LIVRO II - ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

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ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

ITINERÂNCIAS E PERCURSOS DA MEMÓRIA Pathways of Memory

LIVRO II | ITINERÂNCIA DOURO IGNOTO hidden douro


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

A itinerância da memória do Douro Ignoto pretende colmatar a percepção do

diante dos seus olhos, o homem do duriense teve-lhe um enorme respeito e

território do Alto Douro Vinhateiro, agora dominada pela expressão plástica da

devoção. A construção da paisagem cultural do Douro fez-se de encontro

paisagem viticultura, com as outras realidades inerentes à construção deste

ao que a terra lhe concedeu. Contra ela e com ela, os homens através dos

terra e das suas gentes. Encontrar quatro pequenas pérolas deste território

séculos, foram interpretando os seus ciclos, integrando as fatalidades que

que sirvam de pretexto para dar a conhecer algumas curiosidades.

esta lhes entregava. Os santuários rurais e os cultos cíclicos, revelam este respeito pela natureza ou pela terra sagrada. Efetivamente, não existe melhor do que esta região para se falar em espírito da terra.

para se mover no duro território do vale do Douro. De barco, em São Salvador do Mundo; de carro, ou carro de bois, pelas cénicas e tortuosas estradas

Nos seus altos lugares o Douro é pontuado por este respeito, os seus povos

do Vale do Távora; de comboio, pela linha do Douro; e a pé, o homem do

subiram aos montes e marcam a sua presença num ordenamento simbólico

Douro traçou estradas que se diz serem do Diabo, tal é a peculiaridade sua

que quer tomar posse perante o mundo. A questão religiosa é aqui segredada

composição, como na Calçada de Alpajares.

pela imensidão e grandiosidade da natureza, pelos homens transformadores, que carecem da licença e proteção divina para prosseguir as suas atividades

Para além desta teimosia perante a dureza com que a natureza se apresentava

mantendo as terras férteis e o tempo clemente.

QUATRO ÁREAS PARA A DESCOBERTA DE UM NOVO TERRITÓRIO

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ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

VALE DO TÁVORA

foz do rio távora

igreja de s. pedro das águias

penedo fradinho

TABUAÇO

0m

500 m

2000 m


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

Esta área de intervenção é motivada pelo percorrer do território por meios viários, pelo percurso cénico da estrada N323, um dos mais bonitos testemunhos da beleza da paisagem vinhateira. Ao longo do curso do rio Távora, o vale encaixado e a estrada tortuosa tornam incontornável este local. PENEDO FRADINHO | Existe um troço de estrada onde a curvatura é bastante acentuada. Assim, em curva e contra curva, existem alguns elementos que enunciam merecer uma paragem. Ambiente dominado pelo som de uma queda de água que existe ao lado de uma escada de madeira. O cenário completase pela presença, de uma pequena ruína do que parece ter sido uma antiga quinta abandonada. Este sítio, localmente chamado Penedo do Fradinho, é muito utilizado para escalada, motivado principalmente pelas inúmeras lendas de fragas inacessíveis, penedos rachados e lobisomens. SÃO PEDRO DAS ÁGUIAS | Pretende elucidar o importante papel que Cister teve para o desenvolvimento do Vale do Douro. O que mais fascina nesta igreja é a sua peculiar implantação. Foi construída neste vale abrupto, sobre um pequeno plateau desnivelado a meia encosta. Peculiar é também a sua proximidade ao maciço rochoso, cerca de 1 metro, para o qual se volta com um ornamentado portal. A aproximação ao pequeno templo anuncia aquilo que encontramos, um lugar sagrado, isolado e escondido.


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

plataforma de observação escadas de

plataforma de

madeira

descanso e

rio távora

miradouro

N 323

zona de lazer junto ao rio

centro de informações

igreja

Propõe-se o redesenho da plataforma de chegada da escada, que neste momento é apenas

Tendo em conta a distância necessária para chegar a este lugar, e a beleza natural envolvente,

um pedaço de terra batida. E desenha-se uma zona de descanso com bancos e mesas,

demorar-se,

para todos o que o desejam, possam recuperar o folego e contemplar a vista. Recuperaação

uma pequena plataforma de onde se acredita entender a singular implantação da pequena

de um pequeno caminho ao longo da queda de água que passa por baixo da estrada e dá acesso à quinta. Recuperação do edifício para a sua transformação, num local onde possam

uma pequena ponte no rio Távora, existente perto da igreja. Infra estruturar os troços de

ser dadas indicações para encontrar as mais peculiares formações rochosas e contadas

chegada a estes locais.

estas lendas, um precioso testemunho oral da imaginação popular suscitada perante a forma que a terra aqui tomou.


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

SÃO SALVADOR DO MUNDO

MIRADOURO DE LOURDES

CEVADEIRA

miradouro lurdes

campelos miradouro de vargelas

MIRADOURO OLAS

N

santa bárbara

STA. BARBARA

barragem da valeira SÃO SALVADOR são salvador DO MUNDO

do

mundo

quinta cidrô

0m

500 m

2000 m


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

Nesta área, a paisagem do Douro xistoso é interrompida por um maciço granítico que tornou impossível o cultivo destas encosta, o que é facilmente e granitos foram desde sempre muito apreciadas. Apesar de todo o território deste vale ser indissociável do rio, das quatro áreas de intervenção, esta é a que se liga mais a ele. Em primeiro lugar pelo tortuoso traçado do seu curso e depois pelos pontos altos, onde pequenos santuários marcam locais de observação da paisagem onde se percebe muito bem a ligação do rio com as encostas cultivadas. A estratégia é dominada pelo lugar de São Salvador do Mundo, ponto escolhido como caso de projeto. Existe um local de onde a incrível posição do santuário de São Salvador do Mundo é especialmente bem compreendida, assim como o cachão da Valeira. Este ponto, onde se localiza um marco geodésico, é acessível por uma estrada vinda da pequena aldeia de Campelos. Acreditando ser um sítio de excepcional beleza, propõe-se que seja desenhado um pequeno dispositivo que permita ter uma mais alargada perspectiva. Ao mesmo tempo que se oferece aos visitantes essa possibilidade, incentiva-se a passagem por Campelos. Outra das razões que leva a esta proposta é o facto de a população de Campelos ser muito devota a São Salvador do Mundo, acreditando-se que já se deslocam a este lugar para o contemplar. Segundo os locais, toda a população participa na romaria ao Ermo.


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miradouro campelos santuário de são salvador do mundo


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ESTAÇÕES DA LINHA DESATIVADA DO DOURO

estação do almendra

1:2000

estação do côa castelo de calábria

museu do côa

0m

500 m

2000 m


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

Após cerca de 100 anos de utilização, o declínio desta

Ao longo da linha existem 4 estações e ainda pontes, túneis, apeadeiros e outras estruturas de apoio. Todas

internacional da Linha do Douro e com a melhoria

abandonadas. Enquanto o comboio continua a perder

das condições das estradas, a utilização do troço do

terreno a favor do transporte rodoviário, a intenção é

Pocinho a Barca de Alva, cerca de 27,9 km, tornou-se

olhar para estes caminhos abandonados, encontrar

obsoleto. Com muito poucos passageiros e inúmeros

uma nova forma de descobrir o Douro com um outro ritmo. Todos os caminheiros mencionam não existir

1988. O património construído encontra-se em estado

qualquer ponto de apoio ao longo de toda a linha,

avançado de degradação. Não querendo deixar esta

apenas notando que junto às antigas estações existem

linha em esquecimento propõe-se repensar a sua

estradas que permitem o acesso a viaturas de apoio.

utilização.

Estas estradas, são cénicos percursos em que o único

estação de barca d’alva | 27,9 km

destino é mesmo a estação. São vários os grupos que organizam frequentemente

tação do cinho | 0 km

caminhadas ao longo deste troço de linha descativado assim como são muitos o curiosos que visitam os ponte dos canivais

ponte internacional

edifícios abandonados.

túnel de almendra

estação do côa | 8.8 km

ponte da gricha

ponte do côa

túnel de castelo melhor

estação de castelo melhor | 15 km

túnel de aguiar

estação de almendra | 20 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

Para além destes caminheiros, são muito os que procuram isolamento e proximidade com o

As mochilas, grandes e pesadas, podem tornar-se mais leves se estes testemunhos do

rio. Nas visitas às estações, foram avistadas várias pessoas a mergulhar nas águas do Douro

património ferroviário forem dotados de pequenas infraestruturas de apoio. Sítios para

e a praticar desportos aquáticos. Foi possível falar com alguns pescadores que utilizam estes locais com regularidade. Há ainda os que acorrem a estes locais pela sua biodiversidade,

dormir dentro da estação em vez de transportar tendas; pontos de abastecimento de água

principalmente a observação de aves.

para que não tenham de carregar a quantidade necessária para responder às temperaturas elevadas do Verão; iluminação destas estruturas, entre outras.

Alguns dos problemas enfrentados por estes caminheiros, que aliás, por várias vezes Acreditando que o espírito do percurso não se torna menos natural com estas intervenções, arquitetura.

mas antes permitem um maior conforto na contemplação, quando alguns destes obstáculos são ultrapassados.

Propõe-se que as zonas com menos segurança, as pontes ferroviárias principalmente, sejam alvo de reparação, para permitir a continuação destes rituais. Limpar algumas das zonas em que a vegetação ameaça impedir a passagem.


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

CALÇADA DE ALPAJARES | A CALÇADA DO DIABO

ribeira do mosteiro

miradouro

penedo durão

rBARCA D’ALVA

0m

500 m

2000 m


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

do universo vinhateiro com o carácter mais selvagem do Douro Superior. A

linearidade, conformando a fronteira entre os dois países. A ribeira do Mosteiro é um verdadeiro conjunto paisagístico e patrimonial. São várias as construções a apontar, entre elas a Calçada de Alpajares, ou Calçada dos Mouros, como é mais conhecida localmente. É uma via romana

ribeiras da Brita e do Mosteiro, a partir da qual se prolonga pela encosta de Alpajares de forma ziguezagueante, até chegar ao muralhado do povoado de àquelas mesmas ribeiras. Estruturada ao longo de cerca de oitocentos metros em lajes afeiçoadas em xisto e seixos de pequena dimensão, a calçada possui sendo ainda reforçada com uma parede lateral na zona em que o declive da encosta se revela mais acentuado.


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

Ruinas Castro de São Paulo

Túmulo

Ponte Capela

PERCURSO PEDESTRE CALÇADA DE ALPAJARES

Limite ZEP da Fraga do Gato e da Calçada de Alpajares classificada como IIP pelo Decreto nº 129/77

Imóvel classificado SIP

Ponte

INTERVENÇÃO 1 Serviços de Apoio ao Percurso Miradouro

imaginário da população com histórias e lendas, existe um percurso pedestre circular que cobre a maioria destes testemunhos históricos. Nas visitas ao local, foram vistos alguns grupos a fazer o circuito, principalmente espanhóis. No entanto, não existe nenhum tipo de apoio aos caminheiros, não existe estacionamento e não existe nenhum local com informação sobre o

INTERVENÇÃO 2

local. Tendo em conta a quantidade de estruturas com valor, acreditase que seria uma mais valia existir uma pequena zona de informação e serviços, a intervenção deve implantarforma a não interferir com o caráter natural e patrimonial do vale.


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

início do percurso pedestre

centro de intrepretação miradouro sobre a

parque de

ribeira do mosteiro e

estacionamento

barca d’alva

centro de intrepretação

miradouro sobre a ribeira do mosteiro


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

O eixo principal da itinerância consiste numa das principais formas de movimento no alto douro, em alguns dos troços, a mais antiga. Propõe-se um percurso linear entre Peso da Régua e Barca de Alva pelas estadas nacionais, principalmente N222 e N322 num total de 110 quilómetros. Peso da Régua tem, atualmente, cerca de 9 000 habitantes. Atravessada pela A24 que a liga ao Norte e ao Sul do país, por aqui se começa o percurso para o Porto (1h20) e para Lisboa (3h20).

A ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO PONTO POR PONTO

2


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

PESO DA RÉGUA Desde o ínicio: 0 km | Desde o ponto anterior 0 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

VALE DO TÁVORA Desde o ínicio:17km | Desde o ponto anterior 17 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

PONTO DE OBSERVAÇÃO QUINTA DA CORTE Desde o ínicio: 22 km | Desde o ponto anterior 5 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

MIRADOURO DE LURDES Desde o ínicio: 36 km | Desde o ponto anterior 14 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

SÃO JOÃO DA PESQUEIRA Desde o ínicio: 39 km | Desde o ponto anterior 3 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

SÃO SALVADOR DO MUNDO Desde o ínicio: 42 km | Desde o ponto anterior 3 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

CAIS DA FERRADOSA Desde o ínicio: 48 km | Desde o ponto anterior 6 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

SANTA BÁRBARA E SÃO XISTO Desde o ínicio: 50 km | Desde o ponto anterior 2 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

VILA MURALHADA DE NUMÃO E QUINTA DO VESÚVIO Desde o ínicio: 60 km | Desde o ponto anterior 8 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

VILA ROMANA DO ROMANSIL E DO PRAZO Desde o ínicio: 68 km | Desde o ponto anterior 8 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

CASTELO VELHO DE NUMÃO Desde o ínicio: 72 km | Desde o ponto anterior 4 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

MUSEU E ESTAÇÃO DO CÔA Desde o ínicio: 79 km | Desde o ponto anterior 7 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

MIRADOURO S.GABRIEL Desde o ínicio: 91 km | Desde o ponto anterior 12 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

CASTELO E ESTAÇÃO DE CASTELO MELHOR Desde o ínicio: 92 km | Desde o ponto anterior 1 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

ESTAÇÃO DE ALMENDRA Desde o ínicio: 103 km | Desde o ponto anterior 7 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

CALÇADA DE ALAPAJARES, A CALÇADA DO DIABO Desde o ínicio: 112 km | Desde o ponto anterior 9 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

PENEDO DURÃO Desde o ínicio: 120 km | Desde o ponto anterior 8 km


ANEXO II | ITINERÂNCIA DO DOURO IGNOTO

MAPA DO DOURO PORTUGUEZ E PAIZ ADJACENTE Barrão de Forrester 1848


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