Leitura e Produção de Texto - Unidade08

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UNIDADE

08

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL A sintaxe de regência enfoca o relacionamento entre os termos da oração, verificando o nível de dependência entre eles. Chama-se regente o termo que exige complemento e regido, o termo complementar. Conforme Cegalla (2008, p. 483) “ regência é o modo pelo qual um termo rege outro que o complementa.” A regência pode ser verbal e nominal, conforme trate do regime dos verbos ou dos nomes substantivos e adjetivos. Exemplos: • É homem propenso à cólera – o termo regente é um nome (propenso); temos um caso de regência nominal; • Assistimos ao filme - O termo regente é um verbo: temos aí um caso de regência verbal. O estudo da regência verbal, que, como vimos, é a relação entre o verbo e seu complemento, apoia-se em alguns conceitos sintáticos. Na estrutura da oração, determinados verbos têm sentido completo, outros têm sentido incompleto e, por isso, exigem um objeto – palavra ou expressão que lhes complete o sentido: • Verbo intransitivo (VI) - tem sentido completo, não exige objeto. • Verbo transitivo direto (VTD) - tem sentido incompleto; exige objeto sem preposição inicial (objeto direto). • Verbo transitivo indireto (VTI) - tem sentido incompleto; exige objeto iniciado por preposição (objeto indireto). • Verbo transitivo direto e indireto (VTDI) - tem sentido incompleto; exige dois objetos: um sem preposição (OD) e outro com preposição (OI). Exemplos: •

Antes de partir (VI), o trenzinho apitou (VI) alegremente.

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A Maria-fumaça preserva (VTD) um passado romântico (OD).

• O velho trem precisou (VTI) de (preposição)uma boa reforma (OI). • O passeio de Maria-fumaça propiciaaos turistas(OI)uma volta ao passado(OD). Pronomes oblíquos átonos na função de objeto Alguns pronomes oblíquos átonos, quando exercem o papel de complemento verbal, têm função fixa; outros mudam de função dependendo do verbo ao qual se associam. • O, A, OS, AS - funcionam exclusivamente como objeto direto; podem se associar a qualquer VTD ou VTDI. Exemplo: Encontrei (VTD)meus amigos (OD) na festa – encontrei (VTD) –os .(OD) na festa. • LHES, LHE - funcionam exclusivamente como objeto indireto; só podem se associar a VTI ou VTDI. Exemplos: expliquei (VTDI) a situação(OD) aos garotos(OI) - Expliquei (VTDI)-lhes(OI) a situação(OD). Conforme Mauro Ferreira do Patrocínio “na língua portuguesa existem mais de 10 mil verbos; e eles continuam nascendo ... (deletar, por exemplo, é um verbo novo).” (2011, p. 630). Por isso, nesta unidade, vamos analisar a regência de um pequeno grupo de verbos, escolhidos segundo três critérios: são os mais usuais; apresentam regências diferentes na variedade coloquial e na padrão e/ou têm, nessa variedade, diferentes regências e sentidos. Se, eventualmente, precisar conhecer a regência de outros verbos, poderá consultar um dicionário especializado – dicionário de regência – ou mesmo um dicionário comum, que, além do(s) significado(s) dos verbos, apresenta informações sobre a sua transitividade.

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Existem muitos verbos que apresentam diferenças na transitividade, quando se comparam seus empregos na variedade padrão com seus empregos na variedade popular. São verbos que apresentam mais de um significado, ou seja, mais de uma regência. •

ASSISTIR A (V.T.I)

Esse verbo é mais usualmente usado no sentido de “ver, presenciar” Exemplo:

Quem já assistiu ao jogo da seleção brasileira?

O filme a que assisti foi muito bom.

• ASSISTIR (V.T.D)

Pode ser usado no sentido de “ajudar, auxiliar”

Exemplo: O governo brasileiro não assiste adequadamente os jovens infratores. •

ASPIRAR A (V.T.I)

Esse verbo pode ser usado no sentido de “pretender, almejar”

Exemplo:

Aspirar à felicidade é algo natural do ser humano.

• ASPIRAR (V.T.D)

Esse verbo pode ser usado no sentido de “inalar, sugar”

Exemplo:

Nas grandes cidades, as pessoas aspiram muita poluição.

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• QUERER

Compare os sentidos e as regências desse verbo:

• Ele era muito ambiocioso: queria o sucesso e a riqueza. - querer= desejar • Ele quer à netinha, tanto quanto quer aos filhos. - querer = ter afeto/amar Verbo querer no sentido de “desejar” é VTD; o objeto não apresenta preposição inicial (objeto direto). Assim: quere alguma coisa. No sentido de “ter afeto, amar” é VTI; o objeto é iniciado pela preposição a. Assim: querer a [alguém]. • VISAR Este verbo tem três sentidos e duas regências. Observe os exemplos: • Ao atirar a flecha, vise o centro do alvo. - visar= mirar/dirigir a pontaria • O comprador leu o contrato e visou todas as páginas. - visar = pôr visto • Precisamos de mais projetos sociais que visem ao fim da miséria. - visar = objetivar Verbo visar no sentido de “mirar, dirigir a pontaria” é VTD; o objeto não é iniciado por preposição (objeto direto). Assim, visar alguma coisa. No sentido de “pôr visto, assinar” é VTD, o objeto não apresenta preposição (objeto direto). Assim, visar [alguma coisa]. No sentido de “objetivar, ter como meta” é VTI; o objeto indireto é iniciado pela preposição a. Assim, visar a [alguma coisa]. Ainda, nesse sentido, o verbo visar (transitivo indireto) não admite como objeto as formas lhe/lhes, que devem ser substituídos por a ele(s)/a

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ela(s). Verbos com problemas decorrentes da linguagem coloquial • CHEGAR (v. i. - exige as preposições a ou de). Amanhã chegaremos cedo ao colégio. Elas chegavam de Taguatinga e iam a Sobradinho. Observação: O erro comum é o uso da preposição em no lugar de a. Quando cheguei em Brasília. (incorreto). • PREFERIR (V.T.D.I)

Esse verbo com transitivo direto e indireto exige a preposição a

Exemplos: Há indivíduos que preferm o sucesso fácil ao triunfo com mérito. Preferir é escolher, colocar alguma coisa antes de outra. O verbo rege dois objetos, sendo o direito expresso Poer aquilo que se escolhe, e o indireto, regido pela preposição a, expresso Poe aquilo que se deixa em segundo plano. Assim, preferimos uma coisa a outra. • RESIDIR Como seu sinônimo morar, usa-se residir com a preposição em e não a, tanto no sentido próprio como no figurado. Exemplos:

O governador residia na [e não à] Rua voluntários da Pátria.

A força de uma nação reside na capacidade de seus habitantes.

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• RESPONDER • No sentido de responder alguma coisa a alguém. Exemplo: O senador respondeu ao jornalista que o seu projeto sofreria emendas.

Respondeu-lhe que o projeto sofreria emendas.

• No sentido de responder a uma carta, a uma pergunta. Exemplo:

Ele não respondeu à pergunta que lhe fiz.

Na avaliação, respondeu a todas as questões.

• No sentido de responder por alguma coisa. Exemplo:

Cada pessoa responde pelas suas atitudes.

• SIMPATIZAR

Pede objeto indireto regido da preposição com

Exemplos:

Não simpatizei com ele nem com suas ideias. Há pessoas com quem não simpatizamos.

O verbo simpatizar não é pronominal. É errado dizer: simpatizei-me com ele. O correto é: simpatizei com ele.

A mesma regra ocorre com o seu antônimo: antipatizar

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Exemplo: “Quando fomos apresentados, não antipatizei com ele.” (Olavo Bilac). • VERBOS TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS: Aconselhar, autorizar, avisar, comunicar, certificar, cientificar, dissuadir, ensinar, incumbir, informar, lembrar, notificar, participar, etc. Alguns desses verbos admitem alternância, isto é, objeto direto e indireto de “coisa” ou “pessoa”, indiferentemente. Exemplo:

Informei o fato aos alunos. Informei os alunos do fato.

Observador: O erro comum, com esses verbos, é a construção em que aparecem dois objetos diretos ou dois indiretos, isto é, por excesso ou omissão de preposição. Exemplos:

Avisei-os que a prova fora transferida. (incorreto).

Avisei-os de que a prova fora transferida. (correto).

Avisei-lhe de que a prova fora transferida. (incorreto).

Avisei-lhe que a prova fora transferida. (correto).

Crase: A crase tem vinculações diretas com a regência de nomes e de verbos e, por isso, desempenha um papel importante na estrutura sintático-semântico dos enunciados. A crase é a fusão da preposição a com outro a(s) que ocorre logo depois dela. Na escrita, a crase é representada por um a(s) com acento grave à(s).

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Principais casos de crase: • Crase obrigatória – Em três tipos de locuções femininas: • Locuções adverbiais femininas podem exprimir uma variedade de circunstâncias em relação ao fato verbal e, quanto ao emprego do sinal de crase, as mais comuns são as que indicam tempo e modo. Exemplo de tempo: Às vezes, ele vem aqui às segundas-feiras à noite. Exemplo de modo: Consertou a moto às pressas e saiu às escondidas. • Locuções prepositivas [ à + palavra feminina + de]. São elas: à esquerda de; à direita de; à frente de; à moda de; à espera de; à procura de; à mercê de; à custa de; à semelhança de, à beira de. Exemplo: O casarão ficava à esquerda do rio e à beira do penhasco. • Locuções conjuntivas são apenas duas as locuções femininas desse tipo: À medida que: as ruas enchiam-se de gente, à medida que a noite chegava. À proporção que: À proporção que o tempo passava, ele ficava mais nervoso. NÃO OCORRE CRASE Antes de palavra masculina. Exemplos: Você irá lá a cavalo ou a pé? Usava um carro movido a gás. Antes de verbo. Exemplos: Fiquei nervoso e comecei a tremer. Ela está disposta a desafiar os pais.

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Antes de pronomes em geral. Exemplos: Você nunca se opôs a essa decisão. O plano está sujeito a alguma mudança? Antes de nome de cidade. Exemplos: Do Rio, o avião irá a Campinas. Sua viagem a Brasília foi adiada? Antes da palavra casa sem especificativo. Exemplo: depois das aulas, voltava a casa. Antes da palavra terra, com sentido oposto ao de “água/ mar”. Exemplo: O imenso navio nunca retorna a terra. No a (singular) antes de palavra no plural. Exemplos: Jamais deu valor a pessoas humildes. Ela adora ir a festas e as reuniões sociais. Entre palavras repetidas. Exemplos; viajou o país de ponta a ponta.Temia ficar frente a frente com o ex-sócio. Nas locuções adverbiais femininas que exprimem ideia de instrumento, a crase é opcional. Exemplo: O velho artesão esculpia a/à faca pequenas miniaturas em madeira. Há um método prático para confirmar a ocorrência de crase: troca-se a palavra feminina por uma masculina equivalente (do mesmo tipo). Se antes da masculina aparecer ao(s), coloca-se o sinal de crase antes da feminina.

Exemplos: fumar faz mal à saúde - Fumar é prejudicial ao corpo.

Conhecemos bem a região - Conhecemos bem o lugar. REGÊNCIA NOMINAL

Regência nominal que se estabelece entre um nome (termo regente) e o termo que lhe serve de complemento (termo regido). O termo regente se refere a nomes: ao substantivo, ao adjetivo ou advérbio e seu respectivo complemento. Essa relação é intermediada por uma preposição.

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Considere a frase a seguir e observe que nela há uma inadequação: Novas tecnologias alimentam nossa confiança um futuro melhor. Como se pode notar facilmente, nela foi omitida a preposição em. Essa preposição, que nesse caso é exigida pelo nome “confiança” (confiança em algo/alguém), vincula essa palavra à expressão “um futuro melhor” e estabelece adequadamente a regência nominal. Assim: Novas tecnologias alimentam nossa confiança (termo regente) em um futuro melhor (termo regido).

- adepto de - alheio a, de - ambicioso de - análogo a - ansioso por, para - bacharel em - capacidade de, para - contemporâneo a, de - contíguo a - curioso a, de - falto de - favorável a - impróprio para - simpatia a, por - incompatível com - inepto para - misericordioso com, para com - preferível a

- propenso a, para - hábil em - liberal com - apto a, para - grato a - indeciso em - natural de - nocivo a - paralelo a - propício a - sensível a - próximo a, de - satisfeito com, de, em, por - suspeito de - longe de - perto de - vulnerável a

Os pronomes relativos que, o/a qual, quem, cujo podem exercer, em determinadas construções sintáticas, o papel de termo regido por um nome. Nesses casos, é necessário introduzir, antes do relativo, a preposição exigida pelo nome.

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Exemplos: Entre as poucas pessoas em quem tenho plena confiança está em você. Os livros aos quais o professor fez referência não estão na biblioteca. REFERÊNCIA CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48ª Ed, ver. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática: volume único, São Paulo: FTD, 2011.

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