Valores e cultura

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II. A AÇÃO HUMANA E OS VALORES II.2. Os valores – Análise e compreensão da experiência valorativa

II.2.2. Valores e cultura – a diversidade e o diálogo de culturas


Conteúdos • Conceptualização: • • •

A) Cultura; B) Padrões culturais; C) Identidade cultural A questão antropológica Desafios da globalização O problema da diversidade cultural: 1. Monoculturalismo e Etnocentrismo; 2. Multiculturalismo; 3. Relativismo cultural/ moral; 4. Interculturalismo e Diálogo cultural A questão da tolerância

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A) CULTURA • CULTURA = um todo complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, os artefactos, a arte, a moral, as leis, os costumes e todas as disposições e hábitos criados e adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade, transmitido de geração em geração, e que define e diferencia os grupos sociais.

• As

culturas são constituídas por elementos instrumentais (materiais) e ideológicos (tradições, crenças, etc.).

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A) CULTURA  É um modo de adaptação (mais rápido, versátil e eficaz

do que a adaptação orgânica);  É um conjunto de respostas às necessidades e desejos humanos;  É informação (um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e vindouros);  É um sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e se confere significado à vida;  É fator de humanização (só com a ajuda os outros adquirimos e atualizamos características humanas). FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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B) Padrões de cultura • A relatividade cultural é um facto: as comunidades humanas desenvolveram elementos culturais diferentes, i.e., padrões culturais. Cada comunidade/grupo tem maneiras de sentir, pensar e agir específicas e distintivas. • Padrões de cultura: modelos de pensamento, atitude e comportamento próprias de uma dada cultura, que orientam os processos de interação social e enquadram as experiências individuais e coletivas. • As atitudes e comportamentos individuais são influenciados pelos padrões culturais: estes contribuem para a resolução dos problemas práticos do quotidiano dos indivíduos e grupos, para fomentar a coesão social e para a determinação da sua identidade.

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C) Identidade cultural • Identidade cultural:

etnia

sentimento de integração e de pertença a um grupo que é, ao mesmo tempo, um modo de diferenciação face a outros indivíduos e grupos sociais. Dentro das culturas há subculturas: grupos com padrões culturais específicos que lhes conferem uma identidade própria, permitindo identificá-los e também distingui-los dos demais. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A questão antropológica • Cada ser humano recebe uma dupla herança:  NATURAL – o potencial genético herdado;  CULTURAL – influências ambientais em que se desenvolve e humaniza, um meio que lhe permite atualizar (ou não) o seu património hereditário . => O Homem é um ser biocultural: o seu comportamento resulta de fatores biológicos, bem como da influência que o meio sociocultural exerce sobre si. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A questão antropológica • A cultura como aperfeiçoamento do homem: O homem, enquanto ser biológico, é incompleto; a sua humanidade só se atinge plenamente quando integrado num grupo social onde adquire instrumentos culturais que permitem o pleno desenvolvimento das suas potencialidades biológicas e da sua humanidade.

• Relação entre cultura e valores: Os valores funcionam como referenciais axiológicos de ação, levando as culturas a concretizar os valores, em especial os que são considerados superiores por cada cultura.

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SER HUMANO HEREDITARIEDADE Inacabamento biológico compensado por cérebro complexo e predisposto para comportamentos superiores.

CULTURA Capital colectivo dos instrumentos adquiridos e dos saberes aprendidos, transmitidos de geração em geração, através do processo de socialização.

PRODUTO e PRODUTOR de cultura: unidade bio-psico-sócio-cultural

«Sem o Homem não há cultura, mas sem cultura não há Homem.» FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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Problema da diversidade cultural Como articular Identidade e Diferença? Como articular:

 A ideia de que a identidade cultural é fundamental para a construção do ser humano como pessoa

e

 A existência de uma pluralidade de culturas e sistemas de valores

que nos leva a refletir sobre como é possível viver com a diversidade num mundo globalizado e como lidar com a diferença quando coloca em causa valores que consideramos fundamentais. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A Globalização • GLOBALIZAÇÃO: processo político, económico e cultural, característico das sociedades contemporâneas, que se traduz no facto de a vida de um número crescente de países ser afetada por influências internacionais (económicas, sociais, políticas, etc.).

• Os países tornam-se cada vez mais interdependentes devido a processos económicos e políticos de integração, aproximação e conciliação, estabelecidos através de redes de comunicação, transportes e de produção. Simultaneamente assiste-se a fenómenos de dominação e de conflito entre países.

• A globalização cultural consiste na partilha universal de modos de ser e de estar que até há relativamente pouco tempo eram apenas característicos de determinados povos e culturas. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A Globalização • Algumas culturas debatem-se contra um fenómeno de massificação e homogeneização cultural que ameaçam a sua identidade cultural.

• Os fenómenos de globalização e de empobrecimento de alguns povos deram origem a extensos movimentos de migração, sobretudo em direção à Europa.

 Hoje convivem no mesmo espaço político dezenas de culturas e práticas culturais diferentes.

 Desse convívio, muitas vezes forçado, surgem questões: Como conciliar a igualdade e a diferença? Se os padrões de cultura de uma cultura chocarem com os nossos valores culturais, como devemos agir? FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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Posições sobre o problema da diversidade cultural 1. Monoculturalismo: defende a homogeneidade cultural pela imposição de uma cultura oficial dominante, promovendo a assimilação. 2. Multiculturalismo: defende a coexistência, num mesmo espaço, de diferentes culturas - o que, quando associado ao relativismo cultural, leva apenas à justaposição de culturas. 3. Relativismo cultural: defende que cada cultura tem um modo próprio de resolver as questões que se colocam ao Homem e que, por isso, não há culturas boas ou más, apenas diferentes. 4. Interculturalismo: a posição atualmente defendida para lidar com o problema da diversidade cultural, em especial nas situações em que num mesmo espaço político coabitam várias culturas, por vezes antagónicas. Promove o diálogo intercultural visando a paz e o progresso dos povos.

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Posições sobre o problema da diversidade cultural MONOCULTURALISMO

MULTICULTURALISMO

INTERCULTURALISMO

Só a minha cultura é boa. Todas as culturas são boas. Todas as culturas têm aspetos bons. Defende a homogeneização Defende a coexistência/ Defende a aproximação e cultural. coabitação de culturas. interpenetração entre culturas. => ETNOCENTRISMO

=> RELATIVISMO

=> DIÁLOGO intercultural

O sistema de valores Não devemos emitir juízos de É possível o enriquecimento mútuo e prevalecente na cultura deve valor sobre outras culturas – o o progresso, baseado na Razão e ser promovido e assimilado. que é bom depende da cultura. critérios transubjetivos de valoração.

Fonte: Maria Abrunhosa, Um Outro Olhar sobre o Mundo, 10º FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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Posições sobre o problema da diversidade cultural

Monoculturalismo

Multiculturalismo

Interculturalismo Fonte: I. Bernardo & C. Vale, Reflexões, 10º FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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1) Monoculturalismo e Etnocentrismo MONOCULTURALISMO Posição política que defende a existência de uma única cultura oficial e promove a homogeneização cultural. ETNOCENTRISMO Posição que valoriza a cultura de origem do indivíduo que emite o juízo de valor em detrimento das outras.

Implicações - Reforça a coesão social e a identidade cultural dos indivíduos. - Pode provocar situações de isolamento, racismo, xenofobia, etc. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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2) Multiculturalismo MULTICULTURALISMO Posição que defende a coexistência/ coabitação de diversas culturas num mesmo espaço/ país. RELATIVISMO CULTURAL Posição que defende que cada cultura tem o seu valor intrínseco, não devendo os seus padrões ser valorados a partir do exterior.

Implicações - Predispõe para a tolerância e eventual aceitação do outro. - Pode levar ao relativismo axiológico/ moral. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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3) Relativismo cultural • A relatividade caracteriza a vivência dos valores. Assim, a “tábua de valores” (as preferências e rejeições e respetiva hierarquia) variam em função da pessoa, do grupo social e da sua cultura.

• Relativismo cultural: ideia de que muitos costumes e práticas que variam de sociedade para sociedade (como os hábitos alimentares, as cerimónias de casamento ou o estilo de vestuário) são relativos à cultura: não há uma maneira de comer, casar ou vestir, que seja universalmente melhor do que todas as outras.

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3) Relativismo cultural • Será contudo possível haver valores universalmente válidos? • O relativismo axiológico defende que os valores de uma pessoa ou de um grupo são tão bons e tão válidos como os de quaisquer outras pessoas ou grupos.

• Tal teoria será correta mesmo tratando-se de valores como o bem, o belo ou a justiça? Não deveremos preferir sempre a verdade à mentira ou o amor ao ódio?

• O relativista moral estende esta ideia, quase trivial, aos valores morais. Aplicada à ética, no entanto, a ideia deixa de ser trivial e, pode mesmo ser perigosa… FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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3) Relativismo cultural • Afirma que a verdade ou falsidade dos juízos morais é sempre relativa a uma certa sociedade. => um juízo moral é verdadeiro numa sociedade quando a maioria dos seus membros acreditam que é verdadeiro; falso quando creem que é falso. • Na ética não há verdades universais. Os juízos morais são interpretados em termos de aprovação social. O bem e o mal morais são meras convenções estabelecidas dentro de cada sociedade. => “X é bom “ ou “X é moralmente correto” significa “ A sociedade/ grupo aprova X”. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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3) Relativismo cultural Argumentos/razões que sustentam a teoria: • Argumento da diversidade cultural: dado que em culturas diferentes as pessoas têm convicções morais distintas, os relativistas concluem erradamente que as verdades morais são relativas à cultura (argumento inválido: da existência de desacordos morais não se segue que não haja verdades morais objetivas). • Promove a tolerância entre sociedades diferentes: abstemo-nos de julgar os costumes e práticas de outras sociedades diferentes da nossa, pelo que não há uma atitude destrutiva em relação aos outros povos e culturas – lema: “vive e deixa viver” • Promove a coesão social: é bom aquilo que a minha sociedade considera correto, portanto ao adotarmos os seus hábitos e costumes contribuímos para a coesão social - fundamental para a sobrevivência da sociedade e para o nosso bem-estar. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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Objecções ao relativismo cultural/moral a) O relativismo cultural/moral conduz ao conformismo: • O relativismo parece dizer que nos devemos conformar à opinião da maioria, anulando as nossas próprias opiniões. Mas a maioria pode estar enganada. • Um conformista limita-se a agir de acordo com as ideias dominantes na sociedade. Ora, na ausência de algum inconformismo, limita-nos a aceitar tudo – mesmo o que objetivamente é nefasto para nós e para a sociedade – e, assim, não pode haver progresso moral. b) O relativismo só aparentemente promove a tolerância entre culturas: • A tolerância nem sempre é desejável: Se aceitarmos o relativismo, não podemos criticar nem tentar convencer outros povos de que estão errados. Estamos condenados à passividade, contudo há comportamentos intoleráveis. • Conduz à aprovação da intolerância: Se o que uma sociedade aprova é moralmente correto, então se a intolerância (humilhação, perseguição, destruição de pessoas) for aprovada pela maioria, terá de ser aceite. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A tolerância

A tolerância é uma virtude? Deveremos tolerar tudo ou há limites? Quais são os limites do intolerável? FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A tolerância • Tolerância: abstermo-nos de agir contra o que reprovamos, contra o que nos é politicamente contrário ou contra o que é diferente. provém do termo latino “tolerare” que significa sustentar, suportar. • A pessoa que tolera faz um juízo negativo da coisa tolerada (considera que é uma ideia falsa ou uma ação incorreta, ou então que é algo de mau gosto ou perigoso, etc.) mas não tira consequências práticas desse juízo negativo (não age contra a coisa tolerada, não a reprime, não tenta impedir a sua expressão pública, se é uma ideia, nem impedir a sua realização, se é uma ação). • A pessoa tolerante poderia não o ser e não suportar a existência daquilo que tolera, mas decide suportar porque tem razões (valores superiores) para o fazer => Não é aprovação nem reconhecimento ! FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A tolerância • Tolerância: é uma virtude (disposição estável em ordem a praticar o bem) necessária para elevar o ser humano à condição de civilidade e faz parte do processo de desenvolvimento ético dos indivíduos e grupos.

• «Pequena virtude, mas necessária. Pequena sabedoria, mas acessível.»: «às vezes é necessário tolerar o que não se quer nem respeitar nem amar. (…) Há, o intolerável, que cumpre combater. Mas há também o tolerável, que é contudo desprezível e detestável. (…) Essa pequena virtude convémnos: está ao nosso alcance e alguns de nossos adversários, parece-nos, não merecem muito mais…» (André Comte-Sponville)

• A tolerância "é uma espécie de sabedoria que supera o fanatismo, esse terrível amor à verdade“ (Alain) => prevenção contra o dogmatismo, para que este não se torne fanatismo (na dimensão pessoal), fundamentalismo (na dimensão religiosa) ou totalitarismo (na dimensão política). FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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A tolerância Quais são os limites da tolerância?

• 1º distinguir: 1) o que merece aprovação; 2) o tolerável; e 3) o intolerável. • A tolerância só vale dentro de certos limites, que são os de sua própria salvaguarda e a preservação de suas condições de possibilidade. É o que Karl Popper denomina “paradoxo da tolerância”: Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e, com eles, a tolerância.

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4) Interculturalismo e Diálogo Intercultural INTERCULTURALISMO Posição política que defende a existência da aproximação e interpenetração entre culturas, num jogo entre o intercâmbio e o respeito pela diferença.

Implicações:

DIÁLOGO INTERCULTURAL Posição que defende a comunicação entre culturas num diálogo assente na possibilidade de existirem valores comuns/universais.

- Defende a natureza plural e diversificada da cultura humana. - Promove o contacto e a compreensão entre comunidades diferentes. - Considera haver valores universais (c/ critérios transubjetivos de valoração). FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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4) Interculturalismo • Defende que é possível, através do diálogo intercultural e com base em critérios transubjetivos de valoração, conciliar a igualdade e a diferença se se procurar compreender ativamente o outro, não apenas com base no respeito e no direito à diferença, mas também com base no princípio de que existem pontos comuns entre as comunidades culturais e de que existem valores e direitos universais. => Encontrar interesses comuns e contribuir para o progresso moral da Humanidade (uso das capacidades de pensar e valorar); => Reconhecimento e aceitação do outro, no seu direito à diferença e dignidade como pessoa; => Fundamentação racional para Declarações Universais, quer dos Direitos Humanos, quer em defesa dos animais e da natureza. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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Apesar das nossas diferenças, partilhamos um mesmo mundo. O diálogo intercultural poderá levar-nos para além da tolerância, reconhecendo a humanidade dos outros e aceitando o valor de padrões culturais diferentes dos nossos. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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Título original: Persepolis De: Marjane Satrapi, Vincent Paronnaud Com :Chiara Mastroianni (Voz), Catherine Deneuve (Voz), Danielle Darrieux (Voz) Género: Drama, Animação Classificação: M/12 Outros dados: FRA/EUA, 2007, Cores e P/B, 95 min. Links: http://www.sonyclassics.com/persepolis/

https://www.youtube.com/watch?v=U9xKsAZURNU

SINOPSE: “Persépolis" é a história de uma menina que cresce no Irão durante a Revolução islâmica, a história autobiográfica de Marjane Satrapi, que já dera origem a quatro livros de banda desenhada. É através dos olhos da destemida Marjane, de nove anos, que é vista a esperança de um povo ser destruída quando os fundamentalistas tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas. Inteligente e extrovertida, Marjane consegue, mesmo apesar das proibições, descobrir a cultura punk, os Abba ou os Iron Maiden. Mas quando o tio é cruelmente executado e as bombas começam a cair sobre Teerão durante a Guerra com o Iraque, o medo começa a ganhar forma. E a ousadia de Marjane torna-se uma preocupação para os pais que acabam por tomar a difícil decisão de a enviar para uma escola na Áustria. Aí, sozinha, Marjane é confundida com o fundamentalismo religioso, exatamente aquilo de que fugiu do seu país. Mas, com o tempo, acaba por ser aceite. Quando termina o liceu, Marjane decide regressar ao Irão, mas aos 24 anos percebe que não pode continuar a viver no seu país, que trocará pela França, numa decisão cheia de otimismo face ao futuro. FILOSOFIA - 10º ano - MARINA SANTOS

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