REVISTA PORTUGAL NOVEMBRO 113

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Ciência e atualidade do setor dentário - ano XVI

Falamos com...

Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD).

Célia Coutinho Alves, presidente da comissão organizadora do Congresso Virtual Imersivo da OMD.

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Dossier

Nuno Menezes Gonçalves, presidente da Associação Independente de Médicos Dentistas.

O higienista oral Gabriel Nuno Pereira revela-nos as “Boas práticas em higiene, segurança e manutenção de materiais e equipamentos em período COVID-19”.



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destaques

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XVI

CRÓNICA

FALAMOS COM ...

Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). ANEMD tem nova direção com projeto responsável e inovador.

Federação Europeia de Periodontologia distingue Gil Alcoforado.

DOSSIER

Célia Coutinho Alves, presidente da comissão organizadora do Congresso Virtual Imersivo da OMD.

Gabriel Nuno Pereira, higienista oral e gestor clínico: “Boas práticas em higiene, segurança e manutenção de materiais e equipamentos no período COVID-19”.

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Nuno Menezes Gonçalves, presidente da Associação Independente de Médicos Dentistas.


sumário

❏ Ponto de vista

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❏ Crónica 11 Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária tem nova direção com projeto responsável e inovador. 12 Projeto de investigação quer prevenir o burnout em estudantes de Medicina e Medicina Dentária. 14 Federação Europeia de Periodontologia distingue médico dentista português.

André Vilela Alves, presidente das XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz.

❏ Ciência e prática

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Leonor Balsinha: “Granuloma piogénico na gengiva – excisão cirúrgica com laser díodo”.

❏ Dossier

44

❏ Falamos com... 18 Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD): “Este é um tempo em que se começa a mudar o rumo da profissão”. 24 Célia Coutinho Alves, presidente da comissão organizadora do Congresso Virtual Imersivo da OMD: “Esta edição proporcionará uma experiência totalmente nova”. 28 Nuno Menezes Gonçalves, presidente da Associação Independente de Médicos Dentistas: “Os médicos dentistas não são médicos de segunda categoria”.

Gabriel Nuno Pereira: “Boas práticas em higiene, segurança e manutenção de materiais e equipamentos no período COVID-19”.

❏ Calendário

52

Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais.

❏ Novidades

58

Produtos e equipamentos.

❏ Indústria

60 Notícias do foro empresarial.

A Maxillaris é uma marca registada a nível europeu pelo Departamento de Harmonização do Mercado Interior Europeu de Marcas e Desenhos com o Nº 003098449. Proprietário: Grupo Asís Biomedia. Coordenador Edição Portuguesa: João Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade: Maria João Miranda. comercialportugal@maxillaris.com Colaboradores: Gilberto Ferreira. João dos Santos. Maria Inês de Matos. Nuria Mauleón. Valéria Baptista Ferreira.

Edição online: www.maxillaris.com.pt Depósito Legal: M-44.552-2005. Assinatura anual: Portugal 35 €, resto 80 €.

Comissão Científica: Jaime Guimarães (diretor científico). Ana Cristina Mano Azul. Francisco Brandão de Brito. Francisco Teixeira Barbosa. Gil Alcoforado. Isabel Poiares Baptista. José Bilhoto. José Pedro Figueiredo. Paulo Ribeiro de Melo. Rui Figueiredo. Susana Noronha. Consultor para a América Latina: Pérsio Mariani.

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Editorial Novembro é por excelência o mês da (grande) concentração e do convívio dos médicos dentistas, que em Portugal são já mais de 11.000, de acordo com os mais recentes números oficiais em matéria de inscritos na Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). É precisamente esta entidade que assegura, neste penúltimo mês do ano, a cimeira da classe à qual se juntam, em circunstâncias normais, largas centenas de colegas (na qualidade de renomados oradores e/ou de ávidos congressistas) da Lusofonia e dos quatro cantos do mundo, e mais de uma centena de marcas nacionais e estrangeiras em representação da sempre inovadora e dinâmica indústria do setor dentário. É todo este conjunto de pessoas, associado a um exímio e abrangente programa científico, entre outros fatores, que torna o congresso anual da OMD no principal e mais concorrido encontro nacional da área da saúde (oral e geral). Este ano, a 29ª edição do congresso anunciava-se, com a habitual e alargada antecedência que caracteriza a respetiva organização, para a primeira semana de novembro na região do Porto, mais concretamente nas amplas instalações da Exponor, em Matosinhos, cumprindo a lógica de alternância entre as duas principais cidades do país (em 2019, o congresso celebrou-se nas intalações da Feira Internacional de Lisboa). Acontece que 2020 é tudo menos um ano de características normais. A devastadora pandemia de coronavírus que surpreendeu o planeta, logo nos primeiros meses, tem dado mostras de que vai continuar de “pedra e cal” neste derradeiro trimestre do ano. Esta inédita conjuntura, e a consequente imposição de restritas regras sanitárias, levou a OMD inicialmente a cancelar, pela primeira vez em quase três décadas de reuniões anuais, o congresso presencial e, mais recentemente, a procurar um modelo alternativo totalmente novo, que será levado à prática nos dias 27 e 28 deste mês. Trata-se do primeiro Congresso Virtual Imersivo, ou seja, a versão online da 29ª edição do congresso, que decorrerá numa plataforma totalmente criada de raíz para disponibilizar um projeto inovador aos congressistas, patrocinadores e expositores. Pese embora a evidente lacuna que constitui a ausência do “fator presencial”, a solução digital tem vantagens que deixam antever um balanço muito promissor, tais como a oportunidade de fazer chegar, com um mero clique, este evento nacional a mais fronteiras internacionais e o alargamento das visitas aos stands virtuais da Expodentária pelo período de dois meses após a celebração do congresso. Nesta edição, a MAXILLARIS dá ampla cobertura à inovadora iniciativa digital e à OMD em geral, através da publicação de entrevistas à médica dentista Célia Coutinho Alves, presidente da comissão organizadora, e ao bastonário Miguel Pavão, que nos revela os principais desígnios que traçou para o seu (primeiro) mandato.

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Coordenador Edição Espanhola: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com

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Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com

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Dental Torque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

REDAÇÃO ESPANHA: Plaza de Antonio Beltrán Martínez, 1, 50002 Zaragoza Tel.;976 46 14 80

EMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 e 43

Edição online espanhola: www.maxillaris.com Comissão Editorial: Nacho Rodríguez Ruiz. Miguel Roig Cayón. Raúl Ferrando Cascales. Beatriz Giménez González. Rafael Flores Ruiz. Daniel Rodrigo Gómez. Fernando Durán-Sindreu.

Fotoreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Gnathos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 GSK . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Baoluo Gao. Blas Noguerol Rodríguez. Carlos Fernández Villares. Emilio Serena Rincón. Esther Nevado Rodríguez. Francisco Teixeira Barbosa. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. José Manuel Navarro Martínez. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Manuel V. de la Torre Fajardo. Marcela Bisheimer Chemez. María Rosa Mourelle Martínez. Rafael Martín-Granizo López. Rui Figueiredo.

Invisalign . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50, 51 e 64 Laboratorio Europeo de Ortodoncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Roland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Sinusmax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Systhex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 e 57 Vita Zahnfabrik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 VOCO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Zhermack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

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crónica Estudos no âmbito da pandemia revelam que ir ao médico dentista é seguro O Jornal da Associação Americana de Medicina Dentária (ADA) publica um relatório que indica que, nos Estados Unidos da América (EUA), a taxa de médicos dentistas infetados com a COVID-19 é de 0,9%. O documento, da autoria do Instituto de Ciência e Pesquisa da ADA e do Instituto de Política de Saúde, em Chicago, contou com a participação, até junho deste ano, de 2.200 profissionais. Neste primeiro relatório, uma vez que o estudo continua a decorrer, apenas 16,6% dos médicos dentistas foram testados, sendo que os casos positivos ocorreram um pouco por todo o país, sem incidência em nenhuma região específica. Os dados significam que “o que os médicos dentistas estão a fazer, o controlo de infeções e uma maior atenção à segurança do paciente e da equipa, está a funcionar”, conclui Marcelo Araújo, diretor executivo do Instituto de Pesquisa e Ciência da ADA. Para Marko Vujicic, vice-presidente do Instituto de Políticas de Saúde da ADA, “o facto de a Medicina Dentária ter sido marcada como uma das profissões de maior risco de infeção, mas ter uma prevalência de infeção muito menor em comparação com outras profissões de saúde, não é uma coincidência”. Por seu lado, Edgar Herrera Sánchez, especialista em doenças infeciosas da Saúde Orlando, na Flórida, acrescenta que os números não surpreendem, pois os médicos dentistas “já fazem muitas coisas que impedem a disseminação da COVID-19”. Um inquérito realizado a nível nacional pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), em agosto passado, apresenta conclusões semelhantes em relação a este tema, que recebeu mais de 3.800 respostas de médicos dentistas. Os resultados mostram que 99,5% dos médicos dentistas não se contaminou em ambiente clínico, o que demonstra que os “médicos dentistas têm prática do controlo de infeção cruzada e têm prática do controlo da sua proteção e do seu staff e, portanto, são ambientes seguros para os pacientes”. Para o bastonário da OMD, Miguel Pavão, “o número de casos de COVID-19 em médicos dentistas é muitíssimo reduzido, quer em Portugal, quer nos restantes países da Europa ou nos EUA”, um cenário que “comprova a preparação adequada da classe profissional, apesar da Medicina Dentária ter sido considerada uma das profissões de maior risco”.

DGS atualiza normas Entretanto, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou no passado dia 14 de outubro a Norma nº 004/2020 de 23/03/2020, intitulada “COVID-19: abordagem do doente com suspeita ou confirmação de COVID-19”. Com as alterações ao documento, em muitas situações deixa de ser necessária a realização de teste laboratorial para SARS-CoV-2 para obtenção de alta clínica e do fim das medidas de isolamento. No entanto, a regra não se aplica aos médicos dentistas. No âmbito da evolução da situação epidemiológica no território português e com o país em estado de calamidade, a OMD considera que a realização de testes de COVID-19 direcionados aos médicos dentistas e respetivas equipas constitui uma medida eficaz de combate, prevenção e mitigação desta pandemia, no quadro do funcionamento das clínicas e consultórios de medicina dentária. Nesse sentido, a Ordem firmou protocolos com unidades e estabelecimentos de saúde, que proporcionam condições especiais para médicos dentistas com inscrição ativa na OMD, assistentes dentários e restantes colaboradores, para efeitos de realização de colheitas para diagnóstico SARS CoV-2 (PCR), assim como para a pesquisa de IgG e testes serológicos IgM para o vírus SARS CoV-2. As unidades/estabelecimentos de saúde parceiras da OMD, assim como as condições de acesso, estão disponíveis para consulta no site da Ordem.

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Crónica

Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária tem nova direção com projeto responsável e inovador A Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD), federação que congrega os núcleos de estudantes das sete faculdades portuguesas com Mestrado Integrado em Medicina Dentária, tem nova direção desde o passado dia 16 de outubro, data em que assumiram funções os novos órgãos sociais para o mandato de 2020/2021. “Envolver a Academia, elevar a Medicina Dentária” é o mote da equipa liderada por Rúben Felizardo, estudante da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, natural de Viseu, que sucede a Tiago do Nascimento Borges no cargo de presidente da direção da ANEMD. A recém-empossada direção compromete-se “a honrar o prestigiado legado que deve ser preservado, a espelhar a transformação do paradigma atual e a contribuir para o futuro” que todos perspetivam para a Medicina Dentária. ”Envolver a Academia” é a força motriz de “um projeto jovem e rejuvenescido, que ambiciona uma associação de todos e para todos, das estruturas de Coimbra, Lisboa, Porto, Setúbal e

Viseu para os estudantes de todos os pontos do país e da ANEMD para a Medicina Dentária. Um projeto responsável e inovador, através do qual todos deverão rever-se e sentir-se representados”, adianta Rúben Felizardo, esclarecendo que o conceito “Elevar a Medicina Dentária” é o desígnio orientador do seu mandato. “Queremos encetar um novo capítulo de profissionalização da estrutura, que faça uso da melhor versão de nós mesmos para trilhar um caminho de enriquecimento do ensino e da profissão, com a finalidade de produzir uma lufada de ar fresco na Medicina Dentária. Assumimo-nos como o principal rosto dos mais de 3.500 estudantes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária e a mais relevante referência nacional e internacional nesse dominio”, conclui o estudante viseense. Quem é quem na nova equipa diretiva da ANEMD A nova composição dos órgãos sociais da federação envolve um total de 17 estudantes, em representação das várias faculdades com ensino na área da Medicina Dentária. Na direção, para além de Rúben Felizardo no cargo de presidente, assumem funções de vice-presidente Guilherme de Melo Esteves, Margarida Martins Quezada e Mariana Carvalho e Melo, ao passo que Mathilde Bottlaender Tellechea é a nova tesoureira. Os seis lugares de vogal são preenchidos pelos estudantes António Mendes do Amaral, Beatriz Coelho Pereira, Bruna da Costa e Silva, Miguel Ponces Bandeira, Rita Baptista Sequeira e Rui Matos de Carvalho. A Mesa da Assembleia Geral passa a ser presidida por Inês Direito da Graça e conta com Carolina Barroso Flamino como vice-presidente e Beatriz Vitorino Mangas no lugar de secretário. O Conselho Fiscal e Disciplinar é composto por Ana Marta Pereira Alves (presidente), Diana Costa SottoMayor (vice-presidente) e Joana Martins Abrantes (relator).

Rúben Felizardo, estudante da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, é o novo presidente da direção da ANEMD.

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Crónica

Projeto de investigação quer prevenir o burnout em estudantes de Medicina e Medicina Dentária Uma equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), liderada pela psicóloga Ana Telma Pereira, está a desenvolver um projeto de investigação que pretende reduzir o burnout nos estudantes de Medicina e Medicina Dentária, através da autocompaixão. A ideia para o projeto, intitulado “Comburnout”, surgiu do facto de “verificarmos, com a nossa investigação, mas também no contacto com os estudantes, que os alunos de Medicina e de Medicina Dentária têm níveis elevados de estrés, ansiedade e depressão”, conta Ana Telma Pereira. Além disso, sublinha a investigadora do Instituto de Psicologia Médica da FMUC, “temos constatado que certos traços de personalidade, ou seja, da sua maneira típica de pensar, sentir e comportar-se, são mais prevalentes nestes estudantes, como o neuroticismo e, principalmente, o perfecionismo. Estes são fatores de risco para o sofrimento psicológico, pois diminuem as competências emocionais para lidar com o stress”. De acordo com a investigadora, são vários os fatores de risco que potenciam o burnout nos estudantes, designadamente, por exemplo, “o ambiente competitivo, a elevada carga horária e a grande quantidade de avaliações e de matérias. Devido à combinação destes fatores, quase metade dos estudantes de Medicina e Medicina Dentária sofre de burnout – significativamente mais do que os estudantes de outras áreas”.

“Devido ao estigma, vergonha e ao próprio perfecionismo, a maioria dos estudantes não procura ajuda e o problema tende a piorar ao longo da formação e carreira médica”, salienta Ana Telma Pereira. O burnout carateriza-se por vários sintomas que ocorrem na sequência de um período prolongado de intenso stress relacionado com o trabalho ou os estudos, levando a pessoa a sentir-se completamente esgotada, sem recursos emocionais e físicos. No caso dos estudantes de Medicina, alerta a especialista da FMUC, “as consequências do burnout são graves: depressão, ideação suicida, uso e abuso de álcool e de outras substâncias psicoativas. Este estado de exaustão e desânimo pode levá-los a negligenciar a sua saúde e a dos outros, pois o burnout aumenta a probabilidade de erros e negligência médica”. Projeto em duas fases O projeto, que conta com 30 mil euros de financiamento do programa “Academias do Conhecimento” da Fundação Calouste Gulbenkian, é composto por duas fases. Na primeira, a equipa vai identificar os estudantes em risco para, depois, implementar um programa de intervenção em grupo (maioritariamente em formato online), focado na promoção de competências emocionais, como o mindfulness e a autocompaixão, abordagens terapêuticas que ensinam as pessoas a autorregularem os seus pensamentos e emoções, com benefícios cientificamente comprovados.

Ana Telma Pereira é psicóloga e investigadora do Instituto de Psicologia Médica da FMUC.

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Crónica

Na segunda fase do projeto, vai ser realizado um estudo experimental para testar a eficácia desta intervenção, tendo como objetivo final a disponibilização de um programa de intervenção totalmente manualizado e com boas evidências de impacto positivo na redução do burnout e perturbação psicológica em estudantes de Medicina e Medicina Dentária.

O programa “Academias do Conhecimento” da Fundação Calouste Gulbenkian, criado em 2018, destina-se a apoiar projetos que apostem na promoção de competências para que as crianças e jovens de hoje sejam capazes de enfrentar um futuro em rápida mudança.

Foto de Marina Cruz

“Estamos confiantes, porque já comprovámos, com estudos recentes, que se fomentarmos a autocompaixão podemos atenuar o stress e o sofrimento psicológico potenciados pelo perfecionismo. A autocompaixão pode ser um antídoto para este veneno”, afirma a coordenadora do “Comburnout”, referindo ainda que a equipa do projeto é constituída essencialmente por “psicólogas com formação e experiência em intervenções deste tipo, e por jovens médicos, que são internos de psiquiatria no Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra e assistentes na Faculdade de Medicina da mesma instituição de ensino superior; eles próprios passaram há não muito tempo por este tipo de pressões”.

A maioria dos estudantes não procura ajuda e o problema tende a piorar ao longo da formação e carreira médica.


Crónica

Federação Europeia de Periodontologia distingue médico dentista português O médico dentista e Professor Catedrático Gil Alcoforado recebeu, no passado dia 3 de outubro, o galardão Distinguished Service Award 2019-20 da Federação Europeia de Periodontologia (EFP). O renomado profissional português, que exerce atualmente o cargo de reitor do Instituto Superior Egas Moniz, com sede no Monte da Caparica (Lisboa), destaca a especial importância que assume este prémio, tendo em consideração que participou desde a primeira reunião da EFP e acompanhou a federação uma série de anos (1989-2013). O prémio atribuído a Gil Alcoforado, que integra a Comissão Científica desta revista, foi anunciado na recente Assembleia-Geral online da EFP. Este galardão é concedido anualmente e reconhece o trabalho prestado por um periodo mínimo de 15 anos, em várias áreas, pelos membros das sociedades nacionais de periodontologia que integram a referida federação.

O médico dentista sente-se honrado por ser a figura nomeada para esta edição do prémio e por ter participado neste projeto, já que acompanhou o crescimento da federação, da qual foi presidente em 2003, lembrando que viu o EuroPerio “tornar-se num congresso periodontal mundial”. Gil Alcoforado fundou e presidiu a Sociedade Portuguesa de Periodontologia. Por isso, observa, em declarações divulgadas no site da Ordem dos Médicos Dentistas, “fiz o que esteve ao meu alcance”, mostrando-se realizado por “ver os jovens com um maior interesse pela periodontologia”. Licenciado em Medicina Dentária pela Universidade de Lisboa, em 1980, Gil Alcoforado concluiu a especialização em Periodontologia pela Universidade de Bergen na Noruega, em 1983 e terminou o doutoramento em Periodontologia, na Universidade de Lisboa, em 1995.

O prémio atribuído a Gil Alcoforado foi anunciado na recente Assembleia-Geral online da EFP.

Cheques-dentista para crianças com validade até final do ano A Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiu prorrogar a validade de todos os cheques-dentista relativos ao ano letivo 2019/20, ao abrigo do Programa de Saúde Oral nas Crianças e Jovens de 7, 10 e 13 anos. Assim, todos os cheques que se encontravam no estado emitido ou em curso passam a ser aceites até dia 31 de dezembro próximo, ao invés de 31 de outubro passado. A medida surge na sequência das dificuldades reportadas relativamente ao agendamento e realização de consultas para utilização desta valência do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO), em virtude dos constrangimentos causados pela pandemia. Recorde-se que a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) alertou recentemente para o impacto da COVID-19 no cheque-dentista, lembrando que a utilização deste módulo terminava no final de outubro e eram necessárias medidas e “modelos diferentes” para que o programa chegasse de forma efetiva aos grupos vulneráveis da população.

A medida surge na sequência das dificuldades reportadas relativamente ao agendamento e realização de consultas.

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Crónica

Médicos dentistas unem-se à linha SNS 24 A Ordem dos Médicos Dentistas e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) estabeleceram uma parceria para integrar médicos dentistas no atendimento aos utentes na linha SNS 24, o ponto de contacto não presencial por excelência dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Gerido pela Altice, a linha SNS 24, dos SPMS, será responsável por contratar médicos dentistas para o contacto de doentes assintomáticos da COVID-19. Atendendo ao combate atual, nomeadamente nesta fase do periodo Outono-Inverno, à pandemia da COVID-19, para a qual, em Portugal, o SNS 24 é uma peça estratégica e fundamental, “a OMD desenvolveu uma parceria como contributo de recurso útil e especializado de médicos dentistas, devidamente habilitados e autorizados para o exercício de atividades que reforcem o SNS 24”, esclarece o bastonário, Miguel Pavão. Miguel Pavão explica que “há vários médicos dentistas que nos últimos meses e na fase mais crítica desta pandemia fizeram saber à Ordem que estão disponíveis para colaborar na linha SNS 24”. Os médicos dentistas têm há muito tempo grande experiência no controlo nas boas práticas de controlo de infecção, bem como, na informação aos doentes. Uma das terapêuticas eficaz para o combate à COVID-19, passa por uma comunicação clara e rigorosa. “A nossa experiência pode contribuir, e muito, para limitar a propagação do novo coronavírus. O número de casos de COVID-19 em médicos dentistas é muitíssimo reduzido, quer

Médicos dentistas serão contratados pela linha SNS 24 para o contacto de doentes assintomáticos.

em Portugal quer nos restantes países da Europa ou nos EUA”, constata o bastonário, para quem este facto “comprova a preparação adequada da classe profissional, apesar da Medicina Dentária ter sido considerada uma das profissões de maior risco”. Os profissionais selecionados vão receber formação e o atendimento aos doentes será feito remotamente através de um computador ou telemóvel e em horário de turnos a acordar com a gestora da linha.

OMD debate com ADSE revisão da tabela de referência do subsistema de saúde O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, e o representante da Região Sul no Conselho Diretivo, Nuno Ventura, reuniram-se recentemente com a presidente do Instituto de Proteção e Assistência na Doença (ADSE), Maria Manuela Faria, e membros do Conselho Geral deste organismo. Na agenda esteve a revisão da tabela de referência do

subsistema de saúde dos trabalhadores da Administração Pública. A OMD deu conta da sua preocupação em relação à proposta apresentada pela ADSE, uma vez que os pressupostos que servem de base aos valores absolutos e relativos dos vários atos médicos não se coadunam com a boa prá-

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tica da Medicina Dentária. Os responsáveis mostraram-se insatisfeitos com a tabela provisória por considerarem que será prejudicial tanto para os prestadores, como para os utentes beneficiários. A comitiva da OMD apresentou também um documento com algumas considerações sobre a proposta de revisão em curso, que têm sido transmitidas pelos médicos dentistas. Os representantes da ADSE comprometeram-se a prestar maior atenção às sugestões recebidas pelos profissionais e a considerar os contributos enviados por todas as partes envolvidas neste periodo de audição.


Crónica

Congresso virtual e imersivo da OMD celebra-se nos dias 27 e 28 deste mês O 29°Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai realizar-se, pela primeira vez, em formato online, nos dias 27 e 28 deste mês. Após o adiamento do evento, inicialmente previsto para a Exponor, em Matosinhos, e face às condições associadas à pandemia de COVID-19, o Conselho Diretivo da OMD decidiu apostar num evento virtual e imersivo. A médica dentista Célia Coutinho Alves, que revela os pormenores deste inovador formato em entrevista que publicamos (mais adiante) nesta edição, preside à comissão organizadora do evento alternativo ao congresso presencial, que possibilita a participação de todos a partir de qualquer local e em segurança, e de forma a continuar a mostrar, debater e valorizar a Medicina Dentária em Portugal. Um dos maiores eventos do setor da saúde na Península Ibérica, que reúne habitualmente todos os anos cerca de 6.000 participantes, o congresso da OMD irá viver esta edição centralizado numa plataforma online desenvolvida de raíz para o efeito e acessível por desktop e mobile, disponibilizando conteúdos genéricos, bem como conteúdos exclusivos para os participantes inscritos. Na home page surgirá um hall de entrada virtual do congresso, numa visão 180º. Depois de uma mensagem em vídeo de boas-vindas do bastonário, Miguel Pavão, e da presidente da comissão organizadora, Célia Coutinho Alves, os participantes terão à sua escolha um conjunto de secções dedicadas. Destaca-se uma área dedicada a sessões científicas em direto com a participação de 35 oradores nacionais e quatro estrangeiros de língua

portuguesa, para uma área de vídeos on demand – para ver ou rever sessões que já aconteceram, com vídeos que ficam gravados e disponíveis até ao final do ano – ou ainda para uma área vocacionada para apresentações científicas, que oferece a possibilidade de fazer a descarga dos pósteres. Stands ganham vida num showroom virtual A habitual Expodentária, que irá decorrer em simultâneo com o congresso virtual, foi também ela reinventada. Os stands ganham vida num showroom virtual que proporcionará aos visitantes uma experiência imersiva e aos expositores a possibilidade de idealizar um espaço de contacto com os médicos dentistas e de apresentação das suas novidades, numa secção dedicada que estará acessível para visita até ao final de janeiro do próximo ano, isto é, pela primeira vez durante mais dois meses após a realização do congresso. Para Miguel Pavão, que também concede nesta edição a sua primeira entrevista à MAXILLARIS na qualidade de bastonário da OMD, este congresso virtual e imersivo é um claro sinal de positividade e adaptação a uma crise pandémica que está a pôr à prova a Humanidade: ”A COVID-19 obrigou-nos a uma reformulação profunda das nossas rotinas. A vida não pode ficar em suspenso. Por isso, após uma reflexão interna, e de escutarmos patrocinadores, oradores e médicos dentistas, entendemos reinventar este encontro anual, com um congresso virtual, num formato que queremos que seja diferenciador, capaz de proporcionar uma experiência verdadeiramente imersiva e a todos os participantes”.

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Miguel Pavão

Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas

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Este é um tempo em que se começa a mudar o rumo da profissão” Quatro meses depois de ter assumido as “rédeas” da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Miguel Pavão constata que uma estrutura que manteve os mesmos ciclos de governação e liderança durante 20 anos “demora bastante tempo” a gerar uma nova agenda e modo de atuar. O novo bastonário considera, porém, que a OMD já começou a mostrar sinais da prometida mudança, e aproveita o embalo para lançar um apelo a toda a classe profissional no sentido de “ser parte ativa” do processo (de viragem) em curso. Na primeira entrevista que concede à MAXILLARIS desde que iniciou o seu mandato, o versátil médico dentista - que no passado recente fundou e presidiu a organização de voluntariado Mundo A Sorrir - faz o ponto da situação das grandes questões que marcam a atualidade da profissão: dos danos da pandemia ao deficiente panorama da saúde oral em Portugal, passando pelo desfazamento do número de licenciados ou a complexa reconversão do congresso deste ano num evento virtual e imersivo, entre outros temas.

Comecemos pela pandemia: que medidas e/ou apoios fundamentais considera que ainda estão por tomar (pelas entidades competentes) para mitigar os danos provocados pela atual crise de saúde pública na classe dos médicos dentistas? Desde logo, mostrar que os médicos dentistas sempre se manifestaram, que deviam ter sido priorizados pelas vacinas da gripe sazonal. Tal foi pedido atempadamente em agosto e inicialmente foi-nos indicado que seria possível, mas tal não se veio a confirmar. Apenas os médicos dentistas que estão inseridos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão contem-

plados. Para nós, esta é uma das medidas que deveriam ter contemplado obrigatoriamente os médicos dentistas e soubemos à posteriori que os lotes de vacinas disponíveis e adquiridas no mercado internacional são negociadas com um ano de antecedência. Já assumimos o nosso compromisso de não deixar de lutar por este direito no próximo ano. Por outro lado, era importante também que os médicos dentistas fossem sempre integrados naquilo que são as campanhas dos profissionais de saúde porque o nosso contributo tem sido sempre solidário e de colaboração, de tentar ajudar no combate à pandemia.

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O nosso contributo tem sido sempre solidário e de colaboração, de tentar ajudar no combate à pandemia A proteção individual dos profissionais de saúde oral face ao novo coronavírus é uma questão que já está devidamente assegurada ou ainda suscita alguma preocupação no seio da OMD? A questão dos EPI mostra como os médicos dentistas se sabem proteger e se sabem defender daquilo que era um vírus com um potencial de exposição e de risco considerado muito elevado para a nossa classe profissional, pela proximidade com os pacientes e por trabalharmos também nas vias respiratórias, e neste caso mais concretamente na via bucal. Passados sete meses do início da pandemia, sabemos que a nossa confiança e a taxa de infeção nos médicos dentistas tem sido realmente muito baixa (menos de 0,5%). No entanto, pela especificidade e o caráter completamente novo deste vírus há ainda muito para se descobrir, quanto à sua propagação, permanência e latência. Neste sentido, há que ir acompanhando permanentemente a investigação científica para que os médicos dentistas possam estar devidamente informados e adaptar sempre a melhor das suas eficácias. Ao fim de sete meses, a nossa proteção individual está muito mais robusta, com muito mais certezas, com uma confiança muito maior do que foi obviamente no início. Por outro lado, estamos preocupados relativamente à garantia das reservas logísticas dos EPI e por isso fazemos um apelo à classe para que se prepare para períodos que possam eventualmente ser mais difíceis em termos de acesso aos equipamentos de proteção individual, com reservas logísticas e de stock. E também à preocupação de continuar a haver muita especulação para os preços que são pedidos por estes materiais.

saúde. Acima de tudo, não podemos também subvalorizar o fator das carreiras e da progressão dos profissionais de saúde e dos médicos dentistas. Os profissionais de saúde têm de estar alicerçados naquilo que são carreiras e progressões na sua atividade profissional. Neste sentido, aquilo que tem sido o nosso apelo é que se aproveite o momento crítico e agudo que vivemos durante a pandemia para uma aprendizagem que permita definir uma nova estratégia. Tem sido este o nosso grande apelo. Quatro meses depois de ter assumido o cargo de bastonário, presumo que já teve tempo de “arrumar a casa”. Considera que a “engrenagem” da OMD já se adaptou à sua forma de trabalhar? O tempo de “arrumar a casa” é contínuo e faz-se em todo o mandato. São quatro anos em que se define e consolida uma estratégia e um programa de ação para o quadriénio. Obviamente que numa estrutura como a OMD, que não muO novo bastonário da OMD tomou posse no passado mês de julho, em Braga, numa cerimónia marcada por restrições impostas pela pandemia.

Ainda no contexto pós-Covid-19, tem defendido novas soluções e mudanças nos programas de saúde oral que estão sob a alçada da Direção-Geral da Saúde. Quais são os fundamentos desta sua tomada de posição? A Covid-19 e a pandemia vão-nos obrigar a mudanças, desde logo a obrigatoriedade de gerirmos melhor os recursos que temos e, nesse sentido, é fundamental que se reavaliem e redesenhem as políticas de saúde oral. O cheque-dentista é exatamente uma dessas medidas. É preciso garantir uma eficiência maior, que não tem sido conseguida até à data. A saúde, e neste caso a saúde oral, tem enorme importância nesta pandemia. É essencial priorizar as políticas e o investimento em saúde. É uma lição que a Covid-19 nos trouxe e que será certamente uma aprendizagem. Não podemos descurar a saúde nem podemos descurar os profissionais de

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dou os seus ciclos de governação nem as suas lideranças durante 20 anos, demora bastante tempo para criar uma nova agenda e uma nova forma de atuar. No entanto, diria que a OMD já começou a mostrar sinais desta prometida mudança e diria, também, que na forma de trabalhar todos os dias há um crescendo. Não há uma situação já definida, mas há uma situação de evolução permanente e não há um limite com o qual nos devamos satisfazer. Queremos manter uma situação de evolução permanente ao longo deste mandato e não nos satisfazemos apenas por já termos mudado algumas coisas. À margem da atual conjuntura de pandemia, que tarefas prioritárias traçou para esta fase inicial do seu mandato? É impossível fugir ao impacto da pandemia até porque nos obriga a estar focados em muitos aspetos que outrora não estaríamos. Nomeadamente questões novas como a integração de médicos dentistas na Linha SNS 24, como um contributo numa postura sempre permanente daquilo que é o reforço para a pandemia. Mas à margem da pandemia, não podemos esquecer que há situações que seriam de normalidade, como é o caso do congresso que, este ano, trouxe um esforço adicional a toda a Ordem dos Médicos Dentistas, desde a Comissão Organizadora ao Conselho Diretivo e à Comissão Científica, para que nos adaptássemos a uma nova realidade. Contudo, sublinho que todas as prioridades são dadas para a reflexão de temas que outrora não eram tão discutidos, nem eram tão prioritários. Desde logo, a qualidade do ensino na profissão, nomeadamente com entidades como a A3ES (Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior), temos uma postura mais próxima com a Direção-Geral do Ensino Superior, onde a OMD está preocupada relativamente ao futuro da profissão. A área da fiscalização e inspeção em saúde, nomeadamente com o IGAS e ERS, que são fundamentais a estreita relação com a OMD. Depois, há áreas como a sustentabilidade ambiental, que outrora não eram trabalhadas, nem faladas e com as quais queremos também já priorizar. E também naquilo que são outras áreas de intervenção, nomeadamente, com aquilo que é a reflexão sobre os seguros, a gratuitidade, a subvalorização do ato médico. Criámos grupos de trabalho que estão já definidos e em campo, a produzir documentos para priorizar áreas que são pontos fortes do nosso mandato. Definiu como objetivo global do seu programa “mudar o rumo da profissão”. Em que medida este desígnio já está a ser (ou vai ser) levado à prática? Está a ser levado à prática desde o primeiro momento. Não se muda o rumo da profissão apenas carregando numa tecla ou num botão mágico, como se fosse um ato simples. Faz-se por pequenas medidas, pequenas posições, pequenas inter-

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Para Miguel Pavão, os profissionais de saúde têm de estar alicerçados naquilo que são carreiras e progressões na sua atividade profissional.

venções, que no seu todo resultam numa mudança global de paradigma. Precisamos que cada colega, médico dentista, o faça também, seja parte ativa desta mudança. Desde a nossa tomada de posse isto ficou bem vincado: aquilo que são a fundamentação de alguns regulamentos, a introdução de novas propostas, nomeadamente de criarmos intervenções de competência linguística, de criarmos novas áreas de intervenção, de termos uma postura mais próxima da classe, com a integração da Via Verde Bastonário, com a possibilidade de termos uma proximidade e disponibilidade constante à classe, de respostas com entidades parceiras e a nível da administração governativa. Este é um tempo em que se começa a mudar o rumo da profissão, mas que não se muda em apenas dois ou três meses, há um mandato para cumprir, há uma nova tónica para o exercer. Este desígnio está a ser levado à prática desde o primeiro dia, mas que é naturalmente um processo contínuo.


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É preciso mostrar que este excessivo número de licenciados não serve nem Portugal, nem os portugueses Quais são as suas expectativas relativamente à edição 2020 do congresso da OMD, tendo em consideração o inédito formato virtual que foi adotado? Num ano de pandemia em que houve periodos únicos, excecionais e de grande dificuldade para toda a classe, em que os médicos dentistas sofreram consequências muito diretas, este congresso é um ato de esperança e de otimismo para contrariar as consequências negativas deste ano. É uma atitude de quem não desiste e de quem não baixa os braços. As expectativas são positivas, até à data (mês prévio ao congresso), já temos cerca de 2.500 médicos dentistas inscritos e 300 assistentes dentários, há quase 20 empresas a colaborarem na Expodentária, um congresso em língua portuguesa, a valorizar os laços culturais e as relações entre a comunidade da CPLP e a valorizar a saúde oral em Portugal, num periodo que é difícil. Demonstra uma atitude de não ser um ano perdido. É um ano em que nos devemos readaptar, tornar mais flexíveis e aceitar algumas mudanças. Como se costuma dizer, em periodos em que os ventos são contrários há quem desista e luta contra o vento e há outros que ajustam as velas para o vento a favor. Foi isso que a OMD fez, adaptar as velas para novos ventos, novas tendências e não esmorecer. Teremos um congresso presente de novembro até fim de janeiro de 2021, uma vez que os conteúdos estarão disponíveis para todos os inscritos até essa data.

Os anos passam sem que haja uma solução para um velho (e persistente) problema: o excessivo número de licenciados em Medicina Dentária. Qual é a sua proposta para contornar esta questão? A primeira abordagem é perceber e identificar se este é ou não um problema. Até ter chegado à OMD este não era um problema assumido. Para a atual OMD, o excessivo número de licenciados, mais do que um problema, não é só identificá-lo como um problema, é dizer que ele não está a trazer soluções à população portuguesa. Não é por aumentarmos o número de médicos dentistas que estamos a melhorar o acesso e as condições de saúde oral em Portugal. Bem pelo contrário. Começamos a ter situações de concorrência que põem em causa a saúde pública. A proposta aqui é se este é ou não um assunto sobre o qual a OMD se deve responsabilizar também. Esta OMD assume que este é certamente um assunto em que ela tem uma palavra a dizer e que não pode deixar as decisões à tutela, nomeadamente ao Governo, ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. É preciso mostrar que este excessivo número de licenciados não serve

A equipa liderada por Miguel Pavão pretende manter uma situação de evolução permanente ao longo deste mandato.

Qual é o ponto da situação relativamente à criação da carreira de médico dentista na Administração Pública? Este é um ponto muito importante para nós. Neste momento e até à data do congresso não nos vamos pronunciar porque temos estado em conversações com a tutela e vamos deixar para o pós-congresso aquilo que será a posição da OMD e ainda a minha enquanto bastonário. Não me quero precipitar, mas jamais deixarei de falar aquilo que será a verdade e as expectativas criadas por uma carreira que há muito tempo é ambicionada, que foi prometida em capas de jornais e que até à data não há sinais dela. Deixaremos para uma próxima oportunidade esta resposta.

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Infelizmente, a situação da saúde oral em Portugal continua na cauda da Europa e não está a ser feito o devido investimento para a mudar nem Portugal, nem os portugueses. Está desfasado de outros países europeus, países europeus bem mais evoluídos, com uma riqueza muito maior, com índices de desenvolvimento societal mais privilegiados e desenvolvidos que Portugal. Países que não têm este rácio tão desigual relativamente à Medicina Dentária e a bastantes profissionais de saúde. É preciso uma reflexão profunda e começar a criar uma agenda com uma visão prospetiva relativamente ao futuro da profissão e àquilo que é uma mudança também dos cuidados de saúde, em que os profissionais de saúde que se formam hoje têm que estar preparados para o futuro e não com uma visão do passado e com uma estratégia que já não corresponde nem ao presente atual e muito menos ao futuro. Que respostas preconiza para resolver os problemas de precaridade (p.e. em situação de subemprego, formação desvirtuada) e as práticas abusivas de publicidade, que também afetam os profissionais do setor? Vamos separar estes dois assuntos porque são questões diferentes. Começando pelas práticas abusivas de publicidade, estamos a falar de práticas que devem estar reguladas, nomeadamente por aquilo que é a Lei da Publicidade em Saúde e em que os Conselhos Deontológico e de Disciplina das ordens profissionais, nomeadamente da OMD, têm que começar a atuar em duas vertentes, numa ação preventiva, numa ação de sensibilização aos médicos dentistas para que eles próprios percebam os limites e o fundamento para estas práticas abusivas de publicidade. E, por outro lado, numa ação disciplinar de forma concreta sobre quem incorre nestas práticas abusivas de publicidade. Outro assunto tem a ver com os problemas da precariedade e aqui, o tema não pode ser dissociado da má formação, da perda de qualidade do ensino, do excessivo número de médicos dentistas. Esta situação de subemprego também surge por uma situação de pouca sustentabilidade profissional e de pouco apoio ao nível da inserção no mercado de trabalho. É fundamental pensar-se também nas condições laborais às quais os médicos dentistas estão sujeitos. É preciso também que a OMD não se misture com instituições que têm essa competência, que a OMD não tem, nomeadamente, sindicatos, associações de caráter laboral, e que a OMD poderá fomentar, estimular para que essas associações apareçam,

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se tornem mais vigorosas e façam também elas a defesa da profissão das ameaças e problemas que enfrentamos na Medicina Dentária. Acha que a solução de todos ou de alguns destes problemas passa pela revisão/introdução de legislação específica, no plano nacional e eventualmente à escala europeia? A solução destes problemas passa por colocar em ação muitas das legislações que já existem à escala europeia. É fundamental que a OMD mantenha contacto com as suas congéneres europeias, nomeadamente com outras organizações europeias que defendem e têm uma ação lobista e uma ação de defesa da profissão, nomeadamente o Council of European Dentists, que têm uma intervenção importante e a FEDCAR que regula toda a legislação e vai mostrando também a questão da regulação do mercado na profissão. Que leitura global faz das mais recentes estatísticas que constam do Barómetro de Saúde Oral? A evolução é positiva ou há indicadores preocupantes? Apesar de haver alguns ganhos em termos de saúde oral, um dos fatores mais importantes é que os médicos dentistas continuam a ser um vínculo à população em termos de confiança. As pessoas acreditam e confiam nos seus médicos dentistas e esse é talvez um aspeto a destacar. Depois, obviamente que há dados que nos preocupam e que há muito para ser valorizado. Infelizmente, a situação da saúde oral em Portugal continua na cauda da Europa e não está a ser feito o devido investimento para a mudar. Nomeadamente num aspeto que é fundamental que são as questões de literacia e de valorizar mais a prevenção da população aos cuidados de saúde oral. Mais do que curativa é a vertente da prevenção que tem de ser valorizada. Convém referir que nesta falta de literacia, 35,7% da população não visita um médico dentista há um ano. Outro dado preocupante é que apenas 31% dos portugueses têm a dentição completa, ou seja, 69% dos portugueses não têm todos os dentes, ou lhes falta um dente ou mais do que um dente. E dentro destes que não têm dentes, 50% não tem substituição para os dentes que lhes faltam. Há muito trabalho a ser feito. Trabalho que tem duas vertentes; uma vertente de prevenção de literacia e uma vertente de reabilitação.


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CĂŠlia Coutinho Alves

presidente da comissĂŁo organizadora do Congresso Virtual Imersivo da OMD

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Esta edição proporcionará uma experiência totalmente nova” O conceito do 29º congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), agendado para os dias 27 e 28 deste mês, “será completamente disruptivo” com o modelo presencial a que nos habituamos. Quem o afirma é Célia Coutinho Alves, presidente da comissão organizadora do agora denominado Congresso Virtual Imersivo, cujo programa científico juntará cerca de 35 conferencistas nacionais e quatro estrangeiros de língua oficial portuguesa. Para a médica dentista que encabeça o complexo (e inédito) desafio virtual da OMD, o facto de estar à distância de um clique, poderá ser uma oportunidade para fazer chegar o evento a mais público nacional e além-fronteiras. Por outro lado, os conteúdos de cada expositor estarão disponíveis para visualização até ao final de janeiro próximo, o que dá aos médicos dentistas a oportunidade de visitar a Expodentária durante dois meses após a celebração do congresso.

A OMD realiza em novembro um congresso em moldes muito distintos às edições anteriores. Como encara o desafio de organizar a primeira edição virtual do maior encontro da classe dos médicos dentistas? O conceito do 29º congresso da OMD será completamente disruptivo com o modelo a que já nos habituamos, o presencial. Não porque houvesse algo de errado com este modelo tradicional, bem pelo contrário, mas porque a pandemia e as regras sanitárias impostas não nos permitem assegurar um evento presencial com todas as garantias de segurança. Assim, vamos apostar num formato totalmente online, numa plataforma virtual onde o participante pode assistir a conferências em direto ou gravadas, explorar a Expodentária e os vários stands comerciais, bem como relaxar num meeting room onde estarão disponíveis várias experiências, como o concurso de fotografia ou a possibilidade de partilhas em formato vídeo. Esta edição será concentrada em dois

dias (27 e 28 deste mês) e proporcionará uma experiência totalmente nova e imersiva. É um desafio para erguer em tempo recorde! Quais são os principais desafios que o formato digital tem vindo a impor à organização do congresso? Não sei se consigo destacar os principais desafios. O formato digital é totalmente novo para todos e, por isso, estamos a descobrir como organizar e pensar esta nova forma de aprender e mostrar a medicina dentária. Adaptar um programa de três dias para dois, mantendo conferências em direto, tornar interativa uma Expodentária, que sempre foi um ponto de encontro e de negócios entre a indústria e os médicos dentistas, e fazê-lo num contrarrelógio são desafios gigantes. Mas, sobretudo, o maior desafio é o de acreditar e fazer acreditar que tudo isto é possível de ser concretizado em benefício da classe.

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Considera que a OMD dispõe das (novas) tecnologias e ferramentas online suficientes para assegurar o sucesso desta inédita versão do encontro? A versão online do 29º congresso da OMD decorrerá numa plataforma virtual e imersiva, totalmente criada de raíz para disponibilizar este projeto aos congressistas, patrocinadores e expositores. Uma empresa externa, nesta área, foi contratada para criar, albergar e disponibilizar o produto final. A OMD será responsável pela gestão de inscrições e dos conteúdos e funcionará em sincronia para que esta versão inovadora do congresso da OMD possa ser um sucesso. Que alterações ou ajustamentos estão a ser aplicados ao programa científico? Grosso modo, mantém-se o “cartaz” que estava previsto para a edição convencional de 2020? Para que todo o trabalho previamente feito até março deste ano, aquando do cancelamento do congresso no molde presencial, não fosse perdido, optou-se por manter a maioria dos palestrantes já alinhados, sendo que a Comissão Científica selecionou apenas palestrantes internacionais de língua

Estamos a descobrir como organizar e pensar esta nova forma de aprender e mostrar a Medicina Dentária

portuguesa, para além dos nacionais. Como tivemos que condensar os três dias de congresso em apenas dois, alguns temas não puderam ser mantidos no alinhamento. Quais são os principais contornos das sessões científicas, nomeadamente as temáticas mais relevantes e o número de (vídeo) oradores? Teremos três salas a funcionar em simultâneo. Duas salas em direto com o programa científico, onde teremos a decorrer conferências sobre temas como reabilitação e estética, implantologia, ortodontia, laser e periodontologia, entre outros. Teremos outra sala com temas e conferências gravadas, nomeadamente com os temas socioprofissionais, na sexta-feira, dia 27, e com o curso para assistente dentário, no sábado, dia 28. Contamos com cerca de 35 conferencistas nacionais e quatro estrangeiros de língua oficial portuguesa. Que cursos merecem particular destaque ao abrigo da vertente formativa do congresso? Com tanta informação nova e formatos a adaptar, a vertente hands-on não terá lugar neste formato virtual do 29º congresso. Deixaremos estes cursos para a programação da Formação Contínua da OMD, que terá lugar durante 2021 e que está a ser planeada para poder ser apresentada durante os dois dias de congresso. Manteremos o curso para assistentes dentários, porque no contexto da COVID-19 há muita informação importante para ser atualizada junto deste grupo profissional essencial para a boa prática clínica. Quais são as suas expectativas quanto ao número de inscrições? Cerca de três semanas após a abertura das inscrições, já atingimos o número emblemático de mais de 1.000 inscritos, pelo que posso dizer que estão a decorrer a um ritmo muito

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O feedback que temos tido e a adesão registada têm sido uma boa surpresa, um verdadeiro voto de confiança nesta organização positivo. Se é verdade que, entretanto, alguma formação online tem sido disponibilizada na área da Medicina Dentária, nomeadamente internacional, a nível nacional este congresso continuará a marcar uma oferta generalista e inclusiva para os médicos dentistas. A possibilidade de aproximar médicos dentistas que, pela distância física, participam menos vezes no formato presencial dos congressos anteriores, inclusive aqueles que trabalham e vivem nas ilhas, ou que estão mais distantes de Lisboa ou do Porto, dá-nos uma enorme esperança de que o número de inscritos possa ser

histórico. Também a divulgação em países de língua oficial portuguesa, e estando o congresso à distância de um clique poderá ser uma oportunidade para fazer chegar este evento nacional a fronteiras internacionais, de uma forma nunca antes possível. No que respeita à Expodentária, também se anuncia um formato totalmente novo, em que os stands ganham vida num showroom virtual. Que pormenores pode adiantar sobre os moldes desta (reinventada) vertente comercial? Teremos uma oportunidade verdadeiramente interativa de visitar stands virtuais que, dependendo do seu “tamanho”, oferecerão ao visitante a descoberta dos seus produtos/ofertas e têm a possibilidade de disponibilizar sessões de vídeo formativas, como já faziam anteriormente nos seus stands presenciais. Também podem incluir chats em direto com atendimento e perguntas/respostas ao cliente em tempo real, proporcionando uma interação one-to-one verdadeiramente imersiva. Os conteúdos, informação e promoções de cada expositor estarão disponíveis para visualização na plataforma até 31 de janeiro próximo, o que é uma mais-valia para o médico dentista, que tem a oportunidade de visitar a Expodentária durante mais dois meses após o congresso. Consideramos ser, igualmente, uma vantagem para a indústria que vê, assim, a possibilidade de apresentar essa informação de uma forma muito estruturada e apelativa, podendo inclusive atualizar os seus conteúdos nesse período de dois meses. Qual o nível de adesão que esta inusitada Expodentária está a ter por parte dos representantes da indústria? A adesão da indústria tem sido muito positiva. A notícia de que o congresso está de volta apanhou todos de surpresa e a verdade é que, com o anterior cancelamento, muitas das empresas já teriam alocado a verba normalmente destinada a este evento para outros fins. Portanto, o feedback que temos tido e a adesão registada têm sido uma boa surpresa, um verdadeiro voto de confiança nesta organização, que nos responsabiliza, mas também que muito nos orgulha.

Célia Coutinho Alves esclarece que a versão online do 29º congresso da OMD decorrerá numa plataforma virtual e imersiva, totalmente criada de raíz.

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Nuno Menezes Gonçalves

presidente da Associação Independente de Médicos Dentistas (AIMD)

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Os médicos dentistas não são médicos de segunda categoria” A Associação Independente de Médicos Dentistas (AIMD) teve a sua origem há precisamente um ano, fruto da vontade de um grupo de profissionais motivados, enérgicos e empenhados em instaurar um novo paradigma da saúde oral e da profissão na sociedade. O médico dentista Nuno Menezes Gonçalves, mentor e presidente deste ambicioso projeto, adianta as motivações e os objetivos traçados pela AIMD, entre os quais assume particular destaque o combate contra a interferência de interesses económicos e políticos na área da saúde.

Que motivações estiveram na origem da Associação Independente de Médicos Dentistas (AIMD)? Num período em que a classe profissional sentia um absentismo ensurdecedor por parte da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) em lutar pelos desafios prementes da profissão e, por outro lado, havia receio das pessoas se insurgirem numa navegação à deriva, procurei reunir uma equipa de colegas dispostos a sair da sua zona de conforto, a colocarem-se na linha da frente para mobilizar os médicos dentistas. Não em jeito de guerrilha ou oposição, mas uma voz dissonante. Todos sabíamos o que estava mal na profissão, faltava arriscar e propor fazer: agitar as águas, despertar os colegas. Não havia nada a perder, muito pelo contrário: o buraco que se cavava parecia não ter fundo. Em novembro de 2019, decidimos reunir as espingardas e encontrámo-nos no congresso da OMD. Posteriormente, criámos um grupo privado no Facebook, onde as pessoas se pudessem manifestar sem medo, e preparámos as bases para o movimento que acabou por se tornar a Associação Independente de Médicos Dentistas. A audácia e a determinação que fomos demonstrando foi o primeiro passo para ganhar a

credibilidade dos nossos colegas. A mensagem principal era: se os outros não fazem, porque não querem, não podem ou não lhes apetece, contem connosco para fazer e deixem-nos fazer; até alguém mostrar por A + B que determinado objetivo não é exequível, nós não baixamos os braços. E assim tem sido, desde novembro do ano passado, passando pela nossa constituição legal em maio deste ano, até hoje. Estamos motivados, enérgicos e empenhados em instaurar um novo paradigma da saúde oral e da profissão na sociedade. Em que medida considera que a AIMD poderá fazer a diferença relativamente a outras entidades representativas da Medicina Dentária nacional? Infelizmente, o atual governo parece determinado em diminuir a preponderância das ordens profissionais na regulação do exercício das profissões e enquanto instituições credíveis para aconselhamento socio-político. O associativismo nunca foi tão importante como hoje. Uma associação com representatividade do público-alvo que pretende defender tem um estatuto social que não pode ser menosprezado. Se há determinados assuntos em que a OMD não se pode envolver, a

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Os alunos estão a pagar uma formação pré-graduada que não os prepara para as exigências da profissão, estão a ser defraudados AIMD não tem barreiras legais nem constrições políticas que a impeçam de se pronunciar ativamente sobre as temáticas que entender, interpelar as instituições reguladoras sobre as mesmas e apresentar propostas que defendam os interesses dos doentes e dos médicos dentistas. Exemplos disso têm sido as nossas intervenções nos meios de comunicação social e nas revistas da profissão, nomeadamente em março passado, quando foi decretado o Estado de Emergência: a AIMD foi a primeira instituição a ter voz, em horário nobre, para expor ao país as dificuldades que os médicos dentistas se preparavam para atravessar, e foi com um enorme sentido de dever que o aceitámos fazer. Ainda nesse tema, estabelecemos contactos com praticamente todos os partidos políticos com assento parlamentar que pudessem acolher e refletir as nossas propostas. Qual tem sido a adesão da classe a este recente projeto associativo? Na génese da associação, estiveram seis pessoas, sendo que a Rute Miranda foi a primeira a abraçar o desafio. De um núcleo de seis colegas, passámos a 13, que atualmente incorporam os órgãos sociais; com a abertura a inscrições, rapidamente ultrapassámos os cem associados; esperançosamente, desejamos chegar ao milhar de associados no final do primeiro mandato. Para tal, é necessário ter provas dadas e apresentar resultados. Porque uma associação com este potencial não se pode ficar por um grupo de debate e reflexão, é nisso que estamos empenhados, e é isso que temos vindo a efetivar: abraçar lutas que muitos julgam impossíveis, aquelas que estão no cerne dos verdadeiros negrumes da profissão. Uma medida importante que estamos a desenvolver é a criação de representantes regionais por todo o território nacional, que possam fazer a ponte do núcleo dirigente da AIMD

para as várias zonas do país e que facilitem a mobilização dos colegas. Com uma rede de comunicação bem estruturada, conseguiremos certamente chegar a muitos mais médicos dentistas. Quais são as principais causas da profissão assumidas pela atual direção? Seguros/planos de saúde e numerus clausus são, sem sombra de dúvida, os grandes males da nossa profissão, dos quais derivam muitos outros problemas, e são também os piores desafios para nos propormos a atingir resultados. O excesso de alunos nas instituições de ensino superior não só prejudica a qualidade da sua formação como também agrava o excedente de profissionais no mercado de trabalho. Note bem: os alunos estão a pagar uma formação pré-graduada que não os prepara para as exigências da profissão, estão a ser defraudados. Perante isto, existem empresas, conglomerados e grandes grupos económicos que se sentem no direito de propor condições contratuais e de trabalho desumanas aos médicos dentistas. Numa sociedade individualista e num mundo mercantilista, haverá sempre quem esteja disposto a aceitar essas condições, com prejuízo de quem efetivamente trabalha, porque quem as propõe só pensa em como rentabilizar o seu negócio. Não nos podemos esquecer da percentagem cada vez maior de colegas que enfrentam situações precárias, seja de trabalho ou de sobrevivência, e que procuraram outras saídas profissionais fora da Medicina Dentária. Em última instância, é importante perceber que o principal prejudicado por esta saúde que se vende ao quilo é o paciente, e se a sociedade não parece estar minimamente preocupada com a mercantilização da saúde, haverá uma surpresa desagradável em breve. A saúde é o bem mais precioso do ser humano, e comercializá-la de forma tão leviana e banal como quem vai ao supermercado acarreta inúmeros dilemas éticos e consequências graves para as pessoas. Por estas razões, paralelamente ao diálogo com a OMD, estabelecemos contactos e reunimos presencialmente com a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), a Associação Portuguesa de Seguradores (ASP) e o Instituto de Proteção e Assistência na Doença (ADSE), na esperança de se poder perspetivar um diferente prisma no modelo de implementação das seguradoras e subsistemas de saúde no apoio ao doente. Uma seguradora será naturalmente um negócio, a própria saúde é um negócio,

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Nuno Menezes Gonçalves espera atingir o milhar de associados no final do seu mandato.

onde se comercializa o bem mais valioso da pessoa, a par da sua liberdade. Uma seguradora que entenda que o seu segurado terá maior satisfação por ter valores gratuitos e abaixo de custo nos atos médicos, ao invés de uma relação de confiança e liberdade de escolha dos profissionais de saúde, assume uma visão supérflua e limitada da medicina, não está a considerar as demais variáveis que podem influenciar negativamente o bem-estar do paciente: a sobrefaturação, o sobretratamento, a publicidade agressiva para captação de clientes (e não pacientes), a diminuição da qualidade dos tratamentos, o subemprego… Que importância atribui a AIMD à formação contínua/pós-graduada e em que moldes tem vindo a promover esta vertente? Felizmente, a Medicina Dentária em Portugal goza de uma excelente oferta de formação contínua, através das várias sociedades e organizações científicas que distintamente a representam. Nós procuramos complementar um setor dessa formação: a ética profissional; a responsabilidade individual e coletiva; a atividade das instituições reguladoras.

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Antes da pandemia, iniciámos um projeto com muito potencial – um ciclo de conferências a nível nacional – que foi suspenso por via das imposições de saúde pública. Entretanto, já o retomámos e em outubro passado realizámos o primeiro encontro. A nossa ideia é visitar vários locais do país, não nos cingindo apenas às cidades habituais, para auscultar os colegas, levar o debate da profissão a todos e apresentar as nossas propostas de ação. E muitos pedidos nos surgem para levar os temas a diferentes cidades. Financeiramente, é difícil sustentar um projeto desta magnitude sem uma grande maquia de associados, não só pelo tempo despendido como também pelos custos envolvidos, mas os colegas merecem ser ouvidos e nós queremos dar-lhes essa oportunidade. Que laços tem vindo a AIMD a estabelecer com outras entidades (públicas e privadas) ligadas ao setor? Um dos primeiros passos desta caminhada e também um dos mais importantes foi procurar o nosso enquadramento social e sinergias com outras organizações, instituições e movimentos afetos à Medicina Dentária. No primeiro encontro


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O mais importante é que a AIMD se converta numa plataforma com suficiente representatividade da classe e que assuma relevo social informal que atrás mencionei, em novembro, conhecemos dois elementos da APOMED-SP: Manuel Nunes, que foi também o primeiro a reconhecer o nascimento da AIMD e a prestar apoio pessoal e institucional para a nossa causa, e a Joana Ribeiro. Também falámos com o Avelino Carvalho, que procurava reativar o projecto do Sindicato de Médicos Dentistas. Em seguida, com José Mário Martins, médico e presidente da Associação de Medicina de Proximidade (APCMG), com a qual me identifico bastante e com quem partilhamos alguns projetos interessantes. Estas três organizações, desconhecidas por alguns, foram os primeiros contactos institucionais e parcerias que desenvolvemos. Mais tarde, contribuímos para a génese da Associação Nacional de Clínicas (ANC), presidida por André Pereira Simões, e abrimos as portas à Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD) atra-

vés do seu presidente, Tiago do Nascimento Borges. Inclusive, organizámos uma tertúlia em formato virtual, aberto a todos, entre a AIMD, APOMED-SP, ANC e ANEMD, para apresentar ao público os mais diversos propósitos a que estas associações se poderiam propor, individual ou coletivamente. Que abertura existe da parte da OMD para acolher as reflexões e propostas da AIMD? Desde a apresentação da sua candidatura, o atual bastonário da OMD, Miguel Pavão, mostrou a sua total disponibilidade para trabalhar com a AIMD e, agora empossado, não faltou à palavra dada. Posso adiantar-lhe que o senhor bastonário já me recebeu na delegação da OMD em Lisboa, onde ouviu com atenção as nossas preocupações, debateu em conjunto as nossas propostas e explicou que caminhos esta atual direcção pretende enveredar. Os problemas identificados são os mesmos, e a vontade de estabelecer sinergias é partilhada. É com muita gratificação e sentido de missão que acolhemos a confiança que deposita na AIMD e reiteramos a mesma disponibilidade de contribuir para a sua ação. Como encara a presente conjuntura da classe face à pandemia de COVID-19? Não há dúvida de que nos preparamos para entrar num novo paradigma de biossegurança em medicina. A ciência não consegue, como é natural, divulgar rapidamente informações claras sobre a propagação do vírus. Existe, como é percetível, uma gestão política calculista do tema, para controlo de danos. Há um boom de informação que nos é veiculada pelos media e pelas redes sociais, nem sempre precisa ou verdadeira. Em conjunto, isto cria desconfiança nas instituições e pânico social.

A AIMD é fruto de uma equipa de colegas dispostos a sair da sua zona de conforto e a colocarem-se na linha da frente para mobilizar os profissionais do setor.

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Paralelamente, há medidas que deverão ser tomadas com alguma urgência, como a criação de uma reserva estratégica de EPI, e outras que deverão ser reformuladas e melhoradas, como os apoios aos sócios-gerentes e os subsídios a fundo perdido para aquisição de EPI e obras de melhoramento das clínicas. Talvez a medida mais importante, que peca por tardia, é assumir que o médico dentista é um profissional de primeira linha e que a saúde oral não pode ser uma área secundária de intervenção do governo.

A propósito dos efeitos da pandemia, o presidente da associação constata que a classe dos médicos dentistas “foi absolutamente fustigada em poucos meses”.

Não será talvez o momento para avaliar o saldo que as medidas para travar a pandemia, como o confinamento obrigatório, trouxeram ao país. No entanto, a nossa classe profissional foi absolutamente fustigada em poucos meses. Clínicas em risco de falência, despedimentos, inflação absurda e esgotamento de equipamentos de proteção, colegas a recorrer ao Banco Alimentar contra a Fome, etc. Se a precariedade já assolava a Medicina Dentária, imagine-se o panorama que vivemos atualmente. Politicamente, os médicos dentistas têm pouco peso – não dão votos, são “apenas” 11.000 profissionais – e a saúde oral, como se sabe, é uma área de intervenção desvalorizada, o que não abona a nosso favor. No meu entendimento, a nossa responsabilidade enquanto cidadãos é criarmos condições para que se minimize a disseminação do vírus; enquanto profissionais de saúde, é evitar alarmismos, ser exímios no cumprimento das novas guidelines de biossegurança, ser optimistas e, sobretudo, transmitir segurança aos nossos pacientes. Só partindo destes pressupostos é que poderemos então levantar as nossas clínicas.

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É intenção da AIMD organizar, a curto ou médio prazo, algum congresso ou simpósio nacional em formato presencial e/ou online? Em caso afirmativo, que pormenores pode adiantar sobre esse evento? Além do primeiro encontro nacional e de alguns webinars que fomos organizando ao longo dos últimos meses, era nossa intenção ter promovido um congresso presencial no final deste ano, antes de estarmos sujeitos a medidas de confinamento e contingência. O plano não desapareceu, simplesmente teremos de o reinventar à luz das novas exigências de saúde pública. Como já mencionei, queremos que os colegas pensem connosco em soluções para os problemas da Medicina Dentária, queremos que sintam a responsabilidade coletiva dos danos causados à profissão e de os abordar, e por muitas que sejam as novas tecnologias ao nosso dispor, há discussões que pela sua magnitude e importância só se conseguem desenvolver em formato presencial. Qualquer organização sente isso, a mobilização das pessoas e os feedbacks não são os mesmos, e a opção online acaba por se converter numa desculpa para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos à distância. Mas não será uma pandemia que irá travar a nossa mobilização. Que objetivos fundamentais espera ter atingido no final do seu mandato? O mais importante é que a AIMD se converta numa plataforma com suficiente representatividade da classe e que assuma relevo social, porque aí saberei que o nosso trabalho está a ser bem executado, e que a Medicina Dentária suba muitos lugares nas prioridades do governo. Mais ainda, algo que me move bastante é a aproximação à classe médica, porque a precariedade também os começa a atingir, e os médicos dentistas não são médicos de segunda categoría; devemos estar de igual para igual para com os médicos. As profissões de saúde têm de se unir em torno de objetivos comuns: combater o mercantilismo na saúde, valorizar a relação com o doente, trabalhar sob a medida da ética e não do dinheiro. Queremos que as clínicas não sejam subjugadas pelos interesses dos grandes grupos económicos, que os seguros e planos de saúde não detenham primazia negocial para impor condições aos médicos. A chave para uma medicina segura e de confiança é que não haja intervenientes externos na relação médico-doente.


ponto de vista XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária assumem formato totalmente digital

André Vilela Alves

Presidente das XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz

A pandemia mundial que atravessamos atualmente condiciona-nos a todos de alguma forma. Contudo, as XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz – sedeado no Monte da Caparica (Lisboa) – reergueram-se e adaptaram-se ao contexto atual, não perdendo o prestígio, o rigor e a excelência que já vem sendo uma característica ao longo das numerosas edições do evento. No dia 21 deste mês, este evento irá realizar-se num formato totalmente digital e contará com uma iniciativa pioneira em eventos da área a nível nacional, os stands digitais. Estes permitem às empresas colocar informação, no respetivo stand, que considerem oportuna para os congressistas, tratando-se de uma iniciativa que pretende simular a experiência de um stand físico.

As Jornadas Internacionais sempre se caracterizaram por serem um evento de partilha exímia e rigorosa de conhecimentos

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No que concerne ao programa científico, este é vasto e multidisciplinar, com a presença de oradores de referência nacional e internacional. Urge salientar que as Jornadas Internacionais sempre se caracterizaram por serem um evento de partilha exímia e rigorosa de conhecimentos. Dadas as circunstâncias atuais, uma adaptação do seu formato foi imperativa. Estamos bastante expectantes com o resultado, que traduz o esforço realizado ao longo deste ano, em prol da concretização deste evento. Em tempos de mudança, estamos confiantes no seu sucesso. No dia 21 deste mês, esperamos por si!



Granuloma piogénico na gengiva – excisão cirúrgica com laser díodo

Leonor Balsinha Médica dentista. Estudante da Especialização em Periodontologia na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) leonorbalsinha@hotmail.com Luís Anes Médico Dentista. Mestrado Integrado em Medicina Dentária na FMDUP. Otília Lopes Médica dentista. Professora auxiliar convidada na Universidade Fernando Pessoa.

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Ciência e prática

Introdução O granuloma piogénico é um tumor não neoplásico que surge como uma resposta tecidular exuberante e apresenta uma predileção pela gengiva, principalmente na zona anterior da maxila. Porém, também pode ocorrer noutros locais da cavidade oral, tais como o lábio, língua, mucosa jugal e palato. Clinicamente, a superfície é lisa ou lobulada e geralmente ulcerada, sendo que a cor pode variar do vermelho ao rosa consoante a evolução da lesão. É um tumor reativo, ou seja, representa um crescimento de tecido como resposta a um trauma ou a um irritante local. Uma má higiene oral ou alterações hormonais podem ser os fatores precipitantes para o seu aparecimento. Ocasionalmente, por possuir um crescimento descomedido pode alarmar o paciente e o médico dentista.

dos duros como o osso. Devido a estas características está indicado para o uso em cirurgia oral, nomeadamente, para a cirurgia de tecidos moles.

A excisão cirúrgica da lesão realizada com bisturi ou laser é geralmente curativa. O laser díodo, ao mostrar uma maior afinidade para a hemoglobina e água revela algumas vantagens, das quais se destacam uma excelente hemóstase, a propriedade bactericida e ainda o facto de não atuar em teci-

Clinicamente, o tumor era pediculado, possuía uma superfície lobulada e sangrante, bordos bem definidos e uma forma irregular (figs. 1 e 2). Era firme à palpação e desconfortável ao toque. O mesmo exibiu um crescimento rápido no periodo de um mês.

Figura 1.

Descrição do caso clínico Paciente do sexo masculino, de 65 anos, caucasiano, compareceu à consulta de Medicina Dentária com um tumor localizado no rebordo alveolar anterior, na gengiva aderida adjacente ao dente 23. O mesmo convivia com a lesão há um mês e não se mostrava cuidadoso com a higiene oral. Era fumador e estava reabilitado com próteses removíveis acrílicas superior e inferior mal-adaptadas.

Figura 2.

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Ciência e prática

Numa primeira fase da consulta, com uma sonda periodontal fez-se a sondagem em mesial do dente 23 por vestibular e palatino, sendo que os valores foram de 5 mm e 6 mm, respetivamente. Seguidamente, procedeu-se à biópsia excisional da lesão. Após anestesia infiltrativa supra-perióssea por vestibular e palatino com lidocaína 2% e epinefrina 1:100.000, realizou-se a excisão pela base da lesão com o laser Lasotronix (Laser Smart M Pro®) no programa Fibroma (fig. 3). Procedeu-se, de seguida, ao desbridamento do tecido inflamatório na bolsa periodontal também com o laser no programa Curettage e à raspagem e alisamento radicular do local com brocas Perio Set. Não foram verificadas quaisquer complicações peri ou pós-operatórias (fig. 4).

Figura 3.

A peça cirúrgica com 1 cm no seu maior diâmetro e cor heterogeneamente avermelhada (fig. 5) foi acondicionada num frasco de formol a 10% e enviada para análise anatomopatológica para o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) com diagnósticos clínicos prováveis de granuloma piogénico, fibroma ossificante periférico ou granuloma periférico de células gigantes. O relatório anatomopatológico confirmou uma lesão com ulceração superficial, recoberta por um exsudado fibrino-leucocitário, sem sinais de displasia ou malignidade, compatível com o diagnóstico de granuloma piogénico. As consultas de controlo realizadas sete dias (figs. 6 e 7) e 30 dias após a cirurgia não demonstraram sinais ou sintomas de recidiva. Discussão O granuloma piogénico ocorre frequentemente como consequência de uma irritação gengival e inflamação devidas a uma má higiene oral. O paciente era portador de próteses removíveis e apresentava má higiene oral, o que constituem causas prováveis que levaram ao surgimento da lesão.

Figura 4.

Para além dos diagnósticos clínicos mencionados anteriormente também é importante realizar diagnóstico diferencial com os hemangiomas e epúlides granulomatosas, por serem clinicamente semelhantes ao granuloma piogénico. Contudo, na epúlide granulomatosa as lesões surgem de alvéolos dentários pós-extração e os hemangiomas surgem preferencialmente na língua, podendo ser distinguidos com o teste da diascopia. O diagnóstico anatomopatológico de granuloma piogénico foi concordante com as características clínicas descritas.

Figura 5.

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Ciência e prática

Nas imagens histológicas, pode-se observar uma proliferação de tecido altamente vascular, semelhante a tecido de granulação sem sinais de displasia ou malignidade. A superfície encontrava-se ulcerada e recoberta por um exsudado fibrino-leucocitário e notam-se os vasos bastante congestionados (figs. 8 e 9). Um infiltrado inflamatório de neutrófilos é mais prevalente próximo da região ulcerada sendo que as células inflamatórias crónicas encontram-se mais próximas do centro da lesão. O tratamento destas lesões geralmente consiste na excisão cirúrgica conservadora com lâmina de bisturi, porém esta pode implicar complicações como sangramento intra-operatório e infeção pós-operatória.

Figura 6.

Atualmente, outras modalidades de tratamento como a utilização de lasers têm sido implementadas. O facto de o laser díodo possuir uma grande afinidade para a água e hemoglobina permite realizar cirurgias de tecidos moles com reduzida hemorragia. Além disso, para zonas estéticas, como no presente caso, é mais apropriado do que a utilização do bisturi, dado que proporciona uma melhor cicatrização. Em síntese, a aplicação do laser demonstrou ser eficaz uma vez que o procedimento foi breve, a hemóstase foi excelente, o desconforto foi mínimo e a cicatrização adequada. Ocasionalmente origina lesão recidiva, contudo, no presente caso clínico, não houve sinais ou sintomas de recidiva no periodo de controlo efetuado. Figura 7.

Figura 8.

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Figura 9.

Conclusões Dadas as características hemostáticas do laser, este poderá ser um instrumento de eleição para a excisão deste tipo de lesões. Assim, o caso clínico demonstra que a excisão cirúrgica com laser díodo foi um método seguro e eficaz para o tratamento do granuloma piogénico localizado na gengiva.

Bibliografia 1. Andreadis D, Lazaridi I, Anagnostou E, Poulopoulos A, Panta P, Patil S. Diode laser assisted excision of a gingival pyogenic granuloma: a case report. Clin Pract. 2019; 9(3): 1179. 2. Hasanoglu GN, Senguven B, Gultekin SE, Cetiner S. Management of a recurrent pyogenic granuloma of the hard palate with diode laser: a case report. J Lasers Med Sci. 2017; 7(1): 56-61.

3. Isola G, Matarese G, Cervino G, Matarese M, Ramaglia L, Cicciù M. Clinical efficacy and patient perceptions of pyogenic granuloma excision: Usinh diode laser frente a conventional surgical techniques. J Craniofac Surg. 2018; 29(8): 2160-2163. 4. Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE. Oral & Maxillofacial Pathology. 3rd ed. Elsevier. 2009; p. 519-522.

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Boas práticas em higiene, segurança e manutenção de materiais e equipamentos no período COVID-19

Gabriel Nuno Pereira Higienista oral e gestor clínico

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Que prática clínica temos hoje? Por onde nos orientamos e de que forma estão atualmente as clínicas dentárias preparadas para os desafios que se avizinham? Estaremos todos nós, profissionais de saúde oral, convencidos de que trabalhamos nas condições ideais, que as clínicas estão planeadas de forma correta para que prestemos bons serviços em saúde oral? Estas e outras questões obrigam-nos a uma verdadeira reflexão sobre a higiene, segurança e a manutenção de materiais e equipamentos. A infeção SARS Cov-19 forçou a que o mundo inteiro se adaptasse, refletisse e melhorasse a forma de olhar para tudo o que nos toca e para tudo o que nos diz diretamente respeito; na sociedade, cultura, economia, ciência.. em tudo o que nos rodeia. Num período em que toda uma sociedade aprende e se adapta a uma nova realidade pandémica, hoje, mais do que nunca, a prática clínica deve ser repensada e adaptada às novas realidades. A prática clínica dentária tem sido prestada em Portugal maioritariamente por entidades privadas, seguindo orientações e imposições legais que de certa forma ou são escassas quanto a especificidade dos seus conteúdos ou são de fiscalização praticamente inexistente quanto à forma como as clínicas dentárias estão a desenvolver a sua atividade. De ano para ano existem cada vez mais avanços a nível científico e tecnológico, avanços esses que nem sempre são acompanhados pelas melhorias que regulamentarmente deveriam ser realizadas. Existe até uma falta de uniformização europeia no que diz respeito procedimentos, métodos e exigências dos processos de licenciamento e seus requisitos técnicos.

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É necessário parar e refletir de facto para onde queremos ir, e reconhecendo que a maioria das clínicas dentárias não são planeadas, pensadas e edificadas da forma mais correta para um serviço que se pretende de excelência. Não existe uma uniformização quanto à forma como as mesmas são instaladas. Portugal é sem sombra de dúvida um dos países que mais investe na formação na área da Medicina Dentária (médicos dentistas, higienistas orais e técnicos de prótese dentária), no entanto, continua a existir uma grande carência na formação de qualidade noutras áreas assistenciais e técnicas cuja importância é vital para o garante do bom funcionamento de todos os serviços médico dentários. Médicos dentistas e higienistas orais no planeamento Só através de um bom trabalho de equipa será possível planear e edificar de forma correta uma clínica dentária. Arquitetos, engenheiros e técnicos de equipamentos dentários necessitam sempre da colaboração de médicos dentistas e higienistas orais para a realização de projetos e obra, naquilo que tem a ver com especificidades técnicas, necessidades, enumeração de barreiras e definição de objetivos e planeamento. É a estes profissionais (dentistas e higienistas) que cabe a responsabilidade de identificar e interpretar regras e diplomas, de forma a que possam orientar e a que o projeto a ser realizado corresponda às necessidades e exigências impostas pelas entidades reguladoras. A adaptação e conjugação de equipamentos a espaços terá de ter sempre uma orientação que potencialize de forma correta as suas potencialidades. Cabe ao diretor clínico (médico dentista) no âmbito das suas competências “coordenar e supervisionar clinicamente e no âmbito da medicina dentária, o funcionamento do estabelecimento ou unidade prestadora de cuidados de saúde”, assim


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como ”conhecer antecipadamente a organização do espaço que dirige, devendo ser consultado para edificação de normativos e diretrizes internas ou para admissão de novos profissionais”. Sendo assim, é um elemento fundamental no garante do bom funcionamento clínico, na higiene e segurança de equipamentos e área clínica. No entanto, aos médicos dentistas e higienistas orais não lhes é dada formação básica durante o seu periodo académico, que vise a área da gestão e organização clínica ou mesmo áreas tecnológicas que os acompanharão ao longo de toda a sua vida profissional. Uma má preparação nestas áreas, condiciona e limita uma boa prestação de serviços de saúde. Na prática clínica seria útil que um médico dentista ou um higienista oral pudesse ter conhecimentos técnicos ao nível de materiais e equipamentos para que pudesse dar também boas orientações a assistentes dentários e técnicos de manutenção, de forma a que estes fossem mais eficazes e assertivos no desempenho das suas funções. A importância do assistente dentário Os assistentes dentários são responsáveis por toda a preparação, organização e manutenção do espaço clínico (manutenção do bom estado de equipamentos e materiais, esterilização e desinfeção, vigilância de higiene e limpeza), assim como o acompanhamento do médico dentista e do higienista oral no decorrer da consulta, o que exige destes profissionais uma polivalência de funções muito rigorosa e, consequentemente, uma formação de qualidade. Para que possamos garantir boas práticas em higiene, segurança e manutenção de materiais e equipamentos em ambiente clínico dentário, necessitamos de profissionais com uma boa formação para a executarem. Como se poderá oferecer bons serviços clínicos, com higiene e segurança, se a formação dos responsáveis operacionais desta área, não for de qualidade e excelência? A criação de cursos técnico-profissionais inseridos no ensino oficial/secundário com apoio de faculdades e clínicas privadas (estágios clínicos), de técnicos auxiliares de ação médico-dentária, não só credibilizariam a profissão como poderiam oferecer maior qualidade e garantia. Atualmente, em Portugal, não é obrigatório qualquer tipo de formação aos assistentes dentários, sendo que a grande maioria desses profissionais teve a sua “formação” em contexto profissional com a prática clínica em ambiente de trabalho, ou em cursos privados.

A renovação e filtragem de ar assim como a sua purificação deveria ser uma imposição e uma realidade de raíz na conceção de uma clínica dentária Orientações da DGS em estado de pandemia A Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou uma orientação (nº 022/2020 de 01/05/2020) sobre os procedimentos a adotar em clínicas, consultórios ou serviços de saúde oral dos cuidados de saúde primários, setor social e privado, em contexto de pandemia de COVID-19. Devido à proximidade com os utentes, os profissionais de saúde oral estão expostos a gotículas respiratórias e a aerossóis que podem ser criados durante os procedimentos, tornando o gabinete de consulta uma potencial fonte de transmissão do vírus. Por isso, lê-se no documento, as medidas adicionais devem ser tomadas para assegurar uma minimização da transmissão deste vírus.

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Nesta fase, nenhum atendimento presencial deve ser efetuado sem um contacto prévio por telefone, email ou outro meio. Adicionalmente, deve ser atualizado o Plano de Contingência e dada formação/informação a todos os profissionais. A orientação estabelece os procedimentos gerais a adotar pelas clínicas e consultórios, bem como na triagem. “Antes da realização da consulta deve ser feita uma triagem prévia, por via remota, para que o utente seja avaliado quanto à presença de sintomas sugestivos de COVID-19”, refere o documento, acrescentando que se existirem sintomas sugestivos de infeção, a consulta não deve ocorrer. A publicação refere também os procedimentos que devem realizar-se antes da consulta, durante a consulta e após a consulta, e as especificações relativas aos equipamentos de proteção individual e à limpeza e desinfeção dos espaços. Será tudo isto suficiente para uma prática clínica eficaz e que nos dê segurança? Estas orientações são de facto de extrema necessidade e pertinência, no entanto, fica-nos a ideia de que a “artilharia pesada” da Medicina Dentária (materiais e equipamentos) fica de alguma forma esquecida. Só existe COVID-19 ou deveríamos ter sempre outras preocupações e ações preventivas? A utilização sucessiva de materiais e equipamentos esterilizados (seringa ar/água, peça de mão, destartarizador, contra-ângulo e turbina) deverá hoje mais do que nunca ser uma

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realidade, obrigando a que cada um destes instrumentos esteja em todas as consultas, acondicionado e esterilizado. Quantas clínicas o farão? Os sistemas de aspiração nem sempre são alvo de perícia ou orientação, no entanto a partilha do mesmo espaço físico por parte de motores de aspiração e motores de insuflação (compressores) constitui uma grave ameaça para a saúde dos pacientes, pois o ar insuflado para a boca do paciente é o mesmo ar que é aspirado pelos sistemas de aspiração. Os espaços deverão ser diferentes ou terem escapes próprios para os motores de aspiração assim como entradas e saídas de ar para o exterior. Existe supervisão e inspeção destes sistemas? A renovação e filtragem de ar assim como a sua purificação deveria ser uma imposição e uma realidade de raíz na conceção de uma clínica dentária. Os mesmos deveriam ser inspecionados regularmente por entidades certificadas que garantissem o bom funcionamento. Quantas clínicas possuem estes sistemas em funcionamento de forma correta e segura? Uma das áreas físicas de maior importância são as salas de esterilização. Atualmente existem cada vez mais equipamentos que nos garantem uma excelente qualidade de lavagem, desinfeção e esterilização; o que não existe é uma verdadeira orientação e ou imposição sobre a forma como as salas de esterilização deverão ser projetadas assim como a falta de atualização de descrição dos equipamentos obrigatórios.


dossier

As unidades privadas de saúde oral, devem ter como grande prioridade a prestação de serviços de saúde oral de excelência, em segurança e higiene apoiada numa constante atualização científica e técnica A ausência de informação acerca da categoria dos autoclaves obrigatórios (A,B,C,N,etc.) sendo que entre eles existem níveis de eficácia diferentes de esterilização, não nos permitem afirmar que todas as clínicas realizam a esterilização de materiais de igual forma e qualidade. Embora a passagem por água corrente, assim como a imersão de material em desinfetante em ultrassons seja uma medida adequada e necessária, o manuseamento de material clinico durante o processo de lavagem manual é objetivamente mais perigoso para o profissional como também não é tão eficaz quanto a higiene dos materiais do que quando este é lavado de forma mecânica ou automática em termodesinfetoras, cuja temperatura e processo de lavagem oferecem maiores garantias. A marcação e delimitação de áreas “sujas e limpas” quer em gabinetes, quer em salas de esterilização não só promove uma boa organização como também evita situações de infeção cruzada. Os circuitos deverão ser unidirecionais evitando cruzamentos e contactos. Hoje mais do que nunca, o mercado dispõe de equipamentos dentários para todos os gostos e feitios, mas acima de tudo a evolução tecnológica que tem havido na área da Medicina Dentária, permite-nos oferecer tratamentos não só com grande eficácia como também com maior rigor assético e higiene. Muitos dos equipamentos atualmente possuem sistemas de alimentação de água através de reservatórios internos, que permitem não só eliminar alguns resíduos provenientes da rede pública, como também ser alimentados através de soluções à base de peróxido de hidrogénio, iodopovidona, soro fisiológico, entre outras, oferecendo-nos garantias asséticas que antes não eram possíveis. Ao mesmo tempo, os equipamentos atuais já nos permitem ter sistemas de desinfeção automatizados e monitorizados de todas as tubagens existentes (ar, água e aspiração). Torna-se imperioso que os profissionais de saúde oral, tenham uma relação estreita com técnicos de equipamentos dentários, no sentido de melhor conhecerem aquilo que os equipamentos podem oferecer como também para os melhor poten-

cializarem. O bom estado físico dos equipamentos dentários é fundamental não só para o sucesso dos tratamentos como também para a segurança e saúde dos pacientes. Alguns relatos revelam que a grande maioria das clínicas dentárias só realizam operações de manutenção em situações de avaria extrema, no entanto, durante o processo de aquisição de equipamentos, vendedores e técnicos informam da necessidade de intervenções e manutenções periódicas. Estas mesmas manutenções traduzem-se não só em ganho para a vida dos equipamentos, mas também numa real segurança para os pacientes. Uma boa articulação e comunicação entre todos os profissionais de saúde oral só traria vantagens para um bom cumprimento de boas práticas e tarefas em prol da segurança higiene e manutenção. Os técnicos de equipamentos dentários têm o conhecimento de todas as especificidades de matérias e equipamentos. São conhecedores de procedimentos individuais de manutenção higiene e limpeza de sistemas e equipamentos, permitindo que estes desempenhem uma boa função durante a atividade clínica (sistemas de aspiração, desinfeção, lubrificação, sistemas eletrónicos e segurança). Um bom conhecimento das capacidades de um equipamento dentário permite uma otimização de trabalho e uma utilização em segurança quer para os clínicos quer para o paciente. As unidades privadas de saúde oral, devem ter como grande prioridade a prestação de serviços de saúde oral de excelência, em segurança e higiene apoiada numa constante atualização científica e técnica. Em suma, cada vez mais a forma como as clínicas dentárias estão a ser instaladas ou reguladas deverá ser alvo de profunda reflexão. Se, por um lado, houve alguns avanços, nos últimos anos, naquilo que diz respeito a uma uniformização e simplificação de processos e licenciamentos, por outro lado, a complexidade de práticas clínicas, as necessidades técnicas subjacentes e o panorama de saúde pública atual obrigam-nos a corrigir, melhorar e adaptar todas estas estruturas às novas realidades.

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A simples solução para integrar com sucesso a terapia de alinhadores transparentes em tratamentos multidisciplinares O sistema Invisalign Go é a solução de alinhadores transparentes desenvolvida por Align Technology, Inc. que nasce com a visão de conseguir que tanto os médicos dentistas como os seus pacientes beneficiem das vantagens que oferece o alinhamento dentário prévio nos tratamentos restaurativos e conservadores. A evolução das expectativas dos pacientes, as melhoras na saúde oral e o rápido desenvolvimento tecnológico levaram a Medicina Dentária a uma nova era definida pela digitalização das clínicas, não só na realização e planificação dos tratamentos como também na formação dos profissionais clínicos e na comunicação com os seus pacientes, que estão cada dia mais informados e cuja procura de tratamentos dentários estéticos cresce até cerca de 40% por ano1.

Invisalign Go. Outro passo deste processo será proceder, com iTero, à toma digital dos registos intraorais e graças a Invisalign Outcome Simulator, uma das muitas aplicações de iTero, a equipa clínica realizará uma simulação 3D do tratamento ortodôntico que poderá mostrar de maneira imediata ao paciente, facilitando a explicação do diagnóstico e planificação do caso e melhorando a compreensão e aceitação do mesmo.

O sistema Invisalign Go responde de forma excecional às exigências dos médicos dentistas, que compreenderam esta nova era da Medicina Dentária e as necessidades dos seus pacientes.

Os registos intraorais são enviados a Align Technology, Inc. junto com a prescrição para que a experiente equipa de desenhadores CAD desenvolvam o modelo 3D com os objetivos marcados pelo clínico. A proposta será então estudada pelo médico dentista no software Clincheck que, além de proporcionar uma visão completa da planificação do caso em todas as suas etapas, permite integrar a simulação do tratamento ortodôntico com uma fotografia do sorriso do paciente. Os registos intraorais, as fotografias tomadas, a informação do paciente e o plano de tratamento são automaticamente armazenados de maneira segura na nuvem, estando acessíveis à equipa clínica através de qualquer PC, smartphone ou tablet. De maneira alternativa, a equipa clínica pode tomar os registos intraorais com silicone e enviá-los a Align Technology, Inc. para a sua digitalização.

Em primeiro lugar, o sistema Invisalign Go está pensado para tratar o setor anterior, podendo mover de primeiro pré-molar a primeiro pré-molar, o que simplifica a planificação ortodôntica do caso. Além disso, é suportado por um fluxo de trabalho 100% digital sem fissuras. Com a aplicação Invisalign Photo Uploader, a equipa clínica pode, com um smartphone, fazer o registo de um novo paciente, tomar as fotografias necessárias para a avaliação do caso e inclusive, de maneira automática com SmileView, obter uma simulação do tratamento estético anterior, aplicando realidade aumentada sobre a fotografia do paciente. Esta imagem pode ser partilhada com o paciente e é uma boa ferramenta para aumentar a sua motivação para tratar-se e incrementará assim a aceitação dos tratamentos. Em seguida, a tecnologia de inteligência artificial com a qual conta Invisalign Go realiza, no espaço de segundos, uma análise inicial da situação do paciente em função dos objetivos marcados, permitindo que o médico dentista identifique rapidamente se é um tratamento apurado para

O sistema Invisalign Go beneficia da ampla experiência no alinhamento dentário oferecido através do sistema Invisalign, que já tratou mais de oito milhões de pacientes, o que se traduz em maior precisão, fiabilidade e previsibilidade. Além disso, os profissionais que tomam a decisão de integrar Invisalign Go nos seus tratamentos, contam com planos de formação clínica e desenvolvimento de consulta personalizados para cada etapa da sua curva de aprendizagem, além do aconselhamento e suporte da equipa comercial e clínica de Align Technology, Inc.


Publirrepor tagem

Responder às variáveis dinâmicas do mercado não é simples, mas há certos indicadores que nos ajudam a detetar as oportunidades: poderá tirar proveito de um • 75% da população mundial alinhamento dentário2. que desejam co• 60% dos pacientes potenciais afirmam meçar o tratamento de imediato3. • 45% dos tratamentos protéticos4 poderiam beneficiar de um alinhamento dentário prévio . dentários estéti• O aumento da procura de tratamentos cos cresce cerca de 40% por año1.

Fig. 1. Invisalign Photo Uploader e SmileView.

Visite www.invisalign-go.es para obter a sua certificação e entre numa nova era da Medicina Dentária. Bibliografia 1. The Guardian. https://www.theguardian.com/society/2009/ aug/08/dentists-earnings-nhs-private-practice [Consultado em dezembro de 2017]. 2. Brunelle et al. Prevalence and distribution of selected occlusal characteristics in the US population, 1988-1991. Journal of Dental Research 1996; 75(2) dados de supl. e NHANES.

Fig. 2. Scanner intraoral iTero e ClinCheck.

3. Dados em arquivo de Align Technology (julho 2018). Segundo uma sondagem realizada, no mês de julho de 2018, a 101 ortodontistas e médicos dentistas generalistas dos EUA, Canadá e Reino Unido (médicos generalistas = 60, ortodontistas = 41), que utilizaram o Invisalign Outcome Simulator e a quem foi perguntado “por pacientes aos quais se lhes apresentou a opção de tratamento Invisalign nos últimos 12 meses, e de entre estes quem utilizou o Invisalign Outcome Simulator, e que percentagem iniciou o tratamento Invisalign?”. 4. Dados em arquivo de Align Technology (setembro 2017). Baseado nos dados de uma sondagem realizada, em 20 de setembro de 2017, entre médicos dentistas no ativo nos EUA. Foi perguntado a 251 clínicos (251): “Que percentagem de pacientes submetidos a procedimentos protéticos (por exemplo, revestimentos, implantes, pontes, parciais) tinham beneficiado de uma melhor posição inicial dos dentes?”. Calculou-se uma média de 45”% a partir das respostas dos médicos.

Fig. 3. Sobreposição da simulação de tratamento em fotografia de paciente com ClinCheck in face.


Calendário

CIRURGIA ORAL

ENDODONTIA

Cirurgia guiada e impressão 3D

Formação continuada em endodontia integral

Picó e Vila Formación, com a colaboração de BioHorizons Camlog e Henry Schein, organizam o curso teórico-prático “Cirurgia guiada e impressão 3D” entre os dias 18 e 21 deste mês, em Valência (Espanha). Esta formação será orientada por Alberto Picó e Rafael Vila, que explicarão como ter uma visão global do universo da impressão 3D aplicada à Medicina Dentária. A sua aplicação prática em clínica desde o primeiro momento não descura o facto de que a rentabilidade é máxima quando os processos de planificação são precisos e a execução dos tratamentos se realiza em curtos espaços de tempo.

O médico dentista espanhol Hipólito Fabra volta a orientar, em 2021, uma nova edição do seu curso de formação continuada em endodontia integral. Tal como em anos anteriores, o curso será ministrado em sessões de dois dias de duração cada uma, em Valência (Espanha), de acordo com o seguinte calendário: dias 15 e 16 de janeiro, 19 e 20 de fevereiro, 26 e 27 de março, 23 e 24 de abril e 21 e 22 de maio. O programa inclui sessões teóricas e práticas, realizadas sobre dentes extraídos e modelos anatómicos de acrílico, com os últimos sistemas de preparação e obturação de condutos. Também se disporá de um microscópio ótico para visualizar os tratamentos. hfabra@infomed.es

www.form.jotform.com/biohorizons/cursos-monograficos

DESTAQUE

SPPI realiza reunião anual em fevereiro próximo

Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes www.sppi.pt

A reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI) vai ter lugar nos dias 5 e 6 de fevereiro do próximo ano, no Centro de Congressos de Aveiro, depois de a edição deste ano ter sido adiada devido à atual conjuntura de pandemia, provocada pelo surto de COVID-19. O programa prevê-se sem alterações relativamente ao cartaz que estava previsto para este ano, e centrar-se-á nos principais desafios da prática clínica atual da periodontologia e da implantologia. O primeiro dia da reunião será dedicado a cursos hands-on, ao passo que a segunda jornada será preenchida com palestras de oradores de renome, tais como Sofia Aroca, que é uma das referências mundiais em cirurgia plástica periodontal e, nomeadamente, no tratamento de recessões gengivais. Da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) virão Ignacio Sanz Sánchez e Ana Molina Villar. De França, e em representação da Sociedade Francesa de Periodontologia e Implantologia Oral, espera-se a presença de Frédéric Gadenne. Os oradores portugueses serão António Mano Azul e Pedro Moura.

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Calendário

ORTODONTIA

ORTODONTIA

Experto em ortodontia, pós-graduação de dois anos

Desenho e desenvolvimento de alinhadores

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, agendou para os dias 25 a 27 de março próximo, em Madrid (Espanha), a 91ª edição da pós-graduação em ortodontia “Experto em ortodontia”, orientada pelo especialista espanhol Alberto Cervera. O programa desta pós-graduação, com a duração de dois anos, divide-se em nove módulos presenciais e complementa-se com sessões clínicas online. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de síndromas clínicos, práticas em simuladores com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, agendou para os dias 4 a 6 do próximo mês de fevereiro, em Madrid (Espanha), mais uma edicão do curso “Desenho de alinhadores”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

ORTODONTIA Desenho de alinhadores para técnicos de prótese

Live Dentistry dedica cursos a jovens licenciados

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza regularmente, em Madrid (Espanha), o curso de formação “Desenho de alinhadores para técnicos de prótese”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação destina-se tanto a técnicos de prótese que já estão familiarizados com a área da ortodontia como a profissionais sem experiência neste domínio, que pretendem conhecer as possibilidades que as técnicas com alinhadores oferecem.

Live Dentistry é um projeto de gestão de carreira, marketing e fotografia destinado a jovens estudantes e recém-licenciados, sob a supervisão dos médicos dentistas Bruno Seabra e Vítor Brás, ambos com formação em marketing. Para além dos conhecimentos transmitidos na parte teórica sobre empreendedorismo, gestão de carreira, marketing e fotografia, os participantes sairão também da formação com um retrato profissional para utilizar no seu CV e redes sociais, uma página de Linkedln otimizada e um CV bem estruturado. O primeiro curso com a chancela da Live Dentistry está agendado para o próximo dia 4 de dezembro, em Lisboa.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

livedentistry.wixsite.com/formacao/programa

A próxima edição do congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai realizar-se, pela primeira vez, em formato online, nos dias 27 e 28 deste mês. Face às condições associadas à pandemia de COVID-19, o Conselho Diretivo da OMD decidiu apostar num evento virtual e imersivo., que contará com a intervenção de 35 oradores nacionais e quatro estrangeiros de língua portuguesa. A médica dentista Célia Coutinho Alves preside à comissão organizadora deste evento que adota na 29ª edição um inovador formato online, possibilitando a participação de todos a partir de qualquer local e em segurança, e de forma a continuar a mostrar, debater e valorizar a Medicina Dentária em Portugal. O congresso irá viver esta edição centralizado numa plataforma online desenvolvida de raiz para o efeito e acessível por desktop e mobile, disponibilizando conteúdos genéricos, bem como conteúdos exclusivos para os participantes inscritos. Os stands da Expodentária ganham vida num showroom virtual que proporcionará aos visitantes uma experiência imersiva e aos expositores a possibilidade de idealizar um espaço de contacto com os médicos dentistas e de apresentação das suas novidades.

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29º congresso da OMD realiza-se este mês em formato online

Ordem dos Médicos Dentistas www.omd.pt

DESTAQUE

VARIOS


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VÁRIOS

VÁRIOS

IV Meeting SOPIO realiza-se em maio

Congresso da SPEMD regressa a Coimbra em 2021

O IV Meeting da Sociedade Portuguesa de Implantologia e Osteointegração (SOPIO), que esteve agendado para o passado mês de maio, no Auditório do Fórum Tecnológico de Lisboa, mas foi adiado devido à presente situação de pandemia associada ao novo coronavírus, já tem nova data marcada: vai ter lugar no dia 22 de maio do próximo ano. A comissão organizadora do encontro, presidida pelo médico dentista Gonçalo Assis, adianta que irá tentar manter o cartaz científico que estava previsto para este ano, composto pelo seguinte leque de oradores: Liliana Silva, Pedro Moura, Stefano Parma-Benfenati, Ramón Gómez Meda, André Chen, João Mouzinho e Tiago Marques.

O XL congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi adiado, devido à pandemia de COVID-19. O próximo encontro anual da centenária sociedade científica, por sinal a mais antiga do setor dentário na Península Ibérica, deverá celebrar-se no segundo fim de semana de outubro de 2021, em Coimbra. O congresso da SPEMD voltará a reunir no emblemático Convento de São Francisco da cidade dos estudantes cerca de um milhar de participantes, entre oradores e profissionais de todas as áreas da saúde oral, bem como algumas dezenas de representantes da indústria dentária.

www.sopio.pt

www.spemd.pt

VÁRIOS

VÁRIOS

Próxima IDS agendada para meados de março

XXXII reunião da SPODF celebra-se em abril de 2021

A próxima edição da IDS, a principal feira mundial da indústria dentária que se celebra de dois em dois anos em Colónia (Alemanha), está agendada para os dias 9 a 13 de março do próximo ano. As últimas inovações em produtos, serviços e tecnologia nas diferentes áreas da Medicina Dentária vão ser, como habitualmente, exibidas durante cinco dias no amplo recinto de feiras da referida cidade alemã (Kölnmesse). Para além da vertente comercial, a IDS proporciona, ao abrigo da modalidade Speaker´s Corner, sessões formativas com oradores de renome mundial.

A XXXII reunião científica anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) vai ter lugar de 15 a 17 de abril de 2021, depois de ter sido adiada (estava prevista para abril deste ano) devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de COVID-19. O cenário deste congresso manter-se-á o pavilhão Altice Arena de Braga, de acordo com a respetiva comissão organizadora que assegura que tudo fará para manter o excelente “cartaz” científico que tinha programado para este ano. Para já, confirma-se que a pré-reunião continuará a ter como protagonista James A. Mcnamara.

www.english.ids-cologne.de

secretariado@spodf.pt

VÁRIOS

VÁRIOS

Expodental de Madrid adiada para 2022

Jornadas internacionais realizam-se este mês

O Salão Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços Dentários (Expodental), que se realiza de dois em dois anos em Madrid, adiou para 2022 a edição que estava prevista para este ano. Esta decisão foi tomada pela comissão organizadora da Expodental no contexto atual gerado pela pandemia de COVID-19. A organização do certame decidiu manter a mesma estrutura que a prevista para este ano, pelo que a feira celebrar-se-á nos pavilhões 2, 4, 6 e 8 do recinto de feiras de Madrid. À partida, também se manterá a misma distribuição e atribuição de espaços de 2020. Em 2022, os reponsáveis da Expodental esperam atrair a atenção dos profissionais do setor, dentro e fora de Espanha, e superar os 31.000 visitantes da última edição.

As XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz, que estavam programadas para o passado mês de março e foram adiadas devido à pandemia de COVID-19, vão realizar-se em formato online no dia 21 deste mês, em conformidade com as orientações da Direção-Geral de Saúde. A organização irá proporcionar aos patrocinadores uma massiva publicidade nas redes sociais e irá ainda ser criado um stand virtual onde os congressistas poderão consultar informações acerca dos patrocinadores do evento, garantindo vários palestrantes de renome quer nacional quer internacional e trabalhando para ser uma iniciativa online que marque pela diferença e que seja um verdadeiro sucesso.

www.ifema.es

www.xxviiijinternacionais@gmail.com

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VÁRIOS

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WCDT Lisboa adiado para junho de 2021

Congresso da APHO reagendado para o próximo mês de janeiro

O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que estava agendado para o passado mês de junho no Centro de Congressos de Lisboa, mas foi adiado devido à pandemia de COVID-19, vai realizar-se de 2 a 5 de junho do próximo ano no mesmo recinto lisboeta. A organização local deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, presidida por António Ginjeira, em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE).

Com os recentes desenvolvimentos que afetam o normal panorama de saúde pública, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) analisou o assunto globalmente, atendendo às recomendações nacionais e internacionais, tendo decidido adiar o seu XX congresso nacional, que estava previsto realizar-se em abril passado. A direção da APHO e a comissão organizadora do congresso tomaram esta decisão com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A nova data prevista será os dias 29 e 30 de janeiro de 2021, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e o programa científico.

www.wcdt2021.com

www.apho.pt

VÁRIOS

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Barcelona Dental Show é nova plataforma de negócios

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

O certame Barcelona Dental Show é a nova plataforma de negócios do setor, em território espanhol, que de 27 a 29 de maio do próximo ano reunirá médicos dentistas, técnicos de prótese, higienistas orais e estomatologistas, em busca dos parceiros clínicos que lhes ofereçam as inovações para levar os seus negócios a uma dimensão médica e empresarial. Barcelona acolherá este novo evento profissional onde se exibirão as últimas soluções para a transformação das clínicas e laboratórios, e marcarão presença os líderes e a inovação em saúde oral.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.

info@dentalshowbcn.com.pt

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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ARRENDO CONSULTÓRIO

IV congresso da SPDOF realiza-se em maio de 2021 Face à situação originada pela pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Portuguesa de Disfunção Oro-Facial (SPDOF) decidiu adiar o congresso que esteve marcado para o passado mês de maio. A quarta edição do encontro transita, mantendo programa e local, para os dias 13 a 15 de maio de 2021, na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra. Todos os compromissos da SPDOF serão mantidos no que toca a palestrantes, patrocinadores, colaboradores e congressistas. A plataforma e o site do congresso continuarão ativos, a receber inscrições e resumos para as novas datas.

Edifício Mayflower, junto ao H.U.C. , na Av. Calouste Gulbenkian, Coimbra. É uma ex-clínica dentária, com 42 metros quadrados de área. Contacto: 933 462 697

www.spdof.pt

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Novidades

Invisalign G8 apresenta novas funções biomecânicas

OrisDent Air, gestão com comodidade e segurança

A Align Technology anunciou no passado mês www.invisalign.com de outubro o lançamento de Invisalign G8 com SmartForce Aligner Activation, as últimas inovações biomecânicas da empresa. O novo lançamento, que estará disponível para todos os produtos Invisalign no primeiro trimestre de 2021, apoia-se nos fundamentos biomecânicos da marca para alinhadores transparentes, e na sua base de dados de mais de nove milhões de pacientes, para otimizar o movimento dentário e continuar a melhorar a previsibilidade dos casos mais frequentemente tratados: apinhamento, mordida cruzada e mordida profunda. Invisalign G8 com o novo SmartForce Aligner Activation assegura a suficiente e constante ativação em cada etapa do alinhador para ajudar os clínicos a obter os movimentos desejados. Além disso, os profissionais podem seleccionar a colocação automática de rampas de mordida durante o processo de prescrição.

A OrisLine, do Grupo ELITE, apresenwww.orisline.com ta OrisDent Air, um novo software para gerir a clínica dentária a partir da nuvem (cloud). Com este software, a clínica não tem que investir em servidores e hardware dispendiosos, poupa tempo em instalações, atualizações ou cópias de segurança e tem garantias de que os dados estarão guardados e seguros. OrisDent Air inclui as funções necessárias para gerir melhor a clínica na atual situação, como os módulos para a triagem (telefónico e na sede), o novo consentimento informado e a anamnese para Covid-19. O novo desenho permite um uso simples e fácil, adaptado a todos os dispositivos comuns, incluindo os smartphones, com um esquema dentário desenhado para uma ótima visualização dos tratamentos. OrisDent Air também simplifica a comunicação com o paciente mediante distintas ferramentas de intercâmbio e informação clínica.

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Novidades

ZMR, implante de uma só peça para prótese fixa

Linha de implantes Progressive-Line www.ziacom.es

www.biohorizonscamlog.com

O novo ZMR, da Ziacom, é um implante de uma só peça em que se combina a zona protésica com o corpo do implante. Foi concebido para dar solução a situações clínicas complexas, em que a deficiência de espaço mesiodistal torna impossível a correta colocação de implantes protesicamente guiados. O implante ZMR está disponível em diâmetros de 2,5 e 2,8 mm. Com um protocolo cirúrgico muito simples, permitem reduzir o tempo cirúrgico e realizar uma cirurgia minimamente invasiva. A zona protésica é um pilar reto tangível que torna viável a colocação de próteses cimentadas e que, ao estar incluído no corpo do implante, não torna necessárias segundas cirurgias e reduz os tempos de cicatrização. O ZMRs é uma variante do sistema ZMR, disponível apenas no diâmetro de 2,5 mm. Não tem tratamento de superfície e está indicado como implante de transição.

A BioHorizons Camlog desenvolveu a linha de implantes Progressive-Line, para satisfazer a procura de tratamentos de curta duração, restauração protésica imediata e menor número de consultas, em todo o tipo de indicações. Disponível para as conexões de CONELOG e CAMLOG, a nova linha de implantes facilita a colocação e a restauração imediata em combinação com protocolos altamente eficientes para a preparação do leito e para todo o tipo de ossos. As características deste implante com ápice cónico tornam-no particularmente indicado em osso mole. As roscas até ao ápice fazem que Progressive-Line seja ideal para a carga imediata, e a rosca de fixação crestal proporciona uma retenção adicional. Por outro lado, a rosca de contraforte com maior altura de flancos proporciona uma fixação superior, e o protocolo de perfuração flexível permite adaptar a estabilidade primária.

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Indústria

VOCO aposta na exposição virtual dos seus produtos

3Shape e Straumann compatibilizam software

Com o novo stand de exposição virtual, a VOCO permite a todos os clientes e parceiros informarem-se de forma abrangente sobre vários produtos, ofertas e opções para o workflow digital, apresentados num enquadramento que remete para o ambiente das feiras de exposição. A plataforma digital em que se insere este moderno stand apresenta a gama completa de produtos CAD-CAM do fabricante dentário alemão, que inclui desde impressoras e materiais para impressão 3D com diferentes indicações, passando por materiais de fresagem para o fabrico de restaurações definitivas e provisórias, até um sistema completo para a confeção de próteses removíveis. Para além disso, os visitantes encontram uma vasta seleção de material informativo, assim como links para as páginas dos produtos no site da VOCO, catálogos ou vídeos ilustrativos.

A Straumann e a 3Shape anunciam a completa integração do scanner intraoral 3Shape TRIOS no fluxo de trabalho das soluções de software e serviços do Grupo Straumann. Isto significa que o referido scanner intraoral da 3Shape poderá conetar-se na perfeição, através de um simples clique, com os equipamentos e as soluções ortodônticas, restaurativas, implantológicas e digitais com a chancela da Straumann. O escaneamento intraoral é uma alternativa moderna e oportuna aos incómodos métodos de tomada de impressão dentária. O scanner intraoral 3Shape TRIOS é reconhecido mundialmente como um produto tecnológico de vanguarda, oferecendo resultados precisos e ultra-rápidos, a cores. Entre outras características, inclui uma função que ajuda a detetar cáries.

www.voco.dental/exhibitiondigital

www.3shape.com

DESTAQUE

Eckermann empenhada no apoio aos seus clientes

www.eckermann.es

A Eckermann atribui particular importância ao acompanhamento dos profissionais de Medicina Dentária que recorrem aos produtos e serviços da marca, em Portugal. A equipa que assegura a gestão de clientes em território nacional é constituída por Diamantino Raposo (Key Account Zona Norte) e Raúl Freitas (Key Account Zona Sul). Os dois operacionais encontram-se disponíveis para prestar apoio aos clientes da Eckermann através dos seguintes contactos: diamantino.raposo@ eckermann.es (tel. 914 027 551) e raulfrei�tas@eckermann.es (tel. 934 093 496).

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A partir da esquerda, Diamantino Raposo e Raúl Freitas.



Indústria

Encontro digital Dentology com transmissão em direto Dentology, uma iniciativa impulsionada pela Henry Schein sobre odontologia digital, vai estrear-se nos dias 29 e 30 do próximo mês de janeiro, com transmissão em direto. Esta inovadora atividade virtual reunirá especialistas internacionais de renome numa exposição virtual e oferecerá aos professionais do setor a oportunidade de experimentar uma gama completa de soluções de tecnologia digital de ponta na indústria para automatizar os processos, melhorar a atenção ao paciente e aumentar as receitas. Os participantes também poderão estar em contacto de modo virtual e conversar em tempo real com oradores e com uma equipa de especialistas da Henry Schein acerca das soluções digitais para a clínica. www.henryschein.pt

Ticare emitirá colóquio do evento que celebra este mês No dia 27 deste mês, a Ticare emitirá pela primera vez o colóquio sobre implantología dos médicos dentistas Alberto Salgado e Rui Figueiredo, com a moderação do também médico dentista Abel García, gravado durante o congresso Ticare Evidence. Neste serão abordados temas de especial interesse, como o tratamento do maxilar atrófico, com a elevação do seio e a colocação de implantes curtos como principais soluções. También se falará sobre as vantagens da conexão cónica e a importância de um implante com gap zero frente a bactérias para ter conexões estáveis, assim como a sua influência na prevenção da perda óssea. A emissão terá acesso livre e será anunciada nas redes sociais da Ticare. www.ticareimplants.com

VOCO assumiu posição pioneira na formação online Tendo em vista a conjuntura de pandemia de COVID-19 que se instalou à escala planetária no primeiro trimestre deste ano, a VOCO realizou, desde a primavera e durante o verão, todos os seus seminários e cursos de formação na forma de webinários, assumindo uma posição pioneira na oferta formativa do setor dentário a nível mundial. Por todo o mundo, mais de 55.000 participantes usufruíram destas ações de formação, com a chancela da marca alemã, em formato online no espaço de poucos meses. A VOCO sublinha, de resto, aos seus clientes e demais profissionais do setor dentário a sua intenção de prosseguir e intensificar a oferta de iniciativas do foro digital. www.voco.dental/pt

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