Estudos Sociológicos e Antropológicos - Unidade14

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UNIDADE

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MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E A INTERAÇÃO MUNDIAL

ESTUDOS SOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E A INTERAÇÃO MUNDIAL APRESENTAÇÃO Os Meios de Comunicação de Massa possuem esta denominação por atingirem milhões de pessoas com suas informações e entretenimentos. A televisão, o rádio, o jornal impresso, o cinema, revistas, a internet, entre outros, são considerados veículos de comunicação de ampla difusão, porque atingem a massa, ou seja, uma quantidade indeterminada de indivíduos que, de maneira anônima e difusa no espaço-tempo, congregam-se numa mesma atividade e/ou interesse (ARAÚJO, 2013, p.140). É, portanto, inegável a grande influência que estes veículos de comunicação possuem sobre amplas parcelas de pessoas que os assistem, escutam e leem. Podemos pensar na influência de ideias que uma telenovela acaba gerando na vida dos seus espectadores; de um telejornal e as notícias selecionadas para um grande público e a maneira como essas informações são repassadas; de determinados tipos de esportes privilegiados para ocuparem os horários das grades de televisão e rádio; dos tipos de programas de entretenimento construídos para informar, entrevistar e divertir; da influência que revistas e programas podem ter em relação à moda, ao modo como as pessoas devem se vestir e se comportar; da capacidade de seriados, filmes, documentários entreterem pessoas no mundo todo. Outra característica deste modelo de comunicação é sua não interatividade, isto é, a comunicação é dada num único sentido pelo emissor (os veículos de comunicação), sem contar com a resposta imediata do receptor (o espectador). O emissor decide, então, o que comunicar, de acordo com seus interesses e da fonte de renda que se pode obter, acompanhando a audiência, reforçando, assim, seus programas ou investindo em novos. Somente um público bem informado, que tem acesso a inúmeras outras formas de comunicação, entretenimento e informação, com um senso crítico frente ao que se é repassado pelo emissor, poderá exigir do emissor maior qualidade dos programas dos meios

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de comunicação de massa. Aqui, caminharíamos para um processo comunicativo mais dinâmico e interativo.

As sociólogas Maria Aparecida Bridi, Benilde Lenzi Motim e Silvia Maria de ARAÚJO (2013, p.140) ressaltam, também, que no Brasil, “conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa são definidos pelas emissoras, privadas ou estatais, e reproduzem a ideologia e os interesses dos grupos que os administram”. Portanto, os meios de comunicação também possuem a característica de pertencerem a determinados grupos, que, por sua vez, possuem determinados interesses ao selecionarem e veicularem seus programas. O sociólogo e cientista político brasileiro Emir Sader destaca, também, que as grandes empresas da mídia privada no Brasil são de propriedade familiar. Como exemplo, cita as famílias Marinho, Civita, Frias, Mesquita, que controlam grandes porcentagens dos meios de comunicação no país. Confira na íntegra a opinião do cientista político, no seguinte link: http://migre.me/usqlK. Acesso em: 30 jun. 2016.

INDÚSTRIA CULTURAL Toda esta nova potencialidade de comunicação passou a ser reflexão de sociólogos e antropólogos. Surge, assim, o termo indústria cultural como uma tentativa de compreender como esta realidade comunicativa “produz” ou “pensa” a comunicação, bem como a influência do sistema capitalista sobre o que se deve veicular na mídia. Unidade 14. Meios de Comunicação de Massa e a Interação Mundial. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

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Esses meios de comunicação e outros mais são representativos da indústria cultural, um termo empregado pela primeira vez, em 1947, pelos sociólogos alemães Max Horkheimer e Theodor Adorno, para dizer que a produção artística e cultural veiculada pelos meios de comunicação de massa insufla o consumo por ser transformada em mercadoria. Os produtos culturais – publicações impressas, DVDs e filmes, obras de arte, composições musicais, etc. – se assemelham assim, de certa forma, aos produtos industriais (ARAÚJO, 2013, p.141). Para Horkheimer (1895-1973) e Adorno (1903-1969), os meios de comunicação de massa estão ligados, exclusivamente, a uma atividade que visa produzir o comportamento do “consumo”. Tudo se transforma em mercadoria. A cultura se transforma em mercadoria. Produtos culturais, independente de sua forma, devem ser fabricados, reproduzidos em massa e vendidos como mercadorias.

Calvin – do cartunista norte-americano Bill Watterson

Mafalda – do cartunista argentino Quino. As tirinhas refletem, de forma irônica, sobre a influência dos meios de comunicação, em especial, da televisão, sobre os personagens Calvin e Mafalda.

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José Teixeira Coelho Netto (1993), então, se pergunta: a indústria cultural é boa ou má para o ser humano? É adequada ou não ao desenvolvimento das suas potencialidades e projetos? Para responder a essas questões, temos a possibilidade de observar pontos positivos e negativos da Indústria Cultural. Seus pontos negativos Partindo do pressuposto de que a cultura de massa1 aliena, forçando o indivíduo a perder ou a não formar uma imagem de si mesmo diante da sociedade, uma das primeiras funções por ela exercidas seria a narcotizante, obtida através da ênfase ao divertimento em seus produtos. Procurando a diversão, a indústria cultural estaria mascarando realidades intoleráveis e fornecendo ocasiões de fuga da realidade. Com seus produtos a indústria cultural pratica o reforço das normas sociais, repetidas até a exaustão sem discussão. Em consequência, promove o conformismo social. A indústria cultural fabrica produtos cuja finalidade é serem trocados por moeda. Enfim, promove a deturpação e a degradação do gosto popular; simplifica ao máximo seus produtos, de modo a obter uma atitude sempre passiva do consumidor e assume uma atitude paternalista, dirigindo o consumidor ao invés de colocar-se à sua disposição. Seus pontos positivos A dinâmica da indústria cultural, ao contrário de alienar, beneficia o desenvolvimento humano, pois provoca comportamentos morais que promovem as pessoas; orienta ações; unifica a nação; forma indivíduos; unifica as classes sociais; desenvolve a linguagem nas crianças; democratiza a cultura, ampliando o conhecimento de milhares de pessoas ao mesmo tempo; proporciona a todos conhecerem coisas e lugares impossíveis sem recursos financeiros. 1 Cultura de Massa: A cultura de massa é aquela considerada, por uma maioria, sem valor cultural real. Ela é veiculada nos meios de comunicação de massa e é apreciada por ela. É preciso entender que massa não é uma definição de classe social, e sim uma forma de se referir à maioria da população (Fonte: Portal Educação. Disponível em: <www.portaleducacao.com.br/ educacao/artigos/48831/cultura-de-mass-cultura-popular>. Acesso em 30 jun. 2016.).

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O processo que se desencadeou com os meios de comunicação de massa podem ser tidos como um processo que intensificou a interação mundial. José Teixeira Coelho Netto (1993) comenta o livro de Umberto Eco, “Apocalípticos e Integrados”, na qual Eco chamou de Apocalípticos os que veem na indústria cultural um estágio avançado de “barbárie cultural” capaz de produzir ou acelerar a degradação do ser humano – essa função seria a alienação; e de Integrados os que veem a indústria cultural como uma produção cultural, a revelação, para o ser humano, das significações suas e do mundo que o cerca. Voltando aos sociólogos, Adorno e Horkheimer, ao criarem a expressão “indústria cultural”, defendiam que essa indústria desempenha as mesmas funções de um Estado fascista e que ela está, assim, na base do totalitarismo moderno ao promover a alienação do ser humano, entendida como um processo no qual o indivíduo é levado a não meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante, transformando-se, com isso, em mero joguete e simples produto alimentador do sistema que o envolve. Adorno e Horkheimer, portanto, estariam entre os pensadores classificados por Umberto Eco, como apocalípticos. Também o sociólogo brasileiro Renato Ortiz chama a atenção para este amplo processo de mundialização de um único tipo de cultura, produzida pelos meios de comunicação de massa, voltadas ao consumo a partir de delimitadas empresas ou ideias. O sociólogo brasileiro Octávio Ianni chama este processo de “modernidade-mundo”, que é a sociedade global, o world system, onde as relações dos universos micro e macrossocial, entre as dimensões local e global, são intensas, mútuas e extensivas. “A cultura que ganha ares de fenômeno “mundializado” desestabiliza a tradição, destituindo-a de seu papel legitimador das práticas e concepções de mundo tradicionais. A cultura se torna flexível” (ARAÚJO, 2013, p.142). Há, portanto, a necessidade constante de reflexão sobre os efeitos, tanto positivos quanto negativos, do impacto que a Indústria Cultural tem provocado na humanidade como um todo, mas tendo como referência o impacto nas pequenas localidades com suas tradições específicas, nas regiões e países do mundo que, a cada dia, estão tendo a oportunidade de se conectarem com o restante do planeta.

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Modernidade Líquida é uma expressão que pode ajudar a caracterizar a sociedade contemporânea atual. Para entendê-la melhor, sugerimos assistir a entrevista dada pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, autor do livro Modernidade Líquida, na qual comenta sobre as características da sociedade mundial atual, da sociedade de consumo. Silio Boccanera, do programa Milênio, da Globo News, é quem realiza a entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman. Destacamos a seguinte introdução à entrevista, quando Boccanera destaca os acontecimentos do ano de 2011, em Londres e outras cidades inglesas, em que jovens provocaram ações violentas de saques e incêndios pelas ruas inglesas. Como entender tais situações de revolta e depredação? Seriam, também, frutos de uma Indústria Cultural que incentiva a todo o momento o consumo desenfreado? Ser é Ter? Neste sentido, diz Boccanera, a partir da reflexão de Bauman sobre a sociedade de consumo: “onde as pessoas buscam sua identidade, não naquilo que são, mas no que consomem e exibem. Como se dissessem “eu sou o que eu compro”. Esse fenômeno faz parte da fluidez na sociedade de consumo, onde não se valoriza o permanente, mas o temporário. Onde predomina o que Bauman chama de Modernidade Líquida. Na medida em que nada é sólido ou conserva a forma por muito tempo. Tudo em mudança vive-se em inconstância, o que provoca insegurança e medo”. Entrevista do Programa Milênio, por Silio Boccanera, com Zygmunt Bauman. Disponível em: http://migre.me/usr98. Acesso em: 30 jun. 2016.

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BIBLIOGRAFIA ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. 2ªed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. ARAÚJO, Sílvia Maria de. Sociologia: volume único: ensino médio. Silvia Maria de Araújo, Maria Aparecida Bridi, Benilde Lenzi Motim. São Paulo: Scipione, 2013. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2ª.ed. São Paulo: Moderna, 1997. COELHO Netto, José Teixeira. O que é Indústria Cultural. 35ª ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1993. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ªed. Curitiba: Positivo, 2010.

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