Prisma53 | ago2014

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Ano 13 - No 53 agosto 2014

R$ 15,00

O resgate da arquitetura tradicional brasileira

Projeto ensina como desenhar um conjunto residencial, com ar de vila e usando as vantagens da alvenaria estrutural armada



nesta edição

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concrete show

O maior evento da cadeia produtiva do cimento e do concreto da América Latina pretende repetir, em sua 8a edição, o sucesso dos anos anteriores

16

entrevista

O engenheiro e professor-associado da Escola Politécnica da USP, Vanderley M. John, explica porque a Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de blocos e pisos intertravados de concreto, desenvolvida pelo CBCS, em parceria com a BlocoBrasil e ABCP, representa um marco na construção civil brasileira

revista prisma soluções construtivas com pré-moldados de concreto www.revistaprisma.com.br publicação bimestral agosto 2014

18 paisagismo O parque Celso Daniel, em Santo André, no ABC paulista, passou por uma grande revitalização e modernização com o uso de pavimento intertravado de concreto

22 arquitetura O residencial Jabuticabeiras, conjunto de 24 unidades habitacionais situado na Zona Leste paulistana, mostra um desenho arquitetônico sofisticado do arquiteto

SEÇÕES

Samuel Kruchin, utilizando alvenaria estrutural armada como sistema construtivo

6 agenda

28 pré-moldados O Grupo JCPM constrói o shopping RioMar Fortaleza, décimo empreendimento do gênero desenvolvido pelo grupo e que será um dos maiores do gênero, no Nordeste e no Brasil, com o uso de pré-moldados de concreto

35 alvenaria A construtora paulista Tecnisa pesquisou os sistemas existentes e resolveu apostar na alvenaria estrutural com blocos de concreto para erguer, em Diadema-SP, um empreendimento com dez torres, de 19 andares cada, e 1.600 apartamentos

41 mesa-redonda O 16o Fórum InterCement discutiu o mercado de lajes pré-fabricadas de concreto, suas perspectivas para os próximos meses, desafios e soluções

8 curtas

30 profissional top 50 destaque



editorial

EXPEDIENTE Prisma é uma publicação bimestral da Editora Mandarim www.mandarim.com.br DIRETORES

Marcos de Sousa e Silvério Rocha EDITOR RESPONSÁVEL

Silvério Rocha – MTb 15.836-SP EQUIPE TÉCNICA

Abdo Hallack, Cláudio Oliveira, Germán Madrid Mesa (Colômbia), Hugo da Costa Rodrigues, Kátia Zanzotti, Marcio Santos Faria, Paulo Sérgio Grossi, Rodrigo Piernas Andolfato e Ronaldo Vizzoni COLABORADORES

Texto: Marcos de Sousa e Regina Rocha Fotos: Patrícia Belfort PROJETO GRÁFICO

LuaC Designer DIAGRAMAÇÃO/Arte

Vinicius Gomes Rocha Act Design Gráfico IMPRESSÃO

Van Moorsel Gráfica e Editora REDAÇÃO

Editora Mandarim Praça da Sé, 21, cj. 402, São Paulo, CEP 01001-001 Tel. (11) 3117-4190 SECRETARIA e ASSINATURAS

Ilka Ferraz, tel. (11) 3117-4190, www.portalprisma.com.br ou pelo e-mail ilka@mandarim.com.br PUBLICIDADE

Diretor Comercial: Silvério Rocha silverio@mandarim.com.br Representantação Comercial: Rubens Campo (Act) (11) 99975-6257 - 5573-6037 rubens@act.ppg.br APOIO INSTITUCIONAL

ABCP ABTC BlocoBrasil ISSN: 1677-2482

Na próxima edição Arena do Morro, Natal Revitalização do Farol da Barra, em Salvador Avaliação de Ciclo de Vida Prevenção de patologias

Esta edição da Prisma é acompanhada pelo Manual de Desempenho – Alvenaria de Blocos de Concreto, num excepcional trabalho desenvolvido pelo engenheiro Cláudio Oliveira Silva, da ABCP, que contou com a colaboração de profissionais como o arquiteto Carlos Alberto Tauil, consultor técnico da BlocoBrasil, e dos engenheiro Luiz Póvoas e Cleuton Gomes, dirigentes regionais da BlocoBrasil para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina e Paraná, respectivamente. Essa publicação traz dados extremamente importante para os projetistas, construtores e à toda a cadeia produtiva da construção civil: os resultados dos ensaios de blocos de concreto, estruturais e de vedação, realizados por renomados laboratórios de prestigiosas universidades brasileiras, nos quais se constata que os blocos de concreto atendem a todas as exigências da Norma de Desempenho, a NBR 15.575/2013. Essa informação, fundamental para aqueles que se preocupam com a qualidade e com o desempenho dos sistemas construtivos que utilizam, estará disponível a partir da agora a contratantes, projetistas, especificadores, administradores públicos e ao público geral. Essa notícia auspiciosa se soma a outra: a apresentação dos resultados da Avaliação do Ciclo de Vida Modular (ACV-M) de blocos e pisos intertravados de concreto, desenvolvida pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), em parceria com a BlocoBrasil e a ABCP. Como relata em entrevista nesta edição o engenheiro, professor-doutor associado da Escola Politécnica da USP, Vanderley Moacir John, coordenador desse trabalho que consumiu um ano de desenvolvimento da metodologia, levantamento de informações, auditorias de terceira parte e consolidação dos dados, “essa é uma iniciativa pioneira, nessa escala e com essa abrangência, na avaliação de produtos da construção civil, no Brasil e no mundo” . De acordo com Ramon Otero Barral, presidente da BlocoBrasil, essa é uma iniciativa que visa a demonstrar, de forma transparente e acessível a todo o mercado, o estágio atual do setor em relação ao meio ambiente. E, melhor, esses dados, que também estarão disponíveis aos interessados a partir de agora, permitirá a todos os fabricantes de blocos avaliarem sua situação nos itens pesquisados – consumo de cimento, de agregados, água, energia e de emissão de CO2 – e buscar melhorias, ambientais e de gestão, de inovação, portanto. Boa leitura! 5


agenda CONCRETE SHOW 2014 27, 28 e 29 de agosto, em são Paulo

O maior evento relacionado ao mundo do cimento e do concreto acontecerá em São Paulo, entre 27 e 29 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes. O evento reunirá expositores de serviços, produtos, máquinas e equipamentos ligados ao cimento e ao concreto, além de contar, em paralelo, com o Concrete Congress, que promoverá palestras sobre os mais variados temas ao longo dos três da feira. Mais informações: www.concreteshow.com.br

ARCTEC - 3a FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA PARA ARQUITETURA E URBANISMO 10 A 13 de setembro, em São Paulo

A feira bienal voltada para a arquitetura e urbanismo acontece no Centro de Exposições Imigrantes, na rodovia dos Imigrantes, km 1,5, Água Funda, em São Paulo. Informações: www.feiraartech.com.br

CONSTRUIR – FEIRA INTERNACIONAL DA CONSTRUÇÃO - RIO 1o a 4 de outubro, no Rio de Janeiro

A Construir Rio, Feira Internacional da Construção, é o maior evento do estado do Rio no segmento da construção. Em sua 19a edição, o evento reúne profissionais do setor em um espaço aberto ao debate de tendências e apresentação de lançamentos. Aberta ao público em geral, tem como perfil de seus visitantes lojistas e atacadistas, arquitetos, engenheiros, administradores de condomínio, profissionais da construção em geral, designers de interiores, decoradores e paisagistas; construtores, empreiteiros e estudantes de áreas afins. Além da feira, ocorre também o Fórum Construir, um conjunto de mostras e palestras e workshops que trazem os assuntos mais importantes do momento para a construção civil e a sociedade. Informações: www.construirrio.com.br/

56o CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO 7 a 10 de outubro, em Natal

10o Encontro Nacional de Águas Urbanas (Enau) 16 a 18 de setembro, em São Paulo

Em sua décima edição, o Enau tem como recorte a multidisciplinaridade do tema de águas urbanas. O evento terá palestras com profissionais e pesquisadores da área, exposição de pôsteres acadêmicos e debates para explorar avanços, dificuldades, questões técnicas, políticas públicas, planejamento e monitoramento de dados relacionados ao tema. Informações: www.abrh.org.br/xenau/

7a CONFERÊNCIA DE PROJETO URBANÍSTICO 1o a 3 de setembro, em Adelaide, Austrália

A cidade australiana promove sua 7a conferência sobre urbanismo, abordando o tema Projetando cidades produtivas para um público multidisciplinar, que inclui arquitetos-paisagistas, urbanistas, arquitetos, engenheiros e profissionais ligados ao planejamento urbano. Informações: http://urbandesignaustralia.com.au/

O Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) promove, de 7 a 10 de outubro, em Natal, no Rio Grande do Norte, o 56o Congresso Brasileiro do Concreto. Fórum de debates sobre a tecnologia do concreto e seus sistemas construtivos, o evento objetiva divulgar as pesquisas científicas e tecnológicas sobre o concreto e as estruturas de concreto, em termos das inovações de produtos e processos, melhores práticas construtivas, normalização técnica, análise e projeto estrutural e sustentabilidade. Pesquisadores de universidades, institutos de pesquisa e empresas do Brasil e do exterior estão convidados a apresentarem seus trabalhos técnicos e científicos sobre os temas:Gestão e Normalização, Materiais e Propriedades, Projeto de Estruturas, Métodos Construtivos, Análise Estrutural, Materiais e Produtos Específicos, Sistemas Construtivos Específicos e Sustentabilidade. Informações: http:// www.ibracon.org.br/eventos/56cbc/

FEICON BATIMAT NE - SALÃO INTERNACIONAL DA COSNTRUÇÃO NORDESTE

8a BIENAL EUROPEIA DA PAISAGEM

22 a 24 de outubro, em Olinda–PE

25 a 27 de setembro, em Barcelona, Espanha

O evento Feicon Batimat é reconhecido como o maior e mais qualificado salão da construção da América Latina. Além da imperdível exposição, acontecem dois eventos simultâneos: a Decor Prime Show – mostra diferenciada das tendências em arquitetura, decoração e design. E a Conferência, na qual importantes nomes do setor se reúnem para debates e apresentações. Informações: http://www.feiconne.com.br/

A 8a Bienal da Paisagem de Barcelona pretende ser um catalisador que busque responder às dúvidas e sirva de guia para mudanças no campo da arquitetura paisagística. Sob o tema Uma paisagem para você, as discussões enfocarão o desenho da paisagem e o planejamento hoje em dia, com o objetivo, segundo os organizadores, “de proporcionar um futuro plausível (e emocionante)”. Informações: http://www.coac.net/landscape/ default_eng.html

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curtas BlocoBrasil lança Manual de Desempenho – Alvenaria com Blocos de Concreto De forma pioneira entre os materiais tradicionais utilizados pela construção civil brasileira, a Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil) está lançando neste mês de agosto um Manual de Desempenho da alvenaria com blocos de concreto. Esse manual demonstra, por meio de ensaios realizados por prestigiosas universidades e laboratórios brasileiros, que os blocos de concreto atendem a todos os requisitos da NBR 15.575, a Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, que entrou em vigor em 2013. O manual, desenvolvido pela BlocoBrasil em parceria com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), é na realidade um guia com todas as informações sobre o desempenho da alvenaria com blocos de concreto, tratando dos aspectos ligados ao desempenho estrutural, resistência ao fogo, segurança de uso e operação, estanqueidade, desempenho térmico e acústico, além de especificações de durabilidade e manutenibilidade (relacionadas à manutenção) e impacto ambiental das paredes construídas com blocos de concreto. A publicação será lançada no Concrete Show 2014, que acontece em São Paulo, de 27 a 29 de agosto. “Nosso objetivo é facilitar o trabalho dos projetistas e especificadores de alvenaria com blocos de concreto, utilizados em paredes de vedação ou estruturais, quanto aos requisitos que as paredes de uma determinada edificação devem atender, em relação às especificações da Norma de Desempenho, a ABNT NBR 15.575”, explica o engenheiro Ramom Otero Barral, presidente da BlocoBrasil.

Supersimples beneficiará 450 mil empresas A lei que universaliza o Supersimples –

MP torna definitiva desoneração da folha A Medida Provisória 651/14 (DOU de 10/7/14) torna definitiva a desoneração da folha de pagamento, inclusive para a construção civil. Pela Lei 12.546/11, a desoneração perduraria

sistema de tributação diferenciado para as

até dezembro de 2014. Assim, as empresas beneficiadas com a extinção da contribuição

micro e pequenas empresas que unifica

previdenciária patronal de 20% terão esse benefício assegurado, se a MP for convertida em

oito impostos em um único boleto e reduz,

lei. Já as que sofrem prejuízos precisarão alterar seu planejamento. Além disso, a MP também

em média, em 40% a carga tributária – foi

altera a tributação do PIS/Cofins cumulativos e as regras do Refis e do Fundo Garantidor da

sancionada neste mês de agosto, em Brasília,

Habitação Popular – FGHab, entre outras disposições.

pela presidente Dilma Rousseff. A partir de 1º

PIS/Cofins - A partir de janeiro de 2015, o contribuinte poderá excluir da base de cálculo

de janeiro de 2015, a lei vai estender benefícios

do PIS/Cofins, apurados na forma cumulativa, outras receitas decorrentes de vendas do ativo

para 142 novas categorias. Conforme o Serviço

circulante e classificado como investimento, imobilizado ou intangível, e o valor despendido para

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

aquisição de participação societária, na alienação das cotas. A MP inova ao permitir a utilização

Empresas (Sebrae), as regras devem alcançar

de prejuízos fiscais e de base negativa da CSLL, apurados até 31/12/2013 e declarados até

mais de 450 mil empreendimentos em todo

30/6/2014, mediante requerimento, para a quitação antecipada do parcelamento de débitos

o país com faturamento anual de até R$

vencidos até 31/12/2013, perante a Receita e a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Os

3,6 milhões. Com a mudança, advogados,

créditos poderão ser utilizados entre empresas controladas e controladoras, de forma direta

corretores, consultores, arquitetos, engenheiros,

ou entre empresas controladas diretamente por uma mesma empresa, em 31/12/2011,

jornalistas, publicitários, fisioterapeutas e

domiciliadas no Brasil, e que mantenham essa condição até a data da opção pela quitação

outras atividades da área de saúde que antes

antecipada do débito. O prazo de adesão ao parcelamento do Refis ou para efetuar o pagamento

eram impedidas de ingressar no Supersimples

à vista de débitos tributários também foi alterado para 25/8/2014. O contribuinte que pretende

poderão optar pela modalidade de tributação.

parcelar débitos em até 180 deve ficar atento às regras de antecipação de pagamento

A primeira vantagem, conforme o Sebrae, é

desses débitos: a) antecipação de 5% do montante da dívida para débitos até R$ 1 milhão;

a redução da burocracia, já que os impostos

b) antecipação de 10% da dívida para débitos maiores que R$ 1 milhão e até R$ milhões; c)

federais, estaduais e municipais são pagos em

de 15% para débitos maiores que R$ 10 milhões, até R$ 20 milhões; d) de 20% para débitos

um único boleto. Além disso, há redução de

maiores que R$ 20 milhões.

impostos na comparação com os regimes de

FGHab - A MP eleva o valor da garantia do Fundo Garantidor da Habitação Popular – FGHab

lucro presumido e lucro real na maior parte das

de R$ 1.400.000,00 para R$ 2.000.000,00 para contratos no âmbito do Programa Minha Casa

atividades.

Minha Vida. A medida também eleva o valor FGHab de R$ 1,4 milhão para R$ 2 milhões para

Mais informações: www.sebrae.com.br 8

contratos no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida.



curtas Blocos de concreto: estabilidade, com crescimento neste 2o semestre Estabilidade, com potencial pequeno de

CBIC empossa novo Conselho de Administração O novo Conselho de Administração da

crescimento. Estas são as perspectivas dos

Câmara Brasileira da Indústria da Construção

fabricantes para o mercado de blocos de concreto

(Cbic) foi empossado no início de agosto,

para o primeiro semestre de 2014, panorama

em Brasília, e contou com a presença

apurado pela pesquisa realizada neste mês de junho

de autoridades, membros do conselho

pela BlocoBrasil-Associação Brasileira da Indústria

e representantes de órgãos e entidades

de blocos de concreto. Após um período de intenso

do setor produtivo. A nova gestão dará

crescimento, especialmente entre 2008 e 2010,

continuidade ao trabalho já conduzido

os fabricantes brasileiros de blocos de concreto

pela entidade ao longo dos seus 57 anos.

passaram a conviver com índices de vendas mais estáveis, especialmente nos grandes centros das

A atuação da Cbic se faz presente nas

regiões Sudeste e Sul, onde a concorrência entre as empresas é muito forte. Porém, regiões com menor

conquistas voltadas para o setor, como, por

concentração de fabricantes e bons índices de crescimento da economia regional, como o Nordeste,

exemplo, na aprovação da Lei 10.931/2004,

Norte, Centro-Oeste e nas regiões mais distantes das capitais em estados como São Paulo, por exemplo,

que revolucionou o mercado imobiliário; no

apresentam expectativas de maior crescimento dos negócios setoriais.

Programa de Aceleração do Crescimento

Assim, 43,6% dos fabricantes de blocos de concreto de todo o país que responderam à pesquisa

e no Programa Minha Casa, Minha Vida;

prevêem manter as vendas no mesmo nível do primeiro semestre. Já 40,7% das indústrias de blocos

no Projeto Construção Sustentável; no

de concreto estimam crescer entre 10% a 20% neste segundo semestre de 2014. Porém, quase 20%

Projeto Inovação Tecnológica (PIT); na

(18,51%) dos fabricantes acreditam em diminuição entre 5% e 20% de suas atividades no segundo

participação da formulação da Norma de

semestre deste ano. O mercado imobiliário continua sendo o principal comprador dos blocos e pisos de

Desempenho, entre outras ações. Em seu

concreto (40,7%), com as obras de infraestrutura vindo em segundo lugar (24,07%), mesmo percentual

discurso, o presidente da CBIC, José Carlos

atribuído ao Programa Minha Casa, Minha Vida entre os que prevêem manutenção ou crescimento das

Martins, lembrou da responsabilidade que é

atividades. A economia em retração é o principal motivo, apontado por 39% das empresas, para os que

representar os empresários da Construção,

estimam redução das atividades em 2014.

por meio da entidade.

Mais informações: www.portalprisma.com.br ou www.blocobrasil.com.br.

Materiais de construção: indústria mais otimista RJ sediará congresso mundial de arquitetura 2020

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou

O anúncio foi feito em 10 de agosto,

na última terça-feira (5) o termômetro mensal

último dia da Assembleia Geral da União

que apresenta o desempenho de vendas em

Internacional dos Arquitetos (UIA), que

curto prazo no mercado interno. O estudo

se realizou em Durban, na África do Sul.

revela que 57% das empresas associadas

A Rio 2020 bateu as candidaturas de Paris

à Abramat mantiveram a expectativa de

e Melbourne (Austrália). O evento, o maior

vendas regulares em julho, 8% elegeram

congresso mundial da categoria, terá como tema “Todos os mundos. Um só mundo. Arquitetura 21”.

o período como bom para os negócios,

A expectativa é de participação de 15 mil arquitetos de todo o mundo. O CAU/BR apoiou a candidatura

24% disseram que as vendas foram ruins

apresentada pelo IAB e se compromete a contribuir para a implementação desta que é uma grande

e 11% consideraram o mês muito ruim.

vitória da união dos arquitetos brasileiros, representados também pelas entidades de seu colegiado:

O termômetro mostra leve otimismo em

Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA), a Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas

comparação às expectativas de junho,

(ABP), a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA) e Associação Brasileira de Ensino

que indicavam que 35% dos associados

de Arquitetura e Urbanismo (Abea), além do próprio Instituto de Arquitetos do Brasil. O Cialp (Conselho

esperavam vendas regulares, 11% boas,

Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa) e a Federação Pan-Americana de Arquitetos fizeram

32% ruins e 22% muito ruins. Para agosto,

parte do grupo desde o início. Representando o IAB, o arquiteto Roberto Simon (conselheiro federal

a projeção da indústria está mais otimista:

do CAU/BR por SC) foi eleito para o Conselho da UIA, tendo como suplente a arquiteta Nadia Somekh

57% das empresas confiam que as vendas

(conselheira do IAB-SP e do CAU/SP). A eleição ocorreu no sábado, dia 9. Ao todo, o Conselho da

serão regulares e 32% acreditam que serão

UIA tem 28 membros dos cinco continentes e se reuniu pela primeira vez em 10/08. O mandato

boas. Apenas 8% das associadas indicaram

é pelo período 2014/2017. Também foi eleito o novo presidente da UIA, o arquiteto Esa Mohamed,

que o mês poderá ser ruim para os negócios

representante da Malásia.

e 3% esperam vendas muito ruins.

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concrete show

Evento traz soluções e inovações tecnológicas para a construção civil Segundo maior evento do mundo no segmento, e primeiro na América Latina, Concrete Show South America 2014, que acontecerá entre os dias 27 e 29 de agosto, apresentará mais de 600 expositores nacionais e internacionais de 150 segmentos distintos

REPORTAGEM: Divulgação Concrete Show IMAGENS: Divulgação

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prisma

O Concrete Show South America (8a Feira internacional em tecnologia e soluções para a cadeia produtiva do concreto e da construção civil) ocorre em um momento estratégico para os negócios da construção. Passada a euforia da realização da Copa do Mundo que foi responsável pelo crescimento do PIB do setor da Construção em 3% nos últimos quatro anos, a previsão é que o setor continue apresentando um crescimento em 2014 maior que o PIB do país. O cenário deve se consolidar principalmente pelas concessões de obras de infraestrutura, assim como a continuidade do programa “Minha Casa, Minha Vida” e grandes oportunidades do setor imobiliário. Promovida pelo grupo inglês UBM, a próxima edição do Concrete Show, será o grande encontro do setor da constru-

ção neste segundo semestre de 2014. O evento acontece no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, numa área com mais de 65 mil m2 totais de exposição – 45 mil m2 indoor e 20 mil m2 outdoor. Para dimensionar a escala de grandiosidade do evento, em 2013 nada menos que 580 expositores e 30 mil visitantes profissionais marcaram presença no maior show de tecnologia e inovações da América Latina. “O Concrete Show destaca-se no mercado por ser uma das mais importantes vitrines do mundo no segmento da construção civil. O evento trabalha forte para oferecer alternativas para o fomento da competitividade e produtividade do setor. No segundo semestre haverá a retomada importante para a economia o e resultado de vendas e networking será garantido” , explica Cas-


siano Facchinetti, diretor do evento. Palco dos mais importantes lançamentos da construção civil, o Concrete Show South America oferecerá aos seus visitantes a oportunidade de conhecer de perto funcionamento das máquinas, vivenciar contextos das mais diferentes obras e até mesmo testar equipamentos e ferramentas. “Mais uma vez o Concrete Show será uma oportunidade para as construtoras conferirem o que há de mais atual nesta relevante área da nossa atividade” , afirma Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). A edição deste ano, que acontecerá entre os dias 27 e 29 de agosto, deve superar os 30 mil visitantes e os 600 expositores oriundos de 36 países diferentes. Serão mais de 150 setores distintos em exposição apresentando alternativas para o aumento de produtividade e qualidade do setor. Uma das novidades que o público poderá ver de perto é a linha de robôs de demolição, desenvolvida pela Huqsvarna. No seu estande, haverá demonstrações desses produtos,

que apresentam elevada potência, peso reduzido e um design funcional. A Impacto Protensão apresentará os canteiros sustentáveis, que contam com rápida instalação e aditivo antichamas. O Concrete Show South America 2014 apresentará as mais recentes inovações tecnológicas e promoverá networking de alto nível, protagonizado pelos grandes players da construção civil mundial. Serão apresentados maquinários, sistemas construtivos à base de cimento, serviços e uma infinidade de produtos e soluções para toda a cadeia produtiva. “O Concrete Show se constitui em uma excelente oportunidade para as empresas conhecerem os avanços tecnológicos na utilização do concreto e debaterem sobre estas inovações com alguns dos profissionais mais renomados nesta área” , diz Roberto Kauffmann, presidente do Sinduscon-Rio. Pensando na aplicação das soluções apresentadas, o Concrete Show este ano apresentará mais de 20 mil m2 de exposição outdoor na entrada da feira.

CONCRETE CONGRESS Além de fomentar negócios, o Concrete Show South America 2014 contará com um evento integrado – o Concrete Congress, o qual oferecerá conferências, cursos, seminários e workshops sobre os mais diversos temas referentes à capacitação, produtividade e gestão. Temas como relacionados a execução de projetos, normas de desempenho e sustentabilidade serão destaques na grade. Neste ano haverá também o lançamento dos cursos profissionalizantes organizados pelo Senai, Sinduscon, ABCP e Abesc. “A Indústria da Construção recuperou, na última década, o papel de destaque na economia brasileira. Nesse contexto, o Concrete Show 2014 se insere como uma oportunidade especial para reafirmarmos esse protagonismo e liderança”, disse Paulo Safady Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

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entrevista

Vanderley M. John

“Esta é uma avaliação pioneira, no Brasil e no mundo” O engenheiro Vanderley M. John tem um currículo acadêmico de peso. Graduado em engenharia civil pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (1982), mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1987) e doutor em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (1995), tem pós-doutorado no Royal Institute of Technology da Suécia (2001). É professor-associado da Escola Politécnica da USP e membro da coordenação das Engenharias da Fapesp. Membro do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), John coordenou o projeto Avaliação de Ciclo de Vida Modular (ACV-m) de blocos e pisos intertravados de concreto, cuja primeira etapa, iniciada em 2013, foi concluída neste mês de agosto de 2014. Esse projeto foi desenvolvido numa parceria do CBCS com a ABCP e a BlocoBrasil, pela qual os integrantes pelo Conselho dialogaram com especialistas, como o engenheiro Claudio Oliveira Silva, da ABCP, e o arquiteto Carlos Alberto Tauil, pela BlocoBrasil, para formatar o ACV-m de blocos e pisos de concreto. O ACV-m avaliou os cinco principais itens de uma fábrica de blocos – consumo de água, de energia, de cimento e de agregados; e a emissão de CO2. Este é o tema desta entrevista de John, que faz questão de destacar: “Este é um projeto pioneiro e inovador na construção civil brasileira, por avaliar os principais itens de sustentabilidade de um setor, de forma ampla e abrangente”. Qual foi o objetivo central do projeto ACV-m de blocos e pisos intertravados de concreto? Nossa meta inicial era a de desenvolver uma metodologia que permitisse traçar um retrato mais refinado desse setor. Retrato esse que possibilitasse aos empresários identificar potencial de melhoria. Por ele, os 33 fabricantes de blocos de diversos estados brasileiros, associados à BlocoBrasil, têm um diagnóstico de sua situação ambiental, por meio de indicadores como o consumo de cimento, água, energia e agregados e quanto emitem de CO2, ve­ rificando seu posicionamento em relação aos demais fabricantes do setor. Essa comparação se torna possível porque o fabricante – e somente ele – tem acesso aos seus dados específicos e, com eles em mãos, pode avaliar seu posicionamento em relação aos seus concorrentes ao examinar os dados gerais do setor, que são públicos e divulgados ao mercado. 16

prisma

Por que o projeto ACV-m pode ser considerado “pioneiro e inovador”? No mundo todo e, em especial, em países europeus que são referência internacional, como a França, por exemplo, o setor de fabricantes de blocos de concreto faz uma ACV completa de um tipo de bloco. Avaliam tudo, cerca de três mil itens, de forma in­ tensiva – consumo de cimento, de água, de energia, de emissões, de resíduos etc. A partir daí, os fabricantes e o mercado passam a achar que aqueles são os índices do setor, que aquela é a rota tecnológica padrão, de consumo desses itens principais e das emissões – essa avaliação passa a representar a fábrica padrão do setor. E muitos fabricantes pegam os resultados dessa ACV para mostrar que são melhores do que a média do setor. Eles criam um modelo de processo industrial que consideram ótimo, mas na realidade estão se baseando apenas em uma única indústria,


que pode muito bem não representar o setor. Isto porque o mo­ delo de ACV completo é muito caro, exige muitas horas técni­ cas de profissionais de alto nível, com PHD, e isto tem um custo muito elevado, que exclui as médias e pequenas indústrias dessa avaliação. Portanto, não representa o setor. O que buscamos fa­ zer é algo diferente. É modular, porque pode ser complementado por avaliações posteriores e incluir outros fabricantes de diversos portes e localizações diferentes, ou seja, busca retratar um setor e mostrar os melhores e piores índices e as médias, o que cha­ mamos de mediana do setor. Por isso, é um retrato muito mais confiável e abrangente. Por isso também é uma metodologia pio­ neira e inovadora, não apenas no Brasil, mas em escala mundial. Essa metodologia é o diferencial dessa ACV-m, então? Sim. Porque optamos por simplificar o ACV, em vez de rea­ lizar um estudo que traria apenas os números médios do setor, para diminuir os custos e permitir que as pequenas e médias indústrias possam participar e ter a sua avaliação. Não dá para fazer uma avaliação de um produto típico. Pela modalidade que desenvolvemos no CBCS, obtemos os valores máximos e míni­ mos e as médias. Com isso, geramos condições para que os em­ presários do setor possam verificar o quanto podem melhorar. Assim, informamos também ao mercado – às construtoras, aos arquitetos e engenheiros – que, se uma empresa contratante de blocos souber selecionar seu fornecedor, ela pode adquirir um produto ecoeficiente, entendendo os impactos ambientais de cada fabricante. É possível um fabricante com gestão deficiente, que não segue as normas, apresentar desempenho ambiental satisfatório? É praticamente impossível. Ecoeficiência é parte de um pacote de uma empresa organizada, em todos os sentidos, formalizada, que preza a qualidade e segue as normas da ABNT em seus pro­ cessos produtivos. Mesmo porque, cada vez mais, essa será a úni­ ca forma de sobrevida de um fabricante que compete no mercado formal, que exige qualidade e responsabilidade ambiental. Não existe ecoeficiência sem qualidade, sem formalidade, sem obser­ var as regras legais em todas as áreas. A primeira providência de um comprador que busca ecoeficiência de seu fornecedor é ve­ rificar se ele está legalizado; este é o primeiro corte do mercado. Como foi desenvolvida esta ACV-m, em termos práticos? O centro da metodologia foi identificar coisas simples. Medi­

mos o consumo de cimento, de água, de energia, de agregados e as perdas, os resíduos. Não medimos as águas obtidas de poços artesianos, assim como também não quantificamos as águas ser­ vidas. Aprendemos, após quase um ano trabalhando nesse proje­ to, que é mais fácil e melhor examinar a fábrica toda e distribuir esses valores pelos produtos, em vez de fazer o contrário, como praticávamos inicialmente. Aprendemos bastante até na forma de fazer as perguntas, as questões, aos fabricantes. Hoje, pode­ mos dizer que temos condições de fazer um trabalho mais rápi­ do e eficaz. Mas é preciso que as empresas tenham dados sobre o consumo de água, de energia, de agregados, por exemplo, de forma mais sistematizada. Estes são dados que permitem fazer uma avaliação mais rápida e eficaz e, principalmente, geram pos­ sibilidades de melhorias, de detectar desperdícios nas fábricas. Portanto, possibilita melhorias econômicas para os empresários também. Se um comprador de blocos, uma construtora, por exemplo, quiser comprar blocos produzidos de forma ecoeficiente, ele pode consultar os relatórios da ACV-m? Por essa metodologia, não afirmamos que o produto é bom ou ruim, mas sim até que ponto de ecoeficiência é possível chegar. Essa é uma informação que, a partir de agora, está disponível para todos os fabricantes de blocos e para o mercado também. Para o consumidor, profissional ou geral, o recado é claro: procure que você vai encontrar produtos que têm bom desempenho ambien­ tal. Nos relatórios gerais, que tornamos públicos a partir de ago­ ra, um construtor pode saber quais são os melhores e os piores índices ambientais do setor. E pode verificar também quais são as medianas setoriais em relação aos principais itens avaliados – depois, é só solicitar esses dados de seus fornecedores e compa­ rá-los com os índices gerais do setor. E quais os próximos passos desse projeto, já que ele é modular? A ideia central é a de que desenvolvemos uma metodologia para o setor medir seu desempenho ambiental e, a partir daí, buscar melhorias, que certamente se traduzirão em melhor de­ sempenho econômico-financeiro. E a meta é a de formatar uma continuidade do projeto, que permita às empresas terem dados cada vez mais consistentes no setor de blocos de concreto, E es­ peramos que a BlocoBrasil adote essa metodologia e a aplique continuamente. Essa é a única forma de o setor melhorar.

Para mais informações sobre a ACV-m de blocos e pisos intertravados de concreto, fale com Vanderley M. John (vmjohn@lme.pcc.usp.br) ou entre em contato pelo tel. (11) 3091-5794 17


paisagismo

Revitalizado, o parque Celso Daniel, em Santo André-SP, recebeu melhorias e um programa que responde às novas necessidades do público. O destaque é a pavimentação, com blocos intertravados de concreto

REPORTAGEM: Regina Rocha IMAGENS: Patrícia Belfort

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prisma

Um parque, o verde da mata e o colorido dos blocos Localizado na região central da cidade de Santo André, no ABC paulista, o Parque Celso Daniel foi reaberto ao público no último mês de abril, após passar por uma grande reforma, de vários meses, iniciada no segundo semestre de 2013. Para este projeto de revitalização, a cargo da Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos da Prefeitura de Santo André, um dos destaques foi o uso dos blocos intertravados de con-

creto na pavimentação. Foram adotados pavers em formato “espinha de peixe” , nas cores natural, amarelo e vermelho, nos seguintes locais: áreas de eventos, em praças, academias de ginástica, caminhos de circulação de pedestres, entorno das quadras e nas duas entradas do lugar. Inaugurado em 1977, o Parque ficou muito tempo só recebendo obras de manutenção; e a última reforma mais ampla foi feita há cerca de 15 anos, conta a arqui-


os blocos intertravados, além de facilitarem na manutenção, e de serem permeáveis e de alta resistência, foram escolhidos pela administração sobretudo graças às suas qualidades na coloração do piso

teta-urbanista Isaura Novais, gerente de implantação de áreas verdes do Departamento de Parques e Áreas Verdes (Dpav), ligado à Secretaria de Mobilidade Urbana. Ainda assim, diz ela, nenhuma intervenção do porte desta agora: “Sentimos a necessidade de atualizar o programa, para atender a novas necessidades do público, que hoje vão além da simples contemplação e descanso. Juntou-se, portanto, no projeto a intenção de inovar e qualificar,

o que fizemos por meio da diversificação das atrações” , completa. O parque Celso Daniel ocupa uma área de 70 mil m2, densamente arborizada e com inúmeros espaços para a prática esportiva. É importante opção de lazer não somente para a população local, mas também aos moradores de municípios vizinhos, principalmente devido à sua boa localização e facilidade de acesso por transporte público, explica a profissional. 19


paisagismo

Histórias de um parque A gleba de 67.959,20 m² onde atualmente fica o Parque Celso Daniel é bem antiga, e já passou por diversas mãos. No século 19, o terreno pertenceu a um grande proprietário de terras, o ex-vereador Abílio Soares, que depois o vendeu a outro dono de terras, Luiz Monteiro de Carvalho. Em 1943, a multinacional General Eletric comprou a área, para implantação de um clube de recreação para seus funcionários. Finalmente, em 1974, o local foi desapropriado e transformado em parque público municipal, o que foi oficializado três anos depois. O lugar recebeu vários nomes: Chácara São Luiz; Parque Público Dom Pedro II; Parque Municipal Duque de Caxias; Parque Regional Duque de Caxias/ Centro de Exposições e Lazer. Por último, em homenagem ao prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, assumiu o nome atual.

A revitalização Segundo Isaura, após um levantamento técnico detalhado, detectou-se a necessidade de empreender diversas melhorias no parque, o que demandou investimentos da ordem de R$ 5 milhões. Essas obras vão da instalação de nova iluminação (com lâmpadas led) ao monitoramento de segurança por câmeras, e a reforma e adequação da guarita e posto da guarda civil municipal. Além disso, os campos de futebol receberam grama sintética, foram construídas quadras de tênis, bicicletário e até um redário – espaço entre árvores onde o frequentador estica redes de balanço. 20

prisma

As intervenções não pararam aí: foram implantadas novas pistas de caminhada, brinquedoteca, espaço pet, ampliação do playground, além de limpeza dos lagos, reforma de sanitários e reativação da lanchonete. A prática de novos esportes não foi esquecida, com a criação de uma área para slakline (esporte de equilíbrio sobre uma fita de nylon esticada). Quanto aos elementos naturais, foi construído um caminho das águas, com instalação de quedas e captação de águas pluviais. A vegetação foi reforçada com uma área especial para bromélias e orquídeas, e incrementado o plantio de mais árvores e plantas, sempre na bus-


FICHA TÉCNICA Parque Municipal Prefeito Celso Daniel Área: 67.959,20 m2 Localização: Av. D. Pedro II, no 940 (entrada principal) e Av. Industrial - Bairro Jardim, Santo André, SP Horário de funcionamento: das 6h às 24h Execução do piso intertravado: Ponto Forte Construções e Empreendimentos e Provence Construtora Projeto: Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos (SMUOSP) Departamentos da SMUOSP que atuaram na reforma: Departamento de Parques e Áreas Verdes (Dpav); Departamento de Conservação de Vias (Dconvias); Departamento de Manutenção e Obras (DMO); Departamento de Engenharia de Trânsito (DET). Custo da reforma: R$ 5 milhões

ca de obter um efeito diverso de colorações. “Sem considerar o trato com as árvores já existentes, foram plantadas 35 espécies variadas, num total de 366 espécimes arbóreos, além de arbustos e forrações” , conta a arquiteta.

Cores nos blocos e na vegetação Segundo a equipe técnica do Dpav, os blocos intertravados, além de facilitarem na manutenção, e de serem permeáveis e de alta resistência, foram escolhidos pela administração sobretudo graças às suas qualidades na coloração do piso. Essa qualidade estética era algo que buscavam, relata a gerente do órgão:

“Queríamos um projeto que utilizasse mais cores, tanto na vegetação quanto na área civil. Escolhemos forrações e árvores florísticas que, combinadas aos blocos, conferiram um contraste com o verde, dando mais movimento à paisagem, o que não existia antes” , analisa Isaura Novais. Ao todo, foram aplicados no Parque Celso Daniel aproximadamente 4.500 metros quadrados de blocos intertravados do tipo retangular, nas cores natural, vermelho e amarelo, e sextavados, para as áreas de estacionamento.

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arquitetura

Construção residencial leva valores da arquitetura contemporânea à zona leste de São Paulo. Edificações foram realizadas com o sistema de alvenaria estrutural armada

REPORTAGEM: Marcos de Sousa IMAGENS: Divulgação/Samuel Kruchin

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Uma casa, um sobr Vila Jacuí é um bairro na zona leste de São Paulo, bem próximo a São Miguel Paulista, um dos marcos históricos da capital paulista. Trata-se de uma região urbanizada nos anos 1950 e que hoje conta com boa infraestrutura de transportes, lazer, educação e serviços. Há cerca de cinco anos um grupo de empreendedores locais convidou o arquiteto Samuel Kruchin para projetar um conjunto de residências numa área de 1.500 m2 localizada no coração do bairro. A ideia era conceber uma solução que reunisse 24 unidades habitacionais, seguindo a legislação mu-

nicipal conhecida como “lei das vilas” . Especialista em história e em restauro de edificações históricas, Kruchin remeteu suas pesquisas ao enorme universo de vilas residenciais que marcaram vários bairros de São Paulo, especialmente na primeira metade do século 20. Em geral, eram casas geminadas, dispostas ao redor de praças e pátios, permitindo intensa vida comunitária entre os moradores. No terreno de Vila Jacuí o arquiteto encontrou uma centenária e frondosa jabuticabeira, que se tornou o centro do projeto e da futura construção. Para viabilizar a obra no menor prazo


ado, um edifício e com o melhor custo possível, arquiteto e empreendedor optaram por construí-la com fundações diretas, alvenaria estrutural armada e lajes pré-fabricadas. As fundações são constituídas por grandes blocos posicionados sob os pontos de maior carga e baldrames de concreto armado. As paredes, todas estruturais, foram desenhadas com blocos de concreto vazados, numa modulação precisa, que evitou cortes das peças, com perdas mínimas de materiais. Vergalhões de aço e graute reforçam os pontos de concentração de cargas, e substituem os tradicionais pilares.

As lajes foram construídas com painéis pré-fabricados de concreto e vigotas treliçadas, também pré-fabricadas, propiciando a construção rápida da obra. “A alvenaria estrutural e as lajes pré-fabricadas evitaram a necessidade de formas e escoramentos, usados nas obras tradicionais” , explica Kruchin. Apenas as escadarias e lajes de proteção sobre as janelas foram moldadas in-loco, completa o arquiteto. Além dos ganhos estruturais, o sistema de alvenaria estrutural com blocos de concreto permitiu a passagem das instalações elétricas e hidráulicas sem a necessidade de “rasgar” as paredes, evi-

A alvenaria estrutural com blocos de concreto permitiu instalações elétricas e Hidráulicas sem necessidade de “rasgar” as paredes

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arquitetura

O residencial recupera relações com a arquitetura tradicional brasileira, reinterpretando os seus ritmos e cores

PLATIBANDA CAIXA D'ÁGUA

2º PAVIMENTO

1º PAVIMENTO

TÉRREO

ELEVAÇÃO 1

PLATIBANDA CAIXA D'ÁGUA

2º PAVIMENTO

1º PAVIMENTO

TÉRREO

ELEVAÇÃO 2 1 2.5

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AV. TENENTE LAUDELINO F. DO AMARAL

CORTE BB

CORTE AA

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arquitetura

FICHA TÉCNICA Residencial das Jabuticabeiras

tando as perdas de materiais e trabalho daí decorrentes.

Local: Vila Jacuí, São Paulo-SP Projeto de arquitetura: Kruchin Arquitetura

Implantação e identidade visual

Projeto de instalações: Sandretec consultoria

O conjunto se desenvolve em dois blocos, com dois e três pavimentos, gerando unidades com metragens de 69 m2 a 110 m2 e tipologias também diferentes: algumas funcionam como apartamentos, outras, como sobrados, e algumas como casas térreas. “São casas, sobrados, mas parecem ser um único prédio” , explica Kruchin. Além da implantação, o residencial ostenta uma cuidadosa programação visual na pintura das paredes e balcões, o que fez da construção um novo ponto de referência para o bairro. Samuel Kruchin lembra que o estudo de fachadas demandou muitas horas de estudo até que a equipe de projeto conseguisse encontrar a composição precisa de cores, texturas e áreas a serem preenchidas.

Projeto de estrutura: STR (eng. Deusa de Oliveira Felix) Paisagismo: Pró-Ambiente (eng. Patrícia Sarubbi) Área do terreno: 1.500 m2 Área total construída: 2.307,28 m2 Início do projeto: agosto de 2009 Início da obra: maio de 2010 Conclusão da obra: julho de 2012 Fornecedores: Itauara (blocos de concreto), Itaratan Mármores (bancadas pias cozinha e banheiro, soleiras e baguetes), ABA esquadrias de alumínio (esquadrias e batentes), Sincol (folhas e portas), Sercop (serralheria: portões, guarda-corpos, corrimãos, grades)

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“O residencial recupera relações com a arquitetura tradicional brasileira, reinterpretando os seus ritmos e cores. No projeto estão presentes elementos como o contraste de ritmos e a mescla de espaços cheios e vazios, além da combinação entre o branco e as cores fortes características presentes na arquitetura colonial” , explica o arquiteto. Assim, embora o projeto se inspire nas antigas vilas paulistanas, a construção resultou contemporânea. Está em Vila Jacuí, mas poderia estar na Vila Madalena, ou em Roterdã, Barcelona ou Paris. “De alguma forma, ao levar uma obra de arquitetura à zona leste, nosso projeto rompe certo provincianismo paulistano, que dá as costas aos bairros menos prestigiados e somente valoriza as áreas mais tradicionais da cidade” , pondera Kruchin. Para ele, esse foi o maior desafio da obra.



pré-moldados

O shopping RioMar Fortaleza será um dos maiores do Nordeste e do Brasil, com 320 mil m2 de área construída, erguido com conceitos de sustentabilidade e o emprego de pré-moldados de concreto na estrutura e em parte das placas de revestimento da fachada

REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Divulgação

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arquitetura inovadora e conceitos sustentáveis O shopping RioMar Fortaleza será um dos maiores do Nordeste e do Brasil, quando for inaugurado, em outubro próximo, com seus 320 mil m2 de área construída e 93 mil m2 de área bruta locável (ABL). O shopping, do grupo JCPM, teve seu projeto arquitetônico concebido levando em consideração as características f ísico-geográficas do seu entorno – está situado no bairro do Papicu, próximo aos conhecidos bairros de Aldeota e Meireles –, com forte ênfase nos conceitos de sustentabilidade, característica presente também nos dez outros centros de compras próprios ou com participação do grupo, localizados em Pernambuco, Sergipe, Bahia e São Paulo. “O RioMar Fortaleza se integrará à paisagem local, promovendo a requali-

ficação da área onde está sendo implantado” , avalia Francisco Bacelar, diretor da Divisão Imobiliária do Grupo JCPM. “Será um novo polo de atratividade para Fortaleza, incrementando a economia do município e do Estado. ” De acordo com o arquiteto André Sá, sócio-diretor do escritório de arquitetura AFA, responsável pelo projeto do shopping, pelo partido arquitetônico adotado, “o mall se desenvolve, a partir do segundo pavimento, como sua artéria principal e que, “serpenteando longitudinalmente e distribuindo as lojas organicamente, cria espaços com funções e hierarquias” . O Shopping Riomar é um complexo com seis pavimentos, dos quais um nível térreo de acesso, com garagem e lo-


jas – G1; um nível denominado G2, com garagem e lojas de serviços; três níveis de Lojas – L1, L2 e L3, e um nível denominado L4, onde está o cinema. Todos os pavimentos têm garagens anexas. Além desses pavimentos principais, há ainda os pavimentos intermediários de garagens, que atenderão ao shopping e à torre empresarial.

As vantagens da estrutura pré-moldada O sistema construtivo adotado foi o da solução em pré-moldado de concreto, em toda a área do empreendimento, empregando, na área do deck-park, a estrutura mista (concreto e aço). O projeto estrutural utilizou a modulação dos pilares de 10 m x 8 m. Os pilares foram projetados com seção de 50 x 50 cm, contraventados com vigas de alturas variáveis e encimadas com lajes alveolares de piso de 1,20 x 10 m. Segundo o arquiteto, essa modulação estrutural “obedece às formas idealizadas pela arquitetura e vai ao encontro do custo-benef ício da estrutura pré-moldada” . Toda a estrutura pré-moldada de

FICHA TÉCNICA Obra: Shopping RioMar Localização: Bairro do Papicu, Fortaleza Área total do terreno: 114.000 m2 Área total construída: 303.000 m2 ABL (Área Bruta Locável): 93.000 m2 Vagas de estacionamento: 6.670 Arquitetura: AFA – André Sá e Francisco Mota Arquitetos Construção: JCPM

concreto – pilares, vigas protendidas e lajes alveolares – foi fornecida pela unidade de Fortaleza do fabricante T&A, “num total de 210 mil m2 de estruturas, ou cerca de 40 mil m3 de concreto” , explica o diretor-presidente da empresa, José Almeida. Foram utilizados na montagem da estrutura, que consumiu 14 meses, de novembro de 2012 a janeiro de 2014, oito guindastes de até 170 toneladas de capacidade. Isto porque, segundo Almeida, houve elementos com até 34 m de altura e algumas vigas bastante extensas, peças de 16 m de comprimento e 20 toneladas de peso, especialmente na área do Cinema, onde localizam-se os maiores vãos.

Fornecedores: T&A (pré-moldados de concreto) Investimento: R$ 600 milhões 385 lojas, sendo: • 15 lojas-âncora • 10 megalojas • 344 lojas satélites • 11 restaurantes • Praça de alimentação • Cinemas (12 salas, incluindo salas vip) • Teatro • Diversões eletrônicas e boliche • Academia de ginástica 1 torre empresarial • Área total construída: 16.978m² • Área total privativa: 11.895m² • 304 salas • Business Center

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profissional top

O doutor em patologias Ércio Thomaz é engenheiro e pesquisador do Laboratório de Componentes e Sistemas Construtivos - Centro de Tecnologia do Ambiente Construído do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Formado em 1973 pela Universidade Mackenzie, de São Paulo, ele começou sua carreira em 1971, ainda como estagiário no IPT, instituição na qual desenvolveu boa parte de suas atividades profissionais. “Depois do estágio trabalhei em uma empresa fabricante de materiais de construção, mas voltei ao instituto, já como pesquisador. Tentei novamente a iniciativa privada, na área de infraestrutura, mas acabei retornando ao IPT”, lembra Thomaz. Além da pesquisa tecnológica, o engenheiro dedicou mais de duas décadas ao ensino, na Faculdade de Engenharia de Sorocaba e na Faculdade de Engenharia da Fundação Armando Álvares

Ércio Thomaz

Penteado; agora coordena a cadeira de Patologias da Construção do

Engenheiro e pesquisador do IPT

Mestrado Profissional do IPT. O especialista se tornou conhecido nacionalmente por suas pesquisas e publicações sobre os problemas (patologias) que ocorrem nas edificações e como evitá-los. Mestre e doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, Ércio Thomaz publicou os livros “Trincas em Edifícios” e “Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção” (Ed. Pini). Hoje Thomaz segue trabalhando na prevenção de problemas na construção, integrando Tecnologias, Sistemas de Gerenciamento e Qualidade. “Apoiamos órgãos estaduais, como a CDHU e o FDE, mas também atendemos a empresas construtoras, como a Gafisa e Tecnisa. Atuamos desde a etapa de projetos para evitar vícios que depois irão prejudicar as obras construídas”, explica. Mais recentemente, Ércio Thomas coordenou os trabalhos da NBR 15.575 - Desempenho de Edificações Habitacionais, avaliando os sistemas construtivos existentes no mercado brasileiro. “Nessa atividade, tentamos agregar os enfoques de desempenho, durabilidade e estabilidade, sempre

PARA FALAR com Ércio Thomaz, envie e-mail para lcs@ipt.br ou ligue para o tel. (11) 3767-4164

tendo como pano de fundo a física das construções, o desempenho térmico e acústico, e a resistência ao fogo”. Otimista quanto ao futuro, Thomaz lembra a necessidade de que o país mantenha a formação permanente de profissionais qualificados, cuja falta foi sentida com os investimentos nos programas PAC e Minha Casa, Minha Vida: “Na década perdida, o setor da construção foi desmantelado e com a retomada, nos anos 2000, mesmo com todo o esforço realizado pelo Senai, notou-se que faltam coordenadores, supervisores e mestres”, conclui o especialista, que hoje trabalha para formar uma equipe jovem, todos com menos de trinta anos.

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alvenaria

Alvenaria racionalizada, construção de qualidade O município de Diadema, situado no ABC paulista, é conhecido por ser uma cidade de população predominantemente operária, que cresceu fortemente a partir da década de 1950, com a instalação da indústria automobilística na região, mas que conta também com forte contingente de classe média. Assim, o empreendimento Flex Imigrantes, da construtora e incorporadora paulistana Tecnisa, situado em área estratégica – próxima às rodovias dos Imigrantes, que empresta o nome ao conjunto, e Anchieta e a algumas das principais avenidas e terminais de ônibus interurbanos da cidade, visa a um público de classe média, em todos os seus estratos. O empreendimento é um dos maiores em

construção na Grande São Paulo, com dez torres de 19 pavimentos cada e 1.600 apartamentos de dois e três dormitórios, no total, com 44 m2 e 54 m2 de área útil, respectivamente, erguidos com alvenaria estrutural com blocos de concreto.

A construtora Tecnisa está desenvolvendo o empreendimento Flex Imigrantes, em Diadema-SP, que terá dez torres de 19 pavimentos e

Vantagens DO SISTEMA CONSTRUTIVO

1.600 unidades, com

Segundo a engenheira Fernanda Belizário Silva, do departamento de Desenvolvimento Tecnológico da Tecnisa, a construtora avaliou, desde 2009, quando decidiu entrar no segmento econômico, com a linha de empreendimentos Flex, os diversos sistemas construtivos existentes no mercado, para que o custo por metro quadrado fosse adequado ao segmento. “Estudamos diversos sistemas

alvenaria estrutural de blocos de concreto, escolhida graças às vantagens técnico-econômicas em relação a outros sistemas REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Divulgação/Oterprem

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alvenaria

Estudamos diversos sistemas construtivos e a alvenaria estrutural com blocos de concreto foi a escolhida por ter tecnologia desenvolvida e permitir chegar a 20 pavimentos, com flexibilidade de planta e vantagens técnicoeconômicas

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construtivos e a alvenaria estrutural com blocos de concreto foi o escolhido por ter tecnologia desenvolvida e permitir chegar a 20 pavimentos, com flexibilidade de planta e vantagens técnico-eco­nômicas” , explica ela. A engenheira diz que foram avaliados também os sistemas com alvenaria estrutural com blocos cerâmicos – descartados devido ao número de pavimentos que alcançaria, “máximo de oito”–, e o sistema de paredes de concreto com fôrmas de alumínio, que também não passou na análise por “não permitir flexibilidade em termos de plantas, de modulação, por exigir alto investimento em fôrmas, tudo isso para uma obra única pesou contra esse sistema” .

Racionalização e qualidade A obra teve início em setembro de 2012, mas o projeto estrutural começou a ser desenvolvido anteriormente, assim como o caderno de diretrizes, que con-

tém todos os detalhamentos do projeto, como modulação, vãos, interfaces da arquitetura e estrutura, visando à racionalização construtiva, à produtividade e à qualidade final do empreendimento, segundo a engenheira Fernanda. A racionalização e a busca da máxima industrialização da obra foram as metas da Tecnisa, desde o início dos projetos arquitetônico e estrutural, que foram pensados e desenvolvidos especialmente para o sistema construtivo, “para extrair o máximo do potencial da alvenaria estrutural” , argumenta o engenheiro e professor da Poli-USP Luiz Sérgio Franco, projetista estrutural do empreendimento. Além disso, as análises da construtora indicaram a viabilidade de utilização de cinco gruas para o transporte vertical – uma para cada duas unidades – e de minicarregadeira na obra, permitindo transportar os paletes diretamente aos andares de trabalho.


Também outros elementos de industrialização e racionalização dos trabalhos são adotados pela Tecnisa, tais como pré-lajes e escadas pré-fabricadas de concreto, argamassa industrializada, sistema hidráulico pex e revestimento de fachadas com monocapa (veja quadro) e fechamento com drywall, além de prémoldados leves, como vergas de portas, por exemplo. As torres têm início com unidades habitacionais deste o térreo; a estrutura, como é usual em obras de alvenaria estrutural, começa com blocos de maior resistência, de 20 MPa, que diminui a cada dois pavimentos, atingindo 4 MPa no último andar. No mesmo diapasão, o projeto previu também a diminuição da quantidade de graute e de armaduras, a cada dois andares. “No projeto de alvenaria estrutural, estudamos previamente as possibilidades de o proprietário poder fazer algumas alterações na planta-padrão,

Revestimento econômico, de aplicação fácil e durabilidade elevada A monocapa é um tipo de revestimento de fachada que foi criado para ser aplicado diretamente sobre o bloco de concreto e cerâmico, e sobre superfícies de concreto tratadas com chapisco rolado quartzolit, de acordo com a Weber Saint-Gobain. Para sua aplicação, as superfícies devem estar isentas de poeira e de partículas friáveis, aderidas, que possam prejudicar a aderência da argamassa (recomenda-se lavá-las e escová-las antes da aplicação da monocapa). As principais vantagens que oferece são a eliminação de etapas intermediárias como chapisco e emboço, e suas curas. O tempo de execução de um edifício de cerca de 5.000m2 de fachadas fica reduzido de 120 dias para 70 dias. A manutenção é uma simples lavagem a cada três anos em média, e custa 1/3 do preço de uma pintura. A durabilidade de um sistema argamassado puro, como é o caso da monocapa, no caso, pela NBR 15.575, é de 20 anos.

como a ampliação de sala, por exemplo, sem praticamente interferir no custo final da obra” , explica o projetista Franco, mostrando na prática como funciona a flexibilidade do sistema de alvenaria estrutural com blocos de concreto mencionada pela engenheira de desenvolvimento tecnológico da Tecnisa. O projetista 37


alvenaria

FICHA TÉCNICA Obra: Empreendimento residencial Imigrantes Flex Localização: Diadema-SP Área do terreno: 35.000 m2 Projeto de Arquitetura: Tecnisa Projeto estrutural: Arco Racionalização Construtiva/eng. Luiz Sérgio Franco Construção: Tecnisa Número de torres: 10 Total de unidades: 1.599 Unidades por andar: 8 Pavimentos: 19 Vagas: 1.482 para apartamentos, 37 para visitantes, 16 para cadeirantes Fornecedores: Oterprem (blocos estruturais), Weber Saint-Gobain (monocapa), M3SP (pré-lajes de concreto)

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prisma

explica que o projeto estrutural tem de ser desenvolvido tendo sempre em vista a forma de execução que a construtora pretende implantar, numa “visão holística” do sistema, e em conjunto com o projeto de produção – com todos os detalhamentos de elevações, interferências, furações, instalações etc., “para melhorar a qualidade da obra” . Para evitar a necessidade de escavações e contenções, de custo elevado, a concepção do projeto foi de erguer em área específica um edif ício-garagem – de oito pavimentos, com estrutura convencional e fechamento com blocos de concreto de vedação –, que fornecerá a maior parte das vagas necessárias ao empreendimento; cada unidade terá uma vaga de garagem. “Esse é um conceito utilizado nos empreendimentos Flex da Tecnisa basicamente para diminuição de custos” , revela o engenheiro Eduardo Pereira, gestor da obra Flex Imigrantes. Ele avalia também que “a alvenaria estrutural é uma ótima alternativa técnico-econômica, mas exige

controle tecnológico rigoroso de seus principais elementos, os blocos estruturais, a argamassa e o graute” . A construtora desenvolveu um rigoroso sistema de homologação de seus fornecedores, que passam por inspeção nas fábricas, antes de serem aprovados, e tem exigências que afastam fabricantes sem qualidade garantida. “No caso dos blocos, exigimos que a empresa tivesse o Selo de Qualidade da ABCP; os lotes são identificados e devem ter laudo de ensaio do laboratório próprio do fabricante” , diz Pereira. Segundo Ramom Otero Barral, diretor comercial da Oterprem, que fornece os blocos estruturais da obra, sua empresa foi escolhida “por priorizar a qualidade de seus produtos, detendo o Selo de Qualidade da ABCP e integrando o PSQ blocos de concreto, do PBQP -H, apresentando assim um diferencial para o mercado” . A obra teve um minucioso planejamento da sua logística – “essencial em obras desse tipo” , afirma o gestor da obra –, que, juntamente com os itens de industrialização dos trabalhos, permite que um pavimento seja concluído, na alvenaria estrutural com o graute, em seis dias. São necessários mais três dias para a montagem da laje e a sua concretagem. Em relação à fachada, contabiliza Pereira, são exigidos 45 dias para concluir um edif ício com a aplicação da monocapa, considerada por ele como “imprescindível” em uma obra Flex. A obra foi dividida em três fases, das quais a primeira delas, com três torres e 480 unidades no total, será entregue em fevereiro de 2015; a obra será concluída em 2016. A Tecnisa emprega mão de obra própria até o nível de encarregado, cerca de 80 funcionários; o restante, aproximadamente 450 operários, no pico, é terceirizado.




mesa-redonda

Participantes do 16o Fórum InterCement, que discutiu lajes pré-fabricadas de concreto

Mercado tem potencial de crescimento, mas exige investimento em tecnologia O mercado de lajes pré-fabricadas de concreto tende à estabilidade nos negócios em 2014, com potencial de crescimento, mas precisa lidar com a competição dos pequenos fabricantes, especialmente no segmento da autoconstrução, que corresponde a cerca de 40% do seu mercado total. Esse panorama, difícil, permeou as discussões do 16o Fórum InterCement, que aconteceu em São Paulo, em 3 de junho último, e teve como tema as lajes pré-fabricadas e painéis treliçados de concreto. O evento, tradicional parceria entre a InterCement e a Revista Prisma, contou com a mediação do jornalista Hermano Henning e a participação de Marcelo Morás (consultor) , Emerson Augusto Dias (Lajes Paulista), Hideo Utida (Grace), Luiz Norimatsu (M3SP Engenharia), Marcos Roberto de Oliveira (M3SP Engenharia), Anderson de Oliveira (Sinaprocim), Daniel de Luccas (Abilaje) e Walter Donizetti Venicio (Embu Agregados).

41


mesa-redonda

MERCADO Emerson Augusto Dias (Lajes Paulista) – Diria que o setor vive uma fase de estabilidade nos negócios. Marcos

Roberto

de

Oliveira

(M3SP Engenharia) – Nossa carga tributária é muito alta. Com a Nota Fiscal eletrônica, quando o produto sai da fábrica, já está pagando impostos. E o retorno que temos desse im-

Daniel de Luccas (Abilaje)

Marcos de Oliveira (M3SP Engenharia)

postos não corresponde ao que foi

42

pago. Se a carga tributária não fosse

A concorrência é muito grande e há

Daniel de Luccas (Abilaje) – Hoje o

tão alta, poderíamos investir mais em

muita informalidade no setor. Temos

setor de lajes vive a mesma insegu-

fábricas, nos nossos colaboradores.

um Programa Setorial da Qualidade,

rança da cadeia da construção, rela-

Ficamos sempre trocando seis por

no qual fazemos a inspeção técnica

cionada a quanto o país vai crescer,

meia dúzia. Investir na fábrica, na me-

e a Abilaje a coordenação e pelo qual

qual será o investimento etc. Só que o

lhoria de processos e de gestão, isto

visitamos fábricas, verificamos a pro-

mercado de lajes é sui generis porque

acaba ficando só na necessidade e

dução, os processos etc., e verifica-

depende muito do segmento de auto-

na vontade, porque não sobram re-

mos a grande influência da mão de

construção, ou seja, da obra tocada

cursos para fazermos isso. A questão

obra na qualidade – como ela, mui-

pelo proprietário do imóvel, que con-

do produto em si não é problema; po-

tas vezes, não é qualificada, ocorre o

trata um pedreiro ou um pequeno em-

demos avançar, melhorar. O mercado

comprometimento da qualidade final

preiteiro para tocar os serviços, com

está muito bom, principalmente com

do produto. E há também o proble-

ele mesmo gerenciando a obra. Há o

o Minha Casa, Minha Vida, que deu

ma da falta de projeto. O fabricante

mercado formal, no caso o das cons-

um plus interessante para todos nós.

de lajes, que deveria ser demanda-

trutoras, especialmente em progra-

do pelo projetista, pela construtora já

mas como o Minha Casa, Minha Vida,

Walter Donizetti Venicio (Embu

com o projeto estrutural pré-definido,

que demandam lajes pré-fabricadas.

Agregados) – O volume de serviço

que o fabricante usaria para produ-

No mercado de autoconstrução, que

está bom, mas há o problema da ren-

zir exatamente o que foi projetado,

representa até 50% do total, temos a

tabilidade e, ainda, dos muitos clien-

e todos fariam o orçamento com a

figura do pedreiro especificador, que

tes que não olham para a qualidade.

mesma base, mas não é isso o que

acaba influenciando o dono da obra.

acontece. O dimensionamento e o

É preciso mudar esse paradigma, não

Anderson Oliveira (Si­na­procim)

projeto, na parte da laje, ficam para

só para laje, mas também para ou-

– No setor de lajes não há grandes

o fabricante e aí cada empresa usa

tros produtos, de o pedreiro ser o es-

empresas, somente médias e peque-

seu projeto, sua ferramenta de cál-

pecificador. No mercado formal já há

nas. A falta de união das empresas e

culo para especificar. Então uns têm

uma preocupação com a qualidade;

dos empresários é porque cada um

mais armadura de aço, outros me-

as construtoras já se preocupam em

a sua região, o seu mercado, sem a

nos, um faz uma laje mais alta, outro,

saber quais são as empresas que têm

preocupação de conversar para en-

mais baixa. E aí há essa concorrência

e investem em qualidade, que contro-

tender o mercado, para compreen-

de preços díspares, devido à falta de

lam processos, que ensaiam os pro-

der as políticas que envolvem esse

projeto. Nossa previsão, ao final de

dutos. Esses construtores estão sen-

setor. A questão do preço reflete

2013, era de um crescimento de 6%

do mais demandados por qualidade,

essa falta de visão de conjunto – se

para este ano; hoje estamos falando

pois já há uma série de ferramentas

o preço está bom, se está ruim, eles

de 2% a 4%, no máximo, na cadeia

nas políticas públicas, especialmen-

não sabem. O referencial de preço

de produtos de cimento. E o setor de

te habitacionais, que passam a exigir

é o praticado pelo líder da região.

lajes não deve superar isso.

qualidade, como nas obras financia-


e ainda assim consegue entregar um produto que talvez não dê problema na obra. Esse é o grande vilão da história: as patologias não aparecem de imediato. Marcos Roberto – Até porque a parte de resistência à compressão é a realizada pela capa de concreto, que é feita na obra. É como se esse Anderson de Oliveira (Sinaprocim)

Walter Donizetti Venicio (Embu Agregados)

concreto fosse, grosso modo, o invólucro da laje.

das com recursos do FGTS. Nelas,

seguinte viés: “Se a produção deste

os construtores precisam utilizar ma-

ano empatar com o que tivemos em

De Luccas – Esse concreto está li-

teriais qualificados pelos programas

2013, já estaremos felizes”. Isso mos-

gado à durabilidade do sistema estru-

setoriais da qualidade (PSQs), certifi-

tra que dificilmente conseguiremos

tural. Se o concreto foi feito de qual-

cados, produzidos de acordo com as

superar o ano passado, em termos

quer jeito, só se perceberá isso após

normas da ABNT. O construtor preci-

de negócios. Se olharmos o históri-

20 ou 30 anos.

sa dessa certificação para demons-

co da indústria do cimento, em 2013,

trar que os produtos utilizados naque-

comparado a 2012, ela cresceu 6%,

CONQUISTA DE NOVOS MERCADOS

la obra têm qualidade garantida.

um número considerável. Se analisar-

Marcelo Morás (consultor) – Creio

mos neste ano, quase na metade, a

que o autoconstrutor ainda é o maior

Henning – Essa é uma maneira mais

expectativa é que cheguemos a um

mercado dos fabricantes de lajes. E

fácil de trabalhar?

crescimento de 4% nesse setor.

também o comportamento estrutural das lajes pré-fabricadas não é o mais

De Luccas – Sim, porque o cons-

Marcelo Morás (consultor) – Não

trutor não fica refém das opiniões do

existem grandes fabricantes no se-

fornecedor A ou B. O PSQ visa a uni-

tor, mas há muitos, e em boa parte

De Luccas – O setor tem a preo-

formizar isso. Então, ele dá uma iso-

pequenos. Lembramos que o investi-

cupação de conquistar novos mer-

nomia competitiva a todos os produ-

mento para montar uma fábrica de la-

cados sim. Isto porque, nos últimos

tores que participam do programa.

jes é muito pequeno. Enquanto para

cinco anos, entraram no mercado

Todos aqueles que participam dos

montar uma fábrica de blocos regular

sistemas concorrentes, como os de

PSQs atendem às normas técnicas

se gasta cerca de R$ 1 milhão, não

fôrmas metálicas, por exemplo, que

e aos contratantes – construtoras

custa 10% disso para montar uma fá-

vão disputar mercado com o setor de

ou comprador final – pode escolher

brica de lajes. E a tecnologia na fábri-

lajes pré-fabricados e painéis treliça-

por outras condicionantes, inclusive

ca de lajes não é a mais avançada. A

dos. Mas ainda o maior concorrente

o preço, porque ele tem certeza da

armadura vem pronta.

é a laje moldada in loco. O maior de-

adequado para determinadas obras.

safio é substituir a laje feita artesanal-

qualidade. De Luccas – E o concreto usado

mente, na obra, e industrializar o pro-

Hideo Utida (Grace) – O mercado

pelo fabricante de laje é o chamado

cesso, preferencialmente com lajes

teve recentemente uma queda acen-

concreto plástico, que é muito mais

pré-fabricadas de concreto, no caso

tuada na venda de alguns produtos;

fácil de ser feito, pois não exige tanto

deste setor, claro. E isto não tem

isto vale para concreteiras também.

controle da produção. E o que man-

a ver com o tipo de obra, mas sim

Mas temos conversado com empre-

da é o aço: 2/3 do custo são das ar-

como ela é executada. Hoje temos

sários de alguns setores e eles têm

maduras. E esse é um concreto que

ainda, em boa parte, um processo de

mostrado uma visão mais otimista

aceita muito desaforo. O fabricante

confecção de laje no canteiro, pro-

em relação à produção. Mas com o

então pode fazer muita barbaridade

cesso esse que é moroso, ineficiente 43


mesa-redonda

que estão passando por um processo de revisão e aperfeiçoamento e buscando melhorar a sua interpretação, buscando transformar a sua linguagem em algo muito mais próximo da indústria, do fabricante, que muitas vezes é um empresário, não um técnico. Este, muitas vezes, é um contratado “de gaveta”, o que é uma deficiência do nosso setor. Os fabriMarcelo Morás (consultor)

cantes precisam ter um responsável

Emerson Augusto Dias (Lajes Paulista)

técnico, com registro no Crea, e muie desperdiçador de recursos. Quan-

R$ 300 mil, em tecnologia, que per-

tas vezes não têm.

do é introduzido um processo indus-

mite a ele ter uma fábrica muito mais

trializado, com os elementos pré-fa-

moderna e mais produtiva. Já para

De Luccas – O Crea é um órgão bu-

bricados, há uma melhoria sensível

conquistar novos mercados, supe-

rocrático. Na questão técnica, ele só

nesse sistema de construção.

rando a laje moldada in loco, a gran-

intervém se houver um acidente

de dificuldade dos fabricantes é no Luiz Norimatsu (M3SP Engenha-

transporte vertical na obra: como

Oliveira – E no caso da laje, o maior

ria) – Hoje o mercado demanda mui-

fazer para esses elementos pré-fa-

problema é que ela não cai. Muitas

ta atualização tecnológica, que deve

bricados alcançarem o 10 ou o 15

o

vezes, o acidente ocorre por causa

ser feita de forma bastante prática e

andar, por exemplo, em obras que

da carga de trabalho, devido à con-

visando à rentabilidade. É essencial

muitas vezes não têm equipamentos

cretagem, que, se não for bem feita

ter controle de qualidade da produ-

para içamento.

em todos os seus detalhes, aconte-

o

ção e, infelizmente, esse controle

ce a patologia. Mas há uma deficiên-

de qualidade muitas vezes peca por

PROGRAMAS HABITACIONAIS

cia na atribuição da responsabilidade

causa do nível da mão de obra, que

Oliveira – Os programas habitacio-

da fiscalização de obras. Como enti-

hoje tem custo elevado e não dá o

nais, como Minha Casa, Minha Vida,

dade, podemos alertar um fabrican-

retorno desejado.

são muito importantes para o setor.

te de que ele não está seguindo as

Mas esses programas não compram

normas em vigor, mas não podemos

Morás – Creio que o principal proble-

apenas quantidade, mas também co-

fazer nada além disso. E o Crea, que

ma é relacionado à baixa produtivida-

meçam a exigir qualidade, e o setor

deveria fazer isso, não faz.

de da mão de obra.

precisará se preparar para atender a essa exigência.

DESAFIOS

Paulista) – Um dos nossos desafios

Oliveira – Os fabricantes, verifica-

De Luccas – A Norma de Desem-

hoje é desenvolver a automação, a

mos no programa de qualidade, vêm

penho, que entrou em vigor em 2013,

qualidade e o controle da produção.

investindo em tecnologia, visando à

agrega exigências de desempenho

O que o Minha Casa, Minha Vida está

qualidade, mas principalmente ao

mínimo dos produtos, impactando

trazendo, que é o controle de quali-

aumento da produtividade, porque,

desde o projeto arquitetônico e estru-

dade do projeto e da construção,

muitas vezes, estão instalados em

tural até a construção. E os fabrican-

acho que está começando a mexer

área pequena e não têm capacida-

tes precisam se conscientizar disso e

com o mercado.

de para adquirir uma área maior. A

atender a essas exigências.

solução é produzir mais, no mes-

44

Emerson Augusto Dias (Lajes

Oliveira – Infelizmente, em relação à

mo ambiente. Ele vai verticalizando

NORMAS

laje, isto ainda é muito pouco visto,

a produção, com o investimento,

Oliveira – Estamos revisando todas

porque há outros produtos, a fiscali-

relativamente pequeno, de R$ 200,

as normas de laje. São cinco normas,

zação verifica a construção como um



mesa-redonda

tamos buscando. Nós pagamos ICMS, mas a produção no canteiro não paga. Então, se o construtor tiver um canteiro grande, ele prefere fazer a laje lá. De Luccas – A fabricação em canteiro não é proibida, mas para isso a lei exige que seja tirada uma licença ambiental para esse fim. Quando Hideo Utida (Grace)

Luiz Norimatsu (M3SP Engenharia)

o construtor coloca o tempo exigido para isso e os custos decorrentes, ele

todo. Então, a laje, como é de difícil

podem ser bem atendidos pela ci-

verificará que não compensa produzir

averiguação, pois exige ensaios para

menteira. E ele enxerga os benefí-

em canteiro, mesmo porque ele não

aferir sua qualidade, em geral é dei-

cios, quando se mostra que, com a

pode esperar o tempo da burocracia

xada de lado. Mas, com as novas es-

economia no cimento, pode comprar

para formalizar o negócio.

pecificações do Minha Casa, Minha

mais fôrmas, ou trocar a betoneira ou

vida, vamos dizer quais lajes são re-

o misturador, modernizar a fábrica,

De Luccas – No programa setorial

comendadas, quais os fabricantes

enfim.

da qualidade (PSQ), participam cerca de 40 empresas, que representam

são recomendados, por participarem dos programas setoriais da qualida-

De Luccas – A norma que temos

um volume de cerca de 500 mil m2

de (PSQs). Isto deverá ser implantado

hoje, a NBR14859-1/2002, trata de

mensais. Temos empresas que fazem

até o final deste ano. Aí o mercado

lajes pré-fabricadas e não de lajes

lajes e painéis treliçados,vigotas pro-

começa a mudar, porque nosso setor

pré-moldadas. Existe uma distinção

tendidas e lajes alveolares. Estima-

é movido pela parte comercial.

entre esses dois termos. Existe uma

mos que o mercado hoje envolva algo

norma de elementos pré-moldados,

entre 2 e 3 milhões de m2 mensais.

Oliveira – E há muitos fabricantes

cuja principal diferença é o rigor no

Uma empresa de porte médio, quase

cujo registro é de comércio de ma-

controle tecnológico. Então um pré-

grande, produz entre 80 e 100 m3 de

terial de construção, sua função ori-

fabricado necessariamente precisa

concreto por mês, quantidades que,

ginal. Ele não paga imposto típico

ser feito em uma instalação industrial

perto de outros setores de produtos

de indústria. O que as cimenteiras

destinada a esse fim. O pré-moldado

de cimento, são ridículas, ínfimas.

fazem, assim como a InterCement,

pode ser feito no canteiro, com con-

é estar perto dos fabricantes, forne-

troles menos rigorosos. Assim, con-

Oliveira – Isto porque o maior volu-

cendo assessoria técnica, isto agre-

segue-se ter uma produção de lajes

me de concreto, na laje, não está na

ga muito valor. Muitas vezes o fabri-

pré-moldadas, que seria a maioria

fábrica, está na obra, onde ela rece-

cante consome muito mais do que

dessas fábricas sem a qualificação

be a capa de concreto, que recebe

ele deveria e o fabricante de cimento

necessária, e há um nível superior,

mais de 95% da quantidade de con-

o orienta a fazer da melhor – e mais

que seriam as lajes pré-fabricadas,

creto. Por outro lado, a armadura já é

econômica – forma técnica. Melhora

produzidas por indústrias de ponta,

o grande item de consumo.

os processos e economiza cimen-

que não passam de 50 hoje no Brasil.

to também, mas esse fabricante vai

De Luccas – Estamos em processo

produzir mais, vender mais e crescer.

Donizetti – E as lajes feitas no can-

de revisão das normas de lajes. Estão

E aí vai consumir mais. Nesse sen-

teiro, têm a mesma carga tributária?

em revisão as NBRs 14.859, 14.860

tido, a assessoria da cimenteira nos

46

e 14.862 e é importante informar a to-

ajuda. E esse é o papel do fabricante

Marcos Roberto – Não. E isso é

dos que a estrutura da norma de lajes

de cimento. E os fabricantes, como

um fator contra o qual precisamos

mudou: ela era dividida em três nor-

são diversos numa mesma região,

nos unir. No Rio de Janeiro já es-

mas e agora ela vai virar uma única



mesa-redonda

norma, dividida em partes – a 14.859

zes o fabricante não tem um sistema

usava como desformante óleo die-

parte 1, sobre elementos estruturais

de controle tecnológico para medir a

sel queimado, em vez de comprar o

do concreto; parte 2, sobre os en-

qualidade dos produtos. E os aditi-

produto adequado. Ele aplica esse

chimentos, cerâmica e EPS; parte 3,

vos permitem não apenas economia,

óleo na fôrma. Mas, esse óleo, as-

as treliças; e a parte 4, que é a parte

mas também otimizar a produção,

sim como facilitou na desfôrma, vai

nova, as questões de projeto, deta-

minimizando a questão da mão de

impedir a aderência do revestimento,

lhamento executivo e montagem. De-

obra. Porque, com um concreto mais

após a laje instalada. E esse reves-

pois dessas partes prontas, a ideia é

plástico e desde que a indústria es-

timento pode cair, posteriormente,

fazer um manual de boas práticas, ou

teja preparada, o fabricante terá um

gerando um problema de qualida-

práticas recomendadas. É um pro-

processo muito mais rápido – ele não

de. Isto sem contar com os produtos

cesso interessante, que vai contribuir

precisará vibrar o concreto, não ne-

como enxofre, os quais os operários

para essa questão de projeto, sobre o

cessitará do mesmo contingente de

são obrigados a manusear. E quan-

qual a norma hoje é omissa.

pessoal, que, parte dele, poderá ser

tos por cento das fábricas usam esse

usado em outras funções, e o con-

sistema?

Oliveira – E a linguagem é didática,

creto ficará muito melhor acabado,

mas precisa, especialmente nos pon-

não haverá o retrabalho, além de a

tos relativos às patologias, visando a

processo ganhar agilidade. Dias – E hoje há no mercado produ-

orientar para não ter problemas. Oliveira – Mas muitos fabrican-

tos desmoldantes muito bons,alguns

OUTRAS TECNOLOGIAS

tes enxergam qualquer inovação ou

à base de água.

Morás – O que se observa na maio-

acréscimo tecnológico como um pro-

ria dos fabricantes de lajes, é a ne-

blema, infelizmente.

cessidade de uma cura mais eficien-

Utida – O óleo diesel é muito mais barato que qualquer desmoldante,

te, principalmente térmica, permitindo

De Luccas – Quando se propõe a

mas seu uso é obviamente incorreto,

ao fabricante produzir num dia e en-

um fabricante a utilização de aditivos

porque ele também é perigoso, infla-

tregar no dia seguinte.

para melhorar a performance do con-

mável, contém enxofre, mas é usado

creto, a primeira preocupação dele

por causa do custo. E se o fabrican-

Dias – O que dificulta a entrada des-

é com relação a quanto vai custar

te for utilizar produtos especialmen-

se tipo de cura é a verticalidade da

isso – se são R$ 5 ou R$ 10 mais,

te desenvolvidos para a indústria de

produção nas fábricas de lajes.

ele normalmente rejeita. Mas ele não

pré-fabricados, ele pagará cerca de

mede os benefícios subseqüentes,

cinco a seis vezes mais. As indústrias

Oliveira – Uma coisa que podería-

como a redução de mão de obra. Se

de aditivos já desenvolveram desmol-

mos avançar no nosso setor, é que

antes ele precisava de quatro operá-

dantes à base de óleos vegetais, cha-

hoje temos elementos pré-fabrica-

rios para espalhar o concreto nas fôr-

mados de biodegradáveis, uma linha

dos de 13 cm, as vigotas; temos os

mas, ele precisará de apenas um; os

muito interessante, até por conta des-

minipainéis, de 25 cm; temos as pré-

outros três ele poderia realocar para

se mercado do Minha Casa, Minha

lajes, de 1 m, 1,25 m; e até a tam-

laboratório, inspeção de qualidade,

Vida, no qual há painéis muito gran-

pa. Então, o desafio é encontrar ou-

entre outras atividades, poderia pa-

des e de aplicação muito rápida, eles

tras especificações, nas quais se usa

gar melhor aos funcionários, poderia

são chamados de à base de água, na

menos material.

contratar funcionário mais qualifica-

verdade eles são solúveis em água e

do. Mas ele não faz essa conta, em

isso permite atender não só à ques-

Utida – E na questão dos aditivos,

geral. Ele só mede a fatia reais por

tão de estar corretamente utilizado,

boa parte das empresas de lajes não

metro cúbico, que vai encarecer.

mas oferece propriedades importantes, como na questão de evitar a for-

está preparada, até mesmo por falta

48

De Luccas – Quase todas.

de espaço. Quando usa aditivo, utili-

MEIO AMBIENTE

mação da bolha, do ar aprisionado na

za um só, porque não há espaço para

Morás – Das fábricas que visitei no

superfície do concreto.

usar mais do que isso. E muitas ve-

ano passado, cerca de 90% delas



Foto: Leonardo Finotti

A arena do morro Mãe Luiza é um bairro de Natal localizado entre as dunas e uma região valorizada da cidade. Trata-se de área de beleza rara, com uma delicada relação com o ambiente natural. Agora, por iniciativa do Centro SócioPastoral Nossa Senhora da Conceição e da Fundação Ameropa, instituição suíça de ajuda ao desenvolvimento, a comunidade ganhou uma singela obra de arquitetura projetada pelo escritório de arquitetura também suíço Herzog & de Meuron, autor de obras como a Allianz Arena em Munique e o estádio Ninho de Pássaro, em Pequim, China. Trata-se de um espaço cultural e esportivo construído com uma grande cobertura metálica e curiosos volumes curvilíneos executados com elementos de concreto vazados. Esses blocos foram especialmente desenhados, concebidos e fabricados por uma empresa local para a obra. Conheça os detalhes da Arena do Morro na próxima edição da Prisma.




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