Leitura e Produção de Texto - Unidade02

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UNIDADE

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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


VARIAÇÃO LINGUÍSTICA A linguagem faz parte do nosso dia a dia, pois nos comunicamos das mais diversas maneiras. O senso comum nos revela muitos mitos em relação ao português e ao seu funcionamento. Um dos tantos mitos estabelecidos socialmente é a ideia de que o português é uma língua homogênea. A Linguística já mostrou que pensar em uma língua como algo homogêneo é um grande equívoco. A respeito do mito em relação à homogeneidade do português, Bagno (2007, p.15) argumenta que Esse mito é muito prejudicial à educação porque, ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor sua norma linguística como se ele fosse, de fato, a língua comum a todos os mais de 160 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização, etc.

O português é heterogêneo. Cada grupo dentro de uma comunidade possui características próprias do seu falar. A essas diferentes modalidades de língua chamamos variedades linguísticas. Por sua vez, a corrente da variação linguística defende um ensino de português desprovido de qualquer preconceito em relação à variedade dialetal usada pelo aluno. A norma culta, Segundo Faraco (2002, p.39), diz respeito à variedade utilizada pelas pessoas que têm mais proximidade com a modalidade escrita e, portanto, possuem uma fala mais próxima das regras dessa modalidade. E, ainda para Faraco (2002, p.40), a norma padrão seria aquela carregada de preconceitos em relação às demais variedades e que tem como objetivo – como o próprio nome diz – a padronização da língua, considerando tudo o que é diferente a ela como errado. Por isso, nesta unidade 2, vamos estudar as variações linguísticas, a fim de compreendermos que a estrutura da língua se altera no tempo, constantemente se transforma e que não há modelos definitivos de comunicação. As pessoas usam a linguagem de maneiras diferentes em diferentes contextos. Podemos entender essa transformação ao confrontarmos textos antigos à escrita atual ou a linguagem

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de uma região comparada à de outra região. Alguns estudiosos da língua assumem uma posição negativa em relação às transformações linguísticas, alegando que estas degeneram ou empobrecem a língua, já os linguistas creem que essas mudanças ocorrem pelo contato do falante, no decorrer dos tempos, com a influência do meio, obtendo, dessa forma, uma abordagem construtiva em relação às variantes linguísticas. Essas variações vêm ocorrendo de modo lento e gradual, uma vez que o Brasil recebeu de seus colonizadores a Língua Portuguesa e hoje, segundo o IBGE, (2015) – Instituto brasileiro de Geografia e Estatística –, mais de 200 milhões de brasileiros falam esse idioma, já temperado com dezenas de variedades, o que enriquece nossa língua há 512 anos. Atualmente, é nas escolas que podemos notar uma ocorrência mais acentuada das variações linguísticas, principalmente nos anos iniciais de escolaridade, uma vez que os estudantes trazem uma bagagem linguística bem mais recheada dessas variedades, e é nessa fase que se tem o primeiro contato com a língua padrão. Essas variações linguísticas se referem às mudanças ocorridas na língua portuguesa desde o momento de sua formação até os dias atuais. Cabe ressaltar que essas alterações linguísticas são os inúmeros modos de as pessoas se expressarem sobre o mesmo tema ou assunto, sem alterar seu campo semântico. É importante destacar que essas variações existentes na língua decorrem de fatores tais como a região geográfica, o sexo, a idade, a classe social, o grau de instrução dos falantes e o grau de formalidade do contexto (formal ou informal). O resultado dessa oscilação linguística é uma língua com traços ora próximos ora distantes da língua padrão (formal). Ressalta-se que a principal característica da língua não padrão (informal) é que ela possui a sua lógica própria, ou seja, capaz de proporcionar reconhecimento por parte de um grupo de pessoas de determinada comunidade que a usam cognitivamente para se comunicarem entre si. Assim, nestas circunstâncias, percebe-se que o erro está na cabeça do observador que está do lado de fora desse grupo, pois do lado de dentro, a língua funciona perfeitamente e se adapta às funções a que se presta.

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TIPOS DE VARIAÇÃO 1. Variação histórica: acontece ao longo de um determinado período de tempo e pode ser identificada ao serem comparados dois estados de uma língua. Por exemplo, a palavra “você”, antes “vosmecê”, agora, diante da linguagem reduzida no meio eletrônico, é apenas “vc”. O mesmo acontece com as palavras escritas com “ph”, como o caso de “pharmácia”, que agora é “farmácia”. As mudanças podem ser de grafia ou de significado. Como exemplo, leia um trecho da crônica de Carlos Drummond de Andrade que faz referência a expressões usadas no início do século XX. Nela, o autor, de maneira reflexiva e saudosista, descreve o aspecto da variação linguística em seu contexto histórico, por meio de uma abordagem despretensiosa e com a utilização de expressões linguísticas fora de uso, tais como: mademoiselle, termo em francês que significa senhorita; janota, termo que significa: moço de boa aparência, elegante; pé-de-alferes: o mesmo que namoro; arrastando a asa: enamorar-se, demonstrar interesse amoroso por alguém; debaixo do balaio: pessoa tímida. “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio [...]” (Antigamente. Carlos Drummond de Andrade). 2. Variação geográfica: os chamados dialetos referem-se às variações ocorridas de acordo com as diferentes formas de pronúncia, às diferenças de vocabulário e de estrutura sintática entre regiões. Vejamos, por exemplo, a palavra “mandioca”, em certas regiões é conhecida por “macaxeira” e a palavra “abóbora” como “jerimum”. Destaca-se também o caso do dialeto caipira, o qual pertence àquelas pessoas que não tiveram oportunidade de ter uma educação formal e, em função disso, não conhecem a linguagem culta.

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Exemplo de linguagem com a variação geográfica

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3. Variação social: agrupa alguns fatores de diversidade, como o nível socioeconômico, o grau de educação, a idade e o gênero do indivíduo. O uso de certas variantes pode indicar qual o nível socioeconômico de uma pessoa e há a possibilidade de que alguém, oriundo de um grupo menos favorecido, venha a atingir o padrão de maior prestígio. A variação social está diretamente ligada aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões. As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, skatistas entre outros. Exemplo de gírias: “Mano não briga: arranja treta. Mano não cai: capota. Mano não entende: se liga. Mano não passeia: dá um rolê. Mano não come: ranga. Mano não fala: troca ideia Mano não ouve música: curte um som. ” Os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os

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médicos, advogados, profissionais da área de informática, dentre outros. Exemplo de linguajar técnico: Imagine que você foi a um hospital e ouviu um médico conversando com outro. A certa altura, um deles disse: “Em relação à dona Fabiana, o prognóstico é favorável no caso de pronta-suspensão do remédio.”; é provável que você tenha levado algum tempo até entender o que o médico falou. Isso porque ele utilizou, com seu colega de trabalho, termos com os quais os dois estão acostumados. Com a paciente, o médico deveria falar de uma maneira mais simples, por exemplo: “Bem, dona Fabiana, a senhora pode parar de tomar o remédio, sem problemas”. Muitos estudiosos classificam, também, mais um tipo de variação: a estilística ou situacional, que se refere às diferentes circunstâncias de comunicação em que se coloca um mesmo indivíduo, o ambiente em que se encontra (familiar ou profissional, por exemplo), o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia a dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e falada (oralidade), pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de comunicação.

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A história da língua portuguesa, assim como a de outras línguas, mostra que ela é uma construção humana coletiva. Embora exista um padrão da língua registrado nas gramáticas e algumas variedades socialmente prestigiadas, o português também é composto de outras variedades, que representam os diferentes grupos sociais. A partir do século XV, têm início os grandes descobrimentos, período em que interesses comerciais levaram os portugueses a abrir novos caminhos marítimos para chegar às Índias, à passagem para o Pacífico e à América do Sul.

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Portugal conquistou territórios na África e na Ásia. A língua portuguesa se estabeleceu e se fez presente nesses lugares como instrumento de colonização. Ao longo do tempo, recebeu influência das línguas locais, o que resultou nas variedades regionais que Unidade 02. Variação Linguística existem nos dias de hoje. A língua portuguesa é atualmente uma

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exista um padrão da língua registrado nas gramáticas e algumas variedades socialmente prestigiadas, o português também é composto de outras variedades, que representam os diferentes grupos sociais. A partir do século XV, têm início os grandes descobrimentos, período em que interesses comerciais levaram os portugueses a abrir novos caminhos marítimos para chegar às Índias, à passagem para o Pacífico e à América do Sul. Portugal conquistou territórios na África e na Ásia. A língua portuguesa se estabeleceu e se fez presente nesses lugares como instrumento de colonização. Ao longo do tempo, recebeu influência das línguas locais, o que resultou nas variedades regionais que existem nos dias de hoje. A língua portuguesa é atualmente uma das cinco mais faladas no mundo. Convive com dezenas de línguas indígenas no Brasil e também é falada em Portugal. Em cinco nações africanas – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe -, convive com muitas outras línguas. Na Ásia, está presente como língua de grupos minoritários em Macau, Goa e em parte de Timor-Leste.

A definição de Linguística, segundo Cagliari (2007. P. 42) é: (...) a linguística é o estudo científico da linguagem. Está voltada para a explicação de como a linguagem humana funciona e de como são as línguas em particular, quer fazendo o trabalho descritivo usando os conhecimentos adquiridos para beneficiar outras ciências e artes que usam de algum modo, a linguagem falada ou escrita. GLOSSÁRIO 1. Semântica: estuda o significado das palavras, aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras, ou seja, as palavras podem associar-se de várias maneiras. Quando se relacionam pelo sentido, temos um campo semântico. Não se trata de sinônimos

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ou antônimos, mas de aproximação de sentido num dado contexto. Exemplo: perna, braço, cabeça, olhos, cabelos, nariz (partes do corpo humano), azul, verde, amarelo, cinza, marrom, lilás (cores), martelo, serrote, alicate, torno, enxada (ferramentas), batata, abóbora, aipim, berinjela, beterraba (alimentos).

Sugestão de leitura BORTONI, Ricardo. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004. GUERRA, Pollianny Nazaré de Moraes. NORMA CULTA E NORMA -PADRÃO: desfazendo os sinônimos. Disponível no site:<http:// www.faminasbh.edu.br/upload/downloads/201112061824034532. pdf>. Acesso em: 24 mai. 2016.

LISTA DE IMAGENS Fig.01: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ REFERÊNCIAS BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é como se faz. 47ª Ed. São Paulo, Ed Loyola, 2007. Cagliari, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2007. FARACO, Carlos Alberto. Norma-padrão brasileira: desembaraçando alguns nós. In: BAGNO, Marcos (org.). Linguística da norma. São

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Paulo: Loyola, 2002. cap.3. p. 37-61. HOUASSIS, A. Dicionário da língua portuguesa. 2ª Ed. São Paulo. Objetiva, 2009.

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