Relações Interpessoais

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Tema 3. EU COM OS OUTROS

3.2. RELAÇÕES INTERPESSOAIS


Conceitos essenciais:               

Agressão Atitude Atracção Categoria Conflito Conformismo Cooperação Estereótipo Expectativa Intimidade Impressão Normalização Obediência Representação social Preconceito

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Objectivos fundamentais: A) Caracterizar os processos fundamentais de cognição social; B) Explicar os processos de influência entre os indivíduos; C) Analisar os processos de relação entre os indivíduos e os grupos.

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A) Processos de cognição social 1. 2. 3. 4.

Impressões Expectativas Atitudes Representações sociais

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Processos de cognição social «Suponhamos que estamos sozinhos numa carruagem e um estranho se aproxima, sentando-se ao nosso lado. A nossa reacção depende da interpretação que fizermos da acção do outro. Será uma tentativa para iniciar uma conversa, um intruso indesejável, um convite sexual? Ou será apenas uma resposta aos outros bancos estarem cobertos de fuligem?» (Henry GLEITMAN, Psicologia)

 As pessoas tendem a reagir aos acontecimentos em função

do modo como concebem as situações, ou seja, o modo de as sentirem e interpretarem. O conhecimento tem uma dimensão social: há um quadro interpretativo de conceitos partilhados pela generalidade de elementos de uma comunidade, que nos são transmitidos no decurso do processo de socialização.  A estabilidade do mundo e a relativa uniformidade com que interpretamos o que acontece, dão consistência ao que sabemos e contribui para a fundamentação e perpetuação das5 nossas crenças.


A.1) IMPRESSÕES  Noções criadas no contacto com as pessoas, que nos fornecem um quadro interpretativo para as julgarmos nos seus modos de ser e de agir.  Formar uma impressão: organizar a informação disponível acerca dos objectos e integrá-los numa categoria.

=> Padrão ou traço central: são as características dos objectos consideradas como relevantes que determinam a percepção destes. => Caracterização social: generalização - que nos permite formar classes de coisas, pessoas ou ideias (úteis na adaptação ao mundo quotidiano). 6


A categorização a) Categorizar é incluir pessoas, coisas e acontecimentos singulares em conjuntos familiares previamente organizados; b) Categorizar é integrar num conjunto o máximo de informação, economizando estratégias de pensamento e facilitando a actualização da realidade; c) Categorizar é identificar rapidamente objectos e acontecimentos portadores de marcas ou sinais próprios das categorias ou grupos em questão; d) Categorizar é atribuir aos objectos categorizados um complexo de ideias e emoções que passa a permanecer em cada um deles. 7


A.2) EXPECTATIVAS  Atitude psicoafectiva que, em face de certos indícios e de certas circunstâncias, leva o indivíduo a efectuar antecipações relativamente a certas ocorrências sociais.  Experiências conduzidas por Solomon Asch levam-nos a concluir que, na vida, as primeiras impressões vincam-se nas pessoas, condicionando as avaliações posteriores. O efeito da primazia, decorrente das expectativas em relação aos traços que pretendemos ver, é sintoma de inércia quando se trata de alterarmos os nossos juízos. Contudo, tal não deve ser interpretado como irreversível, pois muitas vezes acabamos por simpatizar com pessoas que, durante muito tempo detestámos (e vice8 -versa).


O EFEITO DAS EXPECTATIVAS: A AUTO-REALIZAÇÃO DAS PROFECIAS • Foram realizados diversas experiências com o intuito de estudar o efeito das expectativas dos professores relativamente aos alunos, sobretudo a nível dos seus efeitos no processo de ensino-aprendizagem.  Em particular, as experiências de Robert Rosenthal em 1968 mostraram que as expectativas dos professores afectam significativamente aquilo que os alunos aprendem: os alunos em relação aos quais se espera um bom desempenho tendem a obter melhor desempenho.  Investigações posteriores vieram demonstrar que as expectativas interferem de facto nos resultados obtidos pelos sujeitos, mas que este fenómeno não é consciente .  Actualmente, sabe-se que este fenómeno se estende a todas as relações sociais e que «até certo ponto, nós somos o que os outros esperam ou consideram que sejamos». 9


A.3) ATITUDES  São juízos de valor (positivos ou negativos), aprendidos e relativamente estáveis, relativos a um objecto de natureza social.

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ATITUDES  Predisposições aprendidas para responder cognitiva, afectiva e comportamentalmente a um dado objecto, de uma determinada forma.  Crenças e sentimentos que nos predispõem a agir;  Predisposições para responder, de modo favorável ou desfavorável, relativamente a objectos, pessoas e situações;  Tendências adquiridas em contexto sociocultural;  Predisposições relativamente estáveis e persistentes;  Não são observadas directamente, mas inferidas dos comportamentos, quando coerentes e persistentes, observados num indivíduo.

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Componentes de uma atitude As 3 componentes: afectiva, cognitiva e comportamental. Atitude acerca de...

C.COGNITIVA Crenças e ideias acerca de algo.

C. AFECTIVA Sentimentos e reacções emotivas face a algo.

C. COMPORTAMENTAL Predisposição para agir, favorável ou desfavoravelmente, ao objecto da atitude. 12


Atitude acerca dos animais:

Devemos proteger os animais.

C.COGNITIVA Crenças e ideias acerca dos animais: São seres vivos que merecem a nossa protecção e respeito.

C. AFECTIVA Sentimentos e reacções emotivas face aos animais: Fico furiosa sempre que vejo um animal desprotegido e maltratado.

C. COMPORTAMENTAL Predisposição para agir favoravelmente na presença dos animais: procuro reconfortá-los, ajudá-los e sensibilizar as pessoas. 13


Dissonância cognitiva •

Estado de tensão psicológica vivido por um indivíduo quando toma consciência da inconsistência entre duas atitudes relacionadas ou entre as suas atitudes e os seus comportamentos.

 O desconforto psicológico predispõe-nos a reduzir o conflito intrapsíquico e a restaurar a consistência. Como fazê-lo? 1) Mudando o comportamento, para ser compatível com as atitudes. ou 2) Mudando as atitudes, tornando-as consistentes com o comportamento. 14


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Exemplo:  FUMAR FAZ MAL À SAÚDE (atitude)

Fumar provoca disfunções e doenças =>Vou deixar de fumar (modifico o comportamento)

Dissonância e tensão psicológica  EU FUMO (comportamento)

Viver também mata, portanto... => Vou continuar a fumar (modifico a atitude) 16


Formação e mudança de atitudes • As atitudes são aprendidas no decurso do processo de socialização, no meio social onde um indivíduo vive e se desenvolve. • São os agentes de socialização os responsáveis pela formação e modificação das atitudes: os pais e a família, a escola, os grupos de pares, os meios de comunicação social. • Apesar da relativa estabilidade das atitudes, estas podem mudar ao longo da vida por influência dos diferentes agentes de socialização. O período crítico, em que as atitudes se cristalizam, decorre entre o fim da adolescência e os 30 anos. Após este período, a probabilidade de modificação das atitudes diminui.

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Medida das atitudes Objectivo: avaliar o grau ou intensidade das atitudes, através de questionários. • A escala de Thurstone: consiste numa série de afirmações, em que as pessoas manifestam a sua concordância com um visto () e a discordância com uma cruz (X). Se não conseguirem decidir, com um ponto de interrogação (?). EXEMPLO: Sinto necessidade da religião, mas não encontro o que quero em nenhuma Igreja.

• A escala de Lickert: consiste numa série de afirmações sobre um tema, em que o indivíduo indica o seu grau de concordância ou discordância, numa escala de 1 a 5 pontos. Ex. Os exames nacionais introduzem rigor na avaliação do ensino secundário: 1. concordo totalmente 2. Concordo 3. Não concordo nem discordo 4. Discordo 18 5. Discordo totalmente


Persuasão e mudança de atitudes • A persuasão é a tentativa de modificar as atitudes das pessoas, na convicção de que produzirá igualmente efeito nos seus comportamentos. => A alteração das atitudes depende das qualidades de: a mensagem, o meio/canal, o comuni-cador/emissor e o receptor/audiência. Quem diz? COMUNICADOR Credibilidade Autoridade Competência Aparência+postura Carisma

O que diz? MENSAGEM -Plausibilidade -Estruração -Expositiva vs. Problematizadora -Razão vs. Emoção

Como o diz?

CANAL Activo vs. Passivo Pessoal vs. Media

A quem o diz? AUDIIÊNCIA Idade Sexo Habilitações Interesses Expectativas 19


A.4) REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

 São modalidades de conhecimento, socialmente elaboradas e partilhadas, com um objectivo prático, contribuindo para a constituição de uma realidade comum a um conjunto social.  1) é comum a um conjunto numeroso de indivíduos;  2) é uma produção colectiva, construída nas interacções sociais e na comunicação entre os indivíduos;  3) desempenha funções específicas na sociedade que as elaborou e partilha, sendo uma espécie de teorias sociais práticas. 20


Elaboração das representações sociais Segundo Serge Moscovici, há dois processos de construção: 1) Objectivação: é o processo em que os elementos abstractos se materializam em imagens concretas - a capacidade de transformar os conceitos em coisas.  relaciona-se c/ o modo de seleccionar a informação socialmente disponível e explica como os elementos representados se integram na realidade. 2) Ancoragem: enraizamento e assimilação das imagens cria-das pela objectivação na mentalidade colectiva, que torna familiar e conhecido aquilo que ainda não o é. As novas representações juntam-se às anteriores, formando um “universo de opiniões” .  Uma vez ancorada, uma representação torna-se num filtro cognitivo, que orienta e regula as interacções sociais. 21


Função das representações sociais: 1) 2) 3)

4)

Função de saber: fornecem uma explicação e conferem um sentido à realidade. Função de orientação: constituem um guia de conduta para os indivíduos orientarem as suas decisões. Função identitária: permitem aos indivíduos construírem uma identidade social e um sentimento de pertença a determinado grupo social. Função de justificação: permitem aos indivíduos explicarem e justificarem as suas atitudes e comportamentos. 22


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B) A influência social 1. 2. 3. 4.

Normalização. Conformismo. Obediência. Inconformismo e Inovação.

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INTERACÇÃO GRUPAL • Fenómeno grupal que se verifica quando uma acção produzida por um sujeito A funciona como estímulo de resposta de um sujeito B e vice-versa.

 estabelecimento de influências recíprocas no interior de um grupo, que permitem diversas aprendizagens sociais;  é a interacção que permite tornar um conjunto de pessoas num grupo, isto é, numa totalidade dinâmica.

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NORMALIZAÇÃO Norma social: escala de referência ou de avaliação que define uma margem de comportamentos, atitudes e opiniões, permitidos ou condenáveis. Normalização: estabelecimento de normais sociais com base na influência recíproca dos membros de um grupo de indivíduos, hesitantes quanto aos modos convenientes de pensar e de agir. => tendência natural das pessoas para criarem normas.  Musafer Sherif realizou experiência que permitem concluir que:  Há uma tendência dos indivíduos para ordenarem os dados da experiência, mesmo que não existam referenciais objectivos;  A tendência organizadora existe nos indivíduos e nos grupos;  A influência dos outros é decisiva na elaboração de normas comuns. 26


CONFORMISMO  Mudança de atitude ou comportamento quando, em público ou em privado, se cede à pressão para ser, pensar ou agir como os outros. => Adequação às normas e expectativas dos outros actores sociais. • FACTORES QUE PREDISPÕEM PARA O CONFORMISMO: Baixa auto-estima ou falta de confiança Indivíduos com falta de confiança em si próprios tendem a atribuir excessiva importância à opinião dos outros e a procurarem a aprovação destes, pelo que resistem menos à sua influência e persuasão. Sensação de isolamento (só contra todos) Quanto maior for a coesão grupal, maior será a tendência para a unanimidade e, portanto, menor a tendência dos seus membros para o inconformismo. O impacto da presença dos outros (o contacto visual) Os indivíduos tendem a seguir a opinião e conduta dos demais com maior 27 frequência quando se encontram na sua presença, sob o seu olhar.


https://study.com/academy/lesson/solomon-aschs-experimentlesson-quiz.html

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OBEDIÊNCIA Mudança comportamental em resposta a ordens e instruções provenientes de alguém cuja autoridade é reconhecida ou imposta. • FACTORES QUE PREDISPÕEM PARA A OBEDIÊNCIA:  Identificação entre autoridade, competência e saber;  Sentimento de desresponsabilização: «apenas obedeci a ordens!»;  Uma forma de satisfazer o desejo de agradar e de ser aceite;  Partilha ou difusão da responsabilidade pelas consequências de um acto: «os outros também fizeram!».  Stanley Milgram (psicólogo norteamericano,1933-1984), impressionado com a obediência, aparentemente cega, dos alemães sob o regime nazi, realizou um célebre e polémico estudo, na tentativa de responder à questão: Até que ponto somos capazes de obedecer à autoridade? 29


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GrĂĄfico da experiĂŞncia de Milgram (1965)

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INCONFORMISMO e DESOBEDIÊNCIA  O inconformismo e a desobediência são salutares e desejáveis quando: - É necessário alterar normas e costumes que deixaram de ter sentido – pode ser eficaz na luta contra os preconceitos; - Se exige o cumprimento de ordens arbitrárias ou injustas – sobretudo em regimes políticos ditatoriais; - Aplicados no domínio da ciência e da tecnologia, bem como no campo da filosofia e da arte, pois introduzem inovação.

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INSERÇÃO SOCIAL IMPOSIÇÕES do GRUPO

SATISFAÇÃO PESSOAL

Se são predominantes: SUBMISSÃO CONFORMISMO OBEDIÊNCIA

Se é predominante: CONTESTAÇÃO INCONFORMISMO DESOBEDIÊNCIA

RESOLUÇÃO DO CONFLITO ADAPTAÇÃO SOCIAL 33


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- Estamos portanto de acordo: Não há nada de podre no reino da Dinamarca. A podridão está em todo o lado fora deste reino.

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C) Processos de relação entre os indivíduos e os grupos 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Estereótipos Preconceitos Discriminação Agressão Conflito e Cooperação Atracção interpessoal Intimidade. 36


ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITOS e DISCRIMINAÇÃO • Estereótipos: - Conjunto de ideias simplificadas e relativamente rígidas que resultam de generalizações sobre um objecto social (pessoas, grupos ou situações); - É um esquema cognitivo que condensa um conjunto de crenças e opiniões, segundo as quais certos indivíduos possuem determinadas características simplesmente por pertencerem a um determinado grupo. • Preconceitos: - Atitude que parte de um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, sobre um objecto social; - É uma atitude sem fundamento e prejudicial, na maior parte das vezes constituída sem haver contacto directo com o objecto social visado. - A generalização inadequada na qual o preconceito se baseia é o estereótipo (é o seu enquadramento cognitivo). Discriminação: manifestação comportamental do preconceito.

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ESTEREÓTIPOS, PRECONCEITOS e DISCRIMINAÇÃO PRECONCEITO Componente Afectiva

Sentimento (geralmente negativo) dirigido às pessoas apenas pelo simples facto de fazerem parte de um grupo social específico. .

ESTEREÓTIPO Componente Cognitiva

Crença acerca dos membros de um grupo, em que iguais características são atribuídas a cada um dos membros do grupo, apesar das variações entre os seus diversos membros.

DISCRIMINAÇÃO Componente Comportamental

Comportamentos dirigidos a determinados indivíduos apenas com base numa determinada percepção sobre o grupo a que pertencem.

NOTA: Apesar do estereótipo e sobretudo o preconceito e a discriminação 38 possuírem geralmente uma conotação negativa, podem ser positivas.


OS ESTEREÓTIPOS

• Formação: os estereótipos resultam de generalizações (processo mental através do qual tendemos a associar, a toda uma categoria ou grupo, certas características que apenas algumas dessas pessoas possuem). • Justificação: Utilizamo-los nas interacções sociais porque poupamos a energia mental que seria necessária para compreender cada pessoa enquanto indivíduo. • Aspectos positivos: os estereótipos têm uma utilidade prática, pois integram os indivíduos nos grupos a que pertencem, reforçam a coesão grupal e a união face a outros grupos. • Aspectos negativos: podem constituir factores de tensão e de conflito entre os grupos - inibem/impedem de considerar cada membro dos demais como um indivíduo; limitam excessivamente as expectativas quantos às atitudes e comportamentos dos membros do grupo estereotipado.

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Caracterização dos estereótipos • São formas convencionais de ver, sentir e agir que se constituem como formas práticas de orientação social. • São fundamentalmente de natureza cognitiva: são representações ou referenciais de acção. • Configuram realidades sociais exteriores ao sujeito – pessoas, grupos e instituições. • São visões rígidas e simplistas dos objectos em que incidem – referem apenas os seus aspectos parcelares e caricaturais, isolados dos seus contextos e complexidade. • São esquemas unificadores dos seres de uma classe que, apresentado os seus aspectos mais salientes, ignoram diferenças e cambiantes por vezes significativos. • Surgem muitas vezes ligados a preconceitos, são pertença e caracterizam o grupo que os sustenta.

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O PRECONCEITO

• É sobretudo devido à componente emocional das atitudes que se torna difícil argumentar com alguém preconceituoso; • As pessoas extremamente preconceituosas possuem um sentimento firmemente preestabelecido face aos gruposalvo, geralmente de cariz negativo. 41


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Teorias acerca da origem do preconceito : • Aprendizagem Social  Através da socialização (implícita ou explícita), as crianças aprendem, interiorizam e tendem a reproduzir os valores e as normas sociais. • Motivacional  As abordagens psicodinâmicas centram-se na agressividade deslocada;  As teorias da competição intergrupal: a escassez de recursos leva ao conflito e este reforça os preconceitos contra os membros exteriores ao grupo. • Cognitiva  O preconceito desenvolve-se como subproduto de um processo cognitivo de categorização e tratamento acrítico da informação.  Teoria da identidade social  O efeito do favoritismo intragrupal: reforça o sentimento de pertença e a auto-estima. 43


DISCRIMINAÇÃO SOCIAL

• Os preconceitos (negativos), cuja formação se atribui a um “diz-se”, a observações circunstanciais ou a uma aceitação acrítica de opiniões anónimas, encobrem muitas vezes interesses inconfessados e podem manifestar-se em comportamentos hostis. • A hostilidade patente nos preconceitos tem diversos graus:  VERBALIZAÇÃO NEGATIVA: as pessoas limitam-se a exprimir os seus preconceitos no seio do seu grupo de confiança.  EVITAMENTO: furtam-se ao convívio com elementos do exo-grupo ou grupo hostilizado.  DISCRIMINAÇÃO: separação entre o nós e o grupo d’ eles. Geralmente negativa, a discriminação implicará a exclusão social e o acesso a privilégios e a estatutos sociais elevados.  ATAQUE FÍSICO: expresssa elevado grau de agressividade.  EXTERMÍNIO: liquidação do exogrupo.

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A agressão • Comportamento violento, dirigido a um alvo que é considerado como um obstáculo às pretensões do indivíduo. • Visa causar danos, físicos e/ou psicológicos a outrem. • Depende de factores biológicos, bem como de factores ambientais, tais como a temperatura, o consumo de álcool e os padrões culturais. Tem sido estudada a relação entre o visionamento de filmes violentos pelas crianças, bem como a participação em jogos violentos (para consola e PC) e o grau de agressividade expressa nos seus comportamentos. Julga-se que promove a violência e dessensibiliza as crianças para as consequências nefastas da agressão. Para além disso, as experiências aversivas tendem a ser perpetuadas e aplicadas aos outros. 45


FORMAS DE AGRESSÃO: Quanto à INTENÇÃO DO SUJEITO

Quanto ao ALVO Quanto à FORMA DE EXPRESSÃO

HOSTIL

De origem emocional e geralmente impulsiva: visa causar danos a outrem, sem atender às vantagens para o sujeito (agressor).

INSTRUMENTAL

Não resulta de um impulso, mas de uma intencionalidade: o agressor tem um objectivo e os danos causados são colaterais.

DIRECTA

Dirigida contra a fonte da frustração.

INDIRECTA ou DESLOCADA

Dirigida contra um alvo alheio à frustração.

AUTO-AGRESSÃO

Dirigida contra si próprio.

ABERTA

Expressa por condutas não controladas.

INIBIDA

Não se expressa abertamente.

DISSIMULADA

Expressa-se de forma disfarçada.

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Teorias sobre a agressividade: •Sigmund Freud «A agressividade constitui uma disposição instintiva primitiva e autónoma do ser humano» => origem biológica.

•Konrad Lorenz A agressividade é inerente a todos os organismos (é um programa inscrito geneticamente) e visa a sobrevivência do indivíduo.

•John Dollard A agressividade resulta da frustração, pelo que é uma resposta inata à existência de obstáculos que impedem o sujeito de atingir os seus objectivos.

• Frida Kahlo, Umas quantas facaditas Este quadro foi inspirado numa notícia de jornal em que um marido, que assassinara por ciúmes a mulher, argumenta em sua defesa no tribunal: «Mas eu apenas lhe dei meia dúzia de facaditas».

•Albert Bandura * 47


Albert Bandura: aprendizagem observacional

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A aprendizagem observacional (social ou indirecta)  Muitas atitudes são aprendidas na relação

com os outros (família, professores, grupo de pares, meios de comunicação social) através de processos de modelação.

Uma criança de 14 meses observa um modelo na TV e imita o seu comportamento.

 A aprendizagem observacional é uma forma muito corrente de aprendizagem e ocorre por: 1. Observação do comportamento dos outros; 2. Identificação com o modelo social observado; 3. Imitação desses comportamentos (são imitados mentalmente ou exteriormente expressos), sobretudo daqueles cujas consequências são percepcionadas como positivas. => Aprendizagem vicariante ou indirecta: as atitudes e os comportamentos são conhecidos e interiorizados pela observação das consequências (positivas ou negativas) que recaem sobre os outros.

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Experiência de Bandura sobre a aprendizagem observacional do comportamento agressivo:

Após observarem um adulto a comportar-se agressivamente com um boneco insuflável, as crianças imitaram muitos dos comportamentos agressivos do adulto e muitas delas reagiram de uma forma ainda mais agressiva em relação ao boneco do que aquela a que tinham assistido. 50


A experiência de Bandura: Constituiu 3 grupos de crianças (de 4 anos) que visionaram um filme em que um adulto esmurrava e pontapeava um boneco: Grupo do modelo recompensado: no final, o adulto era recompensado (c/ doces e refrigerantes) e elogiado como «campião»; Grupo do modelo punido: no final, o adulto agressivo foi severamente censurado e chamado de «má pessoa» por outro; Grupo de condição neutral: não lhes foi mostrada qualquer consequência da conduta agressiva do adulto do filme. Todas as crianças aprenderem comportamentos agressivos sem receberem reforço directo (mesmo quando o modelo não era reforçado ou punido) O grupo do modelo recompensado tinha maior tendência para imitar espontaneamente o comportamento agressivo do modelo A observação das consequências dos comportamentos dos outros inibe ou desinibe o desempenho da aprendizagem; a expectativa do reforço influencia o desempenho do aprendido: a imitação é 51 mais provável se houver expectativa de recompensa.


Efeito das consequĂŞncias observadas nos comportamentos imitados

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FrequĂŞncia das respostas agressivas

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Conflito e Cooperação • A ORIGEM DOS CONFLITOS:  Segundo Sherif, deve-se ao antagonismo de interesses : os conflitos surgem em situações em que diferentes grupos lutam por um objectivo que apenas pode ser atingido por um deles. Ficou famoso o estudo da “Caverna dos ladrões”, efectuado numa colónia de férias dos E.U.A., durante 2 semanas e com 24 jovens. 1ª fase: os jovens foram divididos em 2 grupos (Águias e Serpentes) e os monitores observaram, em contexto situacional, a execução das tarefas que conduziam à cooperação (confeccionar refeições, construir cabanas e abrigos, etc.); 2ª fase: a tensão e a competitividade foram introduzidas por meio de jogos e torneios, c/ a atribuição de prémios individuais aos elementos da equipa vencedora; promoveram-se ainda situações frustantes. => O distanciamento progressivo dos 2 grupos e a eclosão do conflito. 54


O conflito • O antagonismo de interesses é uma hipótese plausível para a origem dos conflitos, quer sejam de ordem ideológica, cultural, económica, religiosa ou política.  É suficientemente ampla, abarcando situações de escassez de recursos, antagonismo de crenças ou assimetrias de poder.  Uma vez instalada a luta de interesses, os conflitos podem ser reactivados e alimentados por preconceitos. • O conflito tem um papel essencial na coesão grupal: - Mantém e reforça a identidade grupal; - Demarca a fronteira entre os grupos envolvidos. • Leis do conflito intergrupal: 1) CATEGORIZAÇÃO: minimização das semelhanças e maximização das diferenças entre os grupos. 2) DICOTOMIA: nós (os bons) vs. eles (os maus) 55


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Cooperação e resolução de conflitos

• As modalidades mais usuais de resolução de conflitos são:  Contacto: segundo Gordon Alport, os grupos tendem a ser mais coesos e os seus membros cooperantes quando possuem estatuto idêntico; prosseguem os mesmos objectivos e dispõem de apoio social ou institucional.  Objectivos supra-ordenados: finalidades pensadas de modo a que, sendo apetecíveis para os dois grupos, só podem ser atingidas pela colaboração de ambos (Sherif introduziu-os como estratégia de apaziguamento).  Negociação: processo de resolução de conflitos que, à custa de cedências e exigências de ambas as partes, procura des-cobrir uma plataforma de entendimento e evitar confrontos directos e violentos. => Qualquer que seja a estratégia usada na negociação, deve dar origem ao acordo ponderado, ser eficiente e melhorar ou, pelo menos, não deteriorar a relação entre os grupos. 57


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A atracção • É a avaliação cognitiva e afectiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar a sua companhia. Enquanto comportamento, traduz-se nas acções de alguém, de modo a favorecer ou aproximar-se de outrem; Enquanto emoção, é um conjunto de sentimentos positivos que alguém experimenta ao interagir com outrem.

• Factores responsáveis pela atracção: -

PROXIMIDADE FÍSICA - a proximidade geográfica favorece o contacto social. AFILIAÇÃO – tendência para juntar-se a outrem e estabelecer relações positivas. BELEZA – o aspecto físico, a boa aparência exterior segundo padrões culturais. SEMELHANÇAS INTERPESSOAIS – as atitudes, interesses e valores similares. RECIPROCIDADE–temos tendência a “gostar de quem gosta de nós”/troca social. OUTRAS: admiração, respeito, estima, gratidão. 59


A intimidade • «Partilha de sentimentos, pensamentos e experiências numa relação de abertura, sinceridade e confiança» (Woolams) • Num estudo, Zick Rubin aplicou dois questionários (a escala de gostar e a escala de amar) a centenas de estudantes que “saíam juntos” e concluiu que: - Gostar => afeição e respeito. - Amar => vinculação, preocupação e intimidade. Vinculação: apego ao outro (necessidade da presença física e emocional) Preocupação: atenção prestada ao outro (cuidar dele, do seu bemestar). Intimidade: desejo de comunicação profunda e confidencial. 60


a) A Amizade • É uma relação positiva, pessoal, informal e voluntária, de longa duração, que implica reciprocidade, envolve atracção pessoal e facilita a obtenção conjunta de objectivos. • Implica qualidades como a manutenção da confiança e a lealdade, bem como carinho e apoio mútuos. • •

Expectativas na amizade: Defender o(a) amigo(a) quando este(a) está ausente; Partilhar os acontecimentos e sentimentos relevantes; Apoiá-lo(a) emocionalmente sempre que precise; Apoiá-lo(a) de forma espontânea e voluntária. Confiar no outro e ser verdadeiro. Factores que condicionam o tipo de amizades: A idade (na adolescência, o grupo de pares adquire um papel dominante no processo de socialização), o género sexual, o contexto social e as características individuais. 61


b) A intimidade: modelos de amor

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