CHAMPAGNE & VINHOS BORBULHANTES
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UM INSTANTE DE VINHO E DE VIDA Por que não sonhar um pouco, em um mundo onde cada vez mais raros são os sonhos? Existem vinhos da região de Champagne que nascem sob a influência de um impulso inspirador e que pela graça de uma alquimia misteriosa, se transformam em champagnes de referências atemporais. Fabrice Rosset provavelmente não tinha idéia que sua fonte inspiradora, o Cupido, iria compartilhar um de seus segredos com ele. Um dia, seus olhos pousaram no anjo de pequenas asas que comtemplava as fachadas elegantes do pátio da Maison Deutz. A idéia que lhe veio a mente foi a de criar uma safra excepcional, observando sua atitude voluptuosa, a harmonia de seus traços, a graça de seu sorriso mudo e a precisão de seus gestos. Assim foi concebido o que se tornaria o champagne emblemático da Vinícola: “Amour de Deutz”, um instante de vinho e de vida, a essência do refinamento. Uma concepção rara cujo espírito jovial proporciona aqueles momentos preciosos que nascem quando se saboreia lentamente.
A SINCERIDADE DOS SENTIDOS ... Deutz não é uma Maison como as outras e seus aficcionandos também não o são. Eles sabem apreciar um verdadeiro champagne, parceiro natural de uma vida civilizada, pontuada por eventos especiais. Para um amante de champagne, Amour de Deutz representa acima de tudo, um sentimento de harmonia, um momento de plenitude, um instante de perfeição. Seja você também um dos aficcionados deste seleto grupo.
Adilson Carvalhal “JUNIOR” Casa Flora Importadora
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Diretores Claudio Schleder Claudio Schleder Filho
Editor e diretor Claudio Schleder Diretor Comercial Claudio Schleder Filho Consultor enogastronômico Renato Frascino Redação Patrícia Jota e Sonia Denicol Direção de arte RL Markossa Revisão e colaboração Maria Dolfina Diretora administrativa e financeira Tábata Schleder Impressão e acabamento Ibep Gráfica VINÍCOLAS DE CHARME é uma publicação de INBOOK EDITORA Rua Jerônimo da Veiga, 428 cj. 82 CEP 04536-001 Tel. (11)3078-7716 São Paulo Brasil www.inbook.com.br VINÍCOLAS DE CHARME não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados e anúncios ou mensagens publicitárias desta edição. As pessoas que não constam do expediente não têm autorização para falar em nome de VINÍCOLAS DE CHARME. É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação sem autorização. Todos os direitos reservados.
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O dom das borbulhas O monge beneditino da Abadia de Hautvillers, conhecido
como Pierre Pérignon, é considerado o inventor do vinho espumante. Na verdade trata-se de um mito romântico, já que os vinhos da Champagne sempre tiveram uma tendência natural para espumar. No clima frio da região, as uvas deviam ser colhidas no final do outono e, simplesmente, não havia mais tempo para a levedura, presente na casca da uva, para converter o açúcar do sumo das uvas prensadas em álcool antes que o inverno as adormecesse. Na primavera, a levedura despertava, a fermentação recomeçava e desencadeava a liberação de gás carbônico – e logo, o toque de borbulhas nos vinhos. Para Dom Pérignon, o vinho sempre foi mais importante que as borbulhas. O fato que espumasse foi provavelmente mais um aborrecimento que ele tentou controlar do que encorajar e, se ele começou deliberadamente ou, talvez relutantemente a produzir vinhos espumantes, só o fez durante dez anos. Outros fatos importantes que aconteceram nos anos subseqüentes, incluem a produção de vinho branco e sem gás a partir de uvas negras, a invenção da prensa “coquard”, a mistura de vinhos de diferentes vinhedos para produzir geralmente uma bebida mais equilibrada do que fazer um vinho de um só lote, sem mistura, e a adoção de garrafas feitas de “vidro inglês”, para suportar a pressão que aumentava, e a rolha como uma maneira eficiente de fechá-las. Durante séculos o champagne tem sido o vinho da comemoração. Para celebrar as vitórias e nos momentos de alegria nada se compara a ele. E como consolo em tempos difíceis, não existe nada melhor para levantar o moral. Mas porque o champagne é tão especial, a ponto de fazer-nos borbulhar de felicidade? Para entendermos a razão pelo qual este vinho é único, torna-se necessário olhar para a terra, as uvas, o povo e a cultura da região. Nesta segunda edição de Vinícolas de Charme nossa atenção vira-se para a Montanha de Reims, o Vale de Marne, as Côtes des Blancs, Sézanne e Bar, ao encontro das cepas Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay. Depois saindo da França, chegamos aos espumantes italianos da Franciacorta, Asti e Prosecco. Na Espanha com as cavas catalãs, a Portugal com os espumantes da Bairrada. Depois, Argentina, e um capitulo especial para o espumante brasileiro, produzido na Serra Gaúcha e adjacências, e Santa Catarina, vinhos com identidade própria, leveza e simplicidade, produtos que lideram nosso mercado de borbulhantes. Assim, Vinícolas de Charme continua sua saga, a edição de livros dedicados aos grandes vinhos. Vamos descobrindo para depois degustá-los. Mas fazendo minhas as palavras de Dom Pérignon, “Come quickly, I am tasting the stars!”
Claudio Schleder Editor
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Como era gostosa a minha cuvée Remember gentlemen, it’s not just France we are fighting for, it’s Champagne! Winston Churchill, aos seus soldados, na Segunda Guerra Mundial O século XIX foi um grande provedor de lendas: Charlemagne e sua barba florida, Henrique IV e sua galinha na panela, a virgem que exalta o sentimento nacional... e Dom Pérignon que “inventa” o champanhe. Quem estuda Dom Pérignon, enfrenta grandes dilemas. Sabe-se que nasceu em 1638, mesmo ano de Louis XIV, e que morreu em 1715, quando o Rei-Sol faleceu. Mas faltam documentos de referência no que diz respeito a ele: algumas cartas, algumas assinaturas em contratos de menor interesse, nenhum testemunho escrito de contemporâneos, pelo menos até a morte do religioso responsável pelas finanças da abadia de Hautvillers. Desde 1668, ele gerencia “sua” abadia dotada de um importante vinhedo de vinte e cinco hectares e se mostra bastante satisfeito com o vinho e a renda proveniente. Ele manda construir uma grande adega que pode estocar até quinhentas garrafas, mas não se sabe então de que vinho se trata. Segundo um dos melhores historiadores do champanhe, o coronel Bonal, Dom Pérignon nunca vinificou vinhos espumantes. Para Fernand Woutaz, cuja argumentação é unicamente intuitiva, o tratado Maneira de cultivar o vinhedo e fazer o vinho na Champagne, publicado em 1718 pelo cônego Godinot seria na verdade de Dom Pérignon (ou pelo menos baseado no estudo de suas anotações).
Um manuscrito do século V, mostra o batismo do guerreiro pagão Clóvis, lenda de grande significado para Champagne
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Uma coisa é certa: os ingleses são os primeiros a ter “champanizado”. Uma publicação de 1662 descreve assim o princípio do método: “Adicionar açúcar e melaço para tornar o vinho espumante.” Método que só será adotado na Champagne por volta de 1800.
A prensa de uvas coquard, inventada por frère Pierre, sucessor imediato de Dom Pérignon
Antigamente, a efervescência do champanhe era obtida colocando-o precocemente na garrafa (método rural). Em 1732, Bertin du Rocheret, grande negociante da época, escreve em seu caderno de notas : “Não sei se espumaremos.” Deve-se também levar em conta que a autorização oficial para comercializar vinho em garrafas data de 1728. Razão pela qual a mais antiga maison de champanhe só foi fundada em 1729 (por Ruinart), ou seja, quatorze anos depois da morte de Dom Pérignon. As incertezas da história não afetam em nada os méritos de Dom Pérignon, reconhecido em seu tempo pela qualidade de seus vinhos brancos, cuja limpidez era excepcional. Um século mais tarde, Eugène Mercier, um grande homem da Champagne (falecido em 1904), registra a marca Dom Pérignon e a oferece a Moët et Chandon em razão de um casamento. No entanto, ela só será explorada a partir de 1936, ano de seu lançamento comercial na época da viagem inaugural do navio Normandie.
Grande Dama A senhora viúva Clicquot é a francesa mais conhecida no mundo depois de Joana d’Arc. Seu champanhe lhe garantiu uma imensa notoriedade, exaltada e amparada por sua forte personalidade, à frente de seu tempo. Ela deve ao marido sua primeira inovação, uma diferenciação que fez um efeito na Champagne: ser viúva. Por esta razão ela adquire total autonomia, o que não é natural para uma mulher em 1805. Aos vinte e um anos, ela desposou François Clicquot-Muiron que trabalhava com seu pai, um banqueiro e fabricante de lençóis que também vendia um pouco de vinho, produzido no seu vinhedo de Bouzy. Aos vinte e sete anos, depois de alguns meses de viuvez,
A tela The Luncheon de 1902, do artista Léon Bakst reflete o ‘status de moda’ do Champagne no começo do século 20
ela funda a sociedade Veuve ClicquotPonsardin, associando seu nome de solteira ao de seu defunto marido. Retoma contato com Bohne, que trabalhava anteriormente no ramo e vendia cerca de cinqüenta mil garrafas por ano. Esta mulher dirige sua maison com muita autoridade. Segundo alguns, ela teria inventado, aos trinta e oito anos, as tables à remuer (mesas para girar as garrafas), anteriores aos pupitres (cavaletes de madeira onde as garrafas são colocadas de modo que o vinho entre em contato com a rolha e as garrafas, giradas). Não foi exatamente assim, uma vez que as tables à remuer já existiam havia cerca de quarenta anos, mas ela é, sem dúvida, a primeira a utilizá-las em escala “industrial”. Afirmou-se também que ela teria “inventado” o champanhe rosé, tornado por ela uma especialidade da maison, tradição mantida desde então.
As falaises de Champagne Aquelas formações rochosas de calcário encontradas a 90 milhas (145 km) ao nordeste de Paris, fornecem um ambiente ideal para cultivar uvas clássicas nos grandes vinhedos da Montagne de Reims e Côte des Blancs. O puríssimo calcário disposto em camadas sob estas famosas encostas é chamado belemnite, formado dos restos de criaturas marinhas extintas. Como uma esponja, o solo belemnite estoca excesso de água para períodos de seca, mas também pode guardar calor para tempos chuvosos, o que é uma benção para as atuais mudanças drásticas de clima. Muito antes que a ciência e a geologia provassem, os cultivadores da Champagne preferiam belemnite ao solo micraster, o qual é formado de fósseis do ouriçodo-mar, que é menos poroso. Depósitos de calcário belemnite e micraster são os maiores recursos naturais do Bassin de Paris que se estende ao norte em direção dos portos do Canal e ressurge nos penhascos brancos de Dover e nos calcários de South Downs of Kent e Sussex, onde bons vinhos espumantes também são produzidos. De volta à Champagne, há profundos veios de belemnite nas regiões próximas, como Vitry-le-François, cerca de 20 milhas (32 km) ao sudeste de Chalons-sur-Marne, que fornece uma excelente base para um Chardonay de forte mineralidade. Chardonays de caráter um tanto diferente são cultivados num outro tipo de calcário farelento chamado Turonian.
Barris ancestrais de vinhedos distintos da região de Champagne
A maioria das vinícolas identificam os vinhedos de sua propriedade Principalmente no grande lado sul da colina de Montgueux, a oeste de Troyes, os vinhos possuem uma característica frutada, dourada e suntuosa moldada por este calcário Turonian mais suave, assim como pelas temperaturas mais mornas frequentemente alcançadas nesta colina ensolarada. Na Montagne de Reims, o Pinot Noir também floresce em solos que são uma mistura de calcário e arenito, este último conferindo elegância à riqueza inerente da excelente uva negra, enquanto que, na região de Aube, ao sul da Champagne, o Pinot Noir produz vinhos frutados, exuberantes e claros em solos de argila, calcário e marga de Kimmeridgian. Mas, então, as cidades de Aubois, vinhedos e, até certo ponto, os próprios vinhos, são aos olhos, narizes e paladares de muitos, mais parecidos com o Borgonha do que com o Champagne.
A linha do tempo do Champagne
Espumas ao vento
150 000 a.C. | Vinhas ocupam a região de Reims, conforme demonstram as folhas fossilizadas, encontradas em sítios arqueológicos da região. 816 | Louis 1º, filho de Carlos de Magno, torna-se o primeiro rei da França entronado na catedral de Reims 1114 | O bispo de Châlons-em-Champagne, Guillaume de Champeaux, redige o documento “Grand Charte Champenoise”, considerado como o ato de fundação da região chamada “Champagne”. 1670 | Dom Pérignon, monge da “Abbaye d’Hautvillers” começa a fabricação dos vinhos borbulhantes de champagne. 1718 | Jean Godinot escreve que “nos últimos 20 anos, o gosto francês recai sobre os vinhos espumantes”, confirmando o fato de que a champagne efervecente começou a ser comercializada em garrafas especiais em torno de 1695. 1729 | A Maison Ruinart de Nicolas Irénée abre suas portas em Reims: é o primeiro comércio de vinhos Champagne efervecentes. 1735 | Por ordem do Rei é oficializada a garrafa de Champagne cujo peso não deve superar 25 onças (708g). 1780 | Começa o prestígio internacional graças ao trabalho de divulgação de proprietários como Florens-Louis Heidsieck e Claude Moët. 1789 | A revolução francesa leva a burguesia ao poder, mas não acaba com a produção da aristocrática bebida. Ao contrário, com muita diplomacia e inteligência comercial, os produtores de Reims logo convencem os homens de Estado que a champagne é a bebida dos vitoriosos. 1805 | A “remuage” (processo de girar a garrafa com regularidade para eliminar os sedimentos sólidos devidos à bifermentação em vidro) inventada pela veuve Clicquot. 1814 | A mesma Veuve Clicquot vende sua champagne ao Império Russo entre as Guerras Napoleônicas, expandindo o vinho borbulhante para toda a aristocracia da Europa Oriental.
1870 | Primeiras champagnes safradas (Millésimés). 1876 | É criada a champagne Brut, por pedido da clientela inglesa, que prefere vinhos secos. 1879 | Luta inglória contra a praga americana Phyloxera, que dizima os vinhedos da região. 1881 | São produzidas as primeiras proteções aramadas de champagne (muselets). 1884 | O degorgement é inventado por um Belga, Armand Walfart. 1905 | Graças a uma revolta dos produtores, o Ministério da Agricultura torna exclusiva a denominação « Champagne » aos produtores da região. 1909 | Nasce o jornal Champagne Viticole 1911 | A região de Champagne tem 15 000 ha. 1930 à 1935 | A crise mundial afeta profundamente o preço dos vinhos. 1936 | Criado o AOC Champagne 1952 | Os vinhos feitos de Gamay perdem o direito ao termo “Champenoise”. 1974 | Criação da “appellation d’origine contrôlée Coteaux Champenois”. 1990 | O nome “Champagne” torna-se propriedade exclusiva e restrita aos produtos da região de Champagne. 1994 | Torna-se proibido denominar “champenoise” nos espumantes de outras regiões. O termo é substituído por “Traditionnelle”. 1995 | 250 milhões de garrafas foram produzidas. 2003 | Um dos verões mais quentes de toda história é reponsável pela queda de 50% da produção no ano. 2006 | O preço médio por hectare em champagne: 627 000 euros. 2007 | A região própria para Champagne passa a ocupar 32 341 ha.
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Reims dรก as boas vindas aos amantes de Champagne...
Bubbles, bubbles, bubbles...
Bela vista urbana de Eguisheim na Alsรกcia, terra de divinos cremants
Os jardins do Ch창teau de Saran em Epernay
Vinhedos em pleno inverno de Reims
Caves ancestrais quilomĂŠtricas na Veuve Clicquot
A abadia em Hautvillers, maison de Dom PÊrignon, onde tudo começou...
É tempo de vindima em Reims
As caves da Veuve Clicquot e Mumm sรฃo espetรกculo a parte
A liturgia do ‘remuage’ chez Taittinger
Colheita da safra em Franciacorta na Lombardia, gerando top espumante italiano
As uvas do champagne: Pinot Meunier, Chardonnay e Pinot Noir
Panorâmica de vinhedo da Perrier-JouÍt e o espirito de champagne
Cenas de inverno e ver達o no Mont Aigu Lodge em Epernay
| França | Champagne
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REIMS
• VERZENAY • AŸ • BOUZY • • EPERNAY CRAMANT
MONTAGNE DE REIMS
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CHÂTEAU-THIERRY
VALLÉE DE LA MARNE
COTE DES BLANCS
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MESNIL-SUR-OGER
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SÉZANNE
AUBE
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BAR-SUR AUBE
TROYES
N
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BAR-SUR-SEINE
A prensa tradicional da região de Champagne, aqui manuseando uvas Chardonnay
A cerca de 150 quilômetros a nordeste de Paris, estendemse as terras que dão origem aos vinhos borbulhantes mais cobiçados do planeta. Foi na região de Champagne, na segunda metade do século 17, que um monge beneditino, eternizado pela célebre maison Dom Pérignon, desenvolveu um estratagema para conter a pressão de até 6 atmosferas e as bolhas geradas durante a segunda fermentação do vinho na garrafa – sem partí-la em um sem-número de pedaços. As técnicas de elaboração do champagne como conhecemos hoje foram sendo aprimoradas ao longo dos séculos por outros protagonistas, entre eles Barbe Nicole Clicquot Ponsardin, a veuve Clicquot. A cartilha desse vinho tão apreciado no passado pelas cortes europeias e russa, e hoje um ingrediente obrigatório em qualquer celebração que se preze, foi reproduzida um pouco por todo o mundo, mas nenhuma região conseguiu superar as maravilhas borbulhantes originadas no norte da França, embora já existam casos isolados tão interessantes quanto o champagne. As particularidades do terroir tem tudo a ver com isso: solo calcário e arenoso, que há 95 milhões de anos formava o fundo do mar, e um clima continental, bastante frio. Outro trunfo são as quilométricas galerias subterrâneas, cavadas na rocha calcária, que proporcionam uma temperatura constante entre 10-12ºC. Elas guardam milhões de garrafas cujo conteúdo – resultado do assemblage que chega a envolver setenta vinhos diferentes – sofre a “mágica” da espumatização e vai ganhando complexidade durante os anos (ou décadas) que passa em contato 38
com as leveduras mortas. Quando o vinho atinge o ponto certo, é feito o chamado dégorgement – esfria-se o gargalo das garrafas posicionadas de cabeça para baixo e, assim, congela-se as impurezas acumuladas ali, tornando possível a sua eliminação. Todos os anos 300 milhões de garrafas de champagne inundam as prateleiras das lojas especializadas em todo o mundo. As uvas utilizadas são três: chardonnay, pinot noir e pinot meunier. Elas preenchem 33 000 hectares de vinhedos em 300 povoações, dezessete das quais classificadas como grands crus. Entre as mais emblemáticas figuram: Aÿ, Bouzy e Sillery para o cultivo das variedades tintas, e Avize, Cramant e Le Mesnil para o da chardonnay. Grande parte dessas terras está nas mãos de pequenos proprietários – mais de 15 mil – que vendem a matéria-prima para a centena de maisons de Champagne ou para cooperativas. Mas alguns deles já se aventuraram a elaborar o próprio vinho borbulhante e há casos surpreendentes. Para proteger a reputação da região, o selo “champagne” só pode ser estampado nos rótulos elaboradas no norte da França. Os produtores de outras fronteiras que adotam o mesmo processo de confecção de borbulhantes devem utilizar a designação método clássico ou tradicional. Isso acontece inclusive em regiões francesas, como o Vale do Loire, que depois de Champagne é a zona produtora de espumantes mais importante do país, e Alsácia – nesses dois lugares os vinhos efervescentes são chamados Crémants.
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Os fornecedores do Palácio de Versailles incluíram a bebida na sua lista de compras e o borbulhante de Dom Pérignou passou a ser artigo indispensável nas cerimônias festivas do rei Louis XIV
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Dom Pérignon Champagne (e a humanidade) teve sorte quando o mosteiro de Hautvillers elegeu o monge Pierre Pérignon enólogo-chefe. Sua ambição em elaborar o melhor vinho do mundo deu origem ao célebre espumante Pierre Pérignon não era um monge beneditino qualquer. Isso é certo. Pobreza, castidade e obediência até podiam guiar a sua alma, mas sua missão era mais glamourosa: criar o “melhor vinho do mundo”, como ele próprio proclamava. Em 1668, quando assumiu o controle da adega do mosteiro de Hautvillers, uma povoação a norte de Epernay, pôs mãos a obra. O jovem de 30 anos de idade, não estava disposto a seguir, simplesmente, a receita do vinho branco de alta acidez que se fazia na região. Experimentações atrás de experimentações, e muita observação, preenchiam a sua rotina nos vinhedos que emolduravam o mosteiro e nas caves da propriedade. Em uma de suas empreitadas como “cientista” amarrou as rolhas com arame para conseguir domar a segunda fermentação do vinho na garrafa. E assim começou a delinear a fórmula do chamado método champenoise. “Venham ver, venham ver! Estou bebendo estrelas!” Teria dito, admirado. O vinho feito na abadia ganhou personalidade própria e ficou conhecido em todo o reino como “vinho de Pérignon” ou “vinho de Père Pérignon”. Os fornecedores do Palácio de Versailles incluíram a bebida na sua lista de compras e o borbulhante de Dom Pérignou passou a ser artigo indispensável nas cerimônias festivas do rei Louis XIV. Em 1694, o vinho do mosteiro já batia todos os recordes de preço – valia 950 pounds (400 litros). Era o mais caro do reino. Pierre Pérignon tinha conseguido realizar o seu propósito. Morreu
em 1715, mas seu nome continua ligado a uma das bebidas mais luxuosas do planeta. Em 1981, o champagne Dom Pérignon 1961 brindou o casamento da princesa Diana e o príncipe Charles. E há dois anos, em Hong Kong, três magnums de Dom Pérignon Oenothèque (1966, 1973 e 1976) foram arramatados por US$ 93.260. O rótulo Dom Pérignon Rosé Vintage 1959 também está na mira dos colecionadores – apenas 306 garrafas foram produzidas e raras vezes apareceram no mercado. Em uma dessas ocasiões, há dois anos, em Nova York, pagou-se um valor de US$ 84.700 por duas delas. Entre os vintages recentes, o mais celebrado por Robert Parker é o Dom Pérignon 1996 (98 pontos). Atualmente, a marca pertence ao grupo LVMH Moët Hennessy - Louis Vuitton, que encarregou o enólogo francês Richard Geoffroy de perpetuar o estilo da casa. Para cumprir tal façanha, o profissional segue à risca alguns princípios: produzir a bebida apenas em anos excepcionais, a partir do assemblage de vinhos chardonnay e pinot noir feitos com uvas colhidas em oito grands crus históricos, além de determinar uma longa maturação nas caves. www.domperignon.com Tel.: + 33 326 51 20 65 20 Avenue de Champagne | BP 140 | 51333 Epernay Importador: Moët Hennessy do Brasil (tel.: 11 3062 8388)
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A Louis Roederer soma 214 hectares em zonas premiers e grands crus, em três sub-regiões: Côte des Blancs, Montagne de Reims e Vale do Marne
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Louis Roederer A maison caiu nas graças do czar Alexandre II, no século 19. Foi um empurrãozinho para ser alçada ao pódio dos grandes de Champagne e nunca mais sair de lá Em 1876, o czar Alexandre II pediu à Louis Roederer um vinho exclusivo. A maison garimpou as melhores uvas chardonnay e pinot noir nos seus vinhedos nobres (Verzenay, Le Mesnil, Avize, Chouilly, Verzy, Aÿ e Mareuil) e criou o seu champagne mais prestigiado – o Cristal. A fama do rótulo extrapolou o império russo e sobreviveu aos séculos. Hoje, faz a alegria também da crítica especializada que concedeu pontuações estratosféricas à safra 2002 (100 pontos na Wine & Spirits, 98 pontos na Wine Enthusiast, e 96 pontos no eRobertParker.com). Na época em que o monarca russo requisitou um vinho customizado à Louis Roederer, a vinícola já era uma empresa de peso na região, produzindo 2,5 milhões de garrafas por ano (1/10 do total em Champagne). O lançamento do rótulo Cristal trouxelhe um certo glamour. Mesmo assim, os negócios não deixaram de enfrentar dias difíceis. Quando assumiu a gestão, em 1932, Camille Olry-Roederer, viúva de um dos membros do clã, Léon Olry-Roederer, encontrou uma maison enfraquecida devido a uma sucessão de fatores: Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, Lei Seca americana e crise de 1929. Não se abateu e seguiu o exemplo do fundador Louis Roederer que, em 1833, ao herdar a vinícola de um tio, passou a investir na compra de vinhedos. Em tempo de depressão econômica mundial, Camille tratou de ampliar o patrimônio, enquanto outras vinícolas vendiam terras.
Atualmente, sob a gestão de seu bisneto Frédéric Rouzaud, a empresa soma 214 hectares em zonas premiers e grands crus, em três sub-regiões (Côte des Blancs, Montagne de Reims e Vale do Marne). Com vinhos feitos exclusivamente de uvas cultivadas em terrenos próprios, a Louis Roederer controla de perto cada etapa de produção. O guardião de todo o processo é Jean-Baptiste Lécaillon, diretor de enologia e viticultura. Cerca de 50 pessoas trabalham no campo diariamente sob sua batuta. Em época de vindima esse número é multiplicado por doze – 600 homens e mulheres invadem os vinhedos para colher os cachos de uvas manualmente. A fermentação alcoólica acontece em cubas pequenas de aço inox e em barricas de madeira e dá origem às cuvées da casa. A receita de cada assemblage fica anotada no “livre de cuvées” e os vinhos esperam nas imensas caves o momento de saírem para o mercado. Ficam ao lado de 15 milhões de garrafas, organizadas em 40 mil metros quadrados. Não é qualquer maison que se pode dar ao luxo de manter uma “cidade subterrânea” povoada de champagne. www.louis-roederer.com 21 Boulevard Lundy | 51100 Reims Tel.: + 33 326 40 42 11 Importador: Maison Lafite (www.francosuissa.com.br)
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Os vinhedos que emolduram o château dão origem ao cuvée Les Folies de La Marquetterie, um blend 55% chardonnay e 45% pinot noir
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Taittinger Se houvesse uma eleição das sete maravilhas de Champagne, esta maison certamente constaria na lista de candidatos. O local onde funcionam as caves foi uma mina de extração de cal na civilização galo-romana e a cripta de um mosteiro beneditino Um emaranhado de túneis de paredes de cal, pouco iluminado, abriga perto de três milhões de garrafas inclinadas de cabeça para baixo ou na horizontal. Nas caves Saint Nicaise estagia, durante dez anos, o champagne mais nobre da Taittinger, o Comtes de Champagne Blanc de Blancs millésimé. Ele é elaborado apenas nos melhores anos, e em quantidades limitadas, a partir de uvas chardonnay cultivadas em zonas grands crus da Côte des Blancs. O rótulo foi criado em 1952 em homenagem aos condes franceses, em especial Thibaud IV (1201-1253), contemporâneo do rei Luis IX. Conta-se que ao retornar das cruzadas, ele teria passado pela Ilha de Chipre, de onde trouxe algumas plantas, entre elas uma muda de videira antecessora da uva chardonnay. No século 13 os monges beneditinos também usavam o subsolo da abadia para armazenar os vinhos que produziam e vendiam aos comerciantes. Com tanta história pra contar, o local é alvo de uma “romaria” de visitantes todos os anos – cerca de 75 mil pessoas. Os grupos que chegam assistem a um filminho antes de embarcar no tour guiado. Apenas a cripta é original, os túneis tiveram de ser reconstruídos após os ataques da Revolução Francesa, iniciada em 1789. Outro cartão de visitas da Taittinger é o impressionante Château La Marquetterie. Pierre-Charles Taittinger comprou a propriedade em 1934, passados vinte anos desde a primeira vez que pisou no lugar. Em 1914 ele fazia parte da tropa do general Joffre que se instalou no La Marquetterie durante a Primeira Guerra. No alto de uma colina, o edifício construído em 1734, em estilo Louis XV, tem de fato uma localização privilegiada. Antes de dar lugar a uma espécie de quartel-general, era um dos endereços culturais mais efervescentes do país. Entre 1760 até a Revolução Francesa, o Château de La Marquetterie foi residência de Jacques Cazotte, autor de O Diabo Enamorado. Em época de vindima ele costumava juntar em casa alguns dos mais celebrados escritores do seu tempo – Voltaire e Chénier. Os vinhedos que emolduram o château dão origem a um outro cuvée da maison: Les Folies de La Marquetterie, um blend 55% chardonnay e 45% pinot noir. No total, a Taittinger possui 288 hectares de vinhedos, distribuídos em mais de trinta zonas. A produção é complementada com o fornecimento de pequenos produtores. Quem trata de gerir tudo isso, controlar as fermentações e os blends é o enólogo Loïc Dupont. A administração da Maison está a cargo de Pierre-Emmanuel Taittinger, membro da terceira geração do clã. www.taittinger.com 9 Place Saint-Nicaise | 51100 Reims Tel.: + 33 326 85 45 35 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br) 45
O Belle Epoque é o rótulo “coqueluche” da Perrier-Jouët, sendo o segundo champagne ultra-premium mais vendido, com sua garrafa art nouveau concebida por Emile Gallé
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Perrier-Jouët Envolvida numa atmosfera art nouveau, esta maison sempre gostou de inovar. Lançou a ideia do champagne brut, impulsionou os safrados e continua a ditar moda Prestes a comemorar dois séculos de vida – a maison foi fundada em 1811 pelo casal Pierre Nicolas Perrier e Adèle Jouët –, a cupula da Perrier-Jouët organizou uma degustação histórica. Reuniu, em março de 2009, doze críticos renomados, entre eles Serena Sutcliffe, reponsável pelo setor de vinhos da Sotheby’s, e o francês Michel Bettane, e desarrolhou vinte garrafas de sua coleção privada: desde o vintage 1825, o champagne mais antigo do mundo ainda existente, até a safra 2002. Proporcionou um verdadeiro desfile de aromas e sabores pela trajetória dessa casa e provou que seu vigor não tem prazo de validade. “Generoso com um nariz intenso”, descreveu Bernard Burtschy, da revista Le Figaro, sobre o vinho que acumulava no dia do evento 184 anos. Bem mais novo, o Belle Epoque é o rótulo “coqueluche” da vinícola – ocupa o segundo lugar no ranking de vendas de champagnes ultra-premium, segundo a empresa Pernod-Ricard, atual detentora da marca. Foi criado em 1964 (lançado em 1969) com o propósito de preencher uma garrafa especial, concebida em 1902 por um dos expoentes da art nouveau: Emile Gallé. Conta-se que no início do século 20, Henri Gallice, o sucessor do clã PerrierJouët, havia encomendado ao artista francês uma peça capaz de se tornar o símbolo da maison. Toda decorada com delicados motivos florais, ela ficaria esquecida durante seis décadas. Ao ser redescoberta, motivou o gestor Michel Budin, o diretor de marketing Pierre Ernst e o chefe de cave André Baveret a elaborarem o cuvée de prestige – um corte 50% chardonnay (de Cramant, na Côte des Blancs), 45% pinot noir (de Mailly, Verzenay e Verzy, em Montagne de Reims) e 5% pinot meunier. Em 1976 surgiu a versão rosé e, em seguida, a blanc de blancs. As uvas sofrem a fermentação alcoólica em cubas de aço inox e o atual chefe de cave Hervé Deschamps, que substituiu Baveret em 1993, prova cerca de 250 vinhos base dos quais seleciona mais de uma centena para o assemblage. A bebida passa cinco anos na garrafa, adquirindo complexidade sob as borras das leveduras, e costuma estrear no mercado cercada de pompa. A família Perrier-Jouët é um sobrenome imortalizado em Champagne, pois ajudou a construir a história dos vinhos da região. Foi Charles Perrier, filho de Pierre e Adèle, quem lançou o primeiro espumante seco, em 1854, motivando a criação da categoria “brut”. Charles Perrier também inovou ao gravar sua marca nas rolhas dos vinhos, sendo um dos primeiros produtores a adotar esse cuidado contra as falsificações. www.perrier-jouet.com 28 Avenue de Champagne | 51200 Epernay Tel.: + 33 326 53 38 10 Importador: Pernod-Ricard (www.pernod-ricard.com.br)
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Localizada em Epernay, a 160 quilĂ´metros de Paris, a MoĂŤt & Chandon recebe os visitantes com tours guiados em portuguĂŞs e termina com uma prova de champagnes da casa
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Moët & Chandon Por trás de uma marca tão cosmopolita existe uma maison fundada em 1743 por uma autêntica família de nobres franceses Moët & Chandon é notícia dia sim, dia não. Recentemente ganhou destaque na mídia por causa da atração que desperta nos consumidores modernos: tornou-se a sétima marca mais desejada do planeta, valendo peso de ouro – US$ 4,28 bilhões. Ficou atrás apenas de Louis Vuitton, a primeira colocada do ranking, seguida de Hermès, Gucci, Chanel, Hennessy e Rolex. Uma das iniciais do grupo de luxo LVMH – Louis Vuitton Moët Hennessy, esta casa de champagne gosta de lançar moda. Vive aparecendo com um modelito novo, o que acaba garantindo uma superexposição na imprensa. Os casos mais recentes: em dezembro de 2009 permitiu aos clientes que customizassem a garrafa com cristais Swarovski; no final de 2008, o dourado e os cristais Swarovski já tinham banhado a garrafa Midnight Gold, desenhada pela artista Camille Toupet. Em maio de 2010 brindou a estreia do filme Sex and The City 2 com quatro drinques inspirados nas protagonistas do filme. Mais uma: neste verão europeu apresentou ao mercado uma edição limitada chamada Moët & Chandon Ice Imperial, feita com pinot noir, pinot meunier e chardonnay para beber “on the rocks”, ou seja, com gelo. Detalhe: a garrafa era toda branca com alguns toques em ouro. Apesar de ser detentora de dois suntuosos châteaux em Champagne (o Saran, construído em 1801 e frequentado por Napoleão Bonaparte, e o Trianon, de 1793, uma releitura do Palácio de Versailles e onde Richard Wagner teria criado a ópera Tristão e Isolda), a empresa vem apostando numa imagem em linha com
os novos tempos. Uma estratégia adotada também por Jean-Rémy Moët, o neto do fundador Claude Moët, no final do século 18. Jean-Rémy se empenhou em propagar o champagne pelo mundo, transformando a vinícola em um símbolo de prazer e prestígio. Viajou exaustivamente, estabelecendo contatos com clientes ao redor do globo. Sob sua gestão a maison teve um crescimento invejável. Hoje acumula 1.000 hectares de vinhedos – é a maior propriedade de Champagne. O tamanho das caves também causa espanto: 28 quilômetros. Espaço suficiente para armazenar os 26 milhões de garrafas de espumante que produz anualmente. Benoît Gouez é o chefe de cave, responsável pela qualidade dos rótulos Impérial, Rosé Impérial, Nectar Imperial, Grand Vintage e Grand Vintage Rosé. Localizada em Epernay, a 160 quilômetros de Paris, a maison Moët & Chandon está de portas abertas para os visitantes. Tem uma programação de tours guiados (em francês e inglês, e para quem solicitar: em português, alemão, holandês, italiano, espanhol, russo, japonês e mandarim) que desvendam todos os ambientes de elaboração dos vinhos e termina com uma prova de champagnes da casa. www.moet.com 20 Avenue de Champagne | 51200 Epernay Tel.: + 33 326 51 20 20 Importador: Moët Hennessy do Brasil (tel.: 11 3062 8388)
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O Delamotte vintage 1999 foi assim definido pela crítica: “É a expressão perfeita da vivacidade e elegância de um clássico blanc de blancs, feito em um ano muito bom”
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Delamotte Fundada em 1760, esta é a quinta mais antiga maison de Champagne e também uma das mais renomadas, graças aos vinhos elegantes e raros que produz A vila de Le Mesnil-sur-Orger aguça os sentidos dos apreciadores de vinhos borbulhantes. Classificada como grand cru, fica no coração da Côte des Blancs, uma zona famosa pela alta qualidade da uva chardonnay. É nesse cantinho precioso de Champagne que se encontra a maison Delamotte. Não à toa que seus blanc de blancs são as grandes estrelas da casa. O vintage 1999, por exemplo, conquistou 92 pontos no Wine Advocate, de Robert Parker, e 91 pontos na revista americana Wine Spectator. Sobre esse vinho, o crítico inglês Steve Spurrier escreveu: “É a expressão perfeita da vivacidade e elegância de um clássico blanc de blancs, feito em um ano muito bom”. A variedade chardonnay também comparece com força no brut, representando 50% do blend, enquanto a pinot noir, 30%, e a pinot meunier, 20%. O rótulo ganhou 90 pontos na edição de setembro de 2010 da Wine Spectator. A Delamotte elabora ainda um rosé, a partir de pinot noir (80%) temperado por chardonnay. São vinhos para poucos, já que a produção anual não ultrapassa as 600 mil garrafas, que são comercializados apenas em restaurantes e lojas especializadas na França e no exterior. As uvas chegam de 5 hectares de vinhedos próprios e de outros 16 hectares que pertencem a trinta fiéis vignerons com os quais a marca mantém parceria há bastante tempo. Os vinhedos situam-se em Le Mesnil-sur-Oger, Avize, Oger, Cramant, Bouzy, Ambonnay e Tours-sur-Marne e têm um redimento de, em média, 12 toneladas por hectare – uma quantidade controlada para garantir a qualidade final da fruta. Feita a seleção dos cachos, o enólogo Michel Fauconnet entra em cena, atuando nas diferente etapas de vinificação: acompanha a fermentação nas cubas de aço inox, compõe os assemblages, garante um período ideal de maturação dos vinhos nas caves e assegura a precisão do processo de remuage. Michel Fauconnet é também responsável pelo champagne da marca Salon, considerada maison irmã da Delamotte. Quando inaugurou a própria vinícola, em 1760, o juiz François Delamotte, de Reims, provavelmente não imaginava que sua ousadia no mundo dos borbulhantes atingisse tamanha longevidade (a Delamotte é a quinta vinícola mais antiga da região) – e fosse tão fértil, apesar dos altos e baixos na gestão da empresa. A maison passou para as mãos da família Lanson e foi adquirida, depois da Segunda Guerra Mundial, por um membro do clã – Marie-Louise Nonancourt, que também investiu na compra da Laurent-Perrier. Desde 1989 as duas, juntamente com a Salon e a Castellane formam o grupo Laurent-Perrier. www.salondelamotte.com 5-7 Rue de la Brèche d’Oger | 51190 Le Mesnil sur Oger Tel. : + 33 326 57 51 65 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)
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Madame Clicquot dava palpites no estilo dos champagnes, orientando os assemblages e anotando todas as alquimias em um caderninho. TambĂŠm arquitetou, em 1816, as prateleiras para o processo de remuage 52
Veuve Clicquot Barbe Nicole Ponsardin tinha 27 anos quando o inesperado aconteceu: perdeu o marido e herdou a missão de dar continuidade ao patrimônio inaugurado pelo sogro. Resultado: a marca ganhou o complemento “veuve” (viúva) e chegou ao status de uma das mais célebres do mundo Em 1805, ela foi uma das primeiras mulheres a assumir o controle de uma empresa – mais surpreendente ainda, de uma maison (a Clicquot), um negócio até hoje extremamente masculino. Tão nova quanto inexperiente, Barbe Nicole Ponsardin contou com a inteligência acima da média, coragem e o apoio de Louis Bohne, um dos mais talentosos representantes comerciais da casa. Os dois faziam de tudo para atender aos clientes, fossem tempos de paz ou de guerra – tanto que o bloqueio continental, imposto por Napoleão no início do século 19, não os impediu de despachar um carregamento de vinho para São Petersburgo, garantindo a alegria dos aristocratas russos. A “grande dama de Champagne”, como passou a ser conhecida, também investiu na compra de vinhedos. Hoje a empresa soma 485 hectares em 13 áreas grands crus e 18 premiers crus. Além de traçar estratégias de produção e comerciais, Madame Clicquot dava palpites no estilo dos champagnes, orientando os assemblages e anotando todas as alquimias em um caderninho. Também entrou para a história por causa de suas invenções. Juntamente com o chefe de cave Antoine Müller, arquitetou, em 1816, as prateleiras onde as garrafas ficam inclinadas para o processo de remuage. Em 1821, Édouard Werlé, um funcionário antigo e homem endinheirado, tornou-se sócio da viúva. A dupla fez sucesso. Em 1852, os champagnes Clicquot eram a coqueluche entre os russos ao ponto de o autor francês Prosper Mérimée escrever: “Madame Clicquot está saciando a sede da Rússia.” Desde 1986 a empresa integra o grupo LVMH Moët Hennessy – Louis Vuitton. Os champagnes da marca seguem uma cartilha rigorosa. Oitocentas cubas de aço inox tratam de fermentar a bebida que passa por um estágio prolongado nas caves: três anos para o brut, quatro a seis para os vintages e oito a dez para o La Grande Dame. Quem vigia todo o processo é o chefe de cave Dominique Demarville e entre os rótulos mais mimados está o cuvée de prestige La Grande Dame, criado em 1972 para comemorar o bicentenário da vinícola. Outro vintage cobiçado é o Rich Reserve. Mas o mais popular é o Brut Yellow Label, um blend onde predomina a casta pinot noir, colhida em 50 diferentes crus – uma receita de 230 anos. A maison Veuve Clicqout recebe os visitantes com hora marcada. São quatro tipos de tour que compreende visita às caves, vinhedos e termina com degustação de champagne. www.veuve-clicquot.com 1 Place de Droits de l’Homme | 51100 Reims Tel.: + 03 26 89 5390 Importador: Moët Hennessy do Brasil (tel.: 11 3062 8388) 53
Os esforços dos últimos anos valeram a pena e a Mumm continua entre os grandes – é o terceiro maior produtor de Champagne, atrás de Moët & Chandon e a Veuve Clicquot
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Mumm No início do século 20, esta maison já havia conquistado o mundo. E continua na tropa de elite de Champagne, chegando a mais de 100 países e promovendo as celebrações do Grand Prix de Fórmula 1 O clã Mumm era um proeminente produtor de vinhos em Colônia, na Alemanha, mas não se contentou e vislumbrou uma oportunidade mais atraente: cruzar a fronteira e tentar a vida em Champagne, região cujos espumantes já haviam caído no gosto das cortes europeias. Em 1827, os irmãos Jacobus, Gottlieb e Phillip inauguraram uma casa na cidade de Reims – a P.A. Mumm et Cie, em homenagem ao pai Peter Arnold. O negócio consistia em comprar uvas de agricultores independentes e elaborar o próprio vinho. Em 1852 a empresa assumiu o nome de G.H. Mumm – de Georges Hermann Mumm, filho de um dos fundadores e responsável pela criação do mais emblemático rótulo da maison, o Cordon Rouge, que em 1881 era o primeiro champagne comercializado nos Estados Unidos. Para garantir a excelência em qualidade, a Mumm adquiriu, em 1882, 60 hectares na Côte des Blancs – atualmente possui 218 hectares, a maior parte localizada em oito grands crus: Aÿ, Bouzy, Ambonnay, Verzy, Verzenay, Avize, Cramant e Mailly-Champagne. Eles contribuem com 25% do volume de produção, os outros 75% são fornecidos por vignerons parceiros. Outro cuidado adotado no final do século 19 foi instalar centros de prensagem das uvas próximos aos vinhedos para garantir uma rápida operação após a colheita. Sete prensas continuam posicionadas nas imediações das propriedades. No início do século 20, os espumantes Mumm eram servidos nas cortes da Áustria-Hungria, Bélgica, Holanda, Prússia,
Dinamarca, Suécia, Noruega e Inglaterra, e desembarcavam em mercados tão longínquos como Estados Unidos, Canadá, Peru, Brasil, Indonésia, Tailândia, Filipinas, Sri Lanka e China. Tinha se tornado a maior casa de Champagne, com um volume de vendas de três milhões de garrafas por ano. A partir de 1955, aconteceu um troca-troca de mãos. A maison foi incorporada ao grupo Seagram, passou para a firma Hicks, Muse, Tate & Furst e, então, para o Allied Domecq. Desde 2005, pertence ao grupo Pernod Ricard, que foi buscar o talentoso enólogo Didier Mariotti. “Melhoramos a viticultura e vinificação, reduzimos a quantidade de açúcar adicionada na dosagem e prolongamos o estágio de maturação dos vinhos nas caves, construímos uma adega moderna e um novo centro de engarrafamento e diminuímos o volume de produção de doze milhões de garrafas para oito milhões”, contou Mariotti ao portal britânico Telegraph.co.uk. Os esforços valeram a pena e a Mumm continua entre os grandes – é o terceiro maior produtor de Champagne, atrás de Moët & Chandon e a Veuve Clicquot. www.mumm.com 29 Rue du Champ de Mars | 51100 Reims Tel.: + 33 326 49 59 69 Importador: Pernod Ricard (www.pernod-ricard.com.br)
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Já no final do século 19, a Deutz era um nome sonante em Champagne – havia conquistado o exigente paladar dos ingleses, alemães e russos.
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Deutz Esta casa nasceu há mais de 170 anos na pequena povoação de Aÿ, entre as margens do rio Marne e as encostas das Montagne de Reims – um cenário povoado de vinhedos 100% grand cru, que pertenceram a papas, imperadores romanos e reis franceses Cinco gerações da família Deutz fizeram a fama desta casa, inaugurada em 1838, durante o próspero reinado de Luís Filipe I – o “rei burguês” ou, se preferir, o “rei dos banqueiros”. Já no final do século 19, a Deutz era um nome sonante em Champagne – havia conquistado o exigente paladar dos ingleses, alemães e russos. Nessa época o arquiteto Edmond Lamy foi convocado para projetar as caves e o casarão que existe até hoje. A Deutz soma 42 hectares em Aÿ, Montagne de Reims, Côte des Blancs e Vallée de la Marne, onde são cultivadas as castas chardonnay, pinot noir e pinot meunier sob os cuidados minuciosos de Patrick Boivin. O especialista em viticultura inspeciona ainda outros 150 hectares que pertencem a pequenos vignerons locais, fornecedores da Deutz. Atualmente, a maison faz parte do grupo Louis Roederer e, desde 1996, é Fabrice Rosset quem controla os destinos da empresa. Uma de suas primeiras ações foi investir na renovação da adega; na ampliação das caves, que ficam a 65 metros abaixo do nível do solo, e na modernização da linha de dégorgement e expedição. Resultado: a produção anual saltou de 600 mil garrafas para 2 milhões. “Introduzimos algumas ideias novas, mas não pensamos em mudar, por exemplo, o método de fermentação, as mesclas, a filosofia dos vinhos Reserva.”, disse em entrevista à revista Gosto, em
julho de 2010, quando passou pelo Brasil. Uma dessas ideias novas é a cuvée Amour de Deutz, um champagne feito de uvas chardonnay colhidas em Mesnil Sur Oger, Avize e Villers Marmery, e que seduziu o paladar do crítico Robert Parker (96 pontos, vintage 1995). A receita dos cobiçados rótulos da Deutz determina um período de maturação do vinho na garrafa, sobre as borras de leveduras mortas, superior ao que recomenda a própria appellation. “Nossos champagnes básicos repousam por 36 meses, e as cuvées de prestige de seis a nove anos”, revelou Rosset à Gosto. Detalhes como esse ajudam a explicar o sucesso do Deutz Blanc de Blancs Millésimé 1998 (94 pontos de Robert Parker e 92 pontos na Wine Spectator) e também da Cuvée William Deutz Rosé Millésimée (95 pontos de Robert Parker e 94 pontos na Wine Spectator). Mas o time oficial de degustadores – Michel Davesne (responsável pelas caves), Joachim Verdier (enólogo) e Jean-Marc Lallier-Deutz (descendente do fundador) – é sem dúvida outro grande trunfo. www.champagne-deutz.com 16 Rue Jeanson BP 9 | Aÿ | 51160 France Tel.: + 33 326 56 94 00 Importador: Casa Flora (www.casaflora.com.br) e Porto a Porto (www.portoaporto.com)
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Os châteaux, bodegas, wineries, quintas e maison são consequência da fortuna que a família Rothschild foi acumulando ao longo dos séculos
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Barons de Rothschild A família é perita em comprar propriedades em regiões vinícolas e transformá-las em celeiros de rótulos ícones. Foi assim desde o início, com o Château Lafite e o Brane Mouton. A nova aposta é uma operação em Champagne O core business do clã Rothschild não é o vinho. É o setor bancário. Os châteaux, bodegas, wineries, quintas e maison são consequência da fortuna que a família foi acumulando ao longo dos séculos. A habilidade de fazer o dinheiro render, investindo no lugar certo, foi descoberta há sete gerações, em meados do século 18, quando o alemão Mayer Amschel Rothschild era funcionário do banco Oppenheim, em Hannover. Ao retornar à Frankfurt, sua cidade natal, ele montou o próprio negócio: comércio de moedas e consultoria financeira. Quando seus cinco filhos homens já estavam grandinhos, vislumbrou uma maneira de fazer o patrimônio multiplicar: mandouos, um a um, para grandes capitais europeias. Em 1789, aos 21 anos, Nathan Mayer desembarcou em Manchester para trabalhar com exportação de tecidos, e anos depois já estava em Londres, atuando no mercado financeiro. Seus irmãos, consecutivamente, fundaram filiais do negócio em Viena, Nápoles e Paris. O complemento “barão” não veio por herança, mas por mérito. O imperador austríaco reconheceu o dinamismo dos irmãos e, em 1822, concedeu o título com direito a brasão. O clã (uma curiosidade: Rothschild quer dizer “escudo vermelho” em alemão) aproveitou o momento de revolução industrial para patrocinar a construção de ferrovias e a exploração de minérios, diamantes e petróleo. A Segunda Guerra Mundial freou o fôlego da família, que encerrou a unidade de Viena. Mas o vigor foi retomado em
seguida. Hoje o grupo N M Rothschild, baseado em Londres, tem operação em mais de 40 países, a Compagnie Financière Edmond de Rothschild da Suíça também atua globalmente e o Rothschild & Cie Banque de Paris é uma das instituições financeiras francesas mais sólidas. O mundo é pequeno para os Rothschild. Por isso, quando decidiram se meter no universo de Baco, não se limitaram a Bordeaux, onde compraram os primeiros châteaux: Bane Mouton (hoje Château Mouton Rothschild), em 1853, e o emblemático Lafite, em 1868. Atualmente, existe um império de vinhedos nobres espalhados pelo mundo por trás de marcas tão sonantes como Opus One, no Napa Valley; Almaviva, no Chile; Bodegas Caro, na Argentina, além de 25 hectares de vinhedos na China (península de Penglai, província de Shandog). Uma das apostas mais recentes da turma é no reino dos champagnes onde a família firmou acordo com vignerons de zonas premiers e grands crus para garantir o fornecimento de uvas de qualidade. Por enquanto, foram lançados três rótulos sob a chancela dos Rothschild: Brut (50% chardonnay e 50% pinot noir), Rosé (85% chardonnay e 15% de Pinot Noir) e Blanc de Blancs. 2 Rue Camille Lenoir | 51100 Reims Tel.: + 33 326 85 8092 Importador: Vinci (www.vincivinhos.com.br)
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O legado do champagne dos Ayala se traduz em nove rótulos: do Brut Majeur aos cobiçados Blanc de Blancs até o cuvée de prestige Perle d’Ayala
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Ayala Um forasteiro colombiano infiltrou-se no tradicional território de Champagne no século 19 e roubou a cena. Seu sobrenome passou a estampar uma das marcas mais cultuadas do universo das bebidas borbulhantes Edmond de Ayala era um colombiano “sangue azul”, neto de Don Antonio de Ayala y Vergara, um aristocrata espanhol nomeado ministro das Finanças de Nova Granada (atual Colombia) pelo rei Fernando VI. Foi por isso que a família Ayala atravessou, em 1750, o Atlântico. Edmond fez a viagem de volta, mas com um desvio de rota: desembarcou na França como cônsul da Colômbia. O convite do Visconde de Mareuil para conhecer a bela região de Champagne mudou radicalmente o destino do recém-chegado diplomata. A viagem rendeu-lhe uma paixão pela sobrinha do anfitrião, Gabrielle d’Albrecht. O namoro deu em casamento em 1860 e, conforme a cartilha da época, o noivo foi contemplado com um dote: o Château de Aÿ e, de brinde, vinhedos em Aÿ e Mareuil sur Aÿ. Foi o suficiente para, dois anos depois, convencer o cônsul a investir no negócio dos espumantes de alto nível. Seus vinhos passaram a figurar nas cerimônias das cortes britânica e espanhola, mas a maior façanha da maison foi apresentar champagnes com baixa dose de açúcar. Conta-se que em 1870 a empresa colocou no mercado o vintage 1865 com 20 g/l de açúcar residual, quando o normal na época era acima de 100 g/l. Atualmente, um brut, por exemplo, apresenta 15 gramas de açúcar por litro. O legado dos Ayala se traduz em nove rótulos, desde o Brut Majeur (91 pontos na Wine Enthusiast), um blend onde predomina a variedade pinot noir e que marca o estilo da maison; até os cobiçados Blanc de Blancs (90 pontos na Wine Spectator, a safra 1999), elaborado a partir de uvas chardonnay colhidas na Côte des Blancs; Brut Millésimé (91 pontos na Wine Spectator, a safra 1999), 80% pinot noir de zonas grand cru, e o cuvée de prestige Perle d’Ayala, que passa pelo menos cinco anos evoluindo nas caves até estar pronto para ser apreciado. Ele recebeu 18 pontos (numa escala de 20 pontos) da crítica britânica Jancis Robinson. A casa produz ainda o Zéro Dosage, que como indica o nome é um brut livre de qualquer licor de dosagem – uma raridade –, além de versões rosé. A data do “dégorgement” vem no contra-rótulo dos vinhos, informando o tempo e estágio sobre as borras de levedura e também o de evolução na garrafa. Há mais de trinta anos Nicolas Klym é o homem (e o nariz) por trás dos blends dos champagnes Ayala. Ele garante a consistência do estilo da maison que, em 2005, foi incorporada ao grupo Jacques Bollinger – no qual figuram a Bollinger; o Domaine Chanson, da Borgonha; o Langlois-Château, do Vale do Loire, e Delamain, de Cognac. www.champagne-ayala.fr 2 Boulevard du Nord | 51160 Aÿ Tel.: + 33 326 55 15 44 Importador: Mistral (www.mistral.com.br) 61
Em 1975, a Pol Roger decidiu fazer uma homenagem p贸stuma ao seu cliente mais fiel, imortalizando-o no cuv茅e de prestige Winston Churchill
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Pol Roger Impressionado pela beleza de Odette Pol-Roger e pela qualidade das cuvées, Sir Winston Churchill se tornou o maior embaixador desta maison, que produz 1,5 milhão de garrafas por ano e domina o mercado inglês “Convide-me a Epernay e eu esmagarei as uvas com meus pés”, teria escrito o estadista inglês Winston Churchill a Odette Pol-Roger, em meados do século 20. Os dois se conheceram em 1944, durante uma recepção organizada por Duff Cooper, o embaixador inglês em Paris na época. Esposa de Jacques Pol-Roger, membro da terceira geração da prestigiada maison de Champagne, e uma das três filhas do general George Wallace, a bela Odette logo chamou a atenção de Churchill. A “champagne blonde”, como foi apelidada certa vez, firmou uma estreita amizade com o ex-primeiro ministro britânico ao ponto de ele batizar um de seus cavalos de corrida de Pol-Roger. Todos os anos, Odette providenciava o envio de uma caixa do vintage 1928 e, depois, da safra 1934 – os favoritos do estadista –, no dia de seu aniversário, 30 de novembro. Isso aconteceu até a morte de Churchill, em 1965. Apesar de nunca ter feito parte da gestão da maison, Odette atuava como uma legítima relações públicas. “Na minha juventude, os champagnes mais elegantes em Paris eram Pommery e Clicquot. Me propus a colocar Pol Roger entre eles”, disse em entrevista ao jornal britânico The Independent. O mercado inglês está no foco da empresa desde o início de sua história – 1849, quando foi fundada por Pol Roger. Quase um século depois, em 1934, foi o champagne servido no casamento do Duque de Kent, filho do rei George V. Em 1975, a maison decidiu fazer uma homenagem póstuma ao seu cliente mais fiel, imortalizando-o no cuvée de prestige Winston Churchill, um corte pinot noir (entre 70% e 80%) e chardonnay. Esse primeiro vintage foi lançado em 1984 e vendido apenas à família Churchil e à corte inglesa. Atualmente, outros privilegiados ao redor do mundo têm acesso ao espumante que conquistou 94 pontos na publicação Wine Spectator e 5 estrelas na Decanter (safra 1998). Outros champagnes cobiçados da casa são o Pol Roger Blanc de Blancs 1999, que ganhou 92 pontos de Robert Parker, e o Pol Roger Brut 1999 (94 pontos na Wine Enthusiast). A vinícola está nas mãos da quinta geração da família e possui 87 hectares de vinhedos em Trelou-sur-Marne e Chouilly, no Vale do Marne; Trepail e Ambonnay, em Montagne de Reims; e em Cuis, Cramant e Grauves, na Côte des Blancs. Para o assemblage dos vinhos, reúne-se em Epernay, todos os anos em fevereiro, o clã Pol Roger (Christian Pol-Roger, Christian de Billy e Hubert de Billy), além do enólogo Dominique Petit e o presidente da diretoria Patrice Noyelle. São eles que hoje zelam pela elegância dos cuvées, satisfazendo a vontade de Odette. www.polroger.com 1 Rue Henri Le Large | 51206 Epernay Tel.: + 33 326 59 58 00 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)
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Desde 1843 quando a vinícola foi inaugurada, a arte do blend é transmitida de geração em geração, criando uma espécie de banco de memória olfativa e gustativa do estilo Krug
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Krug Desde que foi fundada, há mais de 160 anos, esta casa persegue a mesma missão: criar vinhos de estilo próprio, diferentes de todos os outros. Elabora seis champagnes, um deles – Krug Clos d’Ambonnay – chega a custar 14 mil reais, de tão extraordinário e raro Fevereiro é sempre um mês de expectativa na maison Krug, em Reims. Nessa época, o processo de assemblage está no auge. É quando a cúpula de provadores se reúne sistematicamente para provar as amostras de vinhos – de diferentes uvas, cultivadas em vinhedos distintos e em anos variados, alguns elaborados há cinco décadas – e decidir as misturas que darão corpo aos seis rótulos da casa. Desde 1843 quando a vinícola foi inaugurada, a arte do blend é transmitida de geração em geração, criando uma espécie de banco de memória olfativa e gustativa do estilo Krug. O time de provadores é um dos tesouros da empresa e conta sempre com membros da dinastia. Os descendentes do fundador – o alemão Johann-Joseph Krug, que imigrou para Champagne no início do século 19 –, continuam a participar da elaboração dos vinhos, mesmo depois de a vinícola ser comprada pelo grupo LVMH Moët Hennessy - Louis Vuitton, em 1999. Hoje, a quinta e a sexta geração dos Krug estão metidas no negócio: os irmãos Henri e Rémi, além de Olivier, filho de Henri e atual diretor. Todos os vinhos sofrem a primeira fermentação em barricas de carvalho usadas, de 205 litros. A micro-oxigenação conferida pela madeira permite que o champagne aguente firme na garrafa por longos anos. É assim desde o tempo de Johann-Joseph, que antes de fundar a Krug, trabalhava para outra célebre casa de
Champagne: a Jacquesson. Ele deixou o alto escalão da empresa para desenvolver um espumante único, à sua maneira, o Krug Grande Cuvée. Complementam a oferta da maison: Krug Rosé (94 pontos na revista Wine Spectator), Krug Vintage (a safra 1996 bateu os 99 pontos na Wine Spectator) e Collection Krug. Em 1971, Henri e Rémi compraram 6 hectares na cidade de Le Mesnil sur Oger, 31% dos quais tinham abrigado um vinhedo de chardonnay em 1698. Os irmãos não tiveram dúvida: replantaram a vinha e, oito anos depois, fizeram a primeira colheita. De tão impressionante, resolveram criar um rótulo especial: Krug Clos Du Mesnil. A safra 1996 conquistou 99 pontos no ranking de Robert Parker. Repetiram a empreitada décadas depois, num dos mais estimados terroirs da Krug, no vilarejo de Ambonnay – apenas em 0,685 hectares plantados com a variedade pinot noir. A primeira colheita aconteceu em 1995 e o vinho passou 12 anos envelhecendo secretamente na adega da maison. Duas únicas garrafas do Krug Clos d’Ambonnay foram enviadas para o Brasil, valendo 14 mil reais cada. www.krug.com 5 Rue Coquebert | 51100 Reims Tel.: + 33 326 84 44 20 Importador: Moët Hennessy do Brasil (tel.: 11 3062 8388)
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A surpresa nas caves da vinícola é a quantidade de garrafas magnum – são mais de 500 mil, preenchidas com vinho de acordo com a casta, pinot noir e chardonnay
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Bollinger Em 1884, tornou-se o champagne oficial das cerimônias da corte inglesa. No século seguinte, virou “celebridade” aparecendo no cinema como o preferido do personagem James Bond e, recentemente, foi indicado pela crítica Jancis Robinson como um “presente de ouro”. Sai século, entra século, e a Bollinger não perde a pose Fundada em 1829 na povoação de Aÿ, a Bollinger foi somando vinhedos ao longo de sua história – coisa incomum na região, onde o mais certo é comprar uvas de pequenos agricultores. Seus cerca de 170 hectares próprios estão distribuidos por Aÿ, Cuis, Verzenay, Bouzy, Tauxières, Avenay, Bisseuil, Grauves, Champvoisy e Mutigny. As castas ali cultivadas entram na composição de 60% do champagne da casa. Para complementar a produção, a empresa adquire uvas de terceiros, que as cultivam em terrenos preciosos, classificados como grands e premiers crus. O processo de vinificação também exibe peculiaridades: é utilizado apenas o mosto obtido da primeira prensagem (de maior qualidade), que segue, em geral, para fermentação em barricas de carvalho usadas. Outra surpresa nas caves da vinícola é a quantidade de garrafas magnum – são mais de 500 mil. Elas estão preenchidas com vinho de acordo com a casta (pinot noir e chardonnay), cru e ano, preservando assim a tipicidade de cada um. A bebida fica ali quietinha, evoluindo, durante cinco a doze anos, até estar pronta para entrar no blend dos champagnes. O rótulo Special Cuvée, um brut não vintage, representa o estilo tradicional da maison e conquistou 94 pontos na revista Wine Enthusiast e 93 pontos na Wine Spectator. Mas as estrelas são o Grande Année e o Grande Année Rosé – champagnes produzidos apenas em anos excepcionais. O Grande Année Vintage 1999 recebeu 94 pontos na Wine Spectator, a mesma publicação deu 95 pontos para a versão rosé. E como a Bollinger não cansa de se superar, em 1961, criou o rótulo R.D., resultado de uma seleção dos melhores Grande Année, que envelhecem por mais tempo. A mentora do conceito foi a figura mais célebre da história dessa casa: Madame Bollinger (Elizabeth Law de Lauriston Boubers, ou simplesmente tia Lily), que assumiu o controle da empresa depois da morte do marido, Jacques Bollinger, em 1941. Em plena Segunda Guerra Mundial, ela costumava inspecionar os vinhedos de bicicleta, pois combustível era raridade. Uma de suas frases, publicada há quase cinco décadas no jornal Daily Mail, acabou virando lema da região: “Eu só bebo champagne quando estou feliz e quando estou triste. Às vezes, bebo quando estou sozinha, mas, quando estou em companhia, considero obrigatório. Eu me distraio com champagne quando estou sem fome ou bebo quando estou faminta. Fora isso, nem toco nele - a menos que esteja com sede”. www.champagne-bollinger.com 20 Boulevard du Maréchal de Lattre de Tassigny | 51160 Aÿ Tel.: + 33 3 26 53 25 50 Importador: Mistral (www.mistral.com.br) 67
Esta maison aposta em um volume moderado, mas de qualidade superior e a crítica especializada já se declarou fã. Robert Parker é um deles 68
Billecart-Salmon Seus rótulos costumam impressionar a crítica especializada. Um deles – a cuvée Nicolas François Billecart 1959 – foi eleito o champagne do milênio Um deslumbrante jardim à la française é a primeira imagem desta maison e um dos chamarizes da pequena Mareuil-sur Aÿ, uma vila de 1 300 habitantes. Esse “oásis” na fachada da vinícola foi concebido por Charles Roland-Billecart, avô dos irmãos que hoje ditam os destinos do negócio: François e Antoine. A BillecartSalmon é uma das poucas casas de Champagne que se mantém integralmente sob a administração da família fundadora. Passou de pai para filho e pertence hoje à sétima geração da dinastia. Foi criada em 1818, depois do casamento de Nicolas François Billecart e Elisabeth Salmon. É daquelas vinícolas que preferem apostar em um volume moderado, mas de qualidade superior – uma estratégia que tem funcionado, pelo menos a crítica especializada já se declarou fã de seus vinhos. Robert Parker é um deles. Conhecido como “the miliondollar nose”, o crítico americano conferiu notas extraordinárias para alguns rótulos da Billecart-Salmon: 95 pontos para o Elisabeth Salmon 1996 (um cuvée que leva a mesma quantidade de pinot noir e chardonnay), 94 pontos para o Brut Rosé NV (que segue a receita original de há quase dois séculos: um blend de chardonnay, pinot meunier e pinot noir), e a mesma pontuação para o Nicolas François Billecart 1996 (um cuvée elaborado com chardonnay e pinot noir e parcialmente fermentado em cascos de madeira). Este vinho é uma das estrelas do portfólio. Em 1999, a safra 1959 foi considerada um marco, eleita o “champagne do milênio” numa degustação às cegas, em Estocolmo, que envolveu 150 vintages das empresas mais ilustres de Champagne. Outros rótulos memoráveis são o Blanc de Blancs 1998 (18,5 pontos no guia Gault Millau) e o Clos Saint-Hilaire 1996 (18,5 pontos na Revue du Vin de France), um blanc de noir batizado com o nome do santo padroeiro de Mareuil-sur-Aÿ. O vinho é feito a partir de videiras de pinot noir plantadas em 1964 numa parcela de 1 hectare que sempre pertenceu à família. As uvas que dão origem a todos os outros rótulos BillecartSalmon chegam de um total de 170 hectares nas proximidades de Épernay – cerca de 30 hectares pertencem à maison e os outros 140 a produtores parceiros. A variedade chardonnay é cultivada na Côte de Blancs; a pinot noir, em Montagne de Reims, e a pinot meunier, no Vale do Marne. Combinando tecnologia de ponta e técnicas tradicionais, como a prensagem realizada em um dos equipamentos mais antigos da região, o chefe de cave François Domi cria esses vinhos irrepreensíveis, que passam por um período longo de maturação nas caves dos séculos 17 e 19. www.champagne-billecart.fr 40 Rue Carnot | 51160 Mareuil-sur-Aÿ Tel.: + 33 326 52 60 22 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)
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A Pommery, em Reims, é um ponto turístico badalado, com tours guiados pelos 18 quilômetros de caves ancestrais, com mais de 20 milhões de garrafas, a 30 metros de profundidade e sob uma temperatura de 10 graus
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Pommery Tradicional e irreverente são duas palavras que combinam com esta maison. A primeira, porque traduz uma marca com quase dois séculos de idade, e a segunda, por causa das novidades avant-garde que fazem sacudir o mercado A maison Pommery foi inaugurada em 1836, na cidade de Reims, mas todos esses anos, séculos diga-se, de maturidade não inibem sua ousadia. Recentemente, ela emprestou sua marca a uma linha de espumantes em dose única para beber de canudinho nas discotecas mais badaladas do mundo, de Paris a Londres e Nova York. As supercoloridas champagnes POP trouxeram uma lufada de modernidade ao universo dos vinhos borbulhantes, além do conceito de sustentabilidade, tão em voga, refletido na versão Pop Earth. Mas basta olhar para o início da história dessa vinícola para perceber que a reinvenção é uma de suas habilidades natas. A partir de 1858, quando Jeanne-Alexandrine Louise, viúva de Monsieur Pommery, assumiu, aos 39 anos de idade, o controle dos negócios, tudo começou a mudar. Essa mulher deixou como legado o complexo de construções em estilo elizabetano que ocupa 50 hectares, e também deu palpites no perfil dos vinhos, reduzindo a dose de açúcar do licor de expedição, tornando-se uma das precursoras, em 1874, da categoria brut. Além das linhas Pop e Brut Royal, fazem parte do portfólio da maison o champagne Louise, um cuvée de prestige criado em homenagem à Madame Pommery e elaborado com uvas chardonnay e pinot noir provenientes de Avize, Cramant e Aÿ; e a linha Les Saison, com champagnes para todas as épocas do ano: Springtime, Summertime, Falltime e Wintertime. O conceituado
enólogo Thierry Gasco é quem comanda a produção dos diferentes rótulos e também ajuda a inventar novidades. A partir de 1979 a maison Pommery mudou de mãoes várias vezes e acabou perdendo seus vinhedos próprios ao longo dessas transações. Desde 2002, faz parte do grupo Vranken Monopole, que ocupa o segundo lugar em vendas de champagne (atrás do conglomerado LVMH) e detém outras vinícolas na França e em Portugal, como Villa Demoiselle, Domaine de Jarras, Château La Gordonne, Quinta de Monsul Rozes e Château de Villeroy. O endereço na Place du Général Gouraud, em Reims, é também um ponto turístico badalado. Organiza, diariamente, tours guiados em francês, inglês e alemão pelos 18 quilômetros de caves ancestrais, onde descansam mais de 20 milhões de garrafas, a 30 metros de profundidade e sob uma temperatura constante de 10 graus Celsius. Durante uma dessas visitas é possível que você se depare com esculturas contemporâneas. Explica-se: vira-e-mexe a propriedade abriga exposição de artistas da atualidade – o trabalho de Belge Olivier Strebelle e Jean-Pierre Formica, por exemplo, já desfilou por lá. www.pommery.com 5 Place du Général Gouraud | 51689 Reims Tel.: 33 326 61 62 63 / 56 Importador: Cantu (www.cantu.com.br)
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O sucesso da Canard-Duchêne na Rússia, desde o tempo dos czares, foi tamanho ao ponto de a imagem da marca ser inspirada no emblema real russo: dois gaviões
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Canard-Duchêne Victor Canard e Léonie Duchêne juntaram o sobrenome e a paixão pelo vinho e criaram uma das marcas de champagne mais emblemáticas e longevas – já dura há 142 anos Conta-se que, de tão popular, uma garrafa de Canard-Duchêne é aberta a cada quinze segundos na França. Com uma produção anual de mais de três milhões de unidades, a maison vai ganhando consumidores além-fronteiras, na Europa, Ásia e Américas. Mas do mercado russo a Canard-Duchêne já é velha conhecida. No final do século 19, sob a gestão de Edmond Canard, segunda geração da família, os champagnes da empresa se infiltraram na corte do czar Nicolau II. O sucesso foi tamanho ao ponto de a imagem da marca ser inspirada no emblema real russo: dois gaviões. A terceira geração do clã, representada por Victor Canard, continuou ampliando os canais de distribuição, e também investiu num novo rótulo – o Grande Cuvée Charles VII Brut (50% pinot noir, 10% pinot meunier e 40% chardonnay), que obteve duas estrelas no Vine Guide Hachette 2010. O vinho foi criado em 1968, ano do centenário da maison, e presta homenagem ao Rei Carlos VII, coroado na Catedral de Reims em 1429. As uvas obtidas em sessenta crus diferentes são um prato cheio para o chefe de cave Laurent Fedou, que dá especial atenção à variedade pinot noir. Ela predomina em dois outros rótulos: o champagne Canard Duchêne Brut (35% a 40% de pinot noir, a mesma proporção de pinot meunier e entre 22% a 25% de chardonnay) e o Canard Duchêne Millésime (50% pinot noir, 5% pinot meunier e 45% chardonnay), produzido apenas em colheitas especiais. É possível conhecer o processo de elaboração e envelhecimento dos vinhos durante uma visita guiada, que percorre os seis quilômetros de caves distribuídas entre 12 e 38 metros de profundidade. A Canard-Duchêne é atualmente um nome importante no nobre círculo das maisons de Champagne. Em 1868, o tanoeiro Victor Canard provavelmente não imaginava o destino brilhante da vinícola que fundara com a esposa Léonie Duchêne na povoação de Ludes, na zona de Montagne de Reims (entre as cidades de Reims e Épernay). A empresa permaneceu nas mãos da família até 1978, quando associou-se à Veuve Clicquot e, depois, ao grupo LVMH. Em 2003 foi adquirida por um dos novos e mais dinâmicos players do mundo vinícola francês – Alain Thiénot, que fez carreira no setor financeiro. Há cerca de 30 anos apenas, ele começou a investir na produção de vinhos borbulhantes – em 1976 comprou vinhedos em Aÿ e Mesnil-Sur-Oger, em 1985 fundou sua própria casa de espumantes e, pouco a pouco, foi construindo um império que atualmente conta com nove vinícolas, entre maisons em Champagne e châteaux em Bordeaux e no Languedoc. www.canard-duchene.fr 1 Rue Edmond Canard | 51500 Ludes Tel.: + 33 326 61 11 60 Importador: Mercovino (www.mercovino.com.br)
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O rótulo mais nobre da casa é o cuvée de prestige Dom Ruinart, feito com uvas chardonnay, de vinhedos grands crus, e é daí que sai o estilo da casa, o “goût Ruinart” 74
Ruinart Se a história de Champagne é feita de monges e viúvas, esta vinícola tem a ver com isso. A primeira maison da região surgiu graças à fé de um beneditino Bastou uma visita ao Palácio de Versailles para o monge beneditino Dom Thierry Ruinart (amigo próximo de Dom Pérignon) perceber que o futuro de Champagne estava garantido, tamanho deslumbramento que os vinhos da região causavam ao monarca e sua corte. Compartilhou suas impressões com os familiares champenois, que até então viviam do comércio de tecidos. Um sobrinho parece ter ouvido o comentário com atenção, pois em 1729, logo após o rei autorizar o transporte de garrafas de vinho (até maio de 1728 era permitido transportar a bebida apenas em barris de madeira, o que para os espumantes não faz sentido), inaugurou a primeira maison das redondezas, pioneira na comercialização de champagnes. Nicolas Ruinart ganhou fama de homem empreendedor, e Thierry Ruinart acabou eternizado em 1959, com a safra inaugural do rótulo mais nobre da casa: o cuvée de prestige Dom Ruinart, feito com uvas chardonnay, colhidas em vinhedos classificados como grands crus em Côte des Blancs e Montagne de Reims. A variedade chardonnay é uma das apostas da vinícola, tanto é assim que seus fãs batizaram o estilo da casa de “goût Ruinart”. A uva branca predomina no vintage Dom Ruinart Rosé (84% chardonnay e 16% pinot noir na safra 1996), que descansa dez anos nas crayères, as adegas erguidas com paredes de giz, antes de ser lançado. Ao longo dos anos, a maison passou de geração em geração, conquistando apreciadores em todo o globo. Em 1831, Edmond
Ruinart viajou 38 dias num navio, atravessou o Atlântico para abrir as portas do mercado americano. Ele fez questão de apresentar os champagnes Ruinart ao presidente Andrew Jackson, dos Estados Unidos, pessoalmente. A Rússia também se tornou um país importante no comércio exterior da vinícola. Quando chegou a vez de André Ruinart, membro da sexta geração do clã, ele foi confrontado com a Batalha do Marne, na Primeira Guerra Mundial, e suas adegas foram alvo de artilharia pesada. As finanças tremeram e, em 1963, o grupo de luxo LVMH Moët Hennessy - Louis Vuitton assumiu o controle dos negócios. Mas nem tudo mudou. Jean-Philippe Moulin, o atual enólogo, segue à risca a receita criada em 1729. As caves ancestrais também continuam como antigamente, com paredes de giz e temperatura constante de 11 gaus Celsius, tudo em nome de uma evolução abençoada dos champagnes. Quem estiver passeando pelas redondezas não pode perder a oportunidade de visitar as instalações. Recomenda-se marcar hora. Os tours guiados em francês, inglês, alemão, espanhol, holandês e italiano acontecem de segunda a sexta. www.ruinart.com 4 Rue des Crayères | 51100 Reims Tel.: + 33 326 77 51 54 Importador: Moët Hennessy do Brasil (tel.: 11 3062 8388)
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De 1905 até hoje, a maison Salon declarou no total 39 vintages, uma média de quatro por década, tamanho o rigor com a qualidade
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Salon Eugène-Aimé Salon era um homem metódico. Planejou tintim por tintim o que queria: um espumante exclusivamente chardonnay, da melhor parcela da mais nobre zona de Champagne. Foi assim que surgiu o rótulo Salon, lançado apenas em anos excepcionais Pouca gente sabe, mas Eugène-Aimé Salon tinha um ajudante – um cunhado chefe de cave profissional. Os dois começaram juntos a fazer experiências com uvas chardonnay de diferentes zonas de Champagne até baterem o martelo: um lote do tamanho de 1 hectare no reputado vilarejo de Mesnil-sur-Oger, a sul de Épernay, na Côte des Blancs, considerado uma das 17 comunas grands crus da região. No início do século 20, Eugène-Aimé comprou esse vinhedo hoje conhecido como Le Jardin Salon, mas também tratou de firmar contrato com duas dezenas de viticultores locais a fim de “engordar” o volume de produção. O primeiro vinho, elaborado com uvas colhidas em 1905, serviu como lição e foi consumido apenas pela família e pelos amigos do aprendiz de produtor. O mesmo aconteceu com os vintages 1909, 1911 e 1914. A colheita acima da média de 1921 encorajou EugèneAimé, já um vigneron gabaritado, a estrear sua marca no mercado. Até hoje a maison declarou no total 39 vintages, uma média de quatro por década, tamanho o rigor com a qualidade. Todos foram elaborados segundo o mesmo enunciado de há um século, apesar de o fundador já não estar lá para vigiar. Ele faleceu em 1943 e a empresa passou a ser gerida por seu sobrinho. Em 1989, foi incorporada pelo Laurent-Perrier Group, que detém, além da maison Laurent-Perrier, a Delamotte e a Castellan. Didier Depond é seu atual presidente, e
o experiente Michel Fauconnet, o chefe de cave desde 2004. Graças a essa dupla, e à receita imaculada do champagne Salon, as últimas safras têm surpreendido os narizes mais exigentes. O vintage 1997, por exemplo, ganhou 95 pontos na publicação especializada Wine & Spirits e também no The Wine Advocate. A safra anterior, 1996, também rompeu a barreira dos 90, conquistando 97 pontos na Wine Enthusiast e considerada pela revista Decanter um dos “wines of the year”, na edição de dezembro de 2007. Boa parte das videiras tem quarenta anos de vida. As uvas são colhidas e depois selecionadas manualmente. Apenas o mosto da primeira prensagem segue para fermentação alcoólica em cubas de aço inox. O vinho não sofre fermentação malolática e, portanto, a acidez costuma ser alta, o que dá direito a uma bela longevidade. Outro cuidado é com o tempo de evolução do vinho na cave – dez anos, no mínimo. A safra 1985 passou 14 anos na garrafa até estar pronta para ser apreciada. Com tanto esmero, o volume de cada safra não ultrapassa as 60 mil garrafas. www.salondelamotte.com 5-7 Rue de la Brèche d’Oger | 51190 Le Mesnil sur Oger Tel. : + 33 326 57 51 65 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)
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Egly-Ouriet Uma discreta família de vignerons conseguiu se destacar entre os grandes de Champagne. Dois de seus trunfos são um espumante 100% pinot meunier e um pinot noir livre de licor de expedição Quem vem acompanhando as últimas cenas em Champagne certamente já ouviu falar em Francis Egly, da vinícola Egly-Ouriet, em Ambonnay. Ele e Michel, seu pai, são algumas das boas novidades das redondezas. A dupla tem transformado as uvas cultivadas em cerca de 11 hectares de vinhedos – em Ambonnay, Bouzy e Verzenay, classificados como grand cru, além de Vrigny, na Baixa-Normandia – em rótulos cultuados em todo o mundo. O respeitado engenheiro agrônomo e especialista em solo Claude Bourgignon dá uma ajudinha, orientando os trabalhos no campo. Fertilizantes, pesticidas e afins são utilizados moderadamente nas videiras chardonnay, pinot noir (75% da produção) e pinot meunier, plantadas há mais de três décadas – algumas há 50 anos. O rendimento é controlado ao extremo para gerar uvas de ótima qualidade. Adega adentro, outro cuidado peculiar seguido pelos Egly é fermentar o vinho em barricas ou em cubas esmaltadas, além de engarrafá-lo para a segunda fermentação sem filtrar antes, o que não é nada usual. A bebida fica três anos, no mínimo, em contato com as borras das leveduras. Em alguns casos, sete anos. Francis Egly também é conhecido na região por usar dosagens muito baixas do licor de expedição – uma mistura de açúcar e um destilado de vinho, ou brandy, de alto teor alcoólico, que é adicionado
O champagne Egly-Ouriet também é conhecido na região por usar dosagens muito baixas do licor de expedição, um brandy de alto teor alcoólico, que é adicionado antes de a garrafa ser vedada com rolha
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antes de a garrafa ser vedada com rolha. Por causa dessa mania, teve de comprar uma nova máquina, mais precisa, para medir quantidades microscópicas do licor, pois a antiga não calculava níveis tão baixos. No caso do rótulo Blanc de Noirs Vieille Vignes ele sequer usa a máquina nova, engarrafando o champagne pinot noir sem adicionar uma gota do licor. Outro vinho que causa surpresa é o Les Vignes de Vrigny, um cuvée 100% pinot meunier – uma casta que, regra geral, entra em blends, não em vinhos varietais. Os Egly tiveram coragem de engarrafar um pinot meunier puro e agradaram a crítica. O champagne alcançou 92 pontos no guia Wine Advocate, de Robert Parker, e Eric Asimov, do New York Times, chamou-o de magnífico. A garrafa dos vinhos Egly-Ouriet também não é convencional: no contra-rótulo é revelada a data do degorgement. Francis e Michel se transformaram em produtores cult há cerca de 15 anos, mas parece que ainda não se habituaram à fama. Dificilmente recebem visitantes na maison, dedicando-se exclusivamente à atividade de fazer vinhos – e dos bons. 9 et 15 Rue de Trepail | 51150 Ambonnay Tel.: + 33 326 57 00 70 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)
Larmandier-Bernier Apesar de jovem, Pierre Larmandier é daqueles vignerons à moda antiga – cultiva as uvas com um respeito absoluto pela natureza e participa ativamente de todas as etapas de produção. Só podia dar nisso: champagnes com muita personalidade Esqueça a imagem de castelos suntuosos e impenetráveis. A simplicidade é a melhor tradução da maison Larmandier-Bernier. E por simplicidade entenda-se: a devoção à natureza e um jeito mais descontraído de encarar o glamoroso universo do vinho. Em 1988, ao assumir os destinos da vinícola familiar, Pierre Larmandier mudou seu conceito, reconvertendo os vinhedos à agricultura biodinâmica, já que para ele, um vinho deve expressar de maneira genuína o seu terroir, e reduzindo drasticamente o rendimento das videiras em nome da qualidade. Nem nas vinhas (a empresa detém 15 hectares e não compra uva de terceiros – uma exceção em Champagne), nem na adega há substâncias químicas ou outras artimanhas capazes de criar um estilo de bebida previamente planejado. Pierre se inspirou nas práticas de cultivo da Alsácia e Borgonha e, certamente, não escolheu o caminho mais fácil. Mas sua determinação é hoje aplaudida por algumas das pessoas mais influentes do setor. Em 2002, ele foi apontado pela revista Revue des Vins de France uma das personalidades promissoras do mundo do vinho e, em 2003, foi eleito o produtor do ano pelo crítico Bernard Burtschy, do guia GaultMillau. Se comparada a outras seculares maisons de Champagne, a Larmandier-Bernier está em plena infância – a empresa foi fundada em 1971 por Philippe Larmandier e sua esposa Elisabeth Bernier, ambos descendentes de produtores de vinhos –, mesmo assim já
acumula reconhecimento respeitável: o todo-poderoso crítico americano Robert Parker considerou o rótulo Terre de Vertus Non-Dosé “um espanto”. As uvas chardonnay que compõem esse champagne são cultivadas em Vertus (premier cru) e dão origem a um vintage que não leva a tradicional adição de açúcar antes do engarrafamento. O Vieille Vigne de Cramant é outro rótulo bastante festejado, feito a partir de videiras que têm entre 48 e 70 anos. A safra 2004 recebeu 18 pontos (numa escala de 20) da especialista inglesa Jancis Robinson. A elaboração dos champagnes Larmandier-Bernier guardam algumas particularidades: tanques de aço inox, cubas tradicionais ou barricas de madeira são usados de acordo com cada terroir; a fermentação alcoólica acontece sob a regência de leveduras naturais da uva, e a dosagem final de açúcar é sempre muito discreta. Quem estiver interessado em conhecer os detalhes, pode marcar uma visita diretamente com Pierre Larmandier e sua esposa Sophie. Com certeza, não é em qualquer vinícola que você será recebido pelos proprietários em pessoa. www.larmandier.com 19, avenue du Général de Gaulle | 51130 Vertus Tel.: + 33 326 52 13 24 Importador: Cellar (www.cellar-af.com.br)
A simplicidade é a melhor tradução da maison Larmandier-Bernier, a devoção à natureza e um jeito mais descontraído de encarar o glamoroso universo do vinho
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Henriot Há mais de três séculos, esta família começou uma aventura nos domínios de Champagne investindo em vinhedos privilegiados. Nunca mais parou. Em 1995 começou nova expansão, desta vez em direção à Borgonha O Henriot Blanc Souverain pur Chardonnay, considerado pela crítica inglesa Jancis Robinson um dos melhores champagnes não safrados, chegam a cerca de vinte mercados mundiais
Antes de ser sinônimo de reputados espumantes, Henriot é sobrenome de uma família empreendedora que deixou Lorraine, no nordeste francês, por volta de 1640, para se instalar em Reims, na fria e úmida região de Champagne. Naquela época os Henriot se dedicavam ao comércio de tecidos e vinhos. A maison só foi inaugurada em 1808 graças à coragem de uma mulher – Apolline Henriot. Aos 33 anos, diante da morte do marido Nicolas, ela se dedicou com mais afinco à produção de vinhos, lançando-os além fronteiras. Em meados do século 19, os champagnes Henriot já eram os queridinhos das cortes holandesa e austríaca. Atualmente, rótulos como o Henriot Blanc Souverain pur Chardonnay, considerado pela crítica inglesa Jancis Robinson um dos melhores champagnes não safrados, chegam a cerca de vinte mercados mundiais. O Brasil é um deles. Aporta por aqui toda a linha da maison, incluindo o Henriot Brut Souverain (94 pontos na revista Wine Enthusiast), Henriot Cuvée des Enchanteleurs 1995 (93 pontos na Wine & Spirits), Henriot Brut Millésimé 1998 (92 pontos na Wine Spectator), além do rosado Henriot Rosé Brut. A expansão global ganhou fôlego a partir de 1926, quando Etienne Henriot, quinta geração da família, assumiu os negócios. Formado em agronomia, ele recuperou e aprimorou os vinhedos devastados pela praga filoxera, que havia dizimado as videiras europeias no final do século 19, além de somar outras terras 80
ao portfólio da casa. Cerca de 15% a 20% das uvas pinot noir e chardonnay são cultivadas em 35 hectares de vinhedos próprios, localizados em Vale do Marne, Montagne de Reims e Côte des Blancs. A empresa complementa o volume graças ao fornecimento de pequenos produtores, situados em zonas privilegiadas, como Chouilly, Avize, Cramant, Vertus, Verzy e Verzenay. Joseph Henriot, filho de Etienne e também engenheiro agrônomo, incrementou a promoção dos rótulos, mas não só: resolveu fincar seus tentáculos em outra região francesa – a Borgonha. Em 1995 comprou a vinícola Bouchard Père et Fils, na Côte d’Or, e três anos depois, a William Fèvre, em Chablis. Stanislas Henriot reforçou o espírito empreendedor ao se juntar ao pai na gestão da empresa, em 1999. Entre as últimas peripécias anunciadas pelo grupo Henriot estão a inauguração de uma importadora em Nova York, em 2005, o que ajudou a alavancar as exportações de 20% para 50% em 2010, e a aquisiação, há dois anos, do Château de Poncié, em Beujolais, rebatizado Villa Ponciago. Se depender da qualidade dos champagnes Henriot, os tintos e brancos da família têm tudo para dar certo. www.champagne-henriot.com 81 Rue Coquebert | 51100 Reims Tel.: + 33 326 89 53 00 Importador: Vinci (www.vincivinhos.com.br)
Dopff au Moulin Pioneira na elaboração de ótimos Crémant d’Alsace, a família Dopff mantém a propriedade secular à disposição dos visitantes A Dopff au Moulin fica em uma das aldeias de conto de fadas da Alsácia, congelada no tempo desde a Idade Média, aos pés das montanhas Vosges
Um labirinto de casas coloridas com detalhes em madeira e telhado pontiagudo, interrompido por pátios com fonte, torres de pedra, galerias e arcos, tudo isso abraçado por uma muralha. É assim a pequena Riquewihr, uma das aldeias de conto de fadas da Alsácia, congelada no tempo desde a Idade Média. Situada a 300 metros de altitude, aos pés das montanhas Vosges, e protegida dos ventos do norte e da chuva do oeste, é um lugar mágico, berço de alguns vinhos memoráveis. Um deles é o Crémant d’Alsace (o espumante da região, que segue a cartilha do champagne) produzido pela família Dopff desde 1902. Foi Julien Dopff quem teve a brilhante ideia de experimentar o método champenoise com as uvas colhidas na Alsácia. O insight aconteceu depois de assistir a uma demonstração da técnica tradicional de fazer vinhos borbulhantes durante a Exposição Universal de Paris, em 1900. Mas antes de por mãos à obra, ele tomou o cuidado de passar dois anos em Épernay aprendendo com os mestres. A ousadia colocou a região no mapa dos vinhos espumantes e contribuiu para o surgimento de uma nova Apelação de Origem Controlada – Crémant d’Alsace, –, em 1976. Ela é hoje reconhecida como uma das mais importantes denominações de borbulhantes fora de Champagne. Desde o século 17 os Dopff estão envovidos no ramo dos vinhos. Naquele tempo, Balthazard-Georges Dopff já era um tanoeiro
respeitado. Dois séculos depois, Jean Dopff tornou-se um “gourmet” – como eram chamados os comerciantes da bebida. Seu filho Jean Gustave foi quem construiu o domaine. Atualmente, três gerações unem forças no comando da vinícola: Pierre Dopff, presidente honorário; seu filho Pierre-Etienne, presidente, e Etienne-Arnaud, diretor geral. A adega está sob as ordens do enólogo Pascal Batot, que assina o extenso portfólio de vinhos Dopff au Moulin. Além dos seis rótulos Crémant d’Alsace (Blanc de Noirs Brut, Chardonnay Brut, Cuvée Bartholdi, Wild Brut, Cuvée Julien Brut e Rosé Brut), ele cria vinhos varietais onde brilha a variedade Riesling, colheitas tardias, e as eaux de vie, bebidas destiladas feitas a partir de frutas da região. Isso tudo é possível graças aos 70 hectares que a família possui em vários pontos e também ao fornecimento de viticultores independentes com os quais mantém acordo. Outro pioneirismo dos Dopff foi investir numa moderna sala de provas para acolher os visitantes curiosos em experimentar os rótulos da casa. De quebra, assiste-se a um filme sobre a história da vinícola. www.dopff-au-moulin.fr 2 Avenue Jacques Preiss | 68340 Riquewihr Tel.: + 33 389 49 09 69 Importador: Mistral (www.mistral.com.br) 81
Léon Beyer Esta tradicional vinícola de Eguisheim tem um portfólio de mais de duas dezenas de rótulos, entre brancos, tintos, colheitas tardias e um Crémant d’Alsace, feito de pinot blanc e auxerrois Enquanto muitos produtores da Alsácia buscavam, na década de 1990, brancos com toque adocicado para, simplesmente, agradar ao consumidor moderno, a Léon Beyer, instalada na bela cidade de Eguisheim, mantinha-se firme em sua missão: produzir vinhos finos secos gastronômicos, ideais para acompanhar as refeições. Assim, seus rótulos ganharam lugar de destaque no menu de renomados restaurantes mundo afora, entre eles: Alain Ducasse, Faugeron e Tour d’Argent, em Paris; Bocuse, em Lyon; Troisgros, em Roanne; o antigo El Bulli, na Catalunha, e Jo Jo, em Nova York. “Esta grande maison é célebre pelos vinhos bastante secos feitos para acompanhar a gastronomia, e não para ganhar medalhas”, reconheceu a Sotheby’s World Wine Encyclopedia. O portfólio da vinícola é generoso – mais de duas dezenas de vinhos, sendo um Crémant d’Alsace – um blend de uvas brancas (pinot blanc e auxerrois), elaborado de acordo com o método tradicional que estabelece a segunda fermentação na garrafa. O vinho passa dois anos evoluindo antes do dégorgement. A remuage é feita em máquinas chamadas gyropalettes. O espumante Léon Beyer Crémant d’Alsace faz parte da linha Classiques, composta de outros sete vinhos finos vintages: sylvaner, pinot blanc, muscat, riesling, pinot gris, gewürztraminer e pinot noir. A maison conta ainda com quatro linhas: Réserves (rótulos não varietais), Grandes Cuvées (vinhos feitos a partir de uvas colhidas em vinhedos próprios e em anos que proporcionam uma maturação acima da média), e duas dedicadas a vinhos doces para acompanhar sobremesas e pratos específicos – Vendages Tardives (colheitas tardias), e Sélection de Grains Nobles (vinhos elaborados com uvas ainda mais maduras do que as usadas nos colheitas tardias). Os Beyer obtêm sua matéria-prima em vinhedos próprios – cerca de 20 hectares, principalmente nos grands crus Eichberg e Pfersigberg – e também de produtores independentes espalhados pelos mais de 300 hectares de vinhas em Eguisheim e arredores. Desde o final do século 19 é assim. A vinícola foi fundada em 1867 por Emile Beyer bem no centro da vila, mas transferiu-se para fora dos muros da cidade no final da Segunda Guerra Mundial. Isso aconteceu durante a gestão de Léon Beyer, sucedido em 1959 pelo filho de mesmo nome. Atualmente é Marc Beyer, membro da 13ª geração da dinastia, quem dita os destinos da empresa. Ele segue à risca a filosofia “gourmet” do pai León Beyer II e já é assessorado pelo filho Yann-Léon Beyer. www.leonbeyer.fr 2 Rue de la Première Armée | 68420 Eguisheim, Tel.: + 33 389 21 62 30 Importador: Vinci Vinhos (www.vincivinhos.com.br)
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Os rótulos da Léon Beyer se destacam no menu de Alain Ducasse, Faugeron, Tour d’Argent, Bocuse, Troisgros, e El Bulli
Guy Saget A família Saget tem a mania de colecionar propriedades vinícolas. Soma mais de 300 hectares ao logo de toda a extensão do rio Loire que dão origem a ótimos brancos, tintos, rosés e um Crémant A 200 quilômetros a sudoeste de Paris, o Vale do Loire abriga um cenário de reis e rainhas, decorado com castelos renascentistas – os mais luxuosos de toda a França – que inspiraram os autores da época a escrever célebres contos de fadas, como Bela Adormecida, de Charles Perrault. Entre um castelo e outro, vinhedos a perder de vista, onde crescem videiras que dão origem a uma diversidade de vinhos: brancos secos e doces, tidos entre os melhores do mundo; tintos leves; rosés e também a célebres espumantes Crémant de Loire – apelação de vinhos efervescentes mais prestigiada depois de Champagne. A região vitivinícola que escolta o comprido rio Loire é dividida em três zonas: Alto Loire, a leste; Loire Central, e Loire Atlântico, no outro oposto. As raízes da família Saget estão fincadas na cidade de Pouilly-sur-Loire, no Alto Loire, há nove gerações. Ali, sob um clima continental, a 360 quilômetros distantes da costa, o clã possui hoje quatro propriedades históricas que somam mais de 100 hectares nas apelações Sancerre e Pouilly-Fumé, onde produz ótimos vinhos bancos, tintos e rosés. Mas também foi colecionando vinhedos em outras áreas ao longo do rio. Em Touraine Mesland,
no Loire Central, tem 77 hectares plantados com sauvignon blanc, chardonnay, chenin blanc, gamay, cabernet franc e malbec que, além de tintos, brancos e rosé, dão origem a um Crémant de Loire. Outros cerca de 150 hectares sob a chancela dos Saget esparramam-se por Beaulieu-sur-Layon e Champ-sur-Layon, onde é cultivado outro festival de castas: chenin blanc, cabernet franc, cabernet sauvignon, gamay e grolleau. À frente deste “império” estão atualmente dois irmãos, Jean-Louis e Christian. Eles gerem uma equipe que, além de elaborar vinhos, dedica-se a receber visitantes. A empresa organiza tours pelo Vale do Loire, que englobam cultura e gastronomia, e também conta com um simpático hotel três estrelas em Sancerre: o Panoramic (www.panoramicotel.com), com janelões em todos os ambientes, já que a principal atração ali é a bela paisagem. Os quartos são confortáveis e há piscina e um bar despojado. www.guy-saget.com La Castille | BP. 26 | 58150 Pouilly sur Loire Tel.: + 33 386 39 57 75 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)
Entre um castelo e outro, vinhedos a perder de vista, onde crescem videiras que dão origem a uma diversidade de vinhos tidos entre os melhores do mundo 83
| Itália TRENTINO ALTO A´DIGE FRIULI-VENEZIA GIULIA VALLE D´ACOSTA
VÊNETO LOMBARDIA EMILIA ROMAGNA
PIEMONTE
LIGÚRIA
TOSCANA MARCHE ÚMBRIA
ABRUZZI
ROMA
Os proseccos DOC são produzidos com uvas selecionadas de vinhedos em Valdobiaddene
MOLISE CAMPÂNIA APÚLIA BASILICATA
SARDENHA
CALABRIA
N
SICÍLIA
Enogastronomia, uma arte que a Itália desenvolveu com maestria. Desde os tempos do Império Romano vinho, azeite e pão fazem parte do dia a dia dos italianos. Sua culinária e seus vinhos são apreciados no mundo todo e não há nada melhor do que proválos em sua origem, numa completa experiência enoturística. De norte a sul, dos Alpes até a Sicília, são produzidos os mais variados estilos de vinhos, que refletem a cultura e a história do país. Para cada especialidade gastronômica um vinho especial a combinar, seja um tinto de guarda ou um mais leve para o dia a dia, um branco refrescante ou um delicioso espumante, esta, por sinal, uma especialidade a ser explorada. A Itália produz mais tipos diferentes de vinhos espumantes que qualquer outro país e é o terceiro do mundo em volume de produção. Na verdade os italianos dominam a arte da elaboração deste estilo de vinhos desde os tempos romanos, muito antes de Dom Pérignon desenvolver o método tradicional de vinificação. Dos agradáveis Proseccos aos elegantes Franciacorta os espumantes italianos são diversificados, saborosos e geralmente tem preços acessíveis. E é nas frias regiões de beleza única do norte da Itália que nascem seus exemplares mais conhecidos: Asti, Prosecco e Franciacorta. Asti é a região de belas colinas no Piemonte, a noroeste da Itália, aos pés dos Alpes e próxima à França. Asti é também o nome dado aos espumantes e ao método pelo qual são produzidos com 100% de uvas Moscato. Marcados por maior acidez que se equilibra com sua doçura característica, os espumantes Asti devem ser consumidos jovens. Festivos e alegres, são ideais para aperitivos e momentos descontraídos. 84
O Vêneto é a região da diversidade de vinhos e a casa dos Proseccos, espumantes que foram batizados com o nome da uva com o qual são produzidos. Em novembro de 2009 uma alteração nas regras da denominação de origem elevou as comunas de Valdobbiadene, Conegliano e Asolo de DOC para DOCG, e a uva passou a ser chamada por seu antigo nome, Glera. Elaborados pelo método charmat, de segunda fermentação em tanques de aço inox, os proseccos são espumantes leves, refrescantes e frutados, ideais para serem consumidos nos dias quentes do verão acompanhados de pratos leves. Este vinho é ingrediente do famoso Bellini, drink feito com suco de pêssego e prosecco, criado no Harry’s Bar de Veneza. Franciacorta está para a Itália assim como Champagne está para a França. O espumante que recebe o nome da região onde é produzido, situada na Lombardia, é o mais sofisticado dos espumantes produzidos no país e pertencem a categoria máxima da DOCG. Grandes produtores dominam com perfeição o método champenoise de segunda fermentação em garrafa, gerando borbulhas abundantes e um paladar complexo e elegante. Para estes espumantes são utilizadas as variedades Chardonnay, Pinot Bianco e Pinot Nero. Gianni Bonacina em seu livro “Lo stivale in bottiglia” relata existirem mais de 3.800 vinhos diferentes na Itália. Há quem diga que chegam a 5.000. O certo é que das pequenas comemorações às grandes celebrações, haverá sempre um delicioso espumante italiano para o brinde.
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Naturalmente gasosa, a água Perrier possui uma composição mineral única, que permite o acompanhamento de bebidas alcoólicas sem alterar seu sabor e aroma. Prepare os melhores drinks com seu champanhe favorito e a água Perrier . Leve sofisticação às suas comemorações!
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Asti Riccadonna Produzido na região do Piemonte, norte da Itália, este espumante adocicado é sucesso na Austrália, Nova Zelândia e também no Brasil Sob a benção dos Alpes, o Piemonte dá origem a belos tintos Barolo e Barbaresco, elaborados com a uva nebbiolo. E não só. Ele abriga a província de Asti, onde foram inventados espumantes doces e despretensiosos à base da variedade moscato, largamente plantada nessas bandas. Fizeram tanto sucesso que Asti virou sinônimo de método de vinificação – consiste em uma única fermentação, que ocorre em tanques de aço inox. Para obter o sabor adocicado, a transformação de açúcar em álcool pelas leveduras é interrompida por meio da redução da temperatura a zero grau. Resultado: o vinho fica agradavelmente doce e com borbulhas naturais. Em 1993, passaram a ser reconhecidos como DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida). Os espumantes Asti já ocupam o segundo lugar no ranking dos vinhos italianos mais
Na província de Asti foram inventados espumantes doces e despretensiosos à base da variedade moscato, largamente plantada nessas bandas
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exportados – entre 70 e 80 milhões de garrafas são comercializadas anualmente, sendo que 80% destinam-se ao mercado internacional. Entre os rótulos de destaque figura a Asti Riccadonna, criada em 1921, na comuna de Canelli, por Ottavio Riccadonna. A marca passou, em 2003, para as mãos do grupo Campari, que no mesmo ano adquiriu a empresa Barbero 1891 S.p.A., baseada na comuna de Canale d’Alba. Atualmente, é essa unidade que produz a Asti Riccadonna, exportada para vários países, principalmente Austrália, Nova Zelândia e Brasil. www.camparigroup.com Importador: Campari do Brasil Distribuidor exclusivo: Franco-Suissa (www.francosuissa.com.br)
Bellavista Para esta casa a terra é o valor maior sobre o qual são produzidos vinhos que são verdadeira poesia Muito do trabalho da Bellavista se deve às mãos que colhem as uvas e que realizam o giro das garrafas onde se dá o nascimento das borbulhas pelo método champenoise
“Eu sempre tive interesse pela terra. Comecei a fazer vinhos como um hobby para fugir da rotina e me encontrei proprietário de uma jóia de empresa”. É assim que Vittorio Moretti, fundador da Bellavista, resume a história do que hoje se tornou um grande negócio: a holding Terra Moretti. Entre um conjunto de montanhas que se estendem do Lago Iseo ao Vale de Brescia, tão longe quanto os olhos podem alcançar, Vittorio Moretti uniu sua casa, o primeiro vinhedo e a vinícola a um grande hotel, o restaurante Gualtiero Marchesi, o Spa Henri Chenot Espace Vitalité e os escritórios da holding. Um mundo cujo verdadeiro valor se origina das terras da Franciacorta na Lombardia, ideais para produção de vinhos mas também um agradável lugar para viver e vivenciar o enoturismo. 190 hectares de terras cultivadas estão distribuídas em 10 comunas pela Franciacorta que juntas produzem 1,3 milhão de garrafas. Se hoje os espumantes Franciacorta se equivalem ao Champagne é graças a busca da perfeição num trabalho que começa nestas terras e continua nas adegas, capaz de criar um sabor único a partir de uma visão em fazer e refazer, em comparação de dados com safras anteriores, em aperfeiçoar técnica e tecnologia São vinhos elaborados para verdadeiramente transmitir a essência do lugar. Muito deste trabalho se deve às mãos que colhem as uvas e que realizam o giro das garrafas onde se dá o nascimento das borbulhas
pelo método champenoise. O trabalho na Bella Vista se dá sempre com um profundo respeito à terra e aos ritmos da natureza, que exigem a paciência necessária para que tudo aconteça a seu tempo. Escutar, aprender e entender. O aprendizado da safra anterior se realiza na seguinte. E não basta apenas colher uvas, é preciso ser capaz de identificar o potencial de cada uma das variedades – Chardonnay, Pinot Bianco e Pinot Nero – e selecioná-las com cuidado para preservar suas qualidades colhendo manualmente os cachos, um a um. Este é o comprometimento para criar algo especial com os recursos desta terra de caráter único. De todos os espumantes Bellavista, o Franciacorta Cuvée Brut é o que melhor representa o valor da região. Este sabor único, característico da Casa Bellavista, é resultado de uma combinação de 30 vinhos selecionados de 10 diferentes comunas da denominação e da adição de vinhos envelhecidos, que dá a constância de qualidade e sabor a cada safra, e que tanto encanta os apreciadores. www.bellavistawine.it Via Bellavista, 5 25030 | Erbusco BS | Itália P.IVA 01948510985 Tel.: + 39 030 7762000 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br) 87
Ca’del Bosco Esta vinícola se inspirou no modelo das maisons de Champagne para criar numa pequena casa de montanha alguns dos melhores rótulos borbulhantes italianos Franciacorta está para Itália assim como Champagne está para a França. É nessa zona, ao norte do país, na Lombardia, que nascem os mais interessantes espumantes italianos, elaborados de acordo com a cartilha clássica, com espumatização na garrafa. E a Ca’del Bosco desponta entre os pioneiros da região. O passado é ainda recente, se comparado ao das maisons francesas, e tem à frente a iniciativa de uma mulher. Foi em 1964 que Anamaria Clementi Zanella comprou uma pequena casa emoldurada por castanheiras, na montanha conhecida localmente como Ca’del Bosc, na cidade de Erbusco. Plantou ali um vinhedo, em 1968 – o pontapé do seu futuro império. Quem impulsionou o negócio foi o filho Maurizio Zanella. Inspirado, após uma viagem às renomadas maisons de Champagne, ele trouxe para a empresa o chefe de cave francês André Dubois e iniciou a produção de espumantes. Em 1970 a Ca’del Bosco já era líder na região. A partir de 1985 começou a construção das caves para o armazenamento dos vinhos em longos corredores subterrâneos. No ano 2000 foi implantado o sistema de vinificação por gravidade que permite a mínima intervenção durante todo o processo e aquela pequena casa nas montanhas se transformou numa vinícola de vanguarda. O primeiro vinho produzido foi o branco Pinoti di Franciacorta Bianco, em 1972. Quatro anos depois, a vinícola elaborou três espumantes: Pinot di Franciacorta Brut, Pinot di Franciacorta Dosage Zéro e Pinot di Franciacorta Rosé, lançados no mercado a partir
Eleita vinícola do ano em 2003 pelo prestigiado guia Gambero Rosso, a Ca’del Bosco se consagrou como um dos maiores nomes de Franciacorta
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de 1978. E desde então vem se aprimorando nessa categoria, que é a estrela do portfólio da casa. Em 2007, surpreendeu ao criar o rótulo Cuvée Prestige, que representa a essência e a identidade da Franciacorta. Elaborado pelo método champenoise com chardonnay, pinot nero (nome italiano para a pinot noir) e pinot bianco, permanece 28 meses sobre as leveduras que lhe conferem riqueza, equilíbrio e cremosidade. Outro de seus ícones é o Cuvée Annamaria Clementi, uma homenagem à fundadora da vinícola produzido com as uvas das melhores parcelas, somente nas grandes safras. Eleita vinícola do ano em 2003 pelo prestigiado guia Gambero Rosso, a Ca’del Bosco se consagrou como um dos maiores nomes de Franciacorta. É célebre também pela hospitalidade – um lugar que combina arte e natureza e se traduz em um convite perfeito para um dolce far niente. Logo na entrada da vinícola um portão em bronze salta aos olhos dos visitantes. As formas arredondadas criadas pelo escultor Arnaldo Pomodoro recebem o título de “Hino ao sol”, num alegre e poderoso tributo ao primeiro alimento das uvas que é o sol. www.cadelbosco.it Via Albano Zanela, 13 Erbusco (BS) Lombardia | Itália Tel.: + 39 030 7766111 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)
Carpenè Malvolti A história desta casa confunde-se com a história do Prosecco. É pioneira na fermentação dessa uva para elaboração de vinhos efervescentes e também ajudou a impulsionar a formação de enólogos na região Carpenè Malvolti foi o primeiro a submeter às uvas prosecco colhidas nas colinas de Conegliano e Valdobbiadene ao método charmat
Em 1868, Antonio Carpenè inaugurou uma caprichosa vinícola na comuna de Conegliano, região do Veneto, nordeste italiano – o reino da variedade prosecco. Poderia ter se contentado com o novo negócio, mas foi além. Homem de visão generosa, apoiou a fundação de uma importante Escola de Enologia nos arredores, em 1876. Aliando técnica e saber, sua empresa rapidamente contribuiu para uma revolução no mundo dos vinhos italianos. Foi o primeiro a submeter as uvas prosecco colhidas nas colinas de Conegliano e Valdobbiadene ao método charmat. Resultado: tornou-se líder em vinhos efervescentes no mercado nacional e internacional. O portfólio da Carpenè Malvolti é composto por quatro proseccos DOCG (o selo que indica qualidade máxima): Cuvée Brut, Cuvée Oro, Cuvée Storica e Típico ExtraDry. Constam ainda dois bons DOC: Treviso frizzante e Treviso spumante. A complexidade desses rótulos dão uma ideia clara do seu terroir de origem: um território
único de encostas cobertas de parreiras que foi recentemente designado para figurar na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO. Atualmente é a quarta geração da família que controla os destinos do negócio e já conta com uma outra unidade da empresa em Follina, a 20 quilômetros da sede. Uma rede de importadores e distribuidores cuida da comercialização dos rótulos em mais de quarenta países. Quem resolver bater na porta da Casa Carpenè encontrará também uma moderna loja no alpendre da propriedade que vende os vinhos a preços amigáveis. www.carpene-malvolti.com Via A. Carpenè, 1 31015 Conegliano Treviso | Itália Tel.: + 39 0438 364611 Importador: Franco-Suissa (www.francosuissa.com.br) 89
Fasano Os proseccos FAÈ e Selezione Fasano foram criados sob medida para reforçar a estreita ligação desse grupo paulistano, de origem italiana, com o mundo do vinho A família Fasano parece ter o dom de Midas – transforma tudo o que toca em negócios valiosos. O sobrenome já se tornou uma grife e é sinônimo de bem servir em hotelaria, restauração e vinhos. Seus restaurantes e hotéis são reconhecidos pela elegância e bom gosto. O clã de origem italiana batiza ainda uma importadora e loja de vinhos, a Enoteca Fasano, fundada em 2002, em São Paulo. Os rótulos de seu selecionado portfólio são escolhidos a dedo por Rogério Fasano e pelo sommelier chefe do grupo Manoel Beato, entre eles, há cinco feitos sob medida para a marca. Em parceria com renomados produtores italianos foi criada uma linha exclusiva: a Selezione Fasano. A coleção é composta por vinhos representativos de algumas das mais importantes regiões da Itália: um Barolo e um Barbaresco, do Piemonte; um Chianti Clássico, da Toscana; um Chardonnay, do Friuli, e um Prosecco, do Vêneto. O Prosecco DOC Selezione Fasano é produzido segundo o método charmat, na região de Valdobbiadene, no Vêneto, pela Casa Mionetto. O mesmo produtor elabora outro rótulo de destaque e já tradicional no menu do grupo Fasano: o Prosecco DOC FAÈ, que
Os rótulos do selecionado portfólio Fasano são escolhidos a dedo por Rogério Fasano e pelo sommelier chefe do grupo Manoel Beato
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ostenta uma medalha de ouro obtida na Vinitaly em 2000, uma das mais importantes feiras de vinho do mundo realizada na Itália. A partir de 2010 o FAÈ, que também é feito de acordo com o método charmat, receberá a denominação DOCG. Para esses espumantes foi desenvolvida uma garrafa especial exclusiva em vidro marrom. Os amantes de vinhos borbulhantes podem apreciar esses exemplares de prosecco em um elegante espaço de degustação na própria Enoteca, localizada no bairro paulistano do Itaim. Quem preferir conhecer o cenário onde nascem tais rótulos, pode marcar uma visita à vinícola, na Itália. Além de desvendar as etapas de produção dos processos, terá a chance de conhecer um pequeno museu, a “Casa Mionetto”, com antigos equipamentos utilizados para a elaboração dos vinhos. www.enotecafasano.com.br Rua Amauri, 255 | Itaim Bibi São Paulo | SP Tel.: + 55 11 3168 1255
Gancia Protagonista da história dos vinhos borbulhantes italianos, Carlo Gancia montou um império em Piemonte cujas caves subterrâneas foram tombadas pela UNESCO Os números são estratosféricos: 2000 hectares de vinhedos; mais de cinco milhões de quilos de uvas colhidos anualmente e 25 milhões de garrafas de espumantes, tintos e brancos elaborados todos os anos; mais de 1000 barricas de madeira, e cerca de um quilômetro de galerias subterrâneas ancestrais interligando 600 metros quadrados de galerias. Elas foram cavadas no subsolo de rochas calcárias da cidade de Canelli, no Piemonte, no início de 1800. Representam um patrimônio inestimável, tombado pela UNESCO, e formam o cenário ideal para guardar espumantes a uma temperatura ambiente constante, entre 12º e 14º C. Na charmosa adega chamada de “caveau” ficam armazenadas garrafas históricas e safras especiais. Esse império começou a ser concebido em meados do século 19, quando a produção de espumantes na Itália não passava de uma miragem. O protagonista da epopeia foi Carlo Gancia, que retornou da França em 1850 com a determinação de criar seu primeiro vinho borbulhante pelo método champenoise, o que aconteceu em 1865. Arquivos mantidos pela empresa guardam materiais e utensílios ancestrais. Em históricos “pupitres” ainda amadurecem os espumantes da casa. Mas elementos dos tempos modernos já acompanham a tradição. Uma arrojada unidade de produção transforma uvas provenientes das regiões do Piemonte, Apulia e Sicília em tintos, brancos e vinhos borbulhantes. Cinco linhas de produtos oferecem mais de vinte diferentes estilos de espumantes, desde os mais elegantes brut e rosé, elaborados pelos métodos clássico e charmat, até os agradáveis proseccos e Asti. Os proseccos DOC são produzidos com uvas selecionadas de vinhedos em Valdobiaddene. Em espécies de salas de cinema são feitas apresentações da vinícola, enquanto degustações acontecem na Sala Emozioni ou em seus belos jardins. Recentemente foi aberto em Milão o “Spazio Gancia”, uma área destinada a eventos especiais e conferências.
As caves da Gancia estão no subsolo de rochas calcárias no Piemonte e, em sua charmosa adega chamada de “caveau” ficam armazenadas garrafas históricas e safras especiais
www.gancia.it Fratelli Gancia & C. SpA | Corso Libertà 66 | 14053 Canelli | Itália Tel.: + 39 0141 8301 Importador: Maison Lafite (www.francosuissa.com.br)
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Fontini Mais do que um espumante de qualidade, o Prosecco Fontini representa a ousadia de sonhar e realizar A ideia de produzir um prosecco no mais clássico estilo tornou-se realidade graças ao trabalho e ousadia do Conde italiano Giordano Emo Capodilista
O vinho é a bebida do congraçamento entre pessoas e a história do Prosecco Fontini surgiu exatamente do encontro de apaixonados pelo vinho com idéias e sonhos que se transformaram num projeto em comum.Embalados por algumas taças de vinho alguns amigos se reuniam para contar histórias e falar sobre trabalho, sonhos e ideais. Foi quando surgiu a idéia de produzir um prosecco, ao mais clássico estilo, tornado realidade graças ao trabalho e ousadia do Conde italiano Giordano Emo Capodilista, famoso por produzir excelentes rótulos no Vêneto, e outros amigos com ampla experiência em vinicultura, que não mediram esforços para realizarem este sonho. Marcada por uma beleza exuberante, La Montecchia é propriedade da família Capodilista desde a época medieval, onde produz vinhos de alta qualidade há séculos. Tal qualidade tem sido reconhecida por críticos de grande peso como Steven Spurrier da Decanter 92
Magazine, Guia Michelin e o crítico americano Robert Parker. A Vila Emo Capodillista, uma das jóias arquitetônicas do Vêneto e da Itália, conta com cerca de 30 hectares de vinhedos a 15 km ao sul de Padova. A vinícola faz parte da denominação de origem controlada Colli Euganei. Trazido pelo grupo Expand o prosecco Fontini chegou ao Brasil no final de 2010 para encantar e embalar festas e reuniões. Quem sabe também reunir amigos para brindar a realização de sonhos e projetos, assim como fizeram estes ousados produtores. Via Luigi Pastro 166 31040 Selva del Montello Treviso | Italia Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)
Adriano Adami A partir de vinhedos existentes desde a Idade Média, esta vinícola elabora alguns dos proseccos mais cultuados do planeta Essas colinas verdes ofereceram condições favoráveis para que a variedade prosecco se impusesse no período em que a praga da filoxera dizimou os vinhedos europeus no século 19
Relatos históricos registraram a vocação natural das montanhas de Marca Trevigiana, no Vêneto, para a produção de vinhos brancos de qualidade desde a Idade Média. Essas colinas verdes protegidas pelas montanhas dolomitas ofereceram condições favoráveis para que a variedade prosecco se impusesse sobre as demais durante o período em que a praga da filoxera dizimou grande parte dos vinhedos europeus na segunda metade do século 19. E assim, tornou-se a aposta da região. Um dos produtores que souberam tirar o melhor proveito da prosecco foi o clã Adami. Em 1920, Abele Adami adquiriu a propriedade em Treviso, dotada de vinhedos em solos calcários, na zona de Colbertaldo, que remontam a 1490 e 1542. O filho Adriano batizou o negócio, que hoje é gerido pela terceira geração. Os irmãos Armando e Franco Adami trouxeram um fôlego novo e arrojado ao empreendimento familiar. Os espumantes produzidos na denominação de ConeglianoValdobbiadene recebem o nome da uva que lhes dá origem – a prosecco. Elaborados pelo método charmat, com segunda fermentação em tanques de aço inox, são agradáveis e com caráter frutado. Adami
é considerado um extraordinário produtor de prosecco, premiado por cinco vezes consecutivas com o Oscar qualidade/preço do guia Gambero Rosso, que confere “due bicchieri” a todos os seus vinhos. Em 2009, recebeu o título de vinícola do ano da revista norte-americana Wine & Spirits. A revista Decanter também reconheceu o talento dessa casa ao conferir cinco estrelas a diversos de seus espumantes. O rótulo mais cultuado é o Vigneto Giardino, elaborado com uvas do reputado vinhedo de mesmo nome. Os proseccos Adriano Adami estão presentes hoje nos principais mercados da Europa, Ásia, Rússia, Austrália, Japão, Estados Unidos, Canadá e Brasil, onde a bebida se tornou uma verdadeira moda. www.adamispumanti.it Adami S.r.l. Via Rovede 27 31020 Colbertaldo di Vidor Treviso | Itália Tel.: + 39 0423 982 110 Importador: Mistral (www.mistral.com.br) 93
Ecco É uma marca que virou sinônimo de espumante, no topo da lista de consumidores exigentes Nas colinas que cortam os vilarejos de Conegliano e Valdobbiadene, no Vêneto, uma das mais belas regiões da Itália, nasceu um dos mais atrativos néctares entre os espumantes: o prosecco. Muito apreciado no século XX por aristocratas e milionários que buscavam por descanso e diversão nos arredores da Itália, os proseccos ultrapassaram as fronteiras de seu país de origem para conquistar o paladar de apreciadores pelo mundo todo. Relatos antigos contam que um jovem artista ao viajar pela Itália em busca de inspiração para suas pinturas encantou-se com as paisagens do Vêneto. Lá, foi convidado por uma família local para um jantar especial no qual seria aberta a primeira garrafa de um novo vinho. O jovem surpreendeu-se com um vinho de cor dourada com borbulhas que mais lembravam chuvas de cristais. Ao prová-lo exclamou “ECCO, esta é uma obra de arte”!
Assim foi batizado o vinho que o pequeno viticultor passou a produzir para o comércio local, sendo aperfeiçoado por várias gerações com implantação e aperfeiçoamento de novas técnicas, tornando-se referência entre os proseccos de qualidade italianos. A partir de 1978 os descendentes daquele primeiro viticultor nomearam a Azienda de Il Colle. Em 2008 o Consorzio Tutela Prosecco DOC di Conegliano Valdobbiadene certificou o Prosecco Ecco de DOC para DOCG, uma grande conquista para o ano em que a vinícola também comemorou seu 30º aniversário. Via Colle 15 31020 San Pietro di Feletto Treviso | Itália Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)
Em 2008, o Consorzio Tutela Prosecco DOC di Conegliano Valdobbiadene certificou o Prosecco Ecco de DOC para DOCG, uma grande conquista
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Mionetto A família Mionetto apostou nas zonas de Conegliano e Valdobbiadene em finais do século 19 – hoje elas são reconhecidas como berço de espumantes premium Anualmente, 13 milhões de garrafas são escoadas da Mionetto, dando origem a cinco diferentes linhas de espumantes, além de uma coleção exclusiva de licores, grappas e destilados
Desde abril de 2010 as comunas Conegliano e Valdobbiadene, no nordeste italiano, formam uma zona certificada com direito à denominação de origem DOCG – seus célebres vinhos efervescentes ganharam oficialmente status premium. Extraoficialmente, a família Mionetto reconhece as qualidades dessa terra desde 1887, quando Francesco Mionetto fundou ali a sua vinícola. A propriedade está localizada nas suaves colinas de Valdobbiadene, onde as videiras são cultivadas em altitudes entre 50 e 500 metros. Os proseccos da casa são fruto de uma histórica e forte parceria entre a Mionetto e dezenas de viticultores locais. O trabalho é conjunto desde o cultivo e podas das videiras até a vinificação, realizada de acordo com o método charmat em autoclaves. Anualmente, 13 milhões de garrafas são escoadas sob a chancela Mionetto, dando origem a cinco diferentes linhas de
espumantes, além de uma coleção exclusiva de licores, grappas e destilados. Por três vezes o prosecco Sergio recebeu a Grande Menção no Concurso Enológico da Vinitaly, a maior feira de vinhos do país. As novas especificações vinícolas da região trouxeram de volta o antigo nome da variedade prosecco: glera. A novidade é que somente os vinhos produzidos nas áreas delimitadas pelas denominações DOC e DOCG poderão ser designados proseccos, assim como acontece para os vinhos do Porto e Champagne. www.mionetto.com Via Colderove, 2 31049 Valdobbiadene (TV) Tel.: + 39 0423 9707 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br) 95
| Espanha
NAVARRA
BIERZO RÍAS BAIXAS
RIBEIRO
SOMANTANO VALDEORRAS
RIOJA
CIGALES
MONTERREI
CATALUNIA
CAMPO DE BORJA
AMPURDAN COSTA BRAVA CONCA DE BARBERÁ ALELLA
PRIORATO
•
BARCELONA PENEDÈS TARRAGONA
CALATAYUD CARIÑENA RIBERA DEL DUERO
TORO
Adega ancestral, onde os cavas passam de quinze meses a mais de três anos em corredores subterrâneos
RUEDA MADRID MENTRIDA
BINASSALEM VINOS DE MADRID
VALENCIA UTIELPEQUENA
LA MANCHA ALMANSA
VALDEPENAS
VALENCIA
JUMILLA YECLA
N MONTILLA MORILES CONDADO DE HUELVA
JEREZ
É um player de peso no universo dos vinhos. O país possui a maior extensão de vinhedos do planeta (1,1 milhão de hectares) e é o terceiro no ranking dos grandes produtores mundiais, depois da Itália e França – que ocupam o primeiro e segundo posto, respectivamente. Conta com 70 denominações de origem em diferentes terroirs, por isso é capaz de elaborar tintos encorpados, brancos aromáticos e frescos, licorosos únicos e ainda belos exemplares de cava. Até 1970 os espumantes espanhóis eram chamados de champaña, mas um acordo com a França impediu o uso do nome sugestivo à célebre região francesa, criando a denominação cava. A zona de Penedès, a 40 quilômetros de Barcelona, na Catalunha, é a capital dos cavas – concentra 95% da produção de espumantes espanhóis. Os outros 5% são elaborados em Navarra, Rioja, Andaluzia, Valência e Extremadura. A cidade de Sant Sadurní 96
d’Anoia, abriga as casas mais importantes: Codoníu, pioneira na elaboração de borbulhantes à la champagne e a “coca-cola” dos cavas – detém 80% do volume produzido na região –, Freixenet, fundada em 1914, e Marqués de Monistrol; além de produtores em menor escala, reconhecidos sobretudo pelo capricho, como Gramona, Juvé Y Camps e Pere Ventura. A transformação de Penedès em berço de cavas aconteceu após a destruição dos vinhedos europeus pela praga filoxera, na segunda metade do século 19. Ao replantarem a terra, os vinhateiros locais privilegiaram as variedades brancas, principalmente macabeo, xarello e parellada, mais tarde introduziram a chardonnay e pinot noir, pretendendo com elas gerar vinhos espumosos tipo champagne. Foi uma aposta certa que nos brinda hoje com alguns dos mais interessantes borbulhantes do mundo.
Juvé y Camps O cartão postal desta família vinhateira foi erguido no meio de um parreiral histórico – é o edifício em estilo château onde são fermentados todos os vinhos da marca Num cantinho do mundo com resquícios da civilização do século 9, este antigo edifício é usado para o envelhecimento dos cavas, produzidos segundo o método champenoise
Em 1991 o arquiteto Josep Juvé Raventós foi incumbido de criar uma bodega capaz de fazer jus aos rótulos inigualáveis que a família Juvé y Camps produz desde 1921. Até então, a transformação de uva em vinho e de vinho em espumante acontecia na bodega original da empresa, no centro de Sant Sadurní d’Anoia, região de Penedès. Ele percorreu 5 quilômetros a nordeste e encontrou no pueblo de Espiell o cenário ideal para encravar sua obra. Detalhe: perto de três vinhedos importantes da empresa, que somam quase 200 hectares preenchidos com as variedades macabeo, xarel-lo, chardonnay e pinot noir. Ali, num cantinho do mundo que guarda resquícios da civilização do século 9, amparado pela imponente Montanha de Montserrat, foi construída uma vinícola de 25 mil metros quadrados, uma das mais modernas da Espanha. O antigo edifício ainda existe e hoje é usado para o envelhecimento dos cavas, produzidos segundo o método champenoise. Depois do assemblage, as garrafas seguem para o endereço ancestral, em Sant Sadurní d’Anoia, onde passam de quinze meses a mais de três anos (os reserva e os gran reserva, respectivamente)
sossegadas, no escurinho dos corredores subterrâneos. Em cerca de 24 mil metros quadrados de corredores – distribuídos por seis pisos que chegam a 25 metros de profundidade – estão ordenadas 12 milhões de garrafas. Entre elas há rótulos cobiçados, como o Reserva de la Familia Brut Nature, cuja safra 2002 entrou para a lista Top Ten da Expovinis 2006. Recentemente, outros dois cavas da marca chamaram a atenção da crítica especializada: Gran Juvé y Camps 2005 (91 pontos na revista Wine Enthusiast e 90 pontos no Guía Peñin 2010), que tem um estágio de 42 meses sob as borras das leveduras, e Reserva Vintage Brut 2006 (89 pontos na Wine Enthusiast). A família também produz bons tintos e brancos e exporta seus vinhos para os diferentes pontos do globo: Reino Unido, Alemanha, Suíça, Japão, Venezuela e Brasil, entre eles. www.juveycamps.com C/ Sant Venat 1 | 08770 Sant Sadurní d’Anoia | Barcelona Tel.: + 34 93 891 10 00 Importador: Península (www.peninsula.akinaloja.com.br)
Pere Ventura As uvas que dão origem as seis cavas desta bodega são colhidas em três diferentes zonas de Penedès: em vinhedos vizinhos ao mar e a caminho das montanhas
Entre os seis rótulos da Pere Ventura, o Cupatge d’Honor é um dos mais prestigiados, um assemblage onde a casta típica xarello impera, amparada pela francesa chardonnay
Pere Ventura Vendrell vem honrando sua estirpe. O neto do prestigiado enólogo (e xará) Pere Ventura Peracaula, formado em Dijon, na França, só poderia embarcar no negócio dos vinhos. Em 1992 fundou, em Sant Sadurní d’Anoia, a bodega que leva seu nome – um belo casarão de fachada amarela e janelas e portas em arcos. Dali parte mais de um milhão de garrafas de vinhos, entre tintos, brancos, rosés e cavas, para diferentes continentes. Os espumantes são as estrelas do portfólio e entre os seis rótulos, o Cupatge d’Honor é um dos mais prestigiados. Um assemblage onde a casta típica xarello impera (70%), sendo amparada pela francesa chardonnay (30%). As uvas são colhidas em Penedès Superior, numa altitude média de 380 metros acima do nível do mar, de cepas com idade média de 25 anos. Com um estágio em garrafa de 36 meses, este vinho conquistou a medalha de prata no International Wine Challenge 2010. Outro destaque é o Pere Ventura Brut Rosé elaborado com a variedade trepat, obtida de cepas plantadas em altitude que varia de 350 a 700 metros. Ele arrematou a medalha de prata no Mundial de Rosé, organizado pela União de Enólogos da França. 98
A empresa possui 14 hectares de vinhedos próprios, mas boa parte das uvas que transforma em vinho é fornecida por viticultores da região. Elas são cultivadas em Penedès Superior, onde as temperaturas são mais frias e a variedade chardonnay se dá muito bem; em Penedès Central, entre o litoral e as montanhas de Montserrat; e de Baix Penedès, uma zona que faz vizinhança com o Mediterrâneo e oferece temperaturas altas no verão. A vinificação segue a norma do champagne, com segunda fermentação em garrafa, seguida de estágio em caves por, no mínimo, quinze meses. A Pere Ventura está de portas abertas aos visitantes e, mediante reserva, organiza tours que duram cerca de uma hora. www.pereventura.com Ctra Vilafranca km 0,4 | 08770 Sant Sadurní d’Anoia | Barcelona Tel.: + 34 93 818 33 71 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)
Gramona A partir de um vinhedo cultivado há 150 anos, povoado com as variedades xarel-lo e macabeo, a família Gramona elabora cavas muito autênticas Apesar de seguir à risca a cartilha do método champenoise – desde há três séculos é a melhor receita de vinhos borbulhantes – o clã Gramona tem lá seus segredinhos. Um deles é a variedade branca xarel-lo, que não só confere corpo e acidez à cava, como é riquíssima em resveratrol, uma substância antioxidante que dá longevidade aos vinhos. O tataravô dos atuais gestores da bodega, há 150 anos, já cultivava essa casta no vinhedo chamado La Plana, um dos mais antigos do vilarejo de Sant Sadurní d’Anoia, região de Penedès, e uma das relíquias da empresa. Com a xarel-lo predominando no blend das cavas Gramona é possível apostar em um longo envelhecimento nas caves (outro trunfo dessa vinícola). Os espumantes passam de três anos a mais de dez anos sob as borras das leveduras, num ambiente silencioso, fresco e escuro, adquirindo uma complexidade singular. Além de xarel-lo, a bodega também dá especial atenção à casta macabeo (que aporta elegância, além de notas de flores silvestres) e cultiva ainda parellada, chardonnay e pinot noir nos 150 hectares – entre quatro propriedades particulares e outras de terceiros. Outra carta na manga dos Gramona é o licor de expedição que acrescentam à garrafa de cada cava pouco antes de colocarem os vinhos no mercado. Ele é elaborado na vinícola em antiquíssimos tonéis de madeira, usados no passado para envelhecer Jerez, em sistema de solera. Esses pequenos detalhes contam na hora de colocar os rótulos à prova diante de uma bancada de experts. Duas
cavas da vinícola têm se destacado com louvor: Imperial (50% xarello, 40% macabeo e 10% chardonnay), que passa entre três e quatro anos em cave, e Celler Batlle (70% xarel-lo e 30% macabeo), com mais de oito anos sob as leveduras. O primeiro alcançou 93 pontos na publicação norte-americana Wine & Spirits, que ainda elegeu a Gramona uma das vinícolas Top 100 em 2009. O segundo bateu os 96 pontos no Guía Peñin 2010. Celler Batlle, por sinal, é o nome da primeira adega inaugurada pela família em 1881 – celler significa bodega e Batlle, o sobrenome dos fundadores. Ela funcionou até 2001, quando foi inaugurado um outro edifício, de traço futurista, junto a uma colina, no meio do vinhedo. Apenas 5% da construção é visível do exterior. O restante está encravado a 6 metros de profundidade. A arquitetura integra o edifício na paisagem e garante um isolamento térmico natural, além de proporcionar um processo de vinificação regido pela gravidade. Essas últimas inovações já têm o dedinho da quinta geração da família, representada pelos primos Jaume, enólogo, e Xavier Gramona, gestor. www.gramona.com Calle Industria, 36 | Sant Sadurní D’Anoia | Barcelona Tel.: + 34 93 891 01 13 Importador: Casa Flora (www.casaflora.com.br)
Os espumantes passam de três anos a mais de dez anos sob as borras das leveduras, num ambiente silencioso, fresco e escuro, adquirindo uma complexidade singular
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Jaume Serra - Cristalino Seus cavas sob a marca Cristalino são reconhecidos mundialmente como “best buy” e já renderam o disputado paladar americano A bodega Jaume Serra, em Penedès, é um dos negócios do gigante J. García Corrión, um grupo familiar que possui uma coleção de vinícolas espalhadas por dez denominações de origem espanholas. Resultado: é um dos líderes do setor de vinhos nacional e ainda recheia o portfólio com bebidas à base de frutas. O império começou a se formar em 1890 com a inauguração da primeira bodega na região de Jumilla, e atualmente é gerido por José García Carrión, bisneto do fundador. A bodega Jaume Serra, que se uniu ao grupo posteriormente, possui uma origem ainda mais remota. O edifício que ocupa foi construído em 1647 – uma propriedade fortificada abraçada por um vinhedo de 125 hectares. A fotografia é de um cenário congelado no tempo, mas por dentro, revela o que há de mais moderno em tecnologia vinícola, com processos automatizados. Já as galerias subterrâneas, climatizadas a 15º Celsius, onde descansam catorze milhões de garrafas de vinhos “espumosos” e mais de três mil barricas de carvalho francês e americano, mantêm-se fiel à tradição. A bodega fica na cidade de Vilanova i La Geltrú, a 30 quilômetros de Barcelona e encostada ao Mediterrâneo. É o endereço dos cavas
O edifício da Cristalino foi construído em 1647, uma propriedade fortificada abraçada por um vinhedo de 125 hectares, mas por dentro tem a mais moderna tecnologia vinícola
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do grupo, sob as marcas Jaume Serra e Cristalino, esta última um fenômeno nos Estados Unidos, onde detém 25% de cota de mercado. Os vinhos chegam a mais de 90 países, entre Europa, Ásia e Américas. No Brasil estão disponíveis o Cristalino Brut (macabeo 50%, parellada 25% e xarel-lo 25%), Cristalino Demi-Sec (macabeo 50%, parellada 25% e xarel-lo 25%), Cristalino Brut Rosé (pinot noir 60% e trepad 40%), Cristalino Brut Vintage (chardonnay 40%, macabeo 25%, parellada 20% e xarel-lo 15%) e Cava Blanc De Blancs (chardonnay 100%). São rótulos considerados “boas compras” pela crítica especializada internacional, – as revistas Wine Enthusiast e Wine Spectator, por exemplo. Quem assina esses espumantes de sucesso é o enólogo Pedro Martinez, eleito por três anos consecutivos o “Nariz de Ouro”, na Espanha. www.garciacarrion.es Ctra. Vilanova a Vilafranca, km 2,5, Vilanova i La Geltrú, 08800 Barcelona Tel.: + 34 93 893 64 04 Importador: Vinoteca Brasil (www.vinotecabrasil.com.br)
Marqués de Monistrol É uma das bodegas pioneiras na produção de cava.Tal e qual em 1882, boa parte da produção de milhões de litros de vinho é transformada em bons “espumosos” Monistrol é um “pueblo” que se formou a cerca de 3 quilômetros de San Sadurní d’Anoia, região de Penedès, ao redor de um pequeno mosteiro (monasteriolo, em latim). O edifício sagrado, erguido na Baixa Idade Média, à beira do rio Anoia, logo atraiu famílias de viticultores e, no século 16, contavam-se quarenta homens trabalhando naqueles campos. O “marqués” era D. Felipe de Vilan, um nobre que, animado com as boas colheitas, ampliou suas terras impulsionando a produção de vinho nas redondezas. A bodega que leva o seu nome foi uma das pioneiras na elaboração de “espumosos” na Espanha. Em 1882, boa parte das uvas vindimadas pela empresa seguia para uma segunda fermentação em garrafa, conforme o método champenoise. E até hoje esse é o destino provável de milhões de quilos de uvas colhidos todos os anos. A diferença é que atualmente a vinificação e o envelhecimento do vinho acontecem num edifício dotado de tecnologia moderna sob as ordens do enólogo Antonio Olive. As caves subterrâneas ainda servem para abrigar as garrafas que darão origem a bebidas borbulhantes e também guardam 2,6 mil barricas de carvalho americano preenchidas de vinho tinto. Anualmente são processados cerca de 4 milhões de litros – 40% segue para o mercado externo. A empresa possui 450 hectares de vinhedos, o que a torna uma das maiores propriedades de Sant Sadurní d’Anoia. Além das
variedades tradicionais – as brancas macabeo, parellada e xarello, chamadas por muitos de “a santíssima trindade dos cavas” –, a vinícola também aposta na tinta monastrell e nas uvas francesas chardonnay, pinot noir e merlot. Entre os rótulos de destaque, elabora o Clos Monistrol Winemaker’s Select Extra Brut (macabeo, xarel-lo, parellada e chardonnay), cuja safra 2006 ganhou medalha de bronze no International Wine Challenge 2008, e o Vintage Rosé Brut (70% monastrell e 30% pinot noir), que arrematou medalha de bronze no International Wine & Spirits Challenge 2009 com a safra 2006. Assim como os outros países com tradição no negócio do vinho, a Espanha também passou a assistir, nas últimas décadas, ao surgimento de grandes corporações. Nos anos 90 nascia o ARCO International (atual United Wineries), que incorporou algumas emblemáticas bodegas espanholas, entre elas Marqués de Monistrol, Marqués de Griñón, Berberana, Lagunilla e Marqués de La Concórdia, e tem a ambição de figurar entre os dez maiores grupos vinícolas do planeta. www.mmonistrol.com Monistrol d’Anoia | San Sadurní d’Anoia 08770 | Barcelona Tel.: + 34 93 8910276 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)
Além das variedades tradicionais de uvas chamadas por muitos de “a santíssima trindade dos cavas” –, a vinícola também aposta na tinta monastrell e nas francesas chardonnay, pinot noir e merlot
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Codorníu Em 1872, Josep Raventós fez o impensável: reproduziu a receita do champagne com as exóticas castas de Penedès e passou a produzir na Espanha espumantes inigualáveis, que chegam a ameaçar a hegemonia do país vizinho - a Codorníu elabora 150 milhões de garrafas de cava por ano, metade de toda a produção da célebre região francesa O clã Codorníu produzia tintos e brancos desde o século 16 quando Josep Raventós, um dos descendentes, três centenas de anos mais tarde, colocou o sobrenome da família na “boca do povo” para nunca mais ser esquecido. Sua façanha foi criar na Espanha um tipo de vinho borbulhante, nos moldes do champagne, até então inédito no país. A nova categoria, que hoje é reproduzida em seis regiões, passou, em 1970, a se chamar cava (em referência às galerias subterrâneas onde o vinho envelhece). Penedès, na Catalunha (a 40 quilômetros de Barcelona), foi a região pioneira e ainda é a mais importante – representa 95% do volume de cavas de todo o país, sendo 80% destes sob a chancela Codorníu. As castas autóctones usadas são xarel-lo (que dá estrutura e potência ao vinho), parellada (proporciona aromas florais sutis) e macabeo (de ótima acidez). Também entram nos assemblages conduzidos pelo enólogo Bruno Colomer Martí as francesas chardonnay e pinot noir. Para aplicar o método tradicional com rigor, Josep viajou até Champagne e, em seguida, seu filho Manuel contratou profissionais franceses legítimos. O objetivo era um só: dedicarse exclusivamente à elaboração de vinhos “espumosos” e tornar a empresa uma referência mundial. Em 1888, veio o primeiro reconhecimento: uma medalha de ouro na Exposição Universal de Barcelona. Nove anos depois, a marca entrava para o rol dos vinhos servidos na Casa Real e até hoje figura nas celebrações realizadas no Palacio de la Zarzuela. Mas a originalidade dos Codorníu não se limitou aos vinhos. A família deixou sua marca também na arquitetura ao construir no município de Sant Sadurní d’Anoia uma bodega emblemática, considerada Monumento Histórico Artístico Nacional. O projeto da nova vinícola foi encomendado a um dos profissionais bambambãs da época – Josep Puig i Cadafalch, um dos expoentes da escola modernista catalã. Demorou vinte anos para o edifício ser erguido – a inauguração aconteceu em 1915. Por trás dos portões de ferro descortinam-se os contornos de uma espécie de catedral do vinho. Em pedra com detalhes em tijolos, que desenham arcos e criam um interior enigmático, com vitrais e candelabros. No subterrâneo, foram escavados 200 metros quadrados de galerias onde envelhecem os espumantes Codorníu. Ótima notícia: a vinícola está aberta aos visitantes todos os dias, só é preciso agendar. www.codorniu.es Avda. Jaume Codorníu s/nº, 08770 | Sant Sadurní d’Anoia Tel.: + 34 93 891 33 42 Importador: Interfood (www.interfood.com.br)
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A façanha da Codorníu foi criar na Espanha um vinho borbulhante, nos moldes do champagne, que passou, em 1970, a se chamar cava, em referência às galerias subterrâneas onde o vinho envelhece
Jané Ventura Benjamí mudou os destinos do negócio familiar em 1985, quando resolveu engarrafar e colocar o seu sobrenome nos vinhos que a empresa produzia em Penedès. Resultado: safra a safra, eles estão cada vez melhor Apesar da tradição familiar de trabalhar a terra para cultivar uvas desde os anos 30, a família Jané Ventura só começou a engarrafar o próprio vinho cinquenta anos mais tarde. E no início, seu portfólio era composto por brancos e rosés apenas. Os cavas apareceram na década de 1990 e totalizam, hoje, quatro rótulos elaborados com as típicas variedades da região, segundo o método tradicional de Champagne: Gran Reserva Vintage 2005 (35% macabeo, 45% xarello e 20% parellada) e Brut Nature (30% macabeo, 30% xarel-lo e 40% parellada), que não recebem licor de expedição no final do processo; Brut (30% macabeo, 30% xarel-lo e 40% parellada) e Rosado Brut, feito com a variedade garnacha. Foi Benjamí Jané Ventura o ousado da turma e, atualmente, ele é apoiado por dois de seus cinco filhos, Albert e Gerard. O clã tem à disposição dois vinhedos em Baix Penedès, no norte da província de Tarragona, um lugar escoltado por montanhas e pelo mar Mediterrâneo. Na propriedade chamada Els Camps, de 8 hectares, cultivam-se as variedades ull de llebre (tempranillo) e macabeo (cepas de 50 anos de idade). Já cabernet sauvignon, merlot, garnacha e subirat parent preenchem o vinhedo batizado de Mas Vilella – sete hectares de solo arenoso e calcário, coberto de rochas. Com essa coleção de castas e mais algumas obtidas de viticultores parceiros, os Jané Ventura produzem, além dos cavas, tintos, brancos e rosés sob o comando do experiente enólogo Carles Mitjans. A empresa mantém duas bodegas. Uma delas ocupa um casarão do século 17 e possui vinte cubas de aço inox de diferentes capacidades (de 200 a 1.000 litros para microvinificações e depósitos de 10 mil a 14 mil litros) e 175 barricas – 90% carvalho francês e o restante húngaro e americano. Mas, desde 1959, o coração da empresa fica em El Vendrell, na província de Tarragona. Ali, além dos espaços administrativos, há 300 metros quadrados de galerias subterrâneas onde os cavas estagiam por um período de no mínimo vinte meses até três anos e meio. www.janeventura.com Ctra. de Calafell, 2 | 43700 El Vendrell | Tarragona Tel.: + 34 977 66 01 18 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)
Os cavas da Jané Ventura apareceram na década de 1990, são quatro rótulos elaborados com as variedades da região, pelo método champenoise: Gran Reserva Vintage, e Brut Nature, Brut e Rosado Brut
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| Portugal
VINHO VERDE
DOURO
BAIRRADA
DÃO
RIBATEJO
COLARES BUCELAS CARCAVELOS LISBOA SADO
ALENTEJO
A influência atlântica e o solo argilo-calário aportam mineralidade e frescor aos vinhos da Bairrada
TERRAS DE SADO
N
VIDIGUEIRA
MADEIRA
ALGARVE
Este país pequeno em tamanho – 218 quilômetros de largura e 561 quilômetros de comprimento, uma tripinha no ponto mais ocidental da Europa – é um território gigante em variedades de uvas (contabilizam-se mais de duas centenas) e em diversidade de terroir. Há vinhedos vizinhos ao mar, nas escarpas dos vales, nas planícies interioranas... E eles originam vinhos únicos, como é o caso do vinho do Porto e do Madeira (produzido na ilha de mesmo nome). A elaboração de espumantes vem ganhando algum peso nos últimos anos e se dá um pouco por todo o país, mas é da região da Bairrada, no centro de Portugal, que chegam os melhores exemplares – 60% dos borbulhantes nacionais são feitos ali e a partir de cepas 104
tão autênticas quanto as tintas baga e touriga nacional e as brancas maria gomes (também chamada fernão pires), arinto e bical. A Bairrada desfruta de um solo arenoso, calcário e argiloso e de um clima que sofre a influência do Atlântico, condições privilegiadas para a obtenção de vinhos minerais e ácidos, próprios para a espumatização. Nessas bandas um produtor chama a atenção: Luis Pato, um dos grandes embaixadores do vinho português. Seguindo a mesma trilha do pai, a jovem Filipa Pato faz questão de complementar a sua linha de vinhos caprichados com um belo espumante. Os rótulos efervescentes fazem um par interessante com a gastronomia local, onde brilha o leitão da Bairrada, estaladiço por fora e suculento por dentro. Mas também são um bom pretexto para um brinde despretencioso.
Consuma com estilo, n達o com excesso.
www.krug.com
Luis Pato Ele é o maior embaixador do vinho português da atualidade. Produz tintos, brancos e espumantes com as castas típicas da região da Bairrada e está sempre em busca de se superar – o que, por sinal, costuma acontecer Luis Pato agitou o setor do enoturismo português, inaugurando há poucos anos uma nova adega de arquitetura arrojada, pensada para receber visitantes mediante reserva
A história da região da Bairrada, no centro de Portugal, poderia ser dividida em dois capítulos: antes e depois de Luis Pato. Ele é daqueles produtores questionadores, que gostam de experimentar coisas novas e quebrar paradigmas. Depois de integrar a comissão de frente que alavancou a qualidade dos vinhos lusos a partir dos anos 80, graças a um conhecimento mais aprofundado das castas nacionais e da adoção de melhores técnicas de cultivo e de vinificação, Luis Pato apresentou ao mercado um tinto feito a partir de cepas plantadas diretamente no solo arenoso – e não enxertadas na raiz de plantas resistentes, como se faz em todo o mundo para evitar um novo surto de filoxera. “O Homem tem sonhos. O meu sonho, há vinte anos, foi o de criar um vinho que nos revelasse como eram os vinhos antes da chegada da filoxera à Europa”, diz na sua página online. Surgia, em 1995, o seu grande ícone – o Quinta do Ribeirinho Pé Franco, feito com a variedade Baga. Essa uva, cuja aspereza ele soube domar, também dá origem a um espumante rosé segundo o método champenoise. Outros três espumantes somam-se ao portfólio de mais de duas dezenas de rótulos: o Maria Gomes, uma variedade branca também conhecida como fernão pires e que compõe 95% do blend (5% é arinto); o 106
Touriga Nacional, elaborado com a rainha das castas portuguesas, uma uva tinta que exibe um aroma floral muito particular, e o mais recente de todos – o Vinha Formal, concebido em 2008 diante de uma colheita fantástica. Esse vinho borbulhante combina touriga nacional e bical em proporções iguais e fez a fermentação alcoólica em carvalho. É verdade que Luis Pato tem sangue de vinhateiro – o tio-avô e o pai seguiram esse enredo –, mas no início não pensava em ser produtor de vinhos. Formado em engenharia química, trabalhou em outras indústrias até fazer o primeiro tinto “de brincadeira”, em 1980. Nunca mais parou. Sorte nossa. E além das inovações nas garrafas, também tem chacoalhado o setor do enoturismo português. Inaugurou há poucos anos uma nova adega de arquitetura arrojada, pensada para receber visitantes mediante reserva. Oferece tours guiados e uma loja e também organiza cursos de degustação, almoços e jantares. www.luispato.com Ribeiro da Gândara | 3780-017 | Amoreira da Gândara, Anadia Tel.: + 351 231 596 432 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)
Filipa Pato A fama do pai, Luis Pato, não camufla o talento de Filipa. Uma das mais inventivas enólogas portuguesas da nova geração, ela vem surpreendendo o mundo com seus vinhos muito originais Duas decisões guiam o projeto de Filipa Pato desde o início: trabalhar exclusivamente com castas portuguesas e tirar o melhor proveito da tradição, adaptando-a às novas tecnologias – é o que faz ao reproduzir antigos lagares em depósitos de madeira com temperatura controlada. Formada em engenharia química, ela resolveu incrementar o currículo com três anos de vindimas no estrangeiro, na França, Argentina e Austrália. Em 2001, ao retornar a Portugal – à região da Bairrada, centro do país –, dedicou-se a um estudo minucioso do terroir e do comportamento das videiras. Os primeiros anos foram encarados como uma fase de experimentações, por isso seus vinhos de estreia, um branco e um tinto, levam o rótulo Ensaios. Quando já contava com alguma tarimba, uniu-se ao pai, Luis Pato, para produzir um vinho de sobremesa – o FLP, utilizando uma técnica inovadora, a crio-extração, que congela as uvas para obter maior concentração de açúcar e acidez. O espumante 3B/FP (um “b” que remete à região da Bairrada e os outros dois às castas baga 70% e bical 30%) recheia o portfólio da jovem enóloga. Afinal, estar na Bairrada e não produzir espumante
é como ter uma maison em Champagne e não elaborar champagne. A influência atlântica e o solo argilo-calcário são “meio caminho andado” para a criação de ótimos borbulhantes, aportando mineralidade e frescor aos vinhos. O 3B/FP revela a predileção de Filipa pelo conjugação de uma variedade tinta e outra branca. Elas são obtidas de cepas de 50 anos de idade, em média. A baga passou por fermentação alcoólica em depósito de maderia e a bical, em cubas de aço inox. A segunda fermentação foi feita na garrafa, como manda o método tradicional. Filipa Pato não possui vinhedo próprio, por enquanto, pois já tem planos de adquirir uma área na Bairrada. Ela conta com a produção de viticultores independentes e é na adega do pai que põe em prática suas alquimias. www.filipapato.net Ribeiro da Gândara | 3780-017 | Amoreira da Gândara, Anadia Tel.: + 351 231 596 432 Importador: Casa Flora (www.casaflora.com.br)
A influência atlântica e o solo argilo-calcário são “meio caminho andado” para a criação de ótimos borbulhantes, aportando mineralidade e frescor aos vinhos
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| Brasil
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SÃO JOAQUIM VALE DOS VINHEDOS
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BENTO GONÇALVES
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GARIBALDI
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PORTO ALEGRE VIAMÃO
A paisagem natural das vinícolas fazem lembrar acolhedoras casas familiares
O Brasil figura hoje entre os melhores produtores de espumantes do mundo, qualidade reconhecida por especialistas e críticos internacionais. E o que faz estes vinhos tão especiais? A combinação de terroir ideal, uvas perfeitamente adaptadas e produtores com visão aguçada para identificar e traduzir este potencial. A razão do sucesso brasileiro está mesmo em um terroir com a vocação natural para revelar espumantes com qualidade e tipicidade. A serra gaúcha, em particular as regiões de Bento Gonçalves e Garibaldi, reúne as condições de solo e clima que mais se assemelham às da Champagne. Clima temperado, invernos rigorosos, verões com dias quentes e noites frias, e umidade adequada favorecem o pleno desenvolvimento das uvas, gerando os teores de açúcar e acidez ideais desejados para os grandes espumantes. Chardonnay e Pinot Noir reinam nos vinhedos da serra gaúcha, e a Riesling Itálico, bem adaptada e largamente cultivada na região, dá o toque de personalidade a alguns destes exemplares. E num país com as dimensões do Brasil não é de surpreender que outras regiões comecem também a revelar um potencial promissor. É o caso da Serra de Santa Catarina, onde os invernos rigorosos com as temperaturas mais baixas do país estão proporcionando condições únicas para elaborar espumantes diferenciados, inclusive utilizando uvas não tão tradicionais como Cabernet Sauvignon e Merlot. A história da produção de espumantes na serra gaúcha começa no início do século XX. A partir de 1920 os primeiros espumantes tipo “champagne” passaram a ser produzidos em maior escala e 108
em 1942 começaram as exportações para os Estados Unidos. Na década de 50 empresas estrangeiras atraídas por este potencial particular começaram a se instalar no país, sobretudo na região de Garibaldi, de onde vem hoje o maior volume de produção. Mas foi na década de 1970 que a produção se firmou definitivamente. As multinacionais confirmaram o potencial da região para elaboração dos espumantes, trazendo mudas certificadas e introduzindo as cultivares mais apropriadas. Foram elas que difundiram o cultivo da Riesling Itálico, Chardonnay e Pinot Noir baseando-se nos estudos das características de solo e clima da região. Quem visita a serra gaúcha hoje se surpreende com vinícolas equipadas com tudo de mais moderno oferecido pela tecnologia e que dominam com maestria os métodos champenoise e charmat de segunda fermentação em garrafa. De acordo com o Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho), em 2009 foram comercializados 11,2 milhões de litros de espumantes, volume recorde para o setor que no ano anterior havia atingido a cifra de 9,5 milhões de litros. Nos últimos dez anos a produção cresceu 150% e mais de 50% dos espumantes comercializados no país são brasileiros. Muito além da constatação revelada por dados estatísticos, a qualidade dos espumantes brasileiros é percebida na taça pelos apreciadores e por especialistas do mundo todo, que são brindados com vinhos e espumantes nacionais de grande qualidade, autênticos e alegres como os brasileiros.
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Miolo Wine Group É uma espécie de transatlântico dos vinhos nacionais. Mantém operação nos principais terroirs do país, produzindo doze milhões de litros por ano, entre eles ótimos borbulhantes O Brut Millésime, feito apenas nas safras excepcionais, é o top da Miolo, e já ostenta o prêmio de Grande Menção, obtido em 2009 na Vinitaly, maior feira de vinhos da Itália
Com o firme propósito de expressar a identidade dos diferentes terroirs brasileiros, a Miolo vai fincando seus tentáculos nas principais regiões vinícolas do país – já conta com nove unidades produtivas e é, atualmente, a maior empresa nacional de vinhos. A conquista desse posto se deu após a recente aquisição da Almadén, localizada na Campanha Gaúcha, o que disparou a capacidade de produção anual para doze milhões de litros. Essa escalada bemsucedida encheria de orgulho o Sr. Giuseppe Miolo, primeiro imigrante italiano da família Miolo a chegar ao Brasil em 1875. No Vale dos Vinhedos estão a vinícola sede e as vinhas que dão origem a quatro dos nove espumantes elaborados pela Miolo – todos seguem o método champenoise. O Brut Millésime, feito apenas nas safras excepcionais, é o top da casa, e já ostenta o prêmio de Grande Menção, obtido em 2009 na Vinitaly, maior feira de vinhos da Itália. Na mesma vinícola também se produz o badalado Bueno Cuvée Prestige, de apenas 7500 garrafas. As uvas são provenientes de vinhedos na Campanha Gaúcha, de propriedade do jornalista esportivo Galvão Bueno, com o qual a Miolo formou parceria para criar esse rótulo e também um tinto com a grife da Bueno Bella Vista Estate. Na vinícola Ouro Verde, localizada na Bahia, Vale do São Francisco, são produzidos um moscatel pelo método Asti e outros 110
três espumantes pelo método charmat, explorando diferentes variedades de uvas, como chenin blanc, sauvignon blanc, grenache e a espanhola verdejo. Essa unidade é uma das grandes apostas do grupo, que até 2012 pretende acumular ali 400 hectares, chegando a uma produção de quatro milhões de litros por ano entre tintos, brancos, rosés e espumantes. O endereço certo para conhecer as atividades do grupo é o Vale dos Vinhedos. Os enólogos de plantão guiam os visitantes pelas diferentes etapas de elaboração dos vinhos e ainda conduzem uma degustação dos rótulos da casa. Os amantes da gastronomia têm ainda a chance de apreciar pratos típicos da comida italiana na Osteria Mamma Miolo, restaurante que ocupa a casa centenária erguida por Giuseppe Miolo. E quem contar com uns dias de férias, pode aproveitar o único spa do vinho da região: o Hotel & Spa do Vinho Caudalie, construído em uma colina no coração do Vale dos Vinhedos. www.miolo.com.br RS 444 Km 21 Linha Leopoldina | Vale dos Vinhedos Bento Gonçalves | RS Tel.: + 55 54 2102.1500
Pizzato Vinhas & Vinhos Esta vinícola é a prova de que a grande vocação da serra gaúcha são os tintos da uva merlot e os belos espumantes Quem já frequentou as feiras de vinhos que acontecem pelo país certamente foi servido de uma taça de espumante pela competente Jane Pizzato. Ela é a grande embaixadora da vinícola fundada pelo pai, Plínio Pizzato, e faz questão de explicar aos curiosos os processos champenoise e charmat pelos quais são elaborados seus vinhos borbulhantes. Localizada no coração do Vale dos Vinhedos, essa empresa é a realização do sonho de Plínio e seus quatro filhos. Desde que desembarcaram nos trópicos, os Pizzato produzem vinho. Os primeiros imigrantes do clã originário da Itália elaboravam pequena quantidade, apenas para consumo próprio, pois não podia faltar tinto nas refeições. Passaram a vender parte da produção para outras vinícolas da região e também chegaram a distribuir para o hospital da cidade, que utilizava a bebida como coadjuvante no tratamento da febre tifóide. O projeto da vinícola foi iniciado em 1998 com um plano ambicioso: produzir vinhos finos de qualidade para o mercado brasileiro. Em 2000, foi lançado o primeiro rótulo, o Merlot 1999 de apenas 15.500 garrafas. Logo em sua safra de estreia foi eleito um dos melhores do país – até hoje é o ícone da vinícola. A partir do mesmo vinhedo a Pizzato apresentou, em 2010, o exclusivo DNA 99 Merlot 2005, uma safra impecável. Com o mesmo cuidado a empresa dá origem a seus três espumantes: o Brut branco e o Brut rosé, ambos elaborados pelo método champenoise com uvas provenientes de vinhedos próprios no Vale dos Vinhedos. O terceiro espumante é o Fausto Brut, produzido pelo método charmat, cujo nome é uma alusão a outra região onde a vinícola mantém vinhedos – Doutor Fausto, em Dois Lajeados. Passados pouco mais de dez anos de atividade, a Pizzato Vinhas & Vinhos não só conquistou o mercado brasileiro como já dá passos além-fronteiras. Desde maio de 2010, seus rótulos estão disponíveis para o exigente paladar britânico. Eles são servidos no estande que a Wines from Brasil, iniciativa de promoção dos vinhos nacionais impulsionada pelo Instituto Brasileiro do Vinho, mantém
na Vinópolis, uma espécie de museu temático do vinho localizado em Londres, na Inglaterra. www.pizzato.net Via dos Parreirais, s/nº Vale dos Vinhedos | RS Tel.: + 55 54 3459 1155
A Pizzato dá origem a três espumantes: o Brut branco e o Brut rosé, ambos elaborados pelo método champenoise com uvas do Vale dos Vinhedos. O terceiro é o Fausto Brut, produzido pelo método charmat
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Don Giovanni Esta vinícola começou como uma espécie de estação experimental, testando uvas europeias e métodos de elaboração de vinho ainda inéditos no Brasil. Passadas quatro décadas, figura na elite dos espumantes brasileiros Quem quiser passar a noite nesse lugar mágico existe uma pousada acolhedora, com mobiliário antigo e rústico, com piscina e lareira. Há ainda uma “cabana”, no meio dos vinhedos, para maior privacidade
Ainda não se chamava Don Giovanni. Em 1972, a propriedade pertencia à indústria de bebidas Dreher, que tinha como uma de suas praticas fazer experiências no mundo dos vinhos. Uma delas marcou a vinicultura brasileira: o lançamento do rótulo Marjolet, um blend cabernet franc, merlot e gammay. A novidade foi o envelhecimento do tinto em barricas de carvalho bordalesas de 240 litros, uma façanha conduzida pelos avós paternos da atual proprietária, Beatriz Dreher Giovannini. Ela assumiu os negócios em 1982 ao lado do marido, o engenheiro agrônomo Ayrton Luiz Giovannini, que naquela época era diretor industrial da empresa. Juntos continuaram a inovar -- criaram a marca Don Giovanni e uma cartela recheada de vinhos e espumantes. A propriedade fica a 12 quilômetros de Bento Gonçalves, no distrito de Pinto Bandeira, a 720 metros de altitude, numa zona conhecida como Vinhos de Montanha e reconhecida pelo INPI, como a segunda região Vitivinícola do Brasil demarcada com “Indicação de Procedência de Pinto Bandeira”. No cenário de floresta nativa onde pipocam construções que remetem à colonização italiana, o casal mantém 18 hectares de vinhedos próprios plantados com as variedades cabernet franc, cabernet sauvignon, merlot, tannat, pinot noir, ancellota e chardonnay. Com elas o enólogo Luciano Vian e sua equipe dão origem a quinze rótulos, sete deles espumantes, já que o terroir favorece à produção de vinhos borbulhantes. Do portfólio da Don Giovanni destacam-se o 112
Espumante Moscatel (medalha de prata no 5º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil 2010); Espumante Brut, um blend 75 % chardonnay e 25% pinot noir produzido de acordo com o método champenoise, com doze meses de estágio sob as borras das leveduras; Espumante Don Giovanni Nature (champenoise de 24 meses), Espumante Brut Stravaganzza, também 75% chardonnay e 25% pinot noir (medalha de prata no 5º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil 2010), e Espumante Brut Série Ouro 30 Meses, que combina chardonnay e pinot noir e, como diz o nome, foi envelhecido durante trinta e seis meses. A Don Giovanni também faz vinhos para terceiros. É na sua adega que nascem, por exemplo, os rótulos Anquier, feitos para o francês radicado no Brasil Olivier Anquier. Quem quiser passar a noite nesse lugar mágico, com clima de Europa, tem à disposição uma pousada acolhedora, decorada com mobiliário antigo e rústico. Possui piscina, sala com lareira e outros mimos. Há ainda uma casa privada, chamada de “cabana”, no meio dos vinhedos, para os que preferem maior privacidade. A vinícola também conta com uma loja que vende os vinhos da casa e faz degustações para os que estiverem apenas de passagem. www.dongiovanni.com.br VRS 805, Linha Amadeu (28) | Km 12 Pinto Bandeira | Bento Gonçalves | RS Tel: + 55 54 3455 6293 e 3455 6294
Chandon Moët & Chandon dispensa apresentações. Desejada no mundo todo, a marca francesa é sinônimo de qualidade, elegância e bom gosto. É sinônimo de Champagne. Ao criar sua filial Chandon no Brasil, encontrou nesta nova fronteira desafios originais A arte de elaborar um grande espumante começa com a escolha do terroir ideal onde serão implantados os vinhedos. A tradição vitícola da Serra Gaúcha aliada a uma cultura do vinho já existente na região, levou a Moët & Chandon a eleger a cidade de Garibaldi para fundar em 1973 a Chandon do Brasil. Com sua já longa experiência e fazendo uso de tecnologia moderna, tira o máximo proveito deste terroir para produzir em terras brasileiras seus nobres espumantes. Philippe Mével é o enólogo francês responsável por toda a produção da vinícola. Chegou ao país para ficar apenas seis meses, que se estenderam por 20 anos durante os quais se envolveu com os desafios da empresa e do setor vitivinícola, dedicando-se a explorar a vocação natural da serra gaúcha para produção de espumantes de alta qualidade. Clima temperado, com dias ensolarados e noites frescas, favorece a lenta maturação das uvas e a formação dos níveis adequados de açúcar e acidez, que se manifestam nas qualidades esperadas de um grande espumante: expressão aromática e frescor. Os espumantes da Chandon no Brasil são produzidos com as nobres Chardonnay e Pinot Noir, combinadas com a Riesling Itálico
já tradicionalmente cultivada na região, que deu personalidade aos exemplares brasileiros. A Chandon se faz presente através de eventos importantes como a Promenade Chandon, que acontece todos os anos nas ruas do Bairro dos Jardins, em São Paulo, reunindo arte, cultura, moda, gastronomia e entretenimento, e brindando os convidados com seus deliciosos espumantes. Em meio a beleza natural da região destaca-se uma moderna construção que surpreende com uma completa estrutura tecnológica de ponta em seu interior, com tanques de aço inox e maquinários especializados que garantem qualidade em todo o processo de vinificação. A visitação acontece durante toda semana e aos sábados em horários determinados, ou em horários préagendados para grupos especiais que queiram conhecer este belo empreendimento. www.chandon.com.br Rodovia RSC 470 | Km 224 Garibaldi | RS Tel.: + 55 54 3388-4400
Os espumantes da Chandon no Brasil são produzidos com as nobres Chardonnay e Pinot Noir, combinadas com a Riesling Itálico já tradicionalmente cultivada na região, que deu personalidade aos exemplares brasileiros
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Cave Geisse O enólogo chileno Mario Geisse apostou no potencial da serra gaúcha e começou a produzir no Brasil espumantes inigualáveis que entraram para a rota internacional do vinho, arrancando elogios até dos críticos mais exigentes No concurso francês Vinalies Internationales 2009, o Cave Geisse Brut arrematou a única medalha de ouro concedida a um vinho borbulhante da América do Sul
O que faria um jovem engenheiro agrônomo e enólogo abandonar os incríveis vales chilenos para se enfurnar nos cafundós da serra gaúcha? Simples: uma bela oferta de trabalho. Em 1976, Mario Geisse foi convidado a dirigir a Chandon do Brasil. E o que faria este mesmo enólogo chileno, três anos depois, investir dinheiro e fundar uma vinícola nos cafundós dos cafundós, em Pinto Bandeira, interior de Bento Gonçalves? Resposta: a ambição de fazer o melhor espumante da América do Sul. Insano ou visionário? Hoje todo mundo sabe que a petulância de Mario Geisse resultou em alguns dos ícones da vinicultura brasileira. Mas naquela época, o resultado não era tão óbvio assim. Sem o aval de uma região mundialmente conhecida, muito menos de um país com tradição em vinhos finos, ele apoiou-se numa única certeza: as uvas cultivadas nos solos de argila e de rochas em decomposição, geravam, pelo método champenoise, espumantes de primeira categoria. Estava certo. A lista de prêmios que seus rótulos já conquistaram é extensa. No concurso francês Vinalies Internationales 2009, por exemplo, o Cave Geisse Brut arrematou a única medalha de ouro concedida a um vinho borbulhante da América do Sul. Outro importante reconhecimento veio em outubro de 2010 de Adan Strum, editor-chefe da revista norte-americana Wine Enthusiast. Após uma visita a produtores do Rio Grande do Sul, ele declarou: “Algumas das melhores expressões 114
do método champenoise fora da França podem ser encontradas nas regiões vinícolas do sul do Brasil. Surpreso?” Descreveu ainda a Cave Geisse como “o melhor produtor de espumantes da região” e completou: “Tanto o Brut, como o Nature e o Rosé da Cave Geisse pontuariam na casa dos 90 no cartão de pontuação de qualquer crítico”. Há pouco tempo, Mario Geisse quebrou mais um paradigma ao apresentar para o mercado o Cave Geisse Brut 1998, provando através de um espumante que amadureceu por oito anos em garrafa todo o potencial da terra na qual acreditou. Em 24 hectares na região hoje conhecida como dos Vinhos de Montanha, a 800 metros de altitude, são colhidas as variedades chardonnay e pinot noir. As uvas não recebem uma gota de produto químico. O tratamento do vinhedo é feito por Thermal Pest Control (TPC) uma máquina que libera um jato de ar quente (130º Celsius) a 200 km/h. Uma média de 90 mil garrafas são produzidas todos os anos sob a marca Cave Geisse. Parte delas viaja até mercados longínquos, como Bélgica, Estados Unidos, Inglaterra, Dubai e Suíça, e também para o vizinho Chile. www.cavegeisse.com.br Linha Jansen, s/nº | Distrito de Pinto Bandeira Bento Gonçalves | RS Tel.: + 55 54 3455 7461
Vinícola Pericó Instalada na promissora altitude catarinense, a 1300 metros do nível do mar, esta jovem vinícola utiliza cabernet sauvignon e merlot, além da chardonnay, para dar origem a espumantes premiados A notícia foi dada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) em 1999: o estado tem potencial para a produção de vinhos finos competitivos. Bastou para instalarem-se na região catarinense, na virada do milênio, vinhedos preenchidos com cepas europeias – até então a região era famosa apenas pela produção de maçã, uva para suco e vinho de mesa. Entre os pioneiros, que pegaram carona na boa nova da Epagri, está o empresário do ramo têxtil Wandér Weege, da Malwee Malhas. Em 2002, começou um empreendimento planejado em São Joaquim - SC, no Pericó Valley. Por dois anos o terroir foi preparado e já no final de 2004 foram plantadas as castas francesas das variedades cabernet sauvignon, merlot, pinot noir, chardonnay e sauvignon blanc. A Vinícola Pericó produz vinhos finos como rosé, brancos, tintos, um inusitado icewine, raro e único no Brasil, mas a grande revelação é a categoria Cave Pericó – os primeiros espumantes elaborados na altitude de Santa Catarina. No assemblage dos vinhos borbulhantes entra a variedade cabernet sauvignon, que se adaptou
muito bem nesse terroir, em cortes com merlot e chardonnay. Lançados em 2008, o Cave Pericó Branco e Rosé brut, ambos produzidos pelo método charmat, surpreendem pela complexidade aromática. Não demorou o reconhecimento: medalha de ouro para o Rosé brut em 2009 no VI Concurso do Espumante Brasileiro, realizado pela ABE (Associação Brasileira de Enologia), e ouro também para o Branco brut na Edição Brasil 2010 do Concurso Mundial de Bruxelas. No mesmo ano, outro espumante se juntou ao portfólio da vinícola: o Branco brut Champenoise, safra 2007, que segue a cartilha do método tradicional. Durante o inverno rigoroso, o visual do amanhecer ensolarado nos vinhedos da fazenda Pericó nos remete a paisagens europeias, mas a presença das imponentes araucárias revela que se trata de uma terra especial do Sul do Brasil. www.vinicolaperico.com.br São Joaquim | Santa Catarina | SC Tel.: + 55 49 3233 1100
Durante o inverno rigoroso, o amanhecer nos vinhedos da Pericó, em São Joaquim, Santa Catarina, são cobertos de neve e remetem a paisagens europeias, mas a presença das imponentes araucárias revela que se trata de uma terra brasileira
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Salton Com uma capacidade de produção de mais de 20 milhões de litros de vinhos, ninguém vende mais espumantes no Brasil do que esta vinícola centenária A Salton é um dos maiores e mais respeitados empreendimentos vitivinícolas do país, e há quatro anos consecutivos a empresa é líder na comercialização de espumante
Nos jardins bem cuidados da fachada da vinícola, o relógio solar registrou em 25 de agosto de 2010 o centenário da Salton. Muitas rolhas explodiram das garrafas dos bons espumantes da casa, celebrando este marco importante. O sonho de Paulo Salton e de seus irmãos começou a ser concretizado em 1910. Hoje se traduz num dos maiores e mais respeitados empreendimentos vitivinícolas do país – há quatro anos consecutivos a empresa é líder na comercialização de espumantes. Mas a terceira geração da família, que assumiu o controle da empresa em 2009, quer mais: chegar em 2020 como a melhor e mais respeitada vinícola brasileira. Atualmente, a Salton tem em seu portfólio onze diferentes espumantes, desde os mais leves e adocicados até os mais complexos e elegantes. São quatro diferentes categorias: Fino, Fino Superior, Premium e Top. O novíssimo 100 Anos Nature, uma homenagem ao aniversário de 100 anos da empresa, o Évidence e o Premium Rosé Poética (100% pinot noir) são elaborados pelo método champenoise. A maior parte dos rótulos segue a cartilha do método charmat, com segunda fermentação em tanques de aço inox. O Moscatel é produzido pelo método Asti, tradicional na Itália. Desde 2004 a Salton ocupa um edifício grandioso em Tuiuty, distrito de Bento Gonçalves. A construção em linhas clássicas é 116
assinada pelo arquiteto Júlio Pozenatto. São 30 mil metros quadrados preenchidos com tecnologia moderna – cubas e mais cubas de aço inoxidável que possibilitam a produção de mais de 20 milhões de litros de vinho por ano. Tudo é controlado à risca pelo talentoso enólogo Lucindo Copat, que cuidou pessoalmente da concepção do espumante 100 Anos Nature. O vinho permaneceu três anos sobre as leveduras para adquirir um estilo elegante e aromas complexos, perfeito para as grandes comemorações. As instalações da Salton podem ser percorridas pelos visitantes por meio de passarelas panorâmicas. As visitas estão disponíveis durante toda a semana e é possível agendar através do site da vinícola. Os programas incluem degustações de vinhos e um passeio pela propriedade e terminam com um almoço típico italiano. Quem quiser levar uma lembrancinha para casa pode dar uma espiada na loja da empresa que vende os produtos elaborados pela Salton, além de taças personalizadas, estojos para vinhos e diversos acessórios. www.salton.com.br Rua Mário Salton, 300 Distrito de Tuiuty | Bento Gonçalves | RS Tel.: + 55 54 2105 1000
Casa Valduga Como os descendentes de imigrantes italianos transformaram um negócio familiar numa das maiores empresas de espumantes da América Latina A Villa Valduga, um sofisticado complexo enoturístico que reúne a vinícola (Casa Valduga), restaurantes, pousadas e uma loja especializada começou de maneira despretensiosa. Quando chegaram em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, em 1875 – depois de uma longa viagem a partir da cidade de Rovereto, na Itália – os irmãos Valduga não se intimidaram. Ao vislumbrar a imensa paisagem ondulada, campos atrás de campos, souberam o que fazer: trabalhar a terra e plantar as primeiras videiras para produzir vinho. Este era o seu ofício e tiveram a sabedoria de transmiti-lo às gerações seguintes. Resultado: desde há 135 anos o patrimônio só aumenta. Hoje, a terceira geração do clã, com os irmãos Erielso, Juarez e João Valduga à frente, dita as regras. O crescimento e a incorporação de novas tecnologias caminharam lado a lado com a preservação das tradições locais. As antigas edificações em madeira e pedra basáltica típica da região, destinadas à guarda de vinhos e alimentos, permaneceram em meio à arquitetura moderna. A empresa produz hoje uma gama completa de bebidas à base de uvas, mas dedica especial atenção aos espumantes. Foi uma das primeiras vinícolas brasileiras a dominar e desenvolver o método champenoise de vinificação, onde a segunda fermentação é realizada por longos meses em garrafa.
Exceto o moscatel, toda sua linha de espumantes é elaborada segundo esse método. Chardonnay e pinot noir cultivadas no Vale dos Vinhedos são as variedades protagonistas dos espumantes brancos e do rosé Premium Blush. Com um nome bastante sugestivo, o rótulo Amante Rosé é elaborado a partir da casta malbec cultivada nos vinhedos de Encruzilhada do Sul, na Serra do Sudeste. A Valduga produz ainda dois rótulos kosher por método charmat: o Brut Chardonnay e um moscatel. Com este amplo portfólio não é de surpreender que seja uma das maiores adegas de espumantes da América Latina. No quesito enoturismo os visitantes têm à disposição cinco pousadas com atmosfera rústica, mas cheia de mimos (internet sem fios e aquecimento, por exemplo), na Villa Valduga. De janeiro a março os hóspedes podem desfrutar da festa da vindima, que oferece participação na colheita e cursos de degustação de vinhos. O dia começa com um agradável café da manhã acompanhado de espumantes e de música clássica ao piano. www.casavalduga.com.br Linha Leopoldina | Vale dos Vinhedos | Bento Gonçalves | RS Tel.: + 55 54 2105 3122
No portfolio da Casa Valduga existem dois rótulos kosher produzidos pelo método charmat: Bruto Chardonnay e um Moscatel
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Lídio Carraro Considerada a primeira boutique de vinhos do país, esta vinícola produz doze tintos, um branco, um rosé e dois espumantes que já caíram no gosto da crítica internacional Um passeio pelos vinhedos da Lídio Carraro acompanhado de seus enólogos nos faz perceber de imediato que se trata de um projeto destinado a produzir verdadeiros vinhos de terroir. Cada parcela de vinha é identificada de acordo com as características de solo, inclinação do terreno e insolação, o que determina a variedade de uva que melhor se adapta a cada metro quadrado. Essa vinícola boutique surgiu em 1998 com o objetivo de produzir rótulos em pequeno volume, mas de qualidade superior. E toda a atenção é dedicada ao vinhedo, pois a família Carraro acredita que é a partir de uvas de grande qualidade que nascem tintos e brancos notáveis. Assim, a equipe de enologia interfere o mínimo possível nos processos de vinificação – os vinhos nem sequer passam por estágio em madeira –, cumprindo o mandamento de produzir rótulos genuínos e alegres, que representem a identidade brasileira. A sede da vinícola e parte dos parreirais fica no Vale dos Vinhedos, que geram os tintos da linha Grande Vindima. Encruzilhada do Sul, na Serra do Sudeste, é onde se originam tintos únicos produzidos com diferentes uvas, como nebbiolo e tempranillo, e também um branco, um rosé e os dois espumantes da vinícola: um moscatel e o Brut, elaborado pelo método charmat com chardonnay e pinot noir.
A primeira safra lançada pela Lídio Carraro foi a de 2002, que logo chamou atenção da crítica especializada e dos consumidores ao se destacar na 10ª Avaliação Nacional de Vinhos, realizada em Bento Gonçalves. Foi a primeira vinícola brasileira a representar o país nas lojas Duty Free dos aeroportos e ter seus rótulos comentados em publicações internacionais, como a revista inglesa Decanter. Em 2009 a Lídio Carraro conquistou outra façanha: figurou entre os cinquenta melhores vinhos do mundo em uma lista divulgada pelo jornal francês Le Figaro. Abraçada pela paisagem natural do vale, a vinícola faz lembrar uma acolhedora casa familiar. O clã Carrara em pessoa recebe os visitantes que chegam para conhecer os detalhes de sua saga e as etapas de produção dos vinhos. O final do passeio é uma degustação dos principais rótulos. Antes de ir embora, os forasteiros podem comprar vinhos, geleias e biscoitos amanteigados artesanais, afinal, quem resiste a um bom produto de boutique! www.lidiocarraro.com Estrada do Vinho | RS 44 | Km 21 Vale dos Vinhedos | Bento Gonçalves | RS Tel.: + 55 54 2105 2555
Essa vinícola boutique surgiu em 1998 com o objetivo de produzir rótulos em pequeno volume, mas de qualidade superior, e destas uvas nascem espumantes notáveis 118
Angheben Experiência aplicada em um terroir escolhido a dedo só poderia resultar em um dos mais elogiados espumantes brasileiros O projeto da Angheben se consolidou em 1999, estabelecendo como meta a elaboração de vinhos de alta qualidade, o que envolve uma metodologia quase artesanal, são vinhos para poucos
Feliz coincidência: o nome Angheben, com origem nos antigos celtas, significa ‘habitante do Vale’. E foi justamente no Vale dos Vinhedos que a família Angheben, proveniente da província italiana do Trento, construiu a história desta caprichosa vinícola. O projeto se consolidou em 1999, estabelecendo como meta a elaboração de vinhos de alta qualidade, o que envolve uma metodologia muito cuidadosa, quase artesanal, e por isso o volume produzido é pequeno – são vinhos para poucos. O mentor do projeto não era um aventureiro. Quando decidiu apostar num negócio próprio, o enólogo Idalencio Francisco Angheben acumulava mais de trinta anos de experiência em várias vinícolas do país, além de uma carreira como professor de Viticultura do Centro Federal de Educação Tecnológica, em Bento Gonçalves. Também já conhecia a expertise internacional, graças a viagens à Europa, Estados Unidos, Chile, Argentina e Uruguai. O filho Eduardo trilha o mesmo caminho e ao lado de Idalencio assina os vinhos Angheben. A pequena vinícola, bem suprida de tecnologia, está localizada na rota de visitação do Vale dos Vinhedos, mas é na promissora região de Encruzilhada do Sul, na chamada Serra do Sudeste, que
estão os parreirais que dão origem a seus tintos (alguns feitos a partir de variedades italianas, como barbera e teroldego), brancos e um badalado espumante brut – um corte em partes iguais das clássicas chardonnay e pinot noir. Elas são vinificadas de acordo com o método champenoise e rendem quatro mil garrafas. Região tradicional em pastagens para criação de bois e ovelhas e em fruticultura, a Encruzilhada do Sul revelou uma vocação natural para a viticultura. As videiras encontram ali as condições naturais favoráveis para o pleno desenvolvimento das uvas. Uma visita à Angheben é uma experiência que vai além da oportunidade de conhecer o processo produtivo de seus vinhos. É vivenciar a história de uma família de imigrantes italianos que faz parte do patrimônio do Vale dos Vinhedos, como profetizado pelas origens celtas de seu nome. www.angheben.com.br RS 444 | Km 4 s/nº Vale dos Vinhedos | Bento Gonçalves | RS Tel.: + 55 54 3459 1261 Distribuição: Vinci (vincivinhos.com.br) 119
| Argentina
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SALTA
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LA RIOJA
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SAN JUAN
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MENDOZA
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ROSARIO
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SAN RAFAEL
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BUENOS AIRES
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MAR DEL PLATA
NEUQUÉN
N
A imensidão dos vinhedos em Mendoza, em altitudes entre 600 e 1100 metros, com a Cordilheira dos Andes de pano de fundo
A força dos champagnes, cavas, proseccos e franciacortas não inibe o Novo Mundo do vinho. A Argentina também vem se aventurado na produção de espumantes. Embora tenha construído sua fama em cima da variedade malbec e dos tintos frutados que produz a partir dela, o país encontrou condições favoráveis ao cultivo de uvas chardonnay e pinot noir, próprias para seguir uma segunda fermentação em garrafa (conforme o método tradicional) ou em tanques de aço inox (segundo o método charmat). Elabora espumantes para seu incrível mercado interno (o consumo per capita argentino é de 38,6 litros), mas não só. Já abriga multinacionais, como a maison Mumm, que instalou ali uma filial a fim de suprir o interessante mercado sul-americano, 120
exportando para o Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru, Equador e Venezuela. Alguns produtores, como Ernesto Catena e a família Zuccardi, inovam ao submeter a uva malbec à espumatização, e também outras variedades brancas além da chardonnay, oferecendo borbulhantes fora do comum. O coração vitivinícola argentino é Mendoza, a 1.100 quilômetros de Buenos Aires, responsável por 75% do volume de vinhos nacionais. Longe do mar, mas vizinha à majestosa Cordilheira dos Andes, a região conjuga fatores que explicam o sucesso de seus rótulos: escassez de chuva, boa drenagem dos solos, invernos rigorosos, verões quentes e água pura que escorre do degelo da neve das montanhas.
www.moet.com Consuma com estilo, n達o com excesso.
Nieto Senetiner Além de tintos celebrados pela crítica especializada, esta bodega mendocina elabora dois bons espumantes com a variedade pinot noir A Nieto Senetiner, bodega localizada em Vistalba, no coração de Luján de Cuyo, Mendoza, estampa mais de duas dezenas de rótulos, a maioria varietal. E apesar das pontuações elevadas de alguns de seus tintos (especialmente o Reserva Nieto Senetiner Malbec, Don Nicanor Malbec e Reserva Nieto Senetiner Bonarda), a empresa resolveu abrir espaço na adega para dois espumantes: o Brut Nature e o Extra Brut, ambos 100% pinot noir, feitos a partir de uvas colhidas de vinhedos com 15 a 25 anos de idade. Com tanto parreiral que a vinícola possui, não fica difícil expandir o portfólio. São 350 hectares em três subregiões mendocinas: Vistalba, Agrelo e Carrodilla, em altitude que varia entre 800 e 1100 metros. Neles cultiva uma coleção de variedades: bonarda, malbec, tempranillo, além das vedetes francesas pinot noir, merlot, cabernet sauvignon, syrah e chardonnay – algumas cepas ultrapassam os 50 anos de idade. Esse patrimônio levou mais de 122 anos para chegar onde está. A história da bodega remonta a 1888, quando uma famíla de imigrantes italianos se instalou em Vistalba, a 900 metros de altitude, e plantou ali um modesto vinhedo. A construção erguida no início do século 20 revela o toque europeu na arquitetura. Mas a marca Nieto
Senetiner só surgiu em 1969, quando o clã homônimo comprou a propriedade. No final do milênio, Perez Companc, um dos grupos privados mais importantes da Argentina, interessou-se pelo negócio e, em 1998, adquiriu a bodega, prometendo manter sua identidade peculiar e, ao mesmo tempo, dotá-la de tecnologia arrojada. Os fãs dos vinhos dessa casa também saíram ganhando, já que o novo gestor dinamizou também o enoturismo. A bodega oferece um programa chamado Experiância Vistalba, que conta com uma série de atividades para os visitantes: além de tour guiado gratuito, há almoços, atividades durante a época de vindima, harmonizações de queijos e vinhos e passeios a cavalo. A boa notícia para os paulistanos é que a vinícola conta com um espaço próprio em São Paulo: a Casa Nieto Senetiner (Tel.: 11 3057-3089), situada no sofisticado bairro dos Jardins. www.nietosenetiner.com Guardia Vieja, s/nº | Vistalba, Luján de Cuyo | Mendoza Tel.: + 54 261 4980315 / 4027 Importador: Casa Flora (www.casaflora.com.br)
A história da bodega remonta a 1888, quando uma famíla de imigrantes italianos se instalou em Vistalba, a 900 metros de altitude. A bodega erguida no início do século 20 revela o toque europeu na arquitetura
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Tikal É a bodega de Ernesto Catena, que segue os passos do pai Nicolás Catena ao garimpar nos distintos terroirs argentinos a melhor expressão de cada variedade. Em Tupungato, Agrelo e La Consulta ele colhe as uvas que se transformarão em ótimos espumantes Filho de peixe... O ditado se aplicou a Ernesto Catena, mas o destino nem sempre foi tão óbvio. Apesar de ter como pai Nicolás Catena, um dos mais respeitados produtores argentinos, Ernesto planejava trabalhar com computação enquanto cursava a faculdade nos Estados Unidos. Viajou o mundo, experimentando o modo de vida de diferentes culturas, como o de Nova York, Londres e Milão, e também desenvolveu habilidades diversas – de jockey, designer, programador de informática e editor de livros –, até que a memória da infância em Mendoza bateu mais forte. No início do milênio, o eclético Catena fez jus ao sobrenome e se transformou num talentoso produtor de vinhos. Ou melhor, num poeta dos vinhos, como costuma se auto-intitular. Não à toa seus rótulos tranquilos exibem nomes sugestivos: Amorío (malbec), Júbilo (cabernet sauvignon e malbec), Patriota (bonarda e malbec) e Locura (malbec, bonarda e torrontés). Sua bodega Tikal também dá origem a dois espumantes, segundo do método charmat, que prega a segunda fermentação em tanques de aço inox: o Alma Negra Chardonnay Brut, com uvas obtidas de vinhedos de 40 anos em Tupungato, e o Alma Negra Malbec Rosado Brut, com uvas colhidas em Agrelo e La Consulta.
Ernesto não possui vinhedos próprios e compra a matéria-prima de viticultores em diferentes zonas do país, conforme a variedade de uva. De Altamira, Gualtallary, La Consulta e Vista Flores chega a malbec; de Agrelo e Ugarteche, a cabernet sauvignon; de Rivadavia e Lunlunta, a bonarda; e de Cafayate, no norte do país, a torrontés. Ele acompanha todos os processos de perto, desde a colheita e a vinificação, quando conta com a ajuda do enólogo Luis Reginato, até o desenho dos rótulos e a comercialização. Sua meta é criar vinhos muito particulares, feitos para surpreender o consumidor e ao mesmo tempo revelar a autenticidade do terroir. Tem conseguido. A safra 2007 dos espumantes, tanto do chardonnay brut como do malbec rosado, recebeu 90 pontos do crítico americano Robert Parker. Além de vinhateiro, Ernesto Catena é um dos impulsionadores da cultura nacional. Em 2007 inaugurou a galeria Ernesto Catena Fotografía Contemporânea, em Buenos Aires, para abrigar mostras de artistas nacionais renomados e também de novos talentos. www.tikalwines.com Tel.: + 54 11 4331 1251 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)
Ernesto Catena, filho do emblemático Nicolás Catena, se auto-intitula poeta dos vinhos, produzindo dois espumantes no método charmat: Almanegra Chardonnay Brut e Almanegra Malbec Rosado Brut
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Familia Zuccardi É uma das bodegas argentinas mais dinâmicas. Possui cerca de 800 hectares de vinhedos em Mendoza, em diferente zonas, que geram brancos, tintos, fortificados e uma coleção de belos espumantes Para conhecer a bodega Zuccardi, há um programa de enoturismo com visitas guiadas e provas de vinho, passeio de balão, de bike, piquenique, ateliê de cozinha regional e o almoço com empanadas e o churrasco argentino
Apesar da febre dos tintos malbec, a Família Zuccardi não descuidou dos vinhos borbulhantes. A marca Santa Julia, criada em homenagem à única filha de José Zuccardi, o atual diretor da bodega, colabora com cinco rótulos: Alambrado Extra Brut (80% chardonnay e 20% pinot noir), Santa Julia Brut Rosé (100% pinot noir), Santa Julia Extra Brut (40% chardonnay, 45% pinot noir e 15% viognier), Uno Extra Brut (100% chardonnay), e Vida Orgánica Sparkling Chardonnay. As uvas que entram no blend desses espumantes são obtidas em vinhedos regidos por práticas sustentáveis – o conceito por trás das marca Santa Julia. A bodega também elabora o Fuzion Brut 2009 (40% chardonnay, 45% pinot noir e 5% viognier), segundo o método charmat, e o Zuccardi Cuvée Especial Blanc de Blancs 2004 (100% chardonnay), de acordo com o método champenoise. Esse vinho passa por um estágio prolongado em garrafa antes do dégorgement – 58 meses sobre as borras das leveduras. A festa de espumantes é possível graças, por um lado, à imensidão de vinhedos que a bodega possui em Mendoza – são mais de 800 hectares plantados em diferentes zonas (Maipú, Santa Rosa, La Consulta, Vista Flores e Altamira), em altitudes entre 620 e 1100 metros com a Cordilheira dos Andes de pano de fundo. A vinícola, instalada em Maipú, esbanja tecnologia nos tanques de aço inox com temperatura controlada, prensas modernas e cubas 124
de maceração. Isso facilita o trabalho do enólogo Gustavo Martinez, que assina os rótulos Santa Julia e Fuzion, e de Sebastián Zuccardi, responsável pelo cuvée blanc de blancs. Sebastián é o filho mais velho de José Zuccardi e, antes de entrar para o negócio fundado pelo avô, preparou-se direitinho. Formado em agronomia em Cuyo, passou por estágios em Bordeaux, Champagne, Espanha, Itália e Chile. Para os que querem conhecer a bodega in loco, boa notícia: há um programa de enoturismo diversificado que oferece, além de visitas guiadas e provas de vinho, atividades no campo, como colheita e poda. Passeio de balão, de carro antigo e de bike, piquenique, ateliê de cozinha regional e cursos de vinho também podem ser agendados. E sempre vale a pena ficar para o almoço na Casa del Visitante, um restaurante acolhedor que serve desde as tradicionais empanadas ao célebre churrasco argentino – delícias acompanhadas de grandes tintos, brancos e espumantes nacionais e da deslumbrante panorâmica das vinhas. www.familiazuccardi.com Ruta Provincial 33, km 7,5 Fray Luis Beltrán, (5531) | Maipú | Mendoza Tel.: + 54 261 4410000 Importador: Ravin (www.ravin.com.br)
Mumm Seduzida pelo terroir mendocino, esta maison francesa montou uma operação no Cone Sul, em 2003, e começou a produzir espumantes para os países vizinhos Em vinhedos de altitude e solos predominantemente arenosos no Vale de Uco, essa casa obtém as uvas chardonnay e pinot noir que dão origem a espumantes franco-argentinos
Entre os vinhateiros franceses que já se aventuraram em Mendoza está a emblemática maison Mumm, de Champagne. Em vinhedos de altitude e solos predominantemente arenosos, no Vale de Uco, essa casa obtém as uvas chardonnay e pinot noir que dão origem a espumantes franco-argentinos, isso porque os técnicos da matriz acompanham a operação muito de perto. Parte da matériaprima vem de vinhedos próprios e parte é adquirida de viticultores locais, parceiros da empresa. As uvas são transformadas em vinhos borbulhantes na adega situada na cidade de San Rafael e seguem para os países vizinhos. Entre os rótulos que circulam no Brasil, Chile, Uruguai, Paraguai, Peru, Equador e Venezuela estão o Cuvée Reserve Demi Sec, Cuvée Reserve Extra Brut e Cuvée Reserve Brut Rosé – os três são resultado de um blend de chardonnay (70% ) e pinot noir (30%) elaborado conforme o método charmat, com segunda fermentação em tanques de inox. Eles compõem uma linha que tem como foco a boa relação custo-benefício. Em 2007, a empresa preparou uma novidade para celebrar os 180 anos da casa francesa e criou
na América do Sul uma nova linha, desta vez, super-premium: a Mumm Domaine, composta pelo Brut Nature e pelo Extra Brut, ambos resultado de um assemblage de chardonnay (60%) e pinot noir (40%), feito de acordo com o método champenoise. Os dois vinhos passaram 28 meses em contato com as leveduras. A Mumm foi inaugurada em Reims, Champagne, em 1827, pelos irmãos Jacobus, Gottlieb e Phillip Mumm. No início do século 20, era a principal empresa de espumantes da região. Atualmente, possui 218 hectares, grande parte localizada em grands crus – Aÿ, Bouzy, Ambonnay, Verzy, Verzenay, Avize, Cramant e MaillyChampagne – e produz o emblemático Cordon Rouge, seu cartão de visitas. A bodega argentina foi inaugurada em 2003. Desde 2005, pertence ao grupo francês Pernod Ricard. www.mumm.com.ar San Rafael, Mendoza Tel.: + 54 11 4469-8000 Importador: Pernod Ricard 125
Borbulhas ícones
Têtes des Cuvées A vitrine onde as melhores essências estão nos melhores rótulos
Ayala Brut Majeur
Baron de Rothschild Brut
Billecart Salmon Brut Reserve
Billecart Salmon Brut Rosé
Bollinger Special Cuvée
Bollinger La Grande Année Rosé
Canard-Duchêne Charles II Grand Cuvée Blanc de Noirs
Delamotte Brut
Amour de Deutz Blanc de Blancs
Cuvée Willian Deutz Rosé Millesime 1999
Dom Pérignon Vintage 2000
Egly-Ouriet Brut Grand Cru Millesime
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Egly-Ouriet Brut Rosé Grand Cru
Henriot Brut Millesime
Krug Brut Rosé
Krug Clos du Mesnil
Larmandier-Bernier Grand Cru
Louis Roederer Brut Rosé
Louis Roederer Cristal 2004
Moët Chandon Impérial
Mumm Cuvée Reserve Extra Brut
Perrier Jouët 2000 Belle Époque
Pol Roger Brut Reserve
Louise Cuvée 1999 Pommery
Ruinart Blanc de Blancs
Salon Blanc de Blancs Le Mesnil 1996
Taittinger Prestige Rosé
Veuve Clicquot Ponsardin Brut
Veuve Clicquot La Grande Dame Brut 1995
Dopff Au Moulin Crémant d’Alsace Chardonnay Brut 2006
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Borbulhas ícones
Léon Beyer Crémant d’Alsace Brut
Guy Saget Crémant du Loire Comte D’Ormont Blanc de Blancs Brut
Cuvée Bellavista Franciacorta
Ca’del Bosco Franciacorta Cuvée Prestige
Adami Bosco di Gica Brut Prosecco
Carpené Malvolti Cuvée Brut Estero Prosecco
Ecco Prosecco Treviso
Fae Prosecco Le Bottaie
Fasano Prosecco
Prosecco Fontini Brut Valdobbiadene
Gancia Pinot di Pinot Rose Prosecco
Mionetto Valdobbiadene DOC Prosecco
Espumante Riccadonna Asti DOCG
Cava Codorniu Clasico Brut
Cava Gramona Argent
Cava Jané Ventura Brut Nature
Cava Cristalino Brut Vintage
Cava Juvé y Camps Grand Reserva Brut Nature
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Cava Pere Ventura Brut Nature
Cava Marqués de Monistrol Reserva Especial Brut
Espumante Filipa Pato Baga Bical 3b
Espumante Luis Pato Baga Bruto
Espumante Nieto Senetiner Brut Nature
Espumante Alma Negra Tikal Rosado 2007 NT
Espumante Zuccardi Cuvée Especial Blanc de Blancs
Espumante Mumm Cuvée Reserve Extra Brut
Espumante Angheben Brut
Espumante Casa Valduga 130 Brut
Espumante Cave Geisse Brut 2008
Espumante Chandon Excellence Cuvée Prestige
Espumante Lídio Carraro Dádivas Brut
Espumante Miolo Millesime Brut 2008
Espumante Cave Pericó Brut
Espumante Pizzato Brut
Espumante Salton 100 Anos Nature
Espumante Don Giovanni Brut
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Winemakers
Banho de espuma O hall da fama entre flutes de champagne e vinhos borbulhantes
Gerard Jané, da Jané Ventura
Pascal Batot, da Dopff Au Moulin
Luis Pato, da Luis Pato
Michel Jolyot
Stefano Capelli, da Ca’ del Bosco
Michel Jolyot
Richard Geoffroy, da Dom Pérignon
Dr. Giorgio Panciera, da Carpené Malvolti
Flavio Pizzato, da Pizzato
Guy de Rivoire, da Ruinart
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Mariano Fuster, da Juvé Y Camps
M. Jean Baptiste Lécaillon, da Louis Roederer
Frédéric Panaïotis, da Ruinart
Bruno Colomer, da Codorníu
Ernesto Catena, da Tikal
Filipa Pato, da Filipa Pato
Javier Brunet, da Jaume Serra - Cristalino
Bruno Mineur, da Guy Saget
Hervé Deschamps, da Perrier Jouet
Loic Dupont, da Taittinger
Yann, Marc e Léon Beyer, da Léon Beyer
Lídio, Giovanni, Patrícia e Juliano, da Lidio Carraro
Laurent Fedou, da Canard-Duchêne
Laurent Fresnet, da Henriot
Dominique Petit, da Pol Roger
Mario Geisse, da Cave Geisse
Mathieu Kauffmann, da Bollinger
Philippe Mével, da Chandon
Pierre e Sophie Larmandier, da Larmandier-Bernier
Ayrton Luiz Giovannini, da Don Giovanni 131
Winemakers
Alessio del Sávio, da Fae Fasano
Didier Mariotti, da Mumm
Dominique Demarville, da Veuve Clicquot
Irmãos Gancia Família Zuccardi
Frédéric Mairesse, da Barons de Rothschild
Thierry Gasco, da Pommery
Roberto Gonzalez, da Nieto Senetiner
Idalencio Angheben, da Angheben
Lucindo Copat, da Salton
Serge Chapuis
Nicolas Klym, da Ayala
Benoit Gouez, da Moët & Chandon
Armando e Franco Adami, da Adriano Adami
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Didier Depond, da Salon-Delamotte
Olivier Krug, da Krug
Jaume e Xavier Gramona, da Gramona
www.chandon.com.br
CoNsUmA Com estilo, N達o Com exCesso.
Degustação
As vintages do século
Bollinger 1911
Uma vez retirado o muselet (arame de proteção), a rolha não resiste por muito tempo. O arame é recolocado depois que o vinho passar pelo processo de retirada do sedimento que fica depositado no gargalo por vários anos. Mas, contra todas as expectativas, o gás continua presente. Não “borbulhante”, mas com borbulhas minúsculas, subindo perpetuamente. Elas desenham uma roupagem amarela elegante sem sombra de escurecimento. O vinho é maduro sem ser velho, o equilíbrio é perfeito, uma vez que a acidez se faz sempre presente e a oxidação, ausente. Surgem então aromas citronados ligeiramente adocicados com um fundo de avelãs, uma sinfonia suave e longa. Segredos de qualidade: ardor excepcional, uvas maduras com acidez Disponibilidade: nenhuma Apogeu: sem dúvida entre 1925 e 1930 Safras comparáveis... ou quase: 1921, 1928, 1937, 1947, 1953 e 1961 Evolução: quando a rolha não retiver mais o gás, não será mais champanhe.
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Salon 1928
O dourado da roupagem não é marcante, o gás se faz presente e as finas borbulhas não param de animá-lo. No nariz, mais avelãs amanteigadas que amêndoas, completa ausência de madeirização, mas o citronado se arredondou. Usar o adjetivo “adocicado” não é adequado, já que sua nervosidade não o permite. Talvez uma pitada de mel, porém sem o peso que se possa imaginar. Na boca, complexidade e delicadeza nervosa. E que persistência!... Um grandíssimo vinho branco. Segredos de qualidade: verão magnífico e noites frias. Disponibilidade: raríssimo. Apogeu: em torno de 1945. Safra comparável... ou quase: talvez 1996? Evolução: consumir enquanto a rolha conservar o gás.
Philipponat 1975
O Clos des Goisses 1975 parece inalterável. Sua roupagem elegante mal permite imaginar sua idade. Aliás, ele parece mais jovem que o de 1976 ou 1979. A prova da singularidade dessa resistência ao desgaste causado pelo tempo é que a taxa de acidez não é tão elevada. Ora, se o 1975 se mantém visualmente jovem, o nariz e a boca confirmam esta impressão. As borbulhas delicadas contribuem para a expressão de um buquê de frutas secas, enquanto que na boca, um equilíbrio magistral se impõe. Um conjunto amalgamado e harmonioso; uma mineralidade pura e acetinada prolonga a persistência deste champanhe completo e macio, sem nenhuma marca de peso. Segredo de qualidade: maturidade precoce devido à exposição do vinhedo. Disponibilidade: Cerca de cem garrafas Apogeu: 1990. Safras comparáveis... ou quase: 1952, 1985 e1988. Evolução: devia ser consumido antes de 2005.
Dom Pérignon 1985 O Dom Pérignon 1985 tem uma roupagem ouro palha muito clara. O nariz é floral, tendendo para a acácia com uma pitada de hera. Na boca, um ataque vibrante, equilíbrio perfeito, grande persistência e, principalmente, uma delicadeza admirável talvez em detrimento da leveza. A delicadeza é acentuada pela grande juventude deste vinho, vendido a partir de 1992. Segredo de qualidade: uvas selecionadas nos grands crus. Disponibilidade: Às vezes em leilões. Apogeu: 1995. Safras comparáveis... ou quase: 1964, 1971 e 1982. Evolução: devia ser consumido de preferência antes de 2000 a 2005.
Krug 1996
Eis um exemplo dos dados analíticos de dois vinhos que compõem a casta do Krug 1996: Verzy: 10,5 de teor alcoólico – 10,9 g/l (acidez). Ay 11,2 de teor alcoólico – 10,3 g/l (acidez). Somente as safras de 1955 e 1928 mostraram uma relação açúcar/acidez tão extrema. A degustação dos “vinhos claros” – que compõem o champanhe antes da tomada da espuma – confirma os dados analíticos. Vinhos tão vivazes quanto fortes permitem prever um champanhe de grande caráter e longevidade excepcionais. Segredos de qualidade: clima contrastado, riqueza e acidez. Disponibilidade: difícil Apogeu: de 2003 a 2013 Safra comparável... ou quase: 1928 Evolução: lenta. Consumir antes de 2030?
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