CAERN TEM PREJUÍZO DE R$ 27,9 MI EM DOIS ANOS

MORRE O PROFESSOR E PESQUISADOR DA UFRN, CÍCERO ONOFRE DE ANDRADE • PÁGINA 10

Ano 67 • Número 050 • Terça-feira, 23 de maio de 2017

FUNDADOR: ALUÍZIO ALVES - 1921 - 2006 ALEX RÉGIS

Amor em tempos de guerra

Custo bilionário

Exposição com fotos e cartas inéditas vão ajudar a recontar a 2º Guerra Mundial em Natal.

Custo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro pode chegar a R$ 40 bilhões.

« VIVER 1 »

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« INSEGURANÇA » Roubo de carros chega a 3.167 no ano. Homicídios já somam 961

EXEMPLAR DO ASSINANTE

A polícia registrou 40 roubos de veículos no último fim de semana. No ano, já são 3.167 registros. Cerca de 1.800 foram recuperados. O número de homicídios chega a 961, no ano, em todo o RN. « PÁGINA 12 »

« LAVA JATO » MPF denuncia Lula por corrupção no caso do sítio

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ADRIANO ABREU

EDSON FESTEJA ATUAÇÃO NO BEIRA-RIO E VIVE DIA DE HERÓI

Atacante aprovado O atacante Lucão fez um dois gols da vitória do América por 3 a 0 e ganhou a torcida.

« PÁGINA 16 »

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Temer desiste de pedir ao STF suspensão do processo « CRISE » A defesa do presidente Temer desistiu de pedir, junto ao STF, a suspensão do inquérito aberto contra ele e anunciou uma perícia particular no audio da conversa com o empresário Joesley Batista. Segundo essa perícia, exitem 70 "pontos obscuros" na gravação. A ministra Carmen Lúcia já tinha anunciado que o STF vai esperar pela perícia da PF no áudio e no gravador usado pelo empresário da JBS. No Congresso já tramitam 14 pedidos de impeachment contra Temer. « PÁGINAS 3 E 4 »

Dnit espera por remoção da posteação

MAGNUS NASCIMENTO

Força-tarefa da Lava Jato apresenta à Justiça a acusação contra o expresidente que envolve o caso do Sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. A acusação é de corrupção e lavagem de dinheiro. « PÁGINA 5 »

« CONGRESSO » Senado reabre discussão sobre a reforma trabalhista Parecer do projeto da Reforma Trabalhista será lido na Comissão de Assuntos Econômico hoje. Na Câmara, areformadaPrevidênciadeveservotada no início de junho.« PÁGINA 6 »

« BR 101 » Uma briga judicial travada entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) poderá atrasar, ainda mais, a execução das obras remanescentes e complementares na BR-101. « PÁGINA 11 »

Passeio pelo abandono « TERROR » Explosão em show no Reino Unido deixa mortos e feridos

MAGNUS NASCIMENTO

« COMPANHIA » Melhor resultado foi em

2013, com um lucro líquido de R$ 41 milhões

Prejuízo da Caern em dois anos é de R$ 27,9 milhões

Explosão ao final do show da cantoraamericanaArianaGrande,naManchester Arena, no Reino Unido, deixou mortos e feridos. Polícia aponta para ataque terrorista.« PÁGINA 8 »

A Caern acumula, em 2015 e 2016, um prejuízo de R$ 27,9 milhões. Os resultados constam dos balanços da companhia, disponíveis no site oficial, após um lucro de R$ 41 milhões em 2013. A diretoria atribui a mudança de cenário ao nível de inadimplência dos consumidores e gastos com questões trabalhistas, cíveis e tributárias. « PÁGINA 9 »

colunistas

economia

natal

Woden Madruga

Mailson vem para a Semana da Indústria

Governo vai recorrer da decisão sobre PM

Presidente da Fiern, Amaro Sales, apresentou a programação da Semana da Indústria. Ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega é destaque. « PÁGINA 7 »

O governo do Estado vai recorrer da decisão do TJRN que determinou o pagamento dos salários da PM dentro do mês trabalhado. « PÁGINA 11 »

Exposição Agropecuária de Caicó começa quinta-feira. « PÁGINA 2 »

« CIDADE » Localizada no Tirol, a praça Ney Aranha Marinho, na

Negócios e Finanças 42% da receita da região Nordeste são de transferências da União.« PÁGINA 6 »

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avenida Beira Canal, serve de abrigos para moradores de ruas, usuários de drogas e virou depósito para muito lixo. « PÁGINA 10 »

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DNIT TRAVA DISPUTA JUDICIAL COM A COSERN PARA A REMOÇÃO DE POSTEAÇÃO EM TRECHOS DAS OBRAS DE DUPLICAÇÃO DA BR-101.• PÁGINA 11

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Natal • Rio Grande do Norte • Terça-feira, 23 de maio de 2017

Caern soma prejuízo de R$ 27,9 milhões « COMPANHIA DE ÁGUAS » Após lucro de R$ 41 milhões, em 2013, a Caern teve prejuízo de R$ 27,9 milhões, em 2015 e 2016. A diretoria atribui o resultado à inadimplência de clientes e gastos com questões trabalhistas, cíveis e tributárias MAGNUS NASCIMENTO

MARIANA CECI E MARCELO LIMA Repórteres

A

Companha de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte teve prejuízo de R$ 27.920.364 somados os anos de 2015 e 2016. Em 2015, as contas da empresa tiveram um buraco de R$ 6.788.639. No ano passado, o rombo chegou a R$ 21.131.725,00, mais de 3 vezes superior ao prejuízo líquido do ano anterior. Na última década, a Caern só havia apresentado resultado financeiro negativo em 2011, com R$ 453 mil de déficit financeiro.

De acordo com a Caern, os resultados negativos dos dois anos “foram fortemente influenciados pela constituição de provisões trabalhistas, cíveis e tributárias, além do acréscimo na constituição de provisões com devedores duvidosos, oriundas do não recebimento das contas de água”.

Só no ano passado, os clientes inadimplentes da Caern acumularam R$ 47 milhões em dívidas com a empresa.

Mesmo com o prejuízo, a companhia faz uma avaliação positiva desse biênio no vermelho. “O resultado do balanço da empresa é visto como positivo, pois as atividades operacionais da empresa foram superavitárias, porém não era expectativa da gestão da empresa a elevação do valor das provisões trabalhistas, cíveis e tributárias”, respondeu a Caern em nota assinada pelo presidente, Marcelo Toscano.

A empresa explica ainda que o destaque de 2013 nos lucros decorre de uma mudança na contabilização do dinheiro ou obras originários do governo Federal. “A partir do ano calendário de 2014, a Caern passou a adotar o pronunciamento técnico CPC nº 07 que trata das subvenções e assistências governamentais, onde o mesmo trata que os recursos oriundos de repasses do Orçamento Geral da União – OGU, recebidos a título de convênios para a construção de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, devem ser tratados como Passivo Diferido ao invés de serem reconhecidos no resultado da empresa”, respondeu a companhia. Em anos anteriores a 2013, a Caern teve su-

Caern informou que, somente no ano passado, os clientes inadimplentes nas contas de água acumularam perto de R$ 47 milhões em dívidas com a empresa

Ì BALANÇO 2016: (R$ 21.131.725) 2015: (R$ 6.788.639) 2014: R$ 4.871.679 2013: R$ 41.656.055 2012: R$ 2.581.916 2011: (R$ 453 mil) 2010: R$ 1.311.000 2009: R$ 2.284.000 2008: R$ 2.273.000 2007: R$ 2.775.000

*Os valores entre parênteses correspondem ao prejuízo líquido naquele ano. Os demais são lucro líquido Fonte: Caern (Balanço Financeiro) e Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS)

perávits, mas nunca superou os R$ 5 milhões.

Atualmente, a Caern atua em 158 municípios do Rio Grande do Norte. O maior faturamento é proveniente do município de Natal, com R$ 260.027.431,98 no ano passado. Esse valor é quase três vezes de meia maior do que a segunda cidade com maior faturamento, R$ 73.761.142 em Mossoró.

Em outros Estados nordestinos, as empresas do setor também passam por dificuldades. A Companhia de Abastecimento de Águas e Saneamento do Estado de Alagoas (Casal) teve o maior prejuízo nos últimos dez anos, em 2006, com R$ 49,7 milhões. A empresa não forneceu essas informações financeiras ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) entre 2013 e 2015. Na Paraíba, o prejuízo foi R$ 30,2 milhões em 2015, o maior prejuízo se comparado os dez anos anteriores para a empresa. Os exercícios financeiros de 2014 e 2013 também foram deficitários para a Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (Cagepa).

Em Sergipe, o prejuízo da companhia local chegou a R$ 162,9 milhões no ano de 2010.

A Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) teve déficits financeiros sucessivos até 2014. Em 2015, finalmente houve um lucro líquido de R$ 460 mil. As informações financeiras utilizadas nesta reportagem são dos demonstrativos financeiros da Caern e do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) do Ministério das Cidades.

Estudos para PPP já estão em curso O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômica e Social (BNDES) será o financiador de estudos para analisar a viabilidade de Parcerias Público Privadas (PPPs) na Caern. No final do mês passado, o consórcio Acqua venceu o pregão eletrônico aberto para a contratação de tais estudos. As consorciadas BF Capital Assessoria em Operações Financeiras, Aecon do Brasil Ltda e Azevedo Sette Advogados Associados ofereceram R$ 6,3 milhões pelo serviço. A proposta foi 70% menor do que o preço inicialmente estimado: R$ 21,2 milhões.

O prazo para a entrega do estudo é de, no máximo, oito meses.

A eficiência energética e a perdas de água tratada na distribuição são as duas áreas analisadas. Segundo a Caern, a sua conta de energia varia entre R$ 7,7 a R$ 8 milhões por mês. Estados como Alagoas e Sergipe iniciaram processo semelhante em março deste ano.

Governo

O governador Robinson Faria frisou que não venderia a Caern em documento que enviou ao BNDES em 26 de outubro passado. O ofício 196/2016 solicitou a inclusão

Há de se ressaltar que a posição do Rio Grande do Norte é a de não privatizar a Caern ou de proporcionar qualquer outra modalidade de transferência integral de suas ações ao setor privado” ROBINSON FARIA Em documento enviado ao BNDES

da Caern e da Potigás no Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do Governo Federal. No penúltimo parágrafo, Faria destaca: “há de se ressaltar que a posição do Rio Grande do Norte é a de não privatizar a Caern ou de proporcionar qualquer outra modalidade de transferência integral de suas ações ao setor privado”.

De acordo com a Arsban (Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal), órgão da Prefeitura responsável por mediar a relação entre a Companhia e os interesses da população do município, uma possível privatização poderia representar o fim do contrato da Prefeitura com a Companhia, que abriria uma nova licitação para a concessão, além de um aumento do custo do serviço para a população.

“Precisamos considerar que todo investimento que acontece na área de saneamento tem uma parte que é concessão do Governo Federal, que está dando para o público. Parte dos recursos pagos pelos contribuintes de Natal através dos impostos ao Governo Federal retornam em forma de subsídios para estimular programas, políticas públicas, como é o caso do saneamento. Em não ser uma empresa pública a ser uma concessionária do serviço, nós indagamos: os nossos impostos poderão retornar para subsidiar uma empresa privada? Não vai poder”, disse Aparecida França, diretora da Arsban.