UNIDADE
17
GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ACADÊMICA
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
GÊNEROS TEXTUAIS DA ESFERA ACADÊMICA Na aula de hoje, vamos estudar sobre os gêneros exigidos no Ensino Superior. Você vai aprender porque é importante estudar os gêneros e como eles promovem uma conscientização no leitor ou falante, criando maior autonomia na argumentação e na aquisição da linguagem. GÊNEROS NO ENSINO SUPERIOR O ensino dos gêneros textuais propicia um aprendizado que vai além de regras gramaticais, desenvolvendo competências sobre a linguagem e a produção textual. Ultrapassamos a codificação e decodificação de enunciados para um patamar de criticidade, de autonomia, de argumentação e de funcionalidade do gênero na situação do ato comunicacional. A questão é que muitos alunos que chegam ao Ensino Superior não conhecem ou reconhecem os gêneros textuais e passam pela graduação como se estes não existissem. Isso acarreta em uma série de problemas, uma vez que a produção textual não contempla os requisitos básicos, uma provável consequência do Ensino Fundamental e Médio. Na esfera da educação superior, o aluno continua trabalhando com os diversos gêneros textuais que são exigidos em sala de aula, mas, muitas vezes, não sabe como administrá-los. Resenhas, resumos, reflexões, artigos e a própria monografia que são, por excelência, argumentativos, tornam-se estruturas fracas, sem coerência ou coesão, nas quais os alunos não conseguem construir enunciados lógicos ou proferir opinião. Permitir ao aluno que haja essa aproximação com os gêneros, sendo estes entendidos por completo, faz com que suas práticas sociais se manifestem de maneira autônoma. Para Schneuwly e Dolz (1997, p. 15):
2
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
[...] quanto mais precisa a definição das dimensões ensináveis de um gênero, mais ela facilitará a apropriação deste como ferramenta e possibilitará o desenvolvimento de capacidades de linguagens diversas que a ele estão associadas. O objeto de trabalho sendo, pelo menos em parte, descrito e explicitado, tornando-se acessível a todos nas práticas de linguagem de aprendizagem.
Dar continuidade ao ensino de gêneros no Ensino Superior faz com que haja aproximação, também, dos gêneros que serão usados na vida profissional do indivíduo. Precisamos realizar o fato de que muitos alunos já estão no mercado de trabalho e não conseguem produzir um relatório e é por isso que este material está em suas mãos. Faça bom proveito dele, pois você irá precisar desses conhecimentos por toda sua vida profissional. Quais são os gêneros textuais do Ensino Superior? Ensinar é construir conhecimento. O professor dispõe de diversos recursos para construir o conhecimento em sala de aula, a começar pelo gênero expositivo que usa para ministrar sua disciplina. Contudo, este não é o único ponto usado por ele. Dentro da esfera acadêmica, nos deparamos com textos que devem ser lidos, apreendidos e discutidos para que haja reflexão acerca da disciplina e como ela poderá ser aplicada em sua vida profissional. Para que haja eficácia nesse processo, elencamos, de acordo com Antunes (2002), quais são os requisitos de excelência para o ensino de gêneros textuais: a) a apreensão dos “fatos linguístico-comunicativos” e não o estudo de “fatos gramaticais”, difusos, virtuais, descontextualizados, objetivados por determinações de um “programa” previamente fixado e ordenado desde as propriedades imanentes do sistema linguístico; b) a apreensão de estratégias e procedimentos para promover-se a adequação e eficácia dos textos, ou o ensino da língua com o objetivo explícito e determinado de ampliarse a competência dos sujeitos para produzirem e compre-
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3
enderem textos (orais e escritos) adequados e relevantes; c) a consideração de como esses procedimentos e essas estratégias refletem-se na superfície do texto, pelo que não se pode, inconsequentemente, empregar quaisquer palavras ou se adotar qualquer sequência textual; d) a correlação entre as operações de textualização e os aspectos pragmáticos da situação em que se realiza a atividade verbal; e) a ampliação de perspectivas na compreensão do fenômeno linguístico, superando-se, assim, os parâmetros demasiados estreitos e simplistas do “certo” e do “errado”, como indicativos da boa realização linguística (ANTUNES, 2002, p. 71).
Para compreender os itens elencados por Antunes (2002), é exigência da esfera acadêmica que haja empatia do aluno para com os gêneros, a começar com aqueles que podem ser incentivados em sala. Atividades de cunho oral também fazem parte desse desenvolvimento. Quando você se posiciona em sala de aula para uma discussão proposta pelo professor ou colega, você se utiliza do gênero expositivo e dissertativo-argumentativo. Geralmente, aquilo que escrevemos é aquilo que falamos para os outros e para nós mesmos. Exercitar tais atividades aperfeiçoa seu vocabulário, seu encadeamento lógico de argumentos e melhora sua oralidade e postura. A seguir, vamos ver alguns gêneros que circulam em nossa esfera acadêmica. ARTIGOS CIENTÍFICOS Os artigos científicos são textos com caráter de mostrar os resultados de pesquisas ou estudos. É um relatório que apresenta um tema, reflexões, metodologias, técnicas, processos e conclusões. Tem como base um referencial teórico (argumentação por citação ou autoridade) e estrutura que será estudada na última unidade desta dis-
4
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ciplina. Estudá-los nos faz conhecer, além de suas características linguísticas, novos conceitos sobre assuntos relacionados à disciplina ou à vida profissional. Faz com que você, aluno, conheça mais sobre sua área de atuação e sobre as frequentes mudanças que elas podem acarretar. O gênero artigo pode fomentar, ainda, ideias para pesquisas que você pode realizar e publicar. É o que acontece na Iniciação Científica, que nada mais é que programas de pesquisas acadêmicas em que os alunos têm seu primeiro contato como pesquisadores da ciência, direcionados por um orientador. Acesse o link a seguir para ver exemplos de artigos científicos premiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): http://migre.me/usj0Y
Conheça mais sobre a Iniciação Cientifica nos sites da CAPES http://www.capes.gov.br/ e da Fundação Araucária http://www.fappr.pr.gov.br/ e veja o que outros estudantes estão descobrindo. RESENHA CRÍTICA A resenha crítica, além de apresentar uma descrição do tema, perpassa pela interpretação e avaliação de um texto ou experiência. Ao pedir uma resenha aos seus alunos, o professor faz com que estes exercitem sua criticidade, sua autonomia e seu poder de interpretação, além dos operadores argumentativos e tipos de argumentos já estudados nas unidades anteriores. Assim, ultrapassamos os limites deste material e fazemos uso daquilo que, aqui, aprendemos. Como produzir uma resenha crítica, bem como suas especificidades são aprendidas na próxima unidade.
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
5
Ex.: Cassia Maria Buchalla Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) O livro Artigos Científicos: como redigir, publicar e avaliar, de autoria do Prof. Mauricio Gomes Pereira, foi lançado recentemente pela Editora Guanabara Koogan. Com o objetivo de orientar os potenciais autores sobre como vencer as muitas barreiras na elaboração e publicação de artigos científicos, o livro aborda cada uma das etapas desse processo em 24 capítulos. Os três primeiros capítulos tratam dos aspectos da preparação do trabalho. O primeiro capítulo, Pesquisa e Comunicação Cientifica, versa sobre a necessidade de divulgação dos resultados das pesquisas como forma de finalização da mesma. Aborda, de modo geral, a evolução da comunicação cientifica nas ciências da saúde, menciona os periódicos de acesso livre e a situação atual de elevada competição para publicar. [...] Texto completo em: http://migre.me/usj7a
RELATÓRIO O gênero relatório, como o próprio nome já diz, relata de forma minuciosa um experimento, uma pesquisa, um processo de estudo. O relatório propicia a você, aluno, uma experiência de escrita detalhada sobre um processo em laboratório, pesquisa e até mesmo no trabalho. Atividades que envolvam laboratórios são as que mais exigirão esse gênero. Nas próximas unidades, você vai compreender melhor esse gênero. A seguir, um exemplo de um relatório acadêmico acerca de um relatório sobre congresso.
6
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Fig.01
Você acha que seus professores exploram os gêneros textuais em sala de aula? Como você pode se aproveitar disso para ter melhores chances no mercado de trabalho? Nas próximas unidades vamos aprender como produzir esses gêneros, quais suas estruturas, especificidades e encaminhamentos para que você possa desenvolver uma escrita de acordo com que é pedido na sua Instituição de Ensino.
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
7
LISTA DE IMAGENS Fig.01: http://pt.slideshare.net/ BIBLIOGRAFIA ANTUNES, Maria Irandé Costa Morais. Língua, gêneros textuais e ensino: considerações teóricas e implicações pedagógicas. Perspectiva: Revista do Centro de Ciências da Educação. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Educação – v. 20, n 1. Florianópolis, 2002. 65-75. SCHNEUWLY, B; DOLZ, J. Trad. Glaís Sales Cordeiro. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. Revista Brasileira de Educação, n. 11, 1997, p. 01-16. ANPED.
8
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 17. Gêneros Textuais da Esfera Acadêmica. EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
9
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA