Qualidade de Vida, Meio Ambiente e Economia Sustentável - Unidade20

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UNIDADE

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ESTRATÉGIAS DE PROGRAMAS DE SAÚDE OCUPACIONAL VOLTADOS À PROMOÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA E SUSTENTABILIDADE

ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


ESTRATÉGIAS DE PROGRAMAS DE SAÚDE OCUPACIONAL VOLTADOS À PROMOÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA E SUSTENTABILIDADE

As organizações, ao pensar em planejamento estratégico, acreditam que a redução de custos é um fator positivo. Logo, o investimento em programas de saúde ocupacional e qualidade de vida necessitam de muito esforço das áreas responsáveis para terem atenção. Hoje, o Governo, além de ter leis trabalhistas para que as empresas invistam na qualidade de vida dos trabalhadores, oferece benefícios como um incentivo para que os empresários permaneçam atenciosos a essa questão.

Acesse o site do Ministério da Previdência Social e leia sobre: Saúde e Segurança do Trabalho: estudo da Previdência Social indica mudanças nas causas de afastamento do trabalho. Acesse: < http://migre.me/t52Cf>

De acordo com Angeluci (2005), os programas de saúde ocupacional e qualidade de vida geram inúmeros benefícios dentro das empresas, ainda imensuráveis em sua totalidade. Contudo, sabe-se que apresentam diminuição dos níveis de estresse, menor incidência e prevalência de doenças ocupacionais e soma-se a isso o ganho secundário no aumento de produtividade. No entanto, algumas empresas ainda optam pela redução de custos com a saúde dos trabalhadores.

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A Qualidade de Vida no Trabalho era um setor inexplorado e, por ser imprescindível, está sendo inserida recentemente no ambiente ocupacional. No entanto, a QVT está sendo inserida a partir de pressupostos antiquados. Segundo Matos (1997), a cultura pode ser traduzida como: os valores, a filosofia da empresa, sua missão, o clima participativo, as perspectivas concretas de desenvolvimento pessoal que criam a identificação empresa-trabalhador. Sendo assim, a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) somente ocorre no momento em que as empresas tomam consciência que os seus trabalhadores são partes fundamentais de sua organização. Assim, eles devem ser vistos como um todo. Segundo Campos (1992), um dos mais importantes conceitos dos Programas de Qualidade e Vida está relacionado à premissa que somente se melhora o que se pode medir. Torna-se necessário avaliar de forma sistemática a satisfação dos trabalhadores e, nesse sentido, o processo que permeia a subjetividade é de grande importância para detectar a percepção desses sobre os fatores intervenientes na qualidade de vida do trabalho. Segundo a psicóloga americana Maslach e o psicólogo canadense Leiter (1999), atualmente, os trabalhadores passam muito mais horas convivendo em um ambiente laboral do que convivendo com seus familiares. Desta forma, os desgastes físicos e emocionais alastram-se nos locais de trabalho. Isso ocorre, na maioria das vezes, pelo desencontro da natureza do trabalho e a natureza da pessoa que o realiza. Os autores citados enfatizam também que o desgaste emocional da equipe diz mais sobre as condições de trabalho dos colaboradores do que sobre eles mesmos.

Algumas das maiores fontes do desgaste são:

1.

excesso de trabalho;

2.

falta de controle;

3.

falta de recompensa;

4.

falta de união;

5.

falta de equidade e

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6.

conflito de valores.

O desgaste emocional afeta tanto o indivíduo e os seus familiares quanto a empresa. A diminuição da tolerância ao estresse e a redução de apoio para a vida pessoal do trabalhador o torna incapacitado de lidar com os problemas no ambiente laboral, prejudicando a sua produtividade. Acredita-se que uma das soluções seria a própria empresa criar ações preventivas, além de programas de QVT. Não é um processo simples conseguir a aprovação da diretoria e colocar em prática ações como essas. É importante provar que com essas ações é possível reduzir os custos mais altos da empresa no futuro. Devem-se utilizar argumentos fundamentados no ganho secundário, isto é, os ganhos que a empresa obterá pela redução de despesas relacionadas à saúde dos trabalhadores. Limongi-França (2004) comenta sobre alguns dos vieses apresentados pelos programas de qualidade de vida e sobre os motivos pelos quais, ainda hoje, não são aceitos pela maioria das empresas. Há três visões de como os programas de qualidade de vida são vistos pelas organizações: 1. enquadramento legalista: cumprimento de regras impostas pela legislação ou por obrigação em situações específicas, como: exigências feitas por grandes clientes e por programas de certificação de qualidade; 2. enquadramento paternalista: realizado no intuito de fazer o indivíduo sentir-se bem em seu ambiente laboral. A preocupação e o objetivo principal é, exclusivamente, o indivíduo e não há, necessariamente, uma interligação dos programas de qualidade de vida com as estratégias da organização e 3. visão estratégica: os programas fazem parte da visão estratégica organizacional e estão atrelados ao resultado planejado pela organização.

Um planejamento estratégico é fundamental para implementação das ações e programas de QVT a serem implantados. Esses envolvem diagnósticos e melhorias, inovações gerenciais, inovações

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tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho. O diagnóstico pode ser realizado para um levantamento das condições relacionadas à empresa e/ou aos Recursos Humanos. Moretti (2005) afirma que existem várias medidas a serem aplicadas, como: remuneração justa; manutenção de um ambiente físico, psicológico e social mais saudável e implantação de uma política de benefícios sociais, criando condições para que o sistema racional funcione. Segundo Alvarez (1996), as empresas americanas que desenvolvem programas de promoção à saúde não os fazem por bondade, os motivos estão relacionados com o ganho secundário, por exemplo: o aumento da produtividade, competitividade e redução de custos gerados pelos trabalhadores. Alguns programas apresentam medidas drásticas, como a proibição do fumo no ambiente de trabalho. Essa imposição pode gerar uma rejeição dos trabalhadores, visto que para mudar um comportamento de risco deve-se inicialmente promover a conscientização. Shephard (1994) verificou que, após um programa de exercícios físicos no trabalho as pessoas se sentiam melhor. Além de ocorrer redução dos gastos da empresa com médicos. Os programas de exercício podem beneficiar o setor corporativo por meio do melhoramento da imagem da companhia, do entrosamento dos empregados e do aumento da satisfação desse. Por consequência, melhora a produtividade da equipe, reduz o absenteísmo e a substituição do pessoal, além de diminuir os custos da empresa com médicos e as lesões e/ou acidentes laborais. Everton Fernando Alves, especialista em Saúde do Trabalhador pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, verificou ações e/ ou programas de promoção da QVT aplicadas em organizações e os principais resultados encontrados.

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Observe a tabela a seguir.

AÇÕES/PROGRAMAS Exercícios físicos (ex: ginástica laboral)

Treinamento e desenvolvimento dos trabalhadores Ergonomia

Ginástica Laboral

Benefícios

Higiene e Segurança do trabalho

Controle de álcool e drogas

Orientações nutricionais Antitabagismo

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PRINCIPAIS RESULTADOS

Aumenta a disposição e satisfação dos trabalhadores, aumenta a tolerância ao estresse, reduz o absenteísmo, melhora o relacionamento interpessoal, reduz acidentes de trabalho e gastos médicos. Aumenta o capital intelectual, aperfeiçoa as atividades, satisfaz profissionalmente e aumenta a produtividade. Aumenta o desempenho nas atividades e reduz acidentes de trabalho. Prevê e reabilita doenças ocupacionais, prevê acidentes de trabalho, melhora a integração entre os trabalhadores, diminui o absenteísmo e aumenta a produtividade. Motivação; satisfação profissional e pessoal e aumento da produtividade. Gera um ambiente mais saudável, prevê riscos à saúde, diminui os acidentes de trabalho, diminui o absenteísmo e a rotatividade e aumenta a produtividade. Reduz riscos, melhora a segurança operacional e da saúde dos trabalhadores, melhora a autoestima, diminui os acidentes de trabalho e o absenteísmo. Diminui a obesidade, muda o comportamento de risco, aumenta o desempenho e disposição e aumenta a produtividade. Aumenta a autoestima, o desempenho e disposição e prevê doenças.

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REFERÊNCIAS

ALVAREZ, B. R. Qualidade de vida relacionada à saúde de trabalhadores: um estudo de caso. 1996. 117 f. Dissertação (Mestrado em engenharia de produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Florianópolis, 1996. ALVES, Everton F. Programas e Ações em qualidade de vida no trabalho. InterfacEHS. Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 6, n. 1, artigo. Abril 2011. ANGELUCI, F. L. et al. A qualidade de vida no ambiente de trabalho e a aplicação dos princípios relativos ao programa de controle médico de saúde ocupacional. 2005. 58 f. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança no Trabalho) Universidade Estadual de Ponta Grossa, Guarapuava, 2005. BRASIL. Ministério da Previdência Social. Saúde e Segurança do Trabalho: estudo da Previdência Social indica mudanças nas causas de afastamento do trabalho. Disponível em:<http://www.previdencia.gov.br/2014/04/saude-e-seguranca-do-trabalho-estudo-da-previdencia-social-indica-mudanca-nas-causas-de-afastamento-do-trabalho/> Acesso em: fev. 2016. LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de Vida no Trabalho – conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2004. MALASCH, C.; LEITER, M. P. Trabalho: fonte de prazer ou desgaste? Guia para vencer o estresse na empresa. Campinas: Papirus, 1999. MATOS, F. G. Fator QF – Ciclo de felicidade no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1997. MORETTI, S. Qualidade de vida no trabalho x auto realização humana. Instituto Catarinense de Pós-Graduação, Florianópolis. 2005. Disponível em: Acesso em: 17 mai. 2009. SHEPHARD, R. J. Custos y beneficios de una sociedad deportiva activa v/s una sociedad sedentaria. Resúmenes, 3. SIMPOSIO INTERNACIONAL DE ACTUALIZACIÓN EN CIENCIAS APLICADAS AL DESPORTE. 1994, Rosario, Anais. Rosario, 1994. p. 127-135.

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