talk TOP MODELS DAVID BAILEY JACKIE O KARIM RASHID RALPH LAUREN ESPECIAL
EDIÇÃO Nº 27 n 2016
9 772236 323000
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Days of Wine and Roses
R$ 12,00
Kate Moss Foto de David Bailey, do livro Stardust Memories
| NOTEBOOK DE CLAUDIO SCHLEDER |
Karlie Kloss, veterana de 23 aninhos, distribui cookies para a galera
Midas models
Nosso artista e repórter Claudio Parreiras é que conta: “Nos anos 90 o explosivo fenônemo da Santissima Trindade, três nomes mágicos Christy, Linda e Naomi vão redefinir o próprio status de modelo. The Trinity se transforma em quinteto invencível com Tatjana Patitz e Cindy Crawford. Os desfiles são tão concorridos quanto os concertos de rock, as sessões de fotos ganham proporções cinematográficas e estas garotas são as novas celebridades eclipsando todas as outras sobre as capas das revistas. Coco Chanel foi a primeira a ter a idéia de convidar meninas de boa família e jovens da sociedade para desfilarem. A platéia se identificava, a estratégia deu certo! Karl Lagerfeld se mantém fiel à Mademoiselle lançando estas meninas ao Zenith. Passam a ser idolatradas como stars de Hollywood. Tudo que tocavam virava ouro! O poder atrativo e comercial que exerciam era incalculável. E a frase de Linda Evangelista: ‘Não saio da cama por menos de 10 mil dólares’ – tarifa anos 90 – tornou- se um leitmotiv.”
Diretor Geral Claudio Schleder Diretor Comercial Fabio Curi Diretor de Marketing Alexandre Soares
Editor Claudio Schleder Direção de Arte RL Markossa colaboradores Redação Bronie Lozneanu Camila Rodrigues Cosette Jolie Izabel Mandl Melina Schleder Tatiana Sasaki colaboradores Fotografia Marcelo Spatafora Tábata Schleder Revisão Patricia Mendes Diretor Comercial Fabio Curi Gerente de Publicidade Claudio Schleder Filho Contato de Publicidade Rafael Curi Impressão e Acabamento Prol Gráfica
é uma publicação de Om.Com Comunicação e Mídia Manager Publicidade Redação e Administração Rua Jerônimo da Veiga, 428 – 8º Andar – CEP: 04536-001 Tels.: 55(11) 3078-7716 (editorial) | 55(11) 3876-8614 (comercial)
capa Kate Moss, fotografada por David Bailey para seu livro Stardust Memories
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São Paulo: Cidade Jardim 11 3552 8000 · Higienópolis 11 3662 2525 · Ibirapuera 11 5096 1714 · JK Iguatemi 11 3152 6180 · Iguatemi São Paulo 11 3032 4230 · Morumbi 11 5184 0775 · Oscar Freire 11 3068 8811
Rio de Janeiro: 21 3252 2744 · Brasília: 61 3361 3051 · Campinas: 19 3255 8922 · Curitiba: Barigui 41 3373 4797 · Batel 41 3026 3150 Belo Horizonte: 31 3505 5155
Ben Wiseman
| THE TALK OF THE TOWN |
Leitura entre os
lençóis de mil fios Lessons from Madame Chic, não agüento acordar com mais um twitter da minha amiga parisiense, apitando no meu iPhone. Cada dia ela posta uma dose do best seller escrito por uma americana pra lá de largada de L.A., que chegou em Paris e se deslumbrou com a naturalidade cheia de charme e a sofisticação da mulher parisiense. Hoje por exemplo, o tema foi o ‘dia do lanche’, dizendo que as francesas jamais cometem esse pecado. “Chérie, non pode ser como você que vive querendo comer biscuits, bonbon e chocolat no meio da tarde, ou quel horreur!, atacando a geladeira antes de dormir. La vraie parisienne jamais comete esse crime”. Logo ela falando isso, que é só passar no free shop e sai cheia de sacolinhas de guloseimas e quando chega por aqui só fala em comer e beber! E eu tenho que me desdobrar para agradála, correndo atrás do último bistrot e do bar mais hypado. E depois me esfalfo três meses na academia para compensar o estrago... Outro comentário que minha parisiense postou nesta semana que passou: “Vocês brazucas têm o hábito de “reserver” as melhores roupas para ocasiões especiais. Ici à Paris, nós sempre estamos usando as peças bacanas à qualquer hora do dia. La leçon é ter poucas peças, de bon goût et d’excellente qualité.” Não me diga, poucas peças... Quando ela chega aqui no Brasil com dois baús da Vuitton quase explodindo de cheios... E esse twitter que aterrisa agora da tresloucada: “Incorpore simple exercices physiques ao seu dia a dia, fazendo como eu, subindo e descendo seis andares avec joie. A vida em Paris est active, e o resultado deste hábito, santé, santé, santé! Et autre chose, nada de faxineira, limpe tout você messsmaaa, et vive la forme!”
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Não pode ser mais falsa, a parisiense sobe seis lances de escadas por que nunca teve elevador no prédio dela. E diz pra dispensar a faxineira por que nunca se deu esse luxo. Outro dia, outra dica parisiense: “Cultive o garde robe enxuto, organize sua bagunça e diga não ao consumismo. Garder ou acheter objetos demais dificulta a arrumação e é um prato cheio para o caos. Assim como foi feito com o guarda-roupa, livrez-vous daquilo que não serve plus et viva em um ambiance arrumado.” Ora bolas, é assim mesmo, por isso que quando a visito em Paris, seu studio está sempre na maior bagunça, com sapatos, bolsas, plumas e boás espalhados por todos os cantos. Eis que chega mais um torpedo no celular com a mensagem de fim de semana: “Dê uma faxina geral no armário, doe o que não usa mais e fique apenas com o que é réelment nécessaire. Invista em diferentes combinations e você nunca vai parecer maltrapilha.” Eu leio a mensagem e respondo com um email bem seco: “Casa de ferreiro, espeto de pau! Para boa entendedora, mesmo francesa, meia palavra basta...” Depois de quase dez dias de silêncio total e de paz, eis que aparece o nome dela na minha caixa de mensagens: “Nouveauté! J’adore maintenant le livre de Sophie Fontanel, The Art of Sleeping Alone, parfait para nós duas”. Meu Deus, eu penso, o quê vem por aí, a louca acha que fiz voto de castidade como ela... E ela comenta triunfante: “A autora do livro explica, ‘Eu escolhi viver a pior das insubordinações de todos os tempos, não ter vida sexual, isso durante doze anos...’” Estou desconfiada, ou melhor, tenho certeza que o objetivo de minha amiga é fazer minha cabeça, não sou como ela e me recuso a continuar na maior solidão, mesmo que seja um gesto muito parisiense, ultra feminino e podre de chic... – Cosette Jolie
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THE BEST NO CARMEL VALLEY Com sua paisagem exuberante, o Carmel Valley abriga o Bernardus Lodge & Spa, refúgio de conforto e prazer na Califórnia
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estrada costeira do noroeste da Califórnia desvenda uma paisagem espetacular, onde campos de golfe decorados com flores se misturam com a beleza selvagem da natureza, suas pedras gigantes e árvores vergadas escondendo arquiteturais mansões ao fundo. 12
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A somente uma hora e meia de carro de São Francisco, no ensolarado Carmel Valley, na famosa Península de Monterey, chegamos ao Bernardus Lodge & Spa, estrategicamente localizado num recanto tranqüilo perto do centro da mais artística das cidades da Califórnia: Carmel. O Bernardus Lodge & Spa coloca lado a lado a
sofisticação do velho mundo com o estilo do novo, oferecendo suítes com ares de elegância mediterrânea no espírito de conforto local, com lareiras, linhos italianos nos lençóis e plumas de ganso nos travesseiros. Na geladeira, vinhos Bernardus, free of charge – sim, o hotel tem sua vinícola própria, os chardonnays e pinots são maravilhosos. Majestoso, pastoral, sofisticado e artístico, o Bernardus Lodge & Spa é um santuário íntimo onde as ecléticas experiências se encaixam no cenário. Pegue uma cesta gourmet e saboreie uma taça de Pinot na
piscina aquecida com vista para os vinhedos do lodge, jogue uma partida de tênis ou crocket. Ou relaxe no spa, com tratamentos e infusões com os mais puros ingredientes botânicos, muitos deles provenientes dos vinhedos e jardins orgânicos. O jantar no Bernardus é no Lucia, orquestrado pelo chef Cal Stamenov que prepara pratos da country cuisine californiana, para serem degustados com os vinhos da premiada adega. Um lugar para comer, saborear e amar.
A piscina aquecida junto ao vinhedo, o aconchego da suíte e o restaurante Lucia com sua country cuisine californiana
www.bernarduslodge.com
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VERY R BRITISH A mansão georgiana que foi convertida no luxuoso hotel campestre The Coworth Park, redefine todas as regras de hospitalidade cinco estrelas 14
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etiro de 240 hectares situado no pitoresco parque Berkshire, a 45 minutos de Londres, o Coworth Park é o único hotel no Reino Unido a ter campos de polo e um centro equestre com capacidade para mais de 40 cavalos. Este country house hotel foi construído como uma casa particular em 1776, e visualmente, é mais contemporâneo do que se poderia esperar, com um esquema de cores neutras compensado por couro e mármore em vez de damasco e seda. Tem uma política ambiental louvável, mas o luxo ainda impõe as regras – um harpista acompanha o chá da tarde com suas melodias e todos os superlativos são aqui aplicáveis, desde o
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O country house hotel Coworth Park tem dois campos de polo oficiais, proporcionando aos seus hóspedes contato com este esporte tão genuinamente inglês numa atmosfera exclusiva com excelentes treinadores que dão clínicas para iniciantes e para jogadores com handicap
tamanho dos quartos à beleza dos jardins. Os quartos na casa principal são grandes e espaçosos, mas você pode se hospedar em chalés nos estábulos, e em cottages, aconchegantes e com mais personalidade. A decoração é equestre com pinturas a óleo e ferraduras, as camas são enormes e extremamente confortáveis. A gente adora glamour em banheiros de hotel, e os do Coworth Park com piso de mármore branco, chuveiros enormes e banheiras de cobre profundas se tornam uma tentação. Não existem dois quartos iguais e os objetos de decoração e mobília mesclam o tradicional e o contemporâneo. Alguns têm suas camas ornamentadas com dossel em forma de árvores, ou com cabeceiras estofadas. O esquema de cores é natural e terroso, derivado da paisagem exterior. Todo o piso é feito de carvalho inglês ‘smoked’ decorado com tapetes desenhados com têxteis de lã, cashmere, mohair e linho. O Coworth Park tem três restaurantes, e o elegante principal serve cozinha moderna, com canapés peculiares e um menu degustação, incluindo pombo com compota de abóbora-emaçã e sorvete de cerveja. No The Barn, mais informal com suas rústicas mesas de madeira, há pratos como fish and chips e hamburger. O chá da tarde é servido no Drawing Room,
que tem uma vista de tirar o fôlego. O spa tem seu próprio restaurante e menu com ingredientes saudáveis – beterraba ajuda no rejuvenescimento dos tecidos, pimenta preta melhora a digestão – e assim por diante. O Eco-Luxury Spa do Coworth Park foi projetado para preservar a beleza ambiental das redondezas, e fica parcialmente submerso na paisagem com seus dois andares e oito quartos para tratamento, onde são utilizados os produtos Carol Joy of London, Kerstin Florian, Aromatherapy Associates e os 100% orgânicos by Dr. Alkaitis. Os programas vão de caminhadas a passeios de bicicleta e equitação – pode-se tomar aulas, mas o polo passa a ser o centro das atenções quando começa a temporada que vai de abril a setembro. O hotel tem dois campos de polo oficiais, proporcionando aos seus hóspedes contato com este esporte tão genuinamente inglês numa atmosfera exclusiva com excelentes treinadores que dão clínicas para iniciantes bem como para jogadores com handicap. Os hospedes podem se beneficiar de um acesso especial aos afamados campos de golfe do Wentworth Club. Para as crianças, há uma creche e um clube excelentes. www.coworthpark.com
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SUITES NAS NUVENS Debruçado sobre o Central Park, o Mandarin Oriental de Nova York combina o mundo asiático com o ocidental
O restaurante Asiate tem uma entrada teatral e uma escultura no teto que reproduz as frondosas árvores do Central Park, criando um efeito outdoorindoor, e sua adega monumental vai do chão ao teto abrigando
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novidade da saison no estrelado Mandarin Oriental de New York foi o lançamento de suas suites de um e dois quartos, que foram re-estilizadas com elementos misturando arte, cultura, moda e gastronomia, reforçada com uma série de comodidades e programas exclusivos. Nossa preferida é a Premier Central Park Suite, com escandalosa vista do parque – as janelas vão do chão até 16
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uma impressionante
o teto – perfeitas para bebericar um Negroni sentado no seu mágico sofá semi-círculo da sala e capturar o por do sol quando a maçã se desnuda e explode em tons de ametista. O Mandarin, que já começa nas alturas, o lobby está no 35° andar, fica no Columbus Circle, aquele pedaço do parque que uma vez ficando lá, você não quer mais mudar de canto. O restaurante Asiate, que também se beneficia de cenário de tirar o fôlego,
coleção de mais de dois mil rótulos. A sala da Premier Central Park Suite com vista estonteante de Manhattan
contempla seus habitués com uma cuisine americana de toque asiático moderno. Para este verão, o chef Garrison Price sugere um tasting menu que inclui entre outros, a entrada Big Eye Tuna Sashimi a ser degustada com um champagne Bollinger, seguido pelo 7X Wagyu Beef Tenderloin, harmonizado com um cabernet californiano Caymus. O Asiate tem uma adega monumental abrigando uma impressionante coleção de mais de dois mil rótulos. O ‘The Spa’ é um oásis para se relaxar e rejuvenescer nas alturas, com a Thai Yoga Suite em madeira teca preta e uma banheira de imersão profunda, um Tea Lounge Oriental e uma suíte VIP particular com lareira, sauna a vapor e ducha. Ao se consultar com o terapeuta, você se beneficia com uma relaxante massagem nos pés antes de iniciar o tratamento. A sensação é de se estar nas nuvens. www.mandarinoriental.com
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Casino Royale
Se rostos como Christy, Naomi, Linda e Gisele nunca serão esquecidos, também jogaria minhas fichas em Kate, Tatjana, Cindy e mais...? Nestes 20 anos, o “cassino” da fashion industry nunca parou de apostar em new faces. Agora façam suas apostas, a sorte está lançada! Quem ficará para simbolizar gerações? Eu passo... texto e ilustrações por
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os anos 90 o explosivo fenônemo da Santissima Trindade, três nomes mágicos Christy, Linda e Naomi vão redefinir o próprio status de modelo. The Trinity se transforma em quinteto invencível com Tatjana Patitz e Cindy Crawford. Os desfiles são tão concorridos quanto os concertos de rock, as sessões de fotos ganham proporções cinematográficas e estas garotas são as novas celebridades eclipsando todas as outras sobre as capas das revistas. Coco Chanel foi a primeira a ter a ideia de convidar meninas de boa família e jovens da sociedade para desfilarem. A platéia se identificava, a estratégia deu certo! Karl Lagerfeld se mantém fiel à Mademoiselle lançando estas meninas ao Zenith. Passam a ser idolatradas como stars de Hollywood. Recebem milhares de cartas, são copiadas pelas mulheres e perseguidas por paparazzis e legiões de fãs 24 horas por dia. A indústria do modeling inteiramente reformulada, editoras de moda, costureiros e patrões das maiores griffes entenderam o quanto elas 18
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Cláudio Parreiras
valiam. Tudo que tocavam virava ouro! O poder atrativo e comercial que exerciam era incalculável. A frase de Linda Evangelista: “Não saio da cama por menos de 10 mil dólares” – tarifa anos 90 – torna se um leitmotiv. Em 1988 as vi pela primeira vez no 17 rue du Parc Royal, entre a Place des Vosges e Musée Picasso. Uma fila de limousines estacionava para ver as curvilíneas e arquitetônicas criações do estilista tunisiano Azzedine Alaïa. Uma black danseuse de 16 aninhos entrava de sapatilhas nas pontas dos pés... Era Naomi Campbell! Yasmeen Ghauri atraia todos os olhares com sua elegância étnica. Carla Bruni, a aristocrata italiana, e Helena Christensen, a hippie que virou Miss Dinamarca tinham jeito de caminhar incomparável. John Galliano e Gianni Versace declararam que elas incendiavam as passarelas. As moças dormiam e comiam na casa de Azzedine e o chamavam de “Little Dad”. Outro padrinho, este mais misterioso e feiticeiro foi o fotógrafo Steven Meisel, autor de nove ou dez entre onze estrelas. A primeira vez que Linda Evangelista foi a um casting
Belezas atemporais como Christy Turlington ou rebeldes com causas glamourosas tipo Kate Moss... Tops devem ser atraentes, versáteis, exercendo um magnetismo único
| TOP MODELS |
em seu studio, Steven elogia sua gengiva e joelhos! Ms. Evangelista fica bastante insegura, quem diria que formariam a dupla mais dinâmica. O ideal de beleza cabia a Christy Turlington, a true beauty! Seu rosto e silhueta serviram como molde para manequins do MoMA de Nova York. Alguém que representasse dos anos 30 a 2000 e também se adaptasse às mais antigas civilizações. A gazela nascida em Denver, Colorado, queria ser piloto de avião como seu pai. Começa a fotografar para catálogos comerciais em Miami e quando vai para Nova York divide um loft com uma inglesinha tímida, simplesmente la Campbell. Sua rivalidade inicial com Linda rendeu muitas páginas, só aumentaram os contratos e hoje são as melhores amigas. Turlie, como era chamada, logo explodiu, mas só se sentiu top quando apareceu numa capa fotografada por Meisel. Para ilustrar esta nova era, aconteceram dois acontecimentos marcantes: o clip “Freedom” de George Michael e o curta metragem “Models the film”, de Peter Lindbergh. Linda apareceu na fita como cantora de rua tocando acordeon, seu hobby favorito na vida real, Naomi ensaiando um ballet de Josephine Baker, sua musa, e Cindy Crawford com sua beleza garota calendário dando autógrafos sobre o peito de um grupo de policiais. Stephanie Seymour estava na praia com Tatjana enroladas em cobras gigantes. Uma multidão hipnotizada entre a seymouriana sensualidade felina e o glacial transparente olhar de La Patitz. The show must go on e a entusiasmada indústria do modeling produz em ritmo non stop. De um só golpe três louríssimas, quase platinuns blonde, a tcheca Eva Herzigova e as alemãs Nadja Auermann e Claudia Schiffer, a barbie favorita de Mr Lagerfeld. Duas ruivas, a escocesa Karen Elson e a californiana Maggie Rizer. As americanas Amber Valletta e Carolyn Murphy foram preciosas descobertas de Lindbergh. Paralelamente e paulatinamente a polêmica Kate Moss vinha monopolizando todas as atenções. Em 1993 com olheiras, pálida e magérrima ela era o rosto de Calvin Klein indo contra tudo e todos. Finalmente se enquadra nos padrões, suas fotos nuas feitas pelo ex-namorado Mario Sorrenti são estonteantes e até hoje rouba a cena com personagens sofisticadas e glamourosas. Quando pensamos que a era das tops estava terminando no final dos 90 surge Gisele Bündchen, tão ou mais poderosa quanto Linda, Naomi ou Christy e junto a Mario Testino abre novo espaço para um time verde amarelo de beldades: Isabeli Fontana,
Alessandra Ambrósio, Izabel Goulart, Ana Beatriz Barros... As duas mais fashion e queridinhas de Anna Wintour são Raquel Zimmermann e Carol Trentini. Elas reúnem a touch of class e a dynamic ability. Raquel começou aos 14 anos fazendo escala no Japão antes do circuito internacional. Foi num desfile Prada 2004 que as portas se abriram, e foi por dois anos seguidos eleita a modelo número um e a mais bem vestida dos EUA. Em sua trajetória alguns nomes marcantes, as filmagens com David Lynch para Gucci e Nick Knight para Hermès. De Saint Laurent a Gaultier de quem foi musa, e personagens como Patti Smith sua icon style à Lady Gaga participando de seu clip “Born this way”. Carol Trentini é uma das mais solicitadas. A gaúcha de Panambi foi uma das prediletas do legendário falecido fotógrafo Irving Penn. A recordista diz que seu momento preferido é quando volta ao lar e se joga nos braços dos filhos e marido, o fotógrafo Fabio Bartlet. Enquanto a turma se prepara para jantares e festas, Carol corre para casa fazer seu peixinho grelhado, farofa de ovo ou ceviche de vieiras...
Mademoiselle Chanel e Lagerfeld foram os primeiros a lançar a fórmula: modelos devem refletir atitudes e belezas que façam gerações e gerações se identificarem
(NA PÁGINA OPOSTA)
THE SHOW MUST GO ON Mica Arganaraz, Gigi Hadid, Linda Evangelista, Anna Ewers, Karlie Kloss, Anja Rubik, Freja Beha, Raquel Zimmermann e Christy Turlington
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“Minha vida é quase boring, mas gosto dela assim.” Atualmente desacelera a rotina hard core da profissão se dividindo entre o apartamento dos Jardins em São Paulo e o de Nova York. Anda de bicicleta, pratica uma espécie de muay thai e joga ping pong. O maior privilégio da carreira é poder oferecer e viajar com a mãe e suas duas irmãs. “Nunca vou perder minha identidade nem esquecer de onde vim...” Trentini e Zimmermann como todo seleto grupo desta geração carregaram com prazer as pesadas asas da famosa lingerie Victoria’s Secret. Em suas bolsas griffadas não pode faltar este passaporte de ouro. As Angels depois dos feéricos shows são cercadas por agentes prontos para assinar astronômicos contratos e convites para participarem em seriados da TV americana. Um degrau irrecusável para o sucesso destas aves raras! O corpo em evidência já tinha sido anunciado quando Alexander McQueen deu o título “The Body” à Gisele Bündchen – remember Elle MacPherson “The Body” dos 80... Daria Werbowy veio para confirmar o estilo healthy and athletic e revive a euforia dos anos 90. Mas a menina de origem ucraniana, nascida na Polônia não teve um começo fácil entre Paris e Milão, voltando ao Canadá onde vivia com a família desde os três anos de idade. Precisou mudar seu look “tomboy”, bye bye jeans e botas de motociclista. Com energia e beleza irradiantes manteve sua atitude rock’n’roll para conquistar seu agente em NY e todo fashion world. E se for obrigatório passar frente às lentes de Steven Meisel e Patrick Demarchelier hoje é também indispensável ser iluminada pelos clicks de duplas como Inez e Vinoodh, ou Mert Alas e Marcus Piggott, unforgettable moments para a história da moda e da fotografia. Como Daria, outra veterana da moda com apenas 23 aninhos é Karlie Kloss. Muito alta não podia fazer ballet e por ironia seu primeiro shooting profissional foi como bailarina com o fotógrafo Arthur Elgort. A sweet young girl cresceu em Saint Louis, Missouri e sempre se bateu como uma gladiadora. Ms. Kloss diz que o fato de de ter brilhado na carreira deve ser retribuído: “quero poder construir uma plataforma para fazer o bem, organizações para boas causas.” Desde seus primeiros desfiles para Calvin Klein e Gucci, Karlie tem o hábito de distribuir cookies integrais feitos por ela mesma: “meus cookies são uma forma de dar de volta o que eu recebo.” Edie Campbell é dona de um olhar vago inconfundível. Seu jeito excêntrico é blasé porque gotinhas azuis correm em suas veias. Cresceu em Westbourne Grove, Londres, estuda história da arte e pratica equitação tendo
várias medalhas como jockey. Eleita modelo do ano em 2013, estreou numa campanha Burberry ao lado de Kate Moss e atualmente já fez seis campanhas em uma só estação. O caminho traçado por Cara Delevingne foi bem parecido com o de Kate Moss, suas curvas no limite da magreza com divertidos escândalos frequentes nos tablóides ingleses. Sua vida amorosa com famosos e famosas, sua declarações na mídia digital fazem dela a numero um com milhões de seguidores. Quando apareceu, Marc Jacobs chamou-a de “anã” e no mesmo ano ela assinava contratos com Fendi, Chanel e Donna Karan. As sobrancelhas marcantes e seu sorriso enigmático e maroto estão fazendo de Cara uma fashion icon. Extravagante, irreverente e teatral, seu ídolo é Charlie Chaplin e seu sonho de ser atriz se realizou protagonizando o filme “Cidades de Papel” e como coadjuvante em “Esquadrão Suicida.” A sul africana Candice Swanepoel é a mais brasileira das tops. Fala português, tem casa no Espírito Santo graças ao marido, e adora a Bahia. É aqui que ela se sente mais a vontade com seu corpo.
Rostos bonitos e corpos perfeitos não são o bastante... Tops devem ser únicas, marcando a própria história da moda e da fotografia
(NA PÁGINA OPOSTA)
TOPS NO TOPO FOREVER Carol Trentini, Cara Delevingne, Daria Werbowy, Kate Moss, Edie Campbell, Lara Stone, Naomi Campbell, Jamie Bochert e Sasha Pivovarova
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O grupo das million dollars babies deve marcar a história da moda e da fotografia, revolucionando o próprio fashion world
“As brasileiras são mais voluptuosas e fico mais confortável em mini biquínis.” Mas odeia a tal barriga negativa. Seus planos são continuar trabalhando bastante para viver e ter seus filhos no Brasil. (Nota: na revista Forbes ela já apareceu como a décima modelo mais bem paga do mundo.) Uma das mais atuais e atraentes tops desta industry é Anna Ewers, alemã que veio da mesma “forma molde” de Ms. Swanepoel, mas com um toque de Brigitte Bardot! Foi descoberta pelo designer Alexander Wang e é a sua musa. Durante as coleções springsummer 2014, fez 40 desfiles. Em 2015 foi escolhida por Steven Meisel para o calendário Pirelli onde aparecem Adriana Lima e Raquel Zimmermann. Consideradas de outra safra, com apenas seus vinte e poucos aninhos, a russa Sasha Pivovarova e a polonesa Anja Rubik. Tops no topo forever! Sasha era conhecida como a “irmã de Gemma Ward” (realmente parecidíssima) até receber o segundo lugar no ranking do models. com. Ela flutua tanto num longo sensual de Dior como num terno Armani. Suas maiores diversões são ler e ir aos museus, sem falar no talento para o desenho assinando 42 ilustrações em seu livro “Snow Maiden”, baseado num conto russo. Rubik viveu com a família em vários lugares do mundo mas um scout a descobriu numa escola britânica em Paris. Com seu chic anticonvencional, um dos seus primeiros trabalhos foi com Mert e Marcus, uma campanha para Lacoste, um novo olhar para as célebres camisas brancas com seu crocodilo verde usadas sobre extravagantes vertidos pretos. Ela sente orgulho por ter criado a “25 magazine”, que contou com a colaboração de Hedi Slimane e Marina Abramovic. Com Lara Stone volta a tendência de uma nova silhueta “A new girly feminity”. Suas apetitosas proporções fizeram Ricardo Tisci, diretor criativo da Givenchy exclamar: “Gothic Brigitte Bardot, a new fashion icon”, enquanto o fotógrafo Steven Klein sugere que sobre seus lábios venha carimbado “censurado”. Seguindo o páreo destas novas medidas e não menos sex appeal, Gigi Hadid é a nova sensação! Carine Roitfeld joga todas suas fichas nesta garota “scouted” jogando volley nas areias da Califórnia. Gigi diz ter muita sorte em ser modelo nesta época da mídia social. “Deixamos de ser apenas um rosto e podemos falar, mostrar nossa personalidade. Isto facilita sermos porta voz e embaixatriz de uma marca.” E se uma vez ela não foi aprovada para o show da Victoria’s Secret foi por sua timidez e não pelo desenho de suas curvas. “Eu estava muito nervosa
no casting e neste desfile você tem que brilhar.” Realmente Ms. Hadid estava numa estratosfera muito além do nervosismo! Como o mundo da moda é feito por tortuosos caminhos de idas e vindas e contradições, a dinamarquesa Freja Beha aparece ao lado de Lara Stone no ranking models.com. Sempre com jaqueta jeans e 16 tatuagens, ela é homenageada por renomados designers que colocaram seu nome em bolsas (Jill Stuart), carteiras (Chloé) e altíssimas botas (Alexander Wang). Karl Lagerfeld chamou-a para o calendário 2011 Pirelli, e Valentino tentou sua exclusividade. Como aprisionar tão selvagem temperamento? Este grupo representa uma imagem rebelde e sofisticada. Um novo chic irreverente já tinha aparecido na década 1990-2000, eram Kate Moss, Kristen McMenamy e Stella Tennant e em nossos dias são Freja, Mica e Jamie. A argentina Mica Arganaraz, 22 anos, olhar esfumaçado, queixo quadrado e cabelos volumosos ganhou todos os fashionistas com seu exotismo à La Maria Schneider (“O Ultimo Tango em Paris”). O start foi dado por Miuccia Prada e em 2015 foi o rosto do verão Givenchy. Donatella Versace, conhecida por suas esculturais deusas escolhe Mica para abrir o show com sua sensualidade desengonçada. Jamie Bochert é musica e modelo. Seu físico é uma mistura de Joan Baez, Cher e Patti Smith. A belga Ann Demeulemeester foi a primeira a colocá-la na passarela e Marc Jacobs nas páginas como garota propaganda. Nasceu em New Jersey e vive em NY dividindo seu tempo entre desfiles (Diane von Furstenberg, Cavalli, Pucci) e suas apresentações como cantora. Ela vive num pique revesando entre moda e musica, o que a torna a mais procurada dos bookings. A brasileira que se identifica com a safra desta estética anos 2010 é a capixaba Ari Westphal. Ninguém tem bola de cristal para afirmar que “há males que vem para o bem”, mas um acidente no cabeleireiro aconteceu! Ele perdeu a mão e suas madeixas encaracoladas se transformaram num mini blackpower. Ari virou uma ovelhinha! Estava com passagem marcada para NY, ficou desesperada, se trancou dez dias em casa, só postando fotos de paisagens. Quando chegou foi logo escalada para os shows de Chloé, Sonia Rykiel e Vivienne Westwood. Será que o erro deu certo? Lenny Niemeyer foi a primeira a mostrá-la na SPFW verão 2017, com cabelos lisos colados na cabeça, sucesso triunfal! Em todo caso os cabelos estão para Ari como a pinta sobre os lábios de Cindy Crawford... Divinamente inseparáveis.
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| BOOKS |
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EU SEMPRE SIMPLIFICO TUDO, TENDO COMO PANO DE FUNDO UMA TELA BRANCA, SEM DISTRAÇÕES. EU NÃO ME INCOMODO COM A COMPOSIÇÃO OU QUALQUER COISA DO GÊNERO. EU SÓ QUERO RETRATAR A EMOÇÃO DA PESSOA COM A QUAL ENTRO EM CONTATO.” David Bailey
STARDUST MEMORIES David Bailey é um dos fotógrafos que mais contribuíram para a fotografia e as artes visuais, criando constantemente portraits provocativos e imaginativos. Em seu novo livro Bailey’s Stardust, ilustrado com fotografias icônicas bem como imagens invisíveis de seu arquivo privado, ele revela o homem por trás da câmera. Suas observações francas e irreverentes sobre a vida, morte, mulheres, estilo, moda, sexo, classe, filmes, os anos sessenta,
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fotografia, Photoshop, e Hitler são tão instigantes como reveladoras. A exposição na National Portrait Gallery que deu origem ao livro, homenageando cinco décadas da carreira do fotógrafo, apresentou uma série de 250 imagens dividida por temas através de salas contrastantes com atores, escritores, músicos, diretores de cinema, designers, modelos e artistas, todos inesquecíveis: Terence Stamp, Mick Jagger, Johnny Depp, Catherine Deneuve, Jean Shrimptom, Kate Moss, John Lennon, Salvador Dali, Francis Bacon, Jude Law, Michael Caine, Bob Dylan, Andy Warhol e tutti quanti... Todas as imagens foram meticulosamente selecionadas, reveladas e ampliadas com novos prints de gelatina por Bailey himself. Ele também fez a direção de arte do livro que acompanhou a exibição, e escolheu o lineup de uma das salas exibição com as músicas do álbum Great American Songbook do roqueiro Rod Stewart. Tudo começou em 1959 quando David Bailey trabalhava como assistente de John French sendo contratado pela Vogue inglesa no ano seguinte. Depois vieram todas as Vogue do mundo, capa de álbum dos Rolling Stones, comerciais de TV, e filmes documentários, incluindo ensaios sobre o fotógrafo Cecil Beaton, Luchino Visconti e Andy Warhol. Suas fotos se tornaram referência cultural da cena dos anos 60, imortalizando personagens do mundo fashion, música, arte e cinema. Ele é claro, também não demorou a se tornar uma celebridade. O cult movie Blow-Up de Michelangelo Antonioni de 1966, conta a história de um fotógrafo de moda, inspirado no próprio David, levando toda uma geração a se
apaixonar pela fotografia. Recentemente sua vida e obra serviram de novo para inspirar o filme We’ll Take Manhattan. Aos 76 anos de idade, ele continua sendo um dos fotógrafos mais conhecidos do mundo, desde que começou sua trajetória na swinging London dos anos 1960.
Musas e modelos nos sixties: Jean Shrimpton, Marie Helvin, Twiggy e Catherine Deneuve com um jovem Bailey
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| JET SET |
Memórias de um
PAPARAZZO*
JACKIE O Nenhum romancista seria capaz de imaginar igual destino. Jackie-Bouvier-Kennedy-Onassis. Três nomes, em francês, irlandês e grego. Três grandes etapas em sua vida. “Bouvier”, com infância protegida, it jornalista , e a ‘garota da máquina fotográfica’. “Kennedy”, a primeira dama esfuziante e a viúva admirável. “Onassis”, uma estrela em declínio e um bilionário super criticado, mas sempre a mulher mais famosa do mundo... ela nunca protestou, fechada num silencio que observou até o fim. Viúva pela segunda vez, Jackie Onassis conheceu finalmente a serenidade, durante muitos anos, ao lado de um homem tranqüilo. Mas voltou a ser Kennedy para repousar junto com o presidente, e pai de seus filhos, no cemitério militar de Arlington, onde dormem todos os heróis mortos pela America. Eu tive a sorte de conhecer Jackie e Lee, duas garotas encantadoras, da alta sociedade americana no início dos anos 50, em Nova York, onde eu era correspondente da revista Paris-Match. Jackie trabalhava fazendo fotoreportagem para o Washington Times Herald. Todos os dias ela tinha que fotografar um personagem da cidade: senador, comediante, encanador, policial, artesão e publicar uma entrevista com a opinião deles sobre os assuntos cotidianos, desde inflação, uma praga já na época, até assuntos políticos. Sua coluna fazia muito sucesso, pois ela tinha um senso de humor peculiar: perguntava para um caminhoneiro o que ele achava dos desfiles parisienses de alta costura, e para algumas donas de casa, qual tipo de primeira dama elas gostariam de ser. Ela era uma excelente 28
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jornalista, que tinha tudo para vencer na profissão, cultura, memória e uma enorme curiosidade pela vida das pessoas. Ela sabia sempre qual era o bom momento de fazer uma boa pergunta, e tinha o dom de escutar muito mais do que falar. Ela sempre dava a impressão de estar muito atenta, que éramos muito inteligentes e que estava muito grata pelas preciosas informações, que ela provavelmente já sabia. Foi trabalhando como jornalista que ela conheceu John Kennedy. Alguém tinha comentado sobre um jovem senador com um futuro promissor, e ela logo correu para entrevistá-lo para sua coluna. Todos nós sabemos o resto da história. Milhares de livros foram escritos a seu respeito, a maior parte por pessoas que nunca a conheceram e a quem ela jamais teria feito confissões. Filmes e séries de TV foram realizadas contando tudo e mais um pouco sobre sua vida e ela nunca protestou. Nunca sequer deu uma entrevista. Os grandes editores ofereceram cheques em branco para publicar suas memórias... Discreta, pudica, nunca quis falar de si mesma.Tinha uma força de caráter, e deu uma lição de dignidade e coragem que deixaram a America e o mundo admirados durante as horas trágicas que se seguiram ao assassinato do Presidente. Vou sempre me lembrar dos obséquios nacionais em Washington: a salva de artilharia, com seis cavalos brancos que carregavam o caixão de bronze do Presidente, o trajeto da Casa Branca até o cemitério de Arlington, e Jackie, a rainha da dor, seu véu negro flutuando no vento glacial, marchando como um soldado, encabeçando uma extraordinária assembléia
Jackie Onassis fotografada pelo paparazzo Benno Graziani em alto mar na Costa Amalfitana em agosto de 1962
| JET SET |
Sempre de manhãzinha, apesar de seus compromissos oficiais, a primeira dama nunca perdia a oportunidade de montar durante uma hora
Jackie e Aristóteles Onassis trocam presentes no Natal de 1969 em Londres
de representantes de cem nações. Imperadores, reis, rainhas, presidentes, chefes de estado, tendo como figura dominante o General de Gaulle, que se destacava por sua altura, no meio da ilustre multidão. Foi a partir deste dia que Jackie Kennedy se tornou heroína nacional do país, unido pelo luto e pela dor. Ela nunca mencionou este passado trágico. “Não fui criada para reinar ou para sofrer. Minha vida apenas me diz respeito.” Manter-se fora do alcance da mídia e do público, tornarse inacessível, era para ela o único meio de proteger sua privacidade e ser detentora de seu destino. 30
Jackie sabia redigir, desenhar, pintava com talento e desejava sempre aprender, seus atos mesmo os mais simples eram sempre surpreendentes e originais. Um dia ela me enviou um convite para jantar acompanhado por um pequeno bilhete, com comentários sobre os outros convidados, suas preferências literárias e musicais e até os assuntos que eu não deveria mencionar! A respeito desses jantares ela sempre dizia que os convidados deviam ser: “mais que as Três Graças e menos que as Nove Musas” para que a conversa seja generalizada à mesa.
| JET SET |
As irmãs Bouvier acompanhadas de Caroline, de férias em Ravello e Jackie mergulhando em Capri
Indiferente às criticas como aos elogios, sua única preocupação era com a educação de Caroline e John. “Antes de ser a Primeira Dama sou mãe acima de tudo!” Quando morava em Roma me tornei muito amigo de Federico Fellini. Uma noite enquanto jantávamos, ele me disse: “Sonho em conhecer Jackie Kennedy”. “Eu a conheço muito bem e posso organizar um encontro com ela e realizar o teu sonho!” Ele estava fascinado com o destino da viúva do presidente! Telefono naquela mesma noite para Jackie, encantada de saber que um dos maiores diretores de cinema do mundo adoraria conhecê-la. Não consigo me lembrar qual dos dois estava mais intimidado ou encantado com o projeto. Finalmente o jantar aconteceu numa sexta feira em seu apartamento na Fifth Avenue. Cheguei acompanhado de Fellini e sua esposa Giulietta Masina num jantar super animado e amistoso para quatro pessoas. Jackie não parou de fazer perguntas durante o jantar, querendo saber todos os pormenores sobre a vida de Fellini, seus filmes, seus projetos, sobre a Itália, com uma precisão e uma preocupação com os mínimos detalhes, uma curiosidade
inquisitiva. Giulietta e eu permanecemos mudos... Na manhã seguinte, telefono para Jackie. “Eu ignorava que você conhecesse tão bem a obra de Fellini...” A explicação veio imediatamente: “Quando soube que ele viria jantar, assisti a todos os seus filmes e li praticamente todos os livros que foram escritos sobre ele...” Durante suas férias em Ravello, em agosto de 1962 na costa Amalfitana, fomos visitar os maravilhosos templos de Paestum. Nossos guias, assim como eu, ficamos espantados pelos conhecimentos que Jackie havia adquirido sobre a história desta antiga colônia grega. Alguns dias antes desta visita, Jackie tinha lido uma dezena de guias, sobre este sitio espetacular, lido e absorvido. Sempre esta curiosidade devorante: ela nunca parava de aprender. A cada novo dia seus conhecimentos aumentavam... Ela começou como repórter fotográfico e viveu uma vida excepcional, um conto de fadas que se transformou em tragédia grega. Perrault revisto por Eschylo, marcado pela gloria e a tragédia. Hoje, é ela quem faz parte da História.’
*Benno Graziani é um grande repórter e paparazzo com 'P' maiúsculo. Ele teve o privilegio de fazer as grandes reportagens da revista Paris Match, e conhecer todos os personagens importantes que escreveram metade da história do século XX. Sem falsa modéstia ele podia dizer para toda uma platéia: “Churchill me contou... Eisenhower e Kennedy sempre me convidavam para jantar na Casa Branca... O presidente Tito me chamava para jantar em sua ilha particular de Brioni... Werner von Braun me afirmou em 1965 que enviaria os americanos para a lua antes de 1970...” Mas vamos parar por aqui, pois passamos o serio risco de sermos considerados mentirosos.
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Jackie feliz durante fĂŠrias na ItĂĄlia
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Minha vida em
K
pin
“QUERO VIVER NUM MUNDO TECNOLÓGICO E ESTÉTICO, ONDE PREVALEÇA A BELEZA, E NO QUAL A BONDADE E A COLETIVIDADE HUMANA SEJAM UM BEM COMUM.”
Karim Rashid 34
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A Komb House no Cairo é inspirada na arquitetura dos pátios islâmicos. Os ambientes estão divididos em quatro partes distintas, seguindo o conceito de Rashid: comer, dormir, entreter e fazer a toilete
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O designer industrial Karim Rashid é, com absoluta certeza, um ser globalizado. Nascido em 1961 no Cairo, capital do Egito, foi criado na Inglaterra e completou seus estudos em Design Industrial na Universidade de Toronto, no Canadá. Seu estudio é em Nova York, onde atende clientes exigentes e ecléticos como os estilistas Issey Miyake e Tommy Hilfiger, as multinacionais Sony e Citibank, hotéis exclusivos e até embalagens de cosméticos da grife italiana super fashion, Prada. Sua maior ambição é democratizar o design, tarefa que tem realizado com grande maestria. Como prova, seu cesto de lixo “Garbo”, desenhado para a marca Umbra, que vendeu quatro milhões de unidades. Ele está sempre desenvolvendo projetos completamente diferentes em diversas partes do globo. Karim veio a São Paulo pela décima vez para participar de um evento de design. Além de seu perfil versátil, Rashid também escreve livros, e confessa: seu objetivo é mudar o mundo através do design. Karim se diz obcecado por um trabalho original e acha que todo ser humano tem quando criança esta capacidade que se perde ao longo do tempo quando nos conformamos com os padrões da sociedade. Há pouco tempo ele visitou uma exposição no Centro Pompidou em Paris e ficou extasiado com mais de 5000 desenhos infantis e a diversidade de expressão, pois as crianças estão no momento presente, ligadas nos sentidos, elas são muito sensoriais. O designer cita Albert Einstein que dizia que somos muito mais criativos quando saímos de nossa zona de conforto. Quando evoluímos mais mantemos este senso de originalidade para conseguirmos criar. É importante aprender e depois deixar de lado todas as regras e poder experimentar com liberdade. Ele nota que a história do design vem junto com novas tecnologias, pois somos uma sociedade técnica orgânica. Hoje somos até capazes de fazer o ‘shape’ da máquina. E ele acrescenta: “É só pensarmos que 70 por cento das commodities do mundo são feitas por maquinas, e percebemos como o design nos leva para a frente, se olharmos tudo com olhos novos entrevemos outras possibilidades. Foi em Venice Beach que o arquiteto Frank Gehry concebeu uma casa em plywood. O mesmo ocorreu no século 16 com a produção do jacquard, possibilitando novas ornamentações. O desejo de decorar é uma necessidade humana, basta um olhar para o Duomo de Milão e suas ornamentações ostensivas, ou as tribos indígenas e seus corpos cobertos de símbolos para percebermos que depois da água, a beleza continua sendo primordial para a humanidade.” E ele acrescenta: “Com meu iPad eu posso criar continuamente, tenho ferramentas para compor música, me utilizar de 1.6 milhões de cores fosforescentes para desenhar acessórios e objetos. Percebo que quanto mais longe do Equador, mais cinza o mundo se torna!” Karim ficou fascinado com a criatividade e energia que encontrou nas favelas da África do Sul, restos de lixo, papelão e tecidos foram personalizados e reciclados obtendo uma nova função. Hoje mesmo as comunidades mais pobres tem acesso a um computador espalhando informações, isto é uma benção pois a maioria das culturas não nos ensina a ter
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Karim desenhou 27 padronagens exclusivas para a Digitália Collection
criatividade, as fronteiras estão desaparecendo e abrindo espaço para novas dimensões artísticas como a ‘digital painting.’ E voltando aquela velha questão, se o artista exerce a atividade física ou mental, acho que é na mente que o trabalho toma corpo. Nos anos 1960 um artista não podia competir com um astronauta em sua sala se dirigindo para o espaço. A arte é democrática, pois muda a vida das pessoas, uma música tem o poder de impedir alguém de se suicidar, podemos desenhar isto? Acho que sim! Estamos muito atrelados a historia, cadê as pirâmides de nosso tempo? Esta é minha questão, posso produzir um objeto que seja útil, que reflita ao mesmo tempo as formas reais de nossas vidas e que seja de luxo e custe 2 dólares? Pois para mim a questão do Hi and Low não existe mais. São as pessoas que mudam o mundo, somos humanos e originais, me lembro que fui reprimido na escola e forcei a minha mãe a me comprar uma jaqueta cor-de-rosa! E como diz Ettore Sottsass, é importante ser infantil e não infantiloide, a bola digital está subindo e o mundo real está diminuindo. Quando sou chamado para desenhar uma loja ou um hotel tem que ser algo incrível, uma experiência, logo proponho dez ou vinte ideias e começo a pesquisar com meu time, isto faz parte de mim. Para fazer uma nova escova de dentes, acho que é bom filmarmos umas vinte pessoas escovando os dentes. Para a linha Black &Decker eu criei todo um alfabeto, aponta para o corpo mostrando suas tatuagens com seus ícones de assinaturas, suas peças são feitas em série mas todas tem um ‘pai’ e uma ‘alma’. Gosto muito de experimentar mudando de estilo como David Bowie, para mim beleza, função, conforto e cor são inseparáveis do bom design.” 38
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Geometria futurista na cadeira de policarbonato em diversas cores
Notebook Moleskine do designer, com esboços de mulheres, objetos e móveis organizado com marcadores fluorescentes
A casa de Rashid, onde pode-se conferir todos seus conceitos aplicados na decoração
“GOSTO MUITO DE EXPERIMENTAR MUDANDO DE ESTILO COMO DAVID BOWIE, PARA MIM BELEZA, FUNÇÃO, CONFORTO E COR SÃO INSEPARÁVEIS DO BOM DESIGN.”
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| DESIGN |
Ele adora roupas femininas e é fascinado pelo trabalho de alfaiataria, e criou toda uma linha de móveis para a marca italiana Edra, com estampas muito elaboradas. Assim parece que as peças pertencem mais ao mundo da alfaiataria do que do design. Ele acha que as pessoas são apegadas demais ao passado, com comportamentos e rituais obsoletos. “Eu só me interesso pela vida contemporânea. Por isto trabalho dentro do avião, pois viajo muito. Ficando sozinho, tenho tempo para me concentrar. No meu escritório e na minha casa estou sempre cercado de pessoas.” Ele já escreveu todo um manifesto sobre seu estilo, que denominou “minimalismo sensual”, ou “sensualismo”. Ele se concentra mais no propósito do objeto que na sua forma. Porque sem adornos, obtém um efeito minimalista. Também considera seu trabalho fluido, maleável, orgânico, humano. “Por isto ele é tão sensual.” “Usei como título do meu livro ‘Eu quero mudar o mundo. É um vasto mundo...’ por três motivos. Em primeiro lugar, acho que todo artista ou designer quer contribuir, acrescentar algo em sua cultura, e eu reconheço isto. Sempre fui obcecado por realizar coisas.
Aos 4 anos de idade, eu desenhava igrejas com o meu pai e eu sempre queria modificar algo, como por exemplo as janelas. Em segundo lugar, me considero mais um artista do que um frio designer industrial, porque o que me move é uma estranha vontade de produzir algo original no mundo. A última razão é que havia uma visão utópica dos arquitetos no século XX, com um único approach da realidade. Então no livro eu escrevi todo um capítulo sobre a complexidade do mundo e da realidade, mas sem querer impor nada a ninguém. Só quero ampliar e propor muitas realidades e sensibilidades”. Rashid gosta muito do arquiteto Tadao Ando. Em geral, ele aprecia muito o trabalho de arquitetos japoneses, pois acha que há algo duro, porém muito tocante no trabalho deles. Ele gosta do progresso e sonha em presenciar um mundo muito mais sintético e artificial. Adora ficção científica. E quer elaborar um mundo mais poético, inteligente e mais estético, e completa: “O design é feito para mudar nossa vida para melhor, para nossa comodidade, não é um ato egoísta, é para todo mundo, não apenas para servir uma elite.”
Mesa para escritório Direction Uno
Cadeiras para jardim da série Woopy Family
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Semiramis foi o primeiro hotel projetado por Karim, intimista e que foca em energias positivas, cultura, arte e design
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| BOOKS |
THE REAL THING ELA TEM 126 ANOS DE IDADE E CONTINUA SENDO ADORADA POR UM BILHÃO E SEISCENTAS MIL PESSOAS EM TODO MUNDO. SUA SILHUETA NUNCA MUDOU, SEMPRE VESTIDA DE ESCURO COM SEU INCONFUNDÍVEL CHAPÉU VERMELHO. COM VOCÊS, MADAME COCA
O
s lideres mundiais não resistem à tentação de beber uma Coca-Cola bem gelada. As stars de cinema usam e abusam dela pura ou nos drinks. Os esportistas também cometem este pecadillo, esquecendo o politicamente correto, saboreando sua Coca on the rocks. Ela é a bebida mais democrática do mundo, todos em todas as culturas compartilham deste mesmo segredo. Como disse Andy Warhol, “quando você assiste TV bebendo uma Coca, nota que o presidente também bebe Coca, que a Liz Taylor também faz o mesmo, e aí pensa: também posso me deliciar com minha Coca”. Em 1950 quando a revista Time quis homenagear a Coca-Cola, perguntou para seu presidente se ele daria a honra de pousar para a capa. Ele recusou, com o pretexto de que a Coca-Cola não era mérito de um homem só, mas sim de uma marca. Foi assim que nasceu uma das capas mais celebres de todos os tempos, inaugurando o que seria uma das propagandas mais icônicas do mundo: a Coca matando a sede do planeta Terra. Desde que foi criada em 1886 em Atlanta, na farmácia Jacob pelo Dr. John Penberton, custando 5 cents, ela logo alcançou um crescimento exponencial que nunca mais parou, se tornando a marca de refrigerante mais conhecida no mundo. Com as novas tecnologias tipo Facebook, ela continua se renovando, sua mensagem segue eterna para aqueles que têm sede e gostam de beber e curtir. Quer seja num pequeno vilarejo nos confins da China Ocidental, ou nas ruas lotadas de Nairobi, Nova Delhi ou Nova York, as aspirações são as mesmas: a felicidade, a amizade, a família e a sorte. A mensagem é sempre de um dia ensolarado para toda a humanidade. Desde o início a Coca-Cola sempre veiculou uma imagem otimista. A fórmula secreta é esta. Bom, agora só resta abrir uma Coca bem gelada e brindar à vida! Coca-Cola, publicado pela Assouline | www.assouline.com
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A top model Naomi Campbell fazendo a beauté com bobbies de latas de Coca-Cola. Foto de Ellen Unwerth, 1991
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Uma vida sem Coca-Cola é impensável Henry Miller
”
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| BOOKS |
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Eu a encontrei num club do Soho onde se bebe champagne. Tem exatamente o gosto da Coca... Ray Davies
A dupla cômica Dean Martin e Jerry Lewis matam a sede de canudinho...
“
As Cocas estão gelando e as pipocas estão na mesa Sam Cooke
”
Michael Douglas no set de filmagem de Hail Hero, 1969
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”
Elvis sorridente e muito bem acompanhado, 1956
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| BOOKS |
Frank Sinatra tambĂŠm nĂŁo resistiu ao charme de Madame Coca, 1957
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Os americanos querem resolver todos os problemas com os russos, para poderem ir ao cinema e beber uma Coca
”
William Averell Harriman
O presidente John Kennedy num jantar no hotel Mayflower em Washington, 1961
“
O café da manhã estava delicioso: dois ovos duros, um folhado recheado de frutas e a Coca com uma pitada de gin.
”
John Cheever
O baixista Bill Wyman dos Rolling Stones em Londres, saboreando uma mini Coke, 1964
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O amor acontece quando duas pessoas dividem a mesma Coca com um canudinho, num dia escaldante de verão Lamar Cole
”
A atriz Grace Kelly e o ator John Ericson brindam com Coca
“
Coca-Cola, o símbolo absoluto e eterno do refresco Neville Isdell
”
O comediante Sammy Davis Junior no set de Porgy and Bess
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No filme Numa Jornada no Circo, Groucho Marx e a atriz Margaret Dumont dividem momentos refrescantes de prazer
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| MITSUBISHI ALL L200NEW TRITON L200SPORT TRITON | SPORT |
NOVA GERAÇÃO
ALL NEW L200 TRITON SPORT Um carro totalmente novo, que entrega força e resistência com alta tecnologia, conforto e segurança
All New L200 Triton Sport chega em outubro às lojas
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orte, robusta e agora com novo sobrenome. A All New L200 Triton Sport vem com o DNA 4x4 de série e traz todo o knowhow que a Mitsubishi Motors tem no off-road: uma picape com excelente dirigibilidade, desempenho e conforto, aliados a um conjunto equilibrado com a força e resistência que só um verdadeiro Mitsubishi oferece. "A nova L200 Triton Sport é a evolução de um projeto de muito sucesso e ousadia. Carrega toda a experiência de quase 40 anos que a Mitsubishi Motors tem no desenvolvimento de picapes. Em sua quinta geração, o projeto foi concebido sob o conceito Ultimate Sport Utility Truck, com estilo dinâmico e atlético, esportividade e prazer ao dirigir; sofisticação, conforto e silêncio similares a um veículo de passeio; além do máximo em praticidade e durabilidade para usos comerciais. Sem dúvida, é a evolução de um produto confiável e com muita aptidão off-road", afirma Reinaldo Muratori, diretor de Engenharia e Planejamento da Mitsubishi Motors do Brasil. O modelo é produzido na fábrica da Mitsubishi Motors em Catalão (GO) e estará disponível no mês de outubro em três versões: L200 Triton Sport HPE Top, L200 Triton Sport HPE e L200 Triton Sport GLS, todas com um novo e moderno visual. A nova picape chega para complementar a linha da L200 Triton, que continua a ser comercializada no Brasil nas versões: L200 Triton Savana MT/AT, L200 Triton Outdoor AT, L200 Triton GLX, L200 Triton 2.4 Flex Outdoor e L200 Triton GL. No total, são nove versões que atendem todos os tipos de clientes.
TUDO NOVO
O conceito "All New" não é por acaso. Na quinta geração, tudo na L200 Triton Sport foi pensado e projetado para oferecer o máximo em conforto e a melhor dirigibilidade. É a picape mais equilibrada do mercado. O modelo vem equipado com o novo e moderno motor 2.4L turbo diesel, em alumínio, com 190cv e 43,8 kgf.m de torque. Aliado a tudo isso, o exclusivo sistema MIVEC, que é capaz de entregar alto torque em baixas rotações e muita potência em regimes elevados, sem abrir mão da confiabilidade, durabilidade e economia de combustível. A All New L200 Triton Sport tem excelentes dimensões externas e interior espaçoso. O design lateral foi desenvolvido para expressar a personalidade dessa picape, oferecendo visual único através do J-Line, que
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| MITSUBISHI ALL NEW L200 TRITON SPORT |
A picape traz o DNA 4x4 da Mitsubishi Motors. Veículo é ideal para o trabalho e também para o lazer. Completo sistema de tração 4x4 para superar obstáculos. Modelo terá três versões
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resulta em melhor performance dinâmica, agilidade e facilidade de condução. Com o J-Line, foi possível reduzir a distância entre eixos sem prejudicar o conforto interno e a capacidade de carga, trazendo como grande benefício a agilidade dinâmica e a facilidade em manobras. O raio de giro é o melhor da categoria, com apenas 5,9 metros. Projetada com a mais alta tecnologia e aerodinâmica, a All New L200 Triton Sport tem muito conforto, baixos índices de ruído e oferece prazer ao dirigir. Vem equipada com faróis de bi xênon com DRL, maçanetas cromadas e espelho com rebatimento elétrico. Por dentro, muita sofisticação com os acabamentos Piano Black e Chrome-Like Silver no painel e console central, nos painéis de porta e no seletor eletrônico da tração 4x4. Para proporcionar um interior ainda mais envolvente e confortável, essa picape vem equipada com ar-condicionado Dual Zone, Sistema Multimídia Power Touch com tela de 7", botão Start/Stop para partida sem chave, câmera de ré e sensores de chuva, luminosidade e estacionamento. Os bancos com couro têm melhor ergonomia e foram desenvolvidos para oferecer ainda mais conforto - e menos fadiga - em viagens longas. O do motorista vem com regulagem elétrica. A All New L200 Triton Sport é equipada com o mais moderno sistema de proteção com Full Airbags, e nove bolsas: frontais,
laterais, de cortina e para o joelho do motorista. Além de cintos dianteiros prétensionados que se ajustam ao máximo para reduzir os impactos ao corpo do passageiro em caso de uma eventual colisão frontal.
NOVO POWER TRAIN
Eficiência, sofisticação, robustez e confiabilidade. Assim é a All New L200 Triton Sport, um carro capaz de realizar suas maiores aventuras. O DNA 4x4 da Mitsubishi está presente em cada detalhe, com o máximo em praticidade e durabilidade para o trabalho e o conforto para as viagens em família. A All New L200 Triton Sport é a primeira picape a utilizar um motor de alumínio, permitindo a redução de peso desse componente em 30 quilos. Foi desenvolvido com o que há de mais moderno visando alta performance e também a economia de combustível. Com excelente dimensionamento volumétrico, o motor com 2.4L tem baixa taxa de compressão, que se traduz em um funcionamento suave e silencioso. O sistema MIVEC tem atuação dinâmica no comando de válvulas. Com ele é muito mais fácil dosar a quantidade ideal de ar no motor evitando perdas e aumentando a eficiência energética do motor. A turbina de geometria variável permite que o novo motor da All New L200 Triton
Sport seja capaz de entregar alto torque a baixas rotações e muita potência em regimes elevados, sem abrir mão da confiabilidade, durabilidade e pouca manutenção. O sistema de Tração Super Select II é o mais completo do mercado: 4x2, 4x4 (que pode rodar no asfalto), 4x4 com bloqueio do diferencial central e 4x4 reduzida. As trocas podem ser feitas facilmente através do seletor no console central. Além disso, o veículo tem o bloqueio do diferencial do eixo traseiro. Em situações extremas, onde as rodas ficam suspensas, como valetas transversais ou terrenos com erosões, com um simples toque no botão, o carro é capaz de superar com facilidade. Ao todo, a L200 Triton Sport permite até 20 combinações de marcha, mostrando toda a aptidão off-road desta picape, que é a única equipada com Paddle Shifters, permitindo a esportividade da transmissão manual com a praticidade de automática. Na versão GLS, o câmbio é manual de seis marchas.
OFF-ROAD COMPLETO
Nenhuma outra picape acumula tantos méritos, conquistas e títulos que comprovam sua força. Só no Rally dos Sertões, a maior prova off-road do Brasil, são seis vitórias, superando os maiores obstáculos e condições extremas. A caçamba foi desenvolvida com paredes laterais mais altas para reforçar a robustez do design exterior. Com isso ela se tornou
mais funda, ampliando sua capacidade volumétrica. Já a capacidade de carga é de 1.075 kg. O Brake Light vem integrado à tampa traseira, aumentando a segurança. Uma das novidades do modelo é o dissipador de água para trechos alagados. Com essa característica, a água não é projetada para o para-brisa, que atrapalha a visão do motorista, mas é lançada para as laterais. A nova Suspensão SDS II tem barra estabilizadora expandida e molas helicoidais mais rígidas, que trabalham em perfeita harmonia com os amortecedores. Na dianteira é independente, com braços triangulares duplos, amortecedores hidráulicos, molas helicoidais e barra estabilizadora. Na traseira, eixo rígido e molas semielípticas.
A All New L200 Triton Sport tem porte robusto e design marcante
INTERIOR ESPAÇOSO, FUNCIONAL E HARMÔNICO
Assim como no design externo, o conceito Ultimate Sport Utilit também está presente no interior da All New L200 Triton Sport. Todas as peças de acabamento interno foram cuidadosamente desenvolvidas para maximizar o espaço interno da cabine e proporcionar ainda mais conforto e sofisticação. Desde o painel central, o design é simétrico e remete à continuidade e integração do revestimento das portas, assim como do console central do assoalho. Por dentro, as cores cinza e preto estão em perfeita
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harmonia, transmitindo esportividade e refinamento, refletindo também a praticidade de utilização necessária para uma picape. Uma das novidades é o prático seletor da tração 4x4 estrategicamente localizado no console central. Seu posicionamento e suas dimensões foram cuidadosamente pensados para otimizar a ergonomia de operação. Os bancos que equipam a All New L200 Triton Sport são muito confortáveis, tanto para as longas viagens, como para os mais desafiadores trechos off-road. O estofado foi aumentado, minimizando a movimentação do corpo durante as manobras. Os bancos dianteiros estão mais largos, com novo visual, e o do motorista tem ajuste elétrico. Com isso, é possível encontrar facilmente a melhor posição de direção com um perfeito ângulo dos braços do motorista, refletindo na redução de fadiga durante longas horas de direção. Os bancos traseiros têm um excelente ângulo do encosto e um design que amplifica a sensação de profundidade. O veículo é equipado com sistema Isofix para fixação de cadeirinhas infantis. Graças à otimização do conceito J-Line, a L200 Triton Sport tem uma das cabines com o melhor espaço interno para as pernas da categoria, tendo ainda o maior ângulo do encosto do banco traseiro. Da mesma forma, o ângulo das colunas laterais foi redimensionado, ampliando o espaço interno. 54
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O volante possui ajustes de profundidade e altura, além dos comandos de áudio, cruise control e acesso ao telefone por bluetooth. Com o Keyless Operation System, é possível travar e destravar as portas sem o uso da chave. E, para dar partida no motor, basta pressionar um botão. Para a completa comodidade do motorista e passageiros, são 16 porta objetos e 11 luzes de cortesia, além do porta-óculos no console de teto. O porta-luvas tem o prático "Push Lock", que tem a tampa com abertura amortecida e facilidade de acesso também pelo lado do motorista.
Na 5ª geração, projeto foi concebido sob o conceito Ultimate Sport Utility Truck. Interior é espaçoso e funcional
Muito mais conforto e a melhor dirigibilidade
COMODIDADE E SEGURANÇA
A All New L200 Triton Sport vem equipada com controle de tração e estabilidade ATSC, que garante mais segurança, precisão e controle. O Controle de Estabilidade (ASC) atua em momentos de instabilidade, quando os pneus estão escorregando em pisos com baixa aderência ou quando o veiculo está fazendo movimentos súbitos que indiquem perda de direção. O Controle de Tração (ATC) freia as rodas que estão derrapando e otimiza a entrega de torque do motor em condições de perda de tração, seja ela provocada por pisos escorregadios ou durante a transposição de um difícil obstáculo. Além disso, o veículo vem com o HSA (Hill Start Assist), assistente de partida em rampa, que facilita as manobras. A All New L200 Triton Sport é equipada com o exclusivo TSA (Trailer Stability Assist), que estabiliza o conjunto trailer/veículo quando o fenômeno de serpenteamento for detectado, garantindo ainda mais segurança. O sistema de freios é completo, com ABS, EBD, BAS, fazendo com que a frenagem seja eficaz, até mesmo em situações extremas. Além disso, o veículo conta com o Brake Override System, BOS, que monitora constantemente os sinais do freio e acelerador. Caso o freio seja acionado junto com o acelerador e configure uma situação de emergência, o sistema reduz as rotações do motor gradativamente até a parada total e controlada do veículo. Em conjunto com tudo isso está o ESS (Emergency Stop Signal), uma sinalização de frenagem de emergência, que funciona como um alerta para evitar colisões, acionando as luzes de frenagem de forma intermitente. A máxima segurança foi priorizada na construção dessa picape. Projetada sob o conceito RISE, o chassi tem alta eficiência em absorção de energia e grande rigidez estrutural. Adicionalmente, a carroceria recebeu proteção extra com o uso de materiais de alta resistência aplicados em regiões estratégicas. Todas essas ações ajudam a manter a integridade dos ocupantes do veículo em caso de um eventual acidente.
TECNOLOGIA A FAVOR DO BEM-ESTAR
Diversos materiais isoladores foram estrategicamente posicionados para minimizar os ruídos provenientes do motor, rolamento do pneu e até o vento, atingindo níveis excelentes de conforto acústico. Além das novas suspensões, outros componentes como os coxins de carroceria, que são responsáveis pela redução das vibrações, receberam significativas melhorias de performance. Na All New L200 Triton Sport, eles possuem mais do que o dobro de área para absorção de impacto. Além disso, o veículo possui pequenos pesos instalados em regiões estratégicas do chassi, visando minimizar ruídos do power train que possam incomodar os usuários. O projeto e a concepção da All New L200 Triton Sport contaram com os mais avançados recursos computacionais e testes de verificação em túnel de vento, que resultaram em um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,40. É uma das picapes mais leves da categoria, com relação peso/ potência de apenas 10,2 kg/cv. Isso foi possível graças às melhorias do ângulo da superfície lateral do para-choque dianteiro e seção transversal da coluna "A", otimização do formato de teto e do painel traseiro da caçamba, afilamento do final da cabine e melhorias no formato da caixa de roda. A All New L200 Triton Sport foi desenvolvida privilegiando a visibilidade. O desenho do capô e das palhetas do limpador proporcionam maior campo de visão, minimizando os pontos cegos.
CORES E VANTAGENS
A All New L200 Triton Sport tem a MitRevisão com preço fixo, o mais baixo da categoria, e será oferecida em oito cores: Branco Fuji, Prata Rodhium, Prata Cool, Cinza Londrino, Preto Ônix, Vermelho Rubi, Marrom Cacau e Azul Petróleo. www.nova200triton.com.br
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/SaltonHarmoniza www.salton.com.br
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TALK AROUND the TABLE
Days of Wine and Roses Fui ao encontro de Angelo Gaja no Mofarrej para um batepapo, aproveitando sua passagem por São Paulo, depois de uma visita que fez à Villa Francioni em Santa Catarina. Se gostou dos vinhos de lá? “Dos espumantes, muito! São dos melhores do hemisfério sul.”
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aja é conhecido como o cara que transportou o Piemonte para o mundo moderno, revolução que aconteceu em duas regiões, o Piemonte, uma área de pequenas propriedades familiares que Gaja curte chamar de “artesãos”, e a Toscana com sua tradição mais aristocrática, com propriedades maiores e famílias nobres, como os Antinoris e os Frescobaldis. “Nós somos artesãos do vinho. O artesão é aquele que aprende as coisas dentro da família. Eu chegava da escola e ficava ao lado de meu pai na adega e na vinha, por isso devo tudo que aprendi e meu sucesso a ele.” Agora duas filhas já trabalham com Angelo no negócio, e a mais velha Gaia Gaja é a virtual sucessora do pai. Angelo Gaja define seu conceito de liderança: “O líder toma suas decisões antes que os outros. Assim, introduzi as barricas, rolhas mais longas, ampliei a densidade das videiras, inventei as colheitas verdes e apliquei uma melhor gestão de taninos.” O Barbaresco de Gaja é uma pérola do vinho italiano, de grande complexidade, potencial de envelhecimento e excepcional elegância. Assim como seus Nebbiolo de vinhedo: Sorì San Lorenzo, Sorì Tildin e Costa Russi, em Barbaresco, e Conteisa e Sperss em Barolo. Sito Moresco é um classudo corte de Nebbiolo, Merlot e Cabernet de grande apelo gastronômico. “O Piemonte é uma região mágica”, diz Gaja. “O impacto muito forte das vinhas quase nos agridem fisicamente e os vinhos possuem personalidade e caráter únicos. A especifidade da região destaca os taninos e a acidez, características não muito fáceis de se entender. Mas vale a pena ter vontade de descobrir os segredos da Nebbiolo.” Encerrada a mini entrevista, brindamos ao joie de vivre de Angelo, juntamente com Renato Frascino, consultor de vinhos da Talk que me acompanhava, e deste encontro surgiu a ideia deste caderno de vinhos DAYS OF WINE AND ROSES, com 17 vinícolas brasileiras, uma italiana da Toscana e uma californiana. Claudio Schleder
Acima, o lendário Angelo Gaja e a filha Gaia Gaja. Ao lado, Angelo Gaja, Renato Frascino e Claudio Schleder
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Baco é Brasileiro! O que vem à cabeça quando o assunto é vinho brasileiro? Se você é daqueles que ainda acredita que é ruim, que é inferior e muito caro, saiba que, felizmente, você está enganado
Brancos e tintos trazem a raça e o sabor das Serras Gaúcha e Catarinense, da Campanha Gaúcha e dos Campos de Cima da Serra, das Minas Gerais, de São Paulo, do Vale do São Francisco e até mesmo de Goiás
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á muito tempo os produtores fizeram a lição de casa, buscando capacitação profissional e aprimorando a produção do vinhedo a vinícola, com identidade própria. Tanto que hoje já existem cinco regiões com Indicação de Procedência e uma com Denominação de Origem, a DOVV, do Vale dos Vinhedos. Com absoluta certeza o Brasil produz hoje vinhos tão bons quanto qualquer vinho do mundo. Mas que fique claro: produzir com qualidade não significa fazer igual, mas ter estilo próprio e refletir seu lugar de origem, sua cultura e história. O atual vinho brasileiro é resultado de uma história de 484 anos. Surpreso? Com certeza, pois pouca gente sabe que o início da produção de uva e vinhos no Brasil é bem anterior a chegada dos italianos a partir de 1875, considerada o marco da produção
no país. Começou em 1532 com tentativas frustradas dos portugueses em implantar vinhas na Capitania de São Vicente, litoral de São Paulo, que depois se expandiu para outras regiões do país. Houve uma próspera fase nas Missões Jesuíticas entre 1626 e 1652, interrompida por conflitos entre portugueses, jesuítas e guaranis, que dizimaram o povo e a promissora produção. Soma-se também o trabalho de açorianos, alemães e franceses, que precederam os italianos no sul do Brasil. Essa complexa trajetória define o atual vinho brasileiro, marcado pela diversidade. Espumantes vibrantes reconhecidos dentro e fora do país por críticos importantes como a Master of Wine inglesa Jancis Robinson, que apresentou o Cave Geisse 1998 no Wine Challenge 2011, em Hong Kong. Brancos e tintos trazem a raça e o sabor das Serras Gaúcha e Catarinense, da Campanha Gaúcha e dos Campos de Cima da Serra, das Minas Gerais, de São Paulo, do Vale do São Francisco e até mesmo de Goiás. Um olhar para o passado fez resgatar castas de
vinhos muito consumidos antigamente pelas famílias gaúchas, como Peverella, Trebbiano, Moscatos, Goethe, Cabernet Franc e Barbera. Uma diversidade tão grande quanto são os climas, solos e paladares do Brasil. A rota dos vinhos brasileiros passa por grandes empresas, produtoras de milhões de litros, e também por pequenas produções autorais, naturais, orgânicas e biodinâmicas. Opções para todos os gostos e bolsos. Aliás, gosto e bolsos são os pontos de resistência ao vinho brasileiro. O gosto do apreciador, novato na cultura do vinho, foi moldado por padrões ditados pelo mercado, de vinhos de cor profunda, aromas exuberantes, alcóolicos e encorpados, um dos tantos estilos que o vinho pode ter. O estilo brasileiro é de vinhos mais elegantes, de cores vibrantes, frescos, aromáticos e vocação gastronômica. Um gosto a ser aprendido, já que é tendência mundial. Quanto ao bolso, custos altos de produção e elevada carga tributária, que castigam todos os setores, empurram o preço do vinho e o preconceito para cima. Se é caro,
os consumidores preferem o importado de mesmo valor. Se é barato, desconfiam da qualidade. É grande o desafio para os produtores encontrarem a relação ideal entre qualidade e preço para vencerem os preconceitos. Mas também já é tempo de mudar a mentalidade dos consumidores, ainda presos a velhos conceitos de tudo que é importado é melhor. Será mesmo? É provar para crer... Sonia Denicol
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Vinícola Aurora A Vinícola Aurora comemora 85 anos de fundação e sua trajetória, marcada por crescimento e superação, conta a história do vinho brasileiro
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undada no ano de 1931 por 16 famílias produtoras, a maior cooperativa vinícola do país conta hoje com 1.100 famílias associadas, que produzem uma safra média anual de 65 mil toneladas de uvas, para a elaboração de 13 marcas e mais de 200 itens do portfólio da vinícola. Dentro da marca Aurora, a linha Pinto Bandeira é a única que não é elaborada com as uvas cultivadas pelos cooperados, e sim na área da Cooperativa instalada no município de Pinto Bandeira, a quase 800 metros de altitude, onde a Aurora realiza o trabalho de terroir. O novo rótulo é o espumante Aurora Pinto Bandeira Extra Brut Método Tradicional com 24 meses de autólise, lançado em junho no evento Degustando Aurora, em São Paulo, com o icônico Aurora Millésime Cabernet Sauvignon safra 2012 (este elaborado com uvas dos associados). Os vinhos tranquilos Aurora Pinto Bandeira Chardonnay e Aurora Pinto Bandeira Pinot Noir foram os primeiros a chegar ao mercado com IP e já se encontram em sua quarta safra. A área de 22 hectares, dos quais 16 são plantados, chama-se Aurora Pinto Bandeira, e cultiva Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico, três variedades que expressam a excelência dessa região demarcada com Indicação de Procedência em processo de Denominação de Origem. A área, de beleza natural exuberante, pertence à Cooperativa desde os anos 70 e sempre funcionou como um Centro Tecnológico de Viticultura, onde as mudas importadas eram ali desenvolvidas, cultivadas em vinhedos experimentais para posteriormente serem distribuídas aos associados para cultivo. Há cerca de oito anos, foi convertido em cultivo produtivo para elaboração dos vinhos com Indicação de Procedência e transformou-se em Aurora Pinto Bandeira. Outro vinho de destacada qualidade é o Cabernet Franc da linha Aurora Pequenas Partilhas Notáveis da América. A Aurora vem conseguindo excepcionais resultados com essa varietal e em algumas comunidades 60
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de associados vem se mostrando com regularidade, que fez a vinícola colocá-lo como o representante do Brasil nessa linha que ganhou um conceito de América do Sul e inclui outros três tintos representativos do continente: no Chile (Carmenère), no Uruguai (Tannat) e na Argentina (Malbec), os três lançados no ano passado. As unidades de vinificação da Vinícola Aurora estão em Bento Gonçalves sendo uma localizada no Vale dos Vinhedos, destinada a elaboração de suco de uva integral, um dos segmentos em que a Aurora tem a liderança de mercado. A Aurora também é líder em vinhos finos e coolers (marca Keep Cooler), e exporta para mais de 20 países. Tem mais de 540 premiações em concursos internacionais oficiais de vinhos, mantendo-se como a líder absoluta no ranking das vinícolas mais premiadas do Brasil. A matriz recebe mais de 160 mil turistas ao ano e pode ser visitada todos os dias, com acompanhamento de equipe especializada no receptivo, com tour completo e degustação gratuita.
Espaldeiras na Aurora Pinto Bandeira, a 800 m de altitude. No evento Degustando Aurora, em São Paulo, a vinícola lançou o Aurora Millésime Cabernet Sauvignon 2012 e o espumante Aurora Extra Brut Pinto Bandeira Método Tradicional 24 meses. No detalhe, o presidente Itacir Pozza, o enólogo Flávio Zílio (no centro) e o diretorgeral da vinícola, Hermínio Ficagna. A Linha Reserva: vinhos premiados em concursos
www.vinícolaaurora.com.br
internacionais
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Batalha Vinhas e Vinhos Unindo o idealismo com as características que conferem uma vocação natural de uma região promissora para uma nova vitivinicultura mundial, a Batalha Vinhas e Vinhos reúne um grupo de jovens idealistas e de espírito empreendedor
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resultado econômico é uma conseqüência, pois a Batalha Vinhas e Vinhos busca a valorização da pequena propriedade, onde não é priorizado o volume, mas sim, a qualidade. Em uma área de 29 hectares está nascendo neste mundo encantador e hipnótico da vitivinicultura. O vinho está ligado à história. O privilégio de estar localizada nas terras onde ocorreu a Batalha do Seival é motivo de orgulho e motivação para a Batalha Vinhas e Vinhos iniciar outra história, a revolução do vinho brasileiro, confiando na fertilidade desta terra, no clima do paralelo 31º e principalmente, confiando nas pessoas da equipe. Em 1836, ocorreu onde hoje se localiza o município de Candiota, RS, a Batalha do Seival, conflito militar em que os revolucionários da revolução farroupilha
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venceram o exército do império brasileiro e ensejaram a República Riograndense. Quase dois séculos depois da Batalha do Seival, neste mesmo local, nasce o vinho Batalha, encorpado por nossa história e produzido em condições ideais de clima e solo na região considerada berço dos grandes vinhos do Rio Grande do Sul. Região essa, localizada no paralelo 31º, latitude onde atualmente se encontram os melhores vinhos do novo mundo. A Campanha Gaúcha fica quase na fronteira com o Uruguai, bem próxima do início da faixa tradicionalmente considerada ideal para a vitivinicultura, entre os paralelos 30º e 50º. O parreiral de Cabernet Sauvignon para a safra 2016, a linha de produtos Batalha, os tanques de inox na cantina e vista do vinhedo
Os vinhos da Batalha Vinhas e Vinhos: Cabernet 2011. As uvas que originaram este vinho foram colhidas manualmente, em parreiras de Bagé, na região da Campanha do Rio Grande do Sul. Este vinho apresenta cor vermelho rubi intensa, aromas vinosos, levemente herbáceo, sabor macio e agradável.
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Tannat 2012. Elaborado com 15% Merlot e 85% Tannat com seleção manual de cachos, passagem por barricas de carvalho francês e conduzido em espaldeira simples. Sabor longo, aveludado com taninos doces e macios. Merlot 2011. Feito exclusivamente a partir de Merlot, sem passagem por madeira. Fresco e cheio de frutas, tem acidez vibrante, ótima textura de taninos e final suculento, pedindo mais um gole. Chardonnay 2014. De 100% de uvas Chardonnay, produzidas em nossos vinhedos de Candiota, na Região da Campanha Gaúcha. Passou por barricas especiais para vinho branco de primeiro uso por um período de 12 meses. Espumante Brut. Elaborado com uvas 100% Chardonnay, pelo processo Natural de fermentação na própria garrafa (Champenoise). Aromas intensos que misturam fruta e mel, sabor macio e agradável. Espumante Nature. De uvas 100% Chardonnay, feito pelo processo Champenoise, ficou 18 meses em contato com a levedura na garrafa, para após se iniciar o processo de remuage. Recomenda-se servir a uma temperatura entre 4º e 6º C. www.batalhavinhos.com.br
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Vinícola Bueno Wines A Vinícola Bueno Wines, de Galvão Bueno, já acumula vários prêmios e segue olhando para o futuro, para a contínua produção de vinhos de qualidade, com métodos e protocolos adequados
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enho orgulho de ser produtor de vinhos, tanto na Itália quanto no sul do Brasil”. A frase de Galvão Bueno resume uma paixão desenvolvida ao longo de 42 anos de trabalho com eventos esportivos, que o levaram a conhecer boa parte do planeta. Sua relação com o mundo dos vinhos começou com uma curiosidade sobre as qualidades dessa bebida tão envolvente. Foi apurando o paladar, 64
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ganhando cada vez mais conhecimento, provando uvas de diferentes terroirs de diversos produtores. Essa grande paixão o levou a investir na produção de vinhos e na criação da Bueno Wines. No sul do Brasil, Galvão fundou a Bellavista Estate, na região do Seival na Campanha Gaúcha. Nas palavras do locutor, “lá se encontra o perfeito terroir do Paralelo 31, a mesma latitude da produção de vinhos de qualidade na Argentina, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul”. O empresário Galvão Bueno também produz vinho na
Galvão Bueno e o italiano Roberto Cipresso, enólogo chefe da vinícola Bueno Wines, em evento em São Paulo
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região da Toscana, na Itália e é sócio da vinícola Miolo. O enólogo chefe da Bueno Wines, o winemaker Roberto Cipresso, é o grande maestro dos projetos desenvolvidos no Brasil e na Itália. Nascido na região do Veneto, Cipresso dedicou-se aos estudos das técnicas agrícolas. Quando se mudou para a Toscana iniciou sua carreira de winemaker em Montalcino, trabalhando com os mais importantes produtores de vinhos da região. A contribuição de Cipresso no aprimoramento da linha de produtos da Bueno Wines vem se destacando ano após ano. “Trabalhar com ele é contar com um aprendizado permanente. Cipresso tem profundo respeito pelas tradições do vinho italiano e se mantem informado sobre as novidades que podem acrescentar qualidade aos produtos”, comenta Galvão Bueno. Hoje a Bueno Wines hoje produz sete rótulos: vinho tinto Bueno Paralelo 31, espumante Bueno Cuvée Prestige Brut, vinho tinto Bellavista Estate Pinot Noir (premiado com Medalha de Ouro no Concurso Mundial Bruxelas-Brasil 2014), vinho branco Bellavista Estate Sauvignon Blanc e o espumante Bueno Bellavista Desirée Brut Rosé. E os vinhos italianos Bueno La Valletta Sangiovese e Bueno-Cipresso Brunello Di Montalcino (o Bueno-Cipresso Brunello Di Montalcino Riserva 2004 foi eleito como Melhor Tinto de 2014, com 95 pontos, na lista dos TOP 100 da revista Adega). Em 2016, a vinícola conquistou
medalhas de Ouro para os vinhos Bueno Paralelo 31 e Bueno Bellavista Estate Pinot Noir, ambos safra 2013, no VIII Brazil Wine Challenge, realizado na Serra Gaúcha, que reuniu especialistas nacionais e internacionais. “Embora o mercado de vinhos seja difícil, o nosso problema não é a qualidade, já que hoje se faz muita coisa boa no Brasil. O maior problema é o preconceito, que estamos combatendo e vencendo com níveis cada vez mais elevados de produção. Nossos protocolos de qualidade não ficam devendo nada aos de nossos vizinhos. O vinho brasileiro tem grande futuro e eu espero contribuir com os produtos da Bueno Wines”, conclui Galvão Bueno.
Portão de entrada da Vinícola Bellavista Estate em Candiota, na Campanha Gaúcha, RS
www.buenowines.com.br
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Cave Geisse A Cave Geisse é considerada uma das principais especialistas em espumantes pelo método tradicional no Novo Mundo, por trabalhar unicamente a singularidade do seu terroir
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esde o princípio, Mário Geisse identificou o potencial da região para a produção de espumantes. Mario, engenheiro agrônomo e enólogo chileno, veio para o Brasil em 1976, contratado para dirigir os negócios da Chandon no Brasil. Fundou a Cave Geisse em 1979 buscando incansavelmente uma região alta, com boa exposição solar, a encosta virada para o norte e a melhor drenagem possível, levando em consideração que o maior limitante da região é a chuva. Se chover, ela não me prejudica, refletiu, com experiência. A procura levou um ano. No final de 1978 a compra de 36 hectares a 800 metros de altura, em Pinto Bandeira, distrito de Bento Gonçalves, na região conhecida por Vinhos de Montanha, se concretiza. Aí nasceu a Cave Geisse. A paixão do enólogo Mário Geisse pelo vinho é um caso de amor antigo, uma história que há muito estava escrita: “Começou desde criança. Em minha casa ele sempre foi parte do dia-a-dia, como o pão e a carne, como tudo que existia na mesa”, conta. “Eu nasci vendo-o como elemento de vida”. O enólogo cresceu em uma região produtora de uvas para pisco, em Limari, a 400 quilômetros ao norte de Santiago. Mário sempre gostou da vida no campo e por isso decidiu estudar agronomia e especializarse em vinicultura. Não sou uma pessoa de escritório, observa. Preciso estar em movimento, sou um itinerante e o vinho me proporciona isso. Em 1971 foi trabalhar em Chillan, Concepción e Yumbel Coelemu, com pequenos agricultores e cooperativas. Em 1973 Mário é contratado pela vinícola Manquehue - uma gigante da época - onde desenvolveu novos vinhos até 1976. Sua vida iria sofrer uma expressiva mudança em breve. Mário é contratado pela Chandon para abrir mercado na América Latina, 66
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O enólogo visionário Mario Geisse identificou o potencial do terroir na região de Pinto Bandeira para os espumantes Cave Geisse Brut, Terroir Rosé, Extra Brut e Terroir Nature
nos vinhedos da Serra Gaúcha – assim começa seu namoro com o Brasil, país que ele não havia estado e que permanece até hoje. “A imagem que eu tinha do Brasil era absolutamente diferente da que eu encontrei”, revela. O enólogo descobriu que de tropical nada havia nestas terras do extremo sul e que a uva era muito distinta da chilena. Surpresa que lhe pareceu positiva e ótima para a produção de espumantes. O objetivo principal de Mário Geisse sempre foi o de desvendar o real potencial de qualidade que a região pode oferecer. Para isto, renunciou às grandes produções do método de cultivo vigente na região – latada – e optou pelo de espaldeiras altas, com produções menores, mas de melhor qualidade, aliando conhecimento, tradição e técnica. Hoje, na Cave Geisse, é dada a máxima atenção em cada fase do processo de elaboração dos espumantes. Essa dedicação é recompensada com o alto padrão de qualidade atingido pelas bebidas elaboradas, marcadas pelo respeito ao estilo próprio de
vinhos que o Brasil pode oferecer. Um bom exemplo é o espumante Cave Geisse, ícone da vinícola, considerado pelos experts como o melhor espumante do Brasil. É um verdadeiro brasileiro por excelência. www.cavegeisse.com.br
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Vinhedos Capoani Em sua essência, a Capoani elabora vinhos e espumantes, explorando a identidade regional com olhar nas aspirações dos consumidores modernos que buscam produtos com atitude inovadora
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assados 138 anos, desde a chegada da família Capoani no 80 da Leopoldina, em Bento Gonçalves, RS, proveniente de Scandolara Ravara, província de Cremona, Itália, os Vinhedos Capoani guardam em suas garrafas muito mais do que as cores tintas e as borbulhas oriundas do processo de transformação da uva. São sabores de história e sonhos presentes em cada garrafa, para celebrar de forma única o melhor que a vida tem para nos oferecer: o prazer de respirar e aspirar novas conquistas. Quando em 1973, Volmir Luis Capoani, plantou as primeiras mudas de videira chardonnay, sendo pioneiro na região, seu filho Noemir Capoani observava e sonhava em montar a vinícola da família. Incentivado pelo pai a empreender outro negócio, em 1990, Noemir funda a Ditália Móveis, transformando-a numa das maiores empresas do setor moveleiro, com um parque industrial de 39.500 m² e exportando para mais de 40 países. Juntamente com seus filhos, Wilian e Renan, Noemir assume a administração dos vinhedos da família em 2009, após o falecimento do seu pai Volmir. A primeira safra passa a ser elaborada a partir de 2010, dando andamento ao projeto de renovação dos vinhedos e o sonho de construção da própria vinícola. “Nós, da Vinhedos Capoani, queremos que a sua experiência com nossos vinhos e espumantes seja única! Nessa busca, temos como objetivo principal extrair o melhor que nossas videiras e nosso terroir nos proporcionam, buscando excelência nos produtos e que estes possam te surpreender e fazer com que momentos da sua vida, tornem-se lembranças inesquecíveis para sua alma.” 68
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Os vinhos da Vinhedos Capoani: Vinho Capoani Merlot. Com taninos muito macios e equilibrados com a acidez, apresenta final longo e retrogosto complexo. Vinho Capoani Tannat Intenso. Encorpado, com alta quantidade de taninos, porém estes muito maduros e redondos. Possui um final longo e muito persistente. Espumante Capoani 48 meses Brut. Possui uma excelente cremosidade em boca, seguida por uma belíssima acidez. Muito intenso em sabores e com final longo e complexo.
Espumante Capoani 48 meses Nature. O baixo teor de açúcar residual realça em boca todo o frescor deste espumante. Possui incrível cremosidade e complexidade, dignas dos melhores espumantes do mundo. Vinho Capoani Merlot/Tannat. Equilibrado e redondo, com final de boca muito persistente e agradável. Vinho Capoani Merlot. Com taninos muito macios e equilibrados com a acidez, apresenta final longo e retrogosto complexo.
Na Vinhedos Capoani, os treze hectares plantados produzem dois espumantes, Brut e Nature, feitos com cem por cento de uvas Chardonnay, e quatro vinhos: Gamay, Merlot, Tannat e um corte de
www.vinhedoscapoani.com.br
Merlot e Tannat
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Vinícola Góes A família de Gumercindo Góes, um dos produtores de vinhos pioneiros do país, mantém o mesmo cuidado artesanal, priorizando a qualidade e a tradição, da produção das uvas à elaboração de seus vinhos e espumantes
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escendente de imigrantes portugueses, o casal Benedito Moraes de Góes e Maria das Dores Lima de Góes lavrou terras desde os sertões da Vila de Una a Piedade, região hoje situada entre as cidades de Ibiúna e Piedade, vindo a se estabelecer, na primeira década do século passado, em São Roque, no bairro de Canguera. Foram nessas terras férteis, de clima rigorosamente frio e seco, que encontraram as condições ideais para lançarem de vez suas raízes em solo brasileiro, construindo assim uma grande família. No início dos anos 60, Gumercindo de Góes começa a construir, junto com os filhos, uma nova vinícola, iniciando oficialmente a produção dos Vinhos Góes, em homenagem ao sobrenome e às origens da família, registrada
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posteriormente como Vitivinícola Góes. Um dos primeiros mercados conquistados pela Vinícola Góes foi o do Brasil Central com a remessa de um lote completo de vinhos para a recém inaugurada Brasília. As décadas de 60 e 70 foram favoráveis à vitivinicultura com um crescimento promissor em todo o mercado brasileiro. Nos anos 80, sempre buscando o crescimento e a conquista de novos mercados, Gumercindo Góes e seus filhos, com muito arrojo e determinação, apesar dos tempos difíceis, investem e se modernizam e adquirem novas máquinas, possibilitando assim maior produção. Iniciam-se em São Roque uma série de investimentos: em 1985, adquirem a propriedade, instalações e a marca dos afamados Vinhos Quinta Jubair: em 1989, a atividade de distribuição com a abertura da Distribuidora de Bebidas Góes; em 2001 inauguram o Vale do Vinho Restaurante.
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Por iniciativa própria, a empresa faz testes com uvas viníferas em solo paulista há mais de 15 anos e muitas castas foram testadas. O destaque está na uva Cabernet, que resultou em excelente qualidade, tanto que a vinícola lançou uma marca só com uvas viníferas cultivadas no Estado de SP. A linha se chama Góes Tempos e é composta de Cabernet Franc, Sauvignon e Lorena. O protagonista desse time é sem dúvida o rótulo Góes Tempos Philosophia Reserva 2014, um vinho tinto fino seco varietal, que trouxe ao Estado de São Paulo, pela primeira vez, a chancela de ser eleito um dos mais representativos da safra em 2014, na sua categoria, durante a 22ª Avaliação Nacional dos Vinhos, evento mais importante no mundo do vinho brasileiro. Com o mercado em franco desenvolvimento, a produção, que era
A fachada da nova loja com adega e curso de degustação, o Cabernet Franc da linha Góes Tempos, o interior da loja e o parreiral de uva Cabernet, tudo em São Roque no interior de São Paulo
elaborada com uvas de seus próprios vinhedos, não supre a demanda, por isso, a Vinícola Góes buscou, na Serra Gaúcha, um polo alternativo. E, no ano de 1989, na cidade de Flores da Cunha, adquiriu uma vinícola em sociedade com a Família Venturini, garantindo assim o suprimento de uvas e a possibilidade da elaboração de vinhos de qualidade, ingressando também na linha de vinhos finos, lançando no final da década de 90, a linha Quinta Jubair Varietais e o Espumante Moscatel Vívere. Em 2003, os Góes inauguram o parque enoturístico em São Roque, junto ao lançamento de mais um produto, o refrescante Grape Cool, quatro anos depois acontece o lançamento dos primeiros produtos da hoje premiada linha Casa Venturini e em 2009, a Vinícola Góes em parceria com a Família Venturini inaugura o espaço enoturístico da Vinícola Casa Venturini em Flores da Cunha. www.vinicolagoes.com.br
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Vinícola Guaspari A Vinícola Guaspari nasceu do sonho de produzir um vinho brasileiro de altíssima qualidade e que fosse motivo de orgulho para o País. O projeto teve início em 2006, quando foram plantadas as primeiras videiras em uma antiga fazenda de café na região de Espírito Santo do Pinhal, São Paulo
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s variedades escolhidas foram as francesas, selecionadas pelas características do terroir. Dois anos após o primeiro plantio, a vinícola foi construída, e o primeiro vinho foi produzido ainda de maneira artesanal. Os ótimos resultados alcançados reforçaram o potencial do projeto e motivaram a empresa a trazer o que havia de melhor no mercado mundial. Especialistas reconhecidos do Brasil e do exterior foram envolvidos desde o início na escolha dos caminhos mais adequados. Gradualmente, a área de plantio veio sendo ampliada, chegando hoje a 50 hectares. Os vinhedos foram divididos em 12 terroirs distintos, demarcados em função da especificidade dos microclimas
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Barricas de carvalho dos principais toneleros franceses (Taransaud, François Frére e Ermitage)
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existentes para expressar toda a qualidade e tipicidade de cada uva (Syrah, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Viognier, Cabernet Franc, PinotNoir, Petit Verdot e Merlot). Uma das grandes inovações do projeto da Vinícola Guaspari é a transferência da safra para o inverno, quando a amplitude térmica, a insolação e a ausência de chuvas são semelhantes às das grandes regiões vinícolas do mundo. O projeto arquitetônico preservou o estilo das antigas fazendas de café da região, integrando cultura e estética locais. Os vinhos Guaspari chegaram ao mercado em 2014 com seus primeiros Syrahs e Sauvignon Blanc. Lançados no encontro da Ficofi, que conta anualmente com a participação dos produtores de vinho mais conceituados do mundo, os syrahs foram descritos como amazing (“incrível”, “sensacional”) pelo inglês Steven Spurrier,
célebre pelo Julgamento de Paris. Já o Rosé Guaspari, lançado em fevereiro deste ano, é uma perfeita combinação de aromas que oscilam entre os florais e notas de frutas vermelhas, como morango e cereja. Um perfeito equilíbrio e excelente acidez tornam este vinho leve e fresco. A nova linha de vinhos da Guaspari chama-se Vale da Pedra e sua primeira safra chegou ao mercado no último mês de junho, trazendo um vinho tinto. Seu próximo lançamento será o vinho branco em setembro. São vinhos produzidos no terroir da Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal, a partir de um blend de uvas de vinhas mais jovens e com o mesmo cuidado em campo e na vinificação que caracterizam os produtos da vinícola.
As culturas do café e da oliva também
www.vinicolaguaspari.com.br
presentes na vinícola
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Lidio Carraro Uma vinícola familiar com apenas doze anos de mercado, mas com um currículo respeitável tanto no Brasil como no exterior. Assim pode ser definida a Lidio Carraro Vinícola Boutique
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ocalizada na região do Vale dos Vinhedos, município de Bento Gonçalves na Serra Gaúcha, a Lidio Carraro segue a filosofia purista na elaboração de seus vinhos. O conceito, que prega o mínimo de interferência para a máxima expressão natural da uva e do seu terroir de origem, vem conquistando o paladar de brasileiros e de consumidores em mais de 20 países. Sem utilizar barricas de carvalho ou outro tipo de madeira e sem fazer correções enológicas, a vinícola destaca-se por oferecer uma linha de vinhos emblemáticos, elaborados com variedades como Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Tannat, Pinot Noir, Chardonnay, Moscato, Riesling, Malbec, Tempranillo, Touriga Nacional, Teroldego e Nebbiolo. Para traduzir em seus vinhos a máxima expressão das uvas e do seu terroir de origem, a Lidio Carraro possui duas áreas com vinhedos. A primeira, localizada no Vale dos Vinhedos – principal região vitivinícola 74
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A família Carraro aposta no Conceito Purista para a elaboração de grandes vinhos e a vinícola tem Monica Rossetti como enóloga e Diretora Técnica
do Brasil, e a outra no município de Encruzilhada do Sul – situado a 230Km de Bento Gonçalves – conta com mais de dez variedades viníferas cultivadas em uma área de aproximadamente 40 hectares. A vinícola é pioneira no país a implantar uma gestão vitícola e enológica integrada e sustentável, que se inicia com um meticuloso estudo de clones, mapeamento de solos, rigoroso controle de produção, até o recebimento da uva por gravidade e vinificação de grandes vinhos sem o uso tradicional da madeira. A enóloga Monica Rossetti é quem assina os vinhos da Lidio Carraro. Conhecida por
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sua dedicação aos estudos e paixão pela vitivinicultura, Monica Rossetti divide seu tempo e conhecimento entre a Europa e o Brasil, buscando sempre traduzir em vinhos, o que há de melhor em cada continente. Responsável pelo projeto técnico desde a fundação da vinícola, Monica tem uma ampla vivência enológica. Além do Brasil, atua como consultora em renomadas empresas italianas como o grupo Ferrari Spumanti e outras vinícolas das tradicionais regiões da Toscana, Piemonte, Vêneto, Trentino Alto Adige, Friuli e Umbria.
Comprometida a elaborar somente vinhos de Primeira Linha, a vinícola possui um portfólio dividido em dois segmentos: Lidio Carraro Top Premium (linhas Grande Vindima, Singular, Elos e Coletânea) e segmento Lidio Carraro Premium (linhas Dádivas, Agnus e Faces). Outro diferencial é a adoção da proposta de vinícola boutique que subentende uma produção controlada e de altíssima qualidade. A Lidio Carraro foi a vinícola que elaborou os vinhos oficiais de grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo de 2014, o Rio Open Tênis nas edições 2015 e 2016, 30 anos da Stock Car em 2010 e Jogos Pan-americanos Rio 2007. Coroando a presença de sua marca em importantes competições mundiais, a Lidio Carraro foi escolhida neste ano como a vinícola licenciada para a elaboração dos vinhos e espumantes dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
As linhas de vinhos e espumantes da Lidio Carraro, com sede situada no Vale dos Vinhedos (RS) onde os vinhos ficam em tanques de aço inox antes de serem engarrafados, pois a vinícola não utiliza barricas de carvalho. Parte da produção de uvas encontrase no município de Encruzilhada do Sul
www.lidiocarraro.com
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Luiz Argenta Sinônimo de modernidade na produção de vinhos e espumantes, e aliada ao design de suas garrafas, a Luiz Argenta pesquisa e aplica as mais avançadas técnicas para a personalização de seus produtos focando sempre na qualidade, exclusividade e elegância
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m 1999 os irmãos Deunir e Itacir, filhos de Luiz Argenta, adquirem esta propriedade e desenvolvem um moderno projeto para produção de uvas e vinhos. Em homenagem ao Patriarca, surge então a Luiz Argenta Vinhos Finos. Um empreendimento que reúne a tradição de um dos melhores terroirs do Brasil às mais modernas técnicas de elaboração de vinhos finos. A propriedade passou a receber grandes investimentos na pesquisa dos mais avançados métodos de cultivo. Os vinhedos foram replantados, com importação de mudas da Europa, e hoje a propriedade conta com 16 variedades diferentes de uvas viníferas, como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Gewurztraminer, Sauvignon Blanc, Chardonnay, entre outras. Trata-se de uma área de 55 hectares de uvas viníferas, 76
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sendo que todos os vinhos da são elaborados com uvas de seus próprios vinhedos. A nova estrutura da Luiz Argenta ficou pronta em 2009, com um projeto moderno e inovador. Com uma arquitetura diferenciada, é uma das mais bela vinícola existentes. Após a colheita, a preocupação em preservar ao máximo as qualidades
Acima, vista pela sacada da vinícola. Abaixo, vinícola e vinhedos Luiz Argenta
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intrínsecas das uvas, ganha contornos de preciosismo. Para não sofrerem agressões mecânicas, elas passam pelo sistema de vinificação por gravidade, que não danifica a baga da uva e não quebra as suas sementes, ganhando em qualidade para o vinho. A vinícola produz atualmente aproximadamente 180 mil garrafas por ano, divididos em 22 produtos diferentes. Os produtos da Luiz Argenta estão divididos em 3 linhas: L.A. Jovem (vinhos leves, de safras recentes), L.A. Clássico (grandes vinhos de média estrutura), e Luiz Argenta Cave (vinhos de grande estrutura e de safras excepcionais). A Luiz Argenta também investe no design de seus produtos. Cada rótulo é diferenciado por um símbolo gráfico que transmite a ideia e personalidade de seu vinho. Os produtos da linha L.A. Jovem estão embalados em garrafas italianas exclusivas, tornando os seus produtos ainda mais sofisticados e únicos. Estas garrafas são utilizadas apenas na linha dos vinhos jovens da vinícola por serem vinhos de consumo rápido e não precisarem ser armazenadas — devido ao formato destas garrafas serem de difícil adaptação em adegas convencionais. Estas garrafas também seguem o conceito de sustentabilidade da vinícola, pois elas podem facilmente serem reutilizadas como objeto de decoração, ou o que mais a imaginação permitir. No mês de maio último, a vinícola inaugurou um restaurante em homenagem a matriarca da família, Clô Argenta e espaço para eventos no seu terraço, com suporte para até 140 pessoas. www.luizargenta.com.br
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Casa Pedrucci Quando o enólogo Gilberto Pedrucci descobriu uma das mais antigas cantinas incrustadas entre os montes e videiras, viu ali o cenário perfeito para completar seu mais ousado projeto. O basalto centenário reunia em sua simplicidade artesanal, as condições de temperatura, luminosidade e umidade perfeitas para elaborar sonhos e borbulhas. Assim nasceu a Casa Pedrucci em Garibaldi
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m um breve intervalo de tempo, a Pedrucci sedimentou suas bases e se tornou referência no mercado brasileiro de espumantes finos. A Casa Pedrucci é uma das vinícolas responsáveis pela atual qualidade do renomado espumante brasileiro. Reúne em seu histórico mais de 50 prêmios nacionais e internacionais. O segredo para produzir espumantes com tamanha qualidade é preservar os valores primordiais da empresa: trabalho familiar, dedicação e esforço. Em detrimento do fascínio e da aprovação dos paladares mais exigentes, a Vinícola está sempre à procura de inovação e qualidade. Quando decidiu arriscar e abrir o próprio negócio, Gilberto Pedrucci sabia que os seus anos de experiência no setor da uva e do vinho, seu amor pelo espumante e sua dedicação, fariam a empresa dar certo. Hoje além de apaixonado pelo que elabora, Gilberto é um empresário orgulhoso e feliz por ter certeza que em cada garrafa produzida, perdura um pouco da sua paixão. Os vinhos da Casa Pedrucci: Espumante Moscatel. Provém de uma única fermentação do suco em tanques pressão (processo asti), de modo a preservar os intensos aromas primários provenientes das uvas da variedade Moscato e Malvasia Bianca. Espumante Brut Tradicional. É elaborado pelo método Tradicional com maturação mínima de 12 meses com vinhos base das variedades Riesling Itálico, Chardonnay e Pinot Noir. Espumante Brut Reserva. Produzido pelo método tradicional com maturação mínima de 24 meses em garrafa, com uvas da variedade Chardonnay, Riesling Itálico e Pinot Noir. 78
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Espumante Brut Millésime 1,5L. Feito através do método tradicional com uma maturação mínima de 36 meses em garrafa. Somente é elaborado em safras especiais onde ocorre a excelência na qualidade da matéria-prima. Seu assemblage é de vinhos base das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. Espumante Brut Millésime. É elaborado através do método tradicional com uma
A Vinicola é localizada em uma pequena comunidade no interior de Garibaldi
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maturação mínima de 36 meses em garrafa. Somente produzido em safras especiais onde ocorre a excelência na qualidade da matériaprima. Assemblage feito dos vinhos base das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. Cabernet Sauvignon Casa Pedrucci. Coloração intensa de tonalidade rubi, viva e brilhante. Bouquet fino, frutado e de
especiarias. Paladar marcante, excelente volume de boca, macio, aveludado, com retrogosto frutado, agradável e persistente. Espumante Brut Rosé. Elaborado com uvas selecionadas das variedades Gamay e Pinot Noir pelo método Tradicional e tem características jovens e marcantes.
Instalada em um prédio histórico com mais de 100 anos, exala charme, encantamento e beleza
www.casapedrucci.com.br
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Vinícola Pericó A região de São Joaquim onde está a Vinícola Pericó é um dos pontos mais altos do estado de Santa Catarina. A 1300 metros de altitude, o cultivo das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot e Chardonnay, tem o diferencial no seu tempo de amadurecimento prolongado
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história da vitivinicultura na Altitude Catarinense iniciou em 1999, quando o primeiro empreendimento visando à exploração comercial de vinhos finos instalou-se na região. A partir de 2000, outros projetos se iniciaram e hoje são mais de 20 empreendimentos a trabalhar com o cultivo das uvas e produção do vinho na região, somando mais de 200 hectares de vinhedos. O principal diferencial dos vinhos de altitude é o tempo de amadurecimento da uva. Somado às particularidades do solo e do clima, este fator produz frutos com um grau de açúcar natural diferenciado pelo amadurecimento prolongado. Das noites frias e dias ensolarados da altitude, da preparação do terroir por dois anos para as castas plantadas, da cuidadosa 80
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Os parreirais e vinhedos de altitude em São Joaquim e o Sr. Wandér Weege, pioneiro na arte da vinicultura em Santa Catarina
colheita e seleção dos frutos e do preparo adequado em cada etapa do processo de vinificação a Vinícola Pericó produz vinhos de alta qualidade com características únicas.
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Unindo paixão, conhecimento e tecnologia de ponta, em 2002 foi lançado o Projeto Pericó, para mais uma promissora vinícola, esta, na Altitude Brasileira em Santa Catarina. Assessoria estrangeira e nacional foi seguida à risca no preparo do terroir a 1300 metros sob o nível do mar por quase dois anos. O investimento no solo e as castas importadas da França foram sem dúvida, a diferença, uma vez que foram obtidas 29 medalhas até 2016. Deste projeto pioneiro surgiram o Primeiro Espumante de Santa Catarina, naturalmente pelo clima frio da região, e o Primeiro e Único Ice Wine do Brasil, pois estas uvas são colhidas a no mínimo - 6ºC. Os vinhos da Vinícola Pericó: Pericó Vinho do Gelo. Icewine É um vinho de meditação e portanto pode ser degustado sem nenhum outro tipo de alimento. De castas Cabernet Sauvignon de colheita tardia. Espumantes. Champenoise Nature, Champenoise Nature Rosé, Champenoise Brut, Champenoise Brut Rosé, Branco brut, Rosé brut, Branco demi-sec, Rosé demi-sec e Moscatel. Pericó Taipa. Vinho rosé seco de castas Cabernet Sauvignon (60%) e Merlot (40%). Pericó Vigneto. Vinho branco seco, cem por cento Sauvignon Blanc. Plume. Vinho branco seco, cem por cento Chardonnay. Basaltino. Vinho tinto seco, cem por cento Pinot Noir.
Basalto. Vinho tinto seco, Cabernet Sauvignon (75%) e Merlot (25%). Minerato. Vinho tinto seco, Merlot (75%) e Cabernet Sauvignon (25%). Equação. Vinho tinto seco, cem por cento Cabernet Sauvignon. Benedictum. Vinho tinto seco, Cabernet Sauvignon 2012, 100% www.vinicolaperico.com.br
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Casa Perini Em constante evolução, a Casa Perini é sinônimo de pioneirismo e inovação e figura entre as cinco vinícolas mais representativas do país aperfeiçoando os processos produtivos com tecnologias modernas para elaboração de espumantes e vinhos finos Seus vinhos se destacam pela personalidade, alta concentração e grande caráter, elaborados por uma equipe que preserva a filosofia de qualidade herdada das gerações anteriores, combinando-a com seu espírito inovador. Benildo Perini, neto de Giuseppe e atual diretor da vinícola, iniciou
Ao lado a Taverna Perini, onde são servidas receitas da família para grupos e convidados. Abaixo, uma foto da Casa Perini durante a primavera
Anaelise Kunrath
Diego Frigo
O
s imigrantes Antonio e Giuseppe Perini chegavam ao Brasil há mais de 130 anos trazendo da Itália a arte de transformar a uva em vinho, junto com a imagem do Santo Anjo da Guarda para abençoar o Vale Trentino onde a Família Perini iria viver. Há quatro gerações os Perini seguem produzindo vinhos de excelente qualidade. A produção vinícola teve início em 1929 pelas mãos de João Perini, um homem visionário e empreendedor, aprimorando a partir daí o processo de elaboração em todos os aspectos, desde o cultivo de novas variedades viníferas até o produto final.
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em 1970 a transformação do pequeno empreendimento familiar em empresa. O empreendimento familiar de Farroupilha ganha então uma nova estrutura, em moldes empresariais, com o objetivo de atender diversos segmentos do mercado em vários estados do Brasil. A partir de então, a família trabalha para oferecer vinhos e espumantes de excelente qualidade, que representem o que o Brasil tem de melhor na produção de vinhos. Em 1996, a Casa Perini inova e lança para o mercado sua linha de espumantes, de alta qualidade, frescor e elegância. No mesmo ano, é lançada também a linha de vinhos finos Casa Perini, resultando em produtos de personalidade marcante e grande complexidade. A Casa Perini conta atualmente com 12 hectares de vinhedos localizados em Garibaldi e 80 hectares em Farroupilha, perfazendo uma área total de 92 hectares, sendo que parte desta área possui o diferencial de ser produzida com uvas de videiras européias certificadas. A adega esbanja tecnologia em tanques de aço inox com temperatura controlada, prensas modernas e cubas de maceração. Tamanho primor só podia dar em espumantes, tintos e brancos festejados, elaborando uma oferta completa: os espumantes, entre eles o Brut, Prosecco, Brut Rose, Moscatel, Moscatel Aquarela, Demi-sec e Brut 18 meses, os vinhos Casa Perini, os vinhos das linhas Arbo e Macaw,
Silas Abreu
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os tintos mais encorpados Barbera, Marselan, e linha Fração Única, o vinho ícone Quatro (um assemblage de 4 variedades sendo elas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat e Ancellota), os espumantes método tradicional, o vinho fortificado Éden, e os sucos de uva 100% naturais, sem adição de água, açucar ou conservantes. A região é ideal para o turismo rural, ecológico e enológico, e na visita ao Vale Trentino percebe-se que os costumes trazidos pelos italianos continuam a ser cultuados de geração em geração.
Acima, os vinhos e espumantes Casa Perini, elegância traduzida através dos rótulos. Abaixo, foto de um dos vinhedos da família, durante o período da safra
www.casaperini.com.br
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Pizzato A Pizzato está localizada no Vale dos Vinhedos, estabelecida em Bento Gonçalves desde a década de 1880 pelo imigrante italiano Antonio Pizzato, vindo dos arredores da cidade de Vicenza no Vêneto
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esde a chegada da Itália, a família Pizzato cultiva vinhas e elabora vinho em pequenas quantidades, na época, elaborados a partir da uva Bonarda, trazida da Itália pelos imigrantes. As atividades do imigrante Antonio foram continuadas por um de seus filhos, Giovanni, que, além da atividade principal relacionada aos vinhedos continuou produzindo vinho, mas apenas para consumo da família. A grande parte da produção de uvas passou a ser comercializada para vinícolas da região. Seguindo o caminho do ‘Nono Giovanni’, Plínio Pizzato, o patriarca da família 84
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proprietária, desde cedo um apaixonado pela vitivinicultura, vem produzindo uvas desde a adolescência. Inicialmente a produção se dava em conjunto com o pai, na propriedade localizada em Monte Belo do Sul e, desde o final da década de 1960, na atual propriedade localizada no Vale dos Vinhedos. Em 1998-1999, o antigo sonho do Sr. Plínio e família – o de produzir vinhos finos para a comercialização – torna-se realidade a partir de um projeto conjunto com os filhos Flavio, Flávia, Jane e Ivo (in memoriam). Naquele ano a Pizzato é formada juridicamente e materialmente a partir de investimentos familiares. Estabelecido o negócio e, a partir da produção de uvas de parreirais próprios, inicia-se a vinificação no ano de 1999 com a
Em Bento Gonçalves, “Flavio Pizzato Keep Walking”. Outono no parreiral: a Pizzato cultiva 42 hectares no Vale dos Vinhedos e em Doutor Fausto na Serra Gaúcha
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elaboração do Pizzato Merlot em quantidade final de 15.500 garrafas de 750 ml. Este vinho foi lançado no mercado em Setembro de 2000 com muito boa recepção, e naquele mesmo ano, em degustação para o primeiro guia de vinhos brasileiros, organizado pela Academia do Vinho de Belo Horizonte com a presença de jornalistas e experts enófilos de todo o Brasil, foi considerado o melhor vinho do painel. Atualmente, a Pizzato cultiva 42 hectares distribuídos em dois vinhedos distintos: Vale dos Vinhedos (Indicação de Procedência), localizado em Bento Gonçalves, Serra Gaúcha, onde a Família Plínio Pizzato estabeleceu-se em 1968, local onde também está a Vinícola. Com as uvas desse vinhedo, de 26 hectares, são elaborados os vinhos com a marca Pizzato: Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Alicante Bouchet, Concentus, Egiodola, DNA 99, Chardonnay e Legno Chardonnay. O outro vinhedo está localizado em Doutor Fausto, localizado na Linha Dr. Fausto de Castro, Dois Lajeados, Serra Gaúcha, com 19 hectares plantados e vinhedos cultivados pela Pizzato desde 1985. A partir destas uvas são elaborados os vinhos que ostentam a marca Fausto: Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot Rosé, Violette, Merlot, Tannat e Verve Gran Reserva, e mais os espumantes Brut, Brut Rosé e Demi Sec.
A vinícola oferece diariamente degustações orientadas sem necessidade de agendamento, exceto para grupos acima de dez pessoas, e opção de tábuas de queijos regionais e charcutaria. www.pizzato.net
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Vinícola Salton A vinícola está presente nas principais regiões produtoras do Rio Grande Sul e busca explorar os benefícios de cada terroir nas uvas utilizadas para a elaboração de seus vinhos, espumantes e sucos de uva
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história da Salton começa na Itália, em 1878, quando Antonio Domenico Salton partiu da região do Vêneto, à procura de melhores oportunidades no Brasil. Chegando, se instalou na colônia italiana de Vila Isabel, onde fica a cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A empresa foi constituída em 1910, quando os irmãos deram cunho empresarial aos negócios do pai, que vinificava informalmente, como a maioria dos imigrantes italianos. Os irmãos passaram a se dedicar à cultura de uvas e à elaboração de vinhos, espumantes e vermutes, com a denominação “Paulo Salton & Irmãos”, no centro de Bento Gonçalves. Os imigrantes vindos da Itália em busca do sonho da terra farta e abundância de recursos, em sua maioria, estabeleceram-se na atual Serra Gaúcha, que destacou-se na elaboração de espumantes de altíssima qualidade. O 86
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A Fachada da Salton na região do Vale do Rio das Antas em Bento Gonçalves, e abaixo a Cave da Evolução
terroir da região empresta à uva uma acidez maior, além de frescor e ótimos aromas. Um século depois, a Salton é reconhecida como uma das principais vinícolas do País.
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Na extensa lista de conquistas destes mais de 100 anos de história comemora o fato de ser familiar e cem por cento brasileira. Com a terceira geração à frente da empresa, tanto na Unidade em Bento Gonçalves ou em São Paulo, revela em seu quadro a quarta geração Salton, que promete o mesmo empenho e dedicação com que a empresa foi comandada até agora. Hoje, a mais importante inovação da Salton é a nova unidade em Santana do Livramento, com uma área construída de 17.441 m², em uma área total de 635 hectares. A Campanha Gaúcha é considerada uma das melhores regiões vitivinícolas do Brasil. A vinícola possui uma linha inteira de vinhos provenientes da Campanha, chamada Salton Paradoxo. A Salton oferece produtos para todos os gostos, que vão desde vinhos e espumantes para consumo diário até produtos especiais para grandes comemorações, em suas linhas Exclusividade, produtos imponentes com produção limitada e garrafas numeradas, a linha Adega que explora o terroir, o ritual e o detalhe com seus vinhos Talento, Virtude e Desejo, a linha Contemporâneo, vinhos
modernos com frescor e descomplicação, a linha Fantasia com seus sofisticados espumantes, as linhas Cotidiano e Fresh, e para completar, os Sucos de Uva. Motivada pelo interesse crescente no mundo do vinho, a vinícola mantém qualificado atendimento ao público e oferece programas customizados de visitação que a tornam uma atraente opção turística na região Sul.
A beleza da região gaúcha da Campanha, uma das melhores regiões vitivinícolas do Brasil, e a cave das
www.salton.com.br
bordalesas na cantina
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Casa Valduga A vinícola nasceu em Bento Gonçalves e hoje expandiu suas fronteiras concentrando sua produção em três regiões ao sul do Brasil: Serra Gaúcha, Campanha e Serra do Sudeste. Esses três terroirs dão origem a suas linhas de vinhos Leopoldina, Raízes e Identidade
A
história da Casa Valduga começou há 140 anos, com a chegada do primeiro imigrante da Valduga ao Brasil. Foi ele que deu início ao cultivo dos parreirais no coração que é o Vale dos Vinhedos. Hoje, quem comanda a trajetória da vinícola é a terceira geração da família. São eles os responsáveis por manter a tradição e qualidade de todos os produtos da vinícola. A Casa Valduga já ganhou mais de 300 prêmios nacionais e internacionais. Recentemente recebeu duas medalhas de platina no principal concurso de vinhos do mundo, que é o Decanter Wold Wine Awards, saindo vencedores o Casa Valduga Terroir Leopoldina Merlot e o Gran Leopoldina Chardonnay D.O., que conquistaram além da Medalha de Ouro, a Medalha de Platina que os classificou como os melhores da sua categoria. Dentre os vinhos produzidos pela vinícola, alguns já se tornaram referência no mundo do vinho, como é o caso do espumante Brut 130. Elaborado pelo método tradicional, também conhecido como Champenoise, o Casa Valduga Brut 130 segue os moldes de Champagne, na França. O espumante é elaborado com uvas Chardonnay e Pinot Noir de safras especiais e, após a 88
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refermentação, matura por 36 meses na penumbra das caves subterrâneas. O rótulo possui perlage fascinante, coloração dourada
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e aromas que lembram frutas brancas, frutas secas como amêndoas e um leve tostado que proporciona elegância e complexidade exuberante à bebida. Em boca, apresenta acidez equilibrada e notável cremosidade, característica encontrada nos melhores champagnes do mundo. Em 2015, quando foram comemorados os 140 anos da chegada da família Valduga ao Brasil, os irmãos João, Juarez e Erielso Valduga romperam a secular tradição da produção de um vinho safrado, de cepa e de terroir declarado, para elaborar o verdadeiro paradoxo da vitivinicultura brasileira. O incógnito varietal e a experiência de mais de um século, somado à mais alta qualidade e tecnologia, resultaram no melhor tinto produzido pela Famiglia Valduga em solo brasileiro. O vinho Luiz Valduga Corte 1 foi lançado em agosto. Os próximos cortes somente serão elaborados quando houver um perfeito equilíbrio entre as safras e as evoluções em barrica para ter a certeza de que o Luiz Valduga sempre será o mais emblemático vinho produzido pela Casa Valduga. O Complexo Enoturístico Casa Valduga foi um dos primeiros parques enoturísticos do Brasil e foi criado pela vinícola para que os visitantes pudessem conhecer o processo de elaboração de seus espumantes, vinhos finos e a cultura italiana. Cercado por colinas e vinhedos, o complexo conta com cinco pousadas construídas em estilo rústico e sofisticadas, somando 24 suítes e 53 leitos. O restaurante Maria Valduga, nome em homenagem à matriarca da família, tem quatro aconchegantes ambientes, oferecendo o melhor da gastronomia italiana local.
O pôr do sol no vinhedo da Encruzilhada, o emblemático vinho Luiz Valduga, o espumante Casa Valduga Brut e a
www.casavalduga.com.br
cave de espumantes
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Villa Francioni O sonho do fundador Dilor Freitas de capacitar a serra catarinense para uma nova vocação se tornou realidade com a produção de vinhos finos de altitude, que ganhou notoriedade em nível nacional
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m São Joaquim, a vinícola Villa Francioni iniciou há dez anos a comercialização dos primeiros rótulos, sendo procurada por milhares de turistas, que vêm conhecer em detalhes o projeto inovador que tem impulsionado o enoturismo em Santa Catarina. A Villa Francioni, mesmo sendo uma jovem vinícola, coleciona prêmios e o reconhecimento de profissionais do país e até do exterior. A empresa produz vinhos em três linhas de produtos: Aparados, Joaquim e VF. São produzidos por ano mais de 160 mil garrafas entre espumantes, vinhos brancos, tintos, rosés, além dos vinhos de sobremesa. A comercialização dos rótulos iniciou em 2005 pouco tempo depois da morte do fundador. Hoje a empresa familiar é presidida pela filha, Daniela Borges de Freitas que destaca a consolidação da empresa ao longo dos anos, “o
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momento é oportuno para enaltecermos a evolução de nossos vinhos após uma década de avanços no exigente mercado nacional. O enólogo responsável pela produção dos vinhos é Orgalindo Bettú, que está na Villa Francioni desde a elaboração dos primeiros rótulos. O prazer se manifesta em cada um de seus vinhos – em brancos elaborados com Chardonnay ou Sauvignon Blanc, aromáticos e frescos, e em tintos de distintas expressões,
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delineados por blends das uvas cultivadas em vinhedos próprios, como Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Sangiovese e Syrah. E claro os espumantes VF Branco Nature e VF Brut Rosé. Turistas e apaixonados pelo mundo do vinho podem conhecer as instalações da empresa durante todos os dias do ano. A visita guiada acontece em três horários por dia, e dura cerca de uma hora e meia. No final acontece a degustação dos rótulos. Uma oportunidade única, para conhecer em detalhes os diferenciais do terroir de altitude, a 1.260 metros acima do nível do mar. O projeto inovador e diferenciado da vinícola foi construído em seis níveis, diminuindo as transferências mecânicas. Os níveis 5 e 4 da empresa são utilizados para a fermentação do vinho que é levado aos andares inferiores naturalmente através da força da gravidade, em tubulações de aço inoxidável. O processo de engarrafamento é todo automático. A colheita é totalmente manual, realizada somente em horários de temperaturas mais amenas, eliminando a possibilidade de fermentação precipitada. Todo processo de produção da vinícola, classificada como boutique, foi idealizada a partir dos melhores processos de regiões produtoras do mundo. E um dos principais objetivos ao longo destes anos também foi alcançado: o fomento ao enoturismo.
O Bistrô Bacco, instalado na propriedade da vinícola Villa Francioni, em São Joaquim, está preparado para receber os mais de 40 mil visitantes e turistas que passam pela vinícola todos os anos.
A Villa Francioni em São Joaquim, onde produz seus vinhos de altitude, os espumantes Branco Nature e Rosé Brut e uma vista com os
www.villafrancioni.com.br
tanques na cantina
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Vitivinícola Santa Maria A vinícola instalada no Vale do São Francisco possui produção premiada de vinhos e espumantes com tecnologia portuguesa
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istante 53 quilômetros da cidade de Petrolina, no semiárido pernambucano, está instalada a Vitivinícola Santa Maria, produtora de vinhos brasileiros, com rótulos premiados no Brasil e no exterior. O negócio teve seu início em 2002, com a chegada de tradicionais produtores portugueses da região do Dão. Decididos a investir no Brasil, buscaram uma situação nova e apostaram na implantação de sua unidade no Vale de São Francisco, uma faixa de terra entre Pernambuco e Bahia, banhada pelo Rio São Francisco. E foi lá, no semiárido, em meio à vegetação da caatinga, que iniciaram a produção de uvas viníferas que hoje são a
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matéria prima para vinhos das marcas Rio Sol, Adega do Vale, Paralelo 8 e Vinha Maria. A produção possui características únicas no mundo. Com sol o ano inteiro e um sistema de irrigação por gotejamento, os técnicos da empresa conseguem simular o período de hibernação da planta em um tempo menor, o que permite duas safras de
A vinícola está instalada no semiárido pernambucano banhado pelo Rio São Francisco, onde são produzidos os vinhos das marcas Rio Sol, Adega do Vale, Paralelo 8 e Vinha Maria
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uvas por ano. Em todos os outros lugares produtores de vinhos de clima temperado, a vinha hiberna no inverno, o que permite apenas uma única safra. Então, na vitivinícola é possível passear pelo vinhedo e observar as uvas em diferentes estágios, como hibernação, florescimento,colheita e poda. Um verdadeiro espetáculo da natureza auxiliado pela tecnologia.
Com sol durante todo o ano, os vinhedos permitem duas safras anuais, sendo 60% da produção para espumantes e 40% para vinhos jovens e de maturação
Entre as espécies plantadas nos 120 hectares da fazenda, estão uvas como a Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonês, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tempranillo e Merlot, além de uvas brancas como Chenin Blanc, Viognier, Fernão Pires e Moscatel. No total são cerca de 5 toneladas de uvas por ciclo em cada hectare, o que totaliza 1,5 milhão de quilos de uva, que resultam em 1,3 milhão de litros por ano de espumantes e vinhos. Cerca de 60% da produção da Vitivinícola é de espumantes e os outros 40% são de vinhos jovens e de maturação. A vinícola, que pertence ao grupo português Global Wines, possuiu um programa de visitação que funciona de segunda a sábado, onde os visitantes podem apreciar as uvas nos diversos estágios, conhecer o processo produtivo na adega e degustar os vinhos na loja, que dispõe de preços especiais. Aos sábados, uma agência de turismo (www.opcaoturismo.tur.br) realiza uma visita especial que além dos vinhedos e da produção, conta com um passeio de barco pelo Rio São Francisco e almoço regional na sede da fazenda, que foi cenário da minissérie Amores Roubados, exibida pela TV Globo em 2013. www.vinibrasil.com.br
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Vinícola Poggiotondo A história da vinícola pode ser dividida em duas fases. A primeira foi sua fundação em 1969 por Carlo Antonini na Toscana. Já a segunda no final da década de 90, é marcada por sua completa renovação, com a chegada de seu filho, enólogo e consultor Alberto Antonini
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odeada de história e beleza natural, a propriedade da família de Alberto Antonini, é vista ao longe através das colinas arredondadas de Poggiotondo, na Toscana. A propriedade foi criada em 1968 por Carlo Antonini, pai de Alberto. Localizado na parte ocidental da região do Chianti, perto da cidade de Vinci, onde o gênio Leonardo (Da Vinci) nasceu. A experiência de Alberto Antonini no Chile e Argentina, com passagem por marcas como Concha y Toro e Altos Las Hormigas e sua cultura em enologia, adquirida com grandes nomes como Robert Mondavi, Frescobaldi e Antinori, faz dele uma das grandes referências entre a nova geração de viticultores. O solo do terroir presente em Poggiotondo é composto de calcário de sedimentos marinhos, muitas conchas brancas estão em todo o solo da vinha. Com o solo favorável, mais o clima, a altitude do local, a orientação da vinha e a antiga tradição definem os elementos da harmonia dos vinhos. Utilizando a experiência do especialista em terroir, Pedro Parra, a vinícola tem aptidão para compreender a singularidade do solo Poggiotondo, descobrindo onde estão os melhores pontos para o plantio das uvas selecionadas para a produção de vinhos premium. A Poggiotondo respeita o meio ambiente, não utilizando qualquer pulverização química ou fertilizantes. Na adega “fazer menos” é apenas a maneira de preservar a qualidade e as características provenientes das uvas, evitando qualquer técnica agressiva ou 94
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complicada que podem alterar a expressão do terroir. É somente utilizada levedura indígena, evitando o excesso de maturação das uvas ao longo de extração e durante a fermentação, utilizando o sistema de fluxo por gravidade.
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Os vinhos da Vinícola Poggiotondo: Chianti D.O.C.G. Fermentado em tanque de concreto, envelhecido por 8 meses, metade em tanque de concreto, metade em grande barril (54hl) de carvalho (85% Sangiovese, 10% Canaiolo e 5% Colorino). Chianti Superiore D.O.C.G. Fermentado em tanque de concreto, envelhecido por 12 meses e meio em tanque de concreto, metade em grande barril de carvalho de 54hl (90% Sangiovese, 10%Canaiolo). Vermentino IGT. Tipicamente Toscana, fermentado e envelhecido com as borras em aço inoxidável (100% vermentino). Chianti Riserva D.O.C.G. Seleção de uvas no melhor local calcário, fermentado em tanques de cimento, durante 18 meses, em grande tonel de carvalho de 54 hl (90% Sangiovese, 10%Canaiolo). Chianti Riserva D.O.C.G “Vigna del 1928”. Em 1928, uma pequena vinha era plantada em Cerreto Guidi com uvas toscanas originais da mistura Chianti: Sangiovese, Canaiolo e Colorino. Ele mostra grande elegância e complexidade, características derivadas do solo calcário e da idade das videiras. www.worldwine.com.br O enólogo Alberto Antonini em ação na cave e nos terroirs da Poggiotondo na Toscana, e seus espetaculares vinhos orgânicos
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Caymus Ao longo de décadas, a paisagem do Napa Valley mudou tanto quanto a essência dos seus vinhos, tornando-se um bem cuidado jardim que elabora alguns dos Cabernets mais reverenciados do mundo
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Caymus, de propriedade da família Wagner, produziu sua primeira safra em 1972 e desde então, a vinícola tem focado seus esforços para os top Cabernet Sauvignon. Para muitos, este é o melhor produtor da Califórnia, e seu Special Selection um dos maiores vinhos do mundo, eleito como o ‘favorito da década de 90’ pela Wine Spectator. Trata-se de um tinto de classe incomparável, com uma legião de admiradores no planeta. Os brancos também 96
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são excelentes: o Conundrum é um vinho único e enigmático, um estranhamente maravilhoso corte de Chardonnay, Sauvignon Blanc, Sémillon, Viognier e Muscat. Os Vinhos da Caymus: Mer Soleil Chardonnay 2013. É um branco suntuoso, com bouquet complexo e envolvente. É um dos melhores Chardonnays californianos, produzido num vinhedo em Santa Lucia Highlands, no condado de Monterey, na Central Coast. Conundrum 2013. Com um exuberante e cativante bouquet, o delicioso Conundrum
Tasting em família: duas gerações de Wagners, Charlie II, Jenny, Chuck e Joseph confraternizam no
happy hour
| ESTADOS UNIDOS |
é um branco diferente de todos que você já provou. Elaborado com uma intrigante combinação de Sauvignon Blanc, Muscat Canelli, Chardonnay e Viognier, parcialmente fermentado em barricas de carvalho, é rico, com camadas e mais camadas de frutas maduras. Um dos mais celebrados brancos da Califórnia, bastante distinto dos Chardonnays mais tradicionais da região. Caymus Napa Valley Cabernet Sauvignon 2012 (40 Anniversary). Um dos ícones do vinho californiano, goza de imenso prestígio e sempre merece ótimas notas da imprensa especializada. Além da grande estrutura, potência e concentração dos melhores Cabernets americanos, é elegante e refinado, com grande classe e complexidade, pode envelhecer muitos anos. 93 pontos da Wine Spectator. Meiomi Pinot Noir 2013. Elaborado com um corte de Pinot Noir de três diferentes terroirs na Califórnia: 25% Santa Barbara County, 25% Sonoma County e 48% Monterey County. Este corte apresenta um excelente equilíbrio e grande complexidade, frutado com notas de frutas vermelhas e negras, textura, viscosidade, notas terrosas, açúcar mascavo.
Além da integração perfeita com a madeira que traz estrutura e longevidade ao vinho. Caymus Cabernet Sauvignon Special Selection 2011. Fabuloso, nas palavras de Robert Parker, com 96 pontos, o Caymus Special Selection é um dos maiores ícones do país e, sem dúvida, um dos melhores tintos do mundo. Concentrado, complexo e elegante, foi apontado pela revista Wine Spectator como o melhor vinho do Napa Valley, com resultados excelentes em 14 safras. Uma referência.
Seleção de Cabernets da Caymus e seus vinhedos em Napa Valley, Califórnia
www.caymus.com
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Pierre Le-Tan
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Reencontros – Christian Dior A gente se perguntava sempre como o tímido e gentil Christian Dior conseguira se transformar no fundador da primeira maison de couture do mundo. Conheci Christian em sua juventude, quando ele abriu uma pequena galeria na Rue La Boethe, com Pierre Colle e Jacques Bonjean. Ali eles expuseram os pintores que adorávamos: Bébé, Tchelitchev, Léonide e Eugéne Berman. Dior abriu sua maison logo após a Guerra, financiado por Marcel Boussac. Era um esplendoroso imóvel na Avenida Montaigne, decorado no estilo Louis XVI por Victor Grandpierre. O décor fazia Dior lembrar-se de sua infância. As duas cores utilizadas, cinza e branco, viraram símbolo da maison. Bébé, que todos esperavam sua opinião, aprovou tudo e deu algumas idéias, como espalhar algumas caixas de chapéu para deixar o ambiente mais vivo e provocar uma disposição de elegante desordem. A primeira coleção foi um verdadeiro
triunfo. O modesto Christian, que não tinha outra ambição senão fazer um bom trabalho, transformou-se do dia para a noite em uma celebridade mundial. Isto não mudou em nada sua personalidade. Aquele homem delicado, que parecia ter um semblante igual a patê de amêndoas rosa, permanecia diariamente melancólico, reservado e gentil. Passei vários week-ends em seu moulin perto de Milly-la-forêt. O local era decorado monasticamente, contrastando com a opulência de seu apartamento no Boulevard Jules Sandeau. O compositor Henri Sauget, o historiador Pierre Gaxotte, amigos de primeira hora, estavam sempre presentes. Comovo-me ao lembrar daquelas tardes de degustações, quando Dior oferecia um licor de framboesa destilado por ele mesmo. Ele reclamava sempre que se arrependia de haver ofuscado sua vida pessoal em função da Maison Dior. Sua morte prematura em 1957, o impediu de continuar um sonho. – M.P.*
*M.P. é um misterioso personagem que conviveu com as pessoas mais cultas, ricas e interessantes de uma época, e seus textos apareceram no livro “Rencontres d’une Vie”, do ilustrador francês Pierre Le-Tan, nos anos 1980.
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