UNIDADE
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O MUNDO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O MUNDO DO TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE APRESENTAÇÃO As sociedades humanas criaram formas de atender às necessidades de sobrevivência de um número cada vez maior de indivíduos. O meio utilizado para suprir as necessidades, podemos chamar de trabalho. Embora permaneçam situações de desigualdade, é inegável que as instituições econômicas ao longo do tempo foram dando maior perspectiva de vida à espécie humana. E, uma vez que as necessidades básicas de alimentação, moradia, vestuário, proteção estejam supridas pelo trabalho, criam-se novas necessidades, como o lazer, o entretenimento, entre outros desejos. A produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços são considerados, portanto, instituição econômica, inserida em um sistema social e cultural. Assim, o ser humano busca prover os meios necessários de sobrevivência na sociedade. Ao longo da história, podemos identificar alguns tipos de sistemas de produção: coletivista, escravista, feudal, capitalista, socialista, entre outros. Como já vimos, o capitalismo, sistema econômico predominante no mundo atual, teve seu desenvolvimento com a Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII. O capitalismo é altamente dinâmico e vem se reinventando ao longo do tempo, principalmente nos enfrentamentos de suas crises. O trabalho num sistema escravista, feudal ou coletivista acaba possuindo significados diferentes uns dos outros, apesar de o objetivo ser o mesmo: suprir necessidades humanas. Cada modelo de produção acaba condicionando um modo específico de se trabalhar. A categoria “trabalho”, portanto, nesta unidade, será analisada dentro do sistema de produção capitalista.
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Há muitos livros, artigos e vídeos para continuar se aprofundando sobre o Capitalismo. No século XIX, por exemplo, Karl Marx contribuiu de maneira significativa para se compreender o que é o capitalismo, quando divulgou suas obras, em especial o conjunto de livros chamado de O Capital (sendo o volume 1 do ano de 1867). Recomendamos também, a leitura do texto: O Capitalismo, de Ernest Mandel (1981). Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/mandel/1981/mes/capitalismo.htm>. Acesso em 30 jun. 2016. Você deve assistir também ao vídeo: A história das coisas (The Story of Stuff), com Annie Leonard, que trata sobre o ciclo de vida de bens materiais no sistema capitalista e de nossa obsessão pelo consumo, consequência da influência dos meios de comunicação de massa e das empresas produtoras desses bens, o que levará, inevitavelmente, à destruição do planeta. Enfim, o que fazer para mudar essa tendência, também faz parte das reflexões de Annie Leonard.
Vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw>. Acesso em 30 jun. 2016. É importante você destacar os pontos principais da leitura do texto de Ernest Mandel e do vídeo de Annie Leonard.
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O significado do trabalho O trabalho é uma realidade para todo ser humano, afinal, trabalhamos a maior parte de nossas vidas. Podemos, então, procurar entender o que é o trabalho abordando-o sob diferentes aspectos. Primeiro, por suas características, seus efeitos na transformação da natureza e do próprio ser humano; pela divisão do trabalho na sociedade, sendo o que cada um realiza algo específico no processo produtivo. Segundo, do significado que o trabalho tem para cada um de nós; seu aspecto subjetivo; da sobrevivência; da realização pessoal; da questão de pertencer a um grupo. O trabalho humano deve ser consciente e proposital, diferente dos animais que trabalham por instinto. O trabalho deve promover a interação e tem por objetivo manter a espécie humana. Ele modifica a natureza, formando as culturas e modifica a própria natureza da pessoa, fazendo com que ela se desenvolva e se realize.
Leia o texto a seguir, publicada em 01/05/2013, por Glenda Mendes, em O NACIONAL.
Disponível em: http://migre.me/ussce. Acesso em 30 jun. 2016.
O trabalho dignifica o homem A expressão, tão comumente usada, encontra explicação na psicologia, pois o trabalho é sim condição preponderante para a realização humana. Trabalhar é condição essencial, não somente pela manutenção financeira, mas pela dignificação da vida. Trabalhar se constitui numa parte importante da vida. E vai além do ganha-pão. Tem a ver com realização pessoal, com sentir-se útil e encontrar sentido para os dias. “A importância do trabalho na vida do ser humano vai muito além do fato de que, através dele, satisfazemos nossas necessidades básicas. O trabalho, por si só, é revelador da nossa humanidade, uma vez que possibilita ação transformadora sobre a natureza e si mesmo. Além disso, a nossa capacidade inventiva e criadora é exteriorizada através do ofício que realizamos”, afirma a psicóloga organizacional Vanessa
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Rissi. De outro lado, o fato de não trabalhar pode ter consequências negativas, que afetam diretamente a personalidade. “Em razão da centralidade que o trabalho ocupa em nossas vidas, é que podemos compreender as consequências negativas do não-trabalho, da inatividade. Um sujeito sem trabalho é impedido de se realizar como homem e cidadão, o que afeta diretamente sua dignidade”, salienta Vanessa, que é mestre em Saúde Coletiva/Saúde do Trabalhador, especialista em Gestão de Recursos Humanos e professora da Imed. Ter um ofício é primordial na vida do ser humano. Durante a própria evolução, cada indivíduo veio desempenhando um papel, o que não é diferente nos dias de hoje. “O trabalho é um meio inexorável da existência humana e constituinte da identidade do sujeito. Isto significa que cada um se torna o que é por meio do ofício que executa. Através do trabalho as pessoas podem imprimir sua marca, o seu registro. Isto tanto é verdadeiro que quando não conhecemos uma pessoa e, então, perguntamos ‘quem é fulano?’, a resposta sempre estará relacionada a função executada no mundo do trabalho: ‘ele é professor da escola x, ele é vendedor da empresa y, é médico’, e assim por diante”, argumenta a psicóloga. Gostar do que faz Tão importante quando desempenhar o seu ofício é gostar do que se faz. Quem realiza o seu trabalho sem estar contente com o que executa, certamente não terá empenho e sua produção será menor, além da propensão ao desenvolvimento da depressão. “Trabalhar sem sentir prazer é sinônimo de sofrimento e de adoecimento. Um trabalho que não for considerado gerador de bem-estar trará mais prejuízos do que benefícios. Não é possível que um trabalho, ao causar sofrimento, cumpra a sua função de dignificar o homem. A gênese do sofrimento pelo trabalho está, por exemplo, relacionada a fatores como conflitos constantes entre líderes e liderados, ausência de espaço para discussão, expressão e resolução de problemas e/ou fragmentação e inserção muito limitada das tarefas no processo produtivo”, ressalta.
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Bem-estar no trabalho “A sensação de bem-estar no trabalho está ligada diretamente a características como: trabalho estimulante e desafiador, possibilidade de crescimento na carreira, aprendizado e desenvolvimento, ter um bom chefe, clima organizacional positivo, remuneração e benefícios justos, entre outros”, afirma Vanessa. Por isso, tão importante quanto gostar do que se faz é desempenhar esta função num local que ofereça as condições necessárias. “Durante mais de 50 anos, os pesquisadores estudaram os fatores que satisfazem, motivam ou envolvem os seus funcionários talentosos. Abraham Maslow, por exemplo, identificou as necessidades básicas de sobrevivência e descobriu que, quando essas necessidades eram satisfeitas, as pessoas se concentravam nas necessidades sociais e na auto-realização do trabalho. Frederick Herzberg identificou os ‘fatores de higiene’ como o ambiente de trabalho, salário e benefícios decentes como possíveis motivos de insatisfação, quando são inadequados, mas eles não são necessariamente motivadores. Se as pessoas não forem desafiadas no trabalho ou não estiverem progredindo, ou ainda, se não se dão bem com o chefe, o salário provavelmente não os reterá por muito tempo”, exemplifica. A frase a seguir de Steve Jobs revela um aspecto da realidade do trabalho, que é a sua realização: “Seu trabalho vai preencher boa parte da sua vida e a única maneira de ser verdadeiramente satisfeito é fazer o que acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é amar o que você faz” – Steve Jobs. A charge de Laertes revela outro aspecto do trabalho: o preconceito. Muitas vezes, ocorre contra imigrantes e seu trabalho nas grandes cidades. A sustança, a que se refere a charge significa a força de trabalho do migrante numa grande cidade.
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O sociólogo brasileiro Ricardo Antunes possui inúmeros livros e artigos sobre o tema trabalho. No livro Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho, Ricardo Antunes apresenta de forma bastante interessante como o trabalho é algo central no mundo atual, apesar de toda a modificação pelo qual seu sentido vem tomando (metamorfose ), principalmente com objetivos de desqualificar sua própria importância. Ricardo Antunes discute inúmeros temas referentes ao mundo do trabalho, debate a metamorfose das práticas no capitalismo ao analisar, por exemplo, como se deu o trabalho sobre uma estrutura dita como fordismo, taylorismo, toyotismo e a atual concepção de acumulação flexível ou trabalho flexível, terceirização, entre outros. Cada um desses conceitos nos remete a uma realidade no sistema capitalista. Bem como ao longo do século XX, como os sindicatos foram também modificando as formas de representação dos trabalhadores. E, ainda, questões como daquelas pessoas que estão fora de um trabalho protegido pelas leis. Seria importante a leitura do livro como forma de entender a dinâmica do trabalho na sociedade capitalista e a importância do conceito para nossa vida. REFERÊNCIAS ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. 7ªed. rev. ampl. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2000. ARAÚJO, Sílvia Maria de. Sociologia: volume único: ensino médio. Silvia Maria de Araújo, Maria Aparecida Bridi, Benilde Lenzi Motim. São Paulo: Scipione, 2013. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2ª.ed. São Paulo: Moderna, 1997. LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003.
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