte o tema Negócios disruptivos para um mundo disruptivo, focando iniciativas do universo do couro brasileiro em sintonia com o dinamismo contemporâneo.
Como o agronegócio brasileiro conquistou o mundo: diferenciais, ação e potencial Apontando números que expõem o agronegócio brasileiro em destaque no cenário mundial, o executivo da Embrapa, Kepler Euclides Filho, salientou que o setor tem sido o suporte para a balança comercial positiva do Brasil, respondendo por 23% do PIB nacional, 43% das exportações e 32% dos postos de trabalho. Estimando uma tendência positiva com relação ao aumento das exportações de carne bovina para os próximos anos, comentou que o crescimento do consumo da carne brasileira trará ainda mais robustez aos negócios do setor. “Não estamos aumentando a produção com ampliação de área, mas sim com tecnologia, inovação, pesquisa genética e técnicas de manuseio”, sublinhou ele, lembrando que de março de 2015 a março de 2017, as exportações de couro cresceram em torno de 16% e a expectativa é que a curva ascendente seja mantida pelos próximos anos. “O crescimento das exportações de couros em março de 2025 sobre março de 2015 deve girar em torno de 17% a 20%”, destacou. Empreendedorismo, indústria ativa, políticas de governo, conhecimento, tecnologia e interação entre produtor e fornecedores são as principais razões apontadas pelo executivo para esse otimismo. “Apesar das tendências favoráveis, é necessário melhorar a gestão do negócio, investir ainda mais na agregação de valor aos produtos, qualificar a mão de obra, além de estabelecer a união da cadeia produtiva e promover a transferência de tecnologia”, salientou.
DESAFIOS - O palestrante comentou que até 2050 o mundo deve ter mais de nove bilhões de pessoas, e o crescimento acontecerá de forma acentuada nos centros urbanos, com diminuição nas zonas rurais, o que significa menos pessoas no campo produzindo alimentos para as da cidade. Outro desafio são as questões ambientais como a escassez de água potável e as mudanças climáticas - que se tornarão ainda mais acentuadas. Além disso, devido ao acesso às informações, os consumidores vão, cada vez mais, fazer suas escolhas de consumo baseadas nos impactos ambientais e sociais gerados pelas marcas. “Nossas exportações estão ainda associadas a commodities de baixo valor agregado e produção em larga escala para o mercado global, e devemos pensar mais em gerar produtos premium focando em nichos especializados, mas para isso é necessário investir também em rastreabilidade e certificação, que são pilares importantes para o Brasil crescer neste cenário comprovando as boas práticas de gestão ambiental e bem-estar das pessoas”, detalhou. Reforçando que a atividade industrial será fortemente pressionada pela competição por recursos naturais, ele considera que o Brasil continuará preponderante como provedor global de produtos do agronegócio. Porém fez a ressalva de que a qualidade do produto final deve ser garantida ao longo de toda a cadeia de valor. “Ainda encontramos problemas que interferem na qualidade do couro, como marcação a fogo e carrapatos, mas à medida que se consegue avançar nesta e em outras questões é possível aumentar o valor do material. O grande desafio é estabelecer como este valor será distribuído de forma a contemplar satisfatoriamente a todos os elos da cadeia”, determinou.
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O couro guiando novos modelos de negócios Os jovens empresários Renato Pereira (Escudero) e Gustavo Oliveira (Cutterman Co.) explicaram sobre como aliaram a singularidade do couro a aspectos valorizados no mercado global, como sofisticação estética, aspecto artesanal, transparência na fabricação e aquisição de matéria-prima local. O estilista Walter Rodrigues, que fez a moderação do painel, observou que ambos tiveram carreiras prévias longe da indústria curtidora (Pereira no mercado financeiro e Oliveira em publicidade) e viram na matéria-prima uma oportunidade para criar produtos incríveis e com valor agregado para satisfazer a públicos bem específicos. “Vejo em seus produtos uma simplicidade que leva à sofisticação”, comentou o mediador. O INÍCIO - Pereira contou que queria adquirir uma mala de couro e não encontrou no mercado um modelo que o agradasse. Dessa dificuldade surgiu o interesse em fabricar um produto próprio que atendesse as suas próprias necessidades. O modelo chamou a atenção de amigos, que passaram a fazer os primeiros pedidos. A marca, que tem como diferencial a sofisticação, cresceu pelo comércio eletrônico, hoje tem uma loja física em endereço nobre de São Paulo/SP e deve somar negócios na ordem de R$ 1,8 milhões neste ano.
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A desilusão por não encontrar no mercado um produto que o agradasse foi também o motivo para Oliveira criar a Cutterman, que se especializou no desenvolvimento de mochilas, carteiras e cintos que se destacam no nicho aventureiro, com artigos valorizados pelo aspecto artesanal. Ele contou que investiu R$ 16 mil para criar a marca e deve encerrar 2017 com faturamento de R$ 2 milhões. DIFICULDADES - Como nenhum dos dois empresários tinha qualquer experiência anterior com a produção industrial e tampouco com modelagem ou manuseio da matéria-prima, tiveram que aprender como se faz artefatos em couro. “No início eu mesmo cortava e fazia o produto, hoje tem quem faça isso, mas domino todo o processo da fabricação”, observou Oliveira. Para conhecer mais sobre a matéria-prima, passou a visitar curtumes. “Foi um período difícil, eu queria apenas comprar uma peça para trabalhar os primeiros modelos, mas só aceitavam pedidos mínimos a partir de 100 metros. Aos poucos os fornecedores perceberam a verdade da marca e auxiliaram com os materiais”, contextualizou. A marca cresceu e hoje oferece outros artigos relacionados ao estilo aventureiro usando diferentes matérias-primas. Pereira, por sua vez, optou por as-
sumir a produção e por isso trabalha 12 horas/dia. “Nada melhor do que fazer 100% do processo para transmitir a nossa verdade”, comentou. Ele teve o mesmo problema com relação ao fornecimento em pequenos lotes e usou diversos tipos de couro até conseguir a matéria-prima com as características certas. “A dificuldade é que algumas vezes existe diferença entre as amostras e o que é entregue, como temos uma reputação não aceitamos material que não esteja no padrão contratado. No Brasil se busca muito o aspecto do couro perfeito e quando o cliente se depara com alguma imperfeição natural pode não aceitar muito bem. O problema é que os melhores couros são exportados”, acentuou. RASTREABILIDADE - Oliveira também aproveitou para falar sobre a rastreabilidade do couro. “Isso depende muito do estreitamento da relação com o fornecedor, mas, por mais que eu veja a preocupação da empresa com a rastreabilidade, o cliente não se preocupa muito com isso”, opinou. Já Pereira observou que uma das dificuldades desse controle é a alternância de fornecedores. O mediador Walter Rodrigues lembrou que o consumidor passou a cobrar a transparência das marcas e a cadeia toda vai ter que se adequar a esta realidade.
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Eficiência e sustentabilidade: as mudanças e os resultados do CSCB na indústria O painel, que teve como participantes representantes de quatro empresas foi mediado pelo coordenador do CSCB, Álvaro Flores. Ele iniciou os trabalhos apontando que a certificação é uma forma de externar tudo o que curtumes fazem no âmbito da sustentabilidade. “Sabemos que esse não é um caminho rápido e nem fácil, mas se trata de um processo que proporciona credibilidade”, pontuou. Também comentou que uma das preocupações do CICB é divulgar ao mercado comprador o significado da certificação dos curtumes brasileiros. “Vamos iniciar o processo de divulgação junto a grandes marcas internacionais e os curtumes certificados vão receber os devidos holofotes”, assegurou. Augusto Coelho, diretor do Curtume Moderno, considerou que essa é uma oportunidade para fazer mudanças necessárias na empresa. “Quando um negócio está consolidado, pode acontecer uma acomodação, que acaba por impedir que se percebam possíveis deficiências e se continue a fazer as coisas sempre do mesmo jeito. A partir do CSCB, quebramos paradigmas, organizamos equipes em células, estabelecemos metas e buscamos o comprometimento de todos. Mensuramos resultados e houve células em que a produtividade aumentou 100%”, afirmou. Para isso acontecer foi necessário um trabalho de preparação das equipes para a nova metodologia de trabalho. “A resistência à mudança existiu, principalmente através de colaboradores que nunca haviam trabalhado com metas. Mas após a adesão ao CSCB o nível técnico da mão de obra aumentou, o retrabalho diminuiu, a produtividade cresceu, a equipe passou a cumprir metas, enfim, consolidamos uma cultura empresarial voltada a resultados, e hoje chegam a acontecer disputas entre as células, pois todos querem melhorar os próprios resultados”, disse. Para Angela Miyasato, da Internacional
Couros, o CSCB tem um diferencial importante sobre outras certificações, que é o olhar social, e uma atenção relevante com a rastreabilidade, que permitiu à empresa uma seleção mais aprimorada de seus fornecedores. “Quando o cliente pergunta se a empresa tem certificação, ele não está exigindo, mas dá a dica de que este é um diferencial desejado. Temos ISO 9001, estamos buscando a ISO 14001 e a certificação CSCB, sem que isso tenha sido uma imposição de clientes, mas por entendermos que são diferenciais valorizados no mercado”, assinalou. Ela comentou que a existência de 173 indicadores pode assustar um pouco no início, mas nem todos são aplicados a todas as empresas e uma parte deles já faz parte da rotina. Lembrou ainda que o que não se mede não se controla. Os participantes receberam em primeira mão a notícia de que, em duas semanas após o fórum, a Fuga Couros iria passar por auditoria para obtenção da certificação. Quem informou foi Simone Flach, da Controladoria da empresa. “Para nós, a certificação tem como objetivo melhorar nossos processos e que isso signifique benefícios para o dia a dia da empresa”, antecipou. Manoela Junqueira Becker, diretora adjunta do Curtume Mats, ressaltou que o CSCB é um norteador sobre os rumos da empresa frente a tantas informações e tendências atuais do mercado. “A norma ajuda a olhar constantemente o curtume como um todo e quanto mais curtumes fizerem isso maior será o crescimento do setor, pois a troca de experiências será entre empresas que conversam usando a mesma linguagem”, considerou. Além disso, completa, o processo possibilita perceber o que precisa ser feito para garantir a sustentabilidade, que é uma exigência cada vez mais forte dentre as novas formas de consumo.
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Rompendo padrões: gestão e tecnologia a serviço da transformação O encerramento do fórum contou com painel ligado exclusivamente à tecnologia, inovação e à indústria 4.0, com a moderação do presidente executivo do CICB, José Fernando Bello. Um projeto de maior integração da cadeia composta pelo couro e a indústria da gelatina foi proposto por Claudia Yamana, presidente da Associação dos Fabricantes de Gelatina da América do Sul (Sagma). O pesquisador Junico Antunes trouxe ao plenário sua experiência acadêmica e de mercado, apresentando exemplos de inovação e as vantagens do uso da tecnologia e da flexibilidade na indústria. Roberto Felix Haas, diretor da System Haus, frisou a importância da qualificação de equipes internas para que se crie um ambiente propício para a geração de novas ideias, a quebra de paradigmas e a inovação. Fernando Bello citou que o Governo disponibilizou recursos e criou um grupo de trabalho para discutir estratégias olhando sobre a indústria 4.0. “Tudo parece fácil na teoria, mas na prática o empresário é um herói, que luta diariamente para pagar os impostos e vencer a burocracia e demais gargalos que atrasam o desenvolvimento das indústrias. Grandes empresas em nível mundial já lidam com a questão da certificação, mas como ficam as pequenas empresas neste contexto?”, indagou. Enfatizando que o que as pessoas
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normalmente não percebem no sistema Toyota de produção é o conceito de cooperação inerente ao processo, Junico Antunes pontuou que o debate sobre a inovação envolve duas questões - a organizacional e a tecnológica - e as empresas não podem olhar somente para si mesmas ou para o segmento em que estão inseridas, mas devem observar, cada vez mais, os outros setores para encontrar novidades que possam ser implantadas no seu negócio e gerar melhores resultados. “O modelo tradicional de produção tem muito a ensinar, mas serão os jovens que vão dominar na indústria 4.0, pois eles já convivem com esta realidade em que as máquinas e os produtos são inteligentes e conectados e interagem entre si sem a intervenção humana, é preciso, portanto, construir competências internas inserindo este público que passa a ser estratégico”, concluiu. Cláudia sustentou que o setor da gelatina cresce numa escala de 3% ao ano, consome 80% das aparas não curtidas do setor de couros e é preciso pensar em ações conjuntas visando o mercado final dos dois negócios. “Quando se fala em gelatina e colágeno se pensa em sobremesa e artigos para o rejuvenescimento, mas existem diversas outras aplicabilidades para estes produtos”, destacou. O setor tem 140 anos de tradição e está em constante transformação para atender vários segmentos como
fármacos, confeitaria, suplementos alimentares, produtos medicinais, sistemas de suporte à pesquisa, produção de velas e fósforos, artigos para maquiagem, lubrificantes, balística, biodiesel, controle de calorias etc. Haas lamentou que o Brasil tem tradição em oferecer acesso ao crédito para aquilo que não é importante, enquanto no exterior há exemplos concretos de incentivos para atender as necessidades de crescimento das empresas, advindos dos impostos. Também afirmou que para o desenvolvimento de uma empresa é muito importante quebrar paradigmas. Na sua visão, um dos grandes erros de fabricantes é imaginar que podem fazer o que querem, deixando, algumas vezes, de pesquisar ou até mesmo considerar o que o mercado deseja. “É preciso preparar as pessoas, usando as ferramentas certas, para criar nas empresas um ambiente de discussões visando à busca de soluções que levem a melhores resultados”, comentou ele, considerando que nunca se esteve em um momento tão próximo e ao mesmo tão difícil de implantar mudanças estruturais nos negócios. “Se por um lado a tecnologia barateou, por outro, se for mal usada ou demorarmos um pouco para tomar uma decisão importante, deixamos de alcançar os resultados pretendidos e podemos perder parceiros”, terminou.
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