Métodos Dinâmicos de Análise Financeira - aula 04

Page 1

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA AULA 04 ANÁLISE POR INDICADORES

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

1


MONTAGEM E INTRPRETAÇÃO DA ESTRUTURA DE CAPITAIS Uma das utilidades da análise vertical é a de permitir a montagem da Estrutura de Capital de qualquer empresa. Para isso, tomam-se os resultados da análise vertical de cada um dos grupos do Ativo e Passivo colocando-os em dois quadros que indicam Fontes (Passivo) e Aplicações (Ativo) dos recursos. Conforme visto na etapa anterior, o Balanço Patrimonial é subdividido em três grandes grupos conforme mostra o esquema: ATIVO aplicações dos recursos ATIVO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO PERMANENTE

PASSIVO Origens dos recursos PASSIVO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Certa empresa, após ter montado a análise vertical de seu balanço patrimonial, verificou que os grandes grupos apresentavam a seguinte participação percentual em relação ao total do Ativo/Passivo. ATIVO aplicações dos recursos ATIVO CIRCULANTE 55% REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 3% ATIVO PERMANENTE 42% TOTAL DO ATIVO 100%

PASSIVO Origens dos recursos PASSIVO CIRCULANTE EXIGÍVEL A LONGO PRAZO PATRIMÔNIO LÍQUIDO TOTAL DO PASSIVO

34% 5% 61% 100%

Vamos montar um esquema onde esses percentuais sejam colocados evidenciando sua proporcionalidade. Esse esquema contará com duas caixinhas, uma representando o Ativo e outra o Passivo. Colocadas lado a lado, poderemos utilizar do efeito para fazer comparações e responder as duas grandes perguntas que se faz quando buscamos analisar genericamente a empresa.

2

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


Principalmente de onde a empresa está obtendo recursos para funcionar?

Principalmente onde ela está aplicando esses recursos?

Técnica para Avaliação

Observe o esquema e, logo em seguida a análise.

Interpretação do Esquema

Vamos interpretar as “caixinhas”:

1. O volume de recursos próprios representa 61% do passivo da empresa e são suficientes para financiar todos os ativos de longo prazo (Permanente e Realizável a Longo Prazo) que juntos representam 45% do Ativo, ou seja, 45% das aplicações da empresa. Como os Recursos Próprios representam 61% dos recursos da empresa, há ainda uma sobra de 16% a qual está sendo utilizada para ajudar a financiar o Capital de Giro (Ativo Circulante) que representa 55% das aplicações que a empresa fez. 2. Dos 55% dos recursos do Capital de Giro, 16% provem do Patrimônio Líquido e 5% dos recursos tomados a longo prazo, isto é, do Exigível a Longo Prazo. O que representa 38% de todo o Capital de Giro (21% dividido por 55% vezes 100). 3. A folga na capacidade dessa empresa em pagar suas contas de curto prazo (Passivo Circulante) da empresa, provém exatamente dos recursos de longo prazo e do capital próprio (ela tem 55% de Ativo Circulante para pagar 34% do Passivo Circulante).

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

3


4. A estrutura de capital desta empresa é muito boa porque os recursos próprios e de terceiros de longo prazo são suficientes para financiar todos os seus ativos de longo prazo (Permanente e Realizável a Longo Prazo) e ainda sobra desses para dar suporte ao Capital de Giro (Ativo Circulante). FORMAS PADRÃO DA ESTRUTURA DE CAPITAIS DAS EMPRESAS Qualquer empresa analisada terá sua estrutura de capital definida dentro de três modelos padrão. Observe:

Recursos próprios Recursos de terceiros de Recursos próprios e de financiam todos os ativos longo prazo completam o terceiros de longo prazo de longo prazo e ainda há financiamento de ativos de são insuficientes para sobra para financiar o Ativo longo prazo e sobra para financiar os ativos de longo Circulante financiar o Ativo Circulante prazo

Análise Vertical Técnica que permite transformar os números das demonstrações financeiras em percentuais

4

Estrutura de Capital Permite alocar esquematicamente os percentuais obtidos com a Análise Vertical de forma a visualizar-se as origens e as aplicações dos recursos

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA

Análise da Estrutura Permite obter respostas sobre a origem dos recursos e suas aplicações na atividade da empresa.


MONTAGEM DO PANORAMA ECONÔMICOFINANCEIRO UTILIZAÇÃO DE INDICADORES A partir de agora, entraremos numa das etapas mais importantes da análise das demonstrações financeiras, a construção do Panorama Econômico-Financeiro com base nos indicadores, mais conhecidos como índices financeiros. A literatura, bastante farta sobre o assunto, já revelou a existência de quase uma centena de índices financeiros. Obviamente que numa análise você não terá condições de utilizar todos, além disso, uma boa análise não pode ser pautada somente nos índices. A utilização excessiva de indicadores financeiros poderá transformar num emaranhado de percentuais e números que dificilmente o conduziriam a qualquer conclusão. Desta feita, é preciso selecionar os índices que mais atenderão aos objetivos da análise. Se sua análise será utilizada para uma decisão de crédito, deverão ser selecionados alguns índices de liquidez de curto prazo, endividamento e rentabilidade, afinal o credor, seja ele banco ou fornecedor, está preocupado primordialmente com a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo, com os atuais níveis de endividamento e, claro, com a capacidade da empresa em gerar lucros para pagá-lo. No entanto, se sua preocupação for uma análise financeira com vistas a um investimento, digamos em uma planta industrial, deverão ser privilegiados os índices que mostrem a empresa mais a longo prazo como índices de endividamento a longo prazo, liquidez geral, ciclo operacional e financeiro, entre outros. Em função de ser a abordagem do nosso curso essencialmente gerencial, vamos identificar um grupo de índices que nos permita avaliar todos os aspectos econômicos e financeiros da empresa. Assim, iremos trabalhar com o seguinte quadro de índices: Conceitos A análise por índices financeiros é uma das ferramentas mais utilizadas no mercado financeiro. Mas uma análise feita somente com índices financeiros é uma análise, pobre e certamente poderá conter inúmeras falhas. Índices financeiros não são suficientes para um julgamento adequado e uma decisão correta. Índices financeiros aliados à análise vertical e a outras técnicas que iremos apresentar mostram de forma bem mais clara a situação financeira da empresa.

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

5


Os índices financeiros dividem-se em 4 grupos:

Índices de Rentabilidade e Lucratividade;

Índices de Endividamento;

Índices de Estrutura de Capital;

Índices de Liquidez e de Prazos Médios;

Variação nos Índices Os índices Financeiros poderão ficar iguais ou ter variações, de acordo com a mudança no valor de qualquer um dos componentes de sua fórmula. Numerador = 1.000 = 0,8 Base

1.200

Se considerarmos como exemplo a fórmula acima, poderemos ter as seguintes variações no índice: O índice ficará igual a) Se o Numerador aumentar e a Base aumentar em igual proporção (por exemplo: 10% para ambos). 1.100 = 0,83 1.320 b) Se o Numerador diminuir e a Base diminuir em igual proporção (por exemplo: 20% para ambos). 800 = 0,83 960

6

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


O índice irá aumentar a)

Se o Numerador aumentar (30%) e a BASE ficar igual:

1.300 = 1,08 1.200 b)

Se o Numerador aumentar (15%) e a BASE aumentar menos (5%):

1.150 = 0,91 1.260 c)

Se o Numerador aumentar (20%) e a BASE diminuir (-10%):

1.200 = 1,11 1.080 d)

Se o Numerador ficar igual e a BASE diminuir (-50%):

1.000 = 1,67 600 e)

Se o Numerador diminuir (-10%) e a BASE diminuir mais (-20%):

900 = 0,94 960 O índice irá diminuir a)

Se o Numerador diminuir (-5%) e a BASE aumentar (10%):

950 = 0,72 1.320 b)

Se o Numerador diminuir (-30%) e a BASE ficar igual:

700 = 0,58 1.200

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

7


c)

Se o Numerador diminuir (-20%) e a BASE diminuir menos (-5%):

800 = 0,70

1.140 d)

Se o Numerador ficar igual e a BASE aumentar (10%):

1.000 = 0,76 1.320 e)

Se o Numerador aumentar (20%) e a BASE aumentar mais (50%):

1.200 = 0,67

1.800 Para um melhor acompanhamento, vamos montar o panorama econômicofinanceiro baseados numa empresa padrão, a Cia. de Cima. Suas demonstrações financeiras estão logo a seguir. Destacamos que para se ter um melhor nível de análise é indispensável se trabalhar com, pelo menos, três demonstrações financeiras. Dessa maneira, teremos uma sequência histórica de três períodos de atividades e, com isso, teremos facilitado o trabalho de avaliar a tendência dos indicadores. ATIVO Caixa e Bancos Aplicações Financeiras Duplicatas a Receber Estoques Outros Créditos CIRCULANTE Empréstimos a Coligadas Outros Créditos REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Investimentos Imobilizado Diferido PERMANENTE TOTAL DO ATIVO

8

Ano 1 465 589 10.580 26.860 927 39.421 12.520 795 13.315 8.289 58.650 2.986 69.925 122.661

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA

Ano 2 2.235 4.650 24.134 17.299 337 48.655 1.260 775 2.035 7.239 60.883 2.234 70.356 121.046

Ano 3 118 235 25.744 28.765 0 54.862 1.250 489 1.739 7.985 56.665 896 65.546 122.147


PASSIVO Fornecedores Salários e Encs. Sociais a Pagar Impostos a Pagar Empréstimos Contas a Pagar Imposto de Renda CIRCULANTE Financiamentos EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Capital Reserva de Capital Lucros (Prejuízos) Acumulados PATRIMÔNIO LÍQUIDO TOTAL DO PASSIVO

Ano 1 31.821 1.285 2.325 15.084 8.691 0 59.206 2.389 2.389 25.260 28.250 7.556 61.066 122.661

Ano 2 31.859 230 435 2.635 4.690 1.280 41.129 12.737 12.737 29.000 27.150 11.030 67.180 121.046

Ano 3 27.853 1.230 1.312 4.730 1.866 3.424 40.415 7.958 7.958 50.000 7.920 15.854 73.774 122.147

DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS VENDAS LÍQUIDAS Custo Produtos Vendidos LUCRO BRUTO Despesas Operacionais Despesas com Vendas Despesas Administrativas Despesas Financeiras (+) Receitas Financeiras (+/-) Equivalência Patrimonial LUCRO OPERACIONAL Receitas/(Desp.) Não Operacionais Provisão Imposto Renda LUCRO LÍQUIDO

Ano 1 179.900 142.609 37.291

Ano 2 165.400 133.860 31.540

Ano 3 188.520 145.081 43.439

12.650 13.191 21.594 187 1.080 -8.877 559 -8.318

10.345 6.590 9.580 2.230 237 7.492 -98 1.280 6.114

15.205 15.630 1.560 1.080 -985 11.139 -1.121 3.424 6.594

ÍNDICES DE RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE Rentabilidade do Patrimônio Líquido Quando há lucro, este índice mede quanto o lucro contribuiu para o aumento dos recursos próprios. Quando há prejuízo, ele mede quanto a empresa perde de seus recursos próprios por causa do prejuízo.

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

9


Lucro Líquido

x 100

Patrimônio Líquido Não use casas decimais Arredonde os resultados. O fato de a empresa aumentar ou diminuir o seu Patrimônio Líquido não significa que estes estão entrando ou saindo do “caixa”. Significa que os recursos próprios que financiam os ativos (onde o “caixa” é apenas um deles) estão maiores, no caso de lucro, ou estão menores, no caso de prejuízo. Como o Patrimônio Líquido é uma das principais fontes de recursos, é claro que quanto maior for o índice de retorno do PL, maior é a contribuição do lucro para aumentar esta fonte a aumentar o nível de capitalização da empresa. Prejuízos constantes ou muito elevados corroem os recursos próprios e enfraquecem a estrutura de capital da empresa. Por outro lado, os prejuízos devem ser pagos, assim, a empresa tem de desfazer-se de ativos ou então aumentar suas fontes junto a terceiros, ampliando suas dívidas. Rentabilidade do Ativo Quando há lucro, este índice mede quanto o lucro contribuiu para financiar o Ativo. Quanto maior esta contribuição, menor será a necessidade de buscar outras fontes tais como recursos de terceiros ou de sócios. Lucro Líquido

x 100

Total do Ativo

Não use casas decimais Arredonde os resultados. Quando há prejuízos, o índice indica quanto a empresa perde de seus ativos para poder cobrir os prejuízos. Quanto maior for o prejuízo, maior o volume de ativos que a empresa necessita para cobri-los. Caso a empresa não queira ou não possa se desfazer de ativos, certamente ela terá de buscar recursos de terceiros ou de sócios para poder cobrir seus prejuízos.

10

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


Vamos calcular os índices de Rentabilidade para a Cia. de Cima, utilizando os dados das demonstrações acima e as fórmulas fornecidas. ÍNDICE Rentabilidade do Patrimônio Líquido Rentabilidade do Ativo

ANO 1 -14% -7%

ANO 2 9% 5%

ANO 3 9% 5%

Como se pode notar, o primeiro ano foi muito difícil para empresa em termos de retorno dos capitais. A rentabilidade da empresa, tanto a dos recursos próprios como a dos ativos, ficou negativas revelando prejuízo no período (observe na DRE o prejuízo líquido e operacional). O índice negativo revela ainda que no ano 1 os capitais próprios e os ativos se reduziram em, respectivamente 14% e 7%. A partir do ano 2 a empresa voltou aos lucros, aumentando seus recursos próprios como também seus ativos em, respectivamente, 9% e 5%. No ano 3 manteve o mesmo retorno, mais do que compensando os prejuízos apurados no ano 1. De uma forma geral, a melhora no retorno dos capitais foi um dos aspectos que fez a empresa melhorar nos dois últimos anos.

Não foi isso que você constatou na análise da Estrutura de Capitais?

ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO Endividamento Total Indica a proporção da utilização dos recursos de terceiros (dívidas) em relação aos recursos próprios. O parâmetro Capital de Terceiros resulta da soma dos grupos Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo (PC+ELP). Capital de Terceiros (PC+ELP) x 100

Patrimônio Líquido

Não use casas decimais. Arredonde os resultados.

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

11


Este índice trabalha com todo o Passivo. Quanto maior o volume de recursos de terceiros, maior é a dependência. Esta dependência vai definir o nível de riscos. Se os recursos de terceiros são naturais ou operacionais, o risco é mais leve. Se os recursos de terceiros são onerosos ou não operacionais, os riscos são mais elevados. Quando o índice for alto, os recursos próprios são insuficientes para atender as necessidades da empresa e ela passa a depender excessivamente de recursos de terceiros. Cuidado! Quando este índice for igual a 100% significa que 50% dos recursos são de terceiros e 50% são recursos próprios. Este é o ponto de equilíbrio do índice. Acima de 100%, a empresa depende mais de recursos de terceiros e abaixo de 100% a empresa tem mais recursos próprios do que recursos de terceiros.

PC

$ 125

ELP

$ 25

PL

$ 150

Capital de Terceiros = $125 + $25 x 100 = 100% Patrimônio Líquido $150 O índice é 100%. A empresa usa $150 de recursos de terceiros e $150 de recursos próprios, isto é, 50% de cada uma das FONTES. O total das fontes é de 300.

Endividamento a Curto Prazo Indica quanto a empresa tem de recursos de terceiros de curto prazo em relação aos recursos próprios. Passivo Circulante x 100

Patrimônio Líquido

Não use casas decimais Arredonde os resultados. Atualmente as dívidas das empresas concentram-se mais no curto prazo, uma vez que as fontes de recursos de longo prazo são escassas. Consequentemente, este índice

12

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


tenderá a ser bastante igual ao de endividamento total. Se não for, e empresa tem volumes importantes de dívidas de longo prazo. ENDIVIDAMENTO FINANCEIRO TOTAL Indica quanto a empresa utiliza de recursos bancários (curto e longo prazo) em relação ao que ela tem de recursos próprios. É um dos índices mais importantes para os bancos, pois mostra quanto a empresa depende de empréstimos e outras formas de financiamentos bancários. É conveniente observar também o volume de despesas financeiras (DRE) para avaliar o custo destes recursos. Empréstimos e Financiamentos

de Curto e Longo Prazo

x 100

Patrimônio Líquido

Não use casas decimais. Arredonde os resultados. Normalmente, as empresas buscam recursos para suprir suas necessidades de caixa (seja para pagar despesas ou cobrir prejuízos, seja para suprir suas necessidades de capital de giro ou imobilização). As instituições financeiras são o caminho para isto, uma vez que as demais fontes de recursos de terceiros não as suprem de dinheiro (fornecedores cedem matérias-primas e mercadorias, contas a pagar representam insumos, salários e encargos são recursos humanos). Portanto, dinheiro mesmo vem de Bancos. Daí, a importância de avaliar cuidadosamente este índice. ENDIVIDAMENTO FINANCEIRO A CURTO PRAZO

Este índice é complemento do Endividamento Financeiro.

Ele mede quanto a empresa usa de fontes bancárias de curto prazo para cada R$ 100 de recursos próprios.

Empréstimos de Curto Prazo x 100

Patrimônio Líquido

Não use casas decimais. Arredonde os resultados

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

13


As fontes de financiamentos bancários tendem a se concentrar mais no curto prazo. São poucas as alternativas de recursos bancários de longo prazo, sobretudo pela incerteza e instabilidade das políticas de Governo. Desta forma, este índice tende a ser igual ao índice de endividamento financeiro que mede curto e longo prazo. Quando houver muita diferença entre os dois índices é sinal de que a empresa tem financiamentos de longo prazo em volumes relevantes.

Vamos calcular os índices de Endividamento para a Cia. de Cima e continuar a compor o panorama econômico-financeiro da empresa.

Vamos acrescentá-los à tabela da rentabilidade: ÍNDICE Rentabilidade do Patrimônio Líquido Rentabilidade do Ativo Endividamento Total Endividamento a Curto Prazo Endividamento Financeiro Total Endividamento Financeiro a Curto Prazo

ANO 1 -14% -7% 101% 97% 29% 25%

ANO 2 9% 5% 80% 61% 23% 4%

ANO 3 9% 5% 66% 55% 17% 6%

Com referência aos índices de endividamento verificamos que os mesmos tiveram uma redução generalizada no período em análise, ainda que tenha havido um pequeno “repique” no financeiro a curto prazo no último ano. Nada comprometedor, pois se manteve em níveis bem baixos. Na verdade, a grande ressalva do endividamento dessa empresa é que ele continua concentrado a curto prazo o que é um risco. Ora, se o endividamento bancário a curto prazo está baixo, conclui-se que essa concentração é com fornecedores, salários e encargos e impostos a pagar. Será? Verifique o Passivo Circulante se isso é verdade.

ÍNDICES DE ESTRUTURA DE CAPITAL

Imobilização do PL ou Imobilização dos Recursos Próprios

Indica quanto a empresa usa de seus recursos próprios (PL) para financiar todo o seu Ativo Permanente (especialmente imobilizado). Quando o índice for menor que 100% significa que a empresa consegue financiar todo o seu Ativo Permanente e ainda há sobras de recursos próprios para financiar o

14

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


Realizável de Longo Prazo e/ou o Capital de Giro. Quando o índice for maior que 100% significa que a empresa não consegue financiar todo o seu Ativo Permanente com seus recursos próprios. Depende, portanto, de recursos de terceiros para financiar parte de seu Permanente. Neste caso, é importante avaliar quanto ela usa de recursos de terceiros para esta finalidade.

Ativo Permanente

x 100

Patrimônio Líquido Não use casas decimais. Arredonde os resultados. Sempre que este índice for maior que 100% já é um indicador de que a estrutura de capital da empresa não é boa. O mínimo esperado dos sócios é que eles supram pelo menos a necessidade de imobilização da empresa. Se não o fazem, há já um sinal de risco. Neste caso é importante avaliar se há outras fontes de longo prazo atendendo a esta necessidade. Se houver, os riscos são menores, pois muitos projetos e planos de expansão costumam ser financiados por recursos de longo prazo. Se não houver, o risco é alto, pois a estrutura de capital da empresa é ruim ou péssima. Capital de Giro Próprio Quando positivo, este índice mede quanto do Capital de Giro é financiado por recursos próprios. Neste caso, quanto mais alto for o índice, melhor. Quando negativo, ele mostra que a empresa não tem sobra de recursos próprios para financiar nenhuma parte do Capital de Giro. Neste caso, todo o Ativo Circulante é financiado por capitais de terceiros. PL - Permanente - Realizável L. Prazo x 100

Ativo Circulante

Não use casas decimais. Arredonde os resultados. A situação ideal é que os recursos próprios financiem todos os ativos de longo prazo (permanente e realizável) e ainda houvesse sobras para financiar parte da necessidade de Capital de Giro. No caso do índice de imobilização do PL maior que 100%, a empresa depende totalmente de terceiros para suprir seu capital de giro, pois seus recursos próprios sequer atendem à imobilização.

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

15


EXEMPLO: Vamos calcular os índices de Estrutura de Capital para a Cia. de Cima, utilizando os dados das demonstrações acima e as fórmulas fornecidas. Vamos acrescentá-los à nossa tabela.

ÍNDICE Rentabilidade do Patrimônio Líquido Rentabilidade do Ativo Endividamento Total Endividamento a Curto Prazo Endividamento Financeiro Total Endividamento Financeiro a Curto Prazo Imobilização dos Recursos Próprios Capital de Giro Próprio

ANO 1 -14% -7% 101% 97% 29% 25% 115% -56%

ANO 2 9% 5% 80% 61% 23% 4% 105% -11%

ANO 3 9% 5% 66% 55% 17% 6% 89% 12%

Os índices de Estrutura de Capital complementam o estudo das “caixinhas”. Com ele você pode observar que a estrutura de capitais da empresa passou da classificação “ruim” para “boa” no período em análise. Isso se deu porque a rentabilidade dos capitais aplicados na empresa (próprios e de terceiros) melhorou muito e também porque os níveis de endividamento baixaram, não é verdade? Com isso, podemos notar que o nível de imobilização dos recursos próprios foi se reduzindo. Até o ano 2, 100% do patrimônio liquido encontrava-se imobilizado e ainda havia a utilização de recursos de terceiros para terminar de financiar a imobilização (15% no ano 1 e 5% no ano 2). Somente no ano 3 o nível de imobilização baixou de 100%, ano em que a empresa conseguiu liberar 12% do capital próprio para o Capital de Giro (para ajudar na compra de estoques e no financiamento de clientes).

Dê uma olhada na sua análise das “caixinhas” e confirme o que dissemos.

ÍNDICES DE LIQUIDEZ Liquidez Corrente Indica quantos R$ a empresa tem no capital de giro (curto prazo) para pagar cada R$ de dívida no curto prazo.

16

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


Quando o índice for igual a 1,00 significa que a empresa tem exatamente o mesmo volume de ativo circulante para pagar o passivo circulante e não há sobras. Quando o índice foi maior que 1,00 a empresa tem maior volume de ativos de curto prazo do que dívidas de curto prazo. O que exceder a 1 é sobra. Quando o índice for menor que 1,00 a empresa tem volume de dívidas maior que o volume de ativo de curto prazo para pagá-las. Consequentemente, ela não tem volume de recursos suficientes para pagar as dívidas.

Ativo Circulante Passivo Circulante

Use duas casas decimais. O principal problema desse índice é que ele mede apenas volume. Como liquidez é a capacidade de pagar as dívidas dentro de seus prazos de vencimentos, muitas vezes a empresa não tem volumes suficientes, mas gira com muita rapidez seus ativos e suas dívidas têm prazos mais lentos. Neste caso, mesmo com índice abaixo de 1,00 a empresa tem boa capacidade de pagamento. Por outro lado, se o giro dos ativos for muito lento, mesmo com índice acima de 1,00 a empresa pode ter dificuldades de pagamento, se suas dívidas tiverem prazos bastante curtos. Daí, a importância de se aliar este índice com os índices que medem prazos. Liquidez Seca

É índice complementar ao de Liquidez Corrente.

Ele indica quanto a empresa tem de recursos de curto prazo, sem considerar os estoques, para pagar suas dívidas de curto prazo. Ativo Circulante - Estoques

Passivo Circulante

Use duas casas decimais. Quando o índice for menor que 1,00 é sinal de que a empresa precisa vender estoques para poder pagar suas dívidas. Como a venda de estoques é operação natural em qualquer empresa, é necessário medir quanto de estoques precisa ser vendido e, também, em que período de vendas e empresa está (principalmente as empresas que têm forte sazonalidade).

Quando o índice for maior que 1,00 é sinal que ela consegue pagar suas dívidas

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

17


sem precisar vender estoques. Liquidez Geral Este índice indica a Situação de Liquidez de curto e longo prazo. É um índice importante quando se decide por créditos de longo prazo. Para avaliação de riscos de curto prazo, o índice de liquidez corrente é melhor.

Ativo Circulante + Realizável Longo Prazo

Passivo Circulante + Exigível Longo Prazo

Use duas casas decimais. Se uma empresa tem índice abaixo de 1,00, mostra que não tem capacidade de pagar todas suas dívidas com os ativos de curto e longo prazo. Neste caso, deve-se observar a liquidez corrente, a qual mostrará se, pelo menos, no curto prazo ela é boa. Ao longo do tempo e, pelo menos por um ano, a empresa poderá melhorar ou, também, piorar a situação geral de liquidez. É fundamental o acompanhamento desta situação.

Vamos calcular os Índices de Liquidez - volumes para a Cia. de Cima, utilizando os dados das demonstrações apresentadas nas páginas 7 e 8 e as fórmulas fornecidas.

Vamos acrescentá-los à nossa tabela. ÍNDICE Rentabilidade do Patrimônio Líquido Rentabilidade do Ativo Endividamento Total Endividamento a Curto Prazo Endividamento Financeiro Total Endividamento Financeiro a Curto Prazo Imobilização dos Recursos Próprios Capital de Giro Próprio Liquidez Corrente Liquidez Seca Liquidez Geral

18

ANO 1 -14% -7% 101% 97% 29% 25% 115% -56% 0,67 0,21 0,86

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA

ANO 2 9% 5% 80% 61% 23% 4% 105% -11% 1,18 0,76 0,94

ANO 3 9% 5% 66% 55% 17% 6% 89% 12% 1,36 0,65 1,17


Antes de iniciarmos, a análise convém lembrar que os índices de liquidez são fortemente afetados pelas condições conjunturais, pelo setor em que a empresa atua (comércio, por exemplo, tem frequentemente liquidez melhor do que a indústria). Assim, um índice de liquidez corrente 1,20 de um supermercado pode ser inatingível por um grande número de indústrias. Já uma liquidez corrente de 0,80 é normal para uma indústria de bens de capital (que produz equipamentos). Isso se deve principalmente pelas características operacionais do negócio. Um supermercado vende grandes volumes à vista, isto é, dinheiro no caixa. Já uma indústria de vagões para transporte ferroviário demora bem mais para realizar seu estoque e, consequentemente, tem uma liquidez mais baixa. Os índices de liquidez da nossa empresa acompanharam a tendência de melhora já verificada. A capacidade de pagamento que era de R$ 0,67 de recursos para pagar cada R$ devido a curto prazo passou no ano 3 a R$ 1,36, um bom nível de liquidez. Por outro lado, a liquidez seca revela que a empresa é dependente da venda de estoques para pagar suas contas (seus índices ficam abaixo de 1,00 nos três períodos). A liquidez geral manteve a mesma tendência da liquidez corrente e revela capacidade para pagar suas dívidas de longo prazo. Enquanto os índices de liquidez mostram volumes de recursos, os índices de prazos médios mostram os prazos com que a empresa realiza seus ativos e os prazos que ela tem para pagar suas dívidas.

Prazo Médio de Estocagem No caso de indústrias, mede o tempo que a empresa mantém consigo os estoques desde o momento da compra da matéria-prima até o momento da venda do produto acabado, passando por todo o processo de fabricação. No resultado de comércio, é o tempo entre a compra da mercadoria e a data da venda. O resultado é número de dias, isto é, quantos dias a empresa demora para produzir e vender todo o volume de estoques. Média dos Estoques (#)

x 365

Custo dos Produtos Vendidos

Não use casas decimais. Arredonde os resultados. (#) Média dos Estoques = soma dos 2 anos dividida por 2.

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

19


É calculada a média dos estoques do início e do fim do ano para evitar distorções no valor dos estoques (causados pela inflação ou por flutuações no montante dos estoques entre o início e o fim do ano). Como os estoques, após serem vendidos, são registrados como Custos dos Produtos Vendidos, compara-se na fórmula a relação entre estoques existentes (Estoques médios) com os estoques já vendidos (Custos dos Produtos Vendidos). Prazo Médio de Estocagem = 42 dias 23 dias

8 dias Compra de Mat. Prima

Período de Fabricação

Período de Fabricação

11 dias Venda Custos dos Produtos vendidos

Como o processo de produção é um ciclo, o prazo médio de 42 dias (como no exemplo acima) não significa que a empresa irá vender seus estoques somente após 42 dias. Na verdade, seus estoques são vendidos todos os dias. O índice indica apenas o tempo médio que os estoques permanecem dentro das instalações da empresa. Vários fatores podem contribuir para que uma empresa tenha prazos médios de estocagem elevados: 1.

excesso de compra de matérias-primas;

2.

ineficiência no processo de produção;

3.

dificuldade de venda ou mercado em crise;

4.

produção maior que o volume de vendas;

5. produto que exige longo tempo de produção (navios, máquinas de grande porte, por exemplo). Prazo Médio de Cobrança

Média de Duplicatas a Receber (#) x 365 Vendas Líquidas

Não use casas decimais. Arredonde os resultados (#) Média de Duplicatas a receber = soma dos 2 anos dividida por 2.

20

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


A empresa não recebe todas as duplicatas no mesmo dia. Ela recebe duplicatas todos os dias ou todas as semanas. O índice vai mostrar o tempo médio que ela demora para receber todas as duplicatas, incluindo eventuais atrasos. Prazo Médio de Cobrança = 35 dias 35 dias Recebimento Venda Caixa Prazo Médio de Pagamentos Este é um índice muito genérico. Ele indica o prazo de pagamento das principais dívidas operacionais, isto é, quantos dias em média a empresa obtém de seus fornecedores e prestadores de serviços para pagar suas contas. Como estas dívidas têm prazos diferentes, a mistura deles conduz a um resultado de pouca utilidade (a análise qualitativa é melhor). Salários, Encargos Sociais e Impostos têm prazos curtos para pagamento. Em média entre 5 a 10 dias após o encerramento do mês. Fornecedores têm prazos variáveis que podem chegar a 60 dias. E Contas a Pagar têm prazos de até 30 dias

Fornecedores + Salários e Encargos Sociais +

Média da soma de

Impostos a Pagar + Contas a Pagar (#)

x 365

Custo Produtos Vendidos + Despesas de Vendas +

Despesas Administrativas

Não use casas decimais. Arredonde os resultados. (#) Soma dos dois anos de (Fornecedores + Salários e Encargos Sociais a Pagar + Impostos a Pagar + Contas a Pagar divida por 2.

Indica em quantos dias, em média, as principais dívidas operacionais são pagas. Prazo Médio de Pagamentos = 23 dias Compras a Prazo

30 dias

Despesas com Pessoal

5 dias

Pagamento a Fornecedores Contas a Pagar Pagamento Salários e Contrib. Sociais

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

21


Despesas com Vendas e Impostos

Pagamento de Impostos e Despesas

10 a 20 dias

Ciclo Financeiro

É resultado de:

Prazo médio de estocagem + Prazo médio de cobrança

- Prazo médio da pagamentos

O ciclo financeiro mostra quanto tempo a empresa demora entre a compra da matéria-prima (ou mercadoria, no caso de comércio), a venda do produto e o recebimento da duplicata. Esta primeira parte mostra, então, quanto tempo a empresa demora para receber em R$ os seus ativos (estoques + duplicatas). Deste total, diminui-se o tempo que ela tem para pagar suas principais dívidas operacionais, ou seja, quando ela faz o desembolso de R$. A diferença é o ciclo financeiro. O principal defeito do ciclo financeiro é que ele mede apenas os prazos e não mede os volumes em R$ que são recebidos ou pagos. Se positivo, mostra que a empresa precisa de recursos para financiar por algum tempo seus ativos operacionais. Prazo Médio de Estocagem 42 dias Compra de Período de Produto MatériaProdução Acabado Prima 23 dias Prazo Médio de Pagamentos

Prazo Médio de Cobrança 35 dias Venda

77 dias

Ciclo Financeiro 54 dias Necessidade de recursos Financiada por recursos próprios ou recursos bancários

Se negativo mostra que a empresa consegue financiar seus ativos operacionais com os recursos (fontes) operacionais de terceiros, resultantes dos prazos normais de sua atividade.

22

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


Prazo Médio de Estocagem 12 dias Compra de Mercadoria

Prazo Médio de Cobrança 15 dias Venda

27 dias

45 dias Prazo Médio de Pagamentos Ciclo Financeiro -18 dias Recursos são recebidos antes do pagamento das dívidas operacionais

Assim, podemos sintetizar o indicador do ciclo financeiro:

Se positivo, a empresa “paga primeiro e recebe depois”, se negativo, a empresa “recebe primeiro e paga depois”. É bom lembrar que essas afirmações referem-se a médias. No caso do comércio, o ciclo financeiro tende a ser sempre negativo em função de um grande volume de vendas à vista. Na indústria essa tendência é positiva.

Vamos calcular os Índices de Liquidez - prazos para a Cia. de Cima, utilizando os dados das demonstrações acima e as fórmulas fornecidas. Vamos acrescentá-los à nossa tabela e concluir o panorama econômico-financeiro da empresa. ÍNDICE Rentabilidade do Patrimônio Líquido Rentabilidade do Ativo Endividamento Total Endividamento a Curto Prazo Endividamento Financeiro Total Endividamento Financeiro a Curto Prazo Imobilização dos Recursos Próprios Capital de Giro Próprio Liquidez Corrente Liquidez Seca

ANO 1 -14% -7% 101% 97% 29% 25% 115% -56% 0,67 0,21

ANO 2 9% 5% 80% 61% 23% 4% 105% -11% 1,18 0,76

ANO 3 9% 5% 66% 55% 17% 6% 89% 12% 1,36 0,65

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

23


Liquidez Geral Prazo Médio de Estocagem Prazo Médio de Cobrança Praz\o Médio de Pagamentos Ciclo Operacional

0,86 X X X X

0,94 60dias 38dias 98dias 0 dias

1,17 58dias 48dias 72dias 34 dias

Atenção: antes de analisarmos os índices de prazos médios é bom observar que estes foram calculados apenas para o ano 2 e o ano 3. Isto porque ao trabalharmos com médias no cálculo dos índices consideramos:

A média do ano 2 = ano 1 + ano 2 ÷ 2

A média do ano 3 = ano 2 + ano 3 ÷ 2

Note que para calcularmos a média do ano 1 precisaríamos do ano 0; como não o temos, o cálculo dos índices de prazos médios para o ano1 fica sem efeito. O prazo Médio de Estocagem melhorou um pouco (2 dias). No ano 2 a empresa realizava todo o seu estoque, em média, a cada 60 dias. No ano 3 ficou mais rápido, 58 dias. Por outro lado, o Prazo Médio de Cobrança indicou que no ano 2 a empresa recebia toda a sua carteira de cobrança, em média, a cada 38 dias e no ano 3 passou a fazê-lo a cada 48 dias. Será consequência do aumento das vendas a prazo? Não está escrito em lugar nenhum, mas pelos números é possível deduzir isso. Se não, vejamos: Para melhorar a rentabilidade a empresa precisava vender mais. Além de reduzir suas despesas (vide DRE) passou a dar mais prazo para seus clientes, os estoques começaram a girar mais rápido e a lucratividade melhorou. A má notícia é que seu prazo médio de pagamentos (tempo que ela ganha de seus fornecedores e prestadores de serviços para pagar as contas) caiu, obrigando-a a pagálas num prazo menor. Com isso, seu ciclo operacional que estava em 0 dias no ano 2 (o índice 0 indica que a empresa pagava e recebia suas contas no mesmo dia, em média), passou a 34 dias positivos, ou seja, no ano 3 ela paga suas contas e recebe suas duplicatas, em média, 34 dias depois. Isso deve estar exigindo um maior esforço maior da empresa para manter sua estrutura operacional.

24

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


ANÁLISE VERTICAL FÓRMULAS ESTRUTURA DE CAPITAIS INDICADORES CONCLUSÕES E PARECER TÉCNICO

ANÁLISE INTERPRETAÇÃO

Facilidade para calcular e interpretar os dados financeiros não garante um retrato acurado da situação financeira de uma empresa. Os dados, puros e simples podem ser enganosos, inconsistentes ou errôneos. Assim, antes de analisar os demonstrativos, existem limitações que não devem passar despercebidas como a qualidade das informações. A análise financeira é apenas tão boa quanto as informações em que se baseia. Se as contas a receber estiverem registradas com erros num balanço, os cálculos feitos em relação ao índice de liquidez ou à rotatividade das contas a receber (duplicatas) serão falhos. Com toda a probabilidade, os demonstrativos preparados e atestados por uma empresa de consultoria contábil conceituada serão mais completos e acurados. Todas as condições econômicas, competitivas e reguladoras exercem influência sobre o contexto dentro do qual opera uma empresa. Aquilo que pode aparecer como um ponto fraco num balanço como um pequeno declínio dos lucros de um ano para outro, na realidade pode ser um ponto forte se a economia, durante o período tiver sofrido uma queda brusca. As condições externas estão constantemente em mudança e esse fato pode limitar as conclusões a que se pode chegar por meio da comparação dos demonstrativos de períodos diferentes. Quando se trabalha com números, existe sempre o perigo da centralização num resultado final enquanto outras considerações necessárias são excluídas. A análise financeira envolve um alto grau de interpretação e, portanto, raramente se pode chegar a conclusões absolutas. Ela deve ser encarada apenas como um meio de identificar os pontos fortes e fracos de uma empresa e de fazer previsões elaboradas quanto à sua capacidade futura em gerar lucros e pagar os seus parceiros de risco. A análise das Demonstrações Financeiras serve para formar opinião sobre a situação financeira da empresa. Serve também para indicar as mudanças e dar subsídios e argumentos para a empresa. O Balanço é o único instrumento que mostra o conjunto global de informações financeiras. Em nenhuma visita ou conversa com pessoas é possível ter uma visão tão ampla. É importante então que se saiba tirar dela o máximo de informações úteis. Por outro lado, o Balanço só contém informações financeiras. Não se pode tirar dele nenhuma outra informação além destas. Qualquer dedução que não possa ser confirmada pelos dados financeiros é dedução passível de erro. Portanto, é preciso cuidado nas afirmações e conclusões que são tiradas da análise financeira. Autor: Paulo Schulz

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

25


CONCLUSÃO

Escreveu seu parecer?

Não???

Vamos lá! Escrever é basicamente colocar ideias no papel, inicialmente sem censura. Vá colocando, não se preocupe com concordância ou nexo. Depois você revisa tudo isso. Afinal, não existe parecer certo ou errado quando se usa um pouquinho de bom senso. Então vamos. Vá passo a passo, leia o texto, observe a fórmula, pense sobre os números, releia o texto, pense, pense muito! Faz bem pensar!

Eu sei o que você está pensando agora.

“Tá bom”. Mas se não tentarmos nunca o faremos. Depois, será até divertido você comparar o sugerido por nós com o seu e, tenha certeza, você vai aprender muito!

Pronto para a próxima? Então lá vai!

Sucesso!

26

MÉTODOS DINÂMICOS DE ANÁLISE FINANCEIRA


ASSAF N., Alexandre, Finanças Corporativas e Valor, São Paulo, Editora Atlas, 2004. GITMAN, Lawrence, Princípios de Administração Financeira, Lisboa, Editora Harbra. 2002. JOHNSTON, Kenneth, Contabilidade e Administração; São Paulo, Editora MacGraw-Hill,. 1991. MATARAZZO, Dante C., Análise Financeira, São Paulo, Editora Atlas, 1998. RUTH, George, Análise de Crédito, São Paulo, Editora IBCB, 1994. WESTON, Fred, Fundamentos de Administração Financeira, São Paulo, Editora Makron, 2003.

AULA 04 - ANÁLISE POR INDICADORES

27


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.