EDUCAÇÃO DESCONECTADA

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Ano 65 • Número 260 • Domingo, 31 de janeiro de 2016

FUNDADOR: ALUÍZIO ALVES - 1921 - 2006

PAULO COELHO

Pequenos e perigosos

Dez modelos para quem vai brincar o carnaval ou curtir sol e sossego à beira mar « GLAM/TNF 8 »

Caravelas e pequenos peixes podem causar acidentes dolorosos nas praias « TN FAMÍLIA 1 E 3 »

Leia sobre saúde e comportamento no blog Estar Bem. www.tribunadonorte.com.br

Confira as previsões astrológicas de Cláudia Hollander para hoje. PÁGINA 3

SAÚDE

Jorge Boucinhas esvreve sobre atividade física e o envelhecimento. PÁGINA 2

tnfamília

Editor: Rosa Lúcia Andrade

- tnfamilia@tribunadonorte.com.br

Pequenos peixes descartados à beiramar por pescadores amadores oferecem riscos a crianças e até mesmo adultos desavisados. Entre as espécies pode estar um bagre, com seus ferrões perigosos que têm veneno ativo mesmo após horas de morto. As caravelas encalhadas na areia também oferecem risco

Natal • Rio Grande do Norte

O escritor fala sobre a sabedoria judaica em três exemplos.

DE AS ALTERNATIVAS À FOLIA CARNAVAL ESTÃO NO ROTEIRO 7 QUE O #PARTIU SUGERE . PÁGINA

• Domingo, 31 de janeiro

PÁGINA 2

de 2016

PERIGOS À BEIRA-MAR

ROSA LÚCIA ANDRADE repórter

ão é conversa de pescador. Escapar de um acidente com animais marinhos peçosorte do nhentos depende mais da dizer. que da sabedoria, pode-se dores Apesar de causarem fortes por caquando a pessoa é atingida este últiravela, bagre e nequim, da mo um peixe desconhecido substânmaioria dos banhistas, as o cuicias não são letais. Mas vale com nedado para não se deparar evitar nhuma dessas espécies para dores como complicações possíveis cabeça, fortes e edemas, dores de ômitos e em alguns casos, f b

N

de lesão. nhecimento sobre o grau de caraNo caso das queimaduras comum vela, tipo de acidente mais gente opnas nossas praias, muita urina sota por colocar água doce e ciência é bre o local afetado. Mas a contra esse recurso. espeNo caso do bagre, quem é em hipótado pelo peixe, não pode, o ferrão tese alguma, tentar puxar o forpois rasgará a pele, já que tem com o nemato em setas. Acidentes por pesquim, peixe conhecido mais cocadores, tanto em águas salgadas científico mo doces (já existe relato de sua aqui no Rio Grande do Norte próximos presença em lagoas e rios não poa manguesais), o acidentado que prode esperar a dor passar. Tem o mais curar atendimento médico urgente possível para administração de analgésico potente e anti-inflacorticóide), ser matório (podendo históantialérgico, se a pessoa tiver casos rico de alergias, e em alguns iniciar antibióticos como profilaxia. De acordo com o infectologista existe Luiz Alberto Marinho, não denenhum soro para tratamento peixes, corrente de acidentes com animais como existem para outros escorpeçonhentos, como cobras, piões e aranhas. não No Rio Grande do Norte de aciexistem dados sobre esse tipo na dente e nem pesquisa específica GranUniversidade Federal do Rio ideia, ter de do Norte, mas para se de 25 levantamento feito em mais anos de trabalho pela Universidalitoral de de Estadual Paulista, no São Paulo, através do Pronto-Sode atencorro de Ubatuba, o número animais dimento por acidentes com 2%. de torno em fica aquáticos os Os animais causadores foram mais de ouriços-do-mar (50% de e águas2.500 casos), as caravelas e arraias vivas (25%) e os bagres presen(25%). Essas espécies estão relatos tes no nosso litoral, e pelos dores oferecem riscos tand

DIVULGAÇÃO

Sereias e folionas

ASTROLOGIA

BLOG

?

VOCÊ SABIA A FAB tem vagas para passageiros civis em voos para várias localidades « PÁGINA 6 »

Para quem quer sossego Roteiros ecológicos, cinema mais barato e praias sossegadas para quem vai fugir da folia. « TN FAMÍLIA 7 »

Eólicas vão gerar 10 mil vagas de empregos no RN este ano « ENERGIA » Os empreendimentos de energia eólica no RN devem gerar 10 mil empregos, este ano, e mais 25 mil entre 2017 e 2019. A previsão é do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia. Os cálculos são baseados na geração de 15 postos de trabalho para cada 1 megawatts instalado e a previsão de 2,3 Gigawatts em projetos já contratados para o estado. « ECONOMIA 1 E 2 »

EXEMPLAR DO ASSINANTE

entrevistas

BONANÇAS NO CAMPO DO AMÉRICA...

JUNIOR SANTOS

Em 144 escolas estaduais da capital, dos 1.072 computadores nos laboratórios de informática, 572 não funcionam e a SEC não tem verba para o conserto nem pessoal para a manutenção. « NATAL 1 E 2 »

“É a falta de harmonia, de integração geral de todos aqueles que estão ligados ao sistema de Segurança Pública” « CEL DANCLEITON LEITE » Comandante da PM, sobre o maior problema na segurança « NATAL 3 »

« EDUCAÇÃO » Faltam verbas para manutenção de computadores nas escolas

« CHUVA DE GOLS » Com 100% de aproveitamento e saldo de oito gols, nas duas primeiras rodadas, Aluísio Guerreiro só tem uma preocupação para o clássico deste domingo: evitar o clima de “já ganhou”

E INDECISÕES NO GRAMADO DO ABC

« GOVERNO » Orçamento 2016 prevê R$ 514 milhões em investimentos

ADRIANO ABREU

O Governo do Estado publicou o Orçamento Geral do Estado para 2016. De uma receita própria prevista para R$ 10,5 bilhões, R$ 514 milhões são investimentos, o equivalente a 4,85% do orçamento. « PÁGINA 8 »

« POLÍTICA » Com Motta, PSB terá candidato próprio em Natal para a prefeitura

“Batidos pelo processo de industrialização, fomos para o outro lado. E o RN virou um grande empório comercial.” « GERALDO DE MARGELA » Mestre em Sociologia, sobre o desenvolvimento no RN « ECONOMIA 3 »

« BOLAS FORAS » Para Narcíso, técnico do ABC, a situação é completamente inversa e adversa: Alvinegro vem de uma derrota e tem problemas para escalar o meio de campo e o ataque. « ECONOMIA/ESPORTES 6 »

O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, confirma a disposição do partido ter candidato próprio à prefeitura de Natal. O nome poderá ser o de Rafael Motta, que assumirá a legenda. « PÁGINA 3 »

JORNAL DE WM O caminho para o tão sonhado lema de Ordem e Progresso foi perdido nas brumas da história. « PÁGINA 2 » LAURO JARDIM Rodrigo Janot assinou, depois de 50 dias, o acordo de delação premiada da Andrade Gutierrez. GAUDÊNCIO Lava Jato abre debate, que se arrasta no país, sobre o campo dos Direitos. Quem tem razão? 44

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natal

Editora: Cledivânia Pereira [cledivania@tribunadonorte.com.br ]

/Natal • Rio Grande do Norte • Domingo, 31 de janeiro de 2016

Educação desconectada

ALEX RÉGIS

Projetos de inclusão digital nas escolas públicas do RN estão longe de alcançar as metas. Na Grande Natal, metade dos computadores das escolas estaduais estão quebrados. SEEC realiza um ‘Raio-X’ para melhorar estrutura MARCELO LIMA Repórter

O

governo do Estado pretende finalizar até abril o “Raio-X do parque tecnológico” das escolas públicas do Rio Grande do Norte. Por enquanto, já se sabe que de 1.072 computadores dos laboratórios de informática da rede estadual da Grande Natal, apenas 572 estão funcionando. Esse é o resultado da visita a 144 só da Grande Natal. E mais: não existe dinheiro destinado para a compra de peças novas, nem pessoal suficiente para fazer a manutenção. Ao lado disso, as escolas municipais e estaduais sofrem com a internet sem a mínima capacidade para ser usada como ferramenta de ensino. Iniciado em setembro do ano passado, o levantamento feito pela Secretaria de Estado de

Educação do Rio Grande do Norte (SEEC/RN) pretende diagnosticar condições de funcionamento desses computadores, os ambientes e quais os defeitos mais comuns. “Muitas dessas máquinas estão quebradas, mas precisam só de uma manutenção e poderia ser recuperada”, disse Maria Aldeiza da Silva, coordenadora do Núcleo de Educação a Distancia e Tecnologias (Neadtec). O problema é que a SEEC só possui 16 técnicos para dar suporte tecnológico aos 610 laboratório de informática espalhados pelo Rio Grande do Norte. Cada técnico numa Diretoria Regional de Ensino. Só na capital, o número é um pouco maior: 5 profissionais. Mas mesmo quando os técnicos conseguem chegar até o computador quebrado, as escolas têm que enfrentar outra barreira.

A Educação estadual não possui uma rubrica de onde possa tirar dinheiro para a compra de peças de reposição. “Não existe hoje, um recurso destinado para isso. Essa manutenção nunca foi planejada. O Ministério da Educação foi mandando os computadores, as escolas foram recebendo e nunca teve essa preocupação. Vamos ver quais são os principais problemas com esse levantamento e buscar uma alternativa para a manutenção”, comentou a coordenadora.

Instalação

Embora existam mais de 600 laboratórios nas estaduais, a instalação dos laboratórios também não é fácil. Ano passado, 69 escolas receberam kits com 18 computadores com gabinete para dois monitores. Esse compra foi iniciada em 2012 pelo Ministério da Educação por meio do

Na era da informação, alunos da rede pública têm dificuldade no acesso a computadores e internet

Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo). Desse total de instituições estaduais, 19 tiveram problemas para a instalação dos equipamentos neste ano. As dificuldades são muitas: espaço físico adequado; mobiliário e principalmente o dinheiro para ter tudo isso. Conforme a coordenadora do Neadtec, a Secretaria tentará sanar esses problemas dentro do prazo estipulado pelo Ministério da Educação: 19 de fevereiro. “Essas adequações custam entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, mas varia de acordo com as necessidades da escola”, acrescen-

tou Maria Aldeiza da Silva. Segundo ela, algumas escolas terão que ter transferir seu kit de computadores porque não conseguiram tomar as providências junto à secretaria a tempo.

Município

No município de Natal também não são todos os alunos que têm acesso a um laboratório de informática. Das 72 escolas de ensino fundamental, 66 possuem laboratórios. Os 73 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIS), só têm minilaboratórios. De acordo com a Secretaria Municipal de Educação

(SME), as escolas sem laboratório são as que funcionam em locais pequenos e, muitos vezes, em prédios alugados. “Quando uma escola não tem laboratório, a gente sempre dá uma alternativa. A Escola Nossa Senhora das Dores, na comunidade do Mosquito, não tem laboratório, mas tem lousa digital por exemplo”, disse Eliudson Raphael Oliveira da Silva, chefe do setor de Informática da Secretaria Municipal de Educação (SME). PAGINA 2

Conexão de internet não atende demanda


Natal - Rio Grande do Norte Domingo, 31 de janeiro de 2016

2

natal

Velocidade de conexão é incompatível « EDUCAÇÃO » Programa federal que prometia levar banda larga para todas as escolas públicas, entregou serviço com velocidade baixa e incompatível com o trabalho pedagógico. Professores chegam a pagar serviço privado MAGNUS NASCIMENTO

S

em conseguir conexão com o mundo por meio da internet, professores de escolas públicas do interior do Rio Grande do Norte têm como única saída: pagar por um serviço privado. Hoje, a velocidade oficial que o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE), do governo Federal, dá às escolas é de 2 mega. Em condições ideais, essa velocidade seria suficiente para abrir páginas de texto na internet sem maiores problemas (vídeos e jogos educativos online consumiriam tempo considerável das aulas). Mas essa foi uma realidade frustrada pelo programa federal. A verdade é que hoje as escolas estão praticamente sem conexão.“O governo oferece essa internet, mas não é de boa qualidade. Ao longo do dia, ela vai piorando. De manhã as escolas conseguem acessar, mas ao longo do dia, quando as demais pessoas do bairro começam a usar, a internet à noite é quase impossível”, disse Vera Lúcia Polleto, coordenadora do Núcleo de Tecnologia Educacional do município de Natal. O grupo de alunos mais afetado por isso são exatamente aqueles que estudam à noite. A Educação de Jovens e Adultos, pessoas que estão fora da faixa etária habitual para o ensino fundamental, funciona à noite na rede de escolas natalenses. Pessoas que, em geral, já tiveram outros atropelos e limitações na sua vida escolar.

Estado

As escolas estaduais sofrem do problema, uma vez que o programa que oferece banda larga é o mesmo. No município, já existe uma alternativa em função de um projeto da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o Giga Natal. “Diante dessa situação, nós montamos um projeto em fase de licitação conclusiva que é Programa de Banda Larga nas Escolas do município. Temos em vista também outra parceria com a UFRN que é o Giga Metrópole. A previsão é que esse ano seja implementado nas escolas”, informou Eliudson Silva, chefe do setor de informática da SME. Ainda segundo ele, o programa de banda larga nas escolas vai funcionar até a implantação do Giga Metrópole. Mensalmente, a iniciativa do Executivo municipal vai custar R$ 11,6 mil.

Banda mais larga

Em 76 escolas do Rio Gran-

Em Natal, escolas receberam quadros digitais e professores passaram por qualificação para utilizar o equipamento

Ì NÚMEROS Máquinas

144 escolas estaduais foram visitadas pela equipe do “Raiox do parque tecnológico” só na Grande Natal até agora à 1.072 computadores verificados 572 funcionam 500 estão quebrados à

Internet 2 mega é a velocidade da internet das escolas à 1/3 é a velocidade real que muitas escolas chegam a ter à 5 mega deveria ser a velocidade a partir de dezembro de 2015 à

Laboratórios e internet à Rede estadual 831 escolas 610 laboratórios 779 escolas têm conexão com a internet à Rede municipal (Natal) 72 escolas 66 tem laboratórios 64 com conexão à internet

de do Norte, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) determinou que a velocidade fosse aumentada. A agência também regula a área técnica do Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) do governo Federal. A Anatel determinou que

essas escolas, localizadas em áreas com boas condições técnicas de oferecer um serviço mais rápido, o aumento de 2 mega para 5 até 31 de dezembro de 2015. O PBLE é uma contrapartida das operadores de telefonia. O governo federal concede a possibilidade de explorar o serviço e, por sua vez, as operadores têm que instalar os cabos de banda larga nas escolas. A qualidade do serviço é discutido em diversos fóruns da educação público pelo Brasil. Para resolver o problema, a posição das operadoras é única: os Estados e municípios teriam que pagar para melhorar o serviço. Os gestores públicos são contrários. “Quando nós temos uma política pública, nós não podemos retroagir. Temos que ampliá-la”, defendeu Aldeiza da Silva, coordenadora do Núcleo de Educação a Distância e Tecnologias (Neadtec) da Secretaria de Estado da Educação (SEEC). Para comprovar a ineficiência do serviço, organizações não-governamentais promoveram a campanha “Internet na Escola”. Por meio de um site, as escolas podiam fazer o teste gratuito para verificar a real velocidade da conexão. No Rio Grande do Norte, 181 instituições participaram do teste. “A maioria das escolas não tinham direito nem a 1/3 do que deveria”, lembrou Aldeiza.

Falta de estímulo não desanimou Kalyandro Ainda quando cursava o ensino fundamental na Escola Estadual Vigário Bartolomeu, Kalyandro Fernandes começou a fazer cursos de informática em instituições privadas. Até então, nunca havia entrada num laboratório de informática na escola. A paixão pelo mundo digital só foi crescendo com os cursos. Primeiro veio o curso de Operador Total, depois Design Gráfico e Web Design. Ele até chegou a fazer dois meses de um curso de programação. Na escola, o seu primeiro contato com um laboratório de informática foi no primeiro ano do ensino médio na Escola Estadual Castro Alves no bairro de Nova Descoberta. Nada de extraordinário. “Poderia ter sido melhor”, dis-

se. Nos três anos que ele passou na escola, as visitas ao laboratório eram raras, apesar da ficção que ele nutria pela área.

Bolsa

Com ensino médio concluído em 2014, no ano seguinte Kalyandro conseguiu um bolsa para se tornar o monitor daquela laboratório tão mal usado num passado recente. “Eu acredito que a tecnologia é importante, mas ainda não ao ponto de substituir um professor”, diante do posto de monitor de laboratório de informática da Castro Alves. Depois dessa experiência durante o ano 2015, o jovem de 19 anos decidiu trancar a faculdade de Contabilidade e iniciar uma graduação em Pedagogia. MARCELO LIMA

Kalyandro Fernandes quer unir pedagogia à tecnologia

Equipe pedagógica terá qualificação obrigatória A equipe pedagógica das escolas estaduais terão que passar obrigatoriamente por qualificação em tecnologias da informação e comunicação. Já são 500 inscrições em todos os polos do Estado. Até então a busca por esse tipo de qualificação era voluntária. Mas como a busca não era reduzida, a Secretaria de Estadual de Educação do RN (SEEC) resolveu mudar o acesso aos cursos. “Vamos começar formando as equipes pedagógicas das Dired e das escolas. Elas vão fazer formação por recomendação do gabinete do secretário para orientar o uso das tecnologias nas escolas”, acrescentou Aldeiza Silva, coordenadora do Núcleo de Educação a Distancia e Tecnologias (Neadtec)daSEEC/RN.Essesprofissionais são os principais articuladores do processo de ensinoaprendizagem das escolas entre a equipe de apoio. Muitos professores, sobretudo os mais jovens, sabem manusear tecnicamente os dispositivos que o Estado tem à disposição, como lousas e projetores interativos. Mas só a habilitação técnica não basta. “O que a gente precisa aprimorar é o uso pedagógico dessa tecnologia”, destacou. No ano passado, 200 professores passaram por cursos relacionados ao uso de tecnologias da informação e comunicação. O governo do Estado realiza esse tipo de formaçãoadistância,ouseja,oprofessor não precisa se deslocar da sua cidade. Entretanto, necessariamente vai precisar ter conhecimento prévio, no mínimo, no uso de um computador pessoal. “Mas muitos professores têm dificuldade de acompanhar o ensino à distancia em ambiente virtual por vários motivos”, ressaltou a coordenadora do Neadtec. Para auxiliar os profissionais, há 17 núcleos de tecnologias educacionais espalhados pelo Rio Grande do Norte. Existem cursos para desenvolver várias habilidades didáticas, mas também é imprescindível dicas simples, que auxiliam no uso prolongado das máquinas disponíveis. “Muitos deles não sabem que uma sala de informática não podem ter o chão varrido. Tem que passar um pano úmido”, orientou. No município de Natal, a formação não é obrigatória. Ano passado, a capital ofereceu cursos como: aplicativos móveis, informática básica, manutenção de laboratórios, audiodescrição de imagens e fotografia aplicada à educação.

»ENTREVISTA » RICARDO YAMASHITA COORDENADOR DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO DA UNP

“Falta qualificação para os professores” As ferramentas da tecnologia da informação são bem utilizadas nas salas de aula de hoje?

As novas tecnologias já estão inseridas na vida cotidiano, porém, nós não temos conhecimento adequado para pensar questões que envolvem, por exemplo, o ensino. O que está faltando é uma qualificação. Muitas vezes, os alunos eles têm acesso mais fácil a essas tecnologias e eles aprendem mais rápido, até porque é uma realidade muito mais dos alunos do que dos professores que são de outras gerações. Então, fica difícil porque quem tem que mediar o ensino é o professor e ele não tem o conhecimento adequado para mediar. Aí os próprios alunos, tendo essas ferramentas, vão usar

para fins outros: redes sociais, joguinhos. Muitos dos professores são infelizmente desqualificados para lidar com as novas tecnologias, mas não desqualificados para o ensino. De modo geral, as licenciaturas pelo Brasil afora têm condições de dar essa qualificação para a nova geração de professores ou os cursos estão atrasados nesse aspecto?

Essa geração mais nova e essas graduações já buscam contemplar essas novas tecnologias. Existem muitos cursos que já abordam as novas tecnologias, porém, eu acredito que esse nicho precisa ser expandido em outros cursos. Muitas vezes, os alunos só acesso o computador pa-

ra fazer uma pesquisa, ou tem um momento que se comunica em rede social com amigos do colégio ou da faculdade. A gente tem muito acesso às novas tecnologias e o preço desse material caiu substancialmente com o tempo. Porém, a qualificação dos docentes ainda está um pouco atrasada, mesmo no ensino superior onde se tem um acesso maior. Pesquisadores e críticos da educação costumam argumentar que o ensino médio, como está hoje, é desinteressante. Isso porque o estudante não enxerga como o conhecimento daquela etapa possa ser aplicado na sua vida, principalmente quando não tem viés profissionalizante. Essa lacuna na formação dos professo-

res contribui para esse desinteresse dos estudantes?

No ensino médio, essa deficiência dos professores se torna gritante. Eu já dei aulas por muitos anos no ensino estadual. Lá, mesmo os alunos mais pobres, tem um conhecimento de informática absurdo. Os mais fracos que eu tive contato conseguia, pelo menos, fazer programas. É muito conhecimento. Aí quando o professor vai expor um vídeo, que é o máximo que muitos professores fazem, para o aluno é difícil. A interação que precisa ser feita precisa chegar ao aluno com a linguagem dele. O aluno está muito além de pensar vídeo, ele está pensando em programação. Tem como você equacionar esse problema, mas o primeiro pas-

so é o professor repensar sua metodologias.

Ì

O interesse do aluno seria então o resultado de um trabalho bem feito com essas tecnologias?

QUEM É

O interesse do aluno também é fundamental para que esse trabalho seja concretizado. Mas para que o aluno tenha interesse a gente tem que falar a língua dele. É uma via de mão-dupla. Para isso a gente tem que fazer algumas concessões. Logo mais não vai ter mais como se pensar ensino sem uso desse tipo de tecnologia, e esse dia não está muito longe. É uma realidade que não dá para negar. Mais do que o suporte material, se o governo der a qualificação vai ser bem interessante.

Doutor em Linguística Teórica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ricardo Yamashita é coordenador do Curso da Escola de Educação da Universidade Potiguar (UnP). Ele foi graduado em Letras Língua Portuguesa e mestrado em Estudos da Linguagem também pela UFRN.


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