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Diretores Claudio Schleder Claudio Schleder Filho

VINÍCOLAS DE CHARME

Itália

Editor e diretor Claudio Schleder Diretor Executivo Claudio Schleder Filho Colaboradores Consultor técnico Breno Raigorodsky Redação Patricia Jota (textos das vinícolas) Breno Raigorodsky (introdução das regiões) Direção de arte RL Markossa Revisão Maria Dolfina Diretora administrativa e financeira Tábata Schleder Impressão e acabamento Ibep Gráfica Vinícolas de Char me • ITÁLIA é uma publicação de INBOOK EDITORA Redação e Administração Rua Jerônimo da Veiga, 428 cj. 82 CEP 04536-001 Tel. (11)3078-7716 São Paulo Brasil www.inbook.com.br © INBook 2012 Todos os direitos reservados ISBN 978-85-64654-01-3 Vinícolas de Char me não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados e anúncios ou mensagens publicitárias desta edição. As pessoas que não constam do expediente não têm autorização para falar em nome de Vinícolas de Char me. É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação sem autorização.

Capa O esplendor da vinícola Argiano, em Montalcino, Siena


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Bicchieri de charme No final de uma tarde de maio, sigo pela marginal rumo a Cumbica. Na sacola o Pocket Wine Book do mestre Hugh Johnson e um guia Gambero Rosso. Depois de editarmos dois livros de vinícolas de charme, chegou a hora da ‘bota’. Desta vez, o que nos espera é mais de uma dezena de vinícolas na Itália, para serem sorvidas em goles no espaço de sete dias pelos rincões do Piemonte, Vêneto e uma pontinha de Toscana... Num calor de 30 graus, desembarcamos em Malpensa. Dou uma rapidinha no quiosque, compro Michelin Itália 2011 e pé na estrada, rumo a Alba, terra do Barolo e das trufas brancas, mas estamos fora de estação. Lá pelas cinco da tarde chegamos ao Relais Villa D’Amelia, no Langhe, entre os Alpes e as colinas de Barolo, vizinho à Alba. É uma casa de fazenda restaurada com uma vista e pôr-do-sol lindo. Banho rápido. O ‘start’ da olimpíada foi dado no coquetel na piscina, biancos e rossos, seguido de jantar no ristorante gastronômico do Relais, conduzido pelo chef Damiano Nigro que tem uma estrela Michelin pendurada no dólmã. Sua cozinha é estritamente ligada ao território, com perfumes do mar da vizinha Ligúria. Damiano é muito simpático e vem até a mesa, contando que já cozinhou com Gualtiero Marchesi e Alain Ducasse. Começou mandando um Vitello Tonnato Classico Piemontese e depois um Coniglio al Forno, harmonizados com vinhos da Renato Ratti – já que Piero Ratti é o dono do hotel. Bebemos seis taças. Dia seguinte, partida às 9h30 da matina para Bussia, entre Castiglione Falleto e Monforte d’Alba, para uma visita a Parusso, já na quarta geração da família produzindo Barolos. Viagem de uma hora. São 11 da manhã e degustamos Barolos diversos (Bussia, Le Coste Mosconi, Mariondino), Barbera d’Alba Ornatti, Dolcetto d’Alba Piani Noce, Langue Nebiolo e Langhe Bianco. Cuspimos 10 taças. “– A boca toda roxa à essa hora Claudio!”, alguém comenta. Seguimos para almoçar perto dali, em Barbaresco, no restaurante Antica Torre. Na sequência, Carpaccio di Vittello Piemontese, Tajarin al ragu, Agnolotti al plin burro e salvia e Coniglio al barbaresco, harmonizados com vinhos Cantina del Pino: Dolcetto d’Alba 2009, Barbaresco 2007, Barbaresco Albesani 2006 e Barbaresco Ovello 2006. Contando a grappa, bebemos 5 taças. Após o almoço, caminhada a pé para pegar um bronze no Piemonte, e partida de volta para Alba, uma hora de estrada para degustação na Renato Ratti, a grande inovadora do Barolo, situada em La Morra. Fomos recebidos pelo capo Piero Ratti que nos proporcionou uma ‘vertical’ de Rocche Marcenasco de safras 2008 até 1999. Foram 5 taças cuspidas e 5 bebidas. Quando acordei já estávamos no hotel. Amanhã vou cuspir todas. De manhã cedo, tipo 9 horas, era sabadão e fomos dar um rolê rápido no centrinho de Alba – e nem sinal das trufas. A rodada olímpica começou na vinícola Braida, com degustação de

Monferrato Bianco, Monferrato Dolcetto, Barbera d’Asti ‘Surì” e Moscato d’Asti perfeitamente harmonizados com Piccola Sfoglia com crema di Formaggi Piemontesi, Girella di Vitela, Ravioli farciti agli Asparagi e Gelatina di Fragole. E eu não iria beber? Com a grappa, 5 taças. Depois deste inolvidável pranzo, a viagem é tipo quatro horas pela autostrada até o Veneto, na zona do Soave, para visita à La Cappuccina e degustação. Começamos pelo Soave Doc 2010, Sauvignon, San Brizio Soave, Arzimo (Garganega), Madego Rosso, Campo Buri (Carmenère e Oseleta) e Carmenos Dolce. 6 taças bebidas, já que ficou combinado que degustação nas refeições não precisam ser cuspidas. Na manhã seguinte, visitamos a Brigaldara, bem perto de Verona, e a degustação ficou para o almoço, na Bottega dei Vini, quase ao lado da casa da ‘Julieta’ e bebemos todas: Il Soave, Valpolicella Classico e Amarones. Um rápido shopping em Verona e partida no fim da tarde para La Montecchia, que fica a quinze quilômetros de Pádua, viagem de duas horas, onde fomos recebidos pelo simpático dono, conde Umberto Emo Capodilista. A ‘tenuta’ é maravilhosa, uma autêntica vinícola de charme à italiana, com seu castelo, na verdade uma antiga casa de caça transformada em museu. Jantamos no clube de golfe do Umberto. Nas 6 taças, Prosecco Superiore Valdobbiadene DOCG, “Godimondo” Cabernet Franc 2009, Primitivo IGT 2009, “Ireneo” Cabernet Sauvignon 2008, “Baon” Rosso IGT 2006 e Fior d’Arancio Spumante Colli Euganei. Todas as taças bebidas. Acordamos cedo, vamos passear em Veneza, deu tempo de tomar um espresso no Caffè Florian e logo pegar um barco para Burano. Chegamos em La Venissa, um minúsculo terroir e restaurante. 3 taças de Jeio e Il Cole cuspidas e 4 bebidas. O barco na volta deu uma leve tontura. De carro, rumo a Treviso com hospedagem e jantar na charmosa pousada Duca di Dolle. Um cantor italiano atendia a pedidos musicais: 3 taças de Ripasso e 3 de Amarone diversos. De manhã, depois de um café campestre alla veneto reforçado, seguimos para a Toscana, que nesta tarde de primavera está mais perfeita que qualquer filme de Hollywood. Fattoria di Vignole, na zona do Chianti Classico é a próxima, somos recebidos pela família Nistri, que opera aqui desde 1865. Provamos o Vignole Chianti Classico 2007 DOCG (85% Sangiovese e 15% Merlot), Vignole Riserva Chianti Classico DOCG e um interessante 100% Sangiovese “Rosato”. São 4 taças cuspidas. Continuamos com os Chianti dos Vignole em jantar na Officina della Bisteca, em Panzano, pertinho de Firenze, para comer a bisteca alla fiorentina do famoso Dario Cecchini, mas acho que exageramos: 6 taças que desceram redondas. Dormimos em Firenze o sono dos degustadores justos. No final da tarde seguinte, voltamos para São Paulo com a frase de Fellini na cabeça: um bom vinho é como um bom filme, dura um instante e deixa na boca um gosto de glória. Claudio Schleder Editor



Sumário

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Ascoli Piceno Teramo Pescara

L´Aquila

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Sinni

Alto Adige, Emilia Romana, Friuli, Lombardia, Veneto, Trenta 88 Tenuta San Leonardo 90 Abbazia Novacella 92 Guerrieri Rizzardi 94 La Montecchia 96 Dal Forno 98 Inama 100 Allegrini 102 Giuseppe Quintarelli 104 La Cappuccina 106 Cesari 108 Tedeschi 110 Tommasi Viticoltori 112 Livio Felluga 114 18

s

Om

Montepulciano Perugia Grosseto umbria Isola d´Elba Terni Corse

Toscana 52 Tenute Silvio Nardi 54 Castello di Montepò 56 Argiano 58 Marchesi de’ Frescobaldi 60 Castello di Ama 62 Biondi Santi – Tenuta Il Greppo 64 Tenuta dell’ Ornellaia 66 Tenuta San Guido 68 Mazzei 70 Marchesi Antinori 72 Fontodi 74 Tua Rita 76 Casa Nova di Neri 78 Fattoria La Massa 80 Carpineta Fontalpino 82 Villa Le Prata 84 Tenuta Valdipiatta 86

ne

Piemonte 28 Angelo Gaja 30 Cantina Del Pino 32 Vietti 34 Bruno Rocca 36 Renato Ratti 38 Pio Cesare 40 Beni di Batasiolo 42 La Spinetta 44 Travaglini 46 Parusso 48 Domenico Clerico 50

friuliveneziagiulia Lago di Sondria Valle Udine Como Piave Trento d´aosta Gorizia veneto Bergamo Gattinara Como Lago di Vicenza Garda Treviso Trieste Novara lombardia Verona Milano Brescia Venezia Oglio Vercelli Pavia Po Cremona Mantova Ad Padova ige Torino Alessandria Piacenza o Parma Ferrara P piemonte Reggio Alba Taro Modena liguria Cuneo nell´Emilia Bologna Ravenna Genova chia emilia-romagna c Savona e S Forlì La Spezia Pistoia Pesaro Lucca Firenze Pisa Arno Ancona Livorno ino Es Siena Arezzo marche e Macerata toscana bron trentino alto adige

Lago Maggiore

Siracusa

Abruzzo, Campania, Lambrusco, Lazio, Puglia, Sicilia, Umbria 116 Tasca d’Almerita 118 Planeta 120 Donnafugata 122 Feudi di San Gregorio 124 Lungarotti 126 Farnese 128 A Mano 130 Villa Simone 132 Gioacchino Garofoli 134 COLEÇÃO DE ESTRELAS 136 PRESTÍGIO EM ALTA

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O Renascimento do vinho italiano

O gosto pelo vinho de Michelangelo refletido em sua obra prima do ano 1497

Paisagem bucólica da Toscana

Ao introduzir a Itália no mundo das vinícolas de charme, o autor é tentado a usar – pela milionésima vez – o termo “Enotria”, que, aos olhos dos atenienses na época em que seu império dominava o mundo civilizado, caracterizava aquela terra peninsular em formato de bota. Enotria, a terra do vinho, onde o líquido se espalha por todo lugar e que tem catalogado mais uvas autóctones do que qualquer outro lugar do mundo. Com esta definição, esperava-se que ela carregasse uma imagem tão positiva quanto a dos vinhos franceses, mas não é bem isso que ocorre, ao menos desde o fim da II Guerra Mundial. Com uma produção parecida com a da França, lidera o mundo dos hectolitros e lidera as exportações de vinho nos cinco continentes. Mas, em parte por culpa deste sucesso, fica para traz no quesito qualidade, porque talvez tenha demorado a perceber que este sucesso lançava



O Renascimento do vinho italiano

seus produtores numa corrida por uma produção sempre maior, quase sempre em detrimento de uma pesquisa, de uma renovação, numa atualização de conhecimentos, num refinamento. A maior de sua produção conhecida no exterior era de vinhos baratos, daqueles que exigem menos cuidados na plantação, na colheita e na vinificação. Seus campeões? Lambruscos, Valpolicellas, Bardolinos, Frascatis, Chiantis de frasco. Vinhos que custavam para o importador não mais do que US$2,00 e para o consumidor não mais do que R$20,00. Com isso, o produto italiano se deixou impregnar por uma imagem negativa de qualidade, principalmente junto ao consumidor que veio se formando nos últimos anos, entre jovens urbanos ascendentes no mercado de trabalho do setor terceário, em países como EUA, Alemanha e Inglaterra e mesmo Brasil, muito distante do consumidor das primeiras gerações de imigrantes, que elegiam o vinho italiano de modo quase sentimental Pôr-do-sol nas videiras em Cuneo, no coração do Piemonte

e simbólico... Como se por ele viajasse para a terra de origem a cada gole tomado!



O Renascimento do vinho italiano

Garrafão vintage das montanhas de Gattinara

Parreiras da uva Sangiovese

Quando queriam mais qualidade, buscavam outras origens, inclusive entre países de muito menos tradição produtiva, como a Austrália e o Chile. Injustiça? Difícil ir contra a voz do povo, por mais que houvesse produtores espalhados pelo país, particularmente no Langhe piemontês, no Vêneto, na Sicilia e na Toscana que só faziam vinhos com muito valor agregado. A Itália demorou mais do que seus concorrentes para perceber a importância de promover seus vinhos de qualidade nos países-destino. Entre nós brasileiros, enquanto Portugal, Espanha, Chile e Argentina, não paravam de fazer eventos que colocassem seus produtos em evidência midiática, os italianos mostravam uma certa soberba de quem não precisa disso, de quem confia na fidelidade do seu consumidor, exceção feita a alguns poucos vinhos como os de Pio Cesari que tinha sua produção integralmente vendida a priori, por conta de sua fama junto a confrarias em países consumidores como Japão e EUA. As coisas só começaram a mudar apenas no inicio dos anos 1990, em particular com as concorridíssimas visitas seguidas de palestras e degustações verticais de Angelo Gaja seja nos EUA, seja na Alemanha, como nos conta Edward Steinberg em seu livro “The vines of San Lorenzo”, traduzido pela Martins Fontes, São Paulo 2007 com o título “A arte de fazer um grande vinho”.



O Renascimento do vinho italiano

A escolha é sua: Enoteca Regional do Barolo em Cuneo

Gaja introduziu o marketing no vinho italiano de qualidade e trouxe com ele uma plêiade de grandes produtores espalhados pelo país, que finalmente tiveram o seu justo reconhecimento. Nos dias de hoje, os supertoscanos, os brunello, os vinhos do Piemonte e de Franciacorta, os grandes do nordeste, os excelentes puglieses e sicilianos, fazem parte obrigatória das grandes adegas. Não há crítico especializado que não tenha dado notas máximas para alguns destes. Não há colecionador que não tenha exemplares, acondicionados em lugares de honra que antes pertenciam apenas aos franceses e uns poucos de outros países. Este livro contém uma mostra destes novos praticantes do hedonismo engarrafado. São produtores cujo denominador comum se resume na procura permanente pela qualidade. Em todos os casos, souberam traduzir em regionalidade os princípios universais que regem o vinho atual, seja quando pensam no vinho de mesa, seja quando constroem vinhos de excelência, seja quando elaboram seus grandiosos vinhos de sobremesa. O livro, como diz o título, se preocupa também com o lado pitoresco de seus componentes, sintetizando com a palavra “charme” beleza na paisagem, historia e tradição, superação de grandes dificuldades naturais, conforto, acolhimento, especialidade. É um livro para se ler de um fôlego, mas para refletir, parte por parte, com uma bela taça de vinho italiano na mão.

Breno Raigorodsky Consultor técnico


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piemonte

Odart avaliou várias uvas entre autóctones como a Barbera e Grignolino e a francesa Pinot Noir, antes de eleger a Nebbiolo para as suas apostas e, baseado na vinificação tradicional da Borgonha transformou o vinho que se fazia doce – pois não havia como dominar os fortes taninos daquela uva senão com uma boa dose de açúcar adicional e diluição em água – num dos mais importantes da modernidade, um dos poucos aceitos pelas cortes que não nasceram na Borgonha, em Bordeaux ou no Rhône. O sucesso foi grande na corte dos Savóias de Turim, epicentro da unificação da Itália, e logo se espalhou tanto pelos salões da Europa como pelos campos do Piemonte, que trataram de imitar a fórmula vinífica do sucesso, mesmo fora da região onde se deu a transformação. De forma concêntrica a partir do burgo de Barolo no centro do Langhe, La Mora, Barbaresco e mesmo províncias bem mais distantes como Gheme e em Gattinara, a técnica de fazer grandes vinhos foi vencedora. Aliás, Langhe quer dizer “Colinas” em piemontês, pois é lá que a planície se afasta do mar e começa a ganhar altura em direção aos Alpes. 28

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A frase acima tem sido repetida à exaustão e é um dos principais cartões de visita do Piemonte, desde que o enólogo francês Louis Odart, em meados do século XIX, analisou as possibilidades de se fazer um grande vinho na região, a convite da Marquesa Giulia Colbert Falleti di Barolo

ps

Piemonte, terra de Barolo, o vinho do rei, o rei dos vinhos

Hoje em dia, no entanto, nem só de vinhos feitos com a Nebbiolo vive o Piemonte. A uva doce e branca como a moscato, responsável por dois grandes campeões mundiais de venda – o Moscato d´Asti e o Asti espumante – são importantes para o negócio e produtores de respeito fazem muitos vinhos com ambas as uvas. E não param por aí – a Barbera e a Dolcetto, responsáveis por vinhos do dia-a-dia do povo, que evidentemente não pode se dar ao luxo de ter à mesa vinhos como o Barolo, andaram melhorando muito sua qualidade e estão entre os mais apreciados do mercado mundial. Fora tudo isso, vale destaque para uma uva da região, a Bonarda, que pegou carona com os imigrantes para a Argentina e se deu tão bem em nosso país vizinho, que é hoje apenas suplantada em quantidade pela Malbec. Evidentemente, a região não se basta com o líquido. De sólido, a gastronomia da região é impagável e não por acaso sedia algumas dos mais importantes centros de gastronomia, como o famoso Movimento Slowfood, em Bra no noroeste do Langhe. Suas trufas brancas, o produto mais caro e raro do universo gastronômico, é apresentada todo fim de outubro numa feira em Alba, que é frequentada por chefs que vem de Osaka, Munique, Nova York, São Paulo e Lyon atrás da iguaria! Seu Gran Bollito Misto, nascido no berço da carne bovina italiana, Carrù, que desde 1473 é palco de uma feira de carnes, tem fãs clubes por vários países, foi a estrela


Final de tarde em Costiglione d’Asti

As melhores trufas brancas vêm de outonos chuvosos de Alba

máxima do mítico Cà D´Oro e continua fazendo sucesso em templos como o Fasano de São Paulo. Além da comida e da bebida, o turismo da região não é fraco não. A capital do Piemonte, Turim, é umas das mais belas, cultas e industriais da Europa. Primeira capital da República da Itália entre 1861 e 1864, sede da FIAT e de tantas indústrias, que elimina no pé dos Alpes, bem pertinho da França. Esta é característica tão importante da região que definiu seu nome, pois Piemonte significa “Ao Pé da Montanha” em dialeto local. Banhada pelo importante rio Pò, responsável pela agricultura do norte do País, pois nasce nos Alpes e atravessa a Itália para desaguar

A personalidade e a elegância do Barolo

no Adriático, a cidade tem um dos mais extensos e concorridos parques florestais da Itália, o Valentino, cheio de gente de todas as idades correndo, passeando e ocupando de mil maneiras seus bem cuidados 550 mil metros quadrados de área. Com o ápice no período barroco, sua arquitetura, sua catedral, alguns de seus palácios, como o Palazzo Reale e seus museus, como o de arte egípcia, são visitados por milhares de turistas todo ano. O turismo da região se estende por todo o noroeste da Itália, tendo, além do Langhe, o incomparável Lago Maggiore como uma das suas mais impressionantes atrações, com suas ilhas transformadas em jardins de uma beleza que não se vê em outro lugar do mundo. Ou seja, vinho de qualidade e charme é o que não falta na região. 29


Piemonte

Angelo Gaja Ele é uma das pessoas responsáveis por revolucionar o estilo dos tintos do Piemonte nos últimos cinquenta anos, dando origem a alguns dos rótulos mais cobiçados do globo

V

anguardista é a melhor palavra para definir a postura desse senhor de cabelos brancos – já passou dos 70 anos de idade –, que aparece em fotografias sempre de terno e em pose de galã. Ninguém diz que já teve que suar para introduzir seus vinhos em restaurantes mundo afora. Hoje, qualquer colecionador que se preze implora por um Gaja – rótulos dos mais cobiçados do planeta. O princípio da epopeia da família no reino dos tintos e brancos foi despretensioso. Em 1859, Giovanni Gaja, bisavô de Angelo, começou a cultivar uvas em Barbaresco e produzir o próprio vinho com o intuito de abastecer a osteria do clã. Logo passou a fornecer para outros restaurantes da vizinhança e, em 1912, o destino já estava traçado – a elaboração de vinhos tornouse o negócio principal. Angelo Gaja nem sempre teve convicção de que esse seria o seu caminho natural. Clotilde Rey exerceu papel determinante na escolha. Em entrevista à revista Adega, Angelo revelou: “Eu tinha 12 anos e minha avó me perguntou o que eu queria fazer da vida. Não respondi. Ela insistiu. Havia muitas coisas para fazer, mas ela me sugeriu: ‘Fique nos negócios da família e será remunerado de três formas: será pago em dinheiro, mas também será pago em esperança (na época não entendi isto) e, por fim, será pago pela glória, pois um pouquinho dela não é 30

ruim. Não perca tempo com outra coisa e conduza os negócios da família’”. Nove anos depois, em 1961, com 21 anos de idade, atendeu ao pedido, mas não de forma passiva. Resolveu imprimir a sua marca, privilegiando vinhedos próprios e pequenas produções. Também foi pioneiro ao conduzir fermentações em tanques de aço inox com controle de temperatura e usar barricas de carvalho de 225 litros, além de testar variedades internacionais, como a cabernet sauvignon, enquanto os produtores piemonteses torciam


Vanguardista é a melhor palavra para definir a postura de Angelo Gaja. Ele foi pioneiro em testar variedades internacionais na Itália, como no tinto Darmagi – que em italiano significa “que desgraça” – resultando num dos grandes cabernet sauvignon do mundo. Mas seu Barbaresco brilha ainda mais

o nariz para invenções desse tipo. Dessa petulância, surgiu o tinto Darmagi, que em italiano significa “que desgraça” – foi o que seu pai teria dito quando soube das experiências do jovem. Fato é que a “desobediência” resultou num dos grandes cabernet sauvignon do mundo. Mas seu Barbaresco ainda brilha mais (a safra 2005 ganhou 94 pontos de Robert Parker). Em Barolo, faz dois outros grandes rótulos: Conteisa e Sperss, cuja safra 2004 alcançou 99 pontos na Wine Spectator. E não contente, bateu asas até a Toscana, em 1994, onde mantém a propriedade Ca’Marcanda, em Bolgheri.

Ali cultiva sangiovese, cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e syrah e elabora três vinhos: Promis, Magari e Ca’marcanda – todos fazem bonito, superando a barreira dos 90 pontos em provas especializadas. www.gajawines.com Via Torino, 36 / 12050 Barbaresco Tel: + 39 017363 5255 Importador: Mistral (www.mistral.com.br) 31


Piemonte

Cantina del Pino É uma vinícola com pedigree. Pertenceu a Domizio Cavazza, conhecido como o pai da apelação Barbaresco, antes de parar nas mãos da família Vacca, que hoje desponta como uma das grandes revelações da região

A

o eleger Barbaresco como lar, Domizio Cavazza, diretor da Escola Real de Enologia, sediada em Alba, acendeu, no final do século 19, a reputação dessa região preterida. Naquela época, era Barolo a menina dos olhos dos homens do vinho e ponto final. Por essa petulância e outras mais, Cavazza está para sempre ligado à origem de um dos tintos mais elogiados do planeta. Em 1894, ele criou a primeira cooperativa local, a Cantine Sociali. Com isso deu personalidade à variedade nebbiolo plantada nesse cantinho do Piemonte. Foi então que os vinhos passaram a ser conhecidos como Barbaresco. Cavazza também produzia tintos em sua fazenda particular, na zona de Langhe, com vista para o rio e a graciosa aldeia. E bastou uma extravagância – ele plantou ali um pinheiro tipicamente mediterrâneo para celebrar o nascimento do primeiro filho – para o lugar ganhar o nome popular de “vinícola do pinheiro” – que hoje é oficial. A família Vacca entrou nessa história após a morte de Cavazza, quando adquiriu a fazenda. Atualmente, a idade média 32

dos vinhedos é de 40 anos, sendo que alguns deles atingem os 70 anos. O cultivo dispensa fertilizantes químicos e é André Vacca, da quarta geração do clã, o enólogo de plantão. Ele conta com a ajuda de pai e mãe, tio e tias, mostrando que o espírito familiar está impregnado nessa pequena propriedade que gera vinhos de primeira classe, como o Barbaresco elaborado com uvas nebbiolo cultivadas em Ovello – a safra 2005 alcançou 95 pontos no Wine Advocate do crítico americano Robert Parker. O Barbaresco Albesani, safra 2005, conseguiu a mesma pontuação. Não é à toa que Renato Vacca vem sendo apontado como um dos mais promissores produtores da nova geração. www.cantinadelpino.com Via Ovello, 31 / 12050 Barbaresco Tel. + 39 0173635147 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)


Domizio Cavazza se estabeleceu em Barbaresco no final do século 19, e iniciou a reputação dessa região preterida. Com isso deu personalidade à variedade nebbiolo plantada nesse cantinho do Piemonte. Foi então ali que estes vinhos passaram a ser conhecidos como Barbaresco

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Piemonte

Vietti Em meados do século 20, esta vinícola tornou-se um dos emblemas do Piemonte. Tudo por causa de um homem que apostou em barolos single vineyard e também na uva branca arneis, fadada à extinção

U

m genro como Alfredo Currado não é qualquer família que tem. Casado com Luciana Vietti, ele assumiu o negócio estabelecido em 1919 pelo pai da mulher, Mario Vietti, mas não ficou por aí. Conseguiu transformar a modesta vinícola num dos emblemas do Piemonte ao vinificar a produção de cada vinhedo separadamente e elaborar barolos single vineyard (Lazzarito, Brunate, Rocche e Villero). Tratava-se de um conceito novo para a época – meados do século 20 –, quando o mais comum era misturar uvas de áreas distintas. Outro de seus feitos foi ter dado a importância merecida à variedade arneis, típica de Roero. Conta-se que ele saia batendo na porta dos vinhateiros vizinhos para pedir

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que lhe vendessem a sua produção de arneis. Surgiu assim um dos brancos mais conhecidos do pedaço e a variedade foi salva da extinção. O Roero Arneis é um entre os 15 vinhos que preenchem o portfólio da Vietti. A família possui 35 hectares de vinhedos espalhados pelas comunas de Castiglione Falletto, Castiglione Tinella, Agliano d’Asti, La Morra, Serralunga d’Alba, além de Barbaresco. Luca Currado, filho de Alfredo e Luciana, é o enólogo que assina as alquimias da casa e, desde 2010, após a morte do pai, também comanda os destinos da Vietti. Com experiência em Bordeaux e na Califórnia, antes de assumir o posto na vinícola familiar, Luca dá origem a alguns dos


O queridinho da Vietti é o Barolo Riserva Villero, engarrafado apenas em safras de qualidade excepcional. É possível visitar a vinícola que, por sinal, tem muita história por trás de suas instalações: parte dela teria sido ocupada pelas tropas de Napoleão Bonaparte

barolos mais cobiçados do mercado, como o Lazzarito, cuja safra 2006 foi classificada com 93 pontos na Wine Spectator; e o Rocche, que conquistou tre bicchieri no Gambero Rosso e 97 pontos no guia de Robert Parker, ambos na safra 2006. O queridinho da vinícola, no entanto, é o Barolo Riserva Villero, engarrafado apenas em safras de qualidade excepcional, e que exibe um rótulo desenhado por um artista de renome, um projeto chamado Vini con Etichette d’Autore. Mas a Vietti também é reconhecida pelas boas compras: o Perbacco Nebbiolo (safra 2006), por exemplo, foi apontado entre os 100 Best Buys de 2010 pela Wine & Spirits, e o Barbera d’Asti Tre Vigne 2008, considerado um Top Value pela Wine Spectator.

É possível visitar essa vinícola que, por sinal, tem muita história por trás de suas instalações: parte dela teria sido ocupada pelas tropas de Napoleão Bonaparte. www.vietti.com Piazza Vittorio Veneto, 5 12060 Castiglione Falletto, Cuneo Tel: + 39 0173 62825 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)

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Piemonte

Bruno Rocca Esta vinícola familiar de pequeníssimo porte – produz apenas 60 mil garrafas – mantém o ar acolhedor e, ao mesmo tempo, está entre os gigantes do Piemonte

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runo Rocca não perdeu tempo e quis pegar carona na revolução dos vinhos italianos. Em 1978 virou do avesso o negócio do pai – que vendia toda a produção de uvas para casas nobres de Barbaresco. A partir de então, passou a fermentar os frutos e engarrafar o vinho com marca própria. Naquela época, o único vinhedo que possuia era o cru Rabajà, em Barbaresco, plantado a partir de 1964 com uvas nebbiolo – a rainha das castas tintas do Piemonte. Até hoje o Barbaresco Rabajà dessa casa é um dos exemplares que constam no olimpo dos rótulos do Piemonte, com uma coleção de tre bicchieri, a nota mais alta conferida pelo renomado guia Gambero Rosso. A safra 2005 também agradou à Wine Spectator, que concedeu 95 pontos ao vinho, e a Robert Parker, que apontou 92 pontos para esse rótulo. Na esteira do Barbaresco Rabajà, Bruno Rocca foi apresentando novos tintos feitos a partir de uvas de vinhedos adquiridos ao longo dos anos ao redor de Barbaresco e também em Treiso, Neive e Vaglio Serra e vinificados numa cantina novinha em folha. Atualmente, possui 15 hectares divididos em sete parcelas – mais da metade é plantada com nebbiolo –, e que são responsáveis por fornecer matéria-prima para a produção de 60 mil garrafas de vinho por ano – algo microscópico num país que é o maior produtor do mundo. A preocupação de Bruno Rocca nunca foi quantidade. Seu foco está no trabalho no vinhedo e nas delicadas etapas de fementação e maturação do vinho em barricas de carvalho francês. Hoje ele é assessorado pelo filho Francesco, tanto na viticultura como na enologia. A dupla é cultuada por rótulos como o Barbaresco Maria Adelaide (um tre bicchieri nas safras 2001, 2004 e 2007 e que presta homenagem à mãe de Bruno, Maria Adelaide) e o Barbaresco Coparossa. O portfólio ainda contempla o Dolceto d’Alba, um Barbera d’Alba e um Barbera d’Asti, além de um Langhe Chardonnay, com fermentação e estágio em barrica. Quem bater à porta dessa vinícola para conhecer seu modo de produção minimalista, provavelmente será atendido por Luisa, filha de Bruno e irmã de Francisco. É que aqui os próprios donos são a cara do negócio. www.brunorocca.it Strada Rabajà 60 12050 Barbaresco, Cuneo Tel: + 39 0173 635112 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)

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O Barbaresco Rabajà da casa Bruno Rocca é um dos vinhos que constam no olimpo dos rótulos do Piemonte, com uma coleção de tre bicchieri, a nota mais alta conferida pelo renomado guia Gambero Rosso. A safra 2005 também agradou à Wine Spectator, que lhe concedeu 95 pontos

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Piemonte

Renato Ratti Ele se inspirou nos crus da Borgonha para inaugurar em Barolo o conceito de single vineyard

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enato Ratti não quis ser veterinário, como o pai, nem médico, como o avô. Decidiu seguir a carreira de enólogo e, logo depois de se formar em Alba, partiu, em 1955, aos 21 anos de idade, para São Paulo, no Brasil. Ao longo de dez anos, trabalhou para a Cinzano, como responsável pela produção de vermouths e espumantes, uma tarefa que incluía viagens frequentes a promissoras regiões vinícolas da Argentina e Chile. Mas foi o conceito de crus – zonas pequenas e muito particulares capazes de conferir às uvas características únicas –, da Borgonha, que o influenciou de maneira drástica e, ao voltar para a Itália, tinha um plano em mente: elaborar vinhos a partir de vinhedos exclusivos.

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As colheitas recentes de Renato Ratti continuam impressionando. O Barolo Marcenasco 2005 ficou em sétimo lugar no ranking Top 100 da revista Wine Spectator 2009, com 96 pontos. A safra 2006 desse rótulo ganhou o título “Vinho de 2010” de outra publicação especializada, a Wine Enthusiast


Foi em busca de um pedaço de terra e descobriu Marcenasco, uma propriedade ancestral de 14 mil metros quadrados, de frente para o mosteiro de L’Annunziata, um obra do século 13, em La Morra. Fez ali, em 1965, seu primeiro barolo, vinificando as uvas nas instalações do antigo mosteiro. As colheitas mais recentes continuam impressionando. O Barolo Marcenasco 2005 ficou em sétimo lugar no ranking Top 100 da revista Wine Spectator 2009, com 96 pontos. A safra 2006 desse rótulo ganhou o título “Vinho de 2010” de outra publicação especializada, a Wine Enthusiast. Conforme adquiria mais terras, surgiam novos vinhos. Em Mango, a partir do vinhedo Colombè, criou, em 1969, o Dolcetto d’Alba Colombè, e em Costigliole d’Asti começou a fazer, em 1982, o Villa Pattono, um blend barbera, cabernet sauvignon e merlot. O nome vem de uma propriedade da família onde sua bisavó produzia um vinho para consumo próprio. Outros dois vinhedos comprados também em La Morra originaram um barolo cada: Conca Marcenasco e Rocche Marcenasco, este último com uvas nebbiolo de parreiras com 50 anos de idade. Mais uma boa ideia de Renato Ratti foi transformar o edifiício do mosteiro num museu dedicado ao vinho de Alba. Há cubas, garrafas e equipamentos de vinificação usados por povos antigos e muitos documentos históricos. Quem, atualmente, gere os destinos da vinícola é Pietro Ratti, filho de Renato, que faleceu em 1988. Também formado em enologia e com o mesmo espírito desbravador do pai, Pietro continuou investindo em vinhedos próprios, dos quais surgiram mais dois rótulos: Barbera d’Alba Torriglione e o sauvignon blanc I Cedri di Villa Pattono Monferrato. E para inaugurar a nova era, ergueu uma adega moderna, em três níveis, o que permite transferir o vinho de uma etapa à outra sem o uso de bombas. O interessante

na Renato Ratti é perceber como o passado e o presente se conjugam na perfeição. Isso pode ser comprovado durante um passeio pela vinícola e o museu, o que convém reservar. www.renatoratti.com Frazione Annunziata, 7 12064 La Morra (CN) Tel + 39 0173-50185 Importadora: Expand (www.adegaexpand.com.br) 39


Piemonte

Pio Cesare Do estágio na Robert Mondavi Winery, Pio Boffa trouxe ideias inovadoras para o negócio estabelecido pelo tataravô, há 130 anos. Hoje é um dos nomes fortes do Piemonte

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cantina situada no centro da comuna de Alba, no Piemonte, nunca parou de funcionar, há 130 anos. Foi fundada por Cesare Pio, um autêntico beliver – ele impôs como meta nada menos do que a elaboração de vinhos de alta qualidade. Para isso, contava com o fornecimento de agricultores das redondezas – Barolo e Barbaresco. O modelo foi seguido pelos descendentes até Pio Boffa, seu tataraneto, assumir o controle da vinícola. Nascido em 1954, Boffa se formou em administração, mas como cresceu vendo o avô, Giuseppe Pio, e o pai¸ Giuseppe Boffa, com as mãos e roupas tingidas de uva todo setembro e outubro; faça chuva, faça sol; não deu outra, tornou-se também um produtor de vinhos. A diferença é que Pio Boffa quis bisbilhotar como trabalhavam as vinícolas de outras fronteiras. Visitou regiões na França, Austrália e Estados Unidos, onde fez um estágio de três meses, em 1972, na Robert Mondavi Winery, no Napa Valley. Na bagagem trouxe ideias diferentes que mudaram o rumo dos negócios. Uma delas foi a aquisição de vinhedos. Na região de Barolo comprou cinco: Ornato e Colombaro (ambos em Serralunga d’Alba), Gustava (em Grinzane Cavour), Roncaglie (em La Morra) e Ravera (em Barolo-Novello). Em Barbaresco, arrematou Il Bricco e San Stefanetto (em Treiso), e também investiu em áreas selecionadas nas comunas de Diano

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d’Alba, Sinio e Trezzo Tinella. Ao todo possui mais de 50 hectares, mas a empresa também continua a comprar uvas de produtores com os quais mantém parceria há muito tempo. Dessa coleção de terrenos nobres surgem dezesseis rótulos, entre os mais cultuados estão o Ornato Barolo (a safra 2005 recebeu 95 pontos na Wine Spectator), o Il Bricco Barbaresco (94 pontos na safra 2004, pela Wine Spectator e Wine Enthusiast) e o Fides Barbera d’Alba. Fides significa fé e o nome do vinho espelha o espírito da família ao replantar um vinhedo de Barolo com a variedade barbera. Foi uma aposta certa. A safra 2006 conquistou 90 pontos no guia I Vini di Veronelli 2009. Pio Boffa também incrementou a cantina, seguindo os novos preceitos da enologia. As paredes do tempo dos romanos continuam intactas, mas atualmente a vinificação tira proveito da força da gravidade para conduzir o mosto para os depósitos de aço inox e madeira. As barricas ficam organizadas numa sala construída a 12 metros de profundidade. www.piocesare.it Via Cesare Balbo,6 / 12051 Alba, Cuneo Tel. + 39 0173 363680 Importadora: Decanter (www.decanter.com.br)


As paredes da cantina do tempo dos romanos continuam intactas, mas atualmente a vinificação tira proveito da força da gravidade para conduzir o mosto para os depósitos de aço inox e madeira. As barricas ficam organizadas numa sala construída a 12 metros de profundidade

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Piemonte

Beni di Batasiolo Um de seus maiores trunfos é a diversidade de vinhedos – são 120 hectares em diferentes zonas do Piemonte, 60% deles preenchidos unicamente de nebbiolo, o que faz dessa vinícola a responsável por 10% de toda a produção de barolos

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um cenário tão fragmentado como é o dos produtores de vinhos, a Beni di Batasiolo desponta como uma espécie de latifúndio. Possui, ao todo, 120 hectares (o equivalente a 120 campos de futebol dos grandes) divididos em nove propriedades nas mais nobres comunas da DOCG Barolo, no Piemonte: Barolo, La Morra, Serralunga d’Alba e Monforte d’Alba. O carro-chefe é a variedade nebbiolo, que ocupa 60% da área cultivada e dá origem aos barolos mais cobiçados da casa: Corda della Briccolina, Boscareto, Bofani e Cerequio (a safra 2006 de cada um desses tintos atingiu,

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na Wine Spectator, 95 pontos, 92 pontos, 93 pontos e 93 pontos, respectivamente). Todos eles são single-cru e levam o nome do vinhedo. O portfólio da Batasiolo, porém, vai muito além disso, possui mais de trinta vinhos, entre tintos, como o Barbera d’Alba Sovrana, o Barbaresco e o Dolcetto d’Alba; brancos, o Roero Arneis e o Gavi del Comune di Gavi Granée são bons exemplos; espumantes e vinhos doces, além de grappas. A vinícola foi fundada em 1978 pela família Dogliani, que adquiriu em La Morra uma antiga cantina chamada Chiola e a


De olho no enoturismo, a Batasiolo inaugurou um resort e spa cinco estrelas em Serralunga d’Alba com 38 quartos de decoração moderna e com vista para as colinas. Seu restaurante La Rei tem uma estrela Michelin e conta com um menu com mais de mil rótulos de vinhos

rebatizou. O nome vem da colina onde está instalada e “beni” se refere às várias propriedades que a rodeiam. As instalações foram renovadas e a empresa é comandada pela quarta geração do clã. Fiorenzo Dogliani, o CEO da Batasiolo, foi um dos primeiros produtores italianos a propagar os tintos barolos nos diferentes continentes e, atualmente, seus rótulos são consumidos em mais de 60 países do globo. O Brasil está há décadas na rota da vinícola, mas hoje é a Ásia um dos mercados alvos. Quantidade não é problema, já que saem da cantina quase 5 milhões de garrafas de vinhos todos os anos. De olho no enoturismo, os Dogliani inauguraram um resort e spa cinco estrelas em Serralunga d’Alba. O Il Boscareto possui 38 quartos de decoração moderna e com vista para as colinas recheadas de vinhedos. O restaurante La Rei, com uma estrela Michelin e sob a batuta do talentoso chef Gianpiero Vivalda, é uma atração a parte. Conta com um menu com mais de mil rótulos de vinhos. No spa há tratamentos de beleza e relaxamento e o hotel ainda organiza visitas às vinícolas da região, aos castelos e museus; trekking e biking e, no verão, a tradicional caça às trufas. www.batasiolo.com Frazione Annunziata, 87 12064 La Morra, Cuneo Tel: + 39 0173 50130 Importador: Max Brands (www.mxbrands.com.br)

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Piemonte

La Spinetta Numa zona onde reinam moscatos leves, esta cantina fugiu à regra, apostando em dois rótulos sérios, single vineyard – os primeiros desse tipo na Itália. Atualmente, seu portfólio é variado, com o melhor entre tintos e brancos que o Piemonte pode oferece – e também a Toscana, pois desde 2001 a La Spinetta mantém uma operação nessa cativante região italiana 44

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casal Giuseppe e Livia Rivetti fundou a cantina La Spinetta, em 1977, no topo de uma montanha na comuna de Castagnole Lanze, uma zona conhecida pelos Moscato d’Asti frutados, docinhos, efervescentes e simples. Em vez de seguir essa mesma receita, quis fazer melhor e apostou em dois moscatos singlevineyard que até hoje são reconhecidos pela incomum complexidade: Bricco Quaglia e Biancospino. Durante oito anos foram esses os embaixadores da família Rivetti, até que em 1985 eles se renderam à produção de um tinto – Barbera d’Asti Cà di Pian – e nunca mais pararam. Na sequência, e até o final do milênio, surgiram outros seis: Pin, um corte barbera e nebbiolo que arrematou tre bicchieri do Gambero Rosso na safra 2006; Barbaresco Gallina, Barbaresco Starderi (um campeão de tre bicchieri – safras 2004, 2005 e 2007), Barbera d’Alba Gallina, Barbaresco Valeirano (tre bicchieri na safra 2004) e Barbera d’Asti Superiore (tre bicchieri na safra 2009). Com os negócios de vento em popa, os irmãos Bruno, Carlo e Giorgio Rivetti (o enólogo da turma), que assumiram o comando da vinícola fundada pelos pais, começaram a flertar com a subregião mais badalada do Piemonte e, em 2000, investiram na compra de 8 hectares de vinhedos em Barolo, na comuna de Grinzane Cavour. Nesse mesmo ano, foram colhidas as uvas que deram origem ao


La Spinetta assina mais de vinte rótulos, sendo uma das vinícolas italianas com a maior coleção de tre bicchieri do Gambero Rosso. Um bom motivo para conhecer onde são feitos estes tintos e brancos. As propriedades tanto no Piemonte como na Toscana recebem visitantes com hora marcada

primeiro Barolo da casa: Campè, que logo na estreia mereceu tre bicchieri e 98 pontos da Wine Spectator. Enquanto consolidavam a operação em Barolo, os Rivetti levaram a La Spinetta até outra região vinícola emblemática. Em 2001, adquiriram 65 hectares em Terricciola, na Toscana, a 35 quilômetros de Pisa, e fizeram questão de apostar em uvas nativas, as tintas sangiovese e colorino e a branca vermentino, com as quais elabora seis vinhos, entre eles o Il Colorino di Casanova, descrito por Robert Parker como “simplesmente excepcional do início ao fim”. Ao todo os Rivetti assinam mais de vinte rótulos, sendo uma das vinícolas italianas com a maior coleção de tre bicchieri do Gambero Rosso: ao todo, soma 36. Um motivo bastante apelativo para conhecer de perto onde são feitos tintos e brancos tão prestigiados. As propriedades da família, tanto no Piemonte como na Toscana recebem visitantes com hora marcada. www.la-spinetta.com Via Annunziata 17 14054 Castagnole Lanze Tel: + 39 0141 877396 Importador: Vinci (www.vinci.com.br) 45


Piemonte A partir de 60 hectares de vinhedos plantados com a variedade nebbiolo em solo de base vulcânica, são elaborados seis vinhos distintos, que vão do complexo Gattinara DOCG, um tinto de guarda, ao mais simples e jovem Cinzia. Sua maturação acontece em barris de carvalho esloveno e francês

Travaglini Esqueça Barolo e Barbaresco. Esta família se instalou na minúscula DOCG Gattinara, vizinha aos Alpes, onde possui cerca de 50% dos vinhedos de toda a região e produz tintos nebbiolo de “tirar o chapéu”

É

motivo de curiosidade a garrafa irregular – em um dos lados a curva é mais avantajada. Quando assumiu os destinos da vinícola familiar, no final dos anos 1950, na montanhosa Gattinara, no extremo norte do Piemonte, Giancarlo Travaglini não só chamou a atenção para uma região “perdida” entre a vizinhança 46

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mais nobre, como introduziu no mercado uma garrafa singular para “enclausurar” seus tintos mais classudos, e que até hoje é usada pela casa. Na hora de servir a bebida, ela é capaz de reter o depósito que se forma com os anos de envelhecimento em cave. Giancarlo pertencia à terceira geração de um clã de produtores de vinhos. O pioneiro foi Clemente Travaglini, que fundou o negócio em 1920. Naquela época, ele não imaginava que seu atrevimento se transformaria no emblema da região, competindo de igual para igual com outros produtores italianos emblemáticos. Hoje, quem zela pelos rótulos Travaglini são três mulheres: Liliana, mulher de Giancarlo, e as filhas Cristina e Cinzia. E tem dado certo. A partir de 60 hectares de vinhedos – o que representa metade de toda a área cultivada de Gattinara –, plantados com a variedade nebbiolo (chamada localmente de spanna) em solo de base vulcânica, são elaborados seis vinhos distintos, que vão do complexo Gattinara DOCG, um tinto de guarda, ao mais simples e jovem Cinzia. Eles são fermentados em tanques de aço inox com controle de temperatura e a maturação acontece em depósitos de carvalho esloveno e francês.

Os Gattinara DOCG, Riserva (que, na safra 2006, recebeu tre bicchieri do Gambero Rosso) e Tre Vigne (outro tre bicchieri na safra 2004) passam, no mínimo, três anos em madeira. O rótulo mais novo do portfólio, o Il Sogno, também tem estágio prolongado em carvalho. Ele é feito de uvas nebbiolo que passam pelo processo de appassimento (desidratação) durante 100 dias antes da fermentação – isso para conseguir um tinto concentrado, complexo e alcoólico, de grande potencial de envelhecimento. É um vinho raro, somente 2,8 mil garrafas são produzidas em cada safra. E, como diz o nome, trata-se de um sonho de Giancarlo Travaglini, que não teve tempo de colocá-lo em prática. Mas a filha Cinzia teve, e fez isso em sua homenagem. www.travaglinigattinara.it Strada delle Vigne, 36 13045, Gattinara, Vercelli Tel: + 39 0163 833588 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br) 47


Piemonte

Parusso Na região do Piemonte, o enólogo e produtor Marco Parusso é conhecido como um modernista. Ele usa barricas novas de carvalho francês em seus Barolos e elabora um sauvignon blanc bastante elogiado

M

arco Parusso mudou o destino da vinícola familiar ao começar a engarrafar o vinho com marca própria em 1985. Ele e a irmã Tiziana pertencem à quarta geração do clã no comando da Parusso, localizada na comuna de Bussia, entre as aldeias Castiglione Falletto e Monforte d’Alba. A propriedade ocupa uma colina emoldurada por um mar de parreiras. Mas a família também possui vinhedos em outras localidades: Ornati, Mosconi, Le Coste, Mariondino e Villero, somando 22 hectares com idade entre 20 e 60 anos. Além da célebre nebbiolo, que dá origem aos elogiados barolos da casa, a Parusso também cultiva barbera, dolcetto e sauvignon blanc. Seu branco sauvignon, por sinal, é uma bela surpresa. 48

Como é habitual, os barolos são a sensação do portfólio, entre eles o Barolo elaborado com uvas de Monforte d’Alba e Castiglione Falletto; o Barolo Bussia, cuja safra 2006 conquistou 95 pontos do crítico Robert Parker; e os feitos a partir de uvas de vinhedos únicos: Bussia Vigna Fiurin (a safra 2000 recebeu 93 pontos da publicação norte-americana Wine Spectator), Vigna Rocche (chegou aos 90 pontos RP e 95 na Wine Spectator na safra 2000), Le Coste Mosconi (que também foi bem avaliado por Robert Parker – 95 pontos na safra 2006) e Mariondino (alcançou 92 pontos RP na safra 2006). A vinícola também elabora outros bons vinhos que revelam a diversidade de estilos que a região tem para oferecer: Barbera d’Alba


Após a colheita, sempre manual, Parusso deixa as uvas “descansarem” por um período de dez dias. O objetivo é fazer com que o engaço seque e seus taninos se tornem maduros. Só então as leveduras naturais começam a transformar açúcar em álcool. Além de modernista, Marco Parusso é um discípulo da natureza

Superiore a partir de videiras de mais de 30 anos, Barbera d’Alba Ornati, Dolcetto d’Alba Piani Noce, Langhe Nebbiolo e o sauvignon blanc Langhe Bianco. O vinho nebbiolo passa, rigorosamente, 24 meses em barricas novas de carvalho francês. Mas esse é apenas um detalhe da receita dos barolos dessa casa. Marco Parusso já foi definido como um obcecado por uvas maduras. Após a colheita, sempre manual, ele deixa as uvas “descansarem” por um período de dez dias – o que pode variar conforme a safra. O objetivo é fazer com que o engaço seque e seus taninos se tornem maduros. Só então as leveduras naturais

começam o seu trabalho de transformar açúcar em álcool. Pelo jeito, além de modernista, Marco Parusso é um discípulo da natureza. www.parusso.com Bussia, 55 12065 Monforte d’Alba Tel: + 39 0173 78257 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)

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Piemonte

Domenico Clerico É um perito em Barolo single-vineyard e um dos produtores mais premiados de toda a Itália. Ao longo de sua história, soma 21 “tre bicchieri”, a nota mais alta concedida pelo guia Gambero Rosso

“D

omenico Clerico, Viticoltore”. É o que aparece nas placas que indicam o caminho até esta “azienda”. Intrigante, pois em vez de se apresentar como mais uma vinícola no panorama de Monforte d’Alba, no coração de Barolo, Domenico Clerico enfoca o seu lado viticultor, deixando explícita a crença:

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somente de videiras muito bem cuidadas é que se conseguem grandes vinhos. É o seu mantra e sua rotina, que consiste num trabalho meticuloso nos vinhedos. Talvez porque tenha herdado do pai, um experiente produtor de uvas, esse dom, além dos 5 hectares cheios de parreiras.


De seus vinhedos em Ginestra, produz o Barolo Ciabot Mentin, tre bicchieri em repetidas safras: 92, 01, 04, 05. Daí tambem se originou outro celebrado Barolo, o Pajana, com uvas obtidas de um vinhedo com parreiras que hoje têm mais de 40 anos, que obteve 95 pontos da Wine Spectator na safra 2004

Quando assumiu o legado familiar, foi em busca de novas vinhas para incrementar o negócio com a produção de tintos de marca própria. “Quero mostrar a todos que sou capaz de fazer grandes vinhos que as pessoas apreciarão porque a terra onde vivemos tem algo de precioso que ainda não sabemos exatamente o que é...”, disse. Em 1977 adquiriu uma pequena parcela de vinhedo em Bussia, de onde saíram as uvas para o seu primeiro Barolo: Bricotto Bussia 1979. Desde o princípio, Clerico focou o projeto em vinhos singlevineyard, que pudessem refletir a verdadeira expressão do território. E os passos seguintes são consequência dessa filosofia. Em 1981 apossou-se de um vinhedo em Ginestra a partir do qual produz o Barolo Ciabot Mentin (tre bicchieri em repetidas safras: 92, 01, 04, 05). Nove anos depois, deu origem a outro celebrado Barolo: Pajana, com uvas obtidas de um vinhedo com parreiras que hoje têm mais de 40 anos (obteve 95 pontos na Wine Spectator na safra 2004); em 1995, a partir de um vinhedo em Mosconi, fez o Barolo Percristina,

de produção minúscula – 5,5 mil garrafas – e também merecedor de tre bicchieri (safras 1999 e 2001). Seus 21 hectares plantados com nebbiolo, barbera e dolceto fornecem a matéria-prima para sete rótulos. Além dos três Barolos, elabora 4,5 mil garrafas do tinto Arte (90% nebbiolo e 10% barbera), considerado um “protagonista da denominação Langhe Rosso” pelo Gambero Rosso. Uma novidade é o Barolo Aeroplanservaj 2006, que Clerico admite ter um nome estranho. Feito com uvas cultivadas em Serralunga, é mais um grande vinho no portfólio dessa casa que já soma, ao longo de sua história, 21 tre bicchieri. Isso faz dela uma das mais premiadas de toda a Itália. www.domenicoclerico.it Manzoni, 67 12065 Monforte d’Alba, Cuneo Tel: +39 0173 78171 Importador: Vinci (www.vinci.com.br) 51


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E a Toscana recuperou a nobreza

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Até pouco tempo atrás as coisas não eram bem vistas assim. Os vinhos da região faziam parte da vala comum dos vinhos italianos de pouca qualidade e não ganhavam destaque nos mercados mais importantes, a não ser por ser exemplos ruins dos vinhos que optavam pela quantidade em oposição à qualidade. Quando tânicos, rascantes, muitas vezes alcoólicos demais, sem sutilezas. Quando não, diluídos demais para se comparar aos grandes vinhos que começavam a se destacar no Novo Mundo, depositários da nova enologia das últimas quatro décadas. O Chianti toscano de garrafa bojuda protegida por uma tela de palha foi a legítima tradução de uma época em que o vinho era visto como simples complemento alimentar. Foi um dos vinhos mais famosos do mundo, a ponto de ser o único estrangeiro a participar da lei francesa que regulamentava o uso das garrafas de vinho no país a partir de 1937. Até hoje é possível identificar pelo formato da garrafa, antes mesmo de ler o rótulo, se determinada garrafa é um produto da Borgonha, de Bordeaux ou de Champanha... Ou de Chianti, por conta da dita regulamentação. O vinho era famoso, tinha lugar garantido na mesa de domingo das famílias dos imigrantes italianos no Novo Mundo. Macarronada não era macarronada se não houvesse um Chianti na mesa! O formato da garrafa mudou, os produtores deixaram de lado aquela identificação, mas continuaram apostando na uva básica daquele vinho, espécie de bandeira vínica regional, a Sangiovese.

A virada de conceitos, no entanto, foi cantada há mais de um século, por ninguém menos que o Barão de Ricasoli, primeiro ministro da República italiana na passagem dos séculos XIX e XX, ao dizer que havia dois chiantis, um com um forte potencial para ser grande como os grandes e outro para ser apenas um simples vinho do dia-a-dia... Com um pouco de Canaioli – tinta menos agressiva e mesmo em Malvasia e Trebiano, uvas para vinho branco, a família penhorada tomava o chianti sem precisar adicionar água ao copo, como se costumava muitas vezes fazer. Veio o Chianti Classico para seguir o Barão, com seu Galo Preto sempre presente numa cinta envolvendo o pescoço da garrafa, simbolizando que há produtores fazendo “Chianti” de verdade na região delimitada entre San Giminiano e Siena, deixando para os produtores de outras redondezas a presença cada vez mais forte das uvas brancas que diluíam a concentração da Sangiovese. A revolução da região propriamente dita foi conhecida a partir de 1970, mas algo subversivo germinava nas terras da Toscana, que seguiam a tendência de procurar nos métodos de produção de Bordeaux os paradigmas para melhorar a qualidade do vinho produzido. Neste processo, ironicamente outros nomes aristocráticos foram seguindo o caminho do Barão de Ricasoli. O Marquese Incisa della Rochetta, cria do nada e sem grandes pretensões, numa região sem qualquer tradição vinícola, perto do mar, em Bolgheri, um vinho que provou na taça ter uma qualidade jamais alcançada fora de Bordeaux,

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Hoje em dia, alguns vinhos toscanos frequentam as principais listas americanas e inglesas, que elegem os melhores vinhos do mundo. As vinícolas que estão neste livro, fazem parte destas listas com grande desenvoltura, e esbanjam qualidade por todas as garrafas

M. Amiata

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Paisagem irretocável de uma colina da Toscana no outono

O centro histórico de Siena é patrimônio cultural da humanidade

o Sassicaia, o primeiro dos grandes vinhos toscanos que não tinham Sangiovese na composição nem o nome Chianti no rótulo. Mas foi o Marquese Piero Antinori, herdeiro de uma tradição de 26 gerações de nobres vinhateiros, proprietário de algumas centenas de hectares no centro da Toscana e produtor de vinhos sérios e respeitados, responsável pela queda do grande castelo de cartas que havia se transformado a denominação Chianti, Classica ou não. Ele conhecia a ousadia do Sassicaia e vinha produzindo as suas cabernet sauvignon e cabernet franc com grande sucesso. Em 1970 decidiu apresentar um vinho de corte, o Tenuta di Tignanello, mantendo a sua orgulhosa Sangiovese misturada, no entanto, de forma totalmente inédita, com as uvas francesas e não com as outras autóctones de regra. Os responsáveis pela denominação Chianti Classico não admitem aquele vinho entre os seus e o classifica de Vino di Tavola, apesar de reconhecer a sua qualidade. Nascia assim um vinho que quebrava as amarras, não apenas dos vinhos toscanos, mas também de todas as outras regiões europeias, influenciando em cascata produtores da Itália inteira, de norte a sul, para depois conquistar outras regiões demarcadas de outros países como Espanha e Portugal. A fórmula de melhorar o vinho local com uvas francesas se consolidaria graças a esta experiência inovadora. A pré-história dos grandes vinhos atuais toscanos estaria incompleta sem um último destaque, vindo de uma região esquecida da Toscana abaixo de Siena, Montalcino, desta vez sem inspiração francesa. O destaque vai para Biondi-Santi, inventor do Brunello di

Steak grelhado ao estilo toscano

Montalcino, um vinho austero de estrutura complexa, um vinho para entendidos, feito sempre a partir de uma uva sangiovese diferente, com a pele mais escura e resistente, a Brunello. Seus vinhos fugiram dos caminhos comuns para trilhar um envelhecimento e afinamento em garrafa, nos moldes dos Barolo do Piemonte ou dos Vega Sicilia de Ribera Del Duero. Mais uma vez, a Toscana dos anos 1980, tornava-se palco das atenções do mundo do vinho! Atualmente, a qualidade é mérito de dezenas de produtores que se espalham pela região, seguindo e muitas vezes aprimorando a técnica criada pelos três mosqueteiros do novo vinho toscano. Vinícolas de muito charme, cercadas de uma paisagem extremamente rica e variada e por legado renascentista que a região cultivou. Vinhos que não perderam sua qualidade gastronômica, muito pelo contrário, ganharam realce! E não podia ser de outra forma, visto que a gastronomia toscana não fica atrás de nenhuma outra, com seus funghi porcini, suas trufas brancas – tão boas ou melhores que as piemontesas – com seus pratos saudáveis regados à base de azeite de oliva e temperados com pouquíssimo alho e sal, com seus frutos do mar que criam o que há de melhor no Mediterrâneo, com seus embutidos temperados com pinolli e erva doce, com sua bisteca bovina famosa no mundo inteiro. Em suma, a fórmula é plena de charme – um ambiente urbano com história e arte inigualável, uma comida incrivelmente diversificada e qualificada, um vinho que atinge patamares extremos. 53


Toscana

Tenute Silvio Nardi Uma das empresas pioneiras na elaboração de Brunello di Montalcino soube incrementar o portfólio com tintos de apelo internacional

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milia Nardi é uma mulher determinada – e com faro certeiro. A mais jovem entre oito irmãos, ela entrou para a equipe da vinícola familiar em 1985, quando a empresa iniciava uma projeto inovador: a seleção de cinco clones sangiovese, entre centenas deles, de acordo com cada tipo de solo e microclima. Desde 1990 Emilia gere os destinos do negócio iniciado pelo pai há mais de sessenta anos. Natural da vizinha Umbria e empresário do comércio de máquinas agrícolas, Silvio Nardi adquiriu a propriedade Casale del Bosco, situada na parte oeste da comuna de Montalcino, em 1950 e, quatro anos depois, colheu as uvas do seu primeiro brunello que seria lançado em 1958. Empolgou-se e adquiriu, em 1962, uma outra propriedade: Tenuta Manachiara. São 40 hectares de vinhedos, hoje com mais de 40 anos de idade, no lado leste de Montalcino, a 375 metros de altitude, que fornecem as uvas para o tinto mais celebrado da casa: Brunelo di Montalcino Vigneto Manachiara DOCG, um cru elaborado desde 1995, mas apenas em anos que

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proporcionam um amadurecimento excepcional dos frutos. A safra 2005 recebeu medalha de prata na International Wine & Spirit Competition 2010. Com a aquisição da Tenuta di Bibbiano, em 1970, a família possui, atualmente, cerca de 80 hectares de vinhedos. Uma das façanhas de Emilia foi replantar boa parte deles em 1997 com base no estudo iniciado em meados da década de 1980. Isso proporcionou à equipe de enologia, encabeçada por Mauro Monicchi, uvas de melhor qualidade para a produção de seis rótulos – além dos dois brunellos, há o Rosso di Montalcino DOC; Merlot Sant’Antimo DOC; Tùran Rosso Sant’Antimo DOC, um blend petit verdot, sangiovese, syrah e colorino; Moscadello di Montalcino DOC, e Vin Santo Val D’Orcia DOC. Uma grapa e um azeite extra-virgem recheiam o


São 40 hectares de vinhedos, hoje com mais de 40 anos de idade em Montalcino, que fornecem as uvas para o tinto mais celebrado da casa, o Brunelo di Montalcino Vigneto Manachiara DOCG, um cru elaborado desde 1995, mas apenas em anos que proporcionam um amadurecimento excepcional dos frutos

portfólio dessa casa que entrou para a história também como uma das fundadoras do prestigiado Consorzio del Vino Brunello di Montalcino, em 1967. A associação reúne produtores interessados em proteger a qualidade do vinho produzido na região. Quem quiser conhecer de perto a história dos Nardi e provar seu brunello e rosso, basta entrar em contato. Há tours feitos sob medida para os turistas mais curiosos. www.tenutenardi.com Casale del Bosco 53024 Montalcino / Siena Tel.: + 39 0577-808269 Importador: Ana Import (www.anaimport.com.br) 55


Toscana

Castello di Montepò É um dos mais recentes empreendimentos do clã Biondi Santi, que desde meados do século 19 vem modernizando os vinho da Toscana

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ada geração deixou sua contribuição ao mundo do vinho. Clemente Santi foi o primeiro a se destacar internacionalmente ao receber um prêmio pelo seu moscadello na Exposição Internacional de Paris, em 1867. Seu neto, Ferruccio Biondi Santi fez uma aposta ousada ao selecionar clones sangiovese grosso e produzir tintos longevos sob a chancela Brunello di Montalcino, enquanto o comum era elaborar vinhos para serem bebidos jovens e gerar dinheiro imediato – no final do século 19, as empresas se recompunham diante da devastação causada pela praga filoxera nos vinhedos europeus. Não por acaso, Ferruccio foi apontado, em 1932, como o criador do Brunello di Montalcino por uma comissão 56

especializada. Tancredi herdou a Tenuta Il Greppo e deu continuidade ao trabalho de seleção clonal iniciado pelo pai, conseguindo batizar o clone sangiovese grosso plantado nas suas terras com o nome da família BBS11 (Brunello Biondi Santi 11). A façanha de Franco Biondi Santi, que assumiu os negócios em 1969, foi multiplicar a área de vinhedos de 4 hectares para os 25 hectares atuais. Hoje o bastão está nas mãos de Jacopo Biondi Santi que, além de zelar pelos rossos e brunellos di Montalcino da Tenuta Il Greppo ao lado do pai, iniciou um empreendimento próprio: Castello di Montepò, que adquiriu do escritor inglês Graham Greene no início dos anos 1990. Os cerca de 50 hectares na região


Jacopo Biondi Santi iniciou um empreendimento próprio: Castello di Montepò, que adquiriu do escritor inglês Graham Greene no início dos anos 1990. Os cerca de 50 hectares na região de Maremma, na Toscana dão origem a quase uma dezena de rótulos, sendo o mais prestigiado deles o Sassoalloro

de Maremma, na Toscana, foram cuidadosamente plantados com base no know-how adquirido pela família. Eles dão origem a quase uma dezena de rótulos, sendo o mais prestigiado deles o Sassoalloro, cuja safra 2007 chegou aos 91 pontos na Wine Spectator e due bicchieri no Gambero Rosso. Jacopo também produz dois supertoscanos: Braccale Rosso Maremma (80% sangiovese BBS11 e 20% merlot) e Schidione (sangiovesse grosso, cabernet sauvignon e merlot), além do cabernet sauvignon Montepaone, dois morellino di scansano, dois sauvignon blanc. Se você tiver sorte, ao visitar a Castello Montepò, poderá ser conduzido em um tour pelo próprio Jacopo Biondi Santi.

www.biondisantimontepo.com 58050 Scansano, Grosseto Tel: + 39 0564 508231 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)

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Toscana

Argiano Com um passado que remonta ao século 16, esta casa de Montalcino renasceu em 1992, quando a Condessa Noemi Marone Cinzano assumiu o comando da vinícola e passou a fazer um Brunello e um Supertoscano inigualáveis

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onta-se que a Argiano ocupa um local sagrado: o altar do Deus romano Jano – aquele com duas faces, uma de olho no passado e a outra, no futuro. Essa vinícola de fato, guarda muita história: a propriedade, com seu casarão imponente rodeado de ciprestes e oliveiras e debruçada sobre um mar de vinhas, foi construída na Renascença por uma nobre família de Siena, os Pecci. Pertenceu a outros condes e marqueses até chegar às mãos, em 1992, da Condessa Noemi Marone Cinzano, que já era familiar do mundo do vinho – seu sobrenome não nega. Noemi estabeleceu um novo caminho para essa casa toscana – pode-se dizer que representa a face de Jano voltada para o futuro. Impôs-se logo o desafio de elaborar um Brunello di Montalcino de elite e, então, chamou para a brigada um enólogo bambambam: o italiano Giacomo Tachis. Instalada em Montalcino, a Argiano espalha-se por 125 hectares, sendo 51 hectares de vinhedos. As parreiras sangiovese, merlot, cabernet sauvignon e syrah são cultivadas para render pouco em quantidade, mas muito em concentração de cor, aromas e sabores. Colhidas manualmente, as uvas seguem para uma instalação moderna, inaugurada em 2000, onde cubas de aço inox cedem espaço para a fermentação do vinho sob a atenção do enólogo Hans Vinding-Diers, que assumiu o lugar de Tachis em 2004. Nascido na 58

África do Sul, mas um verdadeiro cidadão do mundo – descendente de pai dinamarquês, ele cresceu em Bordeaux –, Hans Vinding-Diers hoje faz tintos no Velho e no Novo Mundo (junto com a condessa, elabora os rótulos das Bodegas Noemía, na Patagônia argentina). O vinho termina o seu percurso em barricas francesas e cascos de carvalho esloveno que ocupam caves subterrâneas originais do século 16, onde a temperatura e a umidade mantêm-se constantes. Todos os anos a Argiano coloca no mercado cerca de 350 mil garrafas entre cinco tintos e um rosé. Os mais cobiçados são o Brunello di Montalcino (93 pontos no The Wine Advocate para a safra 2006), o Supertoscano Solengo (92 pontos na Wine Spectator e 93+ no The Wine Advocate para a safra 2008) e o Non Confunditur (a safra 2009 consta no ranking “Top 100 Wines” da Wine Spectator), que foi apontado por Parker como uma ótima compra. www.argiano.net Loc. Argiano Sant’Angelo in Colle 53024 Montalcino (Siena) Tel: + 39 0577 844037 Importador: Vinci (www.vinci.com.br)


Instalada em Montalcino, a Argiano espalha-se por 125 hectares, sendo 51 hectares de vinhedos. As parreiras sangiovese, merlot, cabernet sauvignon e syrah são cultivadas para render pouco em quantidade, mas muito em concentração de cor, aromas e sabores. Os mais cobiçados são o Brunello di Montalcino e o Supertoscano Solengo

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Toscana

Marchesi de’ Frescobaldi A operação gigantesca– são 1200 hectares de vinhedos e 9 milhões de garrafas despejadas todos os anos no mercado – não impede esta família de elaborar na Toscana preciosidades festejadas pelos críticos e connaisseurs

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uem desembarca no aeroporto Fiumicino, em Roma, tem um gostinho do que esta casa é capaz de oferecer. Um quiosque sob a sua chancela possui um incrementado menu de tintos e brancos. A primeira conclusão a que se chega: a família não parou no tempo, apesar dos sete séculos e trinta gerações que acumula na elaboração de vinhos. A segunda: a exportação é uma de suas vocações. No século 14 seus vinhos já eram despachados para os efervescentes mercados inglês e de Flandres. 60

A estratégia tem sido se colocar à frente do seu tempo. Em 1855, por exemplo, os vinhedos em Pomino abrigavam uma coleção de variedades francesas – chardonnay, pinot noir, cabernet sauvignon e merlot –, o que não era comum. As cepas haviam sido introduzidas por Vittorio degli Albizzi, um membro da família que crescera na Borgonha. Mas os vinhos Frescobaldi talvez não tivessem chegado ao novo milênio com tamanho prestígio se não fosse a perspicácia de Vittorio Frescobaldi que, na década de 1960, apostou suas fichas na reestruturação dos vinhedos. As sete propriedades espalham-se por toda a Toscana: Castello di Pomino, em Pomino; Castello di Nipozzano, em Chianti Rufina – ocupa uma fortificação do século 11 e é o destino principal dos turistas –; Tenuta di Castiglione, em Montespertoli; Tenuta di Santa Maria, em Morellino di Scansano, e Tenuta dell’Ammiraglia, em Maremma. Em 1989, a Tenuta di Castel Giocondo, em Montalcino, juntou-se ao patrimônio, e em 2001, Costa di Nugola, no litoral de Livorno, também. Com tanta matéria-prima fornecida pelos 1200 hectares de vinhedos, a produção é gigantesca: 9 milhões de garrafas por ano. Mesmo assim, há preciosidades, como os rótulos Mormoreto, que


Em tempos de globalização, Vittorio Frescobaldi firmou uma parceria com Robert Mondavi, o todo-poderoso do Napa Valley, para produzir em Montalcino, na Tenuta Luce della Vite, tintos ultra-premium. Anos depois, a dupla adquiriu a renomada Tenuta dell’Ornellaia, em Bolgheri

recebeu 92 pontos da Wine Spectator na safra 2005; Chianti Rufina Nipozzano Riserva, cuja safra 2007 foi destacada no Top 100 da Wine Enthusiast; Brunello di Montalcino Castel Giocondo, com 95 pontos do crítico James Suckling na safra 2006; Ammiraglia, considerado 95 pontos por Luca Maroni, e Giramonte, que mereceu 97 pontos da Wine Spectator na safra 2006. Em tempos de globalização, Vittorio Frescobaldi firmou uma parceria com Robert Mondavi, o todo-poderoso do Napa Valley, para produzir em Montalcino, na Tenuta Luce della Vite, tintos ultra-premium. Anos depois, a dupla adquiriu a renomada Tenuta dell’Ornellaia, em Bolgheri. Em 2000, Vittorino expandiu sua ação para além da Toscana, juntando-se à família Attems, em Friulli. Mesmo com tantas empreitadas distintas, os Frescobaldi conseguem primar pela qualidade e é isso o que mais impressiona. www.frescobaldi.it Via Santo Spirito, 11 50125 Firenze Tel: + 39 055 27141 Importador: Ravin (www.ravin.com.br) 61


Toscana

Castello di Ama Na aldeia de Ama, escondidinha na zona de Chianti Classico, esta casa é a sensação não só pelos vinhos colecionáveis, mas também como endereço de arte contemporânea. Peças de artistas renomados decoram os ambientes internos e externos

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a cave fria e rústica de paredes e teto de pedra, as barricas de madeira impecavelmente ordenadas fazem o seu trabalho – aparentemente tranquilo. Quem testemunha essa panoramica não se dá conta que dentro de cada uma delas o vinho passa por transformações cruciais – combinando e descombinando moléculas químicas que darão origem a um tinto mais macio e complexo. Inspirado nessas reações “camufladas”, o artista plástico sul-africano Kendell Geers desenvolveu um painel luminoso que irradia a cor vermelha (como o vinho) e onde se lê NOITULOVER (uma fusão das palavras “revolution”, escrita ao contrário, e “love”, inserida ali no meio). A instalação decora a sala das barricas da Castello di Ama e se tornou a sua própria imagem – é uma das grandes atrações da vinícola onde o que não faltam são tintos de grande classe e obras de arte contemporânea. Desde 2000, os espaços da propriedade são pontuados com peças de artistas badalados, como os russos Ilya e Emilia Kabakov, a espanhola Cristina Iglesias e o francês Daniel Buren, o que confere um diferencial a esse produtor que já conquistou os jornalistas especializados e também os enófilos mais exigentes. Seus vinhos Chianti Classico estão entre as estrelas italianas. O mais “simples”, considerado o cartão de visitas da casa, o Castello di Ama Chianti

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Classico, por exemplo, já mereceu a nota máxima do guia Gambero Rosso em diversas safras (2000, 2001, 2003 e 2005). Os cobiçados “cru”: La Casuccia e Bellavista são apontados, normalmente, como vinhos de colecionador. Embora a sangiovese domine os vinhedos (plantados a cerca de 500 metros de altitude a partir da década de 1960), há espaço para uvas francesas, como a merlot que, aliás, compõe outro rótulo de prestígio: o L’Apparita, que recebeu 94 da Wine Spectator na safra 2007. O carismático e talentoso enólogo Marco Pallantini, que está à frente da vinícola inaugurada em 1972 por quatro famílias de Roma, elabora ainda um branco, um rosé e um Vin Santo como manda a tradição, além de azeites extravirgem. Aqui os visitantes são bemvindos, mas é necessário fazer reserva e os tours acontecem de abril a outubro, de terça a sábado. www.castellodiama.com Località Ama 53013 Gaiole in Chianti, Siena Tel: + 39 0577 746031 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)


Desde 2000, os espaços da propriedade são pontuados com peças de artistas badalados, o que confere um diferencial a esse produtor que já conquistou os jornalistas especializados e também os enófilos mais exigentes. Seus vinhos Chianti Classico estão entre as estrelas italianas

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Toscana

Biondi Santi – Tenuta Il Greppo É daqueles casos em que o sobrenome da família se sobrepõe à propriedade. O ditado “tudo o que ele toca, vira ouro” parece ter sido feito sob medida para os Biondi Santi, basta reparar na coleção de tre bicchieri de seus brunellos

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ma longa estrada escoltada de ciprestes desagua nesta importante propriedade em Montalcino. Dali saem vinhos cobiçados pelos colecionadores. O Brunello di Montalcino safras 1983, 2001, 2003, 2004 e 2006 e também o Brunello di Montalcino Riserva 1995, 1999, 2001 e 2004 despontaram com tre bicchieri no guia Gambero Rosso. O vintage 1955 do Riserva foi, aliás, selecionado pela Wine Spectator como um entre os 12 vinhos de sonho do século 20. E o 1891 (a segunda safra da história desse rótulo que começou a ser elaborado em 1888), classificado com 10 entre 10 pontos pelo Master of Wine inglês Nicolas Belfrage durante uma degustação vertical de 15 Riserva, de 1888 a 1988. Até o mais simples Rosso di Montalcino faz jus à grife, com due bicchieri na safra 2008. Conta-se que Frank Sinatra era um devoto dos tintos da Tenuta Il Greppo. Os Santi são um player que se confunde com a história da região. Originários da comuna de Pienza, além de fazendeiros, sempre se dedicaram à ciência. Isso explica a tendência desta família à inovação e superação. Há quase 150 anos, Clemente Santi mostrou ao mundo a qualidade de seu moscadello 1865. Em 1867 esse branco italiano foi destaque na Exposição Internacional de Paris, lançando

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os Santi no olimpo do mundo do vinho. As gerações seguintes se debruçaram sobre a variedade tinta sangiovese, criando, inclusive, um clone próprio batizado com o sobrenome familiar: o Brunello Biondi Santi BBS11. Outras particularidades da casa são o uso de leveduras naturais e o envelhecimento dos tintos em centenários cascos de madeira eslovena – aqui não entra barrica francesa nem americana. Nos vinhedos, que ocupam 25 hectares, é praticada uma agricultura sustentável, sem uso de produtos químicos. Franco Biondi Santi e seu filho Jacopo, também proprietário da Castello di Montepò, comandam o legado familiar e, nos últimos anos, introduziram uma novidade: o Rosato di Toscana, um rosé elaborado com uvas sangiovese, que se juntou ao total de 80 mil garrafas de vinhos produzidas anualmente pela Tenuta Il Greppo. www.biondisanti.it Villa Greppo 183 53024 Montalcino Tel: + 39 0577 848087 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)


Franco Biondi Santi e seu filho Jacopo, também proprietário da Castello di Montepò, comandam o legado familiar e, nos últimos anos, introduziram uma novidade: o Rosato di Toscana, um rosé elaborado com uvas sangiovese. Conta-se que Frank Sinatra era um devoto dos tintos da Tenuta Il Greppo

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Toscana O Ornellaia Superiore é o vinho mais conhecido da casa, mas o merlot Masseto é o que figura na mira dos colecionadores. Cerca de 30 mil garrafas são produzidas por ano a partir de uvas cultivadas num vinhedo de sete hectares. A safra 2001 alcançou 100 pontos na Wine Spectator e a 2006, 99 pontos no Wine Advocate

Tenuta dell’Ornellaia Mesmo com poucas décadas de história – foi fundada há 31 anos –, esta vinícola faz parte do “dream team” do mundo do vinho. O sobrenome Antinori, por trás do empreendimento, tem tudo a ver com isso

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ido como o playboy da família, já que era seu irmão mais velho, Piero Antinori, quem conduzia os negócios do clã, Lodovico conquistou respeito ao dar um destino grandioso aos 192 hectares doados pela mãe, em 1981. Conta-se que, na época, ele estava em dúvida entre investir na Califórnia ou no patrimônio herdado, situado em Bolgheri, na Toscana, até que o enólogo russo radicado nos Estados Unidos André Tchelistcheff convenceu-o dizendo: “Isto aqui é o Eldorado”. Com vista para o Mar Tirreno, a Tenuta dell’ Ornellaia é dotada de solo que combina elementos vulcânicos, argila, areia e xisto, e recebe influência marítima, o que cria um cenário propício para o cultivo de variedades bordalesas. Foi nisso que Lodovico apostou, plantando 97 hectares com cabernet sauvignon, cabernet franc, merlot e petit verdot. Ele também se rodeou de craques, como o guru francês Michel Rolland, o enólogo húngaro Tibor Gal, e o viticultor neozelandês Danny Schuster. Em 1985 nasceu o 66

Ornellaia Superiore, um tinto que lançou Lodovico ao olimpo dos grandes produtores italianos, ao lado do irmão, Piero, cérebro do Tignanello e do Solaia, e do primo Mario Incisa della Rocchetta, criador do Sassicaia. O blend cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e petit verdot foi considerado, na safra 1998, Wine of the Year pela Wine Spectator. A 2006 recebeu 97 pontos no Wine Advocate e 95 na Wine Spectator. Nessa mesma safra, a empresa lançou o projeto Vendimmia d’Artista – a cada ano, um expoente das artes contemporâneas desenha o rótulo de garrafas de 3, 6 e 9 litros, em edição limitada. Luigi Ontani, Ghada Amer e Rebecca Horn já participaram do projeto. Embora o Ornellaia Superiore seja o vinho mais conhecido da casa, é o merlot Masseto o que figura na mira dos colecionadores.


Cerca de 30 mil garrafas são produzidas por ano a partir de uvas cultivadas num vinhedo de 7 hectares. A safra 2001 alcançou 100 pontos na Wine Spectator. A 2006, 99 pontos no Wine Advocate. Lodovico vendeu a propriedade nos anos 2000 para a família Mondavi, e iniciou um outro projeto com o irmão Piero, a Tenuta di Biserno. Atualmente, a Tenuta dell’Ornellaia pertence ao grupo Marchesi de’ Frescobaldi. www.ornellaia.com Via Bolgherese, 191, Bolgheri 57022 Castagneto Carducci, Livorno Tel: + 39 0565 718242 Importador: Grand Cru (www.grandcru.com.br) 67


Toscana A safra 1968 do rótulo Sassicaia, que significa solo cheio de pedras, foi apresentada ao mercado, chacoalhando a tradição na Toscana, já que se tratava de um tinto 85 por cento cabernet sauvignon e 15 por cento cabernet franc, duas variedades francesas, burlando as regras de denominação de origem controlada

Tenuta San Guido Nesta propriedade, em Bolgheri, surgiu o cultuado tinto Sassicaia, o supertoscano que mudou o destino da viticultura italiana

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os anos 1920, Mario Incisa della Rocchetta já fazia experimentações despretensiosas com variedades bordalesas, na propriedade da família, em Rocchetta Tanaro. Mas não seria ali que suas brincadeiras de viticultor assumiriam proporções ambiciosas. O casamento, em 1930, com Clarice della Gherardesca lhe rendeu a Tenuta San Guido, em Bolgheri, dotada de um solo pedregoso que fez lembrar Graves, em Bordeaux. Não resistiu. Encravou naquele terreno cepas de cabernet sauvignon e começou a fazer vinho para ser consumido apenas pela famíla e amigos. Só que a família contava com o primo Piero Antinori, que não só aprovou o tinto, como emprestou seu enólogo para aperfeiçoá68

lo e incentivou a sua comercialização. A safra 1968 sob o rótulo Sassicaia, que significa solo cheio de pedras, foi apresentada ao mercado, chacoalhando a tradição na Toscana, já que se tratava de um tinto 85% cabernet sauvignon e 15% cabernet franc (duas variedades francesas), burlando as regras de denominação de origem controlada. O Sassicaia representa uma espécie de grito de liberdade e marcou o início da era dos supertoscanos. Depois dele surgiram outros, como Tignanello e Solaia, dos Antinori; Ornellaia, da Tenuta dell’Ornellaia, e L’Aparita, do Castello di Ama. A propriedade também inovou ao montar, em 1960, uma adega dotada de cubas de aço inox e barricas de carvalho francês onde o


Sassicaia estagia por dois anos. Fica em frente à Igreja de San Guido, na Avenida Carducci – uma via escoltada por ciprestes e que liga a vila de Bolgheri ao palácio de San Guido. Em 1994, Bolgheri ganhou o status de DOC, um reconhecimento à qualidade dos vinhos da região. Com a morte de Mario em 1983, seu filho, Nicolò Incisa della Recchetta assumiu a controle dos negócios da família. Ele teve a sorte de comandar a safra 1985, alardeada como uma das melhores da história do Sassicaia. Hoje, a casa produz outros dois tintos – Guidalberto e Le Difese. Nicolò cuida também da fazenda onde são treinados cavalos de raça pura, além da área de 513 hectares de reserva natural, um verdadeiro santuário de fauna e flora nativa.

www.sassicaia.com C.I.T.A.I. spa Loc. Le Capanne 27 / I-57022 Bolgheri Livorno Tel: + 39 0565 762003 Importadora: Ravin (www.ravin.com.br)

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Toscana

Mazzei Uma das grandes referências em Chianti Classico, esta família produz vinhos há 24 gerações. Nas últimas décadas expandiu a operação para Maremma e Sicília, onde vem elaborando rótulos festejados

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s Mazzei são conhecidos como importantes produtores de vinhos italianos desde o século 15, mas também como argilosos estrategistas políticos. Ser Lapo Mazzei (13501412), além de vinhateiro, era o responsável pela contabilidade do governo de Firenze. Outra figura emblemática foi Filippo Mazzei (1730-1816), de ideias libertárias, ficou amigo de Thomas Jefferson. Este lhe fez um pedido: plantar um vinhedo na sua propriedade, em Monticello, Virginia. Filippo recrutou um pequeno grupo de trabalhadores toscanos e realizou o desejo do futuro presidente americano. Por essa e por outras foi condecorado American Patriot. Atualmente, é a 23ª geração da família – Lapo, assessorado pelos dois filhos Filippo e Francesco – que cuida das operações no Castello di Fonterutoli, uma vila medieval no coração de Chianti Classico, pertencente ao clã desde 1435. O trio também gere duas tenutas que adquiriu nas últimas décadas, quando se voltou para outros terroirs nacionais: Belguardo, em Maremma, também na Toscana, e Zisola, no sudeste da Sicília. Em Belguardo possui 70

32 hectares plantados com as variedades sangiovese, cabernet sauvignon, alicante, vermentino, cabernet franc, viognier e syrah e produz cinco vinhos, um deles, Tenuta Belguardo 2007, é considerado due bicchieri pelo guia Gambero Rosso 2011. Na Sicília, 21 hectares de vinhedos abrigam as uvas nero d’avola, syrah, cabernet sauvignon e petit verdot que dão origem a outros dois due bicchieri da casa: Zisola 2008 e Doppiozeta 2007. Mas é no Castello di Fonterutoli que a história dos Mazzei vibra mais forte. A propriedade soma 650 hectares no total, sendo 117 de vinhedos espalhados em quatro zonas. Em 2006 foi inaugurada uma cantina moderna, em três pisos, desenhada


É no Castello di Fonterutoli que a história dos Mazzei vibra mais forte. A propriedade soma 650 hectares no total, sendo 117 de vinhedos espalhados em quatro zonas. Em 2006 foi inaugurada uma cantina moderna, no seu subsolo fica a cave com paredes de rocha, colunas brancas e luz indireta, recheada de 3500 barricas

pela arquiteta Agnese Mazzei, descendente do clã. No subsolo fica a cave com paredes de rocha, colunas brancas e luz indireta, recheada de 3500 barricas. O tinto Castello di Fonterutoli 2007 (85% sangiovese e 15% cabernet sauvignon e merlot), elaborado ali pelo enólgo Luca Biffi, recebeu tre bicchieri, a pontuação mais alta do Gambero Rosso. No burgo antigo, treze casas de pedras com flores na fachada, decoradas com peças que pertenceram aos Mazzei, acolhem quem quiser passar uma temporada no lugar. Há ainda uma osteria que serve pratos toscanos e a Enoteca di Fonterutoli, onde são realizadas visitas guiadas pela propriedade e degustação de vinhos e azeites.

www.mazzei.it Via Puccini 4, Loc. Fonterutoli I-53011 Castellina in Chianti (SI) Tel +39 0577 740076 Importadora: Expand (www.adegaexpand.com.br)

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Toscana

Marchesi Antinori Lá se vão mais de 600 anos desde o primeiro vinho elaborado por um Antinori. Ao longo de 26 gerações o clã nunca parou de incrementar o patrimônio. Resultado: hoje possui duas dezenas de vinícolas espalhadas pela Itália, Hungria, Romênia, Malta, Estados Unidos e Chile

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ssa reputada família de Firenze atuava no comércio de seda e no setor bancário. O vinho, quem diria, era apenas uma brincadeira que começou em 1385. No final do século 19, a brincadeira foi ficando séria e, em 1898, os irmãos Lodovico e Piero oficializam o negócio, criando a Fattoria dei Marchesi L&P Antinori e construindo a cantina em San Casciano. Curiosidade: a cidade de São Paulo era, na época, um dos destinos alvo dos vinhos produzidos ali. No início do século 20, os Antinori já possuíam aquela que se tornaria a propriedade emblemática do clã – a Tenuta Tignanello,

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no coração de Chianti Classico, que atualmente soma 147 hectares de vinhedos. Em 1970, saíram de lá as uvas sangiovese, canaiolo, trebbiano e malvasia para compor o rótulo Riserva Tignanello, o filhote do hoje badalado Tignanello. Em 1975 as uvas brancas foram excluídas do blend – uma novidade para a região – e desde 1982 a composição mantém-se a mesma (80% sangiovese, 15% cabernet sauvignon e 5% cabernet franc). O Tignanello continua sendo o embaixador da casa, com a safra 2007 obtendo 95 pontos do The Wine Advocate de Robert Parker. Mas há um outro tinto que consegue superá-lo no gosto da crítica especializada – o Solaia


O Tignanello continua sendo o embaixador da casa, com a safra 2007 obtendo 95 pontos do The Wine Advocate de Robert Parker. Mas há um outro tinto que consegue superá-lo no gosto da crítica especializada – o Solaia, com 75% cabernet sauvignon, 20% sangiovese e 5% cabernet franc

(75% cabernet sauvignon, 20% sangiovese e 5% cabernet franc), elaborado pela primeira vez em 1978 a partir do vinhedo de mesmo nome, pertencente também à Tenuta Tignanello. A safra 2007 alcançou tre bicchieri no guia Gambero Rosso e 97 pontos no The Wine Advocate. Nas últimas décadas, a Marchesi Antinori, sob a batuta de Piero Antinori (filho de Noccolo e neto de Piero, co-fundador da Fattoria dei Marchesi L&P Antinori) e suas três filhas – Albiera, Allegra e Alessia –, implementou um plano de expansão ambicioso, adquirindo terras em outras zonas italianas: Franciacorta; Maremma (de onde vem o celebrado tinto Guado Al Tasso), Montalcino (onde produz o Brunello di Montalcino Pian Delle Vigne), Montepulciano, Piemonte, Umbria (onde dá origem ao branco Cervaro della Sala) e Puglia. Também comprou vinhedos no exterior e fez parcerias com produtores nos Estados Unidos, Chile, Hungria, Malta e Romênia. O mais extraordinário dessa epopeia é o fato de os Antinori conseguirem manter operações globais sem abalar o núcleo familiar. O QG e residência do clã permanece no mesmo endereço desde 1506 – o Palazzo Antinori, em Firenze, de arquitetura renascentista. Por causa do poderio de seus habitantes a praça onde se localiza passou a se chamar Piazza Antinori.

www.antinori.it Piazza Antinori, 3 50123 Firenze Tel: + 39 055 23595 Importadora: Winebrands (www.winebrands.com.br) 73


Toscana

Fontodi Esta cantina elabora um supertoscano que já conquistou tre bicchieri, a nota máxima do respeitado guia italiano Gambero Rosso, dez vezes. Com isso, fez da zona de Panzano uma das grandes atrações de Chianti Classico

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família Manetti foi, durante três séculos, conhecida pelos belos azulejos que produzia – alguns deles podem ser vistos na decoração da cúpula da Catedral de Florença. Mas atualmente, o sobrenome remete ao mundo dos vinhos, no qual esse clã se aventurou em 1968, ao comprar uma propriedade em Panzano, na zona de Chianti Classico. A Fontodi fica num vale batizado Conca d’Oro (concha de ouro) por causa da sua forma, que mostrou ser mesmo preciosa para a produção da variedade sangiovese. Combina altitude – as parreiras esparramam-se a cerca de 400 metros acima do nível do mar –, muita luminosidade e um microclima quente e seco com uma amplitude térmica invejável. Nos 80 hectares de vinhedos sob a guarda de Giovanni Manetti não entra uma gota de produto químico. Eles são cultivados segundo a cartilha orgânica. A família também se esforça para aproveitar os recursos disponíveis da maneira mais sustentável possível. A filosofia é explícita: “ao respeitar o meio-ambiente, obtém-se vinhos melhores, puros e que são a verdadeira expressão do território”. Parece resultar, pois não faltam tre bicchieri, a nota mais alta do respeitado guia Gambero Rosso, no currículo dessa casa. 74

O rótulo Flaccianello della Pieve (100% sangiovese, com estágio de 18 meses em barricas novas de carvalho francês) recebeu a superpontuação dez vezes, inclusive na última safra, a 2008. A 2007, com 96 pontos de Parker, ainda foi considerada entre os oito melhores vinhos do mundo pela revista norte-americana Wine Spectator. O Chianti Classico Riserva Vigna del Sorbo e o Syrah Case Via são outras duas estrelas do portfólio. A nova cantina, finalizada em 1998, aproveita a força da gravidade para transportar o vinho


A Fontodi fica no vale Conca d’Oro - concha de ouro - que mostrou ser preciosa para a produção da variedade sangiovese. Combina altitude, muita luminosidade e um microclima quente e seco. Nos 80 hectares de vinhedos não entra uma gota de produto químico, sendo rigorosamente cultivados segundo a cartilha orgânica

para cá e para lá sem prejudicar a sua qualidade. A fermentação é conduzida por leveduras indígenas e sob a orientação do reputado enólogo-consultor Franco Bernabei, reconhecido por privilegiar a tipicidade nos tintos e brancos da região. Além de produzir ótimos vinhos e um azeite extra-virgem bastante elogiado, os Manetti também sabem receber. Possuem três propriedades situadas entre os vinhedos, de arquitetura típica em pedra e equipadas com cozinha, lavanderia, lareira, internet, piscina, quadra de tênis, bicicletas...

Uma boa opção para quem pretende experimentar a dolce vita rural na Toscana. www.fontodi.com Via San Leolino, 89 50020 Greve in Chianti, Firenze Tel: + 39 055 852005 Importador: Vinci (www.vinci.com.br) 75


Toscana

Tua Rita Uma propriedade no campo para curtir a aposentadoria produzindo vinho. Era esse o plano despretensioso do casal Virgilio Bisti e Rita Tua. Mas o sonho cresceu já na estreia, quando seus tintos, safra após safra, ultrapassavam os 90 pontos da crítica especializada. Um deles, aliás, atingiu a perfeição duas vezes

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m conjunto de casas que combinam paredes brancas e de pedras, nas redondezas da pequena e medieval Suvereto, na Toscana. É uma propriedade bonita, sem ostentação. Em vez de luxo sua fachada transmite uma atmosfera acolhedora. De longe, ninguém adivinha que dali sai um dos tintos mais cobiçados do planeta: Redigaffi, que desde as primeiras safras chamou a atenção dos enófilos de plantão. O guia italiano Gambero Rosso considerou esse rótulo um tre bicchieri (a nota máxima) em todas as safras de 1996 a 2006. Mas duas em especial fizeram história, a 1997, que recebeu 100 pontos da revista norte-americana Wine Spectator, e a 76

2000, que foi considerada perfeita, na opinião de Robert Parker. O poderoso crítico estampou 100 pontos para o Redigaffi no seu Wine Advocate. São elaboradas cerca de 9.000 garrafas por ano, um volume para poucos. O intrigante é que se trata de um tinto 100% merlot, uma uva francesa. O tempero italiano estaria no terroir e na batuta do renomado enólogo Stefano Chioccioli, o consultor da Tua Rita. A propriedade foi adquirida em 1984 pelo casal Virgilio Bisti e Rita Tua que buscava um cantinho para curtir a aposentadoria. Os dois fizeram uma aposta corajosa: plantaram merlot e cabernet sauvignon. A combinação dessas duas variedades francesas originou o primeiro tinto da casa, Giusto di Notri, na safra 1992. Hoje, eles adicionam uns 10% de cabernet franc, fazendo deste um blend bordalês. Desde o início é um caso de sucesso, batendo os 90 e tantos pontos nas revistas especializadas. A boa performance permitiu à família continuar plantando vinhedos, modernizando a adega e incrementando o portfólio. O syrah é um rótulo que surgiu neste século e sempre recebeu elogios. E para não dizer que a Tua Rita renega as variedades italianas, o Perlato Del Bosco Rosso e o Rossi dei Notri possuem boa dose de sangiovese. A vinícola elabora ainda dois brancos e duas grappas. Virgilio e Rita contam com a ajuda do genro, Stefano Frascolla, que também possui uma vinícola na região, na administração dos negócios. A produção anual não é grande: cerca de 110 mil garrafas que podem ser encontradas em 55 países. www.tuarita.it Notri, 81, Suvereto Livorno / Toscana Tel: + 39 0565 829 237 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)


De longe, ninguém adivinha que dali sai um dos tintos mais cobiçados do planeta: o Redigaffi. O Gambero Rosso deu um tre bicchieri – a nota máxima – em todas as safras de 1996 a 2006. Mas duas fizeram história, a 1997, que recebeu 100 pontos da Wine Spectator, e a 2000, que foi considerada perfeita, na opinião de Robert Parker

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Toscana

Casanova di Neri Ou são os vinhedos privilegiados ou é a mão certeira do proprietário Giacomo Neri – ou tudo isso junto. O certo é que esta vinícola elabora alguns dos brunellos di montalcino mais elogiados da praça. Quem for lá, poderá prová-los ao lado do enólogo

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uando o Brunello di Montalcino Tenuta Nuova 2001 despontou em primeiro lugar no ranking Top 100 da respeitada revista norte-americana Wine Spectator, sendo considerado Wine of The Year em 2006, Giacomo Neri, proprietário e enólogo da Casanova di Neri, viu-se diante de um “problema”. As encomendas não paravam de chegar e ele não tinha vinho suficiente para abastecer a repentina demanda. Tornou-se, de uma hora para outra, um dos maiores chamarizes da Toscana. O segredo desse e dos outros tintos da casa está nos vinhedos privilegiados. São 55 hectares em diferentes zonas: Pietradonice, no sudeste da cidade de Montalcino, tem solo pedregoso; Cetine a sul, fica numa área mais quente, de terreno calcáreo; Cerretalto, a leste, estende-se sobre solo vulcânico e aluvial. Também a leste de Montalcino, Fiesole é rodeado de nogueiras. Giacomo assumiu a empresa em 1991, após a morte do pai, Giovanni, que deu origem à Casanova de Neri em 1971. Sete anos depois surgia seu primeiro brunello. Atualmente a vinícola elabora dois rossos, um cabernet sauvignon – o Pietradonice – e três brunellos, as estrelas do portfólio. O Tenuta Nuova, por 78

exemplo, promete vida longa. Giacomo estima que a cobiçada safra 2001 estará na sua melhor forma em 2015. Outra ótima safra é a 2006, que recebeu 3 bicchieri do Gambero Rosso e 95 pontos da Wine Spectator. O Brunello di Montalcino Cerretalto é um cru elaborado apenas em anos muito bons. Desde 1986 isso aconteceu 13 vezes apenas, e uma das safras mais comentadas é a 2006 que, na opinião do crítico norte-americano James Suckling, merece 100 entre 100 pontos.


O edifício da vinícola aproveita o desnível do terreno e se encaixa perfeitamente na paisagem. Com paredes de pedra e vidro, possui uma galeria subterrânea recheada de barricas. O visitante pode embarcar na visita de 1h30, que inclui degustação dos vinhos tops harmonizados com bruschettas, queijos e azeite extra-virgem

O edifício da vinícola aproveita o desnível do terreno e se encaixa perfeitamente na paisagem. Com paredes de pedra e vidro, possui uma galeria subterrânea recheada de barricas. A Casanova di Neri produz anualmente 225 mil garrafas de vinho, além de azeite extra-virgem e grappas, e mantém as portas abertas aos visitantes. Há um tour gratuito, de 45 minutos, que termina com uma degustação na loja da propriedade. Quem busca informações detalhadas pode embarcar na visita de 1h30, que inclui degustação dos vinhos tops

harmonizados com bruschettas, queijos e azeite extra-virgem. Nesse caso, há um custo pelo programa e é preciso fazer reserva. www.casanovadineri.it Podere Fiesole 53024 Montalcino, Siena Tel: + 39 0577 834455 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br) 79


Toscana

Fattoria La Massa Giampaolo Motta detesta “zona de conforto”. Abdicou do negócio certeiro de produção de couro estabelecido pela família para fazer vinhos na Toscana. Não poderia criar rótulos convencionais. E não criou. Seus tintos revelam um inusitado toque bordalês

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le é o próprio estereótipo do italiano “simpaticozão”. Quando passou pelo Brasil no final de 2011, foi prato cheio para a imprensa pelo jeito franco, sem papas na língua. Baixou a bola da sangiovese e colocou a merlot e a cabernet sauvignon no pedestal. Alguma estranheza quanto ao apelido que ganhou na Toscana: o louco de Nápoles? O mundo do vinho não veio do berço. Esbarrou nele por acaso. Foi durante os tempos de universidade na França, onde estudou química, que começou a gostar de tintos e brancos. De volta à Itália, não ficou muito tempo no negócio bem-sucedido da família, que atuava na produção de couro para a confecção de sapatos. Em 1989, então com 25 anos, decidiu garimpar um novo lar e ocupação na Toscana. Pardiu com a cara e a coragem. Trabalhou como empregado em algumas vinícolas e, em paralelo, percorria a região para encontrar um lugar onde pudesse criar vinhos ao seu “bel-estilo”. Descobriu a La Massa à venda e correu ao banco para solicitar um empréstimo. Seu plano era vender uma parte da fazenda de 58 hectares para pagar uma parcela da dívida. Deu certo. Nos 25 hectares que sobraram à volta do casarão em Panzano plantou sangiovese, a rainha das uvas da Toscana, mas também (e principalmente) merlot, cabernet sauvignon e petit verdot.

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Desde o princípio contou com a ajuda do enólogo-consultor Carlo Ferrini, um nome forte na Itália, e não ligou às regras da denominação de origem Chianti. Tanto é assim que seu vinho de maior prestígio é classificado como IGT (Indicazione Geografica Tipica). O tinto Giorgio Primo, que leva o nome do avô, desde a safra 2007 é feito apenas com uvas francesas (50% Merlot, 40% Cabernet Sauvignon and 10% Petit Verdot). Robert Parker brindou o blend com 94 pontos. Motta não acredita no potencial de envelhecimento da sangiovese e usa essa variedade apenas no seu rótulo de entrada. Mesmo assim, o La Massa (60% sangiovese, 30% merlot e 10% cabernet sauvignon) obteve 91 pontos Parker nas safras 2007 e 2008. Outra petulância de Giampaolo Motta foi inserir um espeto no cultuado Gallo Nero – o galo preto, símbolo maior de Chianti Classico e que aparece nas garrafas dos vinhos nobres da região. Louco ou não, uma coisa é certa: Giampaolo Motta não se rende a protocolos. Fattoria La Massa Via Case Sparse 9 50020 Panzano in Chianti Tel: + 39 055 852722 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)


Uma das loucuras de Giampaolo Motta da La Massa foi inserir um espeto no cultuado Gallo Nero – o galo preto, símbolo maior de Chianti Classico e que aparece nas garrafas dos vinhos nobres da região. Louco ou não, uma coisa é certa: Giampaolo Motta não se rende a protocolos

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Toscana

Carpineta Fontalpino É daquelas vinícolas para ficar de olho. O portfólio é enxuto: seis vinhos ao todo, mas entre eles há alguns dos tintos cults da Toscana

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m outubro de 2008 a Wine Spectator, uma das publicações especializadas mais respeitadas do globo, publicou uma matéria escrita a três mãos por James Suckling, Jo Cooke e Rosanne Quagliata, intitulada “Italian Wineries to Watch”. A Carpineta Fontalpino figurava nessa privilegiada e enxuta lista. “Perseguimos a maior qualidade possível desde o início”, revelou Gioia Cresti para a revista norte-americana. Logo que assumiram a vinícola familiar, em 1990, ela e o irmão Filippo iniciaram um projeto de replantio dos vinhedos. Em 1992, a adega também foi renovada e, além de cubas modernas de aço inox, há depósitos antigos de cimento, que Gioia, a enóloga de plantão, fez questão de manter. As inovações não pararam aí. Em 2000, ela começou a testar clones de sangiovese e petit verdot, uma experiência que deu origem a um dos rótulos italianos mais cobiçados – o Dofana. Na safra 2007 ele alcançou tre bicchieri no guia Gambero Rosso. O portfólio da Carpineta Fontalpino conta com outros cinco tintos, entre eles o Do ut des (sangiovese, merlot e cabernet sauvignon), um supertoscano

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que na safra 2007 obteve 94 pontos da Wine Spectator e, recentemente, na safra 2009, tre bicchieri do Gambero Rosso. O rótulo exibe a imagem delicada de uma rosa. O Fontalpino Chianti Classico e o Fontalpino Chianti Classico Riserva foram considerados due bicchieri na safra 2009 e 2008 respectivamente. Já o tinto Montaperto mostra um blend diferente, que mistura sangiovese, alicante e gamay. Há ainda o Chianti Colli Senesi, que também exibe no rótulo o desenho de uma flor, muito feminino. A propriedade adquirida pela família Cresti na década de 1960 fica na região da Toscana, próximo a Siena, no município de Castelnuovo Berardenga. São 80 hectares ao todo, sendo 23 hectares de vinhedos preenchidos com sangiovese, merlot, cabernet sauvignon, petit verdot, alicante entre outras castas. As vinhas mais antigas chegam a 40 anos de idade, as mais novas têm 5 anos. Nem todas as uvas colhidas transformam-se em vinho. Elas passam por uma triagem minuciosa e apenas 40% da produção acaba sendo engarrafada e comercializada. Ao todo a Carpineta Fontalpino elabora 100 mil garrafas por ano. www.carpinetafontalpino.it Carpineta 1, Montaperti 53019, Castelnuovo Berardenga, Siena Tel: + 39 0577 369219 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)


A propriedade adquirida pela família Cresti na década de 1960 fica na região próxima a Siena. São 80 hectares ao todo, sendo 23 hectares de vinhedos preenchidos com sangiovese, merlot, cabernet sauvignon, petit verdot, alicante entre outras castas. As vinhas mais antigas chegam a 40 anos de idade e as mais novas têm cinco anos

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Toscana

Villa Le Prata Esta charmosa propriedade, que pertenceu a um conde e à Igreja Católica, elabora um rosso e um brunello di montalcino e ainda tem um bed & breakfast à disposição dos visitantes

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edifício todo em pedra, com portas e janelas verdes, foi erguido em 1860 a mando do conde Carlo de Vecchi. O nobre se abrigava nessa propriedade, no meio do campo, a 3 quilômetros de Montalcino, durante a temporada de caça – um de seus hobbies. O casarão também serviu de residência de verão do bispo até ser adquirido pela família Losappio, em 1980. O cirurgião Massimo Losappio, de Florença, tornou-se chefe do Hospital de Montalcino e foi sua mulher, Marialuce Losappio, quem incentivou a produção de vinho na Villa Le Prata. Em 1989 o casal plantou o primeiro hectare de vinhedo. Outros dois hectares preenchidos com sangiovese surgiram em Castelnuovo dell’Abate, em 1997, quando Benedetta Losappio, filha de Massimo e Marialuce, já conduzia os destinos do negócio familiar. Formada em história da arte, Benedetta conta com a consultoria da prestigiada enóloga Gioia Cresti, dona de uma outra vinícola na região – a Carpineta Fontalpino. A produção atinge 24 mil garrafas 84

por ano divididas entre três rótulos. O cartão de visitas é o Brunello di Montalcino, elaborado com uvas colhidas manualmente e fermentadas em cubas de aço inox. Passa por estágio em barricas de carvalho por 22 a 24 meses. A safra 2004 obteve 91 pontos de Robert Parker. O Rosso di Montalcino é um sangiovese mais simples, para ser consumido jovem. As uvas também são fermentadas em tanques de inox, mas o estágio em madeira é menor, cerca de 12 meses. A vinícola também elabora um tinto 100% merlot, o Sant’Antimo DOC, com uvas de um vinhedo plantado em 2000.


Um dos seus diferenciais é o serviço de bed & breakfast – dois ambientes do casarão, decorados com mobiliário de época e com vista para o lindo jardim, para os visitantes que têm a oportunidade de vivenciar a autentica vida no campo, em plena Toscana. A melhor época do ano é no outono, quando se participa da elaboração dos vinhos da casa

Um dos diferenciais dessa propriedade é o serviço de bed & breakfast – dois ambientes do casarão, decorados com mobiliário de época e com vista para o lindo jardim, estão à disposição dos visitantes que têm a oportunidade de vivenciar a autêntica vida no campo, em plena Toscana, numa residência de família. A melhor época do ano para se instalar ali é no outono, quando acontece a colheita e é possível participar da elaboração dos vinhos da casa. Uma experiência divertida e bastante peculiar.

www.villalepratamontalcino.it Le Prata 53024 Montalcino, Siena Tel: + 39 0577 848325 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)

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Toscana

Tenuta Valdipiatta É o projeto de um homem polivalente. Apaixonado por história, literatura e vinho, Giulio Caporali deixou Roma no final da década de 1980 para construir o seu “Shangri-la” em Montepulciano

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uando adquiriu a Tenuta Valdipiatta, propriedade com 30 hectares de vinhedos em plena Toscana, nas colinas entre Montepulciano e Valdichiana, Giulio Caporali tinha um plano ambicioso em mente: elaborar um tinto inigualável. Começou sua obra recheando a cantina encravada na rocha calcária de barricas de carvalho francês e replantando os vinhedos, exceto dois deles que datavam do início dos anos 70: Sanguineto e o cultuado Vigna Alfiero (batizado com o nome do antigo dono da propriedade, Alfiero Carpini). Foi uma atitude sábia. Atualmente, por causa da qualidade imbatível das uvas, este último cru dá origem a um dos rótulos mais emblemáticos da casa: Vino Nobile di Montepulciano Vigna Alfiero, um tinto 100% prugnolo gentile (como é conhecida a sangiovese em Montepulciano) envelhecido em cascos de cavalho francês. Logo na safra 1999 conquistou os tre bicchieri, a nota mais alta do guia italiano Gambero Rosso, e na safra 2001 obteve 93 pontos do norte-americano Robert Parker, que considera os vinhos dessa casa “elegantes”. O Vino Nobile di Montepulciano Riserva (100% sangiovese) e o Trincerone (60% Canaiolo e 40% Merlot) também têm bastante prestígio, e o portfólio contempla ainda outros seis tintos, um branco e um Vin Santo di Montepulciano. São todos concebidos com uvas próprias. 86

A prugnolo gentile (sangiovese) domina 80% dos vinhedos ao lado de outras variedades típicas – canaiolo nero e mammolo – e de vedetes francesas, como cabernet sauvignon, merlot e pinot noir (chamada na Itália de pinot nero). Não admira que o francês Yves Glories, professor na Faculdade de Enologia da Universidade de Bordeaux e que já assessorou os míticos Châteaux Margaux e Haut-Brion, tenha sido consultor dessa vinícola, que hoje é gerida por Miriam Caporali, filha de Giulio – ele tem aproveitado o tempo livre para se dedicar à história e literatura, duas paixões além do vinho. Neste Shangri-la, como Giulio passou a chamar sua tenuta, os visitantes são bem acolhidos. Há vários formatos de tours e cursos com degustação de tintos e brancos, uma loja que vende os vinhos, grappa e azeite da propriedade e ainda uma casa de campo para quem quiser experimentar uma autêntica vida rural. www.valdipiatta.it Via della Ciarliana, 25/A 53045 Montepulciano, Siena Tel: + 39 0578 757930 Importador: Zahil (www.vinhoszahil.com.br)


Neste Shangri-la, como Giulio passou a chamar sua tenuta, os visitantes são bem acolhidos, com vários formatos de tours e cursos com degustação de tintos e brancos, uma loja que vende os vinhos, grappa e azeite da propriedade e ainda uma casa de campo para hospedar

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Trentino-Alto Adige Friuli-Venezia Giulia

Brenner Pass

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Trentino-Alto Adige

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Rovereto

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Cividae del Friuli

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Cervignano del Friuli

Gorizia

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Friuli-Venezia Giulia

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Cortina d´Ampezzo

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Valdobbiadena Bassano del Grappa

Conegliano

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Breganze

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Aquileia

Veneto Na tipicidade do nordeste da Itália, em Verona e nas redondezas, dois gêmeos univitelinos se destacam em popularidade entre os críticos e enófilos do mundo, muitas vezes reverenciados como os melhores vinhos do país – os grandes Amarone e Ricioto, produtos de uma antiga e sofisticada vinificação de origem romana, cuja base vínica é a mesma dos despretensiosos Valpolicella, vinhos de mesa, presentes em todas as cantinas do universo. As mesmas uvas, Corvina, Rondinella e Molinara, que fazem o primo pobre – o Valpolicella – e o primo bastardo – o Bardolino – são responsáveis por estas verdadeiras maravilhas do mundo dos vinhos. O Amarone e o Ricioto são o que são porque passam por um processo único – antes de envelhecer por dois a quatro anos em barrica e afinar em garrafa ao menos um ano, são fruto das

I so

Piav

Alguém pode ter concluído erroneamente que das regiões mais extremas como alto Adige, Trento e Friuli, quando a Itália faz divisa com a Eslovênia e Áustria, que há lugar tão somente para os vinhos brancos. Ledo engano, pois lá em cima, muita coisa tinta de qualidade vem acontecendo, no mesmo nível técnico do que se faz nas regiões italianas mais próximas, a Lombardia e principalmente o Vêneto

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O nordeste da Itália também domina as várias línguas do vinho

Soave Custoza

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veneza

adriatic sea

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Descobrir Veneza é sonhar acordado

Em Soave Classico, se dá bem a cabernet sauvignon, mas a rainha entre as variedades é a garganega

melhores vinhas das três variedades de uvas que o compõe, colhidas manualmente na última hora de tão maduras e, antes de serem maceradas e fermentadas passam por um processo de secagem natural por três meses, ao vento do inverno, o que provoca ainda maior concentração de açúcar e também permite a ação do fungo nobre (brothyris) numa das suas uvas, a Corvina. O resultado para o Ricioto é um vinho de sobremesa inigualável, com álcool que supera os 16 por cento. E para o Amarone é um tinto poderoso, o mais alcoólico de todos os vinhos tradicionais italianos, atingindo 15 por cento de álcool, tendo como contraponto, no entanto, um retrogosto adocicado que lhe dá uma tipicidade única. Por conta do reconhecimento adquirido dos Amarone, alguns produtores melhorararam a qualidade de seus produtos de combate e hoje o nome Valpolicella assina orgulhosos segundos vinhos “Classico Riserva” e “Ripasso”, feitos com melhores uvas, passados em barrica de primeiro uso e segundo, colhidos das plantas de modo manual, muito melhores do que os Valpolicella de antão. O tinto Amarone não reina sozinho por todo o nordeste, apesar de ser o seu vinho mais reconhecido. Muitos grandes vinhos saem da região e são cada vez mais conhecidos e respeitados, tanto entre os de uvas autóctones, como os de uvas internacionais, sem falar de seus brancos tradicionais das regiões transalpinas vizinhas. As uvas Teroldego, Marzemino e Lagrein estão se destacando cada vez mais, ocupando um espaço no cenário dos bons vinhos italianos. O Sfurzat lombardo, um vinho que usa as melhores uvas do noroeste, nebbiolo, e uma espécie de adaptação simplificada do estilo Amarone, ganha lugar por sua parte, sendo reconhecido em vários mercados internacionais como um grande vinho. E antes deles, a região nordeste chamou atenção ao percorrer um caminho parecido com a da Toscana, produzindo vinhos a partir das uvas internacionais, cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot. Destaque também para os vinhos a partir de Pinot Nero, a tradução italiana para o francês Pinot Noir, que encontrou clima e terreno ideais para se comportar como um grande de Borgonha

O “apassimento” das uvas para o vinho Amarone

ou como um grande do Oregon, dependendo da vinificação. Tanta qualidade, como já se vê há décadas na Franciacorta Lombarda, produtora de uvas pinot noir e chardonnay, de qualidade tão forte que seus produtos são sempre confundidos com os de Champagne, quando espumantes, ou da Borgonha, quando tranquilos e maduros. Por este caminho algumas vinícolas do Friuli, Trentino e Alto Adige foram conquistando seus lugares ao sol e puderam pesquisar melhor suas uvas locais. Hoje em dia, portanto, quem olha para o nordeste da Itália não vê apenas os vinhos brancos de grande qualidade como os Soave, os Ribolla, os Traminer, Pinot Grigio e principalmente a Piccolit, que está retomando um lugar entre as principais uvas de sobremesa do mundo, capaz de fazer vinhos tão delicados como se fossem Tokaï e Sauternes! Quem vai para esta região, encontra muito mais do que a pujança de Milão, o charme inesgotável de cidades como Bérgamo, Verona, Padova, Veneza e Trento, e de seus lagos como Iseo, Como e Garda. Merece um destaque a região de Emilia Romagna, que produz alguns dos produtos da agroindústria mais conceituados da Itália, como os queijos Parmigiano e Grana Padano, além do melhor que os embutidos de suíno podem oferecer. Seu vinho mais famoso, o Lambrusco, nem parece este vinho tão barato, docinhoe popular, quando ganha vertentes de grande qualidade, tão distantes que estão dos vinhos comumente desprezados pelos aficionados do vinho. Sua alta gastronomia baseada em vários e deliciosos sabores, com seus risotos pintados com açafrão, com suas polentas brancas, com suas enguias que dão água na boca dos visitantes, com seus salames de fama internacional e outras carnes curadas como o Carpaccio de Veneza, coloca o nordeste em posição de destaque, também quando se considera sua gastronomia. O charme se estende muito além dos fascinantes esportes de inverno e as maravilhosas paisagens montanhosas e brancas. O visitante se surpreende com um cenário pleno de vinícolas modernas e tradicionais, que oferecem excelente acolhida, beleza exótica, conforto e vinhos de primeira linha! 89


Alto Adige

Tenuta San Leonardo Quem se depara com a bucólica paisagem do casarão abraçado por vinhedos não imagina que o lugar foi palco de um passado atribulado. O antigo mosteiro que serviu de quartel-general durante as duas Grandes Guerras é hoje endereço de um dos tintos italianos mais premiados

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sta vinícola tem história para contar: ocupa um antigo mosteiro mandado construir em 1215 pelo bispo de Trento Federico Vanga. E, como era costume, os monges dedicaramse ao cultivo de uvas para a produção de vinho. A Tenuta San Leonardo – nome que se deve a uma capela erguida no local por ex-prisioneiros em agradecimento a sua liberdade – também serviu de quartel-general durante as duas Grandes Guerras, primeiro das tropas italianas e, no segundo conflito, das alemãs. Causos à parte, sua mais recente trajetória é totalmente dedicada ao epicurismo e tem a ver, unicamente, com tintos – grandes tintos. Nas mãos da família Guerrieri Gonzaga desde o século 18, o casarão instalado na setentrional região de Trentino-Alto Adige é um exceção. Num território repleto de uvas autóctones (teroldego, marzemino, schiava...), esta casa cultiva exclusivamente variedades francesas: cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot, que preenchem 25 hectares de vinhedos. O resultado são blends em 90

estilo bordalês, mas com uma personalidade muito própria. Um dos vinhos italianos mais premiados, o San Leonardo combina 60% de cabernet sauvignon, 30% de cabernet franc e 10% de merlot e passa por estágio de 24 meses em carvalho francês. Safra após safra obtém altas notas da crítica especializada – seguidas vezes conquistou os tre bicchieri do guia Gambero Rosso. A safra 2004 foi considerada por Robert Parker a mais interessante que ele já provou desse rótulo e recebeu 93 pontos. Outro tinto que chama atenção é o Villa Gresti com 90% de merlot e 10% de carmenère fermentadas em tanques de cimento. Os palpites certeiros de renomados enólogos têm a ver com


Num território repleto de uvas autóctones como teroldego, marzemino e schiava, esta casa cultiva exclusivamente variedades francesas: cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot, que preenchem 25 hectares de vinhedos. O resultado são blends em estilo bordalês, mas com uma personalidade muito própria

o sucesso desses vinhos. O cultuado Giacomo Tachis, eleito “Man of The Year 2011” pela revista Decanter, foi consultor da Tenuta San Leonardo durante quase vinte anos. Em 2000, Carlo Ferrini, outro nome forte da enologia italiana, assumiu o posto, comandando a vinificação e decidindo os cortes dos tintos. Ao visitar a propriedade, não deixe de conhecer as diferentes caves que guardam uma coleção de barricas e tonéis. Também há uma loja com os produtos elaborados na tenuta, além de um museu que conta a sua secular história por meio de objetos usados na produção de vinhos.

www.sanleonardo.it Borghetto All’Adige Loc. San Leonardo 38060 Avio, Trento Tel: + 39 0464 689004 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)

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Alto Adige

Abbazia Novacella Enquanto a região de Alto Adige, no extremo norte italiano, trocou de mãos inúmeras vezes ao longo da história – pertenceu à Áustria, França e, finalmente, Itália –, este mosteiro é controlado pelos frades agostinianos desde o século 12. E de lá saem alguns dos brancos mais festejados do país

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s ordens religiosas são famosas por terem propagado a cultura da uva e a confecção do vinho pela Europa. Onde havia um mosteiro, era líquido e certo: existia vinha ao redor, pois a bebida era tida como alimento e ingrediente indispensável dos cultos religiosos. Mas poucos vinhedos e adegas que pertenceram a abadias chegaram aos dias de hoje sob o mesmo comando. A Abbazia Novacella é exceção. Fundada em 1142 pelo bisbo de Brixen, na região de Alto Adige, num ponto de instersecção entre duas rotas de cristãos que se dirigiam a Roma ou à Terra Santa, ela está até hoje nas mãos dos monges da Ordem de Santo Agostinho. Nasceu como um local para abrigar os peregrinos, oferecer educação aos jovens e incentivar os trabalhos no campo, entre eles a produção de uvas e vinho. O imponente complexo é um verdadeiro patrimônio arquitetônico que transita por diversos 92

O mosteiro possui mais de mil hectares de floresta onde habitam animais selvagens, 26 hectares de pomares e 25 hectares de vinhedos entre 600 e 900 metros de altitude. No alpino e frio Vale Isarco são cultivadas cepas brancas, como sylvaner, müller-thurgau, kerner, riesling, gewürztraminer e veltliner

estilos: gótico, barroco e rococó. Um de seus ambientes mais impressionantes é a suntuosa biblioteca. O mosteiro possui mais de mil hectares de floresta onde habitam animais selvagens, 26 hectares de pomares e 25 hectares de vinhedos entre 600 e 900 metros de altitude. No alpino e frio Vale Isarco são cultivadas cepas brancas, como sylvaner, müller-thurgau, kerner, riesling, gewürztraminer e veltliner. Com elas o talentoso Celestino Lucin, eleito Enólogo do Ano pelo guia Gambero Rosso 2009, faz alguns dos rótulos mais festejados do país: A. A. Valle Isarco Sylvaner Praepositus, que arrematou a nota mais alta do Gambero Rosso, os tre bicchieri, nas safras 2007 e 2008; e o A. A. Valle Isarco Riesling Praepositus, que também recebeu os tre bicchieri em safras


consecutivas (2006, 2008 e 2009). A Abbazia Novacella, aliás, é uma das vinícolas estrelas do prestigiado guia, no qual acumulou, somando todas as edições, uma coleção de 13 tre bicchieri. As uvas tintas estão plantadas na parte central de Alto Adige, sob um clima menos frio, e são fermentadas em outra vinícola, a Tenuta Marklhof, em Cornaiano, que também pertence aos monges. A visita a esse complexo oferece um mergulho na cultura e história local. É possível percorrer os diferentes edifícios, conhecer os vinhedos e a cantina e ainda provar os sabores típicos, além de levar para casa os produtos elaborados nessa casa e em outros mosteiros. A loja da propriedade vende artigos gourmets de 50 mosteiros europeus.

www.abbazianovacella.it Via Abbazia, 1 39040 Varna, Bolzano Tel: + 39 0472 836189 Importador: Vínica (www.vinica.com.br)

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Vêneto

Guerrieri Rizzardi Duas nobres famílias do Vêneto, ambas com pedigree no reino dos vinhos, juntaram-se para dar origem ao que é hoje um dos nomes mais fortes da região, com tintos e brancos elaborados em quatro zonas DOC Classico: Bardolino, Valpolicella, Soave e Terradeiforti-Valdadige

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as encostas das montanhas que se debruçam sobre o imponente Lago Garda, a Guerrieri Rizzardi cultiva 40 hectares plantados com diferentes variedades de uva: as tintas corvina e corvinone (55%), rondinella, sangiovese, merlot e molinara, e as brancas garganega, marcobona, cortese, moscato bianco e tocai friulano. Esse é um “celeiro” de ouro, o maior segredo por trás dos delicados bardolinos elaborados por esse emblemático produtor do Vêneto, entre eles o Bardolino Tacchetto, um tinto que ostenta due bicchieri no respeitado guia Gambero Rosso, nas safras 2004, 2006 e 2010. Apesar de possuir propriedades em outras três DOCs Classico do Vêneto – Valpolicella, Valdadige e Soave –, a Guerrieri Rizzardi elegeu Bardolino para montar o seu QG. A propriedade pertencia desde 1450 aos condes Guerrieri, que também produziam vinhos na pequena DOC de Valdadige. Os vinhedos e cantinas localizados nessas duas apelações juntaram-se aos da família Rizzardi – desde 1678 donos de terras em Negrar, Valpolicella –, para dar origem a um dos mais emblemáticos empreendimentos vinícolas do Vêneto. Atualmente, o negócio é controlado pelos Rizzardi que, em 1970, expandiram as operações até Soave, com a compra de 15 hectares de vinhedos em Costeggiola, onde cultivam garganega e chardonnay e dão origem ao Soave Classico Costeggiola, merecedor de due bicchieri do Gambero Rosso nas safras 2006, 2007 e 2009. Em Valpolicella Classico a Guerrieri Rizzardi mantém 25 hectares preenchidos com as cepas tintas corvina e corvinone (60%), rondinella, barbera e merlot. Ali nascem dois grandes tintos da casa, ambos single-vineyard: Pojega Ripasso (que conquistou a pontuação máxima do guia Gambero Rosso na safra 2007 e também as cinco estrelas da Decanter na 2004, sendo apontado como um “Best Buy”) e o Amarone Calcarole, feito apenas nos grandes vintages, em volume bastante pequeno, sendo as garrafas numeradas. Sua qualidade é frequentemente reconhecida pela crítica especializada – a safra 2004 obteve as cinco estrelas máximas da Decanter, e as 2003 e 2006, os cobiçados tre bicchieri do Gambero Rosso, que considera todos os vinhos do portfólio dessa casa um exemplo de elegância e tipicidade. www.guerrieri-rizzardi.com Strada Campazzi, 2 37011 Bardolino, Verona Tel: + 39 045 7210028 Importador: Vinci (www.vinci.com.br)

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A qualidade Guerrieri Rizzardi é frequentemente reconhecida pela crítica especializada – a safra 2004 obteve as cinco estrelas máximas da revista Decanter, e as 2003 e 2006, os cobiçados tre bicchieri do Gambero Rosso, que considera todos os vinhos do portfólio dessa casa um exemplo de elegância e tipicidade

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Vêneto

La Montecchia É muito mais do que uma vinícola produtora de bons tintos e brancos. Esta propriedade situada no Veneto destaca-se também como um dos mais originais exemplares da arquitetura renascentista

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o topo de uma colina, o palácio projetado pelo pintor e arquiteto Dario Varotari, no século 16, salta aos olhos. Com jardins geométricos e ambientes decorados com afrescos que remetem a cenas mitologicas, já vale, por si só, a visita. Fica a cerca de 40 quilômetros de Veneza e a 15 quilômetros de Padua, encostado num parque natural – Colli Euganei, um conjunto de colinas de origem vulcânica. A propriedade La Montecchia pertence à família Emo Capodilista desde a inauguração, em 1568. Nesta longa linhagem, o ex-senador Conde Umberto Emo Capodilista, morto em 2010, teve papel de destaque ao renovar os vinhedos e instalações. Os 45 hectares são dominados por variedades tintas: cabernet sauvignon e merlot, plantadas no século 19, além de cabernet franc, carmenère e raboso (uma variedade local). Mas também há lugar para as brancas chardonnay, moscato e pinot bianco. Quem cuida desse patrimônio é o agrônomo Patrizio Gasparinetti, e o enólogo Andrea Boaretti rege a transformação das uvas em vinho. A dupla é responsáel por alguns rótulos celebrados, entre eles: Colli Euganei Cabernet Sauvignon Ireneo Capodilista que, na safra 2008, recebeu tre bicchieri, a nota máxima do guia italiano Gambero Rosso; Colli Euganei Fior d’Arancio

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Passito Donna Daria Capodilista, um vinho de sobremesa; Colli Euganei Merlot; Rosso Ca’Emo; Rosso Villa Capodilista; Godimondo Cabernet Franc, e Progetto Recupero Carmenère. A vinícola produz no total 191 mil garrafas, metade desse volume segue para o mercado externo. Mas é possível provar os vinhos in loco, na loja da propriedade, que também oferece um tour guiado com degustação de seus produtos. Giordano Emo Capodilista, filho do conde Umberto, gere os negócios atualmente. Além da vinícola, a empresa possui um clube de golfe dentro dos limites da La Montecchia, com campos assinados pelo arquiteto britânico Tom Macaulay, e tem três grandes casas de arquitetura regional, decoradas em estilo que mescla o clássico e o rural, para alugar para os visitantes, além de um bed & breakfast que ocupa o castelo. www.lamontecchia.it Via Montecchia, 16 35030 Selvazzano Dentro, Padua Tel: + 39 049 637294 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)


Giordano Emo Capodilista gere os negócios atualmente e além da vinícola há um clube de golfe com campos assinados pelo britânico Tom Macaulay, e tem três grandes casas de arquitetura regional, decoradas em estilo que mescla o clássico e o rural, para alugar para os visitantes, além de um bed & breakfast que ocupa o castelo

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Vêneto

Dal Forno Poucos produtores têm a mesma dedicação ao vinhedo. Romano Dal Forno retira a parte inferior de cada cacho para conseguir um amadurecimento plenos das uvas que entram no seu Amarone, e ainda promove o appassimento das que dã origem ao mais “simples” Valpolicella. Não é à toa que esses dois tintos rivalizam com os melhores de toda a Itália

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vinícola Dal Forno não se parece com qualquer uma. Ostenta um pé direito altíssimo, uma porta robusta e janelas em arco. Tem todo o porte de uma catedral. Quem já a visitou concorda que se adequaria mais à paisagem do Napa Valley do que à da tranquila Val d’Illasi, em Verona. A enigmática sala das barricas, com teto em abóbada coberto de tijolos, luz indireta e chafarizes em estilo clássico, reforça a atmosfera imponente e ancestral.

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Romano Dal Forno também não é um produtor convencional. Seus vinhos concentrados e complexos, no melhor estilo aristocrático que a região pode oferecer, são prova disso. Até o mais “simples” Valpolicella é um tinto de exceção, com 93 pontos na Wine Spectator na safra 2003. Mas os maiores louros vão para o Amarone, que de tão opulento conquistou 95 pontos na safra 2003 e 96 pontos na 2004, segundo a Wine Spectator.


Herdeiro de um negócio que consistia em cultivar uvas para a cooperativa local, Romano quis quebrar a mesmice estabelecida pelo tataravô e produzir vinhos com marca própria. Foi taxado de “maluco”. Mas insistiu na “loucura” com o suporte de ninguém menos do que Giuseppe Quintarelli, o produtor mais respeitado de Valpolicella na época (e ainda hoje), e um dos poucos que apostava em qualidade já na década de 1970. Replantou os vinhedos segundo um modelo que privilegia os baixos rendimentos e a maturação plena das uvas e adotou um trabalho no campo tão minucioso

que uma das podas remove a metade inferior de cada cacho, pois acredita que as uvas da parte superior amadurecem melhor, o que resulta em uma matéria-prima inigualável para o Amarone. Esse vinho emblemático só é elaborado em anos que permitem uma qualidade superior das uvas, do contrário, toda a produção é destinada ao Valpolicella. E mesmo para esse tinto “básico”, ele promove o appassimento de todas as uvas durante um mês, o que não é comum. O Val d’Illasi, que os mais descrentes diziam servir melhor para a produção de milho para polenta, foi transformado num celeiro de vinhos inigualáveis que ajudaram a elevar o status da região e que hoje rivalizam com os melhores de toda a Itália. “Romano Dal Forno representa um ponto de ruptura no panorama de Valpolicella”, afirmou o guia Gambero Rosso. www.dalfornoromano.it Località Lodoletta, 1 37030 Cellore di Illasi, Verona Tel: + 39 045 7834923 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)

Dal Forno replantou os vinhedos para privilegiar os baixos rendimentos e a maturação plena das uvas e adotou um trabalho no campo tão minucioso que uma das podas remove a metade inferior de cada cacho, pois acredita que as uvas da parte superior amadurecem melhor, o que resulta em uma matéria-prima inigualável para o Amarone

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Vêneto

Inama Numa região de onde jorram tintos e brancos banais, Giuseppe Inama quis provar que há espaço para vinhos de qualidade. Elaborou, em Soave, um sauvignon blanc distinto e, nas últimas décadas, vem apostando na uva carmenère

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nquanto o mundo andava dividido entre Aliados e Eixo, o Istituto Agrario di S. Michele all’Adige, em Trentino, onde Giuseppe Inama estudava, deixou de funcionar. Conseguiu o diploma em 1946, aos 20 anos de idade, e logo colocou mãos à obra. Por mais de trinta anos foi funcionário da Anselmi, uma vinícola importante da região de Soave, mas em paralelo ia articulando um negócio próprio. No final da década de 1950, passou a investir em terras em Soave Classico. Começou fazendo experimentos com as uvas brancas pinot bianco, riesling renano, gewürztraminer e pinot grigio, mas não gostou do resultado. Teimou, então, em elaborar um sauvignon blanc e foi até Alto Adige adquirir material para plantar o seu vinhedo. Na década de 1990, com a ajuda do filho Stefano, hoje o comandante dos negócios da família, começou a fermentar essa variedade internacional, mas apenas em 1995 apresentou a sua versão engarrafada ao mercado. Atualmente a Inama possui três sauvignon blanc: Vulcania, fermentado em cubas de aço inox, cuja safra 2008 alcançou 90 pontos no The Wine Advocate; Vulcaia Fumé, que é fermentado em barrica (na safra 96 já despontou com tre bicchieri no Gambero Rosso. A mais recente 2008 tem 5 grappoli no Duemilavini), e o late-harvest Vulcaia Après. 100

Giuseppe não desprezou a rainha entre as variedades locais, a garganega, que chegou a Soave Classico pelas mãos dos romanos. Produz mais três brancos a partir dela: Vin Soave; Vigneti di Foscarino (um tre bicchieri na safra 2008), feito apenas em anos de condições excepcionais e a partir de vinhas velhas, e Vigneto du Lot (outro tre bicchieri em safras consecutivas: 1999, 2000, 2001 e 2005). A atual aposta dos Inama é na variedade tinta carmenère que, segundo Stefano, foi trazida para o Veneto em meados do século 19 por imigrantes que retornaram das vindimas na França. Em Colli Berici, a 15 quilômetros de Soave, a família mantém 30 hectares plantados principalmente com carmenère. É ali que nascem o Carmenère Più (più porque o blend pode conter merlot e raboso veronese), um tinto de 90 pontos no The Wine Advocate (safra 2007), o Oratorio di San Lorenzo, um carmenère produzido apenas em vintages especiais e com as melhores uvas da estação, e o Oracolo, 100% cabernet sauvignon. www.inamaaziendaagricola.it Biacche 50 37047 San Bonifacio, Verona Tel: + 39 0456 104343 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)


A Inama possui três sauvignon blanc: Vulcania, fermentado em cubas de aço inox, cuja safra 2008 alcançou 90 pontos no The Wine Advocate; Vulcaia Fumé, que é fermentado em barrica e na safra 96 já despontou com tre bicchieri no Gambero Rosso, a mais recente 2008 tem 5 grappoli no Duemilavini; e o late-harvest Vulcaia Après

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Vêneto

Allegrini Com uma coleção de vinhedos em Valpolicella Classico e dois palácios majestosos que remontam à Renascença, esta família de produtores de vinho é uma das atrações do Veneto

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esde que assumiram o controle do negócio fundado pelo pai Giovanni Allegrini, em 1983, os irmãos Walter, Franco e Marilisa nunca descansaram. No final da década de 1980, expandiram os vinhedos que abraçam o Palazzo della Torre, uma propriedade dotada de um palácio construído por volta de 1560. Em 1996 plantaram 5 hectares de cabernet sauvignon, merlot e syrah na vizinha cidade de San Pietro in Cariano, onde possuem outra construção histórica, a Villa Giona. Dois anos depois replantaram La Grola – 30 hectares situados na cidade de Sant’Ambrogio. Em 2003, reestruturaram Fieramonte, 10 hectares em Mazzurega, a 400 metros de altitude. Nos últimos anos plantaram 10 hectares de corvina, rondinella e oseleta em San Pietro in Cariano, e compraram mais um endereço secular, a Villa Cavarena, que pertenceu ao poeta Abbot Bartolomeo Lorenzi. Desde 2007 já introduziram ali 13 hectares com corvina veronese, corvinone, rondinella e oseleta. Atualmente o clã possui 120 hectares de vinhedos, o que inclui La Poja, uma pequena área de 2,65 hectares planejada, em 1979, por Giovanni para dar origem a um cru 100% corvina – um dos 102

tintos mais celebrados da casa. Na safra 2004 alcançou 92 pontos no Wine Advocate, mas a 1997 é até hoje a sua melhor performance: 96 pontos na Wine Spectator. Outros rótulos também levam o nome da propriedade de origem: Palazzo della Torre, La Grola e Villa Giona. A família produz ainda um Amarone Classico, que sai safra, entra safra, desponta sempre com tre bicchieri no Gambero Rosso e um vinho doce, o Giovanni Allegrini Recioto della Valpolicella Classico, a partir de uvas desidratadas.


A família Allegrini produz um Amarone Clássico que sai safra, entra safra, desponta sempre com tre bicchieri no Gambero Rosso. Os visitantes são bem-vindos, pois além de tours pelas diferentes propriedades com direito a degustação de vinhos, há aulas de cozinha e outros programas originais

Franco Allegrini é quem se ocupa da enologia; Marilisa Allegrini cuida do marketing, mas seu espírito empreendedor a levou para outras fronteiras: em 2001, fundou a Poggio al Tesoro, em Bolgheri, na Toscana, e em 2006, em parceria com Leonardo Lo Cascio, comprou a San Polo, em Montalcino. Walter Allegrini, o mais velho do trio, faleceu em 2003. Os visitantes são bem-vindos. Além de tours pelas diferentes propriedades com direito a degustação de vinhos, há aulas de cozinha e outros programas originais.

www.allegrini.it Via Giare 9/10 37022 Fumane Valpolicella, Verona Tel: + 39 045 683011 Importador: Grand Cru (www.grandcru.com.br)

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Vêneto

Giuseppe Quintarelli A história do Vêneto pode ser dividida em “Antes e Depois de Giuseppe Quintarelli”. Se houve uma pessoa responsável por colocar os vinhos do nordeste italiano no topo, entre os grandes rótulos do país, foi esse produtor célebre pela obsessão por qualidade. É uma das lendas do mundo do vinho

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uando lhe perguntaram: qual o segredo do sucesso dos vinhos do seu avô? Francisco Grigoli, que costuma fazer as honras da casa, respondeu: “A obsessão contínua por qualidade”. Uma obsessão que extrapola a bebida em si, aparecendo nos rótulos manuscritos e na seleção de rolhas e garrafas. Os tradicionais barris de madeira talhada também indicam o cuidado artesanal desse produtor instalado num casarão no coração de Valpolicella. A produção anual é pequena – 60 mil garrafas apenas. São vinhos feitos com muito capricho, num estilo clássico e inimitável e que chegam ao mercado quando estão prontos para serem apreciados, nunca antes disso – o que hoje em dia é incomum. Nos 12 hectares de vinhedos, as uvas autóctones corvina e corvinone dividem espaço com cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot. Quintarelli é reconhecido como pioneiro no cultivo das castas francesas na região. Elas entram no blend de um dos tintos mais cobiçados do portfólio: o Alzero, que segue o processo do Amarone (elaborado com uvas passificadas) e conquistou 96 pontos no The Wine Advocate na safra 2000. Intensos e complexos os Amarones dessa casa têm uma particularidade: são envelhecidos durante cinco anos ou mais em grandes cascos de cedro esloveno e ostentam uma coleção 104

de tre bicchieri no guia Gambero Rosso. Mas só são produzidos nos anos em que os cachos atingem um estado imaculado de maturação. Se isso não acontece, a colheita dá origem ao Rosso del Bepi (Bepi era o apelido de Giuseppe), que alcançou 93 pontos no The Wine Advocate na safra 2002. Giuseppe Quintarelli faleceu recentemente, em janeiro de 2012, aos 84 anos. Nessa data, até o The New York Times dedicou a ele um elogioso perfil. Quem toma conta do negócio atualmente é a filha Fiorenza, seu marido Giampaolo Grigoli e os filhos do casal: Francesco e Lorenzo, que pretendem dar continuidade ao trabalho e à filosofia do patriarca. Quintarelli nunca cedeu ao gosto do mercado e sempre elaborou vinhos nos quais acreditava.“Eu sigo as minhas regras e não a moda”, dizia. Sua vinícola não possui sequer site – nem há placas nas estradas do Vêneto indicando o caminho. Não precisa. De tão afamada, todo o enófilo que se preze sabe quem é e onde fica. E quem não sabe, basta perguntar. Via Cerè, 1 37024 Negrar, Verona Tel: + 39 045 7500016 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)


A produção anual é pequena – 60 mil garrafas apenas. São vinhos feitos com muito capricho, num estilo clássico e inimitável e que chegam ao mercado quando estão prontos para serem apreciados, nunca antes disso – o que hoje em dia é incomum. Quintarelli é reconhecido como pioneiro no cultivo das castas francesas na região

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Vêneto Desde 1985, os 37 hectares de vinhedos são cultivados segundo a agricultura orgânica. A partir deles chegam uvas livres de substâncias químicas para a elaboração de 300 mil garrafas de vinhos por ano. O portfólio dessa casa engloba oito rótulos diferentes, entre quatro brancos, dois tintos e dois vinhos de sobremesa

La Cappuccina Quando a família Tessari adquiriu a propriedade em 1890, fez questão de preservar a antiga capela do século 15 e estampá-la no rótulo de seus tintos, brancos e vinhos doces, elaborados de acordo com a cartilha orgânica

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nome é uma referência aos monges capuchinhos que frequentavam o local há cinco séculos. Os Tessari mantiveram viva a lembrança daqueles tempos ao restaurarem a antiga capela. Mas a maior atenção, hoje, é dedicada aos vinhos que a família passou a produzir desde que adquiriu a propriedade há 122 anos. Recentemente foi erguida uma adega nova, moderna, no endereço em Costalunga di Monteforte d’Alpone, na região de Soave, a uma hora de distância de carro de Veneza. Desde 1985, os 37 hectares de vinhedos são cultivados segundo a agricultura orgânica. A partir deles chegam uvas livres de substâncias químicas (fertilizantes e pesticídas) para a elaboração de 300 mil garrafas de vinhos por ano. O portfólio dessa casa engloba oito 106

rótulos diferentes, entre quatro brancos, dois tintos e dois vinhos de sobremesa. O Fontégo é um dos carros-chefe. Este branco, um blend garganega (variedade regional que costuma revelar aromas de limão e amêndoa) e trebbiano di Soave recebeu, na safra 2010, due bicchieri (numa escala que vai até tre bicchieri) do Gambero Rosso. O San Brizio (100% garganega), na safra 2009, obteve a mesma pontuação no guia italiano. A 2008 foi destaque na revista norte-americana Wine Spectator, onde alcançou 90 pontos. Os Tessari também apostam em uvas internacionais e têm um sauvignon blanc – o 2010 conquistou medalha de prata no Concours Mondial du Sauvignon 2011 – e um tinto, Madégo, que mescla cabernet sauvignon, merlot e cabernet franc. Há ainda o Campo Buri, 90% carmenère e 10% oseleta, uma


variedade veronese antiga e rara, com produtividade baixa, mas capaz de incrementar a cor e os aromas. O capítulo dos vinhos doces é um caso especial. Seguem uma técnica particular – após a colheita os cachos de uvas são colocados em tabuleiros, num ambiente seco e ventilado. Isso de propósito para sofrerem desidratação, o que proporciona o acúmulo de açúcar. No Dia dos Namorados (14 de fevereiro), as uvas são fermentadas, originando vinhos alcoólicos e doces. Por trás de todas essas alquimias estão três irmãos: Sisto, Pietro e Elena Tessari, que pertencem à terceira geração da família no comando da La Cappucina. Sisto é o agrônomo, Pietro, o enólogo, e Elena cuida do marketing.

www.lacappuccina.it Via San Brizio, 125 37030 Costalunga di Monteforte d’Alpone, Verona Tel: + 39 045 617 5036 Importador: Expand (www.adegaexpand.com.br)

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Vêneto

Cesari Franco Cesari diz elaborar “vinhos para conversa” e não “vinhos de meditação”. Foi eleito “Produtor Italiano do Ano” duas vezes e capricha na elaboração de Amarone e Ripasso, duas joias do Vêneto

P

oucas regiões no mundo se gabam de possuir vinhos exclusivos. O Douro inventou o vinho do Porto; Champagne desenvolveu a segunda fermentação em garrafa e deu origem ao espumante mais famoso do globo; a Hungria criou o Tokaji; a Andaluzia, o Jerez, e o Vêneto é celebrado por seus Amarone e Ripasso, feitos com uvas que sofrem um processo de desidratação induzido chamado de appassimento. A vinícola Cesari, instalada na comuna de Cavaion Veronese, província de Verona, aperfeiçoou-se nisso. Apesar do portfólio variado, que engloba os populares Valpolicella, Bardolino e Soave, as estrelas são dois Amarone single vineyard: Amarone della Valpolicella Bosan (considerado 94 pontos pela Wine Enthusiast na safra 2001) e Amarone della Valpolicella Classico Il Bosco (92 pontos na Wine Enthusiast na safra 2003 e medalha de ouro na International Wine & Spirit Competition na safra 2004), e dois Ripasso: Bosan e Mara. Esses vinhos são elaborados com uvas tintas: corvina, rondinella e molinara que, depois da colheita, ficam dispostas, cacho por cacho, em caixas de madeira e em um 108

ambiente seco e bem ventilado durante quatro a cinco meses. Isso faz com que os bagos percam de 30% a 40% do seu contúdo em água e, por isso, há maior concentração de açúcares e elementos que conferem complexidade ao vinho. A diferenta do Ripasso é que este recebe apenas parte de uvas desidratadas para uma refermentação. Por meio do appassimento a Cesari elabora também um vinho de sobremesa Recioto. A Cesari cresceu rapidamente. Em duas gerações a área de vinhedos mais que dobrou. Começou com 40 hectares próprios, em 1936. Hoje, Franco Cesari, filho de Gerardo, fundador do negócio,


O Vêneto é celebrado por seus Amarone e Ripasso, feitos com uvas que sofrem um processo de desidratação induzido chamado de appassimento. A vinícola Cesari, instalada na comuna de Cavaion Veronese, província de Verona, aperfeiçoou-se nisso. Suas estrelas são dois Amarone single vineyard: Bosan e o Il Bosco

gere 100 hectares no Veneto e também em regiões vizinhas, como Soave e Friuli e, além das variedades clássicas, cultiva chardonnay, sangiovese, merlot e cabernet sauvignon. Em 2004, a vinícola foi eleita “Produtor Italiano do Ano” pela International Wine & Spirit Competition. Na entrega do prêmio, Franco Cesari, comentou: “Gostamos de saber que as pessoas bebem nossos vinhos na companhia de amigos e, por isso, chamamos nossos produtos de ‘vinhos para conversa’ e não ‘vinhos de meditação’”. Em 2006, repetiu o feito, conquistando omesmo galardão. Sinal de que vale a pena bater papo com uma taça de Cesari em mãos.

www.cesariverona.it Loc. Sorsei, 3 37010 Cavaion Veronese, Verona Tel: + 39 045 6260928 Importador: Max Brands (www.mxbrands.com.br)

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Vêneto

Tedeschi Um dos mais tradicionais produtores de Valpolicella, a família Tedeschi ajudou a traçar o destino da região com seus premiados Amarone e Recioto. Atualmente, a quinta geração do clã escreve um novo capítulo da história dessa casa

A

vinícola fundada em 1824 por Nicolò Tedeschi se especializou na produção de concentrados Amarone e adocicados Recioto no começo do século passado, antes mesmo de a denominação de origem ser estabelecida. Os dois tipos de vinho são feitos com uvas que seguem um processo de desidratação chamado appassimento. A diferença é que o Amarone é um tinto seco, já no caso do Recioto, a fermentação não se completa, o que origina um vinho de sobremesa singular. O cuidado milimétrico com a maturação dos cachos nos vinhedos, a seleção rigorosa da matéria-prima durante a vindima e a vigilância constante na hora do appassimento é o que faz a diferença dos rótulos dessa casa. O trabalho é tão artesanal que durante os quatro meses em que toneladas de cachos descansam num ambiente chamado fruttaio, com temperatura e umidade controladas, ao menor sinal de deterioração, a fruta é eliminada sem dó nem piedade. Só ficam as impecavelmente saudáveis. Ao atingirem uma concentração de açúcar de 30%, as uvas estão prontas para serem 110

fermentadas. Outra peculiaridade dos vinhos da família Tedeschi é o seu envelhecimento em grandes cascos de carvalho esloveno. Nas mãos da quinta geração do clã, os irmãos Antonietta, Sabrina e Riccardo, o enólogo da turma, a Tedeschi continua a impressionar a crítica especializada com o Amarone Capitel Monte Olmi, seguidas vezes tre bicchieri, a nota mais alta do guia Gambero Rosso, e 93 pontos na safra 2006 segundo a Wine Spectator; e o Recioto Capitel Monte Fontana (due bicchieri na safra 2006). Mas também


Nas mãos da quinta geração do clã, o pai Renzo com os tres filhos Antonietta, Sabrina e Riccardo, a Tedeschi continua a impressionar a crítica especializada com o Amarone Capitel Monte Olmi, seguidas vezes tre bicchieri, a nota mais alta do guia Gambero Rosso e 93 pontos na safra 2006 segundo a Wine Spectator

tem chamado a atenção para os seus novos e bastante genuínos tintos: o Valpolicella Classico Superiore La Frabriseria conquistou 92 pontos na Wine Spectator na safra 2007 e o Corasco IGT mereceu medalha de ouro no International Wine Challenge, de Londres, logo na safra inaugural, a 2008. Dessa forma, os irmãos Tedeschi inauguram um novo capítulo da história da vinícola familiar e estão a postos para contar os detalhes dessa trajetória para quem bater à porta. Só é preciso ligar antes para marcar.

www.tedeschiwines.com Via Giuseppe Verdi, 4 37029 Fraz. Pedemonte - San Pietro in Cariano, Verona Tel. +39 045 7701487 Importador: Vinea (www.vinea.com.br)

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Vêneto

Tommasi Viticoltori Esta vinícola centenária apresenta um portfólio diversificado de aromas e sabores do Vêneto e da Toscana e ainda foi parar no Guinness Book por causa dos tonéis gigantes onde estagiam seus Amarones

S

e um dos trunfos de uma operação vinícola é a qualidade e variedade de seus vinhedos, a Tommasi está bem servida. Fundada em Pedemonte, no coração da nobre área de Valpolicella Classico, em 1902, em plena euforia da Belle Époque, a empresa completa 110 anos nas mãos da quarta geração e com um patrimônio superlativo. Conta com mais de uma centena de hectares de vinhedos estratégicos, espalhados pelas mais cobiçadas zonas do Vêneto – 95 hectares em Valpolicella Classico, 15 hectares no Lago di Garda, nas DOCs Bardolino, Custoza e Lugana, e 10 hectares em Soave. A família também expandiu o negócio para o sul da Toscana a partir de 1997 e mantém em Maremma, região vizinha ao mar Tirreno, duas propriedades que dão origem a tintos feitos com a uva autóctone sangiovese e as internacionais cabernet sauvignon, alicante bouschet e merlot e a brancos vermentino e chardonnay. Mas das 900 mil garrafas de vinhos que produz todos os anos é a coleção de Amarone, Valpolicella Classico e Recioto a sensação – e o motor – do portfólio. Entre os vinhos mais elogiados estão o Amarone della Valpolicella Classico (92 pontos da Wine Spectator na

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safra 2007), o Amarone Ca’Florian (91 pontos da Wine Spectator na safra 2005), o Recioto Vigneto Fiorato, o Valpolicella Classico Ripasso e o Valpolicella Classico Superiore Vigneto Rafael. Os tintos Crearo della Conca d’Oro e Arele Appassimento também se sobressaem. Todos eles são lapidados pelo enólogo Giancarlo Tommasi, que faz questão de estagiar os Amarones durante pelo menos três anos em cascos de madeira de 33,3 mil litros. De tão grandes, esses tonéis chamados Magnifica foram parar no Guinness Book.


A Tommasi também possui o Villa Quaranta, um hotel quatro estrelas em Valpolicella Classico com restaurante de sabores regionais e um spa de vinoterapia, com visitas apresentando os impressionantes Magnífica e terminam com degustação

Na década de 1990, o clã resolveu diversificar a atividade além da produção de vinho ao adquirir a Villa Quaranta, um hotel quatro estrelas em Valpolicella Classico com restaurante de sabores regionais e um spa de vinoterapia. Quem estiver interessado em conhecer a história da Tommasi é muito bem-vindo. A sede, em Pedemonte, realiza visitas guiadas que apresentam os impressionantes Magnífica e terminam com uma deliciosa degustação dos vinhos da casa.

www.tommasiwine.it Via Ronchetto 2 37029 Pedemonte di Valpolicella, Verona Tel: + 39 045 7701266 Importador: Interfood (www.interfood.com.br)

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Friuli-Veneza-Giulia

Livio Felluga Este sobrevivente da Segunda Guerra, quando retornou a Friuli, encontrou uma terra destroçada, mas em vez de se mudar para os promissores centros urbanos, plantou vinhedos e ergueu uma das vinícolas ícones da região

A

s histórias de sucesso, quando vistas com um distanciamento de seis décadas, soam predestinadas. Mas no calor dos acontecimentos, elas poderiam ter tomado outro rumo, por que não? Vocação ou determinação, ou os dois juntos, fizeram com que Livio Felluga seguisse os passos do bisavô e avô. Ambos já produziam malvasia e refosco em Isola d’Istria, na época território do Império Austro-Húngaro. Aos 16 anos, o menino mudou-se para Friuli e ficou encantado com os vinhos de Colli, mas em junho de 1940, com 26 anos, foi obrigado a pegar em armas e lutar na Segunda Guerra. Passou pela Líbia e foi feito prisioneiro em Cap Bon, também esteve na Escócia e, com o fim dos conflitos, voltou para casa. Encontrou vinhedos abandonados e pouca gente interessada em replantá-los. Ganhava-se mais nas cidades, onde um cenário industrial começava a ocupar a paisagem. Livio ficou no campo e, na década de 1950, comprou seu primeiro vinhedo, em Rosazzo, e escolheu Brazzano para construir sua cantina. Atualmente, a quinta geração dos Felluga – os irmãos 114

Maurizio, Elda, Andrea e Filippo – comanda o negócio que engloba 170 hectares de vinhedos nas DOCs Collio e Colli Orientali e 800 mil garrafas de vinho produzidas todos os anos. A joia da casa é o adocicado Picolit, que já foi destacado como o melhor vinho de sobremesa italiano pelo crítico Luca Maroni. Entre os brancos secos, todas as atenções se voltam para o Terre Alte, um blend friulano, pinot bianco e sauvignon blanc que, sai safra, entra safra, aparece com tre bicchieri no Gambero Rosso. Em 2009, a vinícola realizou a


Entre os brancos secos, todas as atenções se voltam para o Terre Alte, um blend friulano, pinot bianco e sauvignon blanc que amiúde aparece com tre bicchieri no Gambero Rosso. Para se conhecer de perto a Livio Felluga é só procurar pela Foresteria, uma antiga casa de fazenda transformada em centro de visitação da propriedade

primeira colheita do Abbazia di Rosazzo, um branco elaborado com as uvas friulano, sauvignon, pinot bianco, malvasia e ribolla gialla, colhidas no vinhedo que pertenceu ao mosteiro local. No capítulo dos tintos, vale a pena destacar o Sossò, elaborado com as variedades refosco dal peduncolo rosso, merlot e pignolo. Os interessados em conhecer de perto a Livio Felluga podem procurar pela Foresteria, uma antiga casa de fazenda transformada em centro de visitação da propriedade.

www.liviofelluga.it Via Risorgimento 1 34071 Brazzano – Cormòns, Gorizia Tel. + 39 0481 60203 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)

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Prom. del Gargano

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Locorotondo Gioia del Colle Alberobello Ostuni Gravina Martina Franca

De Roma para baixo, o novo vem da qualidade do vinho

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Calabria

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reggio di calabria

Aspromonte

Bianco

Pellaro

O que não se espera é encontrar abaixo da Toscana vinhos que rivalizam em qualidade com qualquer outro feito em qualquer outro lugar do planeta. Entre a história de disputas e conquistas, cheia de legados das civilizações que a ocuparam, a cozinha desta grande e variada região é temperada com ervas e especiarias muito familiares. São pratos que todos conhecemos – filhos de italianos ou não – pela pizza napolitana, pela massa com frutos do mar, pelas linguiças calabresas, pelos doces Sicílianos, pela perna de cabrito assada com batatas, pelas verduras feitas na panela, temperadas com pimenta seca e alho e tantos outros pratos que povoaram a cultura gastronômica do Novo Mundo. Este capítulo começa com a Úmbria, que prova, a cada garrafa, ser muito mais do que uma simples passagem entre Florença e Roma. Etrusca até o domínio do Império de Carlos Magno, algumas de suas cidades têm brilho próprio de grande expressão, como é o caso

stromboli

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Sicília palermo Casteldaccia

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Taormina Camporeale

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Golfo di Squillace

Ninguém espera nada além das paradisíacas praias amalfitanas do Tirreno, da Calábria, da Puglia e da Sicília. Ninguém espera mais simpatia, comida melhor, horizontes fascinantes, belezas exóticas e surpreendentes, em meio a estonteantes monumentos que marcaram a passagem de tantas civilizações

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ionian sea

Castrovillari

brindisi

salento peninsula Salice taranto Salentino Squinzano Manduria Golfo di lecce Leverano Taranto Copertino Nardo Otranto Gallipoli Alezio

siracusa Vittoria

Noto

ragusa

de Orvieto, Perugia, Spoleto e Assis, terra do Santo São Francisco, fundador da ordem dos franciscanos. Seus vinhos não dependem sequer das uvas do vizinho famoso, como provaram nas últimas décadas produtores de renome como Lungarotti e Falesco. Com eles, a Grechetto para os brancos e a Sagrantino para os tintos tornaramse grandes estrelas, fazendo vinhos com tipicidade e complexidade que nada devem aos bons supertoscanos. A fórmula de sucesso de mesclar uvas autóctones com internacionais premia os do sul da Itália também, sejam eles da Úmbria, do Abruzzo, do Lácio, da Basilicata, da Sardenha ou da Sicília. Uvas como a Aglianico da Campania, talvez a uva que se destaca entre as da região de Nápoles, mostram grande potencial e sua ascensão é acompanhada de perto pelos especialistas. São muitas as boas novas por toda parte, mas os alvos maiores são a Puglia, com a costa voltada para o Adriático, e a


Colina da cidade velha de Assis na Úmbria

Vem do Lazio os vinhos consumidos pelos romanos

Sicília, ilha que faz a conexão milenar entre o mundo da África do Norte e as penínsulas ibérica e itálica, tendo vivido séculos de dominação de cada um de seus vizinhos, sendo por muito tempo a “Magna Grécia”, componente do império grego, até se consolidar italiana. Da Puglia, o Primitivo é o vinho, apesar de terem sido recuperadas grandes produções de outra uva local muito conhecida, a Negroamaro. Como o Zifandel californiano, seu neto direto e dileto, o Primitivo sempre foi responsável por um vinho simples e jovem, mas com qualidade. E agora que muitos produtores ganharam subsidio do estado e confiança para realmente trilhar o caminho da qualidade, o resultado aparece: tanto vinda de Salento quanto de Mandúria, a Primitivo se supera a cada ano. O mesmo se pode dizer de duas grandes uvas Sicílianas para vinho tinto, a consagrada Nero D´Avola, certamente uma das melhores uvas do mundo, e a Nerello Mascalese, que, para muitos enólogos, é uma das três uvas com maior potencial de nobreza entre todas as autóctones da Bota. Antigamente, tudo que se conhecia dos vinhos da Sicília fora da Itália eram os Corvo di Salaparuta tintos e brancos e, principalmente, os vinhos de sobremesa Marsala e Moscato di Pantelleria – mais um italiano desconhecido do grande público – que, no entanto, concorre eternamente ao prêmio de melhor vinho

Spaghetti com frutos do mar da costa do Adriático no Abruzzo

de sobremesa, como atestam as notas que consegue em todo tipo de avaliação publicada. Ultimamente, a ilha continental mostrou seu potencial ao produzir vinhos de grande qualidade a partir do mesmo recurso de tantos outros, Itália afora: produzir vinhos com uvas bordolesas, seguindo os princípios típicos de vinificação de Bordeaux. A partir daí seus vinhos à base das uvas da região já superaram este estágio e ingressaram com tipicidade e orgulho no primeiro time do vinho do planeta. Falar de charme para uma região que começa em Orvieto, passa por Roma, pela Costa Amalfitana, incluindo Nápoles e Pompéia, desce pelo Abruzzo pelas cidades encravadas nas montanhas sobre a Costa Adriática e chega a Sicília, depois de atravessar uma Calábria com tantas riquezas de toda ordem, da natureza à civilização; falar de charme para uma região que tem uma comida de fazer cair o queixo de qualquer interessado em dieta mediterrânea, onde o turista é capaz de comer postas de atum na grelha que servem a oito pessoas, acompanhada do melhor polvo, da melhor lula, do melhor ouriço... Falar do charme da Sicília é igualmente chover no molhado, visto que de norte a sul, do oeste ao leste, há o que ver, há o que comer, desde a grega Taormina, um dos pontos turísticos mais visitados do mundo, até a região do Etna, um vulcão ativo que influencia a vida e os vinhos da região, nas redondezas de Siracusa. 117


Sicília

Tasca d’Almerita Ligada ao universo do vinho desde 1830, esta família é protagonista de um novo capítulo na história vitivinícola siciliana, onde brilham tintos e brancos tanto clássicos como modernos

C

inco meses após assumir o destino do negócio familiar, em junho de 2003, Alberto Tasca d’Almerita foi escalado pela revista norte-americana Wine Spectator para uma reportagem intitulada Italy’s New Faces. O jovem, então com 31 anos, representante da oitava geração do clã, posou ao lado de outros nove descendentes de produtores emblemáticos. Em 2011, ainda sob o seu comando, essa casa foi eleita “Vinícola do Ano, pelo prestigiado guia Gambero Rosso. É de longa data a reputação da Regaleali, uma entre as cinco propriedades dos Tasca d’Almerita. Mas em vez de descansar em berço esplêndido, Alberto empreendeu um plano ambicioso: transformá-la numa referência mundial – nacionalmente ela já possuía boa fama. Chamou para a brigada o respeitado consultor Carlo Ferrini e não deu outra: as novas safras passaram a chamar a atenção da crítica especializada e os vinhos da Tenuta Regaleali são hoje uma sensação no panorama global. A propriedade localizada no centro da Sicília, a cerca de 90 quilômetros de Palermo, possui 400 hectares de vinhedos, entre 400 e 900 metros acima do nível do mar. O acervo de variedades combina castas autóctones e internacionais: alicante bouschet, cabernet franc, cabernet sauvignon, catarratto, chardonnay, collezione cloni, grecanico, grillo, inzolia, merlot, moscato, nerello mascalese, nero d’Avola, perricone, petit verdot, pinot bianco, pinot nero, sauvignon blanc, syrah e traminer. Elas dão origem a quinze rótulos, entre tintos, brancos, espumantes, um rosé e um doce. Dois deles se sobressaem: Rosso del Conte, que na safra 1993 despertou o olfato de Robert Parker, recebendo 90 pontos do guru – as mais recentes se saíram ainda melhor: safra 2005 (92 pontos), 2006 e 2007 (93 pontos e tre bicchieri do Gambero Rosso) –, e Nozze d’Oro, um branco feito com as variedades inzolia e sauvignon blanc (um clone que, segundo a vinícola, é produzido apenas nessa propriedade e, por isso, é propagado como sauvignon tasca). O Nozze d’Oro nasceu para celebrar as bodas de ouro de Giuseppe Tasca d’Almerita, avô de Alberto e a safra 2009 arrematou 90 pontos de Parker. 118


É de longa data a reputação da Regaleali, uma entre as cinco propriedades dos Tasca d’Almerita. O herdeiro Alberto ao assumir a empresa empreendeu um plano ambicioso: transformá-la numa referência mundial. E não deu outra, as novas safras da Tenuta Regaleali são hoje uma sensação no panorama global

Os Tasca d’Almerita possuem ainda outras quatro tenutas: Capofaro, na ilha Salina, equipada com um resort de sonho – uma construção caiada de branco, de arquitetura antiga e mimos cinco estrelas, envolvida pelos vinhedos que escorregam para o mar azul –; Whitaker, na histórica ilha de Mozia, que já foi habitada pelos fenícios e onde fazem o branco Grillo Mozia; Tascante, junto ao Monte Etna, e Sallier de La Tour, onde produzem um ótimo syrah. Para conhecer os rótulos elaborados por essa família ao lado da enóloga Laura Orsi nos diferentes pontos da Sicília, o melhor endereço é a Tenuta Regaleali, que organiza tours e provas de vinhos. www.tascadalmerita.it Contrada Regaleali 90020 Sclafani Bagni, Palermo Tel: + 39 0921 544011 Importador: Mistral (www.mistral.com.br) 119


Sicília Na propriedade de Sambuca di Sicilia os visitantes conhecem a bem-sucedida trajetória do clã e ainda degustam os vinhos. Os mais aventureiros podem desbravar os vinhedos em trilhas selvagens. Quem prefere mimos e luxo, deve se dirigir a Menfi, onde a família mantém o resort La Foresteria, com aulas de cozinha

Planeta Esta família siciliana começou a colecionar vinhedos, erguer vinícolas e fazer vinhos em 1995. Hoje possui um digno império com operação em seis pontos diferentes da ilha

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trajetória meteórica da Planeta chama a atenção. Em pouco mais de uma década, juntou-se ao time das mais notáveis operações vitivinícolas não só da Sicília, mas da Itália. É verdade que ela não começou do zero. Quando Diego Planeta se uniu aos sobrinhos Alessio e Santi, em 1995, ele tinha tarimba. Desde 1973 é presidente da cooperativa Cantine Settesoli, uma das mais importantes da Europa. Os Planeta também já possuiam uma propriedade em Sambuca di Sicilia, que remonta ao século 17, onde na década de 1980 começaram a fazer testes com variedades nativas e internacionais. Tudo sob a supervisão do enólogo italiano Carlo Corino, que foram recrutar na Austrália, onde prestava consultoria. A experiência que começou em 50 hectares de vinhedos se transformou em quase 400 hectares, em seis regiões, de oeste a leste da ilha. Cerca de 2 milhões de garrafas de vinho por ano são escoadas a partir de cinco cantinas próprias. Da mais antiga, em Sambuca di Salina, chega o branco Cometa, feito com a uva fiano, cuja safra 2009 alcançou tre bicchieri, a máxima pontuação do prestigiado guia Gambero Rosso. Na província de Menfi ficam outras duas vinícolas, que são abastecidas com a energia obtida de painéis solares. Numa delas, a Cantina Piccola, são vinificados alguns dos tintos mais aplaudidos da família: Merlot, Syrah e Burdese. Este último, com inspiração bordalesa, mescla cabernet sauvignon e cabernet franc, e a safra 2006 foi brindada com 92 pontos da Wine Spectator. 120

Caminhando para leste ficam as mais novas joias da empresa: a cantina centenária Dorilli, em Vittoria; 16 hectares de vinhedos plantados com as variedades carricante e nerello mascalese a 870 metros de altitude nas encostas do Etna; a cantina equipada com tecnologia de ponta em Buonivini; e os vinhedos preenchidos com variedades históricas em Capo Milazzo, com as quais pretende relançar um vinho mítico: o Mamertino, um dos preferidos do imperador Julio Cesar. Com a morte de Carlo Corino, quem zela pelos vinhedos e a elaboração dos tintos e brancos é Alessio. Francesca Planeta, filha de Diego, se juntou ao time, dedicando-se, principalmente, a vendas e marketing. Na propriedade de Sambuca di Sicilia os visitantes conhecem a bem-sucedida trajetória do clã e ainda degustam os vinhos. Os mais aventureiros podem desbravar os vinhedos em trilhas selvagens. Quem prefere mimos e luxo, deve-se dirigir a Menfi, onde a família mantém o resort La Foresteria. Um dos programas mais concorridos ali são as aulas de cozinha com o chef Angelo Pumilia. www.planeta.it Contrada Dispensa, 92013 Menfi (AG) Tel. + 39 092580 009 Importadora: Interfood (www.interfood.com.br)


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Sicília

Donnafugata Fundada há quase trinta anos, esta vinícola pegou carona na modernização da vitivinicultura siciliana. Seus vinhedos são preenchidos de castas autóctones e internacionais e cantina adentro, técnicas ancestrais aliam-se à tecnologia de ponta

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uma ilha onde a produção de vinho remonta à Antiguidade – especula-se que tenham sido os gregos a introduzir as variedades grecanico e muscat na Sicilia, no século VIII a. C. – , a Donnafugata, fundada em 1983 pelo casal Giacomo e Gabriella Rallo, é um personagem pra lá de novato – o que não é nada depreciativo. Nasceu na hora certa – quando a viticultura local dava os primeiros passos em direção à qualidade. Hoje a Sicilia é reconhecida como uma das regiões italianas mais dinâmicas e de onde chegam boas surpresas. Entre elas, os críticos da especialidade costuma destacar os tintos Contessa Entellina Milleunanotte, um varietal nero d’Avola colecionador de tre bicchieri do Gambero Rosso (safras 2004, 2005 e 2006); Tancredi, um blend nero d’Avola e

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cabernet sauvignon que recebeu 17,5/20 pontos da revista Decanter e tre bicchieri do Gambero Rosso na safra 2007, e o adocicado Passito di Pantelleria Ben Ryé, elaborado com a uva moscato d’Alessandria, chamada localmente de zibibbo, e que mereceu tre bicchieri e 94 pontos da revista Wine Spectator na safra 2009. Ao todo, a Donnafugata produz 13 vinhos diferentes e despeja no mercado ao redor de 2,3 milhões de garrafas por ano. A operação é dividida em três cantinas. No oeste da Sicilia ficam duas: Marsala, uma construção histórica de 1851 tipicamente mediterranea com uma ampla sala de barricas no subsolo; e Contessa Entellina, dotada de um painel fotovoltaico e na qual a vindima da uva chardonnay é realizada à noite para minimizar o risco de oxidação durante


A Donnafugata produz treze vinhos diferentes, numa operação dividida em três cantinas. Cada uma das cantinas tem suas peculiaridades e estão à disposição dos visitantes para serem descobertas. Todos os anos, cerca de 11 mil pessoas aproveitam a chance de percorrer os vinhedos e provar seus vinhos

o seu transporte até a cantina. Em Contessa Entellina a família Rallo mantém também 0,5 hectare experimental onde cultiva 19 variedades autóctones. Em 1998, a empresa começou um empreendimento na ilha de Pantelleria, onde se dedica ao cultivo da uva zibibbo em diferentes solos, altitudes e exposições solares. Um dos vinhedos que garimpou ali tem parreiras com mais de 100 anos de idade, o que explica a complexidade do vinho de sobremesa Ben Ryé. Cada uma das cantinas do grupo tem suas peculiaridades e estão à disposição dos visitantes para serem descobertas. Todos os anos, cerca de 11 mil pessoas aproveitam a chance de percorrer os vinhedos e provar os vinhos dessa casa.

www.donnafugata.it Via Sebastiano lipari, 18 91025, Marsala, Trapani Tel: + 39 0923 724245 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)

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Campânia

Feudi di San Gregorio Uma vinícola avant-garde, um restaurante uma estrela Michelin e um wine bar assinado pelo badalado arquiteto Renzo Piano. Tudo isso é coadjuvante de tintos e brancos que esbanjam a mais pura tipicidade da Campania

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a Europa, há regiões de vinhos clássicas: Bordeaux, Borgonha, Champagne, Douro, Rioja, Toscana... E regiões que muito recentemente despontaram na cena vitivinícola mundial. Campania, no sul da Itália, pertence ao segundo time. E isso tem a ver, em geral, com alguns players, como a Feudi di San Gregorio, que inverteram as regras do jogo, investindo em qualidade. Do lado de fora, olhando para a fachada futurista fica difícil adivinhar que dali saem tintos e brancos. Com traço vanguardista não destoaria em uma Avenida Paulista. A vizinhança dos vinhedos é a melhor pista para a charada. A nova sede da vinícola em aço e vidro, inaugurada em 2004, é um símbolo da Campania moderna, mas o patrimônio único, composto de variedades como as tintas anglianico, piedirosso, sirica e primitivo, e as brancas fiano di avellino, greco di tufo, falanghina e coda di volpe plantadas entre 350 e 700 metros de altitude, é testemunha do respeito à tradição que impera nessa casa. A primeira vindima aconteceu em 1991 e, onze anos depois, em 2002, a Feudi di Gregorio ganhou o título de Melhor Produtor pela AIS (Associazione Italiana Sommelier). Antonio Capaldo, um ex-consultor da McKinsey, é presidente da empresa e, com a ajuda técnica de Pierpaolo Sirch, comanda uma operação que soma 250 hectares de vinhedos (além da Campania, há propriedades em Basilicata e Puglia) e 3,5 milhões de garrafas de vinhos por ano. Apesar do volume “industrial”, os prêmios acumulados são prova do rigor pela qualidade. A vinícola foi 22 vezes merecedora dos tre bicchieri do respeitado guia Gambero Rosso. Na última edição, o branco Greco di Tufo Cutizzi 2010 despontou com a melhor nota – os tre bicchieri. Os rótulos Fiano di Avellino Pietracalda, Aglianico Serpico e Taurasi (100% aglianico) também costumam agradar aos críticos. Uma curiosidade é o Pàtrimo, um merlot que demonstra um acento típico da Campania. 124


Quem visita a Feudi di San Gregorio não pode deixar de experimentar a gastronomia regional elaborada pelo chef Paolo Barrale no restaurante Marennà, uma estrela Michelin em 2009, nem de tomar uma taça de vinho no wine bar instalado no Vulcano Buono, com arquitetura de Renzo Piano

Quem visita a Feudi di San Gregorio não pode deixar de experimentar a gastronomia regional elaborada pelo chef Paolo Barrale no restaurante Marennà (uma estrela Michelin em 2009) nem de tomar uma taça de vinho no wine bar instalado no Vulcano Buono, um projeto arquitetônico assinado por um dos mais renomados arquitetos italianos, Renzo Piano. www.feudi.it Cerza Grossa 83050 Sorbo Serpico, Avellino, Tel: + 39 0825 986656 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)

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Úmbria

Lungarotti O império construído por Giorgio Lungarotti na Umbria – a vinícola com produção anual de quase 3 milhões de garrafas, dois museus e um hotel boutique, é hoje comandado por três mulheres bastante ativas que mantêm a mesma atmosfera familiar e acolhedora de sempre

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m visionário com espírito anfitrião inaugurou esta vinícola em 1962. Giorgio Lungarotti não só apostou no potencial da Umbria para a produção de tintos e brancos de qualidade como fez questão de erguer, em paralelo, um complexo de enoturismo. Ele é tido como o homem que colocou essa região italiana na rota mundial do vinho tamanho o sucesso do seu Rubesco Riserva Vigna Monticchio. Elaborado com as variedades sangiovese e canaiolo, ele é envelhecido em barricas de carvalho durante um ano e passa um longo período na garrafa, até sete anos, antes de ser lançado no mercado. As safras 1971 e 1975 foram comparadas aos grandes Bordeaux. As colheitas mais recentes também têm agradado a crítica especializada: a 2006 apareceu com tre bicchieri no Gambero Rosso – a mesma pontuação da 2005, 2004, 2003 e 2001 – e 92 pontos no Wine Advocate. A família também é reconhecida pelo destaque cultural que imprimiu na região. Formada em literatura e história da arte, Maria Grazia Lungarotti, mulher de Giorgio, esteve à frente da concepção do Museu do Vinho, inaugurado em 1974 no centro de Torgiano, e do Museu da Oliveira e do Azeite, aberto em 2000 também em Torgiano. Os turistas que chegam para desfrutar do far niente recheado de bom vinho e programas culturais, podem se abrigar no hotel boutique da família, o Relais Le Tre Vaselle, que possui um spa de vinoterapia e o restaurante Il Melograno comandado pelo chef Domenico D’Imperio. Com a morte de Giorgio em 1999, os negócios passaram para as mãos de suas duas filhas. Teresa Severini desponta como uma das primeiras enólogas mulheres da Itália e foi uma das fundadoras da associação Le Donne Del Vino. Ela zela pelos celebrados rótulos

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da casa ao lado de uma equipe tarimbada: o enólogo Vincenzo Pepe e os consultores Denis Dubourdieu e Lorenzo Landi. A irmã Chiara Lungarotti, com diploma em agronomia e especialização em viticultura, atua como CEO. A Cantine Lungarotti possui 250 hectares de vinhedos em Torgiano e 20 hectares em Montefalco preenchidos com as variedades tintas sangiovese, canaiolo, sagrantino, cabernet sauvignon, merlot, montepulciano, pinot nero e syrah, e com as brancas trebbiano, grechetto, chardonnay e pinot grigio. Produz quase 3 milhões de garrafas de vinho por ano, entre 19 rótulos diferentes – 42% desse volume segue para 45 países do globo. www.lungarotti.it Via Mario Angeloni, 16 06089 Torgiano, Perugia Tel: + 39 075 988661 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)


Os visitantes que chegam à Lungarotti para desfrutar do far niente recheado de bom vinho e programas culturais, podem se abrigar no hotel boutique da família, o Relais Le Tre Vaselle, que possui um spa de vinoterapia e o restaurante Il Melograno comandado pelo chef Domenico D’Imperio

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Abruzzo

Farnese Com vinhedos que pertenceram a uma princesa e um castelo medieval à beira do Mar Adriático, essa casa é um dos destaques da região de Abruzzo

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o tempo da monarquia, os nobres ganhavam vilas como dote, e também podiam comprar uma cidade inteira se quisessem. Foi o que aconteceu com a princesa Margherita d’Austria, filha do imperador Carlos V e mulher de Ottavio Farnese, o Duque de Parma. Ela ficou tão encantada por Ortona, na costa do Adriático, que decidiu pagar 52 mil ducati pelo território, em 1582. Margherita fez dessa cidade na região de Abruzzo o seu retiro no final da vida – faleceu em 1586. E o capricho da princesa acabou mudando o destino do local graças ao impulso que deu à produção vitivinícola. Nos vinhedos estabelecidos há mais de quatro séculos, no vale do rio Moro, a apenas 30 quilômetros de distância do mar, a vinícola Farnese cultiva as uvas que dão origem a uma dezena de tintos e brancos. Mas a empresa, fundada há quase duas décadas, não se restringe a essa zona e também vai buscar matéria-prima ao sul, na Puglia, região que ocupa “o salto da bota” que é a Itália. Dessa simbiose surgiu um dos tintos mais originais do país: o Edizione Cinqui Autoctoni, um corte de vinhos de safras distintas, composto por cinco variedades – malvasia nera (5%), montepulciano (33%),

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negroamaro (7%), primitivo (30%) e sangiovese (25%). Ele não é safrado nem considerado um DOCG, DOC ou IGT, pois não segue as normas de denominação de origem. Mesmo assim, mereceu 90 pontos de Robert Parker e também da revista norte-americana Wine Spectator. As instalações da Farnese ocupam uma antiga fortificação medieval fielmente recuperada, o Castello Caldora. Com ambientes aristocráticos e caves repletas de barricas de madeira abrigadas entre paredes de pedras, transformou-se numa das atrações de Ortona. Dali saem brancos chardonnay, um blend chardonnay e sauvignon blanc, pecorino, trebbiano d’Abruzzo e malvasia, mas o carro-chefe são os tintos montepulciano d’Abruzzo. Azeites extra-virgem e três grappas completam o portfólio dessa importante casa. www.farnese-vini.com Via dei Bastioni - Castello Caldora 66026 Ortona, Chieti Tel: + 39 085 9067388 Importador: World Wine (www.worldwine.com.br)


As instalações da Farnese ocupam uma antiga fortificação medieval fielmente recuperada, o Castello Caldora. Com ambientes aristocráticos e caves repletas de barricas de madeira abrigadas entre paredes de pedras, transformou-se numa das atrações de Ortona. Mas o carro-chefe são os tintos montepulciano d’Abruzzo

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Puglia

A Mano Uvas autênticas, vinhedos centenários e uma atmosfera acolhedora cativaram o enólogo formado em Davis, na Califórnia. No final da década de 1990, Mark Shannon montou esta vinícola na Puglia para elaborar tintos e brancos com um espírito artesanal

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ma revolução silenciosa vem tomando conta da região instalada no “salto da bota”, a Puglia, até há pouco tempo famosa pela produção de tintos em larga escala, vendido a granel e muitas vezes destinado ao norte do país, onde entraria em cortes para enriquecer a cor, aromas e sabores de vinhos eventualmente fraquinhos. Um celeiro de castas autóctones com muita tipicidade, principalmente as tintas negroamaro, primitivo (a zinfandel americana) e nero di troia, e uma coleção de vinhedos centenários, cultivados em sistemas ancestrais chamados de “alberello” anda atraindo novos vinhateiros, e de todos os lados do globo. Mark Shannon e Elvezia Sbalchiero – ele, enólogo canadense, formado na prestigiada Universidade da Califórnia, em Davis; ela, italiana de Friuli, nordeste do país, especialista em marketing de vinhos – uniram forças e inauguraram a A Mano no final da década de 1990 para fazer vinhos artesanais, a mão (“a mano” em italiano). “Depois de tantos anos de vitivinicultura técnica eu tinha quase me esquecido de que a maneira correta de fazer vinhos é com amor”, publicou Mark no site da vinícola. A dupla de empreendedores não possui vinhedos, mas mantém acordo com centenas de produtores da região, donos de videiras muito antigas. Compram as uvas desses viticultores seletos

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e pagam bem por elas. O tinto Prima Mano (100% primitivo) é o rótulo mais festejados da casa. Foi indicado pelo crítico norteamericano James Suckling um de seus vinhos italianos favoritos na revista Wine Spectator, num painel que elegeu os melhores exemplares do país entre os mais acessíveis. A safra 1999 chamou a atenção de Robert Parker, que a considerou 90 pontos. Mark e Elvezia elaboram ainda três tintos varietais – Negroamaro, Primitivo e Aleatico, além do Organic Promessa, um blend syrah e merlot de vinhedos orgânicos, e do branco Fiano Greco. A novidade é o rosé feito com as variedades primitivo e aleatico. A A Mano, ao lado de produtores que surgiram nos últimos anos impulsionados pelo grande potencial da Puglia, vem escrevendo uma nova história para os vinhos cheios de tipicidade que nascem nessa região italiana. www.amanowine.it Via Sergio Leone 8/C, Gioia del Colle 70023, Bari Tel: + 39 080 3434872 Importador: Ravin (www.ravin.com.br)


Mark Shannon e Elvezia Sbalchiero – ele, enólogo canadense, formado na prestigiada Universidade da Califórnia, em Davis; ela, italiana de Friuli, nordeste do país, especialista em marketing de vinhos – uniram forças e inauguraram A Mano no final da década de 1990 para fazer vinhos artesanais, a mão,“a mano” em italiano

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Lazio

Villa Simone Dono de uma enoteca famosa em Roma, Piero Costantini quis provar ao mundo que o Frascati poderia ser um vinho interessante. Adquiriu esta vinícola nos arredores da capital há trinta anos e começou a produzir brancos sedutores, que se sobressaem à regra

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os vinhedos que abraçam a cidade de Roma, na região de Lazio (ou Lácio), vêm a maior parte do vinho consumido na capital italiana, entre eles o Frascati – que combina as uvas trebbiano e malvasia (ou outras típicas) num branco, em geral, fresco e ligeiro. Em geral, porque alguns poucos nomes se destacam por oferecerem goles cheios de aroma e presença – e nesse caso, prestar atenção no produtor na hora de comprar um Frascati é uma precaução importante. A Villa Simone faz parte do time dos que se empenham em elaborar um branco saboroso e recompensador, a partir de técnicas adequadas no vinhedo e cantina adentro. Inaugurada há exatos trinta anos na comuna de Monte Porzio Catone, essa vinícola é obra de Piero Costantini – dono da famosa Enoteca Costantini, no coração da capital italiana, pertinho do 132

Vaticano, e uma referência de bons tintos e brancos, com mais de quatro mil rótulos na carta. Foi a paixão por vinhos e a teimosia em elevar a reputação do Frascati que impulsionou o empresário a se tornar também produtor. Deu certo. Tanto deu que a revista inglesa Decanter chamou-o de Santo Graal dos entusiastas desse branco. Ao adquirir a Villa Simone, Piero Costantini replantou o vinhedo, substituíndo parte da trebbiano por malvasia e também modernizou a cantina. Atualmente, os 27 hectares preenchidos com parreiras dão origem a 300 mil garrafas de tintos e brancos por


Inaugurada há exatos trinta anos na comuna de Monte Porzio Catone, essa vinícola é obra de Piero Costantini – dono da famosa Enoteca Costantini, no coração da capital italiana, pertinho do Vaticano. Foi a paixão por vinhos e a teimosia em elevar a reputação do Frascati que impulsionou o empresário a se tornar também produtor

ano. Um dos rótulos mais celebrados é o Frascati Superiore Vigneto Filonardi, um branco estruturado, com notas cítricas e de fruta madura e boa acidez. Outro destaque é o tinto Ferro e Seta, um blend robusto de sangiovese e cesanese. O portfólio exibe mais seis rótulos diferentes, todos elaborados com uvas locais que conferem uma tipicidade singular à bebida. É possível conhecer de perto como eles são feitos. Localizada a cerca de uma hora de carro do centro de Roma, a Villa Simone mantém as portas abertas aos visitantes, só é preciso reservar antes.

www.villasimone.com Via Frascati Colonna, 29 00040 Monte Porzio Catone, Roma Tel: + 39 06 9449717 Importador: Mistral (www.mistral.com.br)

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Marche

Gioacchino Garofoli Os irmãos Gianfranco e Carlo Garofoli provaram que a uva verdicchio é capaz de oferecer aromas e sabores muito mais ricos e longevos do que os encontrados nos vinhos brancos correntes no mercado. E essa é apenas um das ousadias desta casa fundada há mais de um século 134

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as caves de envelhecimento repousam mais de mil cascos de madeira eslovena dos grandes, além de barricas francesas de 225 litros. É uma pista da enorme capacidade de produção desta casa: saem de lá 2 milhões de garrafas de vinho por ano. Mesmo assim, alguns rótulos espelham um cuidado artesanal raro de ser encontrado nas grandes operações. Ao assumirem o negócio familiar em 1973, os irmãos Garofoli – Carlo, o enólogo da dupla, e Gianfranco, o presidente da empresa, representantes da quinta geração do clã –, modernizaram a vinícola fundada em 1871 e inverteram a lógica nos 50 hectares de vinhedos: reduziram os rendimentos para proporcionar uma maturação plena das uvas e originar vinhos encorpados e estruturados. Com isso, rechearam o portfólio com rótulos que traduzem o potencial da região. Um deles, Selezione Gioacchino Garofoli, um Verdicchio dei Castelli di Jesi Doc Classico Riserva, elaborado apenas nos melhores anos, obteve a nota máxima do guia Gambero Rosso, os tre bicchieri, na safra 2006. A Garofoli faz outras maravilhas com a verdicchio: Podium Verdicchio dei Castelli di Jesi Doc Classico Superiore, outro


A Garofoli faz maravilhas com a uva verdicchio: Podium Verdicchio dei Castelli di Jesi Doc Classico Superiore, outro colecionador de tre bicchieri em safras distintas, e Macrina Verdicchio dei Castelli di Jesi Doc Classico Superiore. Uma inovação dos Garofoli foi o Serra Fiorese, o primeiro verdicchio da região com fermentação e estágio em barrica

colecionador de tre bicchieri em safras distintas, e Macrina Verdicchio dei Castelli di Jesi Doc Classico Superiore. Uma inovação dos Garofoli foi o Serra Fiorese, o primeiro verdicchio da região com fermentação e estágio em barrica. A variedade dá origem ainda a espumantes, elaborados segundo o métoco clássico (o mesmo do champagne) e charmat, e a um vinho de sobremesa, o Brumato Verdicchio dei Castelli di Jesi Doc Passito. A vinícola também elabora bons tintos e rosés a partir das uvas Montepulciano e Sangiovese. Esssa cartela de aromas e sabores pode ser conferida numa degustação que encerra o tour oferecido pela vinícola localizada na região de Marche, centro da Itália, na costa do Adriático. É uma zona onde imperam vinhos brancos – eles representam 60% a 70% da produção – mas que não tem o mesmo prestígio da vizinha Toscana ou de Piemonte. Isso porque a maior parte dos produtores preza a quantidade em nome da qualidade. Garofoli acaba sendo uma exceção nessa prateleira de vinhos simples e populares, e uma das boas surpresas entre os brancos italianos.

www.garofolivini.it Via Carlo Marx, 123 60022 Castelfidardo, Ancona Tel: + 39 071 7820162 Importador: Vinea (www.vinea.com.br)

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Vinhos ícones

Coleção de estrelas Eles são a expressão mais acabada da qualidade recuperada dos vinhos italianos, não param de surpreender, de conquistar e de reafirmar o potencial da Itália

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Gaja Barbaresco

Cantina Del Pino Barbaresco Albesani

Vietti Barolo Castiglione

Bruno Rocca Barbaresco Rabajà

Renato Ratti Barolo Rocche

(Piemonte)

(Piemonte)

(Piemonte)

(Piemonte)

(Piemonte)

Pio Cesare Barolo Ornato

Batasiolo Barolo Boscareto

Spinetta Barolo Campe

Travaglini Gattinara Riserva

Parusso Barolo Bussia

(Piemonte)

(Piemonte)

(Piemonte)

(Piemonte)

(Piemonte)


Domenico Clerico Pajana

Tenute Silvio Nardi Brunello di Montalcino (Toscana)

Castelo di Montepò Sassoalloro

Argiano Brunello di Montalcino

(Toscana)

(Toscana)

Frescobaldi Nipozzano Chianti Rufina Riserva (Toscana)

Biondi-Santi Brunello di Montalcino Riserva (Toscana)

Tenuta dell’Ornellaia Merlot Masseto

Tenuta San Guido Sassicaia

Mazzei Casello di Fonterutoli Siepi

(Toscana)

(Toscana)

(Toscana)

(Toscana)

Antinori Solaia

Fontodi Flaccianello Della Pieve

Tua Rita Redigaffi

(Toscana)

(Toscana)

Casanova di Néri Brunello di Montalcino Cerretalto (Toscana)

Fattoria La Massa Giorgio Primo

(Toscana)

(Piemonte)

Castello di Ama Chianti Classico

(Toscana)

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Vinhos ícones

Carpineta Fontalpino Do ut des

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Villa Le Prata Brunello di Montalcino (Toscana)

Valdipiatta Vino Nobile di Montepulciano (Toscana)

Tenuta San Leonardo

(Toscana)

Guerrieri-Rizzardi Amarone Calcarole (Veneto)

La Montecchia Merlot-Cabernet Ca’Emo (Veneto)

Dal Forno Amarone Romano

Inama Soave Classico

Allegrini Amarone Classico

(Veneto)

(Veneto)

(Veneto)

Quintarelli Giuseppe Amarone Classico (Veneto)

La Cappuccina Carmenère-Oseleta Campo Buri (Veneto)

Cesari Amarone Bosan

Tedeschi Monte Olmi Amarone Classico (Veneto)

Tommasi Amarone Classico

(Veneto)

(Alto Adige)

Abbazia di Novacella Kerner (Alto Adige)

(Veneto)


Criando espaço para o desenvolvimento

Desmonte de Rocha a frio

Locação de Equipamentos

Desmonte de Rocha com explosivos

Desmontagem Industrial

SP - Tel. (11) 3789-0921 Implosões

Vendas (11) 3781-3110

RJ - Tel. (21) 3867-7449

www.arcoenge.com.br 139


Vinhos ícones

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Livio Felluga Terre Alte

Tasca D’Almerita Rosso Del Conte

Planeta Plumbago

(Friuli-Veneza-Giulia)

(Sicília)

(Sicília)

Donnafugata Mille e Una Notte (Sicília)

Feudi di San Gregorio Serpico Dei (Campânia)

Lungarotti Rubesco Riserva

Farnese Edizione

A Mano Primitivo

Villa Simone Frascati

Garofoli Agontano Conero Riserva

(Úmbria)

(Abruzzo)

(Puglia)

(Lazio)

(Marche)


Vicolo Nostro. ‘La vera cucina’ com os rótulos italianos mais elogiados. Começando pelo próprio*.

*Produzido pela Tenuta Valdipiatta

Rua Jataituba, 29 Brooklin - SP Reservas 11- 5561-5287 www.vicolonostro.com.br 141


Enólogos e proprietários

Prestígio em alta Técnicos e sonhadores, eles são os responsáveis pela revolução e recuperação da boa imagem do vinho italiano junto aos críticos e consumidores do mundo inteiro

Famiglia Frescobaldi, proprietária da vinícola Frescobaldi

Filippo Baccalaro, da Farnese

Renato Vacca, enólogo da vinícola Cantina Del Pino 142

Filippo e Gioia Cresti, proprietários da vinícola Carpineta Fontalpino

Gaia e Angelo Gaja, proprietários da vinícola Angelo Gaja

Tereza Severini, Maria Grazia Lungarotti e Chiara Lungarotti, proprietárias da vinícola Lungarotti


Pietro Ratti, proprietário da vinícola Renato Ratti

Famiglia Rizzardi, proprietária da vinícola Guerrieri-Rizzardi

Laura Orsi, enóloga da vinícola Tasca di Almerita

Famiglia Tommasi, proprietária da vinícola Tommasi

Bruno Rocca, proprietário da vinícola Bruno Rocca

Sebastiano Rosa, enólogo da vinícola Tenuta San Guido

Cesare Benvenuto, enólogo da vinícola Pio Cesare

Marco Pallanti, enólogo da vinícola Castelo Di Ama

Condessa Noemi Marone Cinzano, proprietária da vinícola Argiano

Stefano Inama, proprietário da vinícola Inama

Marco Parusso, proprietário da vinícola Parusso

Axel Heins, enólogo e diretor de produção da vinícola Tenuta dell’ Ornellaia

Mark Shannon, enólogo da vinícola A Mano 143


Enólogos e proprietários

Celestino Lucin, enólogo da vinícola Abbazia Novacella

Jacopo Biondi Santi, enólogo da vinícola Castelo di Montepò

Giovanni Manetti, enólogo da vinícola Fontodi

Fiorenzo Dogliani, enólogo da vinícola Batasiolo

Giampaolo Motta, proprietário da vinícola Fattoria La Massa

Stefano Chioccioli, enólogo da vinícola Tua Rita

Enólogo Roberto Ferrarini e Giuseppe Quintarelli, proprietário da vinícola Quintarelli

Famiglia Planeta, proprietária da vinícola Planeta

Famiglia Losappio, proprietária da vinícola Villa Le Prata 144

Miriam e Giulio Caporali, proprietários da vinícola Valdipiatta

Franco Biondi Santi, proprietário da vinícola Biondi Santi

Carlo Roberti

Bruno Bruchi

Giorgio Rivetti, proprietário da vinícola La Spinetta

Hans Vinding-Diers, enólogo da vinícola Argiano

Francesco e Lapo Mazzei, proprietários da vinícola Mazzei

Emilia Nardi, proprietária da vinícola Tenute Silvio Nardi


DEGUSTE COM MODERAÇÃO

Nossa história é a continuação com a crença em padrões tradicionais de serviço e qualidade, dos cuidados desde a origem (procedência) ao armazenamento, do espírito inovador e moderno do comércio de vinhos finos. Sempre crescendo e prosperando, e acima de tudo apreciando os vinhos e todo o conhecimento deste mundo, podemos resumir nosso lema em uma frase simples: “É bom para beber?.”

24 anos a serviço do “Bom Vinho”

Belo Horizonte 31 3286-7077 | São Paulo 11 3061-3003 | Vitória 27 3225-3260 145 www.casadoportovinhos.com.br - Blog: www.tacacheia.com.br


Enólogos e proprietários

Fratelli Allegrini, proprietários da vinícola Allegrini

Anselmo Gonzaga e seu pai Carlo Guerrieri Gonzaga, proprietários da vinícola Tenuta San Leonardo

Famiglia Tedeschi, proprietária da vinícola Tedeschi

Beatrice, Carlo, Giuliana, Gianfranco, Daria, Caterina e Gianluca Garofoli, proprietários da vinícola Gioacchino Garofoli

Romano Dal Forno, proprietário da vinícola Dal Forno Famiglia Rallo, proprietários da vinícola Donnafugata

Giancarlo Travaglini, Liliana Travaglini e suas filhas, proprietários da vinícola Travaglini Lorenzo Constantini, enólogo da vinícola Villa Simone

Famiglia Antinori, proprietários da vinícola Antinori

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Mário Cordero, da vinícola Vietti

Famiglia Livio Felluga, proprietária da vinícola Livio Felluga





9 788564 654013

ISBN 978-8-56465-401-3


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