Ano 15 - No 62 outubro 2016
R$ 20,00
Na praia, na praça, nas ruas Caraguatatuba, no litoral norte paulista, desenvolve ambicioso programa de pavimentação com pisos intertravados de concreto
nesta edição
62 10
entrevista
O Secretário de Mobilidade Urbana de Botucatu-SP, Rodrigo Luiz Gomes Fumis, desenvolveu um agressivo programa de mudanças no trânsito da cidade, utilizando também pisos intertravados de concreto
12
pavimento
Caraguatatuba, no litoral norte paulista, vem desenvolvendo, há quase
revista prisma soluções construtivas com pré-moldados de concreto www.revistaprisma.com.br publicação trimestral setembro 2016
SEÇÕES 6 agenda
duas décadas, um extenso programa de pavimentação de ruas, em sua
7 curtas
maior parte com pisos intertravados de concreto
8 produtos
30 destaque
16
seminário
A BlocoBrasil, parceria com a ABCP e o Sinaprocim/Sinprocim, vem realizando um ciclo de seminários visando à divulgação das características, normatização e atendimento à legislação do pavimento permeável de concreto
20
reportagem
Apartamento padrão CDHU para habitação de Interesse social no âmbito dos governos estaduais e federal construído com blocos de concreto foi o sucesso do Concrete Show 2016
23 caderno técnico Os pesquisadores Michelle Trajano Furlan e Guilherme Parsekian fazem neste artigo uma avaliação pós-ocupação do uso de alvenaria de vedação com blocos de concreto aparentes pintados na Escola Estadual Jardim Marisa, em Campinas-SP
EXPEDIENTE Prisma é uma publicação trimestral da Editora Mandarim www.mandarim.com.br ISSN: 1677-2482 DIRETORES
Marcos de Sousa e Silvério Rocha EDITOR RESPONSÁVEL
Silvério Rocha – MTb 15.836-SP EQUIPE TÉCNICA
Abdo Hallack, Cláudio Oliveira, Germán Madrid Mesa (Colômbia), Hugo da Costa Rodrigues, Kátia Zanzotti, Marcio Santos Faria, Paulo Sérgio Grossi, Rodrigo Piernas Andolfato e Ronaldo Vizzoni COLABORADORES
Texto: Marcos de Sousa, Regina Rocha Fotos: Patrícia Belfort PROJETO GRÁFICO
LuaC Designer DIAGRAMAÇÃO/Arte
Vinicius Gomes Rocha - Act Design Gráfico IMPRESSÃO
Pauligrafi REDAÇÃO
Editora Mandarim Estrada do Capuava, 2530, Cotia-SP CEP 06715-685, Tel. (11) 2690-4500 SECRETARIA e ASSINATURAS
Tel. (11) 4303-2185, www.portalprisma.com.br ou pelo e-mail ilka@mandarim.com.br PUBLICIDADE
Diretor Comercial: Silvério Rocha silverio@mandarim.com.br Representação Comercial: Rubens Campo (Act), (11) 99975-6257 - (11) 4411-7819 rubens@act.ppg.br
APOIO INSTITUCIONAL
Na próxima edição Conjuntos habitacionais em alvenaria estrutural Equipamentos racionalizadores de obras
Argamassas e alvenaria
editorial O piso intertravado de concreto está, há vários anos, consagrado como uma das melhores soluções para pavimentação de ruas, calçadas, parques e diversos outros pisos, em obras públicas e privadas. E, desde 2015, com a edição da norma 16.416 – Pavimento permeável de concreto – requisitos e procedimentos, esse tipo de pavimento permeável vem sendo cada vez mais adotado por prefeituras, empreendedores do mercado imobiliário e construtoras, entre outros, devido às suas vantagens, entre as quais se incluem a sustentabilidade, ao permitir que a água se infiltre pelo pavimento e retorne ao lençol freático ou seja utilizada como água de reuso; como prevenção às enchentes, ao reter as águas pluviais; e como agregador de área permeável em empreendimentos imobiliários, permitindo aos incorporadores e construtores o atendimento às legislações municipais. Justamente para explicar as características do pavimento permeável de concreto é que a BlocoBrasil, em parceria com a ABCP e o Sinaprocim/Sinprocim, vem realizando neste ano um ciclo de seminários sobre esse tipo de pavimento. Até agora, já foram realizados quatro seminários: dois em São Paulo e em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Esses seminários foram muito bem-sucedidos, despertando o interesse de públicos qualificados, que avaliaram como positivas as informações prestadas pelos palestrantes. Essa rodada de eventos certamente será muito importante para que o pavimento permeável de concreto, em suas diversas opções, seja cada mais utilizado, em benef ício das nossas cidades e dos cidadãos. Um exemplo da consagração do piso intertravado de concreto como a melhor opção para a pavimentação de ruas, calçadas, ciclovias e parques, entre outros usos, é mostrado nesta edição, em reportagem que divulga o importante programa de pavimentação de ruas em Caraguatatuba, no litoral norte paulista. Ali, o uso de pavimentos intertravados de concreto pode ser visto em suas principais praias e inúmeras ruas de todos os seus bairros, desde o final da década de 1990, quando teve início um ambicioso programa de pavimentação de ruas, que atingirá até o final deste ano mais de 2,1 milhões de metros quadrados de ruas pavimentados em sua ampla maioria com pisos intertravados de concreto. Como lembra o secretário de Obras de Caraguatatuba, o engenheiro João Batista Alarcon, o piso intertravado tem diversas vantagens sobre o asfalto, por exemplo, entre elas a sua durabilidade estimada em 50 anos, contra os apenas 10 anos de durabilidade prevista para o pavimento asfáltico. Com essas e outras vantagens, entre elas a facilidade de manutenção, a normalização completa e atualizada, a garantia de qualidade nos produtos de fabricantes qualificados pelo PSQ e que têm o Selo de Qualidade da ABCP, é previsível que o piso intertravado seja cada vez mais utilizado, no país inteiro. Boa leitura! 5
agenda
curtas
World Architecture Festival (WAF) De 16 a 18 de novembro, em Berlim, Alemanha
O World Architecture Festival (WAF), um dos mais importantes eventos da arquitetura mundial, será realizado este ano em Berlim, Alemanha. Para mais informações, acesse: www.worldarchitecturefestival.com 12º Construbusiness 21 de novembro, em São Paulo
“Investir com responsabilidade” será o tema central do 12o Construbusiness. Esta foi a decisão dos membros do Conselho Superior da Indústria da Construção da Fiesp (Consic) em reunião realizada no último dia 10 de outubro na sede da federação. A publicação deste ano terá uma listagem dos problemas identificados que emperram o crescimento do setor, com contribuições para a solução, sugeridas por especialista. Um capítulo abordará o que precisa ser feito no curto prazo para assegurar a continuidade da cadeia pelos próximos dois anos, enquanto outros dois tratarão da Responsabilidade de Investimento e da atualização do programa Compete Brasil. Informações: http://www.fiesp.com.br/observatoriodaconstrucao/ noticias/deconcic-valida-propostas-para-o-12o-construbusiness/ World of Concrete
Paulo Mendes: Prêmio Imperial do Japão O arquiteto Paulo Mendes da Rocha, 87, recebeu o Prêmio Imperial do Japão, um dos mais prestigiosos do mundo – meses depois de ter sido agraciado com o Leão de Ouro da Bienal de Arquitetura de Veneza, pelo conjunto da sua obra. O anúncio foi feito no início de setembro, em Tóquio. O prêmio é dividido em cinco categorias: pintura, arquitetura, escultura, música e teatro/cinema. Junto
De 16 a 20 de janeiro de 2017, Las Vegas, EUA
a Mendes da Rocha, foram agraciados o cineasta americano Martin Scorsese,
A principal feira do concreto mundial traz as inovações norteamericanas e mundiais em concreto, alvenaria e tecnologia para a produção de concreto e de pré-fabricados. Em quatro dias, a WOC 2017 apresentará os melhores produtos, tecnologias e inovações nesse segmento. Informações: https://worldofconcrete.com/
a artista americana Cindy Sherman, a escultora francesa Annette Message e o
BAU De 16 a 21 de janeiro, em Munique, Alemanha
A tradicional e uma das principais feiras de co, ar condicionado e arquitetura acontece no Trade Fair, em Munique, Alemanha. Informações: www.bau-muenchen.com MADE Expo De 8 a 11 de março de 2017, em Milão, Itália
Feira dedicada ao projeto de edificações, que será realizada no Fiera Milano, em Milão, Itália. Informações: www.madeexpo.it Cursos ABCP Laboratorista de Artefatos de Cimento 20/11/2016, na ABCP
O curso visa a preparar os profissionais encarregados do controle de qualidade em fábricas de artefatos para auxiliarem a área de produção na redução de custos e cumprimento das exigências das normas específicas para cada produto. Programa Data: 9/11/2016 - Horário: 8h às 17h Carga horária: 8 horas Local: Sede da ABCP Av. Torres de Oliveira, 76 - São Paulo/SP Informações: www.abcp.org.br
violinista letão Gidon Kremer (música). A premiação aconteceu em Tóquio em 18 de outubro e cada premiado recebeu 15 milhões de ienes (cerca de R$ 480 mil) e medalha, entregue pelo príncipe Hitachi. O brasileiro será representado na premiação pelo filho, o também arquiteto Pedro Mendes da Rocha. Ele é o segundo brasileiro a merecer essa distinção –o primeiro foi Oscar Niemeyer, em 2004. Entre outros artistas homenageados pelo Prêmio Imperial, estão Norman Foster, Ingmar Bergman, Peter Brook, Renzo Piano, Frank Gehry e David Hockney. Por coincidência, a primeira mostra da obra do arquiteto no Japão será aberta no dia 24 deste mês, na galeria GA, de Tóquio, com desenhos, fotos e textos de 12 de seus projetos. Em um ano, será a terceira exposição de arquitetura brasileira na capital japonesa, depois de uma dedicada a Niemeyer no Museu de Arte Contemporânea de Tóquio e outra para Lina Bo Bardi no museu Watari.
Laboratório do Senai de Cascavel-PR acreditado para ensaios de blocos de concreto e pavers Laboratório de Construção Civil do Senai no Paraná recebe acreditação do Inmetro. O serviço, com quatro modalidades de ensaios, atende aos interesses de empresas da região Oeste do Paraná. Os ensaios que podem ser feitos no laboratório são: em pré-fabricados, especificamente em blocos de concreto e paver; em blocos cerâmicos, e em concreto. “A intenção é ampliar o escopo futuramente”, diz Danielli, do Senai Cascavel. A equipe do laboratório está em atendimento com indústrias de várias cidades do Oeste do Paraná, dentre elas Foz do Iguaçu, Missal, Itaipulândia, Toledo, Entre Rios, Pato Bragado e São Miguel do Iguaçu. “Com a acreditação junto ao Inmetro, poderemos atender às demandas de empresas de cerâmica e de pré-fabricados, participantes do Programa
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Setorial da Qualidade (PSQ), da nossa região”.
curtas Lançada 2ª edição do Manual de Desempenho Alvenaria de Blocos de Concreto A cadeia produtiva da construção civil brasileira já pode baixar, a partir deste mês de novembro e gratuitamente, a segunda edição do Manual de Desempenho da alvenaria com blocos de concreto, cuja primeira edição foi lançada em agosto de 2015, então de forma pioneira entre os materiais tradicionais utilizados pela construção civil brasileira, a Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil) . Esse manual demonstra, por meio de ensaios realizados em sua maioria pelo IPT-Instituto de Pesquisas Tecnológicas e por prestigiosas universidades e laboratórios brasileiros, que os blocos de concreto atendem aos requisitos da NBR 15.575/2013, a Norma de
Inovação e mais qualidade em moldes para blocos e pisos de concreto Alinhada com o conceito de investir para
Desempenho de Edificações Habitacionais. O manual, desenvolvido pela BlocoBrasil em parceria com a Associação Brasileira de Cimento
superar a crise, a Brasformas, fabricante de
Portland (ABCP), traz todas as informações sobre o desempenho da alvenaria com blocos de
moldes para a produção de blocos e pisos
concreto, tratando dos aspectos ligados ao desempenho estrutural, resistência ao fogo, segurança
de concreto sediada em Campinas-SP, em
de uso e operação, estanqueidade, desempenho térmico e acústico, além de especificações de
continuidade ao trabalho de consultoria
durabilidade e manutenibilidade (relacionadas à manutenção) e impacto ambiental das paredes
implantado pelo engenheiro Paulo Grossi,
construídas com blocos de concreto.
colocou em operação recentemente mais um
Todos os ensaios de desempenho apresentados no manual foram realizados com blocos de
centro de usinagem do tipo comando numérico
concreto fornecidos por fabricantes associados à BlocoBrasil e possuidores do Selo de Qualidade
computadorizado. O novo centro propiciou maior
da ABCP, garantindo-se assim a unificação das características dos blocos. Assim, pode-se estender
rapidez nas entregas dos moldes e aumentou
os resultados de desempenho obtidos a todos os fabricantes associados à BlocoBrasil. O manual
a capacidade produtiva da empresa. Por conta
tem como público-alvo construtoras, gestores públicos das áreas de habitação das três esferas de
desse investimento e de trabalhos alinhados
governo, arquitetos e engenheiros projetistas estruturais, entidades da construção civil, arquitetura
à profissionalização dos colaboradores, como
e engenharia de todo o Brasil.
treinamentos, e melhores ferramentas de
“O objetivo é facilitar o trabalho dos projetistas e especificadores de alvenaria com blocos de
trabalho, a empresa oferece ao mercado maior
concreto, usados em paredes de vedação ou estruturais, quanto aos requisitos que as paredes
capacidade e qualidade nos seus produtos.
de uma determinada edificação devem atender em relação às especificações da Norma de
Agora, investiu forte na contratação de Marcelo
Desempenho, a ABNT NBR 15.575”, explica o engenheiro Ramon Otero Barral, presidente da
Munhoz para atuar em sua área comercial.
a
BlocoBrasil. A 2 edição do Manual de Desempenho – Alvenaria com Blocos de Concreto pode ser
Profissional com grande experiência em
baixado gratuitamente no site da BlocoBrasil: www.blocobrasil.com.br.
indústrias de blocos e pisos de concreto, Munhoz acrescentará essa expertise no atendimento aos clientes da Brasformas. “A Brasformas quer se
Ministério do Trabalho altera normas de segurança do trabalho O Ministério do Trabalho editou duas portarias
A outra mudança feita pelo Ministério do
consolidar como a empresa que presta o melhor atendimento e oferece os melhores equipamentos aos seus clientes”, afirma Roberto Galvão Cano,
referentes à segurança do trabalho que são
Trabalho foi a publicação da Portaria no 1.110,
utilizadas por construtoras. São elas: NR 35 -
que altera a NR 12 - Segurança no Trabalho em
Trabalho em Altura e NR 12 - Segurança no
Máquinas e Equipamentos. Ali, alterou-se o Anexo
Trabalho em Máquinas e Equipamentos. A primeira
12, relacionado a Equipamentos de Guindar
diz respeito a modificações quanto a Equipamentos
para Elevação de Pessoas e Realização de
de Proteção Individual (EPIs), acessórios e sistemas
Trabalho em Altura. No material, são detalhadas
de ancoragem. Agora, o item 35.5 da norma
todas as exigências e procedimentos a serem
decisão publicada no Diário Oficial da União
relaciona as exigências e as especificações para a
utilizados a partir de agora. Também é definida
desta quinta-feira (20), a reserva de R$ 9,5
utilização de sistemas de proteção coletiva (SPCQ)
a obrigatoriedade de dispositivo que impeça
bilhões do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo
e individual (APIQ) contra quedas. Já o anexo
a ocorrência de acidentes nas máquinas e
de Serviço) para a compra da casa própria
refere-se a sistemas de ancoragem, definindo,
equipamentos em que a falta ou a inversão de
com taxas de juros mais atraentes para os
entre outros fatores, o campo de aplicação e os
fases da alimentação elétrica puder ocasionar
compradores de imóveis.
componentes e requisitos dos sistemas.
riscos.
sócio-diretor da empresa.
Recursos do FGTS para habitação, com taxas menores O Ministério das Cidades confirmou, em
7
produtos Columbia Machines: A fabricante norte-americana de produtos para a fabricação de artefatos de cimento oferece ampla gama de equipamentos para a produção de blocos e pavers, com avançada tecnologia, baixo consumo de cimento e de custo de mão de obra, com alta eficiência operacional. Esses equipamentos estão disponíveis no Brasil através de seu representante Silvio Rodrigues. Mais informações: Tel. (41) 9226-9191, 3362-5848 e pelo e-mail blocmak@terra.com.br.
MOLDES DE PAVER DRENANTE: A Icon, fabricante de estampos e moldes para indústrias de artefatos de concreto
Equipamentos Scanmetal disponíveis pelo novo site: Há 20
e cerâmicos, aplica todo o conhecimento
anos atuando no mercado,
de moldes para artefatos de concreto. Esses
a Scanmetal Soluções
moldes são planejados para obter produtos
Construtivas direciona toda
sem deformidades, elevando a produtividade
sua experiência e tecnologia
e possibilitando preços competitivos. E
para o desenvolvimento
são desenvolvidos em diversos formatos,
e industrialização de
aumentando a oferta de um produto
equipamentos destinados
altamente resistente. A Icon oferece, entre as
à racionalização de obras
opções de produtos, a linha paver drenante
civis, proporcionando maior qualidade, rapidez e segurança. Aliando pioneirismo
H8, com as características de desempenho,
e inovação aos seus projetos, e graças ao amplo conhecimento técnico de seus
produtividade e qualidade. Mais informações:
profissionais, a Scanmetal aprimora-se a cada dia, desenvolvendo soluções em
http://icon-sa.com.br/estamposemoldes/
equipamentos de acordo com as necessidades dos seus clientes, otimizando
artefatos_de_concreto.php
técnico e a tradição em desenvolvimento de moldes e estampos cerâmicos, na produção
métodos e procedimentos, o que a tornou uma das mais respeitadas marcas do mercado. Seu novo site agora oferece os equipamentos em lista, tornando ainda mais prático e fácil realizar seus orçamentos. Informações: www.scanmetal.com.br
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8
Dremel lança ferramenta multiuso a bateria : A Dremel,
em áreas internas. Excelente para o
do Grupo Bosch, lança a Dremel 8220,
em ambientes internos, pisos e paredes.
multiferramenta a bateria versátil e
Votomassa Cerâmica Interna é argamassa
robusta para diversas possiblidades
colante composta de cimento Portland,
de aplicações. Este equipamento é
agregados de granulometria controlada e
ideal para cortar, lixar, fresar, furar,
aditivos químicos que proporcionam alta
gravar, polir, esmerilhar e afiar em
aderência e excelente trabalhabilidade
diferentes materiais, como: madeira,
no assentamento de revestimentos
vidro, porcelanato, cerâmica, dry wall,
cerâmicos. Mais informações:
concreto e outros.
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assentamento de revestimentos cerâmicos
entrevista
Rodrigo Fumis Secretário de Mobilidade Urbana de Botucatu-SP, Rodrigo Luiz Gomes Fumis desenvolveu um agressivo programa de mudanças no trânsito da cidade desde que assumiu a pasta, em junho de 2016. A ação mais visível fica na rua Amando de Barros, centro da cidade, onde a prefeitura está implantando medidas para apaziguar o trânsito, entre elas a ampliação das calçadas, todas construídas com pisos intertravados. Nesta entrevista ele explica os motivos que justificaram esse projeto e mostra alguns resultados já conquistados.
Em respeito ao pedestre Por que a prefeitura de Botucatu decidiu realizar essas obras na região central? Botucatu tem uma população de quase 140 mil habitantes e a maioria deles vive na área urbana. A frota de veículos motorizados cresceu muito e hoje temos 95 mil veículos registrados, dos quais 45 mil são automóveis. Além dos carros da própria cidade, há também uma frota flutuante, de estudantes que vêm de outras cidades, porque temos muitas universidades aqui na cidade. E nos últimos anos, os dados do Sistema Infosiga, do governo do Estado, indicavam índices altos de mortes no trânsito. Claro que a maioria, cerca de 65%, se devem às rodovias que passam pela região, mas o resto correspondia a acidentes em nossa área urbana.
lojas de um comércio popular, o que atrai muita gente, inclusive muito idosos. O que exatamente foi realizado? Procuramos priorizar a circulação de pedestres e para isso alargamos as calçadas e reduzimos os espaços de estacionamento. Criamos baias para os veículos e estabelecemos critérios para o uso dessas vagas, priorizando pessoas com deficiência e idosos. Projetamos calçadas largas, instalamos piso podotátil e rampas de acessibilidade em todas as esquinas.
Então o objetivo principal era reduzir acidentes e mortes? Ainda é, porque essas mudanças foram iniciadas em junho passado, quando eu assumi a secretaria. E estamos apenas começando o trabalho. A primeira medida que adotamos foi reduzir a velocidade do tráfego em algumas avenidas da cidade, especialmente naquelas onde há maior fluxo de pedestres. Instalamos radares para melhorar a fiscalização e depois começamos a mexer na infraestrutura.
Por que o piso intertravado foi adotado no projeto? O intertravado foi usado nas calçadas porque consideramos que é um piso mais amigável do ponto de vista ambiental. Ele tem alguma permeabilidade para as águas da chuva e mantém a temperatura em níveis mais confortáveis, porque absorve menos calor. O pavimento intertravado já é muito usado na cidade, em todas as praças, e mais recentemente os empreendimentos particulares também passaram a adotá-lo. A técnica já foi bem absorvida pelo pessoal da prefeitura, de forma que pudemos fazer toda a obra com nosso próprio pessoal.
Quem desenvolveu os projetos de reurbanização? O projeto foi elaborado pelas próprias equipes da prefeitura, nas secretarias de Obras e de Mobilidade Urbana. Adotamos o conceito de traffic calming e iniciamos pela Amando de Barros, uma via central, implantada nos anos 1910. Ali há uma série de
E como foi realizada a obra? Por ser uma região de movimento intenso, decidimos trabalhar somente à noite, a partir das seis horas da tarde e nos finais de semana. O trabalho foi mais complicado porque tivemos que refazer toda a infraestrutura da rua. Substituímos tubulações, re-
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prisma
des de drenagem, guias, sarjetas, o pavimento, além das calçadas. A sinalização e os bancos foram implantados ao final, com cuidado, para evitar danos ao piso intertravado. Bastou retirar alguns blocos, assentar os postes e pés de bancos e depois recolocar tudo. Depois de tudo pronto, também fizemos ajustes nos tempos dos semáforos, para facilitar a travessia dos pedestres. Como foi a avaliação do resultado final e quais são as próximas etapas? O resultado foi muito positivo: um espaço de convivência, familiar, com bancos, árvores e gente na rua. Até o momento fizemos 600 metros, com seis quarteirões, e devemos retomar a obra depois das festas de final de ano para concluir as outras seis quadras. No total, serão 1.200 metros, a um custo de aproximadamente 1,2 milhão de reais. Há planos para outras ruas da cidade? Sim temos, até porque muitos comerciantes de outras regiões já solicitaram obras semelhantes. O desafio agora vai ser manter o mesmo padrão nas ruas próximas, que têm grande declividade. Pretendemos começar pela avenida Dom Lúcio, uma via paralela, que vai seguir o mesmo modelo de calçadas, com
O intertravado foi usado nas calçadas porque consideramos que é um piso mais amigável do ponto de vista ambiental piso intertravado, baias de estacionamento, rampas de acessibilidade e piso tátil. Voltando ao início da entrevista, os acidentes foram reduzidos? Estamos esperando o fechamento do relatório Infosiga de outubro para ter números, mas já sabemos que a segurança melhorou muito no trânsito da cidade. Vamos insistir nessa política e pensamos em criar zonas com velocidade de 30 km/h, tudo para preservar vidas. Além disso, temos planos para dar prioridade ao transporte público e ampliar as ciclovias da cidade. Para saber mais e falar com Rodrigo Fumis, escreva para mobilidade@botucatu.sp.gov.br ou acesse o site semutran.botucatu.sp.gov.br 11
pavimentação
O município litorâneo de Caraguatatuba-SP está desenvolvendo um ambicioso programa de pavimentação de suas vias, que engloba 232 ruas e 510 mil m2, boa parte deles executados com pisos intertravados de concreto
REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Divulgação
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prisma
Bons caminhos, de bloco em bloco A cidade de Caraguatatuba, localizada a 178 km da capital, é a mais populosa do litoral norte paulista, com população de 111.524 habitantes em 2014, segundo o IBGE. É também a maior economia dessa região que recebe, especialmente no verão, muitos turistas e frequentadores de todo o estado de São Paulo e de outros estados brasileiros, atraídos por suas belas praias. Há cinco anos, a cidade passou a receber também royalties relativos à exploração de petróleo na camada do pré-sal, contribuindo para engordar as receitas municipais, cujo orçamento aprovado pela Câmara de Vereadores para 2016 é de R$ 539,8 milhões.
Tudo isso contribui para que a prefeitura venha desenvolvendo, há algumas gestões desde o final dos anos 1990, um amplo programa de pavimentação de ruas, utilizando para isso o asfalto e, principalmente, pisos intertravados de concreto. A etapa atual de pavimentação de ruas envolve números superlativos: são 14 bairros e 232 ruas, num total de 71 km e 510 mil m2, boa parte deles com pisos intertravados de concreto: pavers e pisos sextavados, ou hexagonais, conhecidos também como bloquetes. Segundo o secretário de Obras de Caraguatatuba, engenheiro João Batista Alarcon, o programa desenvolvido pela
atual gestão do prefeito Antônio Carlos (PSDB) – que também administrou o município em duas gestões anteriores (1997 a 2000 e de 2001 a 2004) – previa pavimentar 95% das ruas do município. “As gestões anteriores do prefeito Antonio Carlos, de 1997 a 2004, já tiveram um fortíssimo plano de obras de pavimentação, alcançando a ordem de 1 milhão de m2 pavimentados, em conjunto com ações para implantação de sanea mento básico na cidade, muitíssimo carente dessas melhorias na época” , explica Alarcon. Entre 2009 e 2012, foram pavimentadas 727 ruas, totalizando 243 km e 1,695 milhão de metros quadrados.
De acordo com Alarcon, “as definições dos bairros e ruas a serem pavimentados ocorreram em função das demandas, ou seja, ruas com maior densidade de moradores, priorizando os locais com redes de água e esgoto implantadas, interligações de vias, circuitos de ônibus, núcleos educacionais, orla da praia etc.” . O pavimento intertravado com pavers, nas cores cinza e vermelho e com faixas em amarelo demarcando os sentidos, foi utilizado na orla das principais praias da cidade, como na do Centro, em ciclovia, na de Massaguaçu, a da Cocanha, entre outras. A praia do Camaroeiro, próxima ao centro da cidade, teve sua
Os pisos intertravados oferecem uma durabilidade de 50 anos, contra os 10 anos estimados para o asfalto
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pavimentação
via de acesso ao píer pavimentada em sua maior parte com bloquetes, com o trecho final em pavers na cor cinza convencional. O resultado é elogiado pelos usuários, que frequentam essa pequena e bela praia, também muito apreciada pelos pescadores, que utilizam o píer como plataforma para lançar seus anzóis. Assim como na praia do Camaroeiro, a maioria das ruas pavimentadas nesta etapa de obras recebeu pisos com bloquetes, que, conforme a ABNT/NBR 14
prisma
9.781 – Peças de concreto para pavimentação, têm resistência à compressão com fck 35 MPa, suficiente para o tráfegos de veículos leves e, eventualmente, de maior carga.
Vantagens As vantagens do uso de pavimentos intertravados de concreto são ressaltadas pelo secretário. “Ao longo desses anos tivemos evolução em diversos aspectos em relação à pavimentação com blocos
FICHA TÉCNICA Obras de pavimentação de vias em Caraguatatuba-SP Obras de 2009 a 2012 Na Região Norte: 162 ruas, 70 km, 490.000 m2 Região Central: 199 ruas, 65 km, 455.000 m2 Região Sul: 366 ruas, 108 km, 750.000 m2 Total: 727 ruas, 243 km, 1.695.000 m2 De 2015 a 2016 Região Norte: 51 ruas, 22 km, 150.000 m2 Região Central: 93 ruas, 29 km, 200.000 m2 Região Sul: 88 ruas, 24 km, 160.000 m2 Total: 232 ruas, 75 km, 510.000 m2 Investimento (2015-2016): R$ 50 milhões
intertravados de concreto, sendo inclusive ajustadas as normas técnicas e, assim, as exigências para a sua execução. ” Ele explica que a resistência dos blocos têm de atingir um fck=35 mpa, ou seja, o suficiente para garantir a carga do tráfego, ter resistência à abrasão, às intempéries, à fadiga dos materiais componentes, garantindo assim a durabilidade. Alarcon diz que, entre as principais vantagens desse tipo de pavimento, está a durabilidade: “Os pisos intertravados oferecem
uma durabilidade de 50 anos, contra os 10 anos estimados para o asfalto” (leia entrevista à pág. 10). Parte das obras de pavimentação com pisos intertravados está sendo executada com o uso do sistema mecanizado. Segundo o secretário de Obras, esse sistema permite maior produtividade no assentamento dos blocos, “mas ainda precisam ser otimizado em sua operação para valer a pena para o executor e, consequentemente, para o Poder Público” .
Construtoras: Skelsen Artefatos de Cimento (Lorena-SP), Construtora Consfran (Catanduva-SP), Palácio Construções (Caraguatatuba-SP), Ideal Terraplenagem (São Sebastião-SP), Construtora Wilney Cardozo (Caraguatatuba-SP), Solovia Construtora Principais fornecedores de blocos: Massaguaçú S/A (Caraguatatuba-SP), Ideal Terraplenagem (São Sebastião-SP), Valguará (Guaratinguetá-SP), Skelsen (Lorena-SP)
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pavimento permeável pavimentação
Seminários de Capacitação Pavimento Permeável Os seminários de capacitação so-
gências para o bom projeto e exe-
importância do pavimento permeável
bre pavimento permeável com pisos
cução de obras com esse pavimento
e consideraram muito úteis e infor-
intertravados de concreto, cujas ter-
e as prescrições constantes da nor-
mativas as palestras”, afirma o enge-
ceira e quarta edição foram realizadas
ma ABNT 16.416/2015, que regula-
nheiro Luiz Antônio Povoas, diretor da
em Porto Alegre, em agosto, e no Rio
mentou os requisitos e procedimentos
Regional Sul da BlocoBrasil.
de Janeiro, em outubro, foram muito
para pavimentos permeáveis de con-
O seminário teve como primeira
bem-sucedidos, tanto em relação ao
creto”, diz Ramon Barral, presidente
palestra a apresentação do engenhei-
público quanto à receptividade dos
da BlocoBrasil.
ro Anderson Oliveira, gerente técni-
presentes aos eventos.
REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Divulgação
O seminário realizado em Porto
co do Sinaprocim/Sinprocim, intitula-
“A BlocoBrasil e as entidades
Alegre, no Teatro do Sinduscon-RS,
da “Programa Setorial da Qualidade
parceiras e as entidades parceiras
contou com a participação de mais de
para peças de concreto para pavi-
do Sistema Unificado de Qualidade
100 presentes, público esse compos-
mentação”, destacando a impor-
(Bloco Brasil, Selo de Qualidade da
to por representantes de prefeituras
tância da aquisição de produtos em
ABCP e PSQ gerido pelo Sinaprocim/
gaúchas, profissionais do mercado
conformidade com as normas técni-
Sinprocim) visam com esses seminá-
imobiliário, construtoras especialmen-
cas da ABNT e qualificados no PSQ,
rios fornecer aos profissionais da ar-
te, arquitetos e engenheiros de proje-
além das explicações técnicas de-
quitetura e da engenharia informa-
tos, fabricantes de blocos e pisos de
talhadas pelo engenheiro Cláudio
ções técnicas rigorosas e confiáveis
concreto e estudantes de arquitetu-
Oliveira Silva, gerente de Inovação e
sobre as características dos diversos
ra e de engenharia. “A realização do
Sustentabilidade da ABCP, na segun-
tipos de pavimentos permeáveis, a
seminário em Porto Alegre foi muito
da palestra, intitulada “Normatização
importância da qualidade dos mate-
boa, pois teve grande comparecimen-
dos pavimentos permeáveis”, na qual
riais a serem empregados e as exi-
to e os participantes perceberam a
foram abordados os principais itens
da norma 16.416, e pela engenhei-
Interesse - O evento realizado no
empreendimentos. “Foram palestras
ra e professora-doutora Liliane L. C.
Rio de Janeiro, em 4 de outubro, no
muito esclarecedoras e fundamentais
Alves Pinto, que focou as questões de
auditório do Sinduscon-RJ, também
para os representantes de prefeituras,
hidrologia, permeabilidade dos solos
despertou o interesse e a participa-
do mercado imobiliário e projetistas”,
e reuso das águas pluviais em pro-
ção de representantes de prefeituras,
avalia Kaiuca.
jeto de pavimento permeável na pa-
do mercado da construção e imobi-
Apesar da ampliação do uso do
lestra “Pavimento permeável: uma
liário, de arquitetos e paisagistas, en-
pavimento permeável de concreto
estrutura sustentável”. Também foi
genheiros, fabricantes de blocos e pi-
nos empreendimentos residenciais e
fundamental a palestra da engenhei-
sos de concreto e de estudantes de
comercais por conta de um decreto
ra Lucy Marta Schellin, da Prefeitura
arquitetura e de engenharia. Nesse
da prefeitura do Rio, as construtoras
Municipal de Curitiba, sob o título
evento, foram ministradas palestras
vinham encontrando dificuldades na
“Pavimento permeável como elemen-
pelo engenheiro Anderson Oliveira,
aprovação dessa tecnologia na prefei-
to de drenagem urbana”.
do Sinaprocim/Sinprocim, engenhei-
tura, explica Eduardo D´Ávila, gerente
Segundo o engenheiro Fernando
ro Claudio Oliveira Silva, da ABCP, e
da Regional RJ/ES da ABCP. “Por isso,
Papisch Druck, da Regional Porto
pela engenheira Liliane Alves Pinto,
estruturamos o seminário em parce-
Alegre da ABCP, o seminário esteve
com os mesmos conteúdos das rea-
ria com a Smac, que realizou palestra
alinhado a um trabalho “que estamos
lizadas no Sul, com a quarta palestra
sobre o decreto 40.722/2015. A se-
realizando para aprovação, junto à
feita pelo arquiteto Jorge Eduardo C.
cretaria é quem determina e fiscaliza
Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
Bastos, da Secretaria Municipal de
a área e a taxa de permeabilidade do
do uso de pavimentos intertravados
Urbanismo e Meio Ambiente (Smac)
revestimento da pavimentação, a ser
como uma boa opção de pavimen-
da Prefeitura do Rio de Janeiro, sob
atendida pelas construtoras nos em-
to permeável para atender às regras
o título “A questão da permeabilidade
preendimentos.”
de ocupação de solo municipais”. De
do solo: Especificação e aplicação dos
O resultado pós-evento, avalia
acordo com Druck, “como resultado
materiais e revestimentos em atendi-
D´Ávila, foi a melhoria na aprovação
do seminário, já fomos contatados
mento à legislação vigente”.
dos pavimentos permeáveis de condire-
creto apresentadas pelas construto-
cussão sobre o uso dos pavimentos
tor da Regional Rio de Janeiro da
ras e o avanço no desenvolvimento do
permeáveis em áreas de loteamentos
BlocoBrasil, esse seminário deta-
projeto-piloto em parceria com a Smac
e por uma universidade, que pretende
lhou questões importantes sobre nor-
e uma indústria de artefatos de con-
fazer trabalho de pesquisa e, ao mes-
matização, características de pro-
creto para utilização de tecnologia per-
mo tempo, de uso desse pavimento;
jeto e sustentabilidade e um item
meável de concreto nas ciclovias. O Rio
e por técnicos da prefeitura de Porto
fundamental, que é o do atendimen-
conta com uma malha de 400 km de
Alegre, que querem conhecer melhor
to à legislação que exige um percen-
ciclovias e está desenvolvendo projetos
o sistema”.
tual mínimo de área permeável em
para a implantação de mais 150 km.
por uma prefeitura da região para dis-
Para
Marcelo
Kaiuca,
Para mais informações acesse www.blocobrasil.com.br ou envie e-mail para blocobrasil@blocobrasil.com.br
evento
Apartamento padrão CDHU para habitação de Interesse social no âmbito dos governos estaduais e federal construído com blocos de concreto foi o sucesso do Concrete Show 2016
REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Divulgação
20
prisma
O protagonismo da alvenaria estrutur no Concrete Show O estande da BlocoBrasil no Concrete Show foi o mais concorrido da edição 2016 da feira. A atração ali foi a construção, ao longo dos três dias do evento, das paredes com alvenaria estrutural de blocos de concreto de um apartamento padrão CDHU com 50 m2 no total. A construção foi feita pela equipe de três instrutores e 16 operários que participaram do curso teórico e prático de alvenaria estrutural com blocos de concreto ministrado no local pelo Senai-SP – escola Orlando Laviero Ferraiuolo. “Essa iniciativa da BlocoBrasil, em parceria com o Senai-SP, ABCP e Sinaprocim/
Sinprocim, visou a demonstrar aos visitantes do Concrete Show as vantagens técnico-econômicas e o atendimento às exigências da Norma de Desempenho pelas alvenarias construídas com blocos de concreto” , avaliou o presidente da BlocoBrasil, engenheiro Ramon Barral. Ele destacou também a importância do sistema blocos de concreto na geração de empregos. No estande, que tinha área total de 200 m2, além da construção do apartamento padrão CDHU, outra unidade foi marcada virtualmente no piso e placas atestavam a conformidade do sistema
a ral w 2016 com alvenaria de blocos de concreto à Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575), de acordo com ensaios realizados em sua maioria pela IPT, em relação a itens fundamentais para a segurança e o conforto dos usuários, tais como a resistência ao fogo, o conforto térmico e acústico, a segurança estrutural e a resistência das alvenarias aos impactos, entre outros itens. “O sistema construtivo com blocos de concreto atende perfeitamente às exigências da Norma de Desempenho, desde que sejam usados produtos adquiridos de fabricantes qualificados no PSQ – Programa setorial da qualidade e segui21
evento
No alto, instrutores e operários/alunos do SenaiSP constroem o apartamento de 50 m2; abaixo, a coordenadora do Senai, Vânia Caneschi; e ao lado, o arquiteto, Carlos Alberto Tauil, assessor da BlocoBrasil, concede entrevista no estande
22
prisma
de cursos como os ministrados pelas unidades do Senai em todo o Brasil. “Somente na unidade Tatuapé do Senai-SP qualificamos e certificamos, por ano, no curso de alvenaria estrutural com blocos de concreto, em média 300 operários, que saem muito bem preparados para o mercado de trabalho” , explica Vânia Caneschi, coordenadora de Atividades Técnicas da escola do Senai-SP/Tatuapé. “Normalização completa e atualizada, fabricantes qualificados pelo PSQ-Prodos os parâmetros adequados de proje- grama Setorial da Qualidade e que ofereto” , afirma Claudio Oliveira Silva, gerente cem produtos com garantia de qualidade de Inovação e Sustentabilidade da ABCP. e mão de obra treinada, além de equipamentos que racionalizam os trabalhos e elevam a produtividade são fatores que economia e qualidade Para o arquiteto Carlos Alberto Tauil, fazem o sucesso do sistema de alvenarias assessor técnico da BlocoBrasil, esse sis- construídas com blocos de concreto” , lista tema é utilizado com sucesso há muitas o engenheiro Anderson Oliveira, do Sinadécadas no Brasil e traz inegáveis van- procim/Sinprocim. Todas essas vantagens tagens técnico-econômicas: “A alvena- atraíram um número recorde de espectaria estrutural com blocos de concreto é dores atentos aos trabalhos dos instruaté 30% mais econômica do que sistemas tores e pedreiros no levantamento das construtivos convencionais na constru- paredes da unidade padrão CDHU no esção de prédios de até dez pavimentos” . tande-canteiro da BlocoBrasil no ConcreSegundo Tauil, para essa vantagem tam- te Show 2016. Entre os visitantes estavam bém colabora a qualificação e o aperfei- o presidente da CDHU, Marcos Penido, çoamento constante da mão de obra no que foi conferir as qualidades do sistema Brasil em relação a esse sistema, por meio no estande-canteiro de obras.
Sistemas Industrializados de Concreto Arquitetura escolar com blocos de concreto aparente: um estudo de caso de pós-ocupação da Escola Estadual Jardim Marisa em Campinas-SP
Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
CT 30
Artigos Técnicos podem ser encaminhados para análise e eventual publicação para alvenaria@revistaprisma.com.br
Palavras-chave: Arquitetura escolar. Alvenaria com blocos de concreto. Ensino
Guilherme Aris Parsekian e Michelle Daiany da Conceição Trajano
EXPEDIENTE O Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto é um suplemento da revista Prisma, publicado pela Editora Mandarim Ltda. ISSN 1809-4708 Artigos para publicação devem ser enviados para o e-mail alvenaria@revistaprisma.com.br Conselho Editorial: Prof. Dr. Jefferson Sidney Camacho (coordenador); Prof. Dr. Guilherme Aris Parsekian (secretário); Eng. Davidson Figueiredo Deana; Prof. Dr. Antonio Carlos dos Santos; Prof. Dr. Emil de Souza Sanchez Filho; Prof. Dr. Flávio Barboza de Lima; Eng. Dr. Rodrigo Piernas Andolfato; Prof. Dr. João Bento de Hanai; Prof. Dr. João Dirceu Nogueira Carvalho; Prof. Dr. Luis Alberto Carvalho; Prof. Dr. Luiz Fernando Loureiro Ribeiro; Prof. Dr. Luiz Roberto Prudêncio Júnior; Prof. Dr. Luiz Sérgio Franco; Prof. Dr. Márcio Antonio Ramalho; Prof. Dr. Márcio Correa; Prof. Dr. Mauro Augusto Demarzo; Prof. Dr. Odilon Pancaro Cavalheiro; Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos; Prof. Dr. Valentim Capuzzo Neto; Profa. Dra. Fabiana Lopes de Oliveira; Profa. Dra. Henriette Lebre La Rovere; Profa. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota; Profa. Dra. Rita de Cássia Silva Sant´Anna Alvarenga. Editor: jorn. Silvério Rocha (editor@revistaprisma.com.br) - tel. (11) 3337-5633
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Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
Arquitetura escolar com blocos de concreto aparente: um estudo de caso de pós-ocupação da Escola Estadual Jardim Marisa em Campinas-SP
RESUMO
de campo. Assim sendo, com base no levantamento de dados
A construção de prédios escolares no Brasil encontra-se fun-
analisaram-se salas de aula, corredores, espaços abertos, bi-
damentada em bases consideradas tradicionais e que atendem
blioteca, salas administrativas e pedagógicas em turnos dife-
a grandes volumes de usuários. Construir tradicionalmente tor-
rentes, verificando requisitos de conforto térmico, ventilação,
na-se mais fácil à medida que questões de qualidade e desem-
iluminação, insolação, ruídos internos e externos, durabilidade
penho da estrutura são, em muitas situações, desconsideradas.
pelo tempo de uso, entre outros. A pesquisa de campo realiza-
Ressalta-se a necessidade de compreender as concepções de
da na região de Campinas na E.E. Jardim Marisa mostrou mui-
projetos educacionais elaborados e executados a partir de ma-
tas informações, pois a realização de entrevistas técnicas com
nual e catálogos técnicos específicos, quanto à forma de apli-
profissionais da área de alvenaria e questionários com usuá-
cação de materiais e sistemas construtivos que permitem um
rios, corpo técnico e professores serviu para fazer observações
projeto racional, com menor geração de resíduos e impactos
práticas e medições em relação ao sistema construtivo com
ambientais. O edifício escolar Jardim Marisa foi projetado com
pré-moldados de concreto e vedação com blocos de concreto
detalhes relevantes para suprir as necessidades dos ambientes
aparentes, pintados. Os resultados, ou contribuições, alcança-
administrativos, pedagógicos, convivência e salas de aulas. Es-
dos pela pesquisa são de cunho qualitativos e quantitativos, de
trutura toda elaborada em pré-moldado e alvenaria com blocos
modo que ora poderá fornecer aspectos objetivos, tais como se
de concreto aparente atendem aos requisitos estabelecidos pela
o aluno, funcionário ou professor sentiam calor no momento; ou
Fundação para o desenvolvimento da educação (FDE). O obje-
ainda questões subjetivas, como o gosto pelas cores, formato
tivo do artigo foi investigar a alvenaria com blocos de concreto
da instituição ou, a priori, se estavam felizes dentro da institui-
aparente aplicada na instituição de ensino a partir de pesquisa
ção de ensino.
1. INTRODUÇÃO
gumas características relacionadas ao comportamento do edifício,
A alvenaria é um sistema construtivo racionalizado, segundo
tais como variáveis arquitetônicas, urbanísticas, sociais, estruturais,
(SABBATINI, 1998). “Racionalização construtiva é um processo
econômicas, relacionadas à cor das superfícies internas e externas
composto pelo conjunto de todas as ações que tenham por objetivo
e orientação das fachadas em relação à insolação. Essas caracte-
otimizar o uso dos recursos materiais, humanos, organizacionais,
rísticas expõem influência sobre as temperaturas internas dos am-
energéticos, tecnológicos, temporais e financeiros disponíveis na
bientes, em especial das salas de aula, onde há grande necessidade
construção em todas as suas fases”.
de qualidade do espaço.
A arquitetura escolar apresenta, nos últimos anos, transforma-
As teorias pedagógicas, o partido arquitetônico e a alvenaria são
ções expressivas em sua composição estrutural e na aplicação de
importantes instrumentos de análise de parâmetros centrais de pro-
parâmetros técnicos e qualitativos, fundamentais para aplicação
jetos escolares apoiados em aspectos perceptíveis de conforto am-
nos espaços escolares, em consonância com os métodos edu-
biental, equipamentos, habitabilidade e sistemas construtivos práti-
cacionais. A educação é tida como forma de relação social que
cos. A arquitetura escolar com blocos de concreto aparente permite
contribui para que seres humanos ainda em formação se tornem
processos construtivos racionalizados, que podem levar à redu-
cidadãos aptos a desenvolver conhecimentos com fundamento e
ção de custos, competitividade, versatilidade, produtividade, assim
base para sociedade.
como melhorar a relação entre o lugar e o espaço urbano.
A Escola Estadual Jardim Marisa, localizada em Campinas-SP, foi escolhida para investigação e estudo devido a ser um projeto re-
24
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
cente e que contempla uma área construída de 3.634,22 m², com
As características de um edifício escolar compreendem seu
dois pavimentos, dezoito salas de aula, área de lazer, refeitório am-
processo de ensino aprendizagem, forma, função e sistema cons-
plo e quadra poliesportiva, entre outros. Procurou-se destacar al-
trutivo adotado. Em relação ao sistema construtivo, torna-se rele-
3. MÉTODOS
jeto da Escola Estadual Jardim Marisa utilizou esse processo para
O método deste trabalho consistiu de três etapas: (1) entrevista
reduzir gastos e impactos na obra. Construir edifícios escolares
técnica com o arquiteto Carlos Alberto Tauil, diretor Técnico da Blo-
tradicionais é mais fácil, pois torna-se necessário atender a gran-
coBrasil (Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concre-
des quantidades de alunos.
to); (2) aplicação de questionários para professores, funcionários e
Parsekian e Moraes (2010, p. 148) afirmam que é muito comum
alunos do ensino médio; (3) aplicação de questionários com alunos
o uso da alvenaria em empreendimentos de habitação de larga es-
do ensino fundamental 2 (5o ao 9o ano), nas duas últimas etapas já
cala, pois, segundo os autores, existe mais racionalização, controle,
inseridas também as análises da instituição.
rapidez, planejamento e menores custos quando comparados a outros sistemas construtivos. Segundo Mauro Santos (2008, p. 63), A alvenaria vem se destacando, no Brasil, como uma das for-
Todos os levantamentos de dados da segunda e terceira etapa de aplicação dos questionários aconteceram simultaneamente entre os dias 9 a 14 do mês de maio de 2016. Os dados foram coletados em função da disponibilidade dos usuários e serviram por base para
mas mais viáveis de empreendimento estrutural. Sendo assim,
os estudos do:
cresceu significativamente, nos últimos anos, a partir da conso-
• Partido arquitetônico (projeto de arquitetura), que corresponde
lidação de suas técnicas construtivas e da necessidade de racio-
para o trabalho como sendo entorno e dimensões, posiciona-
nalização, frente à concorrência no campo da construção civil.
mento das aberturas, tipos de materiais utilizados a exemplos
Este sistema também se mostra apropriado a suprir o déficit
das áreas envidraçadas, insolação, iluminação, cores e texturas
habitacional e educacional dos países em desenvolvimento, por adequar-se às tecnologias e necessidade locais e desenvolver
internas e externas etc.; • Sistema construtivo o qual correspondeu à verificação do objeti-
um processo racional, desde o projeto à execução da obra.
vo da utilização da alvenaria de vedação com blocos de concre-
Segundo Coêlho (1998, p.13) a alvenaria hoje, sem dúvida algu-
to em edifícios escolares, considerando dimensões dos compo-
ma, é um dos métodos mais colocados em prática na área da cons-
nentes e propriedades térmicas do material.
trução civil. Esse processo construtivo, por fazer parte de um siste-
• No quesito pós-ocupação, foi verificado se o sistema construti-
ma de construção industrializada, tem aprimorado sua utilização no
vo com o uso de alvenaria de vedação com blocos de concreto
que diz respeito ao uso de novos materiais, uma vez que, também,
atende às necessidades dos usuários, assim como foram evi-
desde sua fundação, tem-se utilizado o princípio construtivo das al-
denciados também os equipamentos, aglomerações de pessoas,
venarias estruturais.
horários de incidência solar e ocupação das salas.
O processo tornou-se uma solução para edifícios de grande, mé-
Buscaram-se, através de pesquisa de campo e revisão biblio-
dio e pequeno porte, incluindo edifícios escolares, pela racionali-
gráfica, exemplos de edificações escolares que utilizam esse siste-
dade, eficiência e praticidade do processo. Isso contribui, satisfa-
ma construtivo. Também foram realizadas vistorias, observações e
toriamente, para a aceitação da alvenaria com blocos de concreto
anotações em relação à qualidade do edifício quanto a materiais de
pelas construtoras devido ao seu desempenho na construção civil.
acabamento, aplicação de texturas nos blocos de concreto aparen-
(COÊLHO, 1998, p.16).
te, tamanho, altura e disposição das aberturas, cores utilizadas na
Ainda sob esse olhar, é possível considerar que a alvenaria
alvenaria, entre outros.
se caracteriza por empregar uma estrutura suporte para lajes que
Para o levantamento de dados da segunda etapa, foram aplica-
dão rigidez ao conjunto, devido à estrutura ser dimensionada se-
dos 25 questionários para os professores, 25 questionários para os
gundo métodos de cálculo racionais e de confiabilidade determi-
funcionários e 25 questionários para os alunos do ensino médio,
nável e o sistema construtivo ter um alto nível de organização de
durante os turnos matutino e vespertino, totalizando 75 questioná-
produção, de modo a possibilitar projetos e construção racionais
rios aplicados. O questionário continha quatro itens, com subitens,
(SABBATINI, 2002).
num total de 12 questões fechadas e formuladas previamente. Es-
Para que um edifício escolar de alvenaria estrutural com blocos de concreto (aparentes ou não) cumpra adequadamente as funções
Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
vante o estudo da racionalização das etapas empregadas. O pro-
ses questionários foram aplicados durante os intervalos e durante as aulas, quando autorizado pelos professores.
para a qual foi projetado e construído torna-se necessário atender
Na aplicação dos primeiros questionários, professores, fun-
aos critérios de desempenho pré-estabelecidos. Para isso, é preciso
cionários e alunos do ensino médio tiveram certa dificuldade de
“parametrizar os principais requisitos de desempenho que a alvena-
entender o que seria alvenaria com blocos de concreto aparen-
ria com blocos de concreto deve atender quanto à segurança estru-
te, isolamento térmico e acústico, materiais de revestimento e
tural, à durabilidade, conforto térmico e acústico, segurança ao fogo
acabamento, conforto térmico, entre outros, termos específicos
e estanqueidade”. (SABBATINI, 2002).
da construção civil. Portanto, antes de aplicar os questionários, 25
Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
As perguntas se tornaram bem mais simples devido ao fato de os alunos não compreenderem determinados termos técnicos. Os mesmos procedimentos realizados na segunda etapa correspondem à terceira. Foram feitas anotações relevantes acerca da estrutura física do edifício, elementos construtivos, ventilação, iluminação (natural e artificial) e incidência solar, percepção do espaço físico, entre outras informações. A Escola Jardim Marisa foi fotografada para efeito de complementação das informações. As fotos registram a situação do edifício escolar durante as vistorias e serviram como ferramenta auxiliar para posterior estudo. Durante essas tomadas de imagens, procurou-se fazer os registros dos elementos vistoriados, como: acessos, percepção do espaço físico pelos usuários, uso de iluminação natural e artificial, ventilação, aplicação de blocos de concreto aparente texturizados, ruídos internos e externos, harmonia entre elementos. Seguindo a determinação da Resolução no 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), quanto às diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, todos os participantes foram informados em relação ao objetivo da pesquisa. Foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) dos participantes da pesquisa, além da autorização da participação da escola por meio de uma Carta de Anuência.
4. OBJETO DE ESTUDO A Escola Estadual Jardim Marisa foi escolhida para investigação e estudo devido a ser um projeto recente, construído em alvenaria e que contempla área construída de 3.634,22 m2, com dois pavimentos, dezoito salas de aula, área de lazer, refeitório amplo e quadra poliesportiva, entre outros ambientes. Procurou-se destacar na escola algumas características relacionadas ao comportamento do edifício, tais como variáveis arquitetônicas, urbanísticas, sociais, estruturais, econômicas, cor das superfícies internas e externas e orientação das fachadas em relação à insolação, uma vez que essas características têm influência sobre as temperaturas internas dos ambientes, em especial, das salas de aula, onde há uma grande necessidade de qualidade do espaço. Figura 1- Entrada principal da escola Estadual Jardim Marisa
As características e análises das condicionantes do partido arquitetônico, sistema construtivo e pós-ocupação são descritas a seguir.
esses termos foram explicados previamente, em linguagem não-
A escola oferece um espaço de identidade, distinguindo escola
técnica e que facilitasse o entendimento dos usuários. No levan-
e comunidade. O amplo campo de entrada principal da instituição
tamento da terceira etapa, tornou-se necessários reformular os
proporciona uma eficiente acomodação. A estética favorável re-
questionários para aplicá-los com alunos do ensino fundamental 2
presenta compromisso com a educação, pois é função do edifício
(5° ao 9°). Foram aplicados 25 questionários em salas diferentes,
escolar auxiliar na valorização do ensino e de seu corpo técnico,
totalizando cem questionários ministrados para professores, fun-
docente e discente.
cionários e alunos do ensino médio e fundamental 2. 26
A alvenaria com blocos de concreto utilizada na escola quebra al-
atrás. O projeto especificou sistema construtivo e acabamentos racionalizados, de rápida execução e mais econômicos. As instalações elétricas podem ser embutidas no vazado dos blocos, proporcionando construção limpa, sem quebra e sem desperdícios. Trata-se de uma escola localizada próximo ao aeroporto de Viracopos; logo, houve a necessidade e a preocupação de evitar altos índices de propagação do som com aplicação de caixilhos acústicos com vedação quase estanque nas janelas. Além de apresentar resultados qualitativos quanto à construção e aos materiais utilizados, a escola deve possuir qualidades que incentivem os alunos, professores e colaboradores a adentrarem nos ambientes. Fato que pode ser visto na Figura 1. Com detalhes relevantes para suprir as necessidades das salas de aulas, a estrutura elaborada em pré-moldado e alvenaria com blocos de concreto aparente atende aos requisitos estabelecidos pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). As paredes do edifício escolar foram construídas com alvenaria com blocos de concreto aparentes, sem revestimento interno e externo em ambas as faces, porém com aplicação de painéis de gesso para reduzir a propagação do som, processo não-aconselhável para ser empregado em escolas de ensino médio e fundamental. Nesse sentido, torna-se relevante a utilização dos painéis acústicos, mas a forma como foram aplicados os tornam peças vulneráveis. Ambientes escolares possuem pluralidade de comportamentos pessoais. Existem alunos mais curiosos do que outros, o que
Figura 2- Sala de aula: vista das fachadas Norte e Sul
pode ocasionar ações de depredação da instituição. A figura 3 é exemplo dessas ações de depredação da escola. Os painéis de gesso foram quebrados em muitos ambientes. É neces-
edifício concebido. Por outro lado, verifica-se ainda, conforme a
sário ressaltar que a escola ainda não passou por reforma e nem
figura 3, que o forro utilizado, apesar de esteticamente agradável,
possui previsão para tal. Pequenos reparos podem se tornar gran-
não corresponde à realidade do ambiente. Mais uma vez a curio-
des problemas posteriormente.
sidade dos alunos acabou por prejudicar a estética institucional.
Um ambiente educacional projetado com qualidade e confor-
Foi possível verificar que as placas de forro utilizadas nas salas de
to é fator primordial para a valorização do aluno e da educação.
aula foram depredadas com facilidade, o que fortalece a compro-
É necessário compreender que o sistema construtivo em alvena-
vação de que materiais de fácil deslocamento ou não-resistentes
ria com blocos de concreto emprega requisitos de menor custo
a impactos são pouco aconselháveis em instituições de ensino de
e maior durabilidade. Consideram-se dentro desse contexto as-
formação básica.
Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
guns paradigmas tradicionais de unidades escolares de alguns anos
pectos relevantes como a estética, o uso de variáveis geométricas, forma e função do edifício escolar. A cobertura da escola é constituída por estrutura metálica e forro com painéis isolantes acústicos. O edifício como um todo possui piso de concreto, por-
5. RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS E ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
celanato e janelas de vidro em todas as salas de aula. Na figura 3,
Verifica-se nos resultados a ampla aceitação da alvenaria com
observam-se imagens relativas ao espaço físico do prédio, com o
blocos de concreto aparente pelos usuários. Na aplicação dos ques-
aproveitamento da iluminação natural e de materiais para reduzir
tionários, formularam-se perguntas relacionadas à percepção do es-
os ruídos propagados pelas aeronaves.
paço físico, das salas de aula, corredores, espaços abertos, biblio-
Cada setor da escola Jardim Marisa apresenta características
teca, salas administrativas e pedagógicas em turnos diferentes.
formais de aproveitamento dos condicionantes naturais em detri-
Nesse contexto, as perguntas realizadas para os usuários são
mento dos artificiais, como forma de proporcionar legitimidade ao
definidas de acordo com as necessidades de cada grupo pesquisa27
Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
Figura 3: forro acústico depredado e painéis de gesso utilizados na edificação para reduzir os ruídos com avarias
do. Foram perguntados aos alunos, professores e funcionários os
pergunta, só que focando na iluminação artificial. Notou-se então
seguintes pontos sobre a estrutura física do edifício:
que 70% dos entrevistados consideram a iluminação artificial ótima
A Ventilação natural propaga-se adequadamente pelas am-
e 25% a consideram boa, pois durante o período matutino e ves-
plas aberturas das janelas e portas? Noventa e cinco por cento
pertino não há necessidade de utilizar essa iluminação, reduzindo
dos entrevistados afirmaram ser suficiente o dimensionamento das
gastos com energia. No geral, a iluminação natural é considerada
aberturas para capturar os ventos dominantes e somente 5% dis-
satisfatória, assim como a artificial.
seram não ser suficiente o dimensionamento das aberturas para a
Quando perguntados se os pisos, paredes e forro são adequa-
passagem da ventilação natural. Para os usuários, a ventilação na-
dos para reduzir os ruídos internos e externos que são propaga-
tural atende às necessidades.
dos para dentro da escola, 78% dos entrevistados afirmaram que,
A Iluminação natural é suficiente para realização de ativida-
durante a realização das aulas e exposição de conteúdos, não se
des e exposições de trabalhos? O grau de iluminação natural é
consegue ouvir ruídos internos e externos; somente 22% afirmaram
satisfatório. O edifício possui grandes aberturas que facilitam a pas-
ouvir parcialmente ruídos internos externos. É necessário observar
sagem da iluminação adequada e a fachada posicionada ao Norte
que esses 22% que afirmaram ouvir parcialmente os ruídos exer-
recebe iluminação natural do Sul; por isso, 93% dos entrevistados
ciam suas atividades nas salas de aulas que já estavam com o forro
consideram suficiente a incidência de iluminação natural para a rea-
prejudicado, fato que pode ser visto na figura 3.
lização de demais atividades extraclasse.
28
Quanto à relação do tamanho das salas de aula com a quan-
Sete por cento consideraram ruim e insuficiente a iluminação na-
tidade de alunos por sala, as respostas obtidas foram de que 65%
tural, porém, não a consideram como um problema na hora de visu-
dos entrevistados consideram as dimensões das salas ótimas, per-
alizar os conteúdos expostos pelo professor. Foi realizada a mesma
mitindo um layout diferente na disposição das mesas e carteiras e
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
salas de aula necessitam de mais espaço para práticas de metodo-
O objetivo do artigo foi investigar a satisfação dos usuários da
logias pedagógicas mais eficientes, enquanto 2% dos entrevistados
alvenaria com blocos de concreto aparente aplicado na instituição
acham ruim o tamanho das salas de aula. No geral, a percepção do
de ensino. Os professores, funcionários e alunos do ensino médio
tamanho das salas de aula foi positiva.
e ensino fundamental 2 (5o ao 9o) da E.E Jardim Marisa se mos-
Quando questionados sobre a adequação das cores utilizadas
traram satisfeitos com os ambientes da instituição. Conclui-se que
na instituição, o índice de satisfação dos usuários foi de 85%, que
os índices da pesquisa foram positivos quanto à aceitação da alve-
consideram ótimo o uso de cores instigantes. Já 13% consideraram
naria com blocos de concreto aparente na escola. Fator primordial
as cores como boas, enquanto apenas 2% disseram que as cores
para que as demais escolas a ser construídas passem a utilizar a
não correspondem às suas expectativas.
alvenaria com blocos de concreto como forma não somente de reduzir custos, aumentar a velocidade de produção, racionalizar
5.1 QUESTIONÁRIO APLICADO COM ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL 2 (5o AO 9o ANO) No ensino fundamental 2, no qual estudam crianças e adolescen-
a construção, mas também de pensar no processo de conforto e estética da estrutura como pontos essenciais para a avaliação e percepção de seus usuários.
tes com faixa etária entre 9 e 15 anos, foi abordada uma perspectiva
Os alunos do ensino fundamental 2 (5o ao 9o) concluíram que os
diferente nas questões. Aqui, observa-se um tratamento diferencia-
ambientes escolares da E.E.Jardim Marisa são satisfatórios para a
do tanto com as perguntas como com as explicações. O questioná-
realização de atividades e práticas pedagógicas.
rio aplicado neste caso foi feito de maneira mais lúdica e clara, para que se obtivesse resultados mais precisos. Crianças podem não entender de condicionantes térmicos, mas sabem, por exemplo, se sentem calor ou frio, se enxergam bem, se ouvem barulho do apito da quadra poliesportiva, se acham a escola bonita ou mesmo se ouvem o avião passando sobre a escola. Quando perguntados sobre a estética da escola, 93% dos usuários afirmam que a edificação ficou bonita com a aplicação das cores e com a utilização dos blocos, pois nunca tinham estado em um ambiente com essa estrutura. Os restantes 7% disseram não influenciar em nada. Os usuários do edifício escolar afirmam em 96% que a escola atende às expectativas de ventilação natural, pois durante os dois turnos a escola mantém-se confortável e bem-ventilada. Os 4% restantes preferem ventilação artificial em relação à natural, informando que a mesma é mais prática e menos trabalhosa. E o sol, atrapalha você na sala de aula? Os autores do projeto do edifício utilizaram estudo da carta solar para aplicar na construção. Assim, projetaram as fachadas principais para obter menor incidência solar durante o dia. Dos usuários, 98% afirmaram que a escola é bastante agradável durante determinados períodos do dia, enquanto 2% dão preferência ao sistema de condicionamento artifi-
Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução no 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprovar diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 jun. 2013. Seção I, p. 59-62. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/ res0466_12_12_2012.html>. Acesso em: 26 maio 2016. COÊLHO, R. S. A.. Alvenaria. UEMA. São Luis: 1998.
Caderno Técnico Sistemas Industrializados de Concreto - CT30
facilitando a comunicação com o professor. E 33% acham que as
PARSEKIAN, G. A., MOARES, M. M. Alvenaria em blocos cerâmicos: projeto, execução e controle. São Paulo: O Nome da Rosa, 2010. SABBATINI, F. H., Requisitos e Critérios Mínimos a Serem Atendidos para Solicitação de Financiamento de Edifícios em Alvenaria Junto à Caixa Econômica Federal, Brasília, DF, 2002. SANTOS; M.J. F.: Análise da resistência de prismas e pequenas paredes de alvenaria cerâmica para diferentes tipos de argamassas. Dissertação de mestrado, Programa de PósGraduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), 136p, 2008.
cial, ignorando a presença de condicionantes naturais. E o barulho do avião incomoda você na hora de estudar? As salas de aula possuem forro acústico, caixilhos estanques e brises externos com telhas metálicas perfuradas, que reduzem a propagação de ruído nesse ambiente; assim 98% dos entrevistados afirmaram não ser incomodados com o barulho dos aviões que constantemente sobrevoam aquela região. Apenas 2% ouvem os ruídos do avião, porém, isto não chegar a prejudica a audição na hora da explicação do professor ou exposições de trabalhos.
AUTORES Guilherme Aris Parsekian é doutor em Engenharia Civil (Poli-USP), com pósdoutorado pela Universidade de Calgary, Canadá, e professor do Programa de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos, e-mail: Parsekian@ufscar.br. Michelle Daiany da Conceição Trajano é arquiteta, mestranda do Programa de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade Federal de São Carlos, e-mail: mtrajano@yahoo.com.br
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Um megashopping sustentável Localizado numa região considerada como novo polo de desenvolvimento de Fortaleza, o Shopping Riomar, que foi inaugurado no último dia 26 de outubro, fica na área da Lagoa do Papicu, que foi revitalizada, em sintonia com o conceito de sustentabilidade do projeto. O shopping teve estrutura com pré-moldados de concreto fornecida pela T&A e adotou o pavimento intertravado de concreto em suas áreas externas
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– estacionamento e calçadas. O empreendimento tem Área Bruta Locável de 93.000 m2, com 385 lojas (15 âncoras, 10 mega lojas, 344 lojas satélites, 11 restaurantes); 12 salas de cinema; teatro com 900 lugares; diversões eletrônicas; boliche; academia de ginástica; praça de alimentação; área de conveniência e serviços; e Espaços Família. Esta área totaliza 303.000 m2 de construção. O amplo estaciona-
mento tem 6.670 vagas, sendo 5.125 delas cobertas. O Riomar Shopping Fortaleza tem 18.537 m2 de área verde implantada, e, além disso, o projeto arquitetônico contempla uma Torre Empresarial com 304 salas no mesmo terreno, num total de 320.000 m2 de área construída. O projeto arquitetônico é de autoria do escritório AFA Arquitetos, de André Sá e Francisco Mota.