Pediatrics - Estudo Comentado - Risperdal

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Artigo Comentado Risperidone in the treatment of disruptive behavioral symptoms in children with autistic and other pervasive developmental disorders Shea, S. Turgay A, Carroll A, Schultz M, Orlik H, Smith I, Dunbar F Pediatrics 114;5 – november 2004 / 634 – 641

RESUMO Objetivo: Para investigar a eficácia e a segurança no tratamento de sintomas de comportamento disruptive em crianças com autismo e outros distúrbios pervasivos de desenvolvimento (DPD), foi realizado este estudo duplocego de risperidona controlado com placebo. Método: Por oito semanas 79 crianças portadoras de DPD de 5 a 12 anos, foram radomizadas e 40 destas foram medicadas com risperidona (0,01-0,06 mg/kg/dia) e 39 com placebo. Neste estudo foram utilizados risperidona e placebo em solução oral de 1,0 mg/ml. Na avaliação de sintomas de comportamento dos sujeitos da amostra foram utilizados Aberrant Behavior Checklist (ABC), Nisonger Child Behavior Ranting Form e, Clinical Global Impression-Change. Na avaliação de segurança foram realizados eletrocardiograma, verificação de sinais vitais, de sintomas extra-piramidais, de eventos adversos e testes laboratoriais. Resultado: Os sujeitos que utilizaram risperidona, numa dose média de 0,04 mg/kg/dia ou 1,17 mg/dia, obtiveram melhora significativa comparado aos que ingeriram placebo e, obtiveram redução de mais de 64% de irritabilidade comparado ao início do estudo. Sujeitos tratados com risperidona também apresentaram melhora significativa nos outros quatro sintomas como problema de conduta, insegurança, ansiedade, hiperatividade e hiper-reatividade a contatos interpessoais. Mais sujeitos que utilizaram risperidona (87%) mostraram melhora de funcionamento global do que os que utilizaram placebo (40%). O efeito adverso mais freqüente foi de sonolência que estava presente em 72,5% dos sujeitos que utilizaram risperidona enquanto que nos de placebo foi apenas de 7,7%, mas aparentemente pode ser reduzido com mudança de dose ou horário de ingerir a medicação. A freqüência e a intensidade de sintomas extrapiramidais foram equivalentes entre os dois grupos. Crianças que utilizaram risperidona apresentaram maior ganho de peso, aceleração de pulso e aumento de pressão sistólica comparado aos que utilizaram placebo, essas alterações foram considerados de fácil reversão. Conclusão: A risperidona foi bem tolerada e eficiente no tratamento de sintomas de comportamento associado ao DPD em crianças.

MG&A Comunicação Segmentada Ltda. Diretor Responsável: Maurício C. Galvão Anderson MSc.; Revisão: Equipe MG&A; E-mail: mg_a.com@uol.com.br Esta publicação é fornecida como um serviço da Janssen-Cilag aos médicos. Os pontos de vista aqui expressos refletem a experiência e as opiniões do autor. Antes de prescrever qualquer medicamento eventualmente citado nesta publicação, deve ser consultada a Circular aos Médicos (bula) emitida pelo fabricante.


Artigo Comentado COMENTÁRIOS Lee Fu-I Doutora em medicina pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Médica Supervisora do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (SEPIA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Queixas de condutas violentas ou de auto-agressividade são comuns nas crianças autistas e com outros Distúrbios Pervasivo de Desenvolvimento (DPD) tais como Síndrome de Asperget, Síndrome de Rett, Distúrbio Desintegrativo da Infância e outros não especificados. As crianças que chegam a tais condições geralmente colocam os profissionais, educadores e seus pais em situação constante de desafio. Alguns casos podem necessitar de apoio medicamentoso para controle ou minimização dos prejuízos

A decisão de prescrever psicofármacos para uma criança é, sobretudo, uma decisão comparativa entre o benefício da medicação e o risco dos efeitos colaterais. a si e aos outros e, no tratamento medicamentoso de autismo e outros DPD buscase a redução dos sintomas alvos tais como: agressividade (auto ou hetero agressividade), impulsos inadequados, movimentos repetitivos ou estereotipados, pouca interação com o ambiente, inquietação psicomotora / hiperatividade e delírio e alucinação. A decisão de prescrever psicofármacos para uma criança é, sobretudo, uma decisão comparativa entre o benefício da medicação e o risco dos efeitos colaterais. A busca por um medicamento que seja incisivo sobre os sintomas alvos e que também seja bem tolerado é essencial e incessante. Como ainda não há tratamento específico e de escolha

para reduzir sintomas de comportamento pervasivo em crianças com autismo e outros DPD, por várias décadas tentou-se controle com medicamentos psiquiátricos de diversos grupos. Os psicofármacos utilizados para esse fim têm variado entre neurolépticos (haloperidol, tioridazina, risperidona, olanzapina, aripiprazol), anticonvulsivantes (carbamazepina e ácido valpróico) e até anti-depressivo (imipramina, amitriptilina e nortriptilina). O uso de antipsicóticos para controle de agressividade, hiperatividade, desatenção, impulsividade, estereotipias, gritos e comportamento auto-agressivos em crianças autistas e portadores de outros distúrbios pervasivos de desenvolvimento (DPD) haviam sido limitados por receio de discinesia tardia e de efeitos colaterais extrapiramidais. Com o surgimento de novos antipsicoticos atípicos voltou-se novamente a investir na possibilidade do uso de neurolepticos em casos de DPD. Até onde se sabe, o estudo de Shea et al (2004) é o primeiro estudo controlado com placebo utilizando risperidona como droga de escolha. A metodologia do estudo foi sistematizada e adequada, além de ser correta para uma pesquisa dessa importância. O resultado não causou surpresa pois, nos últimos anos já foram publicados vários ensaios clínicos abertos, relatando a eficiência da risperidona no tratamento de diversas patologias psiquiátricas na infância e na adolescência e, principalmente em casos de


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autismo e demais DPD que ainda não há intervenções farmacológicas específicas para comportamentos dessa natureza(1,2,3,4,5,6). Os estudos têm mostrado que risperidona é eficiente e seguro para minimizar a agressividade e hiperatividade de crianças portadoras de autismo e de outros DPD. O estudo de Shea et al. (2004) assinala que houve melhora significativa dos sintomas de irritabilidade, desatenção, hiperatividade e hiper-reatividade ao contato interpessoais. O estudo de Shea et al. (2004) mostrou que Risperidona tem as seguintes características: • Raros ou poucos sintomas extrapiramidais e outros efeitos colaterais que podem ser reduzidos com redução de dose ou mudança de números de tomadas diária. • Eficiente no controle dos sintomas de irritabilidade, discurso inadequado, isolamento social, comportamentos esteretipados, insegurança e hiperatividade. • Boa tolerabilidade e segurança para crianças e adolescentes a curto e médio prazo (7 – 63 dias). • Melhora significativa de impressão clínica global quando comparado aos casos não tratados. Os achados do estudo de Shea et al. (2004) comprovam que a melhora do comportamento em casos de autismo e outros DPD após uso de risperidona é real e não apenas oscilações de temperamento associado a doença de base.

REFERÊNCIAS 1. McCracken JT; McGough J; Shah B; Cronin P; Hong D; Aman MG; Arnold LE; Lindsay R; Nash P; Hollway J; McDougle CJ; Posey D; Swiezy N; Kohn A; Scahill L; Martin

Esse estudo comprova que a melhora do comportamento em casos de autismo e outros DPD após uso de risperidona é real e não apenas oscilações de temperamento associado a doença de base. A; Koenig K; Volkmar F; Carroll D; Lancor A; Tierney E; Ghuman J; Gonzalez NM; Grados M; Vitiello B; Ritz L; Davies M; Robinson J; McMahon D. Risperidone in children with autism and serious behavioral problems. N Engl J Med; 347(5):314-21, 2002 Aug 1. 2. Malone RP; Maislin G; Choudhury MS; Gifford C; Delaney MA. Risperidone treatment in children and adolescents with autism: short- and long-term safety and effectiveness. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry; 41(2):140-7, 2002 Feb. 3. Masi G; Cosenza A; Mucci M. Prolactin levels in young children with pervasive developmental disorders during risperidone treatment. J Child Adolesc Psychopharmacol; 11(4):389-94, 2001 Winter. 4. Scahill L; McCracken J; McDougle CJ; Aman M; Arnold LE; Tierney E; Cronin P; Davies M; Ghuman J; Gonzalez N; Koenig K; Lindsay R; Martin A; McGough J; Posey DJ; Swiezy N; Volkmar F; Ritz L; Vitiello B. Methodological issues in designing a multisite trial of risperidone in children and adolescents with autism. J Child Adolesc Psychopharmacol; 11(4):377-88, 2001 Winter. 5. Masi G; Cosenza A; Mucci M; Brovedani P. Open trial of risperidone in 24 young children with pervasive developmental disorders. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry; 40(10):1206-14, 2001 Oct. 6. Masi G; Cosenza A; Mucci M; De Vito G. Risperidone monotherapy in preschool children with pervasive developmental disorders. J Child Neurol; 16(6):395-400, 2001 Jun.


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