Gestão de Pessoas em Instituições de Ensino - aula 05

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GESTÃO DE PESSOAS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO AULA 05 FORMAÇÃO DE EQUIPES

AULA 05 - FORMAÇÃO DE EQUIPES

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FORMAÇÃO DE EQUIPES: CRITÉRIOS DE LIDERANÇA INDISPENSÁVEIS PARA UM GESTOR A globalização Este tema surge mais como um extenso exercício de como você pode se comportar como um bom gestor do que como um desenvolvimento de um conteúdo. Quer encarar esse desafio?... Então vamos em frente, descobrindo juntos o comportamento de um gestor na formação de uma equipe, sua equipe de trabalho. O seu trabalho de gestor exige que você conquiste a confiança de seus parceiros, colaboradores e subordinados para os possíveis momentos difíceis, espinhosos, quando precisará do apoio, muitas vezes, até de seus opositores mais ferrenhos. Isso poderá definir seu sucesso ou fracasso. Você tem que unir o que existe de melhor nas pessoas, mesmo aquelas que possuem convicções opostas. Para tanto, mantenha em sua escola boas vias de comunicação, compreensão mútua e obrigações compartilhadas. Um sentido claro de propósito comum e uma camaradagem bem formada são ingredientes essenciais para assegurar a criação de uma cultura sólida e que sua equipe tenha um desempenho satisfatório. Seja uma pessoa comunicativa. Poucas palavras podem ser recomendáveis para os que ocupam uma posição técnica, mas é uma atitude desastrosa para quem ocupa uma posição de liderança. Mantenha-se bem informado sobre questões em que deva agir com rapidez. Do mesmo modo explique-se, pois somente assim seus parceiros, colaboradores e subordinados podem compreender aonde você quer chegar e se eles querem participar de seu(s) projeto(s). É necessário mantê-los sempre confiantes e predispostos, mesmo quando você não puder explicar todas as implicações de suas decisões. Para tanto, justifique-se anteriormente. É muito importante reconhecer que a participação de pessoas, grupos e entidades são orientadas por motivações diferentes. Uns podem estar interessados em educar os jovens para respeitar e preservar o meio ambiente; outros em desenvolver atividades esportivas ou artísticas; outros em preparar mão-de-obra etc. Esse é o primeiro passo para mobilizá-los e levá-los a contribuir. Crie oportunidades para que todos tenham sucesso – sem levar em conta seus motivos. É o segundo passo essencial para obter a disponibilidade e ação necessária, mesmo que você não possa garantir a todos o primeiro lugar. Você deve oferecer, o quanto antes, oportunidades de capacitação e orientações a seus colaboradores e subordinados mais inexperientes. Isso evitará que eles entrem em pânico nos momentos de muita ansiedade e estresse. Esse procedimento também vai gerar outro dividendo, permitindo que você exija, como pré-requisito, um alto desempenho

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daqueles que trabalham para você. A partir daí, prepare equipes de trabalho que tomem decisões e estabeleça diretrizes para antecipar a resolução de possíveis problemas. Escolha os mais aptos e qualificados para tomar decisões, independentemente de formação ou obrigação. Você já tem parcerias com pessoas, grupos e entidades? Isso é muito importante porque é um modo seguro de conseguir apoio nos momentos necessários. Caso ainda não as tenha, faça-as o quanto antes, senão pode ser tarde demais quando precisar delas. Nessas parcerias estão os seus aliados. Conte com esses aliados todas as vezes que precisar tomar decisões difíceis e tiver pouco tempo para explicá-las. O sucesso continuado das equipes é muito bom, mas não deixe que o excesso de confiança comprometa os esforços necessários para atingir os objetivos propostos. Do mesmo modo, quando eles parecerem quase inalcançáveis, estimule a motivação de todos, inspirando maior confiança e concentração em sua realização. Sempre que você precisar de apoio de um grupo, em momentos muito importantes, decisivos, transforme seus objetivos gerais em princípios para a ação. Envolva os membros do grupo chamando a atenção para a causa nobre, elevada, justa; para o desafio coletivo e definitivo, que não permite erros. Faça-os ver que a meta só será alcançada se todos investirem suas melhores energias na ação. Nesse sentido, é importante que você valorize todas as ações para mobilizar pessoas, mesmo a mais modesta. Elas podem gerar resultados igualmente modestos, mas também podem ser de grande valor. Como você não poderá adivinhar quais são as mais promissoras, não despreze nenhuma. Procure obter de seus colaboradores e subordinados os ingredientes essenciais para o sucesso de sua gestão: cooperação, contribuição, aceitação de responsabilidade e atenção concentrada na recuperação dos pontos frágeis. Para tanto, escolha bem seus parceiros, dê-lhes todo o apoio, faça com que assumam a responsabilidade por suas ações. Eles produzirão muito mais do que você jamais conseguiria se agisse sozinho. Uma dos grandes dificuldades no exercício da liderança é aquela que se refere à conciliação de diferentes pontos de vista, quando as pessoas ou equipes, às vezes muito poderosas, assumem atitudes de defesa feroz de suas idéias. Nesses momentos, você deve fazer esforços muito coerentes e determinados para conciliá-los. São pré-requisitos para superar qualquer conflito e mobilizar os recursos que as partes em disputa possam estar retendo.

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O gestor da Escola constatou, em diversas avaliações realizadas, que o rendimento dos alunos e das equipes de trabalho eram insatisfatórios. Os alunos já não se entusiasmavam como antes com festivais, campeonatos esportivos, cursos, feiras de ciências. Vários cursos abertos à comunidade não funcionaram por falta de alunos. O Conselho Escolar, composto por membros internos e externos à comunidade da escola, sofria com a impontualidade dos mais experientes. O prédio, o pátio, a quadra, enfim, tudo precisava de reparos e os recursos eram insuficientes. Baseado no diagnóstico acima, o gestor da escola procurou auxílio de uma consultoria que lhe mostrou o caminho: primeiro era necessário que o próprio gestor passasse por uma capacitação, estabelecendo princípios de liderança para então enfrentar a situação e revertê-la. Utilizando-se dos princípios abaixo, a consultora encaminhou um verdadeiro processo de mudança na gestão da escola. •

Conquistar a confiança de parceiros, colaboradores e subordinados;

• Manter boas vias de comunicação, compreensão mútua e obrigações compartilhadas; • Ser comunicativo, manter-se bem informado sobre questões em que deva agir com rapidez; •

Respeitar motivações diferentes de grupos diversos;

• Criar oportunidades para que todos tenham sucesso, por meio de treinamentos e orientações aos subordinados mais inexperientes; • Preparar equipes para tomar decisões e estabelecer diretrizes para antecipar a resolução intensiva de problemas; • Transformar seus objetivos em palavra de ordem quando quiser alcançar objetivos decisivos; •

Ganhar a colaboração total de parceiros, equipes e subordinados;

• Conciliar pontos de vista divergentes de diferentes equipes sobre determinadas idéias. Você pode ler mais sobre esse assunto no link: http://migre.me/ruTQw

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Você viu que a construção de uma equipe, ou melhor, a formação de uma equipe é um processo que deve se desenvolver constantemente para dar o devido suporte à instituição. Você teve a oportunidade de constatar que uma instituição de ensino de qualidade tem diversos espaços nos quais os educadores e demais segmentos podem trocar experiências e realizar aprendizagens significativas. Isso exige equipes bem formadas e, consequentemente, exigem líderes tecnicamente preparados para o exercício do cargo, o que significa que eles devem conhecer a si mesmos e os procedimentos adequados para trabalhar com suas equipes.

Na qualidade de gestor, você estará constantemente liderando equipes, negociando parcerias, resolvendo problemas internos e externos, o que muitas vezes envolve diversas equipes. É por este motivo que princípios de liderança devem ser estabelecidos, primeiramente em você, para que possa contagiar todos os seus liderados e assim, formar uma grande massa com um único objetivo: o sucesso da instituição. Muitas vezes, nos deparamos com um grupo de pessoas que, individualmente são muito bons, mas é só isso... Não sabem atuar em equipe. Geralmente isso acontece porque o líder não sabe liderar. A formação de equipes de sucesso depende do trabalho do gestor e o trabalho do gestor depende dos princípios de liderança. (Fonte: MAZIERO, S. M. B. Reflexões para material didático. Curitiba, UNIANDRADE, 2005.)

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Considerando os critérios que estudamos, ou melhor, os princípios de liderança necessários para a formação de equipes em instituições de ensino, coloque ao lado das frases que seguem, os princípios correspondentes, que você julga mais adequados para orientar o trabalho do gestor. Quais princípios você usaria para atuar e/ou modificar nas situações que se apresentam: a)

Desmotivação da equipe em algum trabalho: Princípio___________________________

b)

Inexperiência de diversos componentes da equipe: Princípio_____________________

c)

Ingerências político-partidárias: Princípio _________________________________________

LIDANDO COM UM PARADIGMA NOVO NA ERA DA INFORMAÇÃO Você consegue perceber as mudanças que vêm ocorrendo em nossa volta? E com que velocidade elas vêm se processando? Muitas mudanças vêm acontecendo, mas a mais recente é a era da tecnologia da informação que vem apresentando implicações profundas nas organizações e nas pessoas, criando um novo contexto e um novo conteúdo para as ações de informação. Estamos na vanguarda da informação e do conhecimento nos campos comportamentais, estratégicos, técnicos, gerenciais e táticos, com conceitos produtivos, competitivos e lucrativos, para proporcionar aos clientes ensinamentos e resultados que superem suas expectativas. O novo paradigma dá suporte às organizações que buscam uma nova geração de idéias e concepções e inclui novas dimensões a respeito da administração nas organizações, baseadas na criatividade, intuição, ousadia, informação e conhecimento, para conseguir sobreviver em meio de tanta competitividade. É importante para nós, gestores, verificarmos que as mudanças não estão ocorrendo só “em nossas organizações”, mas também dentro de nós, isto é, funcionam de acordo com nossa forma de pensar e interagir. Mudança de paradigma é fundamentalmente uma nova maneira de ver alguma coisa. O conhecimento até pouco tempo era algo que se adquiria de forma mecânica.

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Hoje, temos consciência de que o sujeito mais bem enquadrado na sociedade atual é aquele que “apreende” o conhecimento, não só memoriza uma informação, mas sabe exatamente como usá-la. A compreensão da mudança de paradigma está transformando-se numa précondição para o sucesso organizacional na Era da Informação, em que a tecnologia passou para a linha de frente, tornando-se estratégica, com o objetivo de obter vantagem competitiva. Essa nova abertura que parece rica em oportunidades é também repleta de perigo para a humanidade, seu país, sua organização e para você. A nova tecnologia trouxe a necessidade de haver um novo tipo de gestor – um administrador que não veja contradição entre produtividade e qualidade da vida do trabalho... A competição em setores antes dominados pelo Ocidente carecia de recursos naturais e de mão-de-obra. Desde a época de Weber, as organizações ocidentais têm tido a forma burocrática como característica, onde a forma ideal de organização deveria separar as pessoas, forçando-as a serem tecnicamente especializadas e formalmente dirigidas e avaliadas, a fim de que se mantivesse uma atitude impessoal no trabalho. Atualmente, em ambientes de organizações burocráticas, as pessoas mal se conhecem e pouco se importam umas com as outras. A filosofia oriental na administração, por outro lado, sugere que os trabalhadores são a chave para o aumento da produtividade. A orientação holística das empresas demonstra amplo interesse pelo bem-estar dos subordinados e dos colegas, as relações entre as pessoas tendem a ser formais, criando uma atmosfera igualitária. Os lideres empresariais e principais economistas dizem que os números crescentes de desemprego representam “ajustes” de mercado, que estão acelerando a economia global. Com a promessa de um excitante novo mundo de produção automatizada de alta tecnologia, comércio global e abundância material. Embora o número de operários continue a declinar, a produtividade está subindo aceleradamente, formando assim um mundo cada vez mais violento, criando um país habitado por uma pequena elite cosmopolita próspera, num país de trabalhadores cada vez mais empobrecidos e de pessoas desempregadas. Os convertidos à nossa visão tecnológica do mundo eram os escritores populares de ficção cientifica da época. Estas experiências literárias consideradas impossíveis em suas épocas mostraram a tecnologia como uma ferramenta poderosa, onde o virtual é um sonho sobre uma nova realidade. Hoje, a realidade da convergência de inovações tecnológicas, operadas nos setores de informática, de redes de computadores e das telecomunicações define a tecnologia de informação como uma teia imbricada de serviços, de ferramentas de organização e de recuperação de informação, bem como robôs de indexação e de recuperação da informação que permitem a comunicação a distância e em tempo real entre especialistas com uso de imagem e voz.

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No entanto, a observação passiva de mudanças tumultuadas acaba gerando paralisia. Seu mundo está passando por uma transformação e você tem uma oportunidade de ter participação ativa, exercendo liderança e ajudando sua organização a aprender. Só por meio da escolha o indivíduo pode ampliar seus conhecimentos. São relevantes as disciplinas: pensamento sistemático, o domínio pessoal, a visão compartilhada, a aprendizagem em equipe e o diálogo. Encarar a organização que aprende como um estado final a se alcançar é difícil para nós ocidentais. Em chinês, aprender significa literalmente estudar e praticar sempre. Segundo Henri Matisse, o homem é um criador autêntico, que possui uma visão própria para desenvolver suas atividades, havendo portanto, algumas distorções no decorrer de nossa vida, geradas por hábitos adquiridos. Para que possamos nos livrar desses hábitos que nos acompanham, devemos retornar ao começo dos próprios, avaliando nossos conceitos, desenvolvendo uma visão interior, absorvendo o que acontece ao nosso redor. As pessoas que realmente querem obter uma transformação em sua vida, ter domínio pessoal, acabam praticando a meditação, pois trabalham com a mente subconsciente de forma mais produtiva. Pelo fato de ocorrer esta abertura de mercado no mundo globalizado em que vivemos, ocorre uma competitividade acirrada, em que a criatividade, a ousadia e a tecnologia de informação são extremamente necessárias para a sobrevivência das atuais empresas e também para empregabilidade, que seleciona cada vez mais seus empregados, visando adquirir visões novas para a organização. Percebemos que o maior desafio surge no interior das pessoas, havendo a necessidade de despertar a liderança independente da função exercida no ambiente de trabalho, tornando a vida mais gratificante, criando valores e aspirações no decorrer de nossa jornada, tendo um comprometimento maior, para que futuramente possamos trabalhar e consequentemente vivermos em um mundo melhor. Você deve estar se perguntando: O que tudo isso tem a ver com a instituição de ensino?... Ou melhor, em que isso tudo afeta a escola, ou a equipe que nela atua? A resposta é: tudo! Uma instituição de ensino é o reflexo da sociedade e todas as mudanças que afetam o mundo do trabalho atingem diretamente a instituição de ensino. Se quisermos mudar a escola, tornando-a uma instituição de qualidade, devemos formar as equipes que nela atuam com vontade de implementar mudanças como as que estão ocorrendo e que vimos anteriormente. Assim, o profissional necessário para atuar nessas instituições é aquele que possui características de aprendizado constante. Em consequência, o gestor que lidera essas equipes deve possuir as mesmas características.

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A instituição de ensino, conectada com as mudanças de paradigma da informação, instituem o e-learning como fonte de aprendizado. O e-learning, ensino realizado por meios eletrônicos, foi instituído na organização escolar como forma de capacitação continuada, visando a garantir um princípio de gestão que é o combate à inexperiência de diversos componentes da equipe. Um exemplo de instituição que aprende é este. Além de instituir o e-learning como forma de formação continuada das equipes, ainda reduz custos relativos ao treinamento de pessoal, que organizado de forma presencial, certamente seria mais elevado. Este exemplo foi tirado de uma experiência realizada pelo Estado do Paraná, através da Secretaria de Educação que, no período de 2001 a 2003, capacitou todos os profissionais que atuam na Educação de Jovens e Adultos de forma eletrônica, por meio de fóruns, chats e teleconferências, no sentido de implantar um sistema informatizado de dados denominado SABI – Sistema de Acompanhamento de Alunos e banco de Itens Estadual. O sistema em questão comporta não só o acompanhamento de todos os alunos matriculados, como também um sistema de avaliação final por meio de questões elaboradas pelos professores da rede estadual denominado Banco de Itens e Exames On Line – Exames Supletivos realizados em computadores credenciados pelo Estado.

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A Era da informação e do conhecimento pode ser caracterizada pela velocidade das informações e pela busca incessante por novos nichos de mercado. Empresas e trabalhadores procuram adquirir e disseminar conhecimentos e utilizam as informações como uma ferramenta na busca de novas formas para otimizarem o desempenho organizacional e o seu próprio desempenho pessoal. Esse ambiente impulsiona os gestores a repensarem seu papel na organização. Eles estão sendo forçados a deixar o estilo tradicional de administrar, que consiste em gerir alguma área da organização como um burocrata, aquele que determina quem faz o quê e apenas fiscaliza as tarefas que estão sendo desempenhadas e se estão sendo desempenhadas adequadamente, para

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adotar um estilo de gestão mais participativo, tornando-se um agente de transformação, que utiliza a informação e o conhecimento como os principais insumos de seu trabalho e da organização. MAZIERO, S. M. B. Reflexões para material didático. Curitiba, UNIANDRADE, 2005.

Você é o gestor da Escola Estadual Marquês de Sagres. Foi designado para esta função, no início deste mês, por processo eleitoral. Embora você já tenha trabalhado nesta escola, isso foi há alguns anos. Então, você terá como primeira atividade reconhecer a escola e a equipe que terá nas mãos. Mas, a Secretaria de Educação está exigindo que você elabore um plano de formação e entregue em 15 dias. Isso significa que você não terá muito tempo para elaborá-lo. Considerando o que vimos até agora sobre o novo paradigma da informação, como será este plano de capacitação?

COMO ADMINISTRAR EQUIPES DE ALTA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Vimos anteriormente que o paradigma em voga é o da informação. Observamos que se faz necessária a mudança de perfil da instituição na composição e gestão das equipes que nela atuam para encarar esse desafio. Mas, que modelos gerenciais são necessários para administrar essas equipes? Qual é o papel desses profissionais – gestores do futuro, que sem dúvida alguma, são muito diferentes do presente? Para um gestor administrar equipes de alta qualificação, temos que saber, no mínimo, que o papel desses profissionais no futuro será o de gerar recursos para:

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1. conceber e executar estratégias complexas, já que hoje elas não estão relacionadas apenas com a participação no mercado, mas também procuram alternativas para inovações; 2. compartilhar e proteger a propriedade intelectual (competências, logística e reputação), o que é mais difícil que proteger bens ou patrimônio físico; 3. proporcionar liderança intelectual e administrativa, tornando-se os grandes impulsionadores das mudanças. MAZIERO, S. M. B. Reflexões para material didático. Curitiba, UNIANDRADE, 2005. Um dos grandes desafios dos gestores nos próximos anos é contribuir para a construção de uma organização baseada na aprendizagem como um processo contínuo de renovação e de transformação. Assim, as equipes terão cada vez mais qualificação. São novos valores que impulsionam uma nova forma de vislumbrar a instituição particularmente hábil no aprendizado do conhecimento organizacional. Ao administrar equipes de alta qualificação, é necessário que o gestor saiba que o conhecimento é gerado pelas pessoas que irão aplicá-lo no seu trabalho e não somente por pessoas que exercem cargos na alta administração. Entretanto, os gestores têm um papel fundamental no processo, já que são os facilitadores e os impulsionadores dessa nova filosofia. Outra característica necessária para administrar equipes com alta qualificação está relacionada com a capacidade que o gestor possui de gerenciar o fluxo de informações. Nesse sentido, para que a organização esteja preparada para introduzir o novo conceito, é necessário que as informações estejam bem estruturadas. Daí a importância da utilização dos sistemas de informação como um recurso que auxilia os gestores na gestão educacional. A gestão de equipes altamente qualificadas impõe ao gestor experimentação e capacidade para correr riscos, que ampliam a capacidade de ação. Requer uma integração de saber e de fazer, de forma que as idéias possam ser testadas e a capacidade humana ampliada. Chegamos até aqui para expor os atributos pessoais e profissionais que deverão compor o perfil do gestor que administra equipes com alta qualificação: • Conhecimentos – feito através de um processo educacional, em que cada indivíduo aprende através de estímulos e sensações, relações de causa e efeito entre fenômenos, com o intuito de desenvolver o intelecto. Assim, os conhecimentos necessários para um gestor administrar equipes de alta qualificação são: entendimento das relações internas e externas da instituição; técnicas e informações de aspecto legal, necessárias no trato das relações trabalhistas; técnicas de planejamento, para tirar o melhor de sua equipe; conhecimento sobre o comportamento humano.

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• Habilidades – formam o conjunto de aptidões e capacidades, configurando um processo contínuo para lidar com sua equipe. São adquiridas através da experiência e compreendem: informações sobre a instituição com visão sistêmica de processos e pessoas; saber gerir o tempo, ou seja, aproveitar o máximo de tempo possível junto à equipe para planejamento de atividades; coordenar adequadamente o trabalho, sendo um solucionador de problemas, com capacidade de decidir baseado em informações; ter visão estratégica, voltada para os resultados; promover sinergias, antecipar ameaças e oportunidades, ajudar as pessoas a desenvolverem a capacidade de correlacionar fatos com repercussões; ser agente de mudança, integrando os conhecimentos dos membros da equipe para gerar novos conhecimentos, viabilizando a implantação de novas idéias. • Valores e atitudes – os valores e atitudes do gestor para efeito da administração de equipes com alta qualificação, são características adquiridas ao longo da vida, que influenciam o seu comportamento diante de uma situação, determinam a forma como conduzem a organização e servem de orientação para o seu trabalho. Os valores e atitudes indispensáveis ao gestor para administrar equipes de alta qualificação são: capacidade de mobilidade pessoal, procurando se adaptar rapidamente ao novo e ser favorável às mudanças; humildade, agilidade, lealdade, flexibilidade, integridade, dignidade, autoconfiança e ética no trato das questões profissionais e aspectos sociais e ainda, criatividade como forma de ajudá-lo na condução da equipe. Você deve entender que, ao trabalharmos com a questão de como administrar equipes de alta qualificação, através do perfil do gestor, estabelecido anteriormente, não está criado o protótipo de supergestor, pois existe a consciência de que todos os profissionais, inclusive esses, são indivíduos passíveis de erros e com algumas limitações. Mas, fica claro que, para lidar com equipes de alta qualificação, como vem sendo exigido na atualidade, precisamos como gestores, rever conceitos ensinados inclusive em nossa formação acadêmica, bem como resgatar valores que nos foram passados em nossa primeira comunidade: a família. Não existem receitas prontas, ou mesmo, um manual de como administrar equipes. O que existem são pontos relevantes a considerar, aliados à sensibilidade do ser humano, no trato e inferência com outros seres humanos.

Abaixo um exemplo de como administrar equipes de alta qualificação:

Como gestor, identifique a fase em que as equipes da escola se encontram, uma vez que na instituição você possui segmentos: equipes pedagógicas, docentes e administrativas.

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Se estiverem na fase inicial de convivência, seja mais diretivo, dê mais informações, organize o tempo, o espaço as tarefas. Se as equipes estão na fase mais organizada, já possuem convivência e estabeleceram pontos comuns, sugira, discuta, valorize a participação de cada um, crie clima de confiança, sempre atento para que a equipe não se afaste dos objetivos. Se suas equipes encontram-se na fase madura, sua intervenção será mínima. Entretanto, em qualquer uma das fases intensifique o diálogo, conviva com o conflito equilibradamente, ou seja, siga o que se propôs: vivenciar intensamente cada etapa ou fase do processo, respeitando o momento de cada um sem perder de vista as razões de participação de cada e sua qualificação para o exercício da função.

Para um gestor administrar equipes de alta qualificação, é necessário que tenha:

Conhecimentos – feito através de um processo educacional, onde cada indivíduo aprende através de estímulos e sensações, relações de causa e efeito entre fenômenos, com o intuito de desenvolver o intelecto. São eles: •

Comportamento humano;

Funções da administração/gestão;

• Tecnologia da informação (manipulação da informação através de recursos computacionais); •

Legislação sobre relações trabalhistas;

Processos de alianças e parcerias.

Habilidades – formam o conjunto de aptidões e capacidades, configurando um processo contínuo para lidar com sua equipe. São adquiridas através da experiência e compreendem:

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Capacidade de decisão;

Capacidade de liderança;

Capacidade de negociação;

Visão sistêmica;

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Visão estratégica;

Agente de mudanças;

Capacidade de viabilizar/implementar idéias;

Coordenação de trabalhos em equipe;

Valores e atitudes – são características adquiridas ao longo da vida, que influenciam o seu comportamento diante de uma situação e determinam a forma como conduzem a organização e servem de orientação para o seu trabalho. •

Dignidade;

Integridade;

Ética no trato de questões profissionais e aspectos sociais.;

Mobilidade pessoal;

Lealdade;

Criatividade;

Abertura para novas idéias;

Autoconfiança;

Atitude pró-ativa;

Agilidade;

O papel da instituição de ensino diante das rápidas transformações que estão acontecendo no mundo do trabalho é de importância fundamental. Hoje, a instituição deve formar e capacitar os alunos para a aquisição de novas competências em função de novos saberes que surgem e que exigem um novo profissional. Se a instituição de ensino tem a obrigação de oferecer um novo ensino a um novo aluno, não é possível que permaneça com uma visão tradicional de ensino e aprendizagem. Faz-se necessário que forme equipes dispostas a assumir o novo paradigma da informação, que essas equipes tenham alta qualificação e, ainda, que sejam lideradas por gestores com capacidade técnica para administrar. Só assim é possível estabelecer um novo padrão de aprendizagem e conseqüentemente, uma nova instituição.

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Vamos reconhecer se você tem as qualidades necessárias aos gestores, para administrar equipes de alta qualificação? Então, marque com um x, na escala de 0 a 5, a pontuação que você atribui a cada item. Quanto maior a pontuação, mais fortemente esse valor ou característica influencia o seu jeito de administrar equipes de alta qualificação. Siga as instruções e vamos em frente!

Valores ou características 1. Seriedade e responsabilidade na execução do trabalho. 2. Disposição para mudança: estímulo a um clima propício a transformação nos processos de trabalho e na realidade da escola. 3. Dedicação: execução do trabalho com afinco. 4. Espírito de equipe: capacidade de obter resultados em grupos, gerando a satisfação de todos. 5. Pontualidade: preocupação com o cumprimento de horários e prazos. 6. Reconhecimento: valorização dos méritos das pessoas e da equipe na realização de atividades. 7.Cooperação: clima de ajuda mútua entre as pessoas. 8. Flexibilidade: capacidade de adaptação a novas situações. 9. Consideração e preservação dos usos e costumes da organização escolar: procurar saber as estratégias que deram certo no passado.

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Não existe ou existe pouco 0 1

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Existe 2

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Existe fortemente 4

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10. Preparo para lidar com decisões problemáticas que contrariam interesses de pessoas, grupos ou entidades. 11. Clareza sobre os motivos que o levaram a assumir o cargo atual e sobre as expectativas que seus colaboradores dirigem a você. 12. Busca de envolvimento e participação das pessoas ligadas ao processo decisório. Subtotal Total MAZIERO, S. M. B. Reflexões para material didático. Curitiba, UNIANDRADE, 2005. Você totalizou os pontos? Agora classifique sua posição na escala abaixo: Pontuação De 0 a 12 pontos De 13 a 24 pontos

De 25 a 36 pontos De 37 a 48 pontos De 48 a 60 pontos

Resultado Cuidado! Procure desenvolver habilidades de liderança. Já vimos que habilidades são necessárias. É uma exigência para a atuação do gestor saber administrar equipes de alta qualificação e você não está nada bem. Indague-se honestamente sobre suas atitudes. O resultado aponta que ainda há um longo caminho a percorrer no desenvolvimento de seu potencial e das características necessárias para administrar equipes de alta qualificação. Estabeleça um compromisso com você mesmo, respondendo: o que eu preciso fazer para melhorar? Lembre-se de que você precisa da tríade: conhecimentos, habilidades e valores e atitudes. Você precisa desenvolver seu potencial de liderança procurando refletir sobre sua atuação e trabalhar melhor as características. Você tem um bom potencial a desenvolver. Mas, releia o texto e pense quais são os conhecimentos, habilidades e valores necessários. Bom nível de desenvolvimento de seu potencial e das características necessárias para administrar equipes de alta qualificação. Procure rever os comportamentos e características que ainda necessitam de aperfeiçoamento. Aprenda com sua equipe. Olhe só! Você está muito bem. Evidencia ter características do gestor que administra equipes de alta qualificação e sabe reconhecer os valores que pautam o comportamento de liderança necessário para administrar essas equipes.

MAZIERO, S. M. B. Reflexões para material didático. Curitiba, UNIANDRADE, 2005.

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Neste tópico, desenvolvemos o tema central de formação de equipes. Pudemos observar especificamente os critérios de liderança utilizados na formação de equipes e tomar ciência do novo paradigma existente na Era da informação, que exige das instituições uma mudança de comportamento, tanto no que se refere ao perfil do gestor como à formação das equipes que desenvolverão atividades nessas instituições. Ainda tivemos contato com os conhecimentos, habilidades, valores e atitudes necessários ao gestor para administrar equipes de alta qualificação profissional. Agora você sabe a verdadeira importância de se ter uma equipe de qualidade e que esta, juntamente com um gestor capacitação, é que são os grandes responsáveis pela qualidade dessas instituições. Continuando nosso trabalho, no próximo tópico, discutiremos: Formação de Recursos Humanos; Uma Experiência de Formação Continuada de Profissionais das Instituições de ensino; Dificuldades em se estabelecer a formação continuada nas instituições de ensino; desenvolvimento de talentos humanos: Política de Cultura: o que isso significa. Vamos, juntos, verificar a importância da educação continuada no desenvolvimento de equipes e entender como isso se processa no desenvolvimento de talentos humanos.

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DUTRA, J. S. Gestão de Pessoas – Modelos, Processos, Tendências e Perspectivas. São Paulo: Atlas, 2002. LEME, R. Aplicação prática de Gestão de Pessoas por competências. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

MAZIERO, S. M. B. Reflexões para material didático. Curitiba, UNIANDRADE, 2005.

TOMASI, A. Da qualificação à competência. Campinas: Papirus, 2005.

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