II.3. Dimensões da ação humana e dos valores
II.3.1. A dimensão ético-política – análise e compreensão da experiência convivencial II.3.1.1. Intenção ética e norma moral II.3.1.2. A dimensão pessoal e social da ética: o si mesmo, o outro e as instituições
Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
A experiência convivencial Experiência convivencial: Experiência de viver com os outros num espaço social comum, no qual são estabelecidas interações sociais relevantes, quer para o desenvolvimento pleno da humanidade de cada ser humano (os outros humanizam-nos) quer para obtermos dos outros o reconhecimento (pelo valor das nossas ações). => Viver num mundo de normas (regras de conduta) que orientam e limitam a nossa ação.
https://www.youtube.com/watch?v=u5651tdwyXo Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
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As normas morais • Normas morais: regras morais que estabelecem padrões de ação e de comportamento que orientam os indivíduos.
• A necessidade das normas para a vida social: Dizem aos indivíduos o que fazer e como fazer, permitindo que haja ordem no comportamento social e previsibilidade; Estabelecem limites ou o que fazer face ao impacto que as nossas ações e suas consequências podem ter nos outros, estabelecendo as fronteiras do errado e do certo; Obrigam os indivíduos a ter os outros em consideração quando agem, mantendo a coesão e a harmonia social.
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As normas morais
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As normas morais Insuficiência da norma moral para a intenção ética da ação: A norma moral estabelece apenas o certo e o errado do ponto de vista dos costumes de uma sociedade, não justifica por que razão a ação pode ser considerada certa ou errada em si mesma; A interiorização da norma moral através da consciência moral pode ser apenas externa (por ex., o receio da punição social); Ao contrário das normas morais, que apelam apenas à tradição («sempre foi assim» ou «é o que se costuma fazer»), a intenção ética da ação implica a sua justificação racional. Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
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A consciência moral • Ter consciência: sabermo-nos livres para escolher e, portanto,
responsáveis pelas consequências dos atos intencionalmente executados; é saber avaliar as consequências dos nossos atos, de acordo com critérios valorativos; é saber como queremos e deveremos viver (viver humanamente bem vs. Imbecilidade moral).
• A consciência é moral, no sentido em que contém uma escala
pessoal e hierarquizada da valores ético-políticos (tábua de valores), que orientam as nossas decisões e, portanto, a ação.
«O contrário de ser moralmente imbecil, é ter-se consciência. (...) O imbecil é aquele que precisa de bengala, ou seja, que precisa de se apoiar em coisas de fora, alheias, que nada têm a ver com a liberdade e reflexão pessoais.» (F. Savater, Ética para um jovem) Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
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A consciência moral: génese • Desenvolve-se durante o processo da socialização do indivíduo, i.e., em
interação com os outros e pela interiorização de valorações provenientes do hábito, dos costumes e das tradições da cultura em que está imerso. => fonte: a experiência. • A criança aprende e reproduz os hábitos e as normas assumidos pelo grupo social ou comunidade em que cresce, o que implica uma moral heterónoma (a “lei” moral vem de fora, do exterior do indivíduo). Mas, à medida que atinge a idade adulta, o Homem torna-se capaz de pensar e agir por si mesmo, isto é, ganha uma moral autónoma. • A autonomia (dar, a si mesmo, a própria “lei” moral que deve reger os seus atos) é o culminar de um processo de crescimento interior da própria consciência moral que implica pleno uso da Razão.
Quanto mais escuto e obedeço à minha consciência, mais livre e responsável sou => torno-me verdadeira e autenticamente humano, uma pessoa. Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
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A consciência moral A consciência é a “voz do juiz interior” (Kant) - É uma voz interior, que provém da Razão, que nos dita a lei moral (papel normativo: como deveremos agir) e aplica a sentença (papel crítico: procura impedir as ações inadequadas/más e condena os maus atos). - É uma espécie de tribunal da Razão, em que cada um de nós é, simultaneamente, JUIZ e RÉU, pois julgamos interiormente as ações de que fomos autores e atores.
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A consciência moral: atributos • APELATIVA: Guarda um conjunto de valores ético-políticos, que
nos atraem ou repelem, com maior ou menor intensidade (como estudámos anteriormente, os valores são bipolares e hierarquizáveis, segundo critérios pessoais, socioculturais e transpessoais);
• IMPERATIVA:
Dita imperativos morais, i.e., impõe-nos interiormente determinados valores e ordena-nos que executemos atos racionais, de acordo com aquilo que é considerado bom;
• JUDICATIVA: Emite juízos de valor sobre as nossas intenções e atos, orientando as decisões e julgando as consequências das ações;
• PUNITIVA: Atribui, interiormente, recompensas (louvor) ou castigos (remorsos), aplicando a avaliação/julgamentos das ações humanas.
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sentença
após
a
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Ética e Moral • Etimologicamente “ética” e “moral” têm um significado comum: Ética provém do termo grego ethos (significa modo de ser, caráter, costume, comportamento) enquanto Moral vem do termo latino mos ou mores (que significa hábito ou costume).
ÉTICA: área da Filosofia que estuda os valores morais
É uma reflexão sobre a Moral. Busca princípios universais e imparciais de ação.
Problema: Como devemos viver? Fornece conteúdos para a reflexão ética
MORAL
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Esclarece e fundamenta a moral
ÉTICA 10
Ética e Moral Moral - Moral efetiva, vivida
=> Vertente prática - Indica normas práticas de comportamento => O que se deve fazer em cada situação concreta
Ética - Moral reflexa, pensada
=> Vertente teórica - Pensa sobre princípios gerais de ação => Reflexão sobre o que é considerado bom
- Área da Filosofia que estuda os valores morais. - Conjunto de deveres do Homem, consignados nas leis Busca os princípios, gerais e imparciais, que e tradições (regras, obrigações, interdições). subjazem às normas morais. - Questões de legalidade ou costume => Imposição do exterior (sociedade)
- Questões de legitimidade => Imposição do interior (consciência moral)
- Existe: Obrigatoriedade Constrangimento Sanções para que cumpramos a lei Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
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Ética ÉTICA: «O visado de uma vida boa, com e para os outros, em instituições justas.»
(Paul Ricoeur) INSTITUIÇÕES
ELE
Justiça
INTENÇÃO ÉTICA
EU
Cuidado de si
Cuidado pelo outro
POLÍTICA
TU Estado
Direito
Natureza como morada/habitação
A ética constitui-se, no plano individual, como «a arte de construir a nossa própria vida». Mas como animais políticos/gregários que somos, a bondade (ou não) dos nossos atos estende-se à vida em sociedade e repercute-se nela bem como sobre o planeta em que habitamos.
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Ética DIMENSÕES
ÉTICA: «O visado de uma vida boa, com e para os outros, em instituições justas.» (P. Ricoeur)
Pessoal
TIPO DE RELAÇÕES Eu
TIPO DE VALORES Cuidado de si: vida boa (feliz/realizada)
Interpessoal e Eu-tu social
Cuidado pelo solidariedade
Política
Cuidado pelas instituições: justiça
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Eu-instituições
outro:
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Ética e Responsabilidade Responsabilidade ética: Tomar em consideração os danos ou benefícios decorrentes da ação, em especial os que podem afetar os mais frágeis; ter consciência de que as implicações da ação nem sempre são imediatas e localizadas, mas que podem estender-se no espaço e no tempo.
https://www.youtube.com/watch?v=E1rZFQqzTRc Filosofia 10º ano - MARINA SANTOS
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