Prisma 61 | ago 2016

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Ano 15 - No 61 julho 2016

Campeão da acessibilidade Novo centro de treinamento paraolímpico é inaugurado em São Paulo. Equipamento é um dos legados dos Jogos Olímpicos Rio 2016

R$ 20,00



nesta edição

61 12

entrevista

Luis Fernando Melo Mendes, economista da Cbic e assessor da Presidência da organização, analisa a atual conjuntura político-econômica e avalia que “melhorar a infraestrutura melhora o humor e a vida das pessoas”

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pavimento

A estrada que liga a cidade paulista de Cunha a Paraty, no Rio de Janeiro, recebeu pavimento intertravado com blocos de concreto por exigência do Ibama, como forma de proteção à fauna e à flora locais

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revista prisma soluções construtivas com pré-moldados de concreto www.revistaprisma.com.br publicação trimestral julho 2016

arquitetura

O Centro Paraolímpico Brasileiro São Paulo foi construído pelo governo paulista, em parceria de investimento com o governo federal, para ser um centro de treinamento de para-atletas para a Olímpiada 2016 e também para

SEÇÕES

o pós-evento. Parte dos pisos do Centro foi feita com peças intertravadas

6 agenda

de concreto

26

seminário de capacitação

7 curtas

10 produtos

A BlocoBrasil e a ABCP, com o apoio de entidades da arquitetura, como

33 profissional top

a Abap e a Asbea, e da engenharia, como Sinduscon-SP, realizaram dois

34 destaque

seminários de capacitação sobre pavimento permeável, apresentando a normalização e as características desse tipo de pavimento

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pavimento permeável

A ABCP construiu em sua sede, em São Paulo, um showroom com todos os tipos de pavimentos permeáveis com pré-fabricados de concreto, mostrando como deve ser feita a construção desse tipo de piso



editorial

EXPEDIENTE Prisma é uma publicação trimestral da Editora Mandarim www.mandarim.com.br ISSN: 1677-2482 DIRETORES

Marcos de Sousa e Silvério Rocha EDITOR RESPONSÁVEL

Silvério Rocha – MTb 15.836-SP EQUIPE TÉCNICA

Abdo Hallack, Cláudio Oliveira, Germán Madrid Mesa (Colômbia), Hugo da Costa Rodrigues, Kátia Zanzotti, Marcio Santos Faria, Paulo Sérgio Grossi, Rodrigo Piernas Andolfato e Ronaldo Vizzoni COLABORADORES

Texto: Marcos de Sousa, Regina Rocha Fotos: Lauro Rocha, Patrícia Belfort PROJETO GRÁFICO

LuaC Designer DIAGRAMAÇÃO/Arte

Vinicius Gomes Rocha - Act Design Gráfico IMPRESSÃO

Van Moorsel Gráfica e Editora REDAÇÃO

Editora Mandarim Estrada do Capuava, 2530, Cotia-SP CEP 06715-685, Tel. (11) 2690-4500 SECRETARIA e ASSINATURAS

Tel. (11) 2690-4500, www.portalprisma.com.br ou pelo e-mail ilka@mandarim.com.br PUBLICIDADE

Diretor Comercial: Silvério Rocha silverio@mandarim.com.br Representantação Comercial: Rubens Campo (Act), (11) 99975-6257 - (11) 4411-7819 rubens@act.ppg.br

APOIO INSTITUCIONAL

Na próxima edição Escolas com pré-fabricados de concreto Edifícios altos com alvenaria estrutural Sesc Jundiaí-SP Reciclagem de blocos de concreto

Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, que acontecem no Rio de janeiro de 5 a 21 de agosto e de 7 a 18 de setembro, respectivamente, atrairão a atenção de todo o planeta para o Brasil e para a capital fluminense. Nada mais natural que fossem investidos recursos relevantes para erguer o Parque Olímpico e diversos complexos esportivos no Rio e em outras cidades brasileiras, para abrigar as competições em 39 modalidades olímpicas e nas 23 paraolímpicas. Em praticamente todos esses complexos esportivos, o piso intertravado de concreto estará presente, tanto em seu formato convencional como na alternativa de piso drenante, como mostramos em nossa edição 59 da PRISMA. Nesta edição, apresentamos o projeto e obra do Centro Paraolímpico Brasileiro São Paulo, que é um dos maiores complexos esportivos do mundo voltado para pessoas com deficiência. Resultado de uma parceria entre o governo estadual paulista e o governo federal, o Centro está localizado em um terreno às margens da Rodovia dos Imigrantes, na zona sul de São Paulo, e conta com área construída de 95 mil m² dividida em cinco setores, os quais abrigam quinze modalidades esportivas. Posteriormente, o Centro será um espaço privilegiado para o treinamento de atletas com deficiência, em 15 modalidades diversas. Suas instalações conjugam modernidade construtiva e técnica nessa área, com uma arquitetura de elevada qualidade, técnica e estética. Praticamente todos os seus locais de acesso, como calçadas e espaços de estacionamento, e muitas de suas praças e vias internas receberam pisos com placas cimentícias pré-moldadas e pisos intertravados de concreto. Essa utilização de pisos intertravados de concreto, cada vez mais comum e especificada para os mais diferentes tipos de empreendimentos, públicos e privados, conta ainda com o emprego, também crescente dos pisos permeáveis de concreto, especialmente os diversos tipos de pré-fabricados: blocos, placas, pisograma e o sistema de pavimento com juntas alargadas. A edição da norma NBR ABNT 16.416/2015 - Pavimentos Permeáveis de Concreto, Requisitos e Procedimentos, que traz todas as exigências a serem atendidas por produtos, projetos e execução de obras com esse tipo de pavimento, está impulsionando a sua utilização em todo o país. Às vantagens de sustentabilidade, cada vez mais exigidas pela sociedade, o pavimento permeável adiciona a de permitir aos empreendimentos imobiliários atender às exigências legais de prefeituras e órgãos ambientais em relação ao percentual de permeabilidade do solo, em complexos residenciais, edificações e condomínios industriais e comerciais, entre outros.

Boa leitura! 5


agenda 7ª Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo De 9 a 11/08, em São Paulo

Voltado à geração de negócios no mercado de construção sustentável, o evento reúne anualmente empresas nacionais e internacionais que fornecem tecnologia, equipamentos e serviços para profissionais do setor. O foco da 7a edição da feira, que conta com palestras e sessões educacionais com profissionais de todo o mundo, serão materiais, net zero, resiliência, responsabilidade social, ações e engajamento comunitário e água. Simultaneamente, acontece a feira High Design – Home & Office Expo. O evento acontece no São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5, Vila Água Funda, São Paulo. Informações: Telefone: (11) 3017-6892, site: www.gbcbrasil.org.br/expo-gbc.php. Concrete Show South America

associado, doutor pela USP e com pós-doutorado pela Universidade de Calgary (Canadá). A palestra apresentará o histórico do desenvolvimento da normalização internacional de alvenaria estrutural,e o histórico da normalização brasileira até a unificação das normas. Serão apresentados os pontos relevantes a serem discutidos na revisão e os pontos já discutidos e, finalmente, as perspectivas de normalização. • Uma abordagem para o efeito de arco em projetos de alvenaria estrutural O eng. José Luiz Pereira, que acabou de lançar um livro de Alvenaria Estrutural, no qual aborda especificamente o efeito de arco e o cálculo de vento em obras executadas, fará uma apresentação da importância da compreensão do efeito de arco em estruturas de alvenaria para se entender o caminho das tensões nas paredes assentadas em vigas de concreto armado. Informações: conferencia@concreteshow.com.br

Seminário Alvenaria Estrutural no Concrete Show 2016 Em 25 de agosto, no Expo São Paulo Imigrantes

O Seminário de Alvenaria Estrutural da BlocoBrasil abordará nas palestras os seguintes temas: • Desempenho de paredes de blocos de concreto Por Cláudio Oliveira Silva, engenheiro, mestre em Engenharia pela Poli-USP e gerente de Inovação da ABCP. Nesta palestra, serão apresentados os diversos requisitos de desempenho de vedações verticais da Norma ABNT.15.575:2013, e os resultados de avaliação de paredes de alvenaria de blocos de concreto, que vêm sendo alcançados com diversos tipos de revestimentos em ensaios feitos em diversos laboratórios do Brasil, contratados pela BlocoBrasil. • A unificação das normas de Alvenaria Estrutural Por Guilherme Parsekian, engenheiro e professor-

7º Seminário BIM – Modelagem da Informação da Construção Em 26/8, em São Paulo

O objetivo é difundir e fomentar o sistema BIM, conectando todos os elos da cadeia para uma indústria forte e competitiva. Com a presença de ícones mundiais no conceito BIM, serão apresentadas inovações e ganhos com a implantação dessa tecnologia, bem como as novas normas referentes a esse universo e suas diretrizes. Pioneiro em trazer temas de relevância para melhoria da produtividade do setor, o CTQ (Comitê de Tecnologia, Qualidade e Meio Ambiente do SindusCon-SP) promove desde 2010 o seminário BIM – Modelagem da Informação da Construção. O Seminário Internacional chega, em 20016, à sua sétima edição consolidado como o evento mais importante do gênero no país, reconhecido por antecipar temas e tendências do mercado, com a presença de renomados especialistas do Brasil e do exterior. Neste ano, mais uma vez, o seminário abordará temas inéditos e relevantes, troca de experiências e cases nacionais e internacionais ainda mais completos, além de tratar das pesquisas que vêm acontecendo dentro das Universidades do país. 58º Congresso Brasileiro do Concreto De 11 a 14/10, em Belo Horizonte

O evento promovido pelo Ibracon acontecerá no Minascentro, na capital mineira, e objetiva divulgar as pesquisas científicas, tecnológicas e as inovações sobre o concreto e as estruturas de concreto, em termos de materiais e suas propriedades, gestão e normalização, análise

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4ª Feicon Batimat Nordeste De 19 a 21/10, em Olinda-PE

A edição regional do evento contará com uma área total de 10 mil m² e cerca de 150 expositores nacionais e internacionais sobre tecnologias de construção. Entre as atrações, haverá um congresso para debater tendências para o varejo, arquitetura e construção sustentável, Encontros de Negócios, a Casa de Cerâmica e a Ilha do Conhecimento. A Feicon Batimat Nordeste acontecerá no Pavilhão Sul do Centro de Convenções de Pernambuco (Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n, Salgadinho). Site: http://www.feiconne.com.br/ 7° evento de Impermeabilização

De 24 a 26/8, em São Paulo

O Concrete Show South America é reconhecido como um dos mais importantes pontos de encontro da construção civil mundial, sendo o maior na América Latina e segundo maior do mundo nesse segmento. O evento apresenta soluções completas que vão desde a terraplanagem, canteiros de obras e projetos estruturais, até tecnologias de ponta para a cadeia produtiva do concreto, serviços e acabamento, visando o aumento da produtividade e a redução de custos na construção. O evento acontece no São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5, Vila Água Funda, São Paulo. Informações: Telefone: (11) 4878 5990, e-mail: contato@concreteshow.com.br, site: http://www.concreteshow.com.br/pt/.

e projeto estrutural, métodos e sistemas construtivos, controle tecnológico, ensaios destrutivos e não-destrutivos, e sustentabilidade. Site: http://ibracon.org.br/eventos/58cbc/

De 26 e 27/10, no Rio de Janeiro

Sob o tema “Reduzindo Custos – Incrementando a qualidade”, as palestras serão sobre técnicas, produtos e sistemas de aplicação dos materiais de impermeabilização. O evento é promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio). Site: www.aei.org.br Minascon 2016 De 7 a 9 de setembro, em Belo Horizonte

A 13a edição do Minascon será realizada nos dias 7, 8 e 9 de setembro de 2016, no Expominas em Belo Horizonte. O Minascon é um evento unificado da construção civil e ponto de encontro entre todos os envolvidos na cadeia produtiva do segmento. Ele envolve um conjunto de mostras e palestras, que trazem os assuntos mais importantes do momento para a construção civil e a sociedade em geral. Importantes temas como os ligados à sustentabilidade fazem parte dos debates, levando em conta o cenário da construção e todas as implicações do tema. Promovido pela Fiemg, estará com uma rica programação de debates, palestras, congressos e conferências. Assim, promove a capacitação profissional a partir de palestras ministradas por nomes de peso, além da participação de diversos órgãos, entidades e instituições profissionalizantes ligadas ao setor. É aberto ao público em geral e tem como perfil de seus visitantes lojistas e atacadistas; arquitetos, engenheiros, administradores de condomínio, profissionais da construção em geral, designers de interiores, decoradores e paisagistas; construtores, empreiteiros e estudantes de áreas afins. Informações: www.minascon.com.br/


curtas Cimento une indústria e academia No último dia 23 de junho, foi lançada na sede da Associação Brasileira de Cimento Portland - ABCP, (atualmente compartilhada com a Agência USP Inovação), uma rede de integração entre pesquisadores da academia, instituições publicas e privadas e profissionais da indústria do cimento que unidos vão trabalhar no desenvolvimento e direcionamento de pesquisa para o setor de cimento. Trata-se da Rede Lat-Rilem, (Rede Latino-Americana de Pesquisa em Cimento), sucursal latina da Rilem (Rede Internacional de Laboratórios de Ensaios de Materiais), sediada em Paris (França). Coordenada pelo professor-dr. Vanderley Moacir John, da Escola Politécnica da USP-especialista e pesquisador em construção sustentável do Brasil --, essa rede tem

Congresso do Concreto em outubro

por objetivo aumentar a eficácia social da

O Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon) promove, de 11 a 14 de outubro, em Belo Horizonte, o o

pesquisa, acelerar o desenvolvimento de

58 Congresso Brasileiro do Concreto, fórum nacional de divulgação e debates sobre a tecnologia

soluções para problemas técnicos relevantes

do concreto e seus sistemas construtivos. O evento objetiva divulgar as pesquisas científicas,

da cadeia produtiva do cimento, incluindo

tecnológicas e as inovações sobre o concreto e as estruturas de concreto, em termos de materiais

soluções e ações dirigidas para reduzir o

e suas propriedades, gestão e normalização, análise e projeto estrutural, métodos e sistemas

impacto ambiental e para propiciar a formação

construtivos, controle tecnológico, ensaios destrutivos e não-destrutivos, e sustentabilidade.

de recursos humanos qualificados, para a

Serão apresentados aproximadamente 600 trabalhos científicos por pesquisadores de universidades,

indústria e à academia brasileira. Na prática,

institutos de pesquisa e centros de desenvolvimento e inovação de empresas, nacionais e

a Rede vai privilegiar a busca de pontos

estrangeiros. Os destaques da programação são os palestrantes internacionais: o pesquisador Donald

de interesse comuns, atuando na área de

Macphee (Universidade de Aberdeen, Escócia) vai abordar a físico-química das adições no concreto

conhecimento básico e no desenvolvimento de

e os concretos multifuncionais; já Robert Stark (Instituto Americano do Concreto, Estados Unidos)

pesquisas em nível pré-competitivo. Também

apresentará detalhes de projeto de edifícios altos no México.

dará suporte técnico para a melhoria da

Mais informações: www.ibracon.org.br

normalização do cimento sem, no entanto, avançar em especificações de produto, objeto de negociação nos fóruns normativos. E fará o

SindusCon-SP revê estimativa de demissões para 500 mil em 2016 Pelo 20o mês consecutivo, o emprego na construção civil brasileira teve queda de

o mesmo patamar de abril de 2010. No acumulado do ano foram cortadas

compartilhamento de laboratórios e incentivará a colaboração na busca de financiamento a pesquisas. Por ser associada à Nanocem, a Rede Lat-Rilem permitirá aos seus membros

1,17% em maio na comparação com o mês

106,1 mil vagas e, em 12 meses, 462,3

acesso aos conhecimentos já acumulados

anterior, de acordo com pesquisa divulgada

mil oportunidades. O resultado negativo

nesta rede europeia, potencializando ainda

nesta sexta-feira (8) pelo Sindicato da

fez com que o SindusCon-SP revisasse

mais as pesquisas que serão desenvolvidas em

Indústria da Construção Civil do Estado de São

a expectativa para o emprego em 2016,

prol do cimento brasileiro. A iniciativa continua

Paulo (SindusCon-SP) e pela Fundação Getulio

passando de 250 mil demissões para quase

aberta à adesão. Empresas e entidades de

Vargas (FGV), com base em informações do

500 mil. No acumulado do ano, ante 2015,

pesquisa interessados em participar devem

Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).

o segmento imobiliário apresenta a maior

entrar em contato professor Vanderley M. John.

O número representa o fechamento de 33,2

queda (-17,90%). Os piores resultados

A próxima reunião será realizada no segundo

mil postos de trabalho. Assim, o saldo de

foram observados no Nordeste (-1,56%) e

semestre do próximo ano. Saiba mais: www.

trabalhadores do setor chegou a 2,7 milhões,

Sudeste (-1,50%).

abcp.org.br 7


curtas MCMV: portaria com novas especificações de desempenho O Ministério das Cidades informou, em maio último, sobre a publicação da Portaria no 179, no Diário Oficial da União, em 13/5/2016, que altera a portaria no 158, de 6/5/2016. A Portaria 179, em sua Seção 1, página 143, “Dispõe sobre as condições gerais para aquisição de imóveis com recursos advindos da integralização de cotas no Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), no âmbito do Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), integrante do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV)”, estabelece nas suas Diretrizes Gerais, no Anexo I, item e) o seguinte: e) atendimento às diretrizes do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

pelo Ministério das Cidades, composto pelos

qualificadas nos PSQs/PBQP-H, conforme

(PBQP-H), no que diz respeito à promoção da

seguintes documentos:

item 2 do documento - Especificações de

qualidade, produtividade e sustentabilidade do

- Parte 1 - Especificações de desempenho nos

desempenho nos empreendimentos de HIS –

Habitat, principalmente na utilização de materiais

empreendimentos de HIS baseadas na ABNT

Parte 1” que dispõe o seguinte:... “Os materiais e

de construção produzidos em conformidade

NBR 15.575 - Edificações Habitacionais -

componentes a serem especificados e utilizados

com as normas técnicas, especialmente aqueles

Desempenho;

devem ser de empresas qualificadas nos

produzidos por empresas qualificadas nos programas setoriais da qualidade (PSQ), do Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais,

- Parte 2 - Orientações ao proponente para

Programas Setoriais da Qualidade do SiMaC do

aplicação das especificações de desempenho em

PBQP-H, para produtos-alvo dos PSQs. É vedado

empreendimentos de HIS;

à empresa construtora a aquisição de produtos

Componentes e Sistemas Construtivos (SiMaC); à

- Parte 3 - Orientações ao agente financeiro para

de fornecedores de materiais e componentes

contratação de empresas construtoras certificadas

recebimento e análise dos projetos; e Catálogo

considerados não-conformes nos Programas

no Sistema de Avaliação da Conformidade de

de Desempenho de Subsistemas.”

Setoriais da Qualidade do SiMaC do PBQP-H

O engenheiro Anderson Oliveira, gerente dos

listados no portal do MCidades2”.

Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC); e ao Sistema Nacional de Avaliação

Programas Setoriais da Qualidade coordenados

Técnica de Produtos Inovadores e Sistemas

pelo Sinaprocim/Sinprocim destaca que “a

departamento técnico da entidade está à

Convencionais (SiNAT), considerando o conjunto

partir da publicação da portaria n. 179, os

disposição para eventuais esclarecimentos pelo

de Especificações para os Empreendimentos de

materiais a serem especificados e adquiridos

tel. (11) 3149-4040 ou pelo e-mail tecnologia@

Habitações de Interesse Social (HIS) estabelecidos

pelas construtoras deverão ser de empresas

sinaprocim.org.br.

O Sinaprocim/Sinprocim informa que o

Sinapi tem alta de 1,02% em junho O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), divulgado em 8/7 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Caixa Econômica Federal (CEF), teve nova aceleração ao variar 1,02% em junho, 0,19 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de maio (0,83%). Nos últimos 12 meses, a taxa ficou em 6,99%, resultado superior aos 6,68% registrados no período anterior. Em junho de 2015 o índice foi de 0,73%. O custo nacional da construção por metro quadrado ficou em R$ 1.007,75 no último mês, dos quais R$ 528,55 relativos aos materiais e R$ 479,20 à mão de obra. A parcela dos materiais apresentou variação de 0,16%, ficando com resultado próximo da taxa de maio (0,17%). Já a parcela da mão de obra apresentou variação de 1,97%, subindo 0,39 p.p. em relação ao mês anterior (1,58%). Já no primeiro semestre do ano, os acumulados foram de 2,41% (materiais) e 7,10% (mão de obra) e nos últimos 12 meses ficaram em 4,23% (materiais) e 10,19% (mão de obra). Mais informações: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/sinapi/default.shtm

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SEMINÁRIO “ALVENARIA ESTRUTURAL” NO CONCRETE CONGRESS 2016 A Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil) organizou e será a responsável pelo seminário sobre Alvenaria Estrutural com Blocos de Concreto, que acontecerá no dia 25 de agosto, das 14h às 18h, no Concrete Congress 2016. O evento será realizado em paralelo ao Concrete Show, que acontecerá entre 24 e 26 de agosto próximo, no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, em São Paulo. As palestras, com os palestrantes e seus currículos, serão as seguintes: - Desempenho de paredes de blocos de concreto, por Cláudio Oliveira Silva, engenheiro, mestre em Engenharia pela Poli-USP e gerente

professor-associado, doutor pela USP e com pós-

Engenharia e Projetos. O eng. José Luiz Pereira,

de Inovação e Sustentabilidade da ABCP. Nesta

doutorado pela Universidade de Calgary (Canadá).

que acabou de lançar um livro de Alvenaria

palestra serão apresentados os diversos requisitos

Será apresentado o histórico do desenvolvimento

Estrutural, no qual aborda especificamente o

de desempenho de vedações verticais da Norma

da normalização internacional de alvenaria

efeito de arco e o cálculo de vento em obras

ABNT.15.575:2013, e os resultados de avaliação

estrutural e o histórico da normalização brasileira

já executadas, mostrará a importância da

de paredes de alvenaria de blocos de concreto,

até a unificação das normas. Serão apresentados

compreensão do efeito de arco em estruturas de

que vêm sendo alcançados com diferentes tipos

ainda os pontos relevantes a serem discutidos na

alvenaria para se entender o caminho das tensões

de revestimentos em ensaios contratados pela

revisão e os pontos já discutidos e, finalizando, as

nas paredes assentadas em vigas de concreto

BlocoBrasil e realizados em diversos laboratórios

perspectivas de normalização.

armado.

brasileiros. - A unificação das normas de Alvenaria Estrutural, por Guilherme Parsekian, engenheiro e

- Uma abordagem para o efeito de arco em projetos de alvenaria estrutural, pelo

Mais informações e inscrições:

engenheiro José Luiz Pereira, diretor da JLP

conferencia@concreteshow.com.br

Ministério das Cidades divulga critérios para recursos do PAC O Ministério das Cidades divulgou, no início

A instrução determina que serão atendidas

responsabilidade da Companhia Brasileira de

de julho, no Diário Oficial da União (DOU), os

integralmente as solicitações recebidas na

Trens Metropolitanos (CBTU) e Trensurb, até o

critérios que serão considerados pelo governo

Coordenação-Geral de Orçamento e Finanças,

limite conjunto de R$ 29 milhões.

para atender a pedidos de liberação de

da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento

recursos financeiros no âmbito do Programa de

e Administração, até o dia 22 de junho de

parcialmente, nesta ordem de prioridade: “ações

Aceleração do Crescimento (PAC) a partir do

2016, referentes aos seguintes programas e

de responsabilidade da Secretaria Nacional da

mês de junho de 2016. Segundo a instrução

ações: Fundo de Arrendamento Residencial, até

Habitação, até o limite de R$ 177 milhões”;

normativa do Ministério, a lista de prioridades

o limite de R$ 356 milhões; contrapartidas de

e “atendimento dos demais compromissos,

leva em conta, entre outros aspectos, “o

responsabilidade da União no âmbito do Programa

sob a gestão da Secretaria Nacional de

elevado impacto social das obras relacionadas

Nacional de Habitação Urbana, até o limite de R$

Saneamento Ambiental e da Secretaria

à habitação popular, quer para os beneficiários

70 milhões; ações de gestão de risco de desastres

Nacional de Transporte Urbano e Mobilidade,

finais, quer para a geração de empregos e

naturais, sob a responsabilidade da Secretaria

em ordem cronológica por data de registro da

dinamização da economia” e “os compromissos

Nacional de Acessibilidade e Planejamento Urbano,

solicitação pelas unidades gestoras, em lista

internacionais assumidos pelo governo brasileiro

até o limite de R$ 15 milhões; ações de mobilidade

única por ente federado compromissário, até

relativamente à organização dos Jogos

urbana relacionadas aos Jogos Olímpicos de 2016,

o limite de R$ 20 milhões por ente federado

Olímpicos de 2016”.

até o limite de R$ 47 milhões; compromissos de

compromissário”.

Outros pedidos poderão ser atendidos total ou

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produtos

MÁQUINA AUTOMÁTICA PARA FABRICAÇÃO DE BLOCOS H-Z04: A H-Zen apresenta sua máquina

Máquina para Blocos e Pavimentos CSM BP 850: A CSM apresenta um novo padrão

automática para fabricação de artefatos de cimento

de qualidade para a fabricação de blocos e

(piso intertravado, blocos de concreto), que possui

pavimentos de concreto por meio da combinação

sistema de vibração acionado por motor hidráulico;

perfeita de economia, robustez e produtividade

é equipada com alimentador de chapas e esteira

alcançada pela nova CSM BP850. O equipamento

extratora, ambos automáticos; tem acionamentos

oferece como vantagens o menor consumo de

hidráulicos controlados com comando CLP e IHM

cimento; maior resistência do produto final;

programável, gaveta de alimentação com agitadores

menor desvio-padrão do produto final; assoalho

internos, silo de estocagem de material com

vedado que reduz o tempo de limpeza e

capacidade de 0,5m , sensor de altura para calibrar

manutenção da máquina; chassi projetado para a

blocos e é um equipamento seguro e adequado às

máxima acessibilidade aos itens de regulagem e

exigências da norma NR-1. Informações: http://www.

manutenção; painel IHM com tela de comando; e

hzen.ind.br/equipamentos/maquina-de-fabricar-blocos-

unidade hidráulica com trocador de calor, isolada

hidraulica-hz-04/

da máquina. Informações: http://www.csm.ind.

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br/formas

MISTURADOR MPO 750 / MISTURADOR MPO 500: A MFW Máquinas, sediada em Itapira-SP, oferece uma linha de misturadores composto por dois modelos – a MPO 750 e a MPO 500. Ambos oferecem como diferenciais a transmissão reforçada com redutor de engrenagem, Fácil instalação, Manutenção simples e absolutamente silenciosa; Proteção para a transmissão; Base universal para motor elétrico; Motor elétrico (opcional); Controlador de umidade (opcional). Mais informações: http:// mfwmaquinas.com.br/web/produtos/misturador/

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LINHA DE PRODUÇÃO TOTALMENTE AUTOMÁTICA HERCULES: A linha de produção totalmente automática Hércules, da Honcha Brasil, tem como diferenciais a engenharia

Icon nacionaliza produção de moldes para artefatos de concreto

avançada, imensa capacidade de produção,

Especialista e pioneira na fabricação de moldes para o setor

produtos com alta qualidade e fácil de operar;

cerâmico há 40 anos, a Empresas Icon desde 2014 passou a

sua mesa vibratória tem quatro motores elétricos,

fabricar moldes para outro segmento: o de artefatos de concreto.

sincronizados e importados da Alemanha, Fôrma

“Com a produção dentro das mesmas condições técnicas dos

equipada com coxins de ar para pressionar

importados, o prazo de entrega ao cliente reduz, oferecemos

com firmeza o molde e também prevenir que a

qualidade e ainda possuímos em todas unidades uma equipe de

vibração chegue até a estrutura da máquina. A

assistência técnica que faz um trabalho consolidado em todos

máquina não é soldada, é inteiramente montada

segmentos que a Icon atua, e que não é diferente na linha de

com porcas e parafusos; o funil da prensa

artefatos de concreto”, afirma Célio Gastaldon, do departamento

contém uma porta, facilitando a sua limpeza. Dois

comercial da Icon Estampos e Moldes. Expandir os negócios para o

sensores foram instalados dentro do funil para

fornecimento de moldes para o segmento de artefatos de concreto

detectar o nível de material molhado e enviar um

exigiu que a empresa conhecesse as características e pontos de

sinal ao misturador alertando a falta de mistura.

maior impacto na qualidade dos produtos. Para tanto, o engenheiro

Informações: http://www.honchabrasil.com.br/

longa vida útil, baixo desvio padrão de produção,

civil e especialista no tema Idário Fernandes foi contatado pela empresa para prestar consultoria tanto aos técnicos como à equipe comercial. “Dentro da nossa pesquisa de mercado, fomos, inclusive, até os clientes para ver de perto a necessidade do mercado, assim, pudemos adaptar os produtos à realidade e expectativa de cada um”, explica. Produzir moldes compatíveis com a qualidade de produtos importados, porém com a facilidade de comercialização e preços inferiores ao do mercado internacional têm sido o objetivo da empresa desde então. “A Icon buscou e conseguiu produzir moldes nos padrões internacionais de forma a atender o mercado com um produto de alta qualidade, e oferecendo aos clientes uma logística facilitada devido aos quatro parques fabris dispostos no Brasil sendo eles nos estados de Santa Catarina, São Paulo e Paraíba, o que permite um atendimento diferenciado aos clientes”, finaliza Idário. Informações: Tel. : (19) 2112-5550 ou pelo site www.icon-sa.com.br

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entrevista REPORTAGEM: Marcos de Sousa

Luis Fernando Melo Mendes

FOTO: Divulgação CBIC

Como sair da crise Em julho, empresários da construção civil receberam com otimismo a retomada de parte das obras do programa Minha Casa Minha Vida, conforme anúncio do Ministério das Cidades. Na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), por exemplo, o presidente da entidade, José Carlos Martins, estimou que a medida vai gerar ao menos quatro mil empregos no setor, um número importante, mas ainda tímido ante as 700 mil vagas que foram fechadas nos últimos dois anos, em decorrência da crise econômica. Para entender o momento da construção brasileira e apontar os horizontes possíveis para o segmento de pré-fabricados entrevistamos Luis Fernando Melo Mendes, economista da Cbic e assessor da Presidência da organização.

Qual é o cenário de momento? Antes de falar sobre o presente, acho que vale um breve retrospecto sobre o passado recente. Vivíamos uma situação muito diferente no início de 2003/2004, durante o primeiro governo Lula, fruto de um quadro político e econômico que já vinha sendo desenhado no governo anterior. Mesmo com a mudança do governo, a política econômica teve continuidade porque se tornou um patrimônio brasileiro, um marco. O senhor se refere à estabilidade econômica obtida com o Real? Exato. Naquele período, além da estabilidade, foram criadas leis que trouxeram mais confiabilidade e mais atratividade do setor financeiro pelo mercado imobiliário. Resultado: com a oferta de crédito e de mão de obra a custo relativamente baixo, o ambiente ficou muito favorável ao setor, ainda que os sinais da crise fiscal já estivessem se mostrando. Isso levou a uma primeira onda – uma largada – que foi proporcionada pelo setor privado e a indústria da construção foi corretamente escolhida como “motor” porque tem uma grande influência sobre 32 outros setores. A construção absorve mão de obra e está na base do investimen12

prisma

to líquido do país. Nesse momento, representava cerca de 4% e chegou a 5% de um PIB que estava em crescimento. Mas o PAC também teve um impacto positivo nesse crescimento... Somente a partir de 2007, quando o investimento público entra em cena, e novamente com o setor da construção no centro, mas agora com obras de infraestrutura. E eu acredito que o problema fiscal não nasceu do aumento da participação do setor público na economia. Esses investimentos, como rodovias, portos, são estratégicos e ampliam a capacidade de produção do país. Mesmo hospitais e escolas – que posteriormente irão gerar custos de operação e manutenção – são obras absolutamente necessárias, porque não é possível imaginar um modelo de desenvolvimento sem o apoio desses serviços. Então, o que deu errado na economia? A economia brasileira ia bem, mas em 2008 esbarrou na crise internacional, que começou nos EUA, exatamente no setor da construção. Lá havia uma crise no setor financeiro, por conta de riscos muito altos que foram sendo assumidos pelos bancos que


financiavam imóveis. Aqui no Brasil, com o Minha Casa Minha Vida, as pessoas tinham seus financiamentos limitados pela renda. O restante era completado pelo estado, que aportava dinheiro justamente para evitar os riscos ao mercado. Aqui a política foi bem mais conservadora, com uma série de medidas preventivas que davam segurança ao setor bancário. A crise brasileira não foi gerada pelo setor da construção. Ocorre que o PAC e o Minha Casa Minha Vida incorporaram outros investimentos, que por sua vez geravam mais despesas obrigatórias com serviços, aumento de pessoal, enfim gastos que respondiam àquele momento de crescimento. O problema é que as receitas geradas pela atividade da construção foram absorvidas por despesas que não podiam ser reduzidas quando a crise se mostrou. Controlar as contas públicas é fundamental e as despesas devem ser concentradas em investimentos que gerem novos ciclos. E o momento presente? Hoje tudo mudou: todos estão endividados, os custos de produção estão mais altos e o dinheiro está mais caro. O processo de paralisia foi muito rápido e em poucos meses voltamos a níveis de anos atrás. E como o processo de deterioração foi rápido, é dif ícil encontrar empresas que tenham saído inteiras dessa crise. Como vai ser o novo ciclo de crescimento? Neste quadro, o Estado não poderá mais assumir a missão de dinamizar a economia. Não há poupança interna, o que vai exigir a busca de recursos no exterior. Daí a necessidade de gerar confiabilidade para atrair investidor estrangeiro e estimular parcerias com setor privado em concessões e PPPs. Esta nova etapa vai demandar projetos muito racionalizados, com alta produtividade e, nesse aspecto, o segmento de pré-fabricados de concreto tem tudo para crescer. Recentemente, a Cbic divulgou um documento com orientações sobre a ética nos negócios. As velhas práticas do setor de construção serão mudadas com esta crise? Em todo o mundo, o setor da construção lida diretamente com o governo e esse relacionamento é muito induzido por políticas públicas, em cenários que envolvem obras com valores muito altos. É um setor que opera bilhões e está muito próximo dos governos, o que acaba gerando desvios éticos. Atualmente, o Brasil vive um momento impar, que pode levar à mudança dessa cultura. Temos condições de melhorar a transparência e ampliar a força das pequenas e médias empresas. Isso vai ser o marco deste novo ciclo. Em meio à crise, como guardar e manter as competências das empresas do setor?

Há a necessidade de gerar confiabilidade para atrair investidor estrangeiro e estimular parcerias com setor privado em concessões e PPPs. Esta nova etapa vai demandar projetos muito racionalizados, com alta produtividade e, nesse aspecto, o segmento de préfabricados de concreto tem tudo para crescer. É verdade que volume de contratações está caindo, mas as empresas estão tentando manter seus níveis de competência, suas equipes, na perspectiva de estarem preparadas para a retomada. Os projetos do ciclo anterior estão sendo encerrados e agora está sendo criado um hiato muito perigoso. Espera-se que o governo tenha sensibilidade para entender que a retomada deve vir logo; e que atue para dar segurança jurídica aos investimentos em novos projetos, sem imprevistos. Mas por onde essa retomada vai recomeçar? Os setores com mais carência são os o que têm mais chances. Transportes, por exemplo: quanto menor o custo de transporte dos bens, maior a competitividade do país. Investir em uma rodovia no Brasil é infinitamente mais promissor do que fazê-lo em outros países. Em economias mais maduras isso é mais dif ícil. Mas há ainda os segmentos de saneamento e infraestrutura urbana, igualmente carentes de projetos. No ciclo passado se fez um investimento para estimular o consumo individual, em eletrodomésticos, automóveis, no transporte individual. Agora vai ser necessário melhorar os serviços públicos como forma de melhorar o ambiente nos negócios e nas famílias. Melhorar a infraestrutura ajuda pelo menos a melhorar o humor das pessoas, o que é positivo para a retomada do país. E quanto tempo vai levar essa retomada? Não gosto muito de falar nisso, porque há uma enorme nuvem de insegurança política. A partir de agosto vai ser possível traçar algum prognóstico, mas mesmo os mais pessimistas acreditam que em 2018 as condições já estarão bem favoráveis. Quanto mais rapidamente as questões políticas se definam, melhores vão ser as possibilidades. Na visão da Cbic, a fórmula para a retomada envolve dois pontos principais: ajuste fiscal e maior participação da iniciativa privada nos serviços públicos. 13


pavimento

Blocos intertravados pavimentam a estradaparque Paraty-Cunha, concebida para atender

Pise leve e aprecie a paisagem

à população da Serra da Bocaina, entre São Paulo e Rio de Janeiro

REPORTAGEM: Regina Rocha IMAGENS: Divulgação DER / Valguará

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Traçada para encurtar o caminho de moradores e turistas entre o interior paulista e a cidade litorânea do Rio de Janeiro, a estrada-parque Paraty-Cunha (RJ-165), que será finalmente inaugurada em agosto, rasga a Mata Atlântica em 9,4 km de extensão, no trecho fluminense do Parque Nacional Serra da Bocaina. Antes um caminho de terra de dif ícil transposição, a estrada, praticamente pronta e que em breve deve ser inteiramente liberada ao trânsito, foi toda pavimentada com blocos de concreto. “A via justifica-se como uma necessidade para a

comunidade local, que só tem esse trajeto ligando os dois municípios. E é uma obrigação do estado, pois garante o direito de ir e vir” , defende o engenheiro civil do DER, Renato Romero, responsável pela fiscalização das obras da estrada-parque.

Blocos intertravados Na pavimentação, foram utilizados blocos intertravados com 10 cm de espessura, e resistência à compressão de 35 MPa. Para suportar os esforços, o projeto especificou uma sub-base de brita graduada tratada com cimento (BGTC).


Execução de conduto de águas pluviais

Execução de um túnel de zoopassagem

Preparação de blocos de concreto para pavimentação

Execução de pavimento

Colocação de blocos intertravados de concreto

Execução do pavimento

A grande vantagem no uso dos blocos de concreto numa obra com características de estrada-parque é o ruído provocado pelos veículos no rolamento, que serve para alertar e afugentar os animais, explica Romero. Ambientalmente, o piso intertravado de concreto na obra também é melhor do que o asfalto, que durante a aplicação poderia liberar solventes do petróleo. O fator que definiu as principais diretrizes do projeto foi o sistema de drenagem, fundamental numa região como Paraty, com índices pluviométricos altíssimos. Desta forma, a condução das águas da chuva foi tratada com especial cuidado, por exemplo, com a colocação de canaletas de concreto ao longo de toda a extensão da pista. Também escadas hidráulicas tiveram que ser construídas em vários pontos da rodovia, como forma de reduzir o impacto das águas que traria riscos de erosão e solapamento do subsolo. Muros de arrimo completam a infraestrutura de contenção da obra. “Todos os cuidados foram tomados para evitar o empoçamento de água na pista” , diz o engenheiro.

SP-171

BR-101

Cunha

Rio de Janeiro SP-171

Trecho das obras

São Paulo

Paraty RJ-165

Parque Nacional Serra da Bocaina BR-101

Cuidados com o ambiente O empreendimento gerou polêmica e foi questionado em 2014 por setores ambientalistas, após a constatação de que, com poucos quilômetros pavimentados, já se registrava um aumento expressivo no número de animais silvestres atropelados. A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça decidiu então pela paralisação dos trabalhos, até que novos estudos fossem feitos para minimizar os impactos e assegurar a sobrevivência de espécies na área da unidade de conservação. Percalços do tipo fizeram com que, 15


pavimento

Ambientalmente, o piso intertravado de concreto na obra também é melhor do que o asfalto, que durante a aplicação poderia liberar solventes do petróleo

desde o lançamento da pedra fundamental, em 2012, até o início efetivo em 2014, a obra tenha levado quatro anos e meio. “Na prática, porém, o tempo de execução foi de 24 meses” , explica Romero. Ele diz que a obra agora está 98,5% concluí­da, “faltando apenas alguns arremates, como a pintura das placas de sinalização” . O custo total ficou em aproximadamente R$ 100 milhões. Segundo Romero, “os problemas verificados no processo não eram da obra em si, já que todos os requisitos legais fo-

ram cumpridos. Tivemos, no entanto, de aguardar a licença do Ibama para as condicionantes ambientais” . Também as contrapartidas, afirma o engenheiro, foram todas cumpridas na Paraty-Cunha. As medidas ambientais respondem por 25% do valor da obra, ressalta. E cita as principais: para preservar a vida selvagem, foram construídas zoopassagens (estruturas para a transposição segura da fauna), sendo quatro aéreas e seis subterrâneas, equipadas com dispositivos de contenção por grades.

Valguará, líder no Vale do Paraíba Com sede em Guaratinguetá-SP, a Valguará atua há 40 anos no setor da construção produzindo pré-fabricados de concreto para estruturas de galpões, pavimentação intertravada, galerias de águas pluviais e outros itens industrializados. A empresa atende obras no Vale do Paraíba, Litoral Norte, Serra da Mantiqueira e Região Bragantina, no estado de São Paulo, e também em municípios do Sul de Minas e Sul Fluminense. Sua equipe técnica pode apoiar o construtor desde a etapa de projeto até a finalização da obra, sempre com foco na qualidade e no respeito ao consumidor. Para isso, mantém um laboratório próprio, onde desenvolve pesquisas para novas tecnologias e produtos ao mercado e ao meio ambiente. Para saber mais, acesse o site www.valguara.com.br ou ligue para (12) 3132-3122 16

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Já na abertura do leito da estrada – de 7,8 metros de largura, para garantir a trafegabilidade, diz Romero –, a supressão de árvores (com replantio compensatório) se deu com orientação de biólogos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Para o controle da poluição do ar ao longo das obras, foram instalados quatro aparelhos de medição de material particulado em suspensão (PM10) e, no caso da poluição sonora, relatórios mensais de impacto foram enviados ao Ibama, diz o engenheiro. Ele explica ainda que o monitoramento dos impactos se estenderá ao pós -obra, por seis meses. Após esse tempo,

a responsabilidade transfere-se da empresa construtora ao estado, que deverá seguir com a contagem e o controle do trânsito baseado em parâmetros do Ibama. Romero estima que a estrada venha a receber aproximadamente 300 veículos por dia, número que pode duplicar na alta temporada ou durante eventos como a Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty. Assim, um quesito importante é a definição do horário de funcionamento da estrada, algo que ainda não tem consenso entre governo do estado e órgãos ambientais como o ICMBio, por exemplo. Neste momento, a via permanece aberta ao trânsito das 7h às 17h30.

FICHA TÉCNICA Nome da obra: Estrada-Parque Paraty-Cunha (BR-165) Localização: Serra da Bocaina (SP e RJ) Empreendimento: Governo do Estado do RJ - DER-RJ Construção e projeto: Consórcio Serra da Bocaina Fornecedor: Valguará - Pré-fabricados de Concreto Licenciamento ambiental: ICMBio, Ibama Consultoria ambiental: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Início da obra: março de 2012 e (retomada em 2014) Conclusão prevista: agosto de 2016

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arquitetura

Resultado de uma parceria entre o governo de São Paulo e o governo federal, o recém-inaugurado Centro Paraolímpico Brasileiro é hoje um dos maiores complexos do mundo voltados aos esportes para pessoas com deficiências físicas.

REPORTAGEM: Marcos de Sousa IMAGENS: Divulgação/Patrícia Belfort

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Caminho suave para os campeões O conjunto está localizado em um terreno às margens da Rodovia dos Imigrantes, na zona sul de São Paulo, e conta com uma área construída de 95 mil m2 dividida em cinco setores, os quais abrigam quinze modalidades esportivas: atletismo, triatlo, halterofilismo, futebol de cinco, futebol de sete, golbol, basquete em cadeira de rodas, voleibol sentado, rúgbi em cadeira de rodas, esgrima em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, judô, natação, bocha e tênis de mesa. Além dos ginásios, quadras, piscinas e pistas, o centro conta com vestiários,

dormitórios, restaurantes, cozinha, copa e áreas de convivência, para receber centenas de atletas durante os preparativos para os Jogos Paraolímpicos 2016, que, como a Olimpíada, também acontecerão no Rio de Janeiro. Na frente do conjunto, um elemento escultórico em formato paraboloide procura isolar o interior do ruído permanente da rodovia. Nos fundos, o isolamento é dado pelo denso bosque, remanescente da Mata Atlântica que no passado cobria toda a região. O terreno da obra, com 145 mil m2, era ocupado por uma série


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arquitetura

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de pequenas construções da Secretaria Estadual de Agricultura e de associações do setor. Trata-se de uma área em aclive, um claro desafio para permitir a acessibilidade aos atletas e público de pessoas com deficiência. Desta forma, uma das primeiras prioridades do projeto foi a distribuição dos equipamentos nos vários níveis e sua interligação da forma mais suave possível, explica a arquiteta Evani Kuperman Franco, que desenvolveu o paisagismo e todos os elementos externos do conjunto. A proposta original apontava para uma passarela que circularia entre as edi-

ficações, mas a solução definitiva nasceu em parceria com a equipe do arquiteto Lauro Miquelin, responsável pelo projeto executivo. O resultado é uma passarela circular e que conecta todas as instalações para treinos e competições. Esse acesso – concentrado em um volume cilíndrico coberto – funciona como um boulevard, no qual os usuários podem reunir-se ou circular com segurança em suas cadeiras de rodas ou utilizando muletas ou bengalas. Outro acesso foi projetado na forma de uma trilha externa, mais “radical” , que serpenteia pelos jardins e edificações do local.

A pavimentação TAMBÉM considerou os requisitos de acessibilidade universal EM Jardins, praças, Calçadas e áreas de acesso às edificações

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arquitetura

FICHA TÉCNICA Obra: Centro Paraolímpico Brasileiro Local: Parque Estadual Nascentes do Ipiranga, bairro do Jabaquara, São Paulo-SP Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Ministério do Esporte, Comitê Paraolímpico Brasileiro e Prefeitura de São Paulo (apoio). Ano do projeto: 2012-2014 Obra: 2013-2016 Área do terreno: 145 mil m2 Área construída: 95 mil m2 Custo da obra: R$ 264,7 milhões (R$ 145 milhões do governo federal e R$ 119,7 milhões do governo estadual de São Paulo); Equipamentos: R$ 24 milhões (R$ 20 milhões federais e R$ 4 milhões estaduais) Projeto de arquitetura: L+M Gets Arquitetura e Construção (arq. Lauro Miquelin) Arquitetura paisagística: EKF Arquitetura de Exteriores (arqs. Evani Kuperman Franco e Mauricio Soares Alto) Construção: OAS Eng. e Consórcio CPB Fornecedores: pisos intertravados de concreto (Oterprem)

Pavimentos de concreto A pavimentação das áreas também teve que considerar os requisitos de acessibilidade universal. Assim, todos os pavimentos de jardins e praças receberam pisos cimentícios em placas pré-fabricadas com duas tonalidades de cinza. Calçadas e áreas de acesso às edificações foram pavimentadas com blocos intertravados de concreto nas cores vermelho, amarelo e cinza. Esta opção, explicou Evani Franco, foi adotada para reduzir o impacto ambiental da obra e permitir alguma permeabilidade às águas da chuva nos pisos externos. 22

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Os cuidados no projeto incluíam também uma série de pequenos “lagos” com vegetação aquática, distribuídos sobre as lajes que cobrem os ginásios, piscinas e demais instalações, alocados em vários níveis, o que permitiria manter a umidade e a temperatura em níveis mais confortáveis para usuários e público, além de fazer referência às nascentes que ainda persistem no Parque Estadual Nascentes do Ipiranga, um dos primeiros mananciais da cidade de São Paulo. No entanto, problemas de prazo e orçamento levaram à simplificação do projeto e à eliminação desses pequenos detalhes.


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evento

Seminários de capacitação explicam pavimento permeável para arquitetos e engenheiros BlocoBrasil e ABCP, com apoio de entidades como Abap, Asbea e Sinduscon-SP, realizam seminários de capacitação destinados a fornecer informação abrangente sobre pavimentos permeáveis de concreto a profissionais do projeto e de obra

REPORTAGEM: Silvério Rocha IMAGENS: Divulgação BlocoBrasil

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Dois seminários nos quais foi detalhada a norma de pavimento permeável, a ABNT NBR 16.416/2015, e as características hidrológicas dos pavimentos permeáveis, contaram com a aprovação dos arquitetos-paisagistas associados à Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap), que lotaram o auditório da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), em São Paulo, no último dia 9 de maio, e de arquitetos de escritórios associados à Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (Asbea) e engenheiros de construtoras associadas ao Sinduscon-SP, em 29 de junho. Os seminários foram estruturados em duas palestras-

chaves, a primeira delas ministrada pelo engenheiro Cláudio Oliveira Silva, gerente de Inovação e Sustentabilidade da ABCP, teve como tema a “Norma 16.416/2015 – Pavimentos Permeáveis de Concreto, Requisitos e Procedimentos” , e a segunda, proferida pela professora-doutora Liliane Lopes Costa Alves Pinto, intitulada “Pavimento Permeável e Estrutura Sustentável” , detalhou os aspectos de hidrologia desse tipo de pavimento. Na abertura dos seminários, o presidente da BlocoBrasil, Ramon Barral, explicou que a iniciativa de promover esses eventos sobre as características do pavimento permeável com pré-fa-


bricados de concreto deveu-se à necessidade de fornecer informações consistentes e abrangentes, para que arquitetos e engenheiros possam desenvolver projetos e obras tecnicamente corretos com o pavimento permeável de concreto, que reúne “inovação e sustentabilidade”  . Barral lembrou que essa é uma iniciativa que contou com o apoio da ABCP, Abap, Asbea, SindusCon-SP e do Sinaprocim/Sin­ pro­cim, e que deve ter continuidade neste segundo semestre de 2016. “Devemos realizar um outro seminário, voltado para arquitetos e engenheiros de órgãos públicos, especialmente prefeituras, companhias habitacionais e órgãos e estatais municipais e estaduais ligados à habitação, obras, verde e meio ambiente, em data que deve coincidir com a realização do Concrete Show” , explicou o presidente da BlocoBrasil. O Concrete Show acontece de 24 a 26 de agosto, no São Paulo Expo, na rodovia dos Imigrantes, zona sul paulistana.

Norma define requisitos e procedimentos Um breve histórico do desenvolvimento da NBR 16.416 e a apresentação de suas principais características e exigências, entre elas, a de que um pavimento permeável de concreto deve oferecer um coeficiente de permeabilidade de 10-3 m/s e as principais características de execução de um pavimento do gênero compuseram as apresentações feitas pelo engenheiro Cláudio Oliveira. Segundo ele, esse coeficiente “permite tirar a água da superf ície do pavimento no momento em que isso é necessário, ou seja, quando acontecem as maiores precipitações, diminuindo o escoamento superficial e contribuindo para minimizar os riscos de enchentes, entre outros benef ícios” . Oliveira mostrou, com a apresenta-

Palestra do engenheiro e gerente de Inovação e Sustentabilidade da ABCP, Cláudio Oliveira

ção de vídeos e fotografias, como deve ser feita a análise do tipo de solo em que será aplicado o pavimento, preliminarmente e para a definição do projeto. E, a partir daí, como deve ser executada a base, a sub-base e o assentamento das peças de concreto num pavimento permeável, exibindo também os tipos de ensaios que devem ser feitos, após a conclusão do piso, para verificar se ele atende à norma em relação ao coeficiente de permeabilidade. As camadas da base e sub-base devem ser feitas com brita, sem a presença de finos, prejudiciais à permeabilidade nesse tipo de pavimento. “A norma foi fundamental para que se tenha projeto e execução corretos; com ela, é possível fazer essa verificação com base em dados objetivos, facilitando o trabalho de projetistas, de empresas de execução e da garantia aos contratantes, públicos e privados, por meio da fiscalização do executado, de que estão recebendo um pavimento em conformidade com a NBR 16.416” , avaliou Oliveira. O engenheiro exibiu e explicou as características dos diferentes tipos de pavimentos permeáveis de concreto existentes no mercado brasileiro atualmente: o formado por peças de concreto com juntas alargadas, o composto por pe-

ças (blocos) de concreto poroso, o de placas de concreto permeável de 40x40 cm e o concreto permeável moldado in loco. As vantagens desse tipo de pavimento vão além da fundamental permeabilidade, segundo Oliveira, e envolvem também a possibilidade de captação da água pluvial e seu encaminhamento para reservatórios, para utilização como água de reuso. A importância da manutenção e limpeza para impedir a colmatação e o acúmulo de sujeiras e conservar a capacidade de permeabilidade do pavimento foi outro ponto de destaque da palestra. Ao final dessa primeira palestra, os arquitetos-paisagistas verificaram in loco o funcionamento dos diversos tipos de pavimentos permeáveis, em um trecho construído no terreno da ABCP, na zona oeste paulistana, especialmente para demonstração e aferição do seu desempenho ao longo do tempo.

Pavimento permeável e estrutura sustentável As características hidrológicas e sustentáveis do pavimento permeável foram abordadas em detalhes na palestra da engenheira civil e professora-doutora Liliane Lopes Costa Alves 27


evento

Palestra da professora-doutora Liliane Alves Pinto

Pinto. A pesquisadora defendeu sua tese de doutorado na USP tendo como tema esse tipo de pavimento e também participou, juntamente com o professor Affonso Virgilis, do projeto e execução de trechos do estacionamento da Poli-USP com piso permeável com blocos de concreto e asfalto, construídos para aferição de suas propriedades no decorrer dos anos. Ela explicou que o pavimento permeável é utilizado em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, desde a década de 1960. Liliane afirmou que os pavimentos permeáveis têm custo direto cerca de 20% maior do que o pavimento intertravado de concreto convencional, mas que esse valor maior de implantação é compensado pela diminuição no custo de itens de drenagem, como bueiros e tubulações, entre outros. A palestra, bastante detalhada, da professora-doutora abordou diversos itens, como as etapas de projeto, desde a necessária análise do tipo de solo, a execução da preparação do terreno, muitas vezes exigindo o emprego de mantas plásticas para a coleta da água em solos argilosos e outros de muito baixa permeabilidade para evitar problemas; da base, sub-base e assentamento das peças de revestimento, entre diversos outros da28

prisma

dos técnicos que devem embasar um projeto de pavimento permeável. Mas ela alertou: “Cada caso é muito específico e precisa ser analisado quanto às características do terreno” . No primeiro seminário, de 9/5, após a palestra de Liliane, foi aberta a palavra aos presentes para questionamentos, na mesa coordenada pela arquiteta-paisagista Ciça Gorski, ex-presidente da Abap.

Otimizando a área útil dos empreendimentos Os seminários foram sucesso de público e crítica. Os associados da Abap lotaram o auditório de 45 lugares, em maio, assim como compareceram diversos engenheiros ligados a construtoras associadas ao Sinduscon-SP e arquitetos de escritórios associados à Asbea. E houve solicitações de inúmeros profissionais – arquitetos e engenheiros – de diversas partes do país, interessados em participar do evento, que teve inscrições gratuitas. Profissionais jovens e veteranos participaram dos seminários, como foi o caso do arquiteto Sidney Linhares, formado no início da década de 1970 pela FAU/ Universidade Mackenzie, de São Paulo, e “discípulo de Rosa Kliass” , uma das principais arquitetas-paisagistas brasi-

leiras. “O seminário foi ótimo, porque certos materiais e tecnologias, como é o caso do pavimento permeável, exigem que os profissionais tenham conhecimento para desenvolver projetos corretos” . Opinião compartilhada pelas arquitetas-paisagistas Daniela Rizzi e Taicia Marques, formadas em 2004 e que destacaram a palestra da professora Liliane: “Ela apresentou dados que foram muito úteis e complementam nosso conhecimento” . Já para o engenheiro Ewerton Bonetti, diretor Técnico da construtora Gafisa, o evento “apresentou informações técnicas muito úteis para os empreendedores imobiliários, especialmente sobre como é possível ter áreas permeáveis, atendendo a todas as exigências técnicas e agregando valor ao empreendimento, tanto do ponto de vista da sustentabilidade como do atendimento às exigências da Prefeitura” . A mesma opinião de seu colega da Gafisa, o engenheiro Diego Rossini: “Foram muito úteis as informações sobre como deve ser feito o desenvolvimento do projeto de pavimento permeável e, também, como esse pavimento pode atender às exigências da legislação quanto à permeabilidade do solo” . Unanimidade entre os engenheiros presentes ao segundo seminário de capacitação, a parte relacionada à concepção do projeto e do que é área permeável, de acordo com as exigências da Prefeitura de São Paulo, por exemplo, foi destacado pelo engenheiro Eduardo Tassi Damião, da área de Desenvolvimento Tecnológico da construtora Tecnisa. “A concepção do projeto e as explicações do que é considerado permeável pela legislação municipal, com o atendimento às exigências da prefeitura, foram muito úteis para quem atua no mercado imobiliário” .


pavimentação

Pavimento permeável: como construir A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e a Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto (BlocoBrasil) finalizaram no último dia 9 de maio, na sede da ABCP, a construção de um showroom de pavimento permeável com diversos tipos de revestimentos. A apresentação desse empreendimento aconteceu durante o “Seminário de capacitação: pavimento permeável” , promovido pela BlocoBrasil em parceria com a Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas (Abap). A área construída corresponde a sete vagas de garagem do pátio da ABCP, ou seja, são 87,5 m2 divididos

em três tipos de revestimentos: pavimento intertravado com peças de juntas alargadas, pavimento intertravado com peças permeáveis e pavimento com peças de pisograma. Ela permitirá demonstrações do sistema para estudantes e profissionais interessados. Tão importante quanto o revestimento são as camadas subterrâneas constituídas de material granular que formam a estrutura do pavimento. São cerca de 26 m3 de brita distribuídos em três diferentes camadas, todas de granulometria mais próxima da distribuição contínua e sem a presença de materiais finos, para facilitar a drenagem

ABCP e BlocoBrasil montam passo a passo de obra modelo de tecnologia de pavimento que ajuda no combate às enchentes. Nessa tecnologia, a parte subterrânea do revestimento exerce a função de um grande tanque de armazenamento de água, que pode ser reutilizada

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pavimentação

Escavação do solo com profundidade média de 35 cm

Compactação do subleito

Colocação e compactação da camada de fundação (20 cm) - brita 25 mm

Colocação da manta plástica

Etapas da construção 1. Escavação do solo com profundidade média de 35 cm; 2. Compactação do subleito; 3. Colocação da manta plástica; 4. Escavação e colocação dos tubos dreno; 5. Colocação e compactação da camada de fundação (20 cm) - brita 25 mm; 6. Colocação do complemento da camada de base (4 cm) - brita (4 cm); 7. Colocação da camada de assentamento (3 cm) - areia grossa 4,8 mm;

Colocação do complemento da camada de base (4 cm) - brita 4

8. Colocação das peças de demarcação de vagas (peças convencionais com pigmentação na cor amarela) e colocação das peças permeáveis; 9. Espalhamento do material de rejuntamento - areia grossa 4,8 mm; 10. Compactação das peças com placa vibratória; 11. Instalação do sistema hidráulico da cisterna (bomba e demais instalações); 12. Testes de infiltração nas vagas; 13. Liberação ao uso. Os pavimentos são separados por peças de demarcação de vagas peças convencionais na cor amarela 30

prisma


Assentamento dos pisos intertravados

Espalhamento do material de rejuntamento: areia grossa de 4,8 mm

Corte no piso mostra o sistema de drenagem por meio de tubos plásticos Reservatório de água pluvial, que será utilizada como água de reúso

Demonstração da elevada permeabilidade do pavimento

e, consequentemente, o escoamento da água, evitando a formação de poças. A estrutura do pavimento contempla, ainda, um sistema de drenos para coleta de água de chuva e armazenamento em uma cisterna enterrada com capacidade de 2.800 l. Essa água de chuva será utilizada para regar a área verde da ABCP. O sistema de pavimento permeá-

Vista geral do showroom, com os diversos tipos de pavimentos permeáveis: piso intertravado com juntas alargadas, piso intertravado com peças (blocos) porosas, placas de concreto poroso e pisograma

vel foi desenvolvido no Brasil, com o apoio da ABCP, para ajudar a amenizar e combater as enchentes. Neste caso, o pavimento como um todo exerce função de reservatório provisório, com imediato escoamento da água superficial. Segundo o responsável pela obra, o gerente de Inovação e Sustentabilidade da ABCP, engenheiro Cláudio Oliveira, a capacidade de captação e armazena-

mento temporário da água de chuva desse sistema é de cerca de 8 mil litros/hora; apenas parte dessa água será armazenada pela cisterna. Histórico da obra • 87,5 m2; • 5 dias de obras; • 5 profissionais envolvidos na execução; • 0,35 metros de profundidade. 31



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Arquitetura paisagística para tornar a vida melhor A arquiteta-paisagista e urbanista Francine Gramacho Sakata é paulistana e graduou-se pela FAU/USP, em 1997. Sua opção por trabalhar com a arquitetura da paisagem aconteceu no primeiro ano da graduação. “O projeto das áreas externas sempre foi para mim muito mais interessante que os de edificações. Nas áreas externas queremos criar condições de estar junto à natureza ou às nossas cidades, mas não apartados delas. É nas áreas externas que depositamos nossos desejos de brincar, de relaxar, de conhecer o novo, de viver a vida”, explica ela. Pesquisadora do Projeto Quapá – Quadro do Paisagismo no Brasil, é também membro da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (Abap) e atualmente coordena o Núcleo São Paulo da instituição. Foi autora, juntamente com Silvio Soares Macedo, do livro “Parques Urbanos no Brasil”, publicado pela Edusp (2002). Por causa desse trabalho, viajou pelo país e ficou intrigada sobre o porquê de algumas cidades brasileiras reunirem projetos paisagísticos tão vistosos e outras não. Sobre esse tema, escreveu o livro “Paisagismo urbano – requalificação e criação de imagens”, Edusp (2011). Atualmente desenvolve pesquisa para o doutorado com o tema “Parques urbanos brasileiros”. Pelo trabalho com a universidade e de em viagens, Francine conheceu boa parte da produção paisagística nacional e internacional. “Os holandeses do West 8 têm feito trabalhos muito impactantes e estou sempre atenta a eles. Mas minhas referências mais preciosas são próximas, são arquitetaspaisagistas paulistas com quem pude trabalhar um pouco: Rosa Kliass, Nina Vaisman, Ciça Gorski, Isabel Duprat e Fany Galender.”

Francine Sakata é arquiteta-paisagista, coordenadora do Núcleo São Paulo da Abap e integrante do escritório NKF Arquitetura

“Em geral, não se valoriza o projeto como seria preciso, nem na fase do projeto nem ao longo da obra. Primeiro, imaginam que o projeto seja caro e não levam em consideração que as obras, sem projeto, podem ficar ruins e ainda mais caras. Segundo: faltam arquitetos nas obras, que são os profissionais mais indicados para fazer a ponte entre a concepção e a execução”, avalia. A arquiteta tornou-se adepta do pavimento permeável. “Temos usado muito o pavimento de concreto intertravado no escritório porque reparamos que a mão de obra, em geral, o executa bem. Isto é uma segurança para que projeta. O intertravado permeável é uma evolução! Começamos vendo peças grandes que, dependendo do recorte, ficavam sujeitas a partir as pontas. Agora temos as peças menores que juntam custo, flexibilidade e a possibilidade de aumentar a capacidade do terreno de escoar mais lentamente a água da chuva. E descobrimos que, mesmo que a camada de base drenante não seja a mais alta possível, qualquer altura de base drenante é melhor que nenhuma. Com isso, o custo do piso drenante fica praticamente equivalente ao não-drenante e não vão haver mais argumentos para que não sejam utilizados”, finaliza.

PARA FALAR com Francine, ligue para (11) 3712-0051 ou envie e-mail para: francinesakata@nkfarquitetura.com.br

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Casa sustentável na Casa Cor 2016 Na Casa Cor 2016, que aconteceu em São Paulo, no Jockey Clube, foi montada uma residência inteiramente sustentável, a Casa Aqua. Com sistema construtivo constituído por placas de concreto pré-fabricadas, em painéis que substituem os pilares, vigas e alvenarias de uma construção convencional e podem ser

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posteriormente desmontados, a casa de 50 m2 apresentou diversos itens de sustentabilidade. Com arquitetura desenvolvida por Rodrigo Mindlin Loeb e Caio Dotto, o mobiliário por Paulo Alves, ambientação de Zizi Carderari e paisagismo de Daniela Sedo, a casa foi construída pela Inovatech Engenharia. Nela, o vi-

sitante pôde conferir em tempo real a quantidade de energia elétrica gerada pelos painéis fotovoltaicos, como utilizar um sistema de reaproveitamento de água de chuva, e verificar o piso interno e o deque externo feitos com material reciclado, entre outras iniciativas ligadas à sustentabilidade construtiva.




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