A Inteligência - Psicologia

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1. Explicar o conceito de INTELIGÊNCIA • Definição de inteligência e seus factores. 2. Relacionar Inteligência e Pensamento • Definição de Pensamento e sua relação c/ a Inteligência. 3. Avaliar a polémica sobre a Inteligência e suas consequências sociais • Determinação do Q.I. e diferenças socioculturais. 4. Explicar os comportamentos criativos • Definição da Criatividade e da sua função. 5. Avaliar o papel da Intelig. Artificial actualmente • Definição de Inteligência Artificial e da sua importância. 2


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1. A definição de inteligência Inteligência = capacidade que os indivíduos possuem para se adaptarem às circunstâncias em que vivem. Capacidade de enfrentar situações novas e de resolver problemas de forma rápida e eficaz; Capacidade de utilizar eficientemente símbolos e conceitos abstractos; Capacidade de aprender rapidamente com a experiência e de adquirir conceitos novos.  Processo cognitivo complexo que implica capacidades de: adaptação, resolução de problemas; raciocínio; e aprendizagem. 4


INTELIGÊNCIA: INTELIGÊNCIA: Capacidade de de Capacidade Adaptação. Adaptação.

INTELIGÊNCIACONCEPTUAL CONCEPTUAL:: INTELIGÊNCIA Capacidade para para resolver resolver probleprobleCapacidade mas novos, novos, mediante mediante conceitos conceitos ee mas símbolos abstractos. abstractos. símbolos

INTELIGÊNCIAPRÁTICA: PRÁTICA: INTELIGÊNCIA Capacidade para para resolver resolver probleprobleCapacidade mas novos novos colocados colocados em em circunscircunsmas tâncias concretas, concretas, mediante mediante actos actos tâncias motores, criação criação ee adaptação adaptação de de motores, instrumentos. instrumentos.

INTELIGÊNCIASOCIAL*: SOCIAL*: INTELIGÊNCIA Capacidade para pararesolver resolvernovos novos Capacidade problemas interpessoais, interpessoais, recorrecorproblemas rendosobretudo sobretudoààintuição intuiçãono no rendo contactosociocultural. sociocultural. contacto

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ABSTRACTA CONCRETA VERBAL PRÉ-VERBAL

RACIONAL

FABRICADORA SENSORIAL e MOTORA

INTELIGÊNCIA PRÁTICA

FORMAL

INTELIGÊNCIA CONCEPTUAL

TEÓRICA LÓGICA

TÉCNICA EMPÍRICA

REPRESENTATIVA SIMBÓLICA

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• Contudo, tais distinções são apenas válidas no domínio conceptual, pois se considerarmos a inteligência como capacidade do Homem se adaptar às circunstâncias, tal distinção deixa de ter sentido  Mesmo os problemas práticos do quotidiano requerem soluções em que o domínio conceptual (e social) intervém. Inteligência prática

PROBLEMA

Inteligência conceptual

PROBLEMA PROBLEMA

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1.2. A composição da inteligência Concepções unitárias 1. Charles Spearman: a inteligência como capacidade geral.

Concepções multifactoriais 2. Lewis Thurstone: a concepção multifactorial da inteligência. 3. Howard Gardner: a teoria das inteligências múltiplas.  são abordagens factoriais da inteligência: método estatístico para separar um constructo (a inteligência, neste caso) em diversos factores ou habilidades que se crê formarem a base das diferenças individuais no desempenho dos testes.  a base deste método é o coeficiente de correlação - neste caso, o Q.I. => mensurar e quantificar a inteligência. 8


C. Spearman: a inteligência como capacidade geral Factor G (Geral): capacidade global semelhante em todas as pessoas e que difere entre elas somente em grau.  Inteligência geral, em grande parte inata, base das nossas aptidões intelectuais específicas.  É uma inteligência geral, comum a todas as actividades intelectuais, expressando uma «energia mental» sobre a qual se estabelecem e desenvolvem aptidões específicas (factores S). S  Factores específicos alvo de testes: aptidão verbal, percepção espacial e raciocínio lógico-matemático. Spearman verificou uma tendência estatística: as pessoas que obtinham resultados eleva-

G

dos num teste de aptidão específica tinham igualmente elevado desempenho nos demais testes => hipótese do factor G

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Thurstone: a concepção multifactorial da inteligência Criticou os testes de inteligência destinados a apurar o Q.I., pois a escala em uso sobrevalorizava o factor G. Substitui essa escala por uma bateria de testes que mostrasse os níveis atingidos pelos sujeitos no domínio de 7 capacidades básicas: APTIDÕES MENTAIS PRIMÁRIAS

EXEMPLOS

COMPREENSÃO VERBAL FLUÊNCIA VERBAL APTIDÃO NUMÉRICA RELAÇÕES ESPACIAIS MEMÓRIA RACIOCÍNIO RAPIDEZ DE PERCEPÇÃO

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Ea inteligĂŞncia dos animais?

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1.3.Instrumentos de medida da inteligência Os primeiros psicólogos que, no final do séc. XIX, trabalharam no domínio da inteligência centraram-se na criação de testes que tivessem aplicação prática na medição da inteligência, inteligência deixando de lado as questões teóricas acerca da sua natureza  Definição operacional do conceito, em termos dos testes construídos para a medir: «Inteligência é aquilo que o meu teste mede» (Alfred Binet)

Estudaremos 2 categorias inteligência: 1. Escala de Stanford-Binet; 2. Escalas de Wechsler.

de

testes

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de


1. Escala de Stanford-Binet  Influências:

Alfred Binet (1857-1911) Psicólogo francês

• Estudante de: Charcot • Influenciado por: John Stuart Mill, Simon, Terman e Goddard.  Confere operacionalidade aos testes de inteligência. • Binet enfatiza o pensamento abstracto, em vez de capacidades sensoriais, (como fizera Francis Galton) ou trempos de reacção a estímulos visuais (Cattell).  Desenvolve os testes a pedido do governo francês, com o intuito de identificar crianças com problemas de aprendizagem em contexto escolar. • Publica o 1º teste no âmbito das aptidões mentais em 1905, com posteriores revisões em 1908 e 1911. 13


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Itens para o teste de Stanford-Binet

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É ao americano Cattell que se deve a expressão “teste mental” (1890)

Q.I.

Classificação de Terman

80-90 90-109 110-119 120-140

Lentidão Inteligência média Inteligência superior Inteligência muito superior

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Idade mental: diagnóstico dos residentes em Vineland, testados segundo uma versão traduzida de Simon-Binet: Idade Mental: Binet-Simon

Diagnóstico

Número de Residentes

I e II

Idiota

73

III a IV

Imbecil

205

VIII a XII

Débil mental

100

«Quase fui vítima destes testes. Aos 15 anos, tive uma classificação no Q.I. de 82, isto é, 3 pontos acima das classes de educação especial. Depois deste resultado, o orientador escolar sugeriu-me a construção civil, porque era ‘hábil com as mãos’. O meu fraco Q.I. não me permitiu, apesar de tudo, considerar essa escolha desejável.» (Robert Wiliams, psicólogo americano negro)

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Uma distribuição teórica da inteligência

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1.4. Críticas aos testes de inteligência 1. Levam a pensar que o valor do QI é sinónimo de inteligência 2. Avaliam apenas as aptidões relativas ao sucesso escolar; 3. Não avaliam as capacidades para lidar c/ problemas práticos da vida social; 4. Não avaliam as capacidades criativas; 5. Estigmatizam os sujeitos de baixo Q.I.; 6. Prejudicam pessoas social e culturalmente desfavorecidas; 7. Prejudicam os que têm boas capacidades não académicas; 8. Determinam, em larga medida, o futuro escolar e profissional de crianças e jovens. 19


Dever-se-á abolir os testes? Abolir os testes poderia conduzir a situações eventualmente ainda mais injustas e discrimatórias: O acesso de qualquer candidato a uma escola, curso ou emprego correria o risco de depender de critérios subjectivos e arbitrários de quem toma as decisões, sabendo que os decisores não são imunes a preconceitos raciais, religiosos ou políticos, entre outros (consciente ou inconscientemente). Além disso, os testes de Q.I. são bons preditores do sucesso escolar, desde que sejam aplicados dentro de certos limites. 20


O quê

Limites de aplicação e validade dos testes

Quem

A quem

Para quê

Não podem usar-se testes que não apresentem qualidades metrológicas adequadas. Só podem ser aplicados por profissionais devidamente credenciados. Não podem ser aplicados a sujeitos que não pertençam à população para que foram construídos. Só devem ser utilizados em sujeitos familiarizados com estes e motivados para a sua realização. Só podem ser utilizados para prever o rendimento escolar. Não se podem fazer inferências acerca daquilo que o teste não mede. 21


Técnicas psicométricas:

 1. 2. 3. 4.

Os testes são técnicas psicométricas que visam avaliar comportamentos, características psicológicas ou mentais dos sujeitos. Há 3 tipos de testes: de aptidão, personalidade e inteligência. Para serem um bom instrumento de medida devem possuir certas qualidades metrológicas: metrológicas PADRONIZAÇÃO: sendo provas estandardizadas, devem ter a mesma estrutura, cotações e avaliação, e serem aplicadas nas mesmas condições a todos os sujeitos. VALIDADE: deve definir claramente o objectivo e medi-lo efectiva-mente. FIDELIDADE: um teste, ao ser aplicado ao mesmo sujeito e nas mesmas condições, deve produzir resultados iguais ou semelhantes. SENSIBILIDADE: um teste é tanto melhor quanto mais ampla for a escala de classificação e mais diferenças identificar entre os sujeitos. 22


O PENSAMENTO  Pensamento: sequência interna de actos mentais dirigidos e subordinados a um objectivo final, que consiste na resolução de um problema. => estratégias intelectuais de resolução de problemas.  A mente, sistema de construção do mundo: O sentido do mundo e da vida não reside nas coisas, mas na mente de quem as percepciona, cuja autoorganização se processou de um modo singular, num sistema único de interacções com a realidade física, social e histórica. => o poder da mente criar significados para atribuir sentido às situações e vivências de cada sujeito. => a situação é sempre uma situação-para-nós, uma projecção das vivências pessoais que a transformaram em algo subjectivo, com um sentido próprio. 23


«Na época em que uma pessoa endividada podia ser atirada para a prisão, um mercador londrino teve o azar de dever enorme soma de dinheiro a um prestamista. Este, que era velho e feio, encantou-se pela jovem e linda filha do mercador. Propôs então um acordo: cancelaria a dívida do mercador se pudesse casar com a sua filha. O mercador e a filha ficaram horrorizados. (...) O esperto prestamista propôs que se deixasse a solução do caso à Divina Providência. Colocaria um seixo preto e um outro branco dentro de uma bolsa vazia e a jovem deveria então retirar um deles. Se retirasse o seixo preto, tornar-se-ia sua esposa e a dívida seria cancelada; se retirasse o seixo branco, permaneceria com o pai e mesmo assim a dívida seria saldada. Mas no caso da jovem se recusar a retirar um seixo, o pai iria para a prisão e ela morreria de fome. O mercador concordou relutantemente.(...) O prestamista inclinou-se para apanhar dois seixos e, ao fazê-lo foi visto pela jovem (...) a apanhar dois seixos pretos e a colocá-lo na bolsa. Então, pediu à jovem que escolhesse o seixo que indicaria a sua sorte.» O que deveria a jovem fazer face a tal situação? 24


Pensamento convergente

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Pensamento divergente

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2 tipos de pensamento: PENSAMENTO CONVERGENTE Capacidade de elaborar soluções partindo dos conhecimentos, experiências e raciocínios lógicos; Processo em que a análise dos dados converge para uma única solução; Visa uma resposta que surge como a melhor, a mais correcta e eficaz; Predominam as operações mentais do tipo lógico-dedutivo.

PENSAMENTO DIVERGENTE Exploração cognitiva de várias soluções diferentes e inovadoras para um mesmo problema; Capacidade de pensar e de explorar mentalmente soluções originais; Implica uma enorme flexibilidade mental; Predomina a intuição em vez de operações lógico-dedutivas. Inovação/ originalidade; Pensamento intuitivo; Elevado índice de flexibilidade mental.

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Complementaridade dos 2 tipos de pensamento «A imaginação, a inspiração, a intuição e a criação de ideias que são próprias do espírito terão como companheiros a memória e a capacidade de calcular que são próprias do computador.» (J.J. Servin-Schreiber, Le défi Americain) A inteligência humana funciona como um todo, apesar de utilizar diferentes processos que visam responder adequadamente às situações mais variadas. Tais processos jogam-se em 2 pólos - pensamento convergente e pensamento divergente - que se apoiam mutuamente e desempenham funções complementares. Ex: o cientista, para imaginar as hipóteses explicativas dos fenómenos, recorre essencialmente ao pensamento divergente; uma vez encontrada a explicação, terá de a fundamentar logicamente, que implica o pensamento convergente. 28


1.5. Inteligência e Criatividade A criatividade está directamente ligada ao pensamento divergente. 1.

2.

3.

Características do pensamento criativo: Originalidade: Originalidade característica fundamental do pensamento criativo, que consiste na produção de algo novo, na descoberta de novas soluções, formas e expressões. Fluidez: Fluidez capacidade de imaginar e produzir muitas respostas para um problema ou situação, que implica grande mobilidade de pensamento. Flexibilidade: Flexibilidade resulta das características anteriores, apontando para um pensamento versátil e flexível visando várias soluções para um problema. 29


Edward De Bono, Os 6 chapéus do pensamento Isso

Nós/Ele/Ela/Tu

Eu/Mim

Branco (Factos)

Amarelo (Sociabilidade +)

Vermelho (Intuição)

Azul (Processos)

Preto (Sociabilidade -)

Verde (Criatividade)

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Características das pessoas criativas 1. Reagem positivamente a elementos novos, estranhos e misteriosos; 2. Persistem em examinar e explorar estímulos para melhor os conhecer; 3. São curiosas, gostam de investigar e fazer muitas perguntas; 4. Apresentam formas originais e inovadoras de resolver problemas; 5. São independentes, individualistas e auto-suficientes; 6. Têm grande imaginação e fantasia; 7. Vêem relações entre objectos; 8. Têm sempre muitas ideias; 9. Preferem ideias complexas e a rotina incomoda-os; 10. São capazes de ocupar o seu tempo de forma produtiva, sem ser necessária motivação extrínseca. 31


2. Factores de inteligência 1. 2. 3.

INTELIGÊNCIA e HEREDITARIEDADE; INTELIGÊNCIA e MEIO AMBIENTE; INTELIGÊNCIA e EXPECTATIVAS. A hereditariedade estabelece limites ao modo como utiliza-mos os instrumentos culturais que o meio coloca ao nosso dispor. O grau de estimulação fornecido pelo meio, em interacção com o potencial genético, influencia - tanto quanto podemos saber - a capacidade que denominamos inteligência. 32


INTELIGÊNCIA e HEREDITARIEDADE PROVAS DA IMPORTÂNCIA DA HEREDITARIEDADE: • O Q.I. de gémeos monozigóticos educados no mesmo meio apresenta mais semelhanças do que o Q.I. de gémeos dizi-góticos, irmãs, irmãos ou primos. • O Q.I. de crianças adoptadas assemelha-se mais aos dos pais biológicos do que aos dos pais adoptivos. • O Q.I. de gémeos idênticos (os quais possuem os mesmos genes) separados à nascença ou pouco depois é muito semelhante ao de gémeos idênticos educados juntos. Hereditariedade não é destino! 33


INTELIGÊNCIA e MEIO AMBIENTE PROVAS DA IMPORTÂNCIA DO MEIO: • Os estudos com gémeos monozigóticos revelam que estes quando são criados juntos apresentam um nível intelectual superior ao daqueles que foram separados ou pouco depois e educados em meios distintos; • Nos estudos sobre adopções concluiu-se que crianças sem qualquer parentesco que são educadas no mesmo ambiente familiar revelam uma significativa semelhança quanto ao seu Q.I.; • A média dos resultados em testes de Q.I. aumentou substancialmente um pouco por todo o mundo (escolarização e meios de comunicação social); • Aqueles que vivem em meios cultural e intelectualmente estimulantes obtêm melhores resultados em testes de Q.I. do que os demais. 34


Correlação do QI em função da semelhança genética

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Expectativas e Inteligência Criação e aproveitamento de situações encorajadoras de tomadas de decisão.

Criação de um ambiente familiar emocionalmente estável e intelectualmente estimulante. Interesse pelos aspectos respeitantes à educação e desenvolvimento intelectual.

Reforço da utilização correcta da língua materna.

Promoção de idas a Bibliotecas.

Incentivo à leitura de jornais, revistas e publicações de qualidade.

AS EXPECTATIVAS TRADUZEM-SE EM COMPORTAMENTOS QUE INCENTIVAM O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

Preocupação com o tempo destinado à televisão e com a qualidade dos programas.

Valorização das questões e realizações educativas. Interesse pelos assuntos respeitantes à escola frequentada pela criança.

Atenção permanente aos resultados escolares obtidos pela criança.

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